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7/24/2019 atas_II_III http://slidepdf.com/reader/full/atasiiiii 1/90  museu ibérico de arqueologia e arte museu ibérico de arqueologia e arte de abrantes

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    museu ibrico de arqueologia e arte

    museu ibricode arqueologia e artede abrantes

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    museu ibricode arqueologia e artede abrantes

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    2 museu ibrico de arqueologia e arte

    museu ibricode arqueologia e artede abrantes

    Actas das e Jornadas Internacionais doMuseu Ibrico de Arqueologia e Arte de Abrantes

    Isilda JanaGustavo PortocarreroDavide Delfino

    Gabinete de ComunicaoCmara Municipal de Abrantes

    Cmara Municipal de Abrantes

    Tipografia Central do Entroncamento, Lda.

    9789729133473

    **********

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    4 museu ibrico de arqueologia e arte

    A realizao anual das Jornadas Internacionais do re-

    presenta o momento privilegiado de ver, ouvir e ler o Mu-seu Ibrico de Arqueologia e Arte ( ).

    Um ponto de reflexo onde, numa perspetiva multi-dimensional, possvel assistir ao confronto de mltiplasopinies, de investigadores nacionais e internacionais, noscampos tcnico-cientfico, histrico, sociocultural, polti-co, artstico. Um lugar de valorizao e aprofundamento doconhecimento, um dos objetivos do , afirmado desdea primeira hora.

    Assumindo a singularidade da herana patrimonial deAbrantes como um dos nossos valores estratgicos, amplia-mos o campo de possibilidades de investigao.

    Damos voz ao passado para que a comunidade se possa

    identificar nele, ajudando assim a construir uma identida-de coletiva e melhorando a relao das pessoas com a suacidade e o seu territrio.

    Ao constituir espaos de promoo e mediao cultu-ral e preservao dos bens culturais, estamos a reconhecera importncia da memria e a iluminar pedaos de umahistria que, sem esse trabalho, corre o risco de se perder.

    a importncia da memriaM C A

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    As Jornadas Internacionais do Museu Ibrico de Arqueo-logia e Arte (), realizadas anualmente em Abrantes,so o momento privilegiado de encontro de investigadorese estudiosos que trabalham em reas relacionadas com oacervo deste museu, nas vrias coleces que o constituem.

    As Jornadas Internacionais do realizaram-se a de Outubro de . A de Outubro de realizaram--se as Jornadas Internacionais do . Nesses dois en-contros vrios especialistas apresentaram o resultado dosseus estudos e das vrias intervenes resultou a obra queagora se publica.

    Nas Jornadas iniciaram-se os trabalhos com a comu-nicao Criar um novo museu em Abrantes: um desafio ter-ritorial. Nesta interveno Luiz Oosterbeek fala da acodo , como um processo, desde o incio, envolto em al-

    guma polmica e discute a oportunidade de criar um gran-de museu na regio e a sua eventual articulao com a ges-to global do territrio do Mdio Tejo.

    Em seguida so apresentadas duas comunicaes de ca-rcter cientfico, muito didcticas, que ajudam a perceber otrabalho de anlise que pode ser feito para ajudar distin-o de falso e verdadeiro em coleces de arqueologia e arte.

    Peter Mathaes director do Museo dArte e Scienza diGottfried Matthaes de Milo e na sua comunicao Scien-tific Analysis is useul or a closer understanding and a bet-ter inormed seleccion o artworks in museum collections, fa-la do potencial da investigao cientfica e das anlises la-

    boratoriais que permitem alcanar um maior nvel de co-nhecimento e fazer uma maior seleco de obras nas colec-es dos museus, permitindo, em muitos casos, fazer a suacertificao.

    Jayshree Mungur-Medhi tem como projecto de douto-ramento o estudo arqueomtrico das cermicas gregas daColeco Estrada e na sua comunicao Development omethodological protocols or de evaluation o cermics falada metodologia seguida para anlise das cermicas gregasda Coleco Estrada e dos principais resultados j obtidos.

    Davide Delfino um dos investigadores que melhor co-nhece a Coleco Estrada. Na sua comunicaoA diusodo Orientalizante e a circulao de bens de prestgio no Me-diterrneo, atravs de alguns exemplos da Coleco Estra-da fala-nos da profunda renovao cultural que se operou

    no Mediterrneo Centro-Ocidental a partir do sc. a..A expanso fencia, atravs da implantao de colnias e ro-tas comerciais, introduziu novos materiais e novas tecnolo-gias provenientes de civilizaes do Mediterrneo Orientalem todo o mundo mediterrnico criando assim o fenme-no dito Orientalizante.

    Gustavo Portocarrero, um outro investigador que temtrabalhado sobre a Coleco Estrada apresenta em Fivelasde cinturo visigticas da Coleco Estrada (sc. ): or-mas e simbolismos identitrios, scio econmicos e uner-rios, um notvel conjunto de fivelas visigticas e fala dasprincipais formas e simbolismos que se podem identificar

    apresentaoI

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    nesse conjunto, com particular destaque para aspectos re-lacionados com identidade, estatuto e religio.

    Filomena Gaspar arqueloga no Municpio de Abran-tes, tem feito escavaes arqueolgicas na rea da cidade deAbrantes e apresenta alguns dados novos e interessantes queapontam pistas importantes para a reconstituio da formacomo Abrantes viveu o perodo medieval. As estelas funer-rias/cabeceiras de sepultura que fazem parte do acervo doMuseu D. Lopo de Almeida podero contribuir para um me-lhor conhecimento da histria desse perodo em Abrantes.

    Fernando Antnio Baptista Pereira, Francisco Henri-

    ques e Gustavo Portocarrero em Escultura do Renascimen-to em Abrantes: estaturia avulsa e ragmentos de um ret-bulo narrativoapresentam uma leitura para os fragmentosde um retbulo dos Passos da Paixo de Cristo, provenien-tes da Igreja de S. Joo Batista em Abrantes, perdidos du-rante sculos e recuperados na primeira metade do sc. .

    Maria Teresa Desterro, em Mestre de Abrantes (Crist-vo de Figueiredo?) e os pintores da sua entourage. Conti-nuidades e rupturas num tempo de mudanafala da poss-

    vel identidade desse enigmtico pintor que ficou conhecidocomo Mestre de Abrantes. No sendo ainda possvel con-firmar a sua verdadeira identidade, a sua linguagem plsti-ca revela um pintor educado ainda numa tradio flamen-guizante que, paulatinamente, vai aderindo aos valores an-ti-clssicos do maneirismo italiano, mas ainda e sempre nasenda do tradicionalismo de Gregrio Lopes.

    Ana Paredes Cardoso na sua comunicao O azulejo em

    Abrantes: sculos de Histria da Arte, percorre os ciclosmais significativos desta arte decorativa que em Abrantesse inicia, logo no princpio do sc. , com o importan-te ncleo azulejar, ainda de produo arcaica, existente naIgreja de Santa Maria do Castelo.

    Rui Oliveira Lopes, em Para alm do tempo. O jade nopercurso da histria da Chinafala da importncia que de-terminado tipo de objectos tm no contexto da cultura chi-nesa, nomeadamente, os jades.

    Nas Jornadas Internacionais do realizadas em, foram abordadas novas temticas relacionadas, demodo mais ou menos directo, com o acervo do .

    Luiz Oosterbeek em Oe o territrio do Mdio ejoparte da avaliao dos mltiplos territrios que se podemrepresentar no discute as diversas temticas que eleencerra e o seu papel estruturante para o Mdio Tejo.

    Davide Delfino e Charters de Almeida fazem uma co-municao conjunta e perante uma Vnus do Neolticoprocuram fazer um dilogo interdisciplinar entre o arque-logo e o artista/escultor.

    Lus Arajo em OEgipto aranico: uma civilizao dapedraabordou o uso da pedra na civilizao egpcia ondeeste material abundava nas ricas pedreiras que bordejavam

    o pas do Nilo. Desde as pedras de cantaria s pedras semi-preciosas, era grande a abundncia e a qualidade das pe-dras que os antigos Egpcios utilizaram durante os mais de da sua histria.

    Ana Cruz e Ana Rosa trouxeram a este encontro o te-maA Vida e a Morte na Pr-Histria recente do concelho de

    Abrantes, o que aqui mostram o resultado de um trabalhode parceria entre o Centro de Pr-histria do Instituto Poli-tcnico de Tomar e o Municpio de Abrantes. Desta combi-nao de esforos entre as duas instituies resultaram tra-balhos de escavao de stios que medeiam o Neoltico e aIdade do Bronze Final.

    lvaro Batista em Deusa ou Deuses? um dolo ocu-lado de Abrantes analisa a problemtica dos dolos ocula-dos, em particular o dolo oculado encontrado no conce-lho de Abrantes que vem alargar o aparecimento destes do-los a uma rea at h pouco tempo vazia destas ocorrncias.

    O castelo de Abrantes na Idade Moderna: de castelo a pa-lcio, de palcio a ortalezafoi o tema trazido a estas jorna-das por Gustavo Portocarrero que apresenta uma nova vi-so sobre o castelo de Abrantes, particularmente na IdadeModerna. Esta uma temtica que merece um estudo maisdesenvolvido, o que alis j est a ser feito com o projectode escavao arqueolgica entretanto iniciado.

    Este encontro contou ainda com a participao de He-lena Flix com a comunicao Solues metodolgicas pa-ra a conservao e restauro dos objectos metlicos da Colec-o Estrada. Infelizmente a sua morte inesperada impediu-

    -nos de poder contar com o texto da sua interveno que

    deu um precioso contributo para uma melhor compreen-so das peas de bronze da Coleco Estrada.

    O acervo do caracteriza-se, entre outras coisas,pela sua diversidade coleces de Arqueologia e Arteque vo desde a Pr-Histria at poca Contempornea,de provenincia local, nacional e internacional.

    Estudar, divulgar, valorizar e rentabilizar este patrimnio aquilo que nos move no projecto que estamos a desenvolver.

    As Jornadas Internacionais do servem tambmpara isso.

    O caminho faz-se caminhando e estamos cientes que,

    nos tempos que correm, o caminho no fcil de trilhar epor isso mesmo, aqui fica o nosso reforado agradecimentoa todos, em especial aos oradores e investigadores que con-nosco tm colaborado na concretizao destas jornadas eno desenvolvimento deste projecto.

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    ndicejornadas

    criar um novo museuem abrantes:um desafio territorial.

    L O

    a scientific analysis is useulor a closer understandingand a better inormedselection o artworksin museum collections.P M

    development o methodologicalprotocols or the evaluationo ceramics.

    J M-M

    a diuso do orientalizantee a circulao de bensde prestgio no mediterrneo.

    alguns arteactosda coleo estrada.D D

    fivelas de cinturo visigticasda coleo estrada(sc. d..): ormase simbolismos identitrios,scio econmicos e unerrios.

    G P

    estelas unerrias medievaisno esplio do museud. lopo de almeida.F G

    escultura do renascimentoem abrantes: estaturia avulsae ragmentos de um retbulonarrativo.F A B P

    F HG P

    o mestre de abrantes(cristvo lopes?) e os pintoresda sua entourage. continuidadese rupturas num tempo de mudana.M T D

    o azulejo em abrantes: sculos de histria da arte.

    A P C

    para alm do tempo.o jade no percursoda histria da china.

    R O L

    ndicejornadas

    o miaae o territrio do tejo.L O

    uma nova abordagempara um dilogoentre arqueologia e arte.

    a vnus pr-histricada coleo estrada.D DC A S

    o egito aranico,uma civilizao da pedra.

    L M A

    a vida e a mortena pr-histria recentedo concelho de abrantes.

    A CA G

    deusa ou deuses?um dolo oculado

    / solar de abrantes. B

    o castelo de abrantesdurante a idade moderna.G P

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    O debate em torno da criao, ou no, do Museu Ibrico deArqueologia e Arte, em Abrantes, um debate no apenaslegtimo, mas relevante na hora de repensar o municpio, aregio e o futuro do Mdio Tejo. No momento em que Por-tugal mergulha numa crise que internacional mas que sesente de forma particular, a compreenso das dinmicas defuturo e do papel dos equipamentos culturais nelas inseri-dos, fundamental.

    Ter sentido organizar um Museu quando em diversasfrentes profissionais cresce o desemprego, empresas abremfalncia e os jovens emigram?

    Somos de opinio que no tem sentido realizar investi-mentos fora de uma estratgia que parta das necessidadese potencialidades de Abrantes no mbito da sub-regio emque se insere. Abrantes e o Pas precisam de reverter um ci-clo de dependncia e deficit crescente, construindo numadimenso internacional um equilbrio das suas contas, aomesmo tempo que devem consolidar e valorizar os seus re-cursos e competncias.

    nessa exacta medida que se deve pensar e debater o, identificando o seu foco, a quem se destina e quepropsitos serve.

    criar um novo museuem abrantes:um desafio territorial.L O

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    qual Portugal, e esta regio em particular, tm um lugar dedestaque (cujo smbolo maior o Panteo dos Almeidas).

    A questo de o que podemos oerecer mais complexa.A dimenso dos nossos produtos tradicionais , com excep-es, relativamente escassa, tendo por isso dificuldade empenetrar em mercados de grande escala. A construo deprodutos diferenciados, com alto valor acrescentado, porisso o caminho mais recomendado para um territrio que,alm de pequeno, tem escassos recursos naturais de valorestratgico (combustveis, metais preciosos, terras raras ououtros).

    neste contexto que o tambm se prope intervir,abrindo debates e oferecendo para circulao coleces que,no isentas de polmicas, podem estimular o essencial: a re-flexo e o reconhecimento do patrimnio cultural.

    O no depende, por isso, do seu contexto arqui-tectnico, embora uma descontinuidade arquitectnica dequalidade seja sempre um reorganizador e polarizador dedinmicas, e um marcador de crescimento e de futuro.

    O no depende, to pouco, da reorganizao urba-na, embora seja desejvel que a sua organizao ajude reor-ganizao da malha histrica, no como vitrina imvel quese limita a recordar um passado longnquo, mas como tecidourbano dinmico, cosmopolita e aberto globalizao.

    O tambm no depende apenas da identificaoe conservao das suas coleces, embora nele se deva es-truturar uma unidade laboratorial de peritagem, benefi-ciando do estudo que tem sido feito para caracterizar o seu

    acervo, em escala indita no nosso Pas.O deve ser, j , um processo de construo de co-

    nhecimento territorial, e nesse sentido tm especial impor-tncia a gesto patrimonial, a gesto do conhecimento e ainsero territorial.

    Gerir o Patrimnio negociara relao entre proprie-dade (conjuntural) e memria (essencial). A gesto tem oduplo objectivo de assegurar a conservao (para as gera-es futuras) e a fruio (pelas geraes actuais), assim as-segurando a relao com as geraes passadas. essa, e nooutra, a natureza da discusso em torno da provenincia eda originalidade ou no dos acervos.

    O essencial, em todo o caso, a construo de conhe-cimento, como j defendemos noutra ocasio, e nesse do-mnio o consolidar as identidades de Abrantes e doMdio Tejo portugus de forma participada, precisamen-te por incorporar todos os debates e polmicas que o atra-

    vessam, e que tornam o territrio mais robusto e plural.

    Neste processo actuam arquelogos, historiadores ou ge-grafos como tcnicos do processo, mas tambm turistas, eoutros actores do territrio, tendo em primeiro plano, de-cisivo e fundamental, os habitantes locais. Cada um destesgrupos e sub-grupos tender a ver no realidadesdistintas, mas todos partilharo noes cada vez mais con-

    vergentes de espao (amplo, planetrio), de tempo (longo,milenar, com muito passado para muito futuro) e de cau-salidade (relacionada com as logsticas que, ao longo dotempo, juntaram necessidades humanas e recursos dispo-nveis).

    As coleces, que ilustram em tempos diferentes luga-res que se articulam a grandes distncias, mas que na suamaioria pertencem ao nosso mundo, ajudam o visitante aentender como, j h milnios, a Sria ou a China eram toprximos da Pennsula Ibrica.

    O programa expositivo relaciona a natureza humana

    com os diferentes contextos histricos, destacando recor-rncias e diferenas, ilustrando atitudes (da guerra coope-rao), tecnologias (da pedra aos metais, incluindo a didc-tica da peritagem) ou representaes (esttica, smbolos).

    O deve ser em primeiro lugar um museu para os ha-bitantes de Abrantes, depois (e em rede com outros museusda regio) para o Mdio Tejo, e finalmente um museu na-cional, construdo em torno da compreenso das dinmi-cas territoriais ao longo do tempo, e sua relao com o ter-ritrio em que se insere.

    um museu...para pensar, questionar,apoiar a governana regional...

    O foco do anunciado pelo seu nome: um mu-seu aberto Pennsula Ibrica, que se afirma por um ladoa partir da centralidade do vale do Tejo como a grande es-trada que liga Portugal e o Atlntico ao centro da Pennsu-la, e por outro a partir da peneplancie que se desenha pa-ra leste, na direco do Sudoeste peninsular e, a partir da,do Mediterrneo.

    Nesse sentido, o retoma o entendimento do terri-trio portugus como inscrito na Pennsula e articuladocom o Atlntico e com o Mediterrneo, como h dcadasOrlando Ribeiro soube compreender e ensinar. Um territ-

    rio que ao mesmo tempo continental (peninsular e euro-peu), clssico (mediterrnico) e construdo sobre o risco dodesconhecido (atlntico). Pensar esta polivalncia revisi-tar debates que atravessam o Pas desde os primrdios, nasdvidas sobre a independncia ou, mais tarde, sobre os ca-minhos africanos ou transocenicos a prosseguir.

    O abre-se a esse debate, alimenta a reflexo sobreele, e nesse sentido ser o nico Museu em Portugal a faz-

    -lo de forma assumida. O foco do , por isso, o deba-

    te, a contradio, a reflexo necessria para o futuro, e noapenas a exposio de objectos e contextos do passado.

    O alimentar esta discusso a partir dos seusacervos locais e nacionais (reunidos sobretudo pela autar-quia, mas em que se inserem tambm as coleces de Char-ters de Almeida e de Maria Luclia Moita), peninsulares eextra-peninsulares (graas Coleco Estrada).

    Na busca do debate, o abre-se tambm a questescomo a polmica das coleces particulares de arqueologiae da originalidade e falsificao de objectos artsticos e ar-queolgicos. O dever ser radicalmente opositor docomrcio ilcito de bens artsticos e arqueolgicos, no ra-

    ro saqueados por caadores de tesouros que muitas vezesnem percebem que esses bens fora de contexto perdemquase todo o seu valor. Mas o privilegia o conheci-mento e a sua construo, e valoriza os esforos de particu-lares na salvaguarda de acervos que, sem a sua interveno,se teriam perdido para sempre. Este debate, no menoscomplexo que outros que convivem com o na suaainda curta histria, ilustra o facto de que na nossa socie-dade no enfrentamos essencialmente problemas (mais oumenos fceis de resolver) mas verdadeiros dilemas, esco-lhas difceis em que todos os ganhos so acompanhados,

    tambm, de perdas.Debater o , debater a localizao, a dimenso ou

    as coleces e projectos do , so parte do debate sobreo futuro da regio e do Pas, e so debates em torno a dile-mas que no devem ser ignorados ou simplificados.

    Temos defendido a criao do e colaborado nasua programao, compreendendo muitas dvidas que vie-ram a pblico, incorporando algumas delas, e participandonum quadro de reflexo que, na nossa opinio, bem maisamplo do que o museu.

    A questo central do , ou de qualquer outro museu,no a de quais so as suas coleces (ainda que sem elaso museu no tenha sentido), mas o de para qu e para quemse estrutura o museu.

    Dizia Kant que O mundo o substrato e a cena em

    que se desenvolve o jogo da nossa aptido. Actualmente, anossa aptido como pas, como sub-regio e como munic-pio, que se discute e gera perplexidades. Precisamos de in-

    verter o ciclo em que nos encontramos, mas para isso pre-cisamos de responder a duas questes: quem somos e o quepodemos oferecer aos outros?

    Uma primeira dimenso do contribui para aquesto de quem somos, situando-nos num plano que maior do que o rectngulo do extremo Ocidente peninsu-lar e das ilhas, ou sequer da lusofonia, e permitindo reler agnese de Portugal como produto de um milenar processode globalizao, iniciado muito antes do que se pensa, e no

    acreditar para compreender... possvel acreditar para almdos limites da alienao?

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    Em tempo de crise, as pessoas mobilizam-se em tornos suas necessidades primordiais (alimentao, habitao,sade, segurana), articuladas em busca de ideais (felicida-de, equidade) e mobilizadas em torno de convices (acre-ditar e imaginar para compreender e construir vises parti-

    lhadas do futuro).Neste processo, a economia (logstica que articula neces-

    sidades, recursos e processos), e a cultura (modos de actua-o, econmicos e outros), so mediados pela tecnologia(ilustrada no ), que por sua vez se apoia no conheci-mento (foco central do ).

    Neste sentido, o um museu para pensar, ques-tionar e apoiar a governana regional

    E ser nesse sentido, estimulador das controvrsias e doconhecimento crtico, que o faz a diferena e encon-tra a sua plena justificao.

    , . () Construo de conhecimento e colecesprivadas.In:Actas das Jornadas do Museu Ibrico de Arqueologia e Arte,Abrantes: Cmara Municipal de Abrantes, pp. .

    ..

    um museu...para uma dinmicaterritorial...

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    e determination of authenticity can be achieved onlythrough a combination of scientific analysis and stylisticevaluation; alone each can only confirm non-authenticity.Different professional figures are involved in the ascertain-ment of authenticity: art historians, scientists, grapholo-gists. Between true and fake there are many interme-

    diate possibilities such as copies, replicas, forgery, toomuch restored.In this article we will consider mainly how science can beof different help depending on the type of material the artobjects are made of. Wooden objects, paintings, pottery,ivory, have a good analyzability while bronzes, metals, pa-per, stones, glasses have a medium or poor analyzability.What is important to verify is the correct age, enough signsof ageing and wear, coherent materials and productiontechniques.Keywords: authenticity; art objects; scientific analysis;stylistic evaluation.

    A determinao da autenticidade s pode ser alcanada atra-vs de uma combinao de anlises cientficas e de avaliaoestilstica; por si s, podem somente confirmar a no-auten-ticidade. Dierentes figuras profissionais esto envolvidas nadeterminao da autenticidade: historiadores de arte, cien-tistas, gralogos. Entre verdadeiro e also h vrias catego-

    rias intermdias como "rplicas", "alsificaes", "demasiadorestaurado".Neste artigo vamos considerar de que orma a cincia podeser til dependendo do tipo de material com que o objecto dearte eito. Objectos de madeira, pinturas, cermica, marfins,podem ser analisados com acilidade, enquanto que bronzes,metais, papis, pedras, vidros so de mais dicil anlise.O que importa verificar a idade correcta, sinais de envelhe-cimento e desgaste em nmero suficente, materiais coerentese tcnicas de produo.Palavras-chave: autenticidade; objecto de arte; anlise cien-tfica; avaliao estilstica.

    a scientific analysis is usefulfor a closer understanding

    and a better informedselection of artworksin museum collections.P M

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    is of primary importance to verify the authenticity, but al-so to increase the general knowledge of an art object, or toestablish the age of the restored parts.

    As we mentioned before, there are three different agedating methods: the famous Carbon- (C), the ratherknown Dendrochronology and the less known -Spec-troscopic method.

    e use of -Spectroscopy is optimal for the age dat-ing of wood mainly for the last centuries, while the Cmethod has some limitations in the applicability; the meth-od studies the chemical decay of the wood starting from the

    cutting of the tree and it needs few milligrams of woodpowder. e method, well explained also in the web, ismore and more widespread and used both by the collectorand by restorers, by courts of justice and obviously by cura-tors of museums (fig. ).

    It is important to note that critics that are oen againstthe age-dating of wood, such as the possible use of an al-ready old material to make the object, are groundless be-cause: it is not sufficient to use old wood but it is necessarythat it is exactly of the corresponding period a more re-cent age-dating result is sufficient to consider the objectnon-authentic a more ancient age-dating result is how-ever inconsistent and it must be justified.

    Fig.

    e microscope is certainly the most important instrumentto verify the authenticity of a painting! e colour layer of anancient painting has specific characteristics very difficult tofalsify. ere are different possible levels of non-authenticobjects: we can have an object strongly restored, another ar-tificially aged and even an object obtained by a colour print.e latter is the easiest to identify: few enlargements areenough to note small ink spots instead of colour brush-strokes (fig. ). Stronger enlargements are necessary, on thecontrary, to evaluate the quality of pigments used in order to

    understand if they are handmade or industrially produced:in the first case they are impure and with coarse particles.e microscopic analysis is also useful to value the ageingsigns such as the craquelure or small restorations (fig. ).

    Fig.

    Fig.

    Because of the outstanding number of fake objects in somany private and public collections, the available scien-tific methods offer nowadays a concrete chance of investi-gation. Paintings, wooden statues, pieces of furniture, ter-racotta vases, bronzes and ivory items can be analyzedthrough different instruments to point out their authen-ticity: the laboratory of the Museum Museo dArte e Sci-enza in Milan, is an example of a fully operating lab inthat field (figs. e ).

    Fig.

    Fig.

    ey are easy to be verified: they can be dated through differ-ent age-dating methods such us Radiocarbon C, Dendro-chronology and -Spectroscopy; the last one can be use-ful also for the identification of wood type which is anotherimportant factor that must be put under control in order to

    verify the compatibility with a presumed period. e use ofdifferent wood types for many kinds of art-objects depend-ing on the historical period and the geographical area is well-known. For example it is known that in Italy walnut was usedto make furniture, poplar as support for paintings, linden for

    sculptures or inlay works; a painting made on a walnut pan-el should induce s ome doubts about its authenticity. Anoth-er important thing to take in consideration is to see if the ob-ject is handmade or made with the help of machineries: thisfactor is obviously valid for all the objects made of every ma-terial. e rule is the following: the more quantity and qual-ity of the handwork is present, the more probability that theobject is authentic! is is due to the fact that handwork hasbecome very expensive today and to make a totally hand-made fake could cost a lot.

    Wear and corrosion are other important factors thatmust be taken into consideration: it is necessary to studyand verify their presence and consistency with the pre-sumed age, with the function/use and with the preserva-tion place. Also in this case it is necessary to look out atsigns intentionally made by the forger; a good magnifyingglass and a well-trained eye are able to recognize a wear de-

    veloped in a natural way during the time in comparisonwith a wear intentionally made. Generally the forger makesa showy wear on the less important parts because he doesnot want to depreciate too much the object, while the nat-ural wear is developed on the whole parts involved in thenatural process that formed it.

    Other indications of authenticity that may be found inthe patina to keep into consideration are: colour and gild-ing layers coherently worn-out, or particular substancesapplied for reasons concerning the cult.

    One of the most important scientific analyses applica-ble nowadays is the scientific age-dating of wood: this test

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    Fig.

    First of all we must say that there arent absolute scientificage-dating methods applicable to metal materials. In theo-ry it is possible to analyze with the thermoluminescencethe core made of (burnt) terracotta formed during the fu-sion process. is method must be carried out carefullymaking sure to analyze only parts of earth completelycooked in order to avoid older results than reality.

    Analyses of the patinas and the corrosion process can beof great help in identifying fakes: through application of Spectroscopy orit is possible to recognize most bronzecorrosion products (cuprite, malachite, azurite, etc.) thusdetermining the nature of the patina of an antique bronzeobject (fig. ).

    Fig.

    e chemical analysis of corrosion products must becompleted with the microscopic analysis: the latter allowsto verify that the metal is really corroded and that the en-crustations on the surface have not been artificially applied.

    e analysis of the composition of the alloy could alsobe important to verify the presence of metals only usednowadays in order to make the metal more workable, butnot used in the past.

    Stone objects are amongst the most difficult ones to be ver-ified: age-dating methods do not exist and the materialdoes not change much throughout time. erefore thereare few possibilities of scientific ascertainment: a carefulobservation with a microscope in search of wear signs or

    natural patinas (fig. ). ese will not allow to have preciseindications on the age, but they might at least exclude thecases of a recent forgery.

    Fig.

    At the Museo dArte e Scienza founded by GottfriedMatthaes in you can learn the basics for telling authen-tic objects from fakes and avail yourself of the laboratoryfor the performing of scientific tests on art objects.

    , . () Te Art Collectors IllustratedHandbook How to tell authentic antiques rom akes.Milano: Garzanti Verga Editore.

    Moreover there are other more sophisticated scientificinstruments that allow for example a study of the deep lay-ers of paintings such as the Infrared Reflectography or theX-ray radiography; the chromatographic analyses for therecognition of binders, or equipment for the chemical anal-ysis of pigments such as the - Spectroscopy, specificElectronic Microscope (-) and analysis, veryimportant to determine that modern pigments are not pre-sent in a presumed ancient painting.

    e pigments, binders (and glues) analysis therefore al-lows to carry out a relative dating depending on the date of

    their discovery. Here is a partial list of discovery and intro-duction of different pigments in the last three centuries:Zinc white , Antimony orange approx. , Lithoponewhite , Cobalt red approx. , Titanium white ,Aniline reds aer , Chrome yellow, Cadmium red, Barium yellow , Prussian blue , Cadmiumyellow , Cobalt blue , Cobalt green , Ultrama-rine artificial blue , Cinnabar green , Phthalocya-nine blue , Veronese green , Ultramarine violet, Viridian , Mars violet approx. .

    Even in this case there is a scientific method that allows theage dating of the material: the ermoluminescence. Itmeasures the quantity of energy absorbed by the materialstarting from its cooking. Nowadays this technique has ob-tained important improvements expanding its use also to

    non-archaeological objects thanks to the pre-dose technique.Further indications about the authenticity can be givenalso by microscopic and chemical analysis of the encrusta-tions. In fact many non-authentic pottery items are an-tiqued with fake encrustations; spectroscopic analysis per-mits identification of the nature of the encrustations andthe presence, if any, of glues or other incompatible materi-als (fig. ). A fake patina, consisting of applied encrusta-tions, justifies serious doubts as to the objects authenticity.

    Fig.

    e Infrared spectroscopy increased the research also inthe field of ivory permitting to obtain nowadays importantinformation both on the material and on its age-dating.It is spectroscopically possible to distinguish authentic ivo-ry, made from elephant tusk, from other materials in imi-tation of it such as: bone, horn, or other natural materials(fig. ). Even more immediate is the spectroscopic charac-terization of artificial materials used to make imitationsuch as: celluloid, galalith, ivorite and other artificial mate-rials.

    Fig.

    e microscopic and chemical analyses allow to recognizeauthentic amber and to distinguish it both from copal (ofsimilar composition, but not yet completely fossilized) andplastic materials used to imitate it (fig. ).

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    Este artigo apresenta os diferentes mtodos no-intrusivos

    a ser usados para a avaliao de cermicas de modo a tes-tar a sua autenticidade e providenciar uma possvel crono-logia antes de se avanar para mtodos intrusivos. Junta-mente com os mtodos clssicos, tem-se procurado usarnovos mtodos ticos no-invasivos e a viabilidade dessesmtodos tem sido testada. A totalidade da coleo cermi-ca da Fundao Estrada foi avaliada usando mtodos seme-lhantes. Este estudo constitui uma tentativa de estabelecerum protocolo para anlises no intrusivas das cermicas doMuseu Ibrico de Arqueologia e Arte ().Palavras-chave:cermicas, autenticidade, abordagem cls-sica, mtodos pticos.

    Tis paper presents the different non-intrusive methods to be

    used or the assessment o ceramics to test their authentic-ity and give a possible chronology beore going or intrusivemethods. Along with the classical methods, there has been anattempt to use new optical non-invasive methods and the vi-ability o the methods has been tested. Te whole ceramic col-lection o the Foundation Estrada was assessed using similarcombined techniques. Tis study is an attempt to establisha protocol or non-intrusive analysis o the ceramics o the

    Museu Iberica de Arqueologia e Arte ().Keywords: ceramics, authenticity, classical approach, opticalmethods.

    development of methodologicalprotocols for the evaluationof ceramics.J M-M

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    developed and being used for the first time.e basics of theoptical approach applied in this study were founded and de-

    veloped at the Museu da Scienza e Arte of Milan, Italy, underwhom the author was trained before starting this study. So-me of these techniques have been developed by the authorherself and are being used as experimentation; in the objec-tive of combining all these methods to establish a protocolfor non-intrusive ceramic analysis at .

    e optical methods consist of a combination of severalobservation techniques, which the evaluator has to clear-ly apply on the ceramics. e methods can be grouped un-

    der four categories:

    Observation o post depositional effectsIt consists of identifying post depositional effects onthe ceramics: once an artefact is deposited they aresubjected to several effects such as cryoturbation, bio-turbation and others. ose agents oen leave identi-fiable traces on the artefact such as encrustation, rootmarks, signs of distress in the form of cracks or cra-cklure due to pressure, weathering effect, stain of fun-gus or algae and others. Such traces indicate that theartefact is coming from archaeological contexts. Ho-wever, evaluators have to be careful as these marks arealso imitated in fake ceramics: soil or cemented ma-terial are deliberately applied to create encrustationor patina, root marks are sometimes imitated by lightbrush and paint; cracks are imitated by creating artifi-

    cial pressure on pottery. Hence, a good observationalpotential is required to distinguish between the freshlycreated imitation marks and the genuine post deposi-tional traces.

    Fig.Exampleof anaturalencrustation

    Fig.Stainofhumidityandalgae

    Fig.Cracklureofthevarnish

    Fig.Cracklureinthe fabric

    e study of the ceramics of the Foundation Estrada startedin , whereby ceramics with a doubtful origin,due to their typology, were subjected to thermolumines-cence dating. Classical approach of typological studies wasused as a base to thereaer apply the dating method alongwith mineralogical and chemical analysis. e ten ceramicsproved to be non-authentic (Mungur-Medhi :).

    is initial study encouraged further research andhelped to decide for the right approach and proper tech-niques to be applied on this collection. us, the second

    part of the study was enlarged; grouping the whole ceram-ics collection.e ceramic collection pertains to different cultures in-

    cluding Greek, Iberian, Cypriotic, Roman and Islamic pottery.is paper outlines in detail the methodologies applied

    on the evaluation of ceramics, especially the optical tech-niques; for, this study, is an attempt to establish a protocolfor non-invasive evaluation of ceramics for .

    As mentioned above the methodology is very important forthis study and will hence, be clearly enumerated here, notonly due to the diversified approach but also because of theexperimental nature of some of the techniques.

    e techniques used were: Typology and Style

    Iconography Ceramography Optical Approach ermoluminescence Dating

    ypology and StyleIt forms part of the classical approach whereby the shapeand style of the pottery is documented and compared toalready build-up databases to give a cultural and chrono-logical association. It is the base for the study of antiquitiesand all the ceramics of the collection were first character-ized through this approach.

    IconographyIconography in ceramics is not only a good indicator of theexact cultural association but also of the genuineness of anypiece. Greek ceramics, in particular, are carriers of icono-graphical features. Icons are not simple figures that a pot-ter drew just out of his imagination, but they are withdrawnfrom a story or mythological source and they depict a typicalmoment or scene of the story or depict a special social con-text. erefore, while comparing the icons to the mythologyand time period of the associated culture, the evaluator se-eks to understand how far the icons correlate to the presu-

    med source. In imitations the icons oen do not depict the ri-ght scene and certain features of the figure do not match withthe source, due to the lack of understanding of the mytholo-gy by the imitators. is can b e used as an important agent totest for the authenticity of ceramics. All the Greek ceramicsof the collection were subjected to iconographical studies wi-th the help of Dr. Gustavo Portocarrero and Dr. Davide Del-fino and this approach already gave a preliminary indicationof the authentic and non-authentic pieces.

    CeramographyGraffiti on ceramics oen referred as ceramography can gi-ve important information about the culture, the producerand even the exact workshop and location of its produc-tion. Simultaneously, it can indicate if a piece is authenticor not. Original ceramography is meaningful but on mo-dern pieces they are just scratches, as the imitators do not

    really know the ancient script and its association with a spe-cific piece. Distinguishing between the original meaningfulletterings and copies, gives indications on the genuineness.

    Letterings are oen found on Greek and Roman piecesand with the help of a cryptologist one can know if they aremeaningful writings of just ersatz. At , letterings we-re oen found on the Greek pieces and were deciphered byDr. Davide Delfino.

    Optical ApproachSeveral of the techniques of the optical approach are notcommonly known and used and a few of them have been

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    is study is an attempt to evaluate the ceramics anddevelop a protocol for the non-destructive study of the ce-ramics at or for any other museum collection, and,aer one year of experimentation and study, it can be saidthat this objective has been achieved.

    AcknowledgementsI am very grateful to Estrada Foundation which gave the fullsupport to use the collection and also provided me with fi-nancial support as a fellowship for one year. I would also liketo thank Museu da Scienza e Arte Milano, Italy for the valu-

    able training provided to me in the use of optical methods.Further, I thank the Instituto Tecnologico e Nuclear, Lisboawhere I have been working for nearly two years, with specialthanks to the Geoscience team and my guides Dr. C. Burbid-ge and Dr. I. Dias. I am also grateful to Cmara Municipalde Abrantes for supporting this project. My sincere gratitu-de goes to Dr. D. Delfino and Dr. G. Portocarrero for theircollaboration and support in this work. Above all, I expressmy gratitude to my professor, Dr. L. Oosterbeek, for givingme the opportunity to work on this project.

    , () Te Art Collectors Illustrated Handbook

    How to tell authentic antiques rom akes, Milano: Garzanti Verga Editore.

    -, () Archaeometric Contributionfor Heritage Management, Compositional Analysis and datingof ceramics from a Portuguese c ollection, inAnnali dellUniversitdi Ferrara Museologia Scientifica e Naturalistica, volume 6: 53.

    -, () Multi-analytical approach in

    the study of ce ramics, inActas dasJornadas Internacionais do,Abrantes: Cmara Municipal de Abrantes.

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    econmicos e no benefcios cerimoniais, como no caso datroca de presentes nas sociedades pr-estatais da Idade doBronze (Aubet : ): foi uma mudana radical que in-troduziu a conceo de troca comercial no sentido moder-no do termo. As motivaes que levaram os Fencios, espe-cificadamente de Tiro, a abrir (ou melhor, a voltar a abrir)as rotas comerciais no Mediterrneo foram principalmen-te duas e cronologicamente sucessivas: Abertura de novos mercados para as famlias que con-

    trolavam o comrcio e que se relacionavam diretamen-te com o poder real de Tiro (scs. a..);

    Necessidade de manter a importncia comercial frente ameaa de subjugao poltica assria (scs. a..).

    Relativamente ao segundo ponto, preciso esclarecerque depois do surgimento do Imprio neo-Assrio (scs. a..) no atual Curdisto entre a Turquia e o Iraque,desde o sc. a.. o Levante Mediterrneo foi terra deconquista por parte dos reis Assrios (Liverani :

    , ). J na primeira fase de expanso assria, comAsurnasirpal ( a..) a parte ocidental do Prxi-mo Oriente, ou seja o Levante Mediterrnico, foi sujeito aopoder assrio e nesta ocasio as cidades fencias, sobretu-do Tiro, aproveitaram-se do seu rico comrcio para se con-

    verter nos primeiros clientes dos reis assrios e, no entre-tanto, ficar margem dos conflitos armados, entregandotributos ao Assrios (Aubet : ). Mas no final do sc. a.., com o rei Tiglatpilesser ( a..) houveuma verdadeira ocupao militar assria em todo o Levan-te Mediterrnico, incluindo os territrios fencios (ibid.:; Liverani : ). Foi para manter pelo me-nos a autonomia econmica que Tiro reforou a sua po-sio nas trocas comerciais mediterrnicas (Aubet :). Nesta dinmica, os comerciantes de Tiro tiveram umduplo papel: Foram exportadores de matrias-primas exticas e de

    produtos artesanais produzidos no Prximo Oriente(nomeadamente na Assria, na Fencia e no Egipto);

    Foram importadores de matrias- prima estratgicaspara o Imprio Assrio, como o cobre e o estanho.

    :

    Nos territrios tocados pela colonizao ou pelo comrciofencio no ocidente mediterrnico e na fachada atlnticada Pennsula Ibrica, h vrias evidncias de cultura ma-terial importada pelos Fencios, que constituem simulta-neamente:

    Prova arqueolgica de um contacto direto ou indireto; Fss il diretor da passagem entre a Idade do Bronze e a

    Idade do Ferro; Marca de uma aculturao e uso de materiais de gos-

    to orientalizante como status symbolpor parte das eli-tes autctones.

    A cultura material formada por dois conjuntos: Cermica feita ao torno (antes desconhecido nestas re-

    gies) e metalurgia do ferro; Outros materiais de luxo de origem oriental, como a

    pasta vtrea, objetos de marfim finamente trabalhados,ourivesaria com tcnicas de perolado e filigrana (Bond:; Almagro Gorbea ; Nicolini ).

    Os Fencios no foram os inventores ou os descobrido-res destas novas tcnicas ou materiais. Foram sim os seusdifusores ao longo do Mediterrneo at ao Atlntico de tc-nicas originrias do Egipto (pasta vtrea, trabalho do mar-fim), da Assria (trabalho do marfim, tcnicas do peroladoe da filigrana) e do Prximo Oriente em geral (cermica aotorno e metalurgia do ferro).

    Os materiais levados pelos fencios para o Mediterr-neo Central e Oriental tiveram uma dupla funo nas so-ciedades indgenas: Melhorar a qualidade de vida diria: alguns produtos,

    como a cermica feita ao torno, era mais rpida de fazere, portanto, mais barata e acessvel a mais pessoas; almdisso permitia fazer formas mais elaboradas e mais pr-ticas para certos usos;

    Dar s elites locais a possibilidade de possuir objectosfeitos ou com tcnicas ou com materiais exticos, di-

    Como fenmeno ou perodo Orientalizante, entende--se a difuso da tecnologia, aspetos sociais, cultuais, urba-nsticos e, sobretudo, da escrita, tpicos do MediterrneoOriental (Sria-Palestina-Mar Egeu), levados para o Medi-terrneo Central e Ocidental aquando da expanso comer-cial e colonial Fencia, entre os scs. e a.., bem comoda das cidades Gregas da costa anatlica e da Grcia con-tinental oriental.

    Fig. |Mapado actualLbano,comas cidadesfenciasde iro,SidoneBiblo(Bondetal. )

    Os Fencios eram originrios de trs cidades na costa ma-rtima do Lbano: Biblos, Sidon e Tiro (Bond : -,)(fig. ). Esta ltima, j ativa desde o sc. a.., cresceu nos

    scs. a.. sendo o principal parceiro comercial dos Rei-nos de Israel e da Assria, acabando por liderar as restantescidades fencias (Aubet : ) e a tornar-se a principalpotncia comercial da regio. Foi de Tiro que partiram prati-camente todas as expedies para o Mediterrneo Central eOcidental (ibid.: , , , ; Ruiz Mata :) e a fachada atlntica do sul de Portugal (Arruda : )entre os scs. e a.., que levaram fundao das col-nias, sendo de destacar: Cartago no norte da frica ( a..),Gadir na Andaluzia ( a..) e Mothya na Siclia (finaldo sc. a..) (Aubet : , , ).

    Sem dvida, esta expanso, primeiro comercial e depoiscolonial, foi antecedida por contactos martimos mais pon-tuais, seguindo antigas rotas comerciais que j na Idade doBronze Mdia e Recente (scs. a..) os Micnicostinham aberto desde o Mediterrneo Oriental at Siclia e Sardenha e, atravs de intermedirios, em direo do Le-

    vante Espanhol e do sul da Pennsula Ibrica (Giardino ;Aubet : ; Bond : ). Depois do colapso dacivilizao micnica e dos grandes poderes do Egeu Orien-tal no sc. (Knapp : ; Dickinson : )que lideravam as rotas mediterrnicas, faltou um grande po-der central que controlasse o comrcio martimo. Essa foi aocasio propcia para que a iniciativa privada e familiar to-masse conta das rotas e dos trficos (Aubet : ),tendo ento os comerciantes e navegadores Fencios de Tiroum papel importante no reaproveitamento das rotas da po-ca dos Micnicos no Mediterrneo.

    O fenmeno Orientalizante teve, portanto, em Portu-gal como noutras regies por ele abrangidas, um importan-te papel no nascimento das sociedades urbanas e dos povoshistricos ou tambm ditos pr-romanos. Na fachada atln-tica e no sudoeste da Espanha os principais transmissoresdestas inovaes foram os Fencios, ao contrrio de outrasregies, como a Etrria, onde os modelos orientalizantes fo-ram introduzidos pelos Gregos de Foceia, Samo e Corinto.

    Porqu os Fencios ao longo do Mediterrneo?O comrcio Fencio foi recentemente interpretado comouma atividade de reciprocidade onde se buscam benefcios

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    dos micnicos. Depois da crise do sc. a.., os merca-dores-navegadores de Tiro, Sdon e Biblos no fizeram maisque reaproveit-las, sendo desta vez eles que as exploraramcomo principais atores comerciais.

    Fig. |Bilhacom corpoovidedetipo cretense(scs.a..)| Dimensesmdias: cm

    Nesta fase comercial e proto-colonial fencia, o aspe-to orientalizante da cultura material relativo a artefactosproduzidos no Prximo Oriente e levados para o Ultra-mar, ou a artefactos orientais produzidos fora do Prxi-mo Oriente por artesos fencios.

    Relativamente ao primeiro perodo de hegemonia co-mercial martima Fencia, com importantes centros em Ki-tion (Chipre) e em Myriandros (Sria) (Aubet : ), aColeo Estrada conta com trs peas de grande valor. Du-as delas so formas cermicas do tipo Phoenician Bichro-me Pottery:

    Um askos de corpo oval com colo cilndrico, asa e de-corado com engobe amarelo, com crculos concntricosnegros e linhas circulares vermelhas (), melhordefinido como barrel-shaped juge atribuvel ao estilo bi-crome (Karagheorghis, Des Gagners : ) (fig. );

    Um jarro de corpo esfrico com colo cilndrico, engobeamarelo, pinturas a negro e vermelho em crculos e es-

    pirais (), definido comojuge atribuvel ao esti-lo bicrome(Karagheorghis, Des Gagners ) (fig. ).

    Fig. |Barrel-shapedjugdecoradocompinturasdoestilo bicrome(scs. a.c.).| Dimensesmdias:,

    Fig. |Jugpintado decoradocom pinturasdoestilobicrome (scs. -a..).| Dimensesmdias:,,, cm

    fceis de achar e, portanto, indicadores de prestgio so-cial. O fenmeno dos materiais exticos como statussymbol frequente tambm noutros perodos da pr eproto-histria, mas no caso do perodo orientalizan-te mudou drasticamente o nmero de pessoas que po-deriam possu-los: a partir desta poca h muitos maisprodutos a chegar ao Mediterrneo Central e Ociden-tal e, portanto, aceder a eles passou a ser possvel paramuito mais pessoas nas sociedades autctones.

    A primeira fase dos trficos martimos Fencios:o Mediterrneo Oriental nos scs.a..O primeiro verdadeiro circuito dos trficos comerciais fen-cios, nomeadamente da cidade de Tiro, foi por terra em par-ceria com o Reino de Israel (entre e meados do sc. a..) e acabou no reinado de Ahab em Israel ( a..)(Aubet : -; Lipinsky ). Quase simultanea-mente houve um segundo circuito comercial terrestre, emdireo ao norte da Sria e da Cilcia, no decurso do sc. a.., mas isso terminou por causa da nascente potn-cia continental assria e do poderoso reino arameu de Da-masco (Aubet : ). Para os Fencios de Tiro, anica possibilidade de manterem os seus trficos, foi pro-curar no mar os negcios que perderam no continente, in-crementando os trficos martimos que tinham ativado noMar Egeu na mesma altura dos dois circuitos terrestres.

    Como j foi evidenciado, os movimentos comerciaisdesde a costa da Sria-Palestina atravs do mar Egeu eram

    j bastante prsperos no final da Idade do Bronze: algunsdestroos de naus que fundearam ao largo das costas daAnatlia, como os de Uluburun, Cabo Iria ou Cabo Ge-lydonia (Phelps et al. ; Karagheorghis : )mostraram o grande volume de trfico comercial entreos dois lados do Egeu, nomeadamente de cobre, estanho,prata, pasta vtrea, cermica (como contentor de produ-tos), marfim, s para mencionar os principais (Bass ;Pullak ). Depois da crise da civilizao micnica e doReino de Ugarit em torno do sc. a.. (Dickinson :) o controlo das rotas martimas passou para as cida-des da Sria-Palestina que at esse momento tinham fica-

    do como que fechadas por causa desses grandes poderesproto-estatais. Das cidades de Tiro, Biblos e Sdon parti-ram primeiro mercadorias e depois mercadores e artesosque estabeleceram emprios na ilha de Chipre (Boardman; Aubet : ; Karagheorghis :), que, empoucas dcadas se tornaram verdadeiras colnias de comu-nidades fencias como a de Kition (Karagheorghis : ).O interesse por esta ilha deveu-se aos seus recursos de cobree de madeira, esta fundamental para a construo das nausna nascente potncia martima fencia. Foi ento na rea en-tre a costa fencia, a ilha de Chipre, a ilha de Creta e a costa dailha de Eubeia (em frente tica, na Grcia), que as rotas co-merciais lideradas pelos fencios de Tiro iniciaram a sua ati-

    vidade entre os scs.e a.., com particular prosperida-de nos scs. a.. (Aubet : , ).

    Foi nestes lugares que foram vendidas mercadorias dacosta da Sria-Palestina como mveis em marfim entalha-do, objetos em pasta vtrea e cermica feita ao torno comdecoraes cromticas.

    Relativamente a esta primeira fase de movimentos fe-ncios no Mediterrneo, a Coleo Estrada conta com al-gumas peas significativas de um ponto de vista comercial,tecnolgico e artstico.

    Representativa do perodo imediatamente antecedenteao comrcio fencio, ainda dos ltimos tempos de domniocomercial micnico (sc. a..), quando as mercadorias

    viajavam entre Creta, o Peloponeso, Chipre e a costa da S-ria Palestina, temos uma bilha com corpo ovoide, aber-tura circular no topo, colo cilndrico estreito, duas asas emfita juntas ao colo (), de tipo cretense (fig. ). V-rios exemplares iguais foram achados nos destro os de nausdo final da Idade do Bronze como a de Cabo Iria no golfode Argo (Grcia) (Vichos, Lolos ), sendo reconhecidoscomo contentores de lquidos (Karagheorghis : ),provavelmente azeite ou vinho. As rotas martimas ativasnos ltimos tempos de prosperidade micnica, e para asquais viajavam estas formas cermicas, j eram conhecidaspelos mercadores levantinos (Dickinson : ), entreos quais provavelmente os primeiro Fencios da costa pa-lestiniana, que eram um dos variados parceiros comerciais

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    famlias que os chefados do Mediterrneo Central (comoas da rea etrusca), que adquirindo estas peas em material

    extico e de excelente valor artesanal, justificavam o seupoder com a prpria capacidade de gerir comrcios e tro-cas com o Mediterrneo Oriental e, entretanto, iam adotan-do modas e costumes do Mdio Oriente. Usando mveis demarfim (como as camas), costumando cuidar do prpriocorpo com perfumes e ferramentas guardadas em pxidesde marfim, pedindo aos prprios artesos para decorar va-sos metlicos, cermicas e jias com os motivos orientali-zantes dos marfins.

    A primeira fase dos trficos martimos Fencios:o Mediterrneo Central e Ocidental nos scs. a..Nesta fase cronolgica assiste-se, no que concerne cultu-ra material, a uma progressiva mudana: no so s os ar-tefactos orientais que so ou importados ou produzidosfora do Prximo Oriente, mas so sobretudo as produesdas regies do Mediterrneo a adotar e desenvolver nosseus parmetros as temticas e os modelos orientais.

    Os fencios de Tiro, que entretanto se tinha tornado namais poderosa das cidades fencias (Aubet : ,),como resultado da cada vez maior presso poltica e militarassria na Sria-Palestina, alargaram os seus trficos mar-timos ao Mediterrneo Central e Ocidental. A procura demais lugares fora do alcance da dominao assria que ga-rantissem uma diversidade e continuidade de negcios era

    vital para que Tiro permanecesse aos olhos dos reis Ass-rios como um vizinho til, como parceiro comercial, ali-s vassalo, mais que como um estado que valesse a penasubjugar definitivamente ou destruir. De facto, Tiro paga-

    va tributos aos reis de Assria desde o reinado de Ithobal( a..) em Tiro e de Assurnasirpal em Assria( a..) (ibid.: ), e at ao reinado do Tiglatpi-lesser () os Assrios no incomodaram dema-siado os fencios de Tiro quer militar, quer comercialmen-te (ibid.: ).

    Foi neste perodo de relativa convivncia com os pode-rosos vizinhos Assrios, que os interesses dos Trios voem direo s costas norte africanas, Siclia, Sardenha,

    ao Levante espanhol e ao sul de Portugal, incrementandoos trficos em rotas martimas conhecidas e esporadica-mente j frequentadas desde pelo menos o sc. a.. (Li-

    verani : ). A implantao, nos finais do sc. dacolnia de Cartago, na Tunsia e no sc. a.. das col-nias de Utica na Tunsia, Lixus em Marrocos, Motya na Si-clia, Gadir e Toscanos no sul de Espanha, marca a primei-ra presena estvel fencia ao longo do Mediterrneo.Depois no sc. a.. a fundao de outras colnias co-mo arros e Nora na Sardenha, Santa Ollia e Abul nacosta portuguesa (Aubet : , ,, ; Ar-ruda ) marcam a consolidao desta rede comercialao longo do Mediterrneo e no s. Relativamente a estafase a influncia fencia, ou do mundo levantino, marcoude modo significativo a produo artstica das vrias reasdo Mediterrneo, devido ao incrementar dos trficos queaumentaram a circulao dos produtos quantitativa e qua-litativamente.

    Paralelamente tambm as nascentespoleisgregas come-aram a ter trocas comerciais com o Prximo Oriente, no-meadamente as que estavam na costa asitica do mar Egeu(Mileto, Samo, Foceia). Assim modelos artsticos orientaischegaram tambm Grcia continental, influenciandoAtenas e Corinto (Boardman : ), dando vida so-bretudo a uma pintura em cermica que adotou uma mo-da orientalizante, quer na organizao das figuras, quernos modelos figurativos, mas desenvolvendo tambm ca-ractersticas originais (ibid.: ). Esta desenvolveu-seem diferentes escolas de pintura em cermica, das quais amais famosa foi a Corntia. Na Coleo Estrada existem al-gumas peas cermicas interessante neste estilo, dito Co-rntio: entre estas a pea (fig. ), que um aryba-los globular (uma forma para conter perfumes ou leo),com decorao pintada com pigmento vermelho direta-mente sobe a cermica sem engobe. A decorao represen-ta uma figura feminina alada fantstica, identificvel comuma hrpia. Formas destas, pequenas e valiosas, testemu-nham a difuso do costume do tratamento do corpo quena Grcia Clssica ir ser vulgar quer nas mulheres quernos homens, como era tpico no Prximo Oriente.

    As duas peas testemunham a produo cermica e im-plantao de atelis de ceramistas fencios em Chipre entreos scs. e a.., dando origem a um tipo de cermicaque definido como cipriota (no caso das peas em ques-to cermica bcroma cipriota), mas que tem os seus mo-delos de origem na Sria-Palestina desde o sc. a.., comoas formas achadas no stio de Sarepta, perto de Sdon (Lba-no) (Anderson ). O tipo bicromo o primeiro na evo-luo da cermica fencio-cipriota, sendo depois do s c. a.. substitudo, gradualmente, pela tcnica de red-slip, ouseja, o engobe vermelho (Oggiano, a: ). A decora-o de cermicas com pinturas bicromas, tpico da Idadedo Bronze tardia da costa da Palestina (Cana), mas os moti-

    vos que so pintados nos vasos dos scs.a.. no tmnada a ver com os padres pintados na cermica da costa daPalestina: por isso, possvel que a cermica Phoenician Bi-chrome Potteryseja o resultado de uma produo fencia fei-ta propositadamente para conter produtos para vender emChipre, com formas fencias mas com decoraes de gostocipriota, promovendo assim os produtos nesta ilha (Gilboa). Finalmente, foi s graas nova tecnologia do tornorpido que foi possvel produzir estas formas, propositada-mente pensadas para transportar vinho () ou paraconter e deitar vinho ou azeite ().

    A terceira pea da Coleo Estrada, significativa do pri-meiro perodo de expanso fencia no Mediterrneo, umfragmento de adereo em marfim () (fig. ), muitoprovavelmente parte de um cofre cilndrico ou de um m-

    vel. So representados neste fragmento, uma esfinge e umacena de amamentao de um novilho, encaixados em mol-des formados por elementos vegetais, entre os quais folhasde papiro estilizados. O trabalho do marfim, para a produ-o de mveis e objetos de toilettepara satisfazer o merca-do, sobretudo as cortes reais assrias e mesopotmicas, eraprerrogativa de verdadeiros laboratrios-escolas na Sria,Palestina e Fencia. O marfim era um material muito va-lioso, sendo raro (era obtido das presas do elefante india-no, africano e provavelmente srio - que parece desaparecerem torno do sc. a..) e difcil de trabalhar, sendo pre-cisas tcnicas artesanais finssimas (Oggiano, b: ).

    Fig. |Fragmentodeadereoem marfim,escolaassriaou intermdia(scs. a..).| Dimensesmdias:,, cm

    Entre os scs. ea.., floresceram quatros escolas detrabalho do marfim, cada uma com caractersticas tcnicase decorativas prprias: a escola assria, a escola norte-sria,a escola fencia e uma escola intermdia (Suter, Uhelinger). Para as caractersticas da pea em exame, possvelexcluir a sua associao com:

    A escola fencia, devido ausncia de tcnicas decorati-vas sofisticadas como o uso de revestimento com lminasde ouro, o uso da perfurao, do cloisonn, e do cham-plev;

    A escola norte-sria, pela ausncia quer de sujeitos nar-rativos na cena entalhada na pea, quer de maior liber-dade na formulao das imagens, quer pela presena napea de sujeitos de influncia egpcia como a esfinge e ospapiros.

    Portanto possvel associar a pea ou a escola sria ou intermdia.

    O significado destes objetos de marfim no mbito dofenmeno orientalizante duplo: testemunham a gran-de habilidade dos mercadores fencios de exportar, comgrande sucesso, por todo o Mediterrneo estes produtosde grande prestgio, mas tambm so sintomticos da dife-rente natureza dos clientes que os compravam. Estes eram,de um lado, os reis e as cortes reais Mdio-Orientais, queordenavam peas especficas e que as usavam para fortifi-car o seu prestgio exibindo-as nos palcios; por outro lado,

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    Fig. |Unguentriodecorpo piriforme(scs.a..).| Dimensesmdias:2,1,5 cm

    Fig. |Oinochoe(scs.VIVa..).| Dimensesmdias:,4,1 cm

    Finalmente, a pea ce (fig. ) um oinochoedat-vel aos scs. a.. e, entre a pasta vtrea usada para fa-zer jias, a pea (fig. ), um pendente em forma decabea masculina com barba datvel do sc. a.. (Bernar-dini : ; Uberti : ), significativa da con-tinuidade de circulao no Mediterrneo Centro-Ocidentalde produtos produzidos no Mediterrneo Oriental, quando

    a colnia de Cartago se substitui me ptria Tiro comocentro da atividade fencia (Garbati : ).

    Uma produo artesanal que teve muito sucesso nomundo Mediterrnico e no sul de Portugal, no curso do fe-nmeno Orientalizante foi a joalharia em ouro. Era j desdeo milnio a.., uma tradio artstica no Egipto, na Meso-potmia e na costa srio-palestinense (entre os maiores cen-tros produtivos Biblos, Ugarit e Gaza), com tcnicas parti-culares que faziam das jias verdadeiras obras de arte e ques chegaram ao Mediterrnio Ocidental depois do contactocom os Fencios e os Gregos. A tcnica da folha de ouro tra-balhada em volume foi criada no Egipto do Imprio Antigoou na rea sumria ( dinastia de Ur), a tcnica do perola-do foi desenvolvida na Mesopotmia do milnio a.. comos estados neo-sumrios de Larsa, na cidade elmita de Su-sa e no Egito da dinastia e tendo-se difundido nos scs.a.. na Sria-Palestina e em Creta (Nicolini :, ).

    Fig. |Pendenteem formadecabeamasculinacom barba(sc. a..).| Dimensesmdias:,1,91,8 cm

    A tcnica de realizar objetos com volume (em trs dimen-ses e no s em dois) com a folha de ouro, permitia fazer jiascom formas mais variadas, complexas e com mais possibilida-de de criao. Mas ao mesmo tempo, esta tcnica possibilita-

    va a produo de jias mais finas, onde no era preciso gastartanto ouro, ao contrrio das tcnicas em ouro macio tpicas,por exemplo, do Bronze Final da Pennsula Ibrica.

    Fig. |Arybalosglobular,estiloorientalizante(sc.a..).| Dimensesmdias:,7, cm

    Durante a colonizao fencia, e tambm grega, houvemuita difuso de produtos em pasta vtrea. A criao destematerial, que se pode considerar o primeiro vidro, foi feitasculos antes do fenmeno orientalizante, no Egipto e naMesopotmia do milnio a.. (Uberti : ; Bond: ). Trate-se de material obtido da fundio de umamassa de slica, carbonato de clcio, lcalis e pigmentos co-loridos, trabalhada a quente com dois bastezinhos e for-mando pequenos contentores que imitavam as formas dascermicas, ou contas e outros componentes para jias. Fo-ram os Fencios que divulgaram este produto artesanal no

    Mediterrneo, entre os scs. a.., funcionando pri-meiro como intermedirios entre os produtores egpcios e s-rios e, depois, como produtores sobretudo na Fencia, emChipre e Rodes. Por isso os objetos de pasta vtrea so nor-malmente chamados vidros fencios, embora no sejamnem de vidro propriamente dito, nem uma inveno fencia.At hoje, duvidosa a hiptese de centros produtores nas co-lnias fencias do Mediterrneo Centro-Ocidental (Uberti; Bond : ): tal entra, no entanto, em desacordocom o efeito orientalizante visto na cermica, que fez flo-rescer muitos estilos autctones ao longo do Mediterrneo.

    Parece ento que os Fencios mantiveram at quase ao sc. a.. o monoplio no s do comrcio, mas tambm da produ-o (juntamente com os egpcios e o Prximo Oriente) da pas-ta vtrea. Este panorama faz dos vidros fencios um materialparticularmente valioso, que explica muito bem a funo etambm o simbolismo que havia nos produtos exticos nassociedades do Mediterrneo Centro-Ocidental: s quem erasuficientemente poderoso para poder negociar com os merca-dores fencios, poderia ter em casa contentores para a toilettee jias de pasta vtrea.

    Os vidros fencios eram produzidos segundo uma tc-nica particular chamada sobre ncleo de argila; normal-mente os pigmentos usados eram o amarelo (oxido ferroso),o azul (com oxido de cobre), o branco (oxido de estanho) eo verde-azul (cor natural do vidro) (Uberti : ). Na co-leo Estrada podem encontrar-se algumas destas peas: A pea um vasinho de corpo esfrico com

    colo troncocnico (fig. ), datvel entre o sc. e o sc.a.. (Harden : );

    A pea (fig. ) um unguentrio de corpo pi-riforme de atribuio cronolgica muito ampla, entre osc. e o sc. a.. (ibid.: );

    Fig. |Vasinhodecorpo esfricocomcolotroncocnico(scs.-a..).| Dimensesmdias:,7, cm

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    Fig.|Doisbrincosem formadesanguessuga,cobertosdeperoladoemouro(scs.a..). | Dimensesmdias:,1,91 cm

    As peas e (fig. ) so brincos emforma de corno, com decorao de esferas de ouro ali-nhadas e pendente em forma de fruto, possivelmen-

    te atribuveis a uma produo da rea etrusca entreos meados do sc. e o sc. a.. (Marshall ).A associao entre o corno e a fruta, lembra a simbolo-gia da cornucpia, ou melhor o corno da abundncia,o que na tradio grega simboliza a abundncia, a fe-cundidade e a felicidade (Chevalier e Gheebrant :). Por isso, e tambm em concordncia com a data-o bastante tardia, possvel pensar numa influnciade tcnicas orientalizantes (a folha de ouro em volumee o perolado), mas com um modelo simblico-figura-tivo que j grego.

    Fig.aeb| brincosemformadecorno,compendenteemformade fruto,deprovvelproduoetrusca(scs.a..).

    | Dimensesmdias:,4,30.5 cm

    Finalmente, h uma ltima categoria de materiais, espe-cificadamente exticos e que se difundiram de modo consi-dervel s nos finais do fenmeno Orientalizante: os ovos deavestruz. Este tipo de material era utilizado desde o mi-lnio a.. na frica do Norte, sendo depois presente na Me-sopotmia em Ur, Kish, Mari e no Luristo (Iro ocidental)desde o e o milnio a.., em palcios, templos e necr-poles (Savio : ). No Prximo Oriente, conforme a li-teratura das tbuas com escrita cuneiforme, a funo do ovoera de oferta alimentar a divindades, de contentor, de me-dicamento e de objeto mgico, at se tornar smbolo de vi-da e da ressurreio no Egito (Finet : ). Os ovos de

    avestruz depostos em tmulos so documentados na Fen-cia desde o sc. a.. (Lemaire ). A partir desta po-ca h a hiptese de um comrcio de ovos de avestruz, j tra-balhados, desde a Fencia at ao Mediterrneo Central, ondeCartago adquire cada vez mais um papel de centro produtor,levando o comrcio destes produtos de luxo at ao Mediter-rneo Ocidental (Botto ), sendo achados sobretudo emcontextos funerrios. Os ovos eram de diferentes tipos (Sa-

    vio : ): Cortados transversalme nte a meia altura at obter uma

    tigela, sendo depois pintado;

    O perolado, tcnica que permitia cobrir a superfcie deuma jia com centenas de prolas de ouro microscpicas, ca-da uma das quais refletia a luz, dava a brincos, pendentes,fbulas e outras realizaes um aspeto brilhante e cativan-te. E alm disso, permitia realizar decoraes em repuxado,jogando entre o relevo do repuxado e o fundo, mais baixo,cheio de prolas.

    O uso de fio de ouro para construir padres decorativospor cima das jias, teve a sua origem no Mediterrnio Orien-tal no milnio a.. (ibid.: ). Tal permitia, encruzilhan-do fios de ouro muito finos, construir decoraes por cimadas jias que davam maior fineza e elegncia.

    Estas tcnicas eram bastante difceis de realizar: no erapossvel ento, para um ourives do Mediterrneo Centro-

    -Ocidental aprender estas tcnicas s olhando as jias fe-ncias ou observando rapidamente o trabalho de realiza-o. Era preciso que, ou ourives fencios se instalassem noscentros indgenas do Ocidente, ou comprar diretamenteaos Fencios as jias. No caso da rea Mediterrnio Central,nomeadamente na Etrria, radicaram-se nas cidades etrus-cas atelis de ourives de clara ligao com o MediterrnioOriental, sendo que desde o sc. a.. os mesmos Etrus-cos desenvolveram uma produo prpria especializando-

    -se no perolado em particular (Nestler, Formigli ; Spi-vey : ).

    Alm das tcnicas, os padres decorativos, originrios doPrximo Oriente, como animais (esfinges, lees, patos) oumotivos vegetais (flores de ltus, plantas de papiro) foramincludos na produo de ouro do Mediterrneo Ocidental.

    Ao contrrio das tcnicas, as figuras poderiam ser copiadasem pouco tempo pelos ourives no fencios, sendo assim que

    jias com temticas orientalizantes difundiram-se em maiornmero no Mediterrneo Centro-Ocidental, das que eramfeitas com tcnicas orientalizantes.

    Algumas das peas da Coleo Estrada so de ourivesa-ria orientalizante: A pea (fig. ) o aro e a agulha de uma fbula

    em forma de sanguessuga, com decorao em perola-do e duas pombas em lmina de ouro em cima do aro.A jia datvel ao sc. a.. e de provvel produ-

    o etrusca (Pagnini ). provvel que os animaisfigurados no aro sejam mais pombas que patos. Defacto na simbologia tradicional do mundo antigo, ha-

    via um significado mais amplo para a pomba: como osmbolo da realizao amorosa que o amante ofereceao objeto de seu desejo, mas muitas vezes representatambm aquilo que o homem contm de imperecvel,ou seja o princpio vital, a alma (Chevalier e Gheer-brant : , );

    Fig.|Aro ea agulhadeuma fbulaem formadesanguessuga,provvelproduoetrusca(sc. a..). | | Dimensesmdias:,6,22 cm

    As peas e (fig. ) so dois brincosem forma de sanguessuga, completamente cobertos definssimo perolado em ouro. No possvel estabelecerse foram produzidos no Mediterrneo Central ou Oci-dental, mas pela forma e pelo rico perolado possvelatribuir estes brincos aos scs. a.., sendo este operodo do uso macio do perolado nas jias Mediter-rneo Ocidental (Almagro Gorbea : );

    ( ) i l l i i i d O id t () A ti O i t St i i t iCortados transversalmente quase no topo at obter um

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    Cortados transversalmente quase no topo, at obter umcontentor, sendo depois pintado;

    Cortados frontalmente at obter uma mscara, sendodepois pintada;

    Inteiros , sendo furados no fundo para fazer evacuar ocontedo.

    Fig.|Ovode avestruz(scs.a..).| Dimensesmdias:12 cm

    Na Coleo Estrada h um ovo de avestruz, pea

    (fig. ), inteiro com cinco furos para evacuaodo contedo, muito provavelmente aproveitados depoispara fixar um suporte, de modo que o ovo ficasse de p.De certeza a pea sofreu um restauro com gesso, como sepode ver com a luz ultravioleta (fig. ): isso no anormal,acontecendo tambm em muitas peas conhecidas (Ac-quaro : ). Os ovos no pintados e inteiros so umapequena minoria dos conhecidos, tendo paralelos em Car-tago, no sc. a.., e no Levante espanhol, no sc. a..(Yacoub ; Savio : ).

    Fig.|Ovode avestruz(scs. a..).| Dimensesmdias:12 cm

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    Neste artigo, apresenta-se um conjunto de fivelas visig-ticas da Col. Estrada, mostrando as suas tipologias e sim-bolismos com elas relacionados.Palavras-chave:fivelas, visigodos, formas, smbolos.

    In this article, it is presented a set o visigothic buckles oCol. Estrada, showing its typologies and symbolisms.Keywords: buckles, visigoths, orms, symbols.

    fivelas de cinturo visigticasda coleo estrada(sc. d..): formase simbolismos identitrios,

    scio econmicos e funerrios.G P -

    Estas fivelas de cinturo tinham um simbolismo, simul- tegrao (ibid.: , ), funcionando, assim, como talismOs estudos arqueolgicos em Portugal relativamente ao pe- (Ripoll : ). Algumas destas placas tm decorao

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    taneamente, identitrio, scio-econmico e funerrio.Identitrio, porque eram usadas somente pelos Visigo-

    dos, distinguindo-se desta forma da populao hispano--romana que estava sob o seu domnio. Os Visigodos j usa-vam este gnero de fivelas antes de se instalarem no ImprioRomano e continuaram a us-los depois de terem formadoum estado autnomo na Pennsula Ibrica na sequncia daqueda do Imprio Romano do Ocidente.

    Mas tambm estas fivelas demonstravam estatuto scio--econmico. Note-se que nem toda as pessoas enterradas emcemitrios visigticos tinham estas fivelas (. . ).

    Por outro lado, estas fivelas pertenciam sobretudo a um es-trato social intermdio, dado que imitavam as de persona-gens ainda mais ricas e poderosas, as quais eram feitas deouro e pedras preciosas. As fivelas aqui expostas so debronze, cuja cor dourada imita o ouro, e tm muitas vezes

    vidro e pasta vtrea que imitam pedras preciosas como sepode ver, por exemplo, em algumas peas que tm vidro ver-melho a imitar granadas. A nica excepo uma pea fei-ta em bronze, mas coberta por uma folha de ouro (fig. ).

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,7,10,8 cm

    Finalmente, tambm tinham um uso funerrio. Em pri-meiro lugar, convm notar que as fivelas fechavam cintures,sendo que, neste contexto o seu simbolismo servia essencial-mente para indicar uma ligao, para vincular (Chevalier eGheerbrant : ), neste caso o falecido com o Cosmos,abraando-o num crculo contnuo que impede a sua desin-

    protector. Este carcter apotropaico igualmente visvel, emvrias cruzes, geralmente de cor azul (a cor do Cu), que in-dicam igualmente o estatuto cristo do falecido, embora,contrariamente s populaes hispano-romanas, os visigo-dos fossem arianos e no catlicos (fig. ).

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,5,10,7 cm

    As cores predominantes nestas fivelas so o verde e overmelho. A primeira est relacionada com uma naturezaque se renova (ibid.: ), sendo isso o que o falecidoesperava para a sua alma: a ressurreio (fig. ). Em algunscasos, chegam mesmo a ser representadas nas placas folhas,smbolos da natureza, de modo a enfatizar com mais foraessa ligao (fig. ). J no caso do vermelho, a multiplicida-de de cabuches (fig. ) permite supor a representao dassementes da rom, de cor vermelha, fruto que, na tradio

    crist, simboliza a perfeio divina (ibid.:, ), mos-trando assim, uma vez mais, as expectativas do morto paraa vida no Alm.

    Em finais do sculo , este modelo de fivelas foi aban-donado e substitudo por outras de influncia itlica e bi-zantina (Ripoll : ). Relativamente s suas formas,as itlicas eram caracterizadas por uma placa rgida que seencontrava unida ao aro (fig. ); j nas bizantinas o aro es-tava separado da placa (fig. ). Quanto decorao, ela eraincisa e sem pedras preciosas ou vidros, diferenciando-seassim das solues tcnicas do perodo anterior.

    rodo Visigtico, entre os sculos e d.., tm sidopoucos e parcelares, sendo as reas mais estudadas a arqui-tectura e a escultura (e.g. Almeida , Maciel ). Estu-dos sobre torutica, a arte de trabalhar o metal, tm sidopraticamente inexistentes (uma excepo recente pode en-contrar-se em Arezes ). Ora exactamente na toruti-ca que tem lugar uma das mais importantes manifestaesmateriais desta poca: as fivelas de cinturo. A Col. Estradapossui um numeroso grupo de fivelas de cinturo visigti-cas, num total de , sendo uma das mais importantes co-leces que existe sobre este gnero de peas a nvel mun-

    dial. Tendo em conta o panorama desolador dos estudos detorutica visigtica em Portugal, o estudo cuidadoso destaspeas torna-se, assim, bastante necessrio, algo que ser fei-to neste artigo, atravs da apresentao das formas existen-tes, bem como da anlise de aspectos identitrios, scio-

    -econmicos e funerrios destas peas.Relativamente anlise das formas, este artigo baseia-

    -se em estudos sobre a mesma temtica feitos em Espanha.Nas ltimas dcadas tm ocorrido nesse pas uma grandequantidade de escavaes em cemitrios da poca visigti-ca, algo que permitiu obter uma grande quantidade de five-las e apurar melhor as suas formas e cronologias (e.g. Ripoll, Serrano , . .). J no caso da Col. Estra-da, as peas foram obtidas no mercado de antiguidades, pe-lo que no se conhece o seu contexto arqueolgico. No en-tanto, como os Visigodos ocuparam a totalidade daPennsula Ibrica e como todas as peas da Col. Estrada

    tm paralelos com outras encontradas em Espanha, seroassim utilizados as cronologias e tipologias obtidas nas es-cavaes espanholas.

    As peas existentes na Col. Estrada dividem-se em doisgrandes grupos: as de influncia danubiana, datveis de fi-nais do sc. a finais do sculo (num total de peas),e as de influncia itlica/bizantina, datveis de finais do sc.a incios do sc. (num total de peas).

    No tocante ao primeiro grupo, trata-se de peas feitasem bronze e constitudas por um aro e uma placa rectan-gular com decorao constituda por motivos geomtricos

    fundida (fig. ), outras tm cabuches com vidros ou pe-dras preciosas (fig. ), sendo as restantes (a maioria) feitasem cloisone(fig. ).

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,12,71,7 cm

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,11,70,8 cm

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:6,50,7 cm

    qualquer fivela e um minsculo grupo usava fivelas de ou-( )

    do as bizantinas, tm vrias cabeas estilizadas que tm si-d i t t d if (Ri ll )

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    ro (. .).Portanto, as fivelas continuaram a ser usadas como in-

    dicadores de estatuto scio-econmico. Os mais ricos usamo ouro e os que tm algumas posses usam o bronze. Aindaassim, note-se que, mesmo nestas fivelas de bronze poss-

    vel tambm notar alguma hierarquizao: assim, enquantoque algumas so simples e sem decorao (fig. ), outrasapresentam um maior cuidado na sua elaborao (fig. ).

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,7,30,3 cm

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,10,60,3 cm

    Por ltimo, o simbolismo funerrio de cariz cristo con-tinua, mas tambm com algumas diferenas face ao pero-do anterior. A imagem da cruz mantm-se em algumas dasplacas (fig. ); outras apresentam pequenos crculos quesimbolizam provavelmente a proteco contra o mau-olha-do (fig. ), sendo vulgar encontr-las nas fivelas mais sim-ples como substituio da decorao mais complexa, semdvida de elaborao mais custosa; outras ainda, sobretu-

    do interpretadas como grifos (Ripoll : , ), osquais, neste contexto tm uma funo apotropaica guar-dando as almas dos mortos na sua asceno ao paraso ce-leste (Chevalier e Gheerbrant : ) (fig. ). Dois gri-fos afrontados podem igualmente ser vistos numa dasplacas, com o mesmo significado (fig. ). Um ltimo ani-mal fantstico aqui representado uma quimera, tambmcom uma funo apotropaica (Ripoll : ) (fig. ).

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,9,60,3 cm

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,8,90,3 cm

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,50,2 cm

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,120,9 cm

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,11,51,4 cm

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,12,62,8 cm

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,8,40,3 cm

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:11,20,4 cm

    semelhana das fivelas do perodo anterior tambm se po-de fazer uma leitura identitria, scio-econmica e funerria.

    Comeando pela primeira, ao longo do sculo hou-ve vrias ameaas internas e externas ao domnio visigti-co sobre a Pennsula Ibrica, o que levou a que estes, em fi-nais desse sculo, procurassem uma unio com a populaohispano-romana. O acto mais importante desta unio foi oabandono do arianismo e a converso dos Visigodos ao ca-

    tolicismo. Mas a sua anterior religio no foi a nica coisaque abandonaram: tambm toda a cultura material que de,alguma forma, os diferenciava da populao hispano-ro-mana tambm foi abandonada. assim que no tocante sfivelas de cinturo os modelos usados pelas populaes his-pano-romanas, de inspirao itlica ou bizantina, acaba-ram por ser adoptados (Ripoll : , ).

    Relativamente ao estatuto scio-econmico, seme-lhana do que acontecia com o grupo de fivelas anterior, asescavaes arqueolgicas tambm revelaram que s algu-mas pessoas usavam fivelas em bronze; outras no usavam

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    52 museu ibrico de arqueologia e arte

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,14,10,7 cm

    Fig.|Fivelavisigtica(scs.).| Dimensesmdias:,10,30,9 cm

    . . () La Investigacin Arqueolgica de la poca Visigoda en laComunidad de Madrid, ., Madrid: Museo Arqueolgico Regional.

    , () Histria da arte emPortugal: Arte da Alta Idade Mdia, . , Lisboa: Publicaes Alfa.

    , () Elementos de adorno altimedivicosem Portugal (Sculos a ),Noia: Editorial Toxosoutos.

    , ; , () Dicionrio dos Smbolos,Lisboa: Teorema.

    , () A poca Clssica e a Antiguidade

    Tardia, in , (dir.) Histria da Arte Portuguesa,Lisboa: Crculo de Leitores, pp. 76149.

    , () orutica de la Btica,Barcelona: Reial Acadmia de Bones Lletres.

    , () Catalogue o the Byzantine and Early MedievalAntiquities in the Dumbarton Oaks Collection, . ,Washington: Trustees for Harvard University.

    , () Bronces de poca visigoda en el Museode Torrecampo (Crdoba), in, 10.

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    museu ibrico de arqueologia e arte

    Este trabalho pretende, antes de mais, apresentar as estelas fu-nerrias que fazem parte do esplio do Museu D. Lopo de Al-meida, em Abrantes, e, fazer o ponto de situao relativamen-te aos dados arqueolgicos disponveis para conhecermos ahistria de Abrantes durante a Idade Mdia.Palavras-chave: estelas funerrias; Idade Mdia; necrpo-les; Abrantes.

    Tis work attempts to present the unerary stelae which arein the Museum D. Lopo de Almeida, in Abrantes, and tomake a synthesis o the available archaeological data in or-der to better understand the history o Abrantes during the

    Middle Ages.Keywords: unerary stelae; Middle Ages; necropolises;

    Abrantes.

    estelas funerrias medievaisno esplio do museud. lopo de almeida.F G

    A este facto acresce que, da observao atenta do espa-o onde esta igreja se desenvolve, facilmente se conclui que

    A questo da alterao relativa localizao do pri-meiro templo de Santa Maria tambm pode ser facilmen-

    Este trabalho pretende, antes de mais, apresentar as estelassos os que nos ficaram e, os dados resultantes dos trabalhos,apesar de insuficientes por enquanto, podem ajudar, seno

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    56 museu ibrico de arqueologia e arte

    o pequeno morro que possivelmente albergava a Igreja eAdro velhos, foi parcialmente cortado dando lugar ao ter-rado para o espao sagrado que se queria maior.

    Em relao necrpole propri