ata nº 21, de 13 de junho de 2018 - contas do governo - · em exercício, subprocurador-geral ......
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ATA N 21, DE 13 DE JUNHO DE 2018
- Contas do Governo -
Data da aprovao: 20 de junho de 2018
Data da publicao no D.O.U.: 26 de junho de 2018
Acrdo apreciado de forma unitria: 1322
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
ATA N 21, DE 13 DE JUNHO DE 2018
(Sesso Extraordinria do Plenrio)
Presidncia: Ministros Raimundo Carreiro e Jos Mcio Monteiro (Vice-Presidente)
Representante do Ministrio Pblico: Procurador-Geral, em exerccio, Paulo Soares Bugarin
Secretrio das Sesses: AUFC Marcio Andr Santos de Albuquerque
Subsecretria do Plenrio, em substituio: AUFC Lorena Medeiros Bastos Corra
s 10 horas e 10 minutos, o Presidente Raimundo Carreiro declarou aberta a sesso
extraordinria do Plenrio com a presena dos Ministros Walton Alencar Rodrigues, Benjamin
Zymler, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Jos Mcio Monteiro, Ana Arraes, Bruno Dantas e Vital do
Rgo, dos Ministros-Substitutos Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa e Weder de
Oliveira, bem como do Procurador-Geral do Ministrio Pblico junto ao Tribunal de Contas da Unio
em exerccio, Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
Ausente o Ministro-Substituto Andr Lus de Carvalho, com causa justificada (v. Anexo VI).
Em seguida, registrou a presena, compondo a mesa, do Ministro de Estado da Casa Civil, Eliseu
Padilha, representando o Presidente da Repblica, e do Ministro da Transparncia e Controladoria-
Geral da Unio, Wagner Rosrio.
Noticiou, ainda, a presena da Ministra da Advocacia Geral da Unio, Grace Mendona; do
Senhor Vice-Almirante Marcelo Barreto Rodrigues, representando o Ministro de Estado da Defesa; do
Ministro Emrito do Tribunal de Contas da Unio, Valmir Campelo; do Ministro-Substituto Emrito
do Tribunal de Contas da Unio, Lincoln Magalhes da Rocha; do Subchefe do Centro de Controle
Interno do Exrcito, Coronel Eduardo Ferreira dos Santos, representando o Comandante do Exrcito;
do Conselheiro do Tribunal de Contas do Par, Cipriano Sabino de Oliveira Jnior; da Presidente do
Tribunal de Contas do Estado de Alagoas, Conselheira Rosa Maria Ribeiro; do Consultor-Geral da
Unio, Marcelo Augusto Fonseca; do Secretrio-Geral de Controle Externo do Tribunal de Contas da
Unio, Cludio Souza Castello Branco; do Secretrio-Geral Substituto da Presidncia do Tribunal de
Contas da Unio, Felcio Ribas Torres; da Secretria-Geral Substituta de Administrao do Tribunal de
Contas da Unio, Delenda de Arajo Bruno; do Coordenador de Auditoria da Agncia Nacional de
guas, Joo Carlos Gomes; do Diretor de Administrao e Finanas do Servio de Apoio s Micro e
Pequenas Empresas da Paraba, Joo Monteiro da Franca Neto; do Sr. Jos Augusto Correia Neto,
representando o Diretor do Centro de Controle Interno da Marinha; do Almirante Carlos Eduardo
Hosrta Arentz, representando o Comandante da Marinha; do Ministro de Estado do Planejamento,
Desenvolvimento e Gesto, Esteves Colnago; do Assessor de Controle Interno, Francisco Eduardo de
Holanda Bessa, representando o Ministro de Estado da Fazenda; do Procurador-Geral Adjunto da
Advocacia-Geral da Unio, Marcel Mascarenhas dos Santos; do Vice-Presidente de Governo do Banco
do Brasil, Jos Eduardo Pereira Filho; da Diretora Jurdica do Banco do Brasil, Lucinia Possar; do
Chefe do Escritrio Sede da Agncia Nacional de Cinema, Yuri Queiroz Gomes.
Comunicou, ento, que a sesso extraordinria foi convocada para apreciao das contas do
Chefe do Poder Executivo, Excelentssimo Senhor Michel Miguel Elias Temer Lulia, no exerccio de
2017 e concedeu a palavra ao relator, o Ministro Vital do Rgo.
Concluda a leitura do voto (v. Anexo II) e do projeto de parecer prvio (v. Anexo I) foram
colhidos os votos dos Ministros Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, Augusto Nardes,
Aroldo Cedraz, Jos Mcio Monteiro, Ana Arraes e Bruno Dantas (v. Anexo III). O Presidente
Raimundo Carreiro apresentou manifestao escrita (Anexo V), nos termos do art. 107 do Regimento
Interno. Os Ministros-Substitutos Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa e Weder de
Oliveira tambm se manifestaram oralmente e por escrito (v. Anexo IV). Em seguida, a Presidncia
passou a palavra ao Procurador-Geral, em exerccio, Paulo Soares Bugarin, cuja manifestao consta
no Anexo IV.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Ato contnuo, o Plenrio proferiu o Acrdo n 1322/2018, abaixo transcrito, por meio do qual
aprovou o Parecer Prvio sobre as Contas prestadas pelo Presidente da Repblica no exerccio de 2017
e o Presidente Raimundo Carreiro anunciou sua remessa, juntamente com o relatrio, os votos
proferidos e a manifestao da Presidncia, ao Congresso Nacional, no prazo previsto no art. 71, inciso
I, da Constituio Federal.
Aps, a palavra foi devolvida ao relator, que se manifestou sobre a proposta apresentada pelo
Ministro Bruno Dantas para que fosse excluda a ressalva acerca da apurao e divulgao do passivo
dos militares inativos (itens 2.13 e 1.1.20 do Parecer Prvio, respectivamente), que foi por ele
acolhida. Em seguida, agradeceu as referncias ao trabalho apresentado e registrou agradecimentos aos
servidores e colaborados envolvidos na tarefa.
ACRDO N 1322/2018 TCU Plenrio
1. Processo n TC 012.535/2018-4.
1.1. Apenso: 012.351/2017-2.
2. Grupo I Classe de Assunto: VII Contas do Presidente da Repblica.
3. Interessados/Responsveis: no h.
4. rgo: Presidncia da Repblica (vinculador).
5. Relator: Ministro Vital do Rgo.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secretaria de Macroavaliao Governamental (Semag).
8. Representao legal: no h.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos relativos apreciao conclusiva sobre as Contas do
Presidente da Repblica referentes ao exerccio de 2017, sob a responsabilidade do Excelentssimo
Senhor Michel Miguel Elias Temer Lulia;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Extraordinria
do Plenrio, diante das razes expostas pelo Relator, com fundamento no art. 71, inciso I, da
Constituio Federal, nos arts. 1, inciso III, e 36 da Lei n 8.443/1992, nos arts. 1, inciso VI, 221, 223
e 224 do Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resoluo-TCU n 246, de 30/11/2011, em
aprovar o Parecer Prvio sobre as Contas do Presidente da Repblica, na forma do documento anexo.
10. Ata n 21/2018 Plenrio.
11. Data da Sesso: 13/6/2018 Contas do Presidente da Repblica.
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-1322-21/18-P.
13. Especificao do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Jos Mcio Monteiro, Ana Arraes, Bruno Dantas e
Vital do Rgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa e
Weder de Oliveira.
ENCERRAMENTO
s 13 horas e 15 minutos, aps pronunciar-se sobre a solenidade, o Presidente Raimundo
Carreiro comunicou a postergao do horrio da sesso ordinria para 15 horas e encerrou a sesso
extraordinria, da qual foi lavrada esta ata, a ser aprovada pela Presidncia e homologada pelo
Plenrio.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
LORENA MEDEIROS BASTOS CORRA
Subsecretria do Plenrio, em substituio
Aprovada em 20 de junho de 2018
RAIMUNDO CARREIRO
Presidente
ANEXO I DA ATA N 21, DE 13 DE JUNHO DE 2018
(Sesso Extraordinria do Plenrio)
Parecer prvio sobre as contas do Chefe do Poder Executivo no exerccio de 2017, aprovado por
unanimidade.
PARECER PRVIO SOBRE AS CONTAS PRESTADAS PELO PRESIDENTE DA
REPBLICA REFERENTES AO EXERCCIO DE 2017
AO CONGRESSO NACIONAL
Contas do Presidente da Repblica
Em cumprimento ao art. 71, inciso I, da Constituio Federal, o Tribunal de Contas da Unio
apreciou as contas do Presidente da Repblica relativas ao exerccio de 2017, com o objetivo de emitir
o respectivo parecer prvio. Nos termos do art. 36 da Lei Orgnica do TCU Lei 8.443/1992, as
referidas contas so compostas pelo Balano Geral da Unio e pelo relatrio sobre a execuo dos
oramentos da Unio.
Competncia do Presidente da Repblica
Nos termos do art. 84, inciso XXIV, da Constituio Federal, compete privativamente ao
Presidente da Repblica prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro do prazo de sessenta dias
aps a abertura da sesso legislativa, as contas referentes ao exerccio anterior. Conforme o inciso II do
mesmo artigo, compete ainda ao Presidente exercer, com o auxlio dos Ministros de Estado, a direo
superior da administrao federal.
Por seu turno, a competncia para elaborar e consolidar o relatrio sobre a execuo dos
oramentos da Unio do Ministrio da Transparncia e Controladoria-Geral da Unio (CGU), por
meio da Secretaria Federal de Controle Interno, de acordo com o art. 24, inciso X, da Lei 10.180/2001,
c/c o art. 68, inciso V, da Lei 13.502/2017.
J a competncia para elaborar e consolidar o Balano Geral da Unio da Secretaria do
Tesouro Nacional do Ministrio da Fazenda, de acordo com o art. 18, inciso VI, da Lei 10.180/2001,
c/c o art. 7, inciso VI, do Decreto 6.976/2009.
Competncia do Tribunal de Contas da Unio
Em cumprimento ao seu mandato constitucional e legal, e conforme estabelecem o caput e o 1
do art. 228 do Regimento Interno do Tribunal, o parecer prvio conclusivo no sentido de exprimir:
- Se as contas prestadas pelo Presidente da Repblica representam adequadamente as posies
financeira, oramentria, contbil e patrimonial, em 31 de dezembro de 2017;
- Se houve observncia aos princpios constitucionais e legais que regem a administrao pblica
federal, com destaque para o cumprimento das normas constitucionais, legais e regulamentares na
execuo dos oramentos da Unio e nas demais operaes realizadas com recursos pblicos federais,
em especial quanto ao que estabelece a lei oramentria anual.
Alm disso, o 2 do mesmo dispositivo regimental estabelece a obrigatoriedade da elaborao
de relatrio contendo as seguintes informaes:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
- O cumprimento dos programas previstos na lei oramentria anual quanto legitimidade,
eficincia e economicidade, bem como o atingimento de metas e a consonncia destes com o plano
plurianual e com a lei de diretrizes oramentrias;
- O reflexo da administrao financeira e oramentria federal no desenvolvimento econmico e
social do pas;
- O cumprimento dos limites e parmetros estabelecidos pela Lei Complementar 101/2000 Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF).
As auditorias realizadas com vistas apreciao das Contas do Presidente da Repblica para a
emisso do parecer prvio observaram as Normas de Auditoria do TCU (NAT) e os Princpios
Fundamentais de Auditoria Financeira da Organizao Internacional das Entidades de Fiscalizao
Superior (Intosai). Essas normas exigem que os trabalhos de fiscalizao sejam planejados e
executados de modo a obter uma segurana razovel de que as Contas do Presidente da Repblica
esto livres de erros e irregularidades materialmente relevantes.
Cabe ressaltar, contudo, que as Contas do Presidente representam a consolidao das contas
individuais de ministrios, rgos e entidades federais dependentes do oramento federal.
Considerando que essas contas individuais so certificadas e julgadas posteriormente, pode haver erros
e irregularidades no detectados no nvel consolidado que venham a ser constatados e julgados no
futuro, em atendimento ao que dispe o art. 71, inciso II, da Constituio Federal.
Feitas essas ponderaes, o Tribunal considera que as evidncias obtidas so suficientes e
adequadas para fundamentar as opinies de auditoria que compem o presente Parecer Prvio.
Competncia do Congresso Nacional
De acordo com o art. 49, inciso IX, da Constituio Federal, da competncia exclusiva do
Congresso Nacional julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da Repblica.
Para tanto, nos termos do art. 166, 1, inciso I, da Constituio Federal, cabe Comisso Mista
de Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao (CMO) examinar e emitir parecer sobre as contas
apresentadas anualmente pelo Presidente da Repblica.
O parecer prvio emitido pelo Tribunal de Contas da Unio um subsdio tanto para o parecer da
Comisso Mista de Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao quanto para o julgamento do
Congresso Nacional.
Parecer Prvio sobre as Contas do Presidente da Repblica
O Tribunal de Contas da Unio de parecer que as Contas atinentes ao exerccio de 2017, de
responsabilidade do Excelentssimo Senhor Presidente da Repblica, Michel Miguel Elias Temer
Lulia, esto em condies de serem aprovadas pelo Congresso Nacional com ressalvas.
1. Opinio sobre o relatrio de execuo dos oramentos da Unio
Com base nos procedimentos aplicados e no escopo selecionado para a anlise sobre a execuo
dos oramentos da Unio, conclui-se que, exceto pelos efeitos das ressalvas constatadas, foram
observados os princpios constitucionais e legais que regem a administrao pblica federal, bem como
as normas constitucionais, legais e regulamentares na execuo dos oramentos da Unio e nas demais
operaes realizadas com recursos pblicos federais, em especial quanto ao que estabelece a lei
oramentria anual.
2. Opinio sobre o Balano Geral da Unio
As demonstraes contbeis consolidadas da Unio, compostas pelos balanos Oramentrio,
Financeiro e Patrimonial e pela Demonstrao das Variaes Patrimoniais, exceto pelos possveis
efeitos das distores consignadas no relatrio, refletem a situao patrimonial em 31/12/2017 e os
resultados oramentrio, financeiro e patrimonial relativos ao exerccio encerrado nessa data, de
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
acordo com as disposies da Lei 4.320/1964, da Lei Complementar 101/2000 e das demais normas
aplicveis contabilidade federal.
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves, em 13 de junho de 2018.
Ministro Presidente Raimundo Carreiro
Ministro Relator Vital do Rgo
Ministro Walton Alencar Rodrigues
Ministro Benjamin Zymler
Ministro Augusto Nardes
Ministro Aroldo Cedraz
Ministro Jos Mcio Monteiro
Ministra Ana Arraes
Ministro Bruno Dantas
Fundamentao do Parecer Prvio sobre as Contas do Presidente da Repblica
1. Fundamentos para a opinio acerca do relatrio sobre a execuo dos oramentos da Unio
A descrio completa dos fundamentos para a emisso de opinio no relatrio sobre a execuo
dos oramentos da Unio consta nos captulos 3 e 4 do Relatrio sobre as Contas do Presidente da
Repblica.
A partir da anlise do relatrio, devem ser ressalvadas as seguintes ocorrncias mencionadas ao
longo do documento:
1. Utilizao de despesas com a complementao da Unio ao Fundo de Manuteno e
Desenvolvimento da Educao Bsica e de Valorizao dos Profissionais da Educao (Fundeb) em
valor superior aos 30% mximos autorizados pelo inciso VIII do art. 60 do Ato das Disposies
Constitucionais Transitrias (ADCT) na elaborao do Demonstrativo das Receitas e Despesas com
Manuteno e Desenvolvimento do Ensino, constante do Anexo 8 do Relatrio Resumido de Execuo
Oramentria (RREO), comprometendo o acompanhamento efetivo dos gastos com Manuteno e
Desenvolvimento do Ensino, previsto no art. 212 da Constituio Federal, o que no se coaduna com
os princpios da publicidade (art. 37 da Constituio Federal) e da transparncia (art. 1, 1, da Lei de
Responsabilidade Fiscal) (seo 4.1.1.2);
2. No cumprimento, no exerccio de 2017, da aplicao mnima de recursos destinados
irrigao no Centro-Oeste, conforme exige o inciso I do art. 42 do Ato das Disposies Constitucionais
Transitrias (ADCT) da Constituio Federal, que impe que, dos recursos destinados irrigao, a
Unio aplicar, durante quarenta anos, 20% na Regio Centro-Oeste (seo 4.1.1.7);
3. Falta de comprovao, na Prestao de Contas do Presidente da Repblica, de que a aplicao
dos recursos destinados irrigao na Regio Nordeste ocorreu preferencialmente no semirido,
conforme determina o inciso II do art. 42 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias (ADCT)
da Constituio Federal (seo 4.1.1.7);
4. Falta de comprovao, na Prestao de Contas do Presidente da Repblica, acerca da
aplicao de no mnimo 50% dos percentuais previstos nos incisos I e II do art. 42 do Ato das
Disposies Constitucionais Transitrias (ADCT) , no exerccio de 2017, em projetos de irrigao que
beneficiam agricultores familiares que atendem aos requisitos previstos em legislao especfica,
conforme determinado no pargrafo nico daquele dispositivo constitucional (seo 4.1.1.7);
5. Existncia de divergncias na divulgao das informaes concernentes s desoneraes
tributrias institudas em 2017 pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, comprometendo a
transparncia perante sociedade relativa aos benefcios tributrios, o que no se coaduna com os
princpios da publicidade (art. 37 da Constituio Federal), da transparncia (art. 1, 1 da LRF) e do
acesso informao (art. 7 da Lei 12.527/2011) (seo 4.1.2.9);
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art212http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art212http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art212http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art212http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art212http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art212
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
6. Ausncia dos requisitos definidos pelo art. 14 da Lei Complementar 101/2000 (Lei de
Responsabilidade Fiscal), bem como pelos arts. 117 e 118 da Lei 13.408/2016 (Lei de Diretrizes
Oramentrias 2017), para concesso ou ampliao de benefcios tributrios de que decorra renncia
de receita, como: projeo do impacto oramentrio-financeiro, acompanhada da correspondente
demonstrao de atendimento ao disposto nas leis de diretrizes oramentrias, demonstrao de que a
renncia foi considerada na estimativa de receita da lei oramentria e no afetaria as metas dos
resultados fiscais previstas no anexo prprio da lei de diretrizes oramentrias, ou alternativamente, a
indicao de medidas de compensao tributrias, alm da fixao de vigncia mxima de cinco anos,
quando da edio das Medidas Provisrias 778, 783, 793, 795, todas de 2017, bem como da sano das
Leis 13.485/2017, 13.496/2017 e 13.586/2017 (seo 4.1.2.9);
7. Falhas na confiabilidade e na qualidade de parcela significativa das informaes de
desempenho apresentadas na Prestao de Contas do Presidente da Repblica do exerccio de 2017
referentes s metas previstas no Plano Plurianual 2016-2019 (seo 3.2);
8. Ausncia de divulgao dos parmetros anuais utilizados pelos rgos responsveis para
acompanhar, qualificar e prestar contas sobre o andamento das metas quadrienais definidas no Plano
Plurianual 2016-2019, o que no se coaduna com os princpios da publicidade (art. 37 da Constituio
Federal) e da transparncia (art. 1, 1, da Lei de Responsabilidade Fiscal) (seo 3.2).
2. Fundamentos para a opinio sobre o Balano Geral da Unio
A descrio completa dos fundamentos para a emisso de opinio modificada sobre o Balano
Geral da Unio consta no Captulo 5 do Relatrio. A seguir esto elencadas as distores detectadas
por meio do exame efetuado sobre as demonstraes consolidadas:
1. Absteno de opinio acerca do crdito tributrio registrado na Secretaria da Receita Federal
do Brasil (seo 5.3.1.1);
2. Superavaliao do ativo, estimada em R$ 3,2 bilhes, pela ausncia de baixa dos registros
referentes antecipao de 13 salrio (seo 5.3.1.2);
3. Distores no ativo, em valor estimado de R$ 226 milhes, decorrentes das seguintes
inconsistncias nas contas de crditos a receber (seo 5.3.1.3):
a) Superavaliao, estimada em R$ 214 milhes, tendo em vista o registro de juros a receber de
forma antecipada;
b) Subavaliao, em valor no estimado, decorrente do no registro de crditos a receber de
ttulos de domnio relativos regularizao fundiria no mbito do Programa Amaznia Legal;
c) Subavaliao, estimada em R$ 7,2 milhes, tendo em vista a no atualizao de direitos a
recuperar de valores honrados pela Unio contra os entes subnacionais;
d) Superavaliao, de R$ 6,55 milhes, decorrente da manuteno de direitos que no satisfazem
os critrios de reconhecimento como ativo.
4. Distores no ativo, estimadas em R$ 890 milhes, e no passivo, estimadas em R$ 445
milhes, em virtude de inconsistncias no clculo da equivalncia patrimonial de participao da
Unio em empresas (seo 5.3.1.4):
a) Subavaliao do ativo, estimada em R$ 473 milhes, em virtude de inconsistncia no clculo
da equivalncia patrimonial;
b) Subavaliao do ativo, no montante lquido de R$ 417 milhes, decorrente de erros no clculo
da equivalncia patrimonial ou de clculo baseado em demonstrativos defasados;
c) Superavaliao do passivo, no montante de R$ 445 milhes, decorrente de erros no clculo da
equivalncia patrimonial ou de clculo baseado em demonstrativos defasados.
5. Subavaliao do ativo imobilizado, em valor estimado de R$ 150 bilhes, decorrente da no
contabilizao dos imveis destinados reforma agrria ou da sua contabilizao a valores abaixo dos
de mercado (seo 5.3.1.5);
6. Superavaliao do passivo circulante, estimada em R$ 1,8 bilho, decorrente de registros de
obrigaes com gratificao natalina que no satisfazem os critrios de reconhecimento (seo
5.3.1.6);
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7. Subavaliao do passivo, em pelo menos R$ 13,85 bilhes, pelo no provisionamento de
obrigao decorrente de avais concedidos pela Unio ao estado do Rio de Janeiro (seo 5.3.1.7);
8. Subavaliao do passivo, em valor estimado de R$ 101,7 bilhes, tendo em vista registro a
menor de proviso para riscos fiscais por classificao indevida de ao judicial e defasagem nas
estimativas de valor (seo 5.3.1.8);
9. Superavaliao do patrimnio lquido, em pelo menos R$ 17,9 bilhes, em virtude do no
registro adequado da variao patrimonial diminutiva de 13 salrio (seo 5.3.1.9);
10. Classificao indevida de bens dominiais em conta de bens especiais, no valor de R$ 30,7
bilhes (seo 5.3.2.1);
11. Classificao e registro indevidos da obrigao a pagar de frias (seo 5.3.2.2);
12. Erro de classificao dos direitos a recuperar de valores honrados pela Unio nas contas de
consolidao, no montante de R$ 1,7 bilho (seo 5.3.2.3);
13. Superavaliao dos atos potenciais decorrente de divergncias nos valores de operaes de
crdito de entes subnacionais garantidas pela Unio (seo 5.3.3.2);
14. Ausncia de critrio uniforme para a apropriao e contabilizao de juros a receber (seo
5.4.1).
Recomendaes e alertas do Tribunal de Contas da Unio ao Poder Executivo Federal
1. Recomendaes
1.1 Ao Ministrio da Fazenda que, na elaborao do Demonstrativo das Receitas e Despesas com
Manuteno e Desenvolvimento do Ensino, constante do Anexo 8 do Relatrio Resumido de Execuo
Oramentria (RREO), exclua o valor referente complementao da Unio ao Fundeb que no esteja
limitada a 30% do valor total da complementao, conforme disposto no art. 5, 2, da Lei
11.494/2007, no clculo do valor mnimo de 18% a ser aplicado pela Unio, anualmente, na
manuteno e desenvolvimento do ensino, em ateno aos princpios da publicidade (art. 37 da
Constituio Federal) e da transparncia (art. 1, 1, da Lei de Responsabilidade Fiscal) (seo
4.1.1.3);
1.2 Ao Poder Executivo Federal, com base no inciso I do art. 42 do Ato das Disposies
Constitucionais Transitrias (ADCT) da Constituio Federal, que adote medidas para assegurar que,
dos recursos destinados anualmente irrigao, a Unio aplique 20% na Regio Centro-Oeste (seo
4.1.1.7);
1.3 Ao Poder Executivo Federal que, em ateno aos princpios da publicidade (art. 37 da
Constituio Federal) e da transparncia (art. 1, 1 da Lei de Responsabilidade Fiscal), inclua na
Prestao de Contas do Presidente da Repblica comprovao: de que a aplicao dos recursos
destinados irrigao na Regio Nordeste ocorreu preferencialmente no semirido, conforme
determina o inciso II do art. 42 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias (ADCT) da
Constituio Federal; e de que a aplicao de no mnimo 50% dos percentuais previstos nos incisos I e
II do art. 42 do ADCT foi destinada a projetos de irrigao que beneficiam agricultores familiares que
atendem aos requisitos previstos em legislao especfica, conforme determinado no pargrafo nico
daquele dispositivo constitucional (seo 4.1.1.7);
1.4 Ao Ministrio do Planejamento, Desenvolvimento e Gesto, na qualidade de rgo central do
Sistema de Planejamento e Oramento Federal, com fulcro nos arts. 4, inciso I, e 8, inciso IV, da Lei
10.180/2001, que encaminhe ao Tribunal de Contas da Unio, no prazo de sessenta dias, estimativas
dos impactos oramentrio e financeiro, acumulados at o exerccio de 2019, decorrentes dos reajustes
salariais concedidos no exerccio de 2016 s diversas carreiras dos Poderes Legislativo e Judicirio,
bem como do Ministrio Pblico da Unio (seo 4.1.1.8);
1.5 Secretaria da Receita Federal do Brasil que mantenha atualizadas as informaes
publicadas no site alocado na rede mundial de computadores (internet) relativas instituio de
desoneraes tributrias por exerccio, em ateno aos princpios da publicidade (art. 37 da
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Constituio Federal), da transparncia (art. 1, 1, da Lei de Responsabilidade Fiscal) e do acesso
informao (art. 7 da Lei 12.527/2011) (seo 4.1.2.9);
1.6 Ao Ministrio do Planejamento, Desenvolvimento e Gesto que crie um campo no Sistema
Integrado de Planejamento e Oramento (Siop) para que os rgos responsveis pelas metas do Plano
Plurianual 2016-2019 explicitem qual o andamento esperado para a meta no exerccio, a fim de dar
transparncia ao critrio utilizado para classificar o andamento de cada meta como adequado ou no
(seo 3.2).
1.7 Casa Civil da Presidncia da Repblica, em conjunto com a Secretaria do Tesouro
Nacional, que providencie a conciliao e o inventrio do saldo registrado na conta contbil de
Adiantamento de 13 Salrio, a fim de que o saldo registrado no Balano Patrimonial represente, to
somente, o adiantamento realizado e ainda no descontado do servidor/empregado, por questes de
competncia ou outras devidamente justificadas, apresentando o resultado do trabalho ao TCU no
prazo de 180 dias (seo 5.3.1.2);
1.8 Casa Civil da Presidncia da Repblica, em conjunto com a Secretaria do Tesouro
Nacional, que informe ao Tribunal, no prazo de 180 dias, as medidas adotadas para que todas as
Coordenaes-Gerais da Secretaria de Tesouro Nacional realizem a contabilizao de juros a receber
na forma constante do item 9.3.3 do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico Mcasp
(seo 5.3.1.3a);
1.9 Casa Civil da Presidncia da Repblica que adote providncias para que sua Secretaria
Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrrio proceda tempestivamente ao registro
contbil dos crditos a receber oriundos dos ttulos de domnio emitidos no mbito do Programa
Amaznia Legal (seo 5.3.1.3b);
1.10 Casa Civil da Presidncia da Repblica, em conjunto com a Secretaria do Tesouro
Nacional, que proceda aos ajustes contbeis pertinentes, a fim de que os crditos a serem recuperados
de valores honrados pela Unio reflitam a devida atualizao prevista nos contratos (seo 5.3.1.3c);
1.11 Casa Civil da Presidncia da Repblica, em conjunto com a Cmara dos Deputados e
com a Secretaria do Tesouro Nacional, que analise a natureza dos itens registrados nas contas
contbeis 1.2.1.1.1.03.01 Emprstimos Concedidos a Receber e 1.2.1.1.1.03.08 Financiamentos
Concedidos a Receber e adote as providncias necessrias para seu adequado registro, de acordo com
as normas de contabilidade prescritas no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico Mcasp
(seo 5.3.1.3d);
1.12 Casa Civil da Presidncia da Repblica, em conjunto com a Secretaria do Tesouro
Nacional, que aprimore os processos de trabalho e os controles internos relacionados ao clculo e
lanamento da equivalncia patrimonial de participaes da Unio em empresas, a fim de dar
cumprimento ao disposto no item 3.2.4 do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Pblico e sanar
as distores detectadas na auditoria do Balano Geral da Unio de 2017 (seo 5.3.1.4);
1.13 Casa Civil da Presidncia da Repblica, em conjunto com o Instituto Nacional de
Colonizao e Reforma Agrria e respectivas Superintendncias Regionais, que proceda pertinente
atualizao das planilhas de preos referenciais de imveis rurais destinados implantao de
assentamento de reforma agrria, conforme estabelece o art. 115, inciso I, alnea c, da Portaria-
Incra/P 49/2017 (Regimento Interno do Incra), a fim de que esses bens sejam fidedignamente
representados no Balano Geral da Unio (seo 5.3.1.5);
1.14 Casa Civil da Presidncia da Repblica, em conjunto com a Secretaria do Tesouro
Nacional, que providencie a conciliao e inventrio do saldo registrado na conta contbil
2.1.1.1.1.01.02 - Dcimo Terceiro Salrio, apresentando o resultado do trabalho ao TCU no prazo de
180 dias (seo 5.3.1.6);
1.15 Casa Civil da Presidncia da Repblica, em conjunto com a Secretaria do Tesouro
Nacional, que efetue anlise das obrigaes assumidas pela Unio decorrentes de avais e garantias
concedidas aos entes subnacionais, de modo a evidenciar e registrar o valor provvel a ser
desembolsado (seo 5.3.1.7);
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10
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
1.16 Casa Civil da Presidncia da Repblica que, em conjunto a Advocacia-Geral da Unio,
promova:
a) a atualizao anual das estimativas de impacto fiscal para as aes judiciais que possuam
classificao de risco provvel e possvel, conforme a Portaria-AGU 40/2015;
b) a incluso do nmero da ao judicial na nota encaminhada para fins de atualizao do Anexo
de Riscos Fiscais da Lei de Diretrizes Oramentrias, em observncia ao princpio da transparncia
(seo 5.3.1.8).
1.17 Casa Civil da Presidncia da Repblica, em conjunto com a Secretaria do Tesouro
Nacional, que adote as providncias necessrias para instituir controles efetivos e adequados com
vistas a garantir que o registro do reconhecimento da variao patrimonial diminutiva com 13 salrio
seja feito no momento da ocorrncia do fato gerador da gratificao, independentemente da emisso do
empenho e pagamento da despesa (seo 5.3.1.9);
1.18 Casa Civil da Presidncia da Repblica, em conjunto com a Secretaria do Tesouro
Nacional, que adote as providncias necessrias para correo da sistemtica de apropriao da
despesa e de registro patrimonial das frias e para instituio de controles efetivos e adequados com
vistas a garantir a correo desses registros (seo 5.3.2.2);
1.19 Casa Civil da Presidncia da Repblica que, em conjunto com a Secretaria do Tesouro
Nacional, aprimore as rotinas de contabilizao de honra de aval, de forma a permitir o correto
controle e contabilizao desses crditos (seo 5.3.2.3);
1.20 Casa Civil da Presidncia da Repblica e ao Ministrio da Defesa que, com vistas a
garantir a transparncia e a necessria previsibilidade de gastos, faam constar das notas explicativas
do Balano Geral da Unio projees de despesas oramentrias com os militares inativos,
anualmente, para os prximos 75 anos, considerando critrios de clculo relacionados a regras de
elegibilidade, hipteses financeiras e econmicas, salvo se, no prazo mximo de 180 dias, seja
finalizado estudo, com a participao de representantes do Ministrio da Defesa, do Ministrio do
Planejamento, Desenvolvimento, e Gesto, Ministrio da Fazenda e Casa Civil, que apresente, com
base em critrio tcnicos e considerando as especificidades da carreira militar, horizonte de projeo
mais adequado para o clculo de encargos futuros com os militares inativos, mantidos, entre outros, os
critrios de clculo aqui relacionados (seo 5.3.3.1);
1.21 Casa Civil da Presidncia da Repblica, em conjunto com a Secretaria do Tesouro
Nacional, que proceda aos ajustes nas suas rotinas de conciliao dos saldos das operaes de crditos
dos entes subnacionais garantidas pela Unio, de forma a evidenciar e dar transparncia do montante
correto garantido pelo Governo Federal (seo 5.3.3.2);
1.22 Ao Ministrio da Transparncia e Controladoria-Geral da Unio, em conjunto com o
Ministrio da Fazenda e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao, que informe no mbito
das Contas do Presidente da Repblica os valores de todas as rubricas (amortizao, juros, multas e
outras) referentes restituio ao Tesouro Nacional dos recursos do Fies e demais fundos ou
programas anualmente decorrentes de emprstimos e financiamentos concedidos com recursos do
oramento fiscal e da seguridade social, em ateno aos princpios da publicidade (art. 37 da
Constituio Federal) e da transparncia (art. 1, 1 da LRF) e considerando o disposto no art. 49 da
LRF (seo 2.3.5.4);
1.23 Ao Ministrio do Planejamento, Desenvolvimento e Gesto no sentido de, ao realizar os
trabalhos de formulao do PPA 2020-2023, aperfeioe a metodologia de planejamento de sorte a
considerar, entre outras, as recomendaes externadas por este Tribunal nas ltimas Contas de
Governo e trabalhos de fiscalizao, a exemplo dos Acrdos 782 e 948/2016-TCU-Plenrio;
1.24 Ao Ministrio do Planejamento, Desenvolvimento e Gesto para que, em conjunto com o
Ministrio da Fazenda e a Casa Civil da Presidncia da Repblica, constitua grupo de trabalho com
vistas formulao de metodologia de anlise custo-efetividade dos mecanismos de renncias
tributrias, financeiras e creditcias em vigor, com o objetivo de verificar se tais benefcios alcanam
os fins aos quais se propem, considerando, entre outros, a avaliao da eficincia, eficcia e
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11
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
efetividade dos programas ou projetos que utilizam recursos renunciados em decorrncia de benefcios
fiscais vis vis os custos que geram sociedade.
2. Alertas
2.1 Alertar o Poder Executivo, com fulcro no art. 14 da Lei Complementar 101/2000 (Lei de
Responsabilidade Fiscal), bem como nos arts. 117 e 118 da Lei 13.408/2017 (Lei de Diretrizes
Oramentrias 2017), acerca da ausncia de requisitos legais quando da proposio de ato normativo
ou sano de projeto de lei originrio do Poder Legislativo, com vistas a concesso ou ampliao de
benefcios tributrios de que decorra renncia de receita, como: projeo do impacto oramentrio-
financeiro, acompanhada da correspondente demonstrao; atendimento ao disposto na lei de diretrizes
oramentrias; demonstrao de que a renncia foi considerada na estimativa de receita da lei
oramentria e no afetaria as metas dos resultados fiscais previstas no anexo prprio da lei de
diretrizes oramentrias; ou alternativamente, a indicao de medidas de compensao tributrias;
alm da fixao de vigncia mxima de cinco anos, conforme constatado nos atos de edio das
Medidas Provisrias 778, 783, 793, 795, todas de 2017, bem como de sano das Leis 13.586/2017,
13.485/2017 e 13.496/2017 (seo 4.1.2.9);
2.2 Alertar o Poder Executivo Federal, com fulcro no art. 1, 1 e no art. 59, 1, inciso V,
ambos da Lei Complementar 101/2000, que, em um ambiente de sucessivos dficits primrios e diante
da necessidade de manuteno da oferta dos servios pblicos ao cidado, h o risco de realizao de
operaes de crdito em montante superior ao das despesas de capital, o que poder acarretar o
descumprimento do disposto no art. 167, inciso III, da Constituio Federal (seo 4.1.1.5);
2.3 Alertar o Poder Executivo, com fulcro no art. 1, 1 e no art. 59, 1, inciso V, ambos da
Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), de que a manuteno da atual dinmica
de expanso das despesas obrigatrias, em especial das despesas previdencirias e das despesas com
pessoal, acarreta riscos iminentes e significativos de descumprimento dos limites estabelecidos pela
Emenda Constitucional 95/2016 e/ou de grave comprometimento da capacidade operacional dos
rgos federais para a prestao de servios pblicos essenciais aos cidados (seo 4.1.1.8);
2.4 Alertar o Ministrio da Fazenda, com fundamento nos arts. 14 e 15 da Lei 10.180/2001, que
a obstruo dos trabalhos de auditoria financeira do TCU em suas demonstraes contbeis, com a
finalidade de trazer subsdios apreciao das contas do Presidente da Repblica, pode comprometer a
emisso de opinio por parte desta Corte de Contas (seo 5.3.1.1).
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 13 de junho de 2018.
Ministro VITAL DO RGO
Relator
(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)
RAIMUNDO CARREIRO WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente Ministro
(Assinado Eletronicamente)
(Assinado Eletronicamente)
BENJAMIN ZYMLER AUGUSTO NARDES
Ministro Ministro
(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)
AROLDO CEDRAZ JOS MCIO MONTEIRO
Ministro Ministro
(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)
ANA ARRAES BRUNO DANTAS
-
12
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Ministra Ministro
(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)
ANEXO II DA ATA N 21, DE 13 DE JUNHO DE 2018
(Sesso Extraordinria do Plenrio)
Relatrio e Voto do Ministro Vital do Rgo acerca das contas do Chefe do Poder Executivo no
exerccio de 2017, bem como o Acrdo n 1322/2018, aprovado pelo Plenrio.
GRUPO I CLASSE VII Plenrio
TC 012.535/2018-4.
Apenso: TC 012.351/2017-2.
Natureza: Contas do PRESIDENTE da Repblica, EXERCCIO 2017.
rgo: Presidncia da Repblica (vinculador).
Representao legal: no h.
RELATRIO
1. INTRODUO
Pela 83 vez, o Tribunal de Contas da Unio desempenha a primeira das competncias que lhe
so atribudas pela Constituio Federal: apreciar e emitir parecer prvio sobre as contas prestadas pelo
Presidente da Repblica. A anlise realizada pelo Tribunal subsidia o rgo de cpula do Poder
Legislativo com elementos tcnicos para emitir seu julgamento e, assim, atender a sociedade, no seu
justo anseio por transparncia e correo na gesto dos recursos pblicos.
Consoante a Lei 8.443/1992, as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repblica
consistem nos balanos gerais da Unio e no relatrio do rgo central do sistema de controle interno
do Poder Executivo sobre a execuo dos oramentos de que trata o 5 do art. 165 da Constituio
Federal.
Encaminhadas pelo Excelentssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Senador Euncio
Oliveira, no dia 26/4/2018, as contas ora analisadas referem-se ao perodo de 1/1/2017 a 31/12/2017,
no qual ocupou o cargo de Presidente da Repblica o Excelentssimo Senhor Michel Miguel Elias
Temer Lulia.
Registra-se, ainda, que o TCU emite parecer prvio apenas sobre as contas prestadas pelo
Presidente da Repblica, pois as contas atinentes aos Poderes Legislativo e Judicirio e ao Ministrio
Pblico so efetivamente julgadas por esta Corte de Contas, em consonncia com a deciso do
Supremo Tribunal Federal, publicada no Dirio da Justia de 21/8/2007, ao deferir medida cautelar no
mbito da Ao Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2.238-5/DF.
O exame das contas do Presidente da Repblica constitui a mais nobre, complexa e abrangente
tarefa atribuda a esta Corte pela Constituio Federal e legislao correlata, seja por se configurar em
instrumento de accountability perante a sociedade quanto atuao governamental, seja pela
amplitude e relevncia dos temas tratados no que se refere gesto de recursos pblicos na esfera da
Unio.
Os trabalhos realizados por esta Corte na anlise das Contas visam fornecer elementos para a
emisso do parecer prvio conclusivo sobre as contas. Assim, so efetuados os exames necessrios
para fundamentar as duas opinies que so consideradas pelo Tribunal para a concluso do parecer
prvio.
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13
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
A primeira opinio se refere fidedignidade das demonstraes contbeis consolidadas, devendo
exprimir se as contas prestadas pelo Presidente da Repblica representam adequadamente as posies
financeira, oramentria, contbil e patrimonial, em 31 de dezembro, conforme estabelecido no art.
228 do Regimento Interno do Tribunal (RITCU).
A segunda opinio diz respeito observncia dos princpios constitucionais e legais que regem a
administrao pblica federal na execuo dos oramentos da Unio e nas demais operaes realizadas
com recursos pblicos federais, em especial quanto ao que estabelece a lei oramentria anual (art.
228, caput e 1, do RITCU).
Destarte, considerando a materialidade, a gravidade e a repercusso negativa sobre a gesto
governamental associadas s irregularidades ou distores que venham a ser detectadas no mbito das
anlises efetuadas, o TCU registra no parecer prvio sua concluso quanto aprovao ou rejeio das
contas prestadas pelo Presidente da Repblica (art. 11 da Resoluo-TCU 291/2017).
Efetivados os trabalhos e concludo o Relatrio, apresenta-se a seguir o contedo resumido de
cada uma das suas sees.
Alm desta introduo, o Relatrio contm outros seis captulos. No captulo 2, consta um
panorama sobre a conjuntura econmica, financeira e oramentria da Unio no exerccio de 2017.
Nesse sentido, so apresentados os principais indicadores macroeconmicos e os instrumentos de
poltica monetria e creditcia utilizados pelo governo durante o exerccio. Alm disso, o captulo
contm informaes sobre a poltica fiscal e os principais indicadores da dvida pblica, bem como
dados gerais da execuo oramentria.
O captulo 3 representa o esforo do TCU no sentido de avaliar os resultados da atuao do
governo federal em 2017 no que se refere execuo dos seus programas temticos. Em 2017, a
anlise realizada por esta Corte teve como objetivo aferir se os instrumentos de medio de
desempenho (metas) definidos no PPA 2016-2019 possuem qualidade e confiabilidade para demonstrar
os resultados das intervenes governamentais. Alm disso, para cada programa temtico, foram feitas
consideraes acerca do andamento do alcance das metas.
No captulo 4, so registrados os resultados dos exames realizados pelo Tribunal de Contas da
Unio a respeito da conformidade da gesto oramentria e financeira no exerccio de 2017 s regras
insculpidas na Constituio Federal, na Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal -
LRF), na Lei de Diretrizes Oramentrias (LDO) e na Lei Oramentria Anual (LOA), fornecendo,
assim, o fundamento para a opinio do TCU sobre a observncia dos princpios constitucionais e legais
que regem a administrao pblica federal em 2017.
O captulo 5, por sua vez, apresenta o embasamento para a opinio do TCU sobre o Balano
Geral da Unio (BGU). Assim, so relatados os resultados e as concluses da auditoria financeira
realizada, exprimindo se as demonstraes contbeis examinadas refletem, em todos os aspectos
relevantes, as posies financeira, oramentria, contbil e patrimonial da Unio em 31/12/2017 e os
resultados financeiro, oramentrio e patrimonial do exerccio encerrado nessa data.
Em seguida, no captulo 6, registra-se a anlise sobre o cumprimento de recomendaes e a
observncia de alertas exarados nos Relatrios sobre as Contas do Presidente da Repblica referentes
aos exerccios de 2014, 2015 e 2016.
Por fim, no captulo 7, apresenta-se a concluso deste Relatrio.
Submeto, assim, apreciao deste Egrgio Plenrio, na forma prevista no Regimento Interno
desta Corte, dentro do prazo constitucional, o relatrio e o projeto de parecer prvio sobre as contas
prestadas pelo Presidente da Repblica relativas ao exerccio de 2017, o Excelentssimo Senhor Michel
Miguel Elias Temer Lulia.
2. CONJUNTURA ECONMICA, FINANCEIRA E ORAMENTRIA O presente captulo aborda diversos aspectos relacionados conjuntura econmica, financeira e
oramentria da Unio ao longo do exerccio de 2017. A verificao da adequao da gesto do
exerccio s normas e legislao pertinentes, bem como as manifestaes relevantes desta Corte de
Contas, so apresentadas no captulo 4.
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14
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
A seo 2.1 descreve a evoluo dos principais indicadores macroeconmicos. So analisados
dados como: taxa de inflao, nvel de emprego e salrios, produto interno bruto, poupana nacional,
carga tributria nacional, balana de pagamentos e reservas internacionais, taxa de cmbio real e risco-
pas.
A seo 2.2, por sua vez, abrange os instrumentos de poltica monetria e creditcia.
A seo 2.3 contempla as principais aes de poltica fiscal. Examinam-se as receitas, as
despesas e o resultado primrio do exerccio, bem como os atos de programao oramentria e
financeira, os impactos fiscais decorrentes da concesso de benefcios tributrios, financeiros e
creditcios, da recuperao de crditos e o resultado dos regimes de previdncia pblica.
A seo 2.4 aborda os principais indicadores da dvida pblica, alm de apresentar uma anlise
dos fatores que contriburam para a variao do endividamento e de outros aspectos relevantes
relacionados ao acompanhamento da dvida pblica.
Por ltimo, na seo 2.5, avaliam-se aspectos relacionados aos resultados da execuo do
oramento pblico, a exemplo das variaes ocorridas nos principais itens de receitas e despesas
programados e executados no mbito dos Oramentos Fiscal e da Seguridade Social (OFSS), bem
como a composio e a execuo de restos a pagar. Alm disso, a seo tambm alberga exame sobre a
execuo das despesas estabelecidas no Oramento de Investimento das Empresas Estatais (OI).
2.1. Indicadores Macroeconmicos 2.1.1. Taxas de Inflao
A meta de inflao para 2017 estabelecida pelo Conselho Monetrio Nacional (CMN) foi de
4,5% a.a., com margem de 1,5 p.p. para menos ou para mais. O monitoramento da meta realizado
pelo Banco Central do Brasil (Bacen) com base no ndice Nacional de Preos ao Consumidor Amplo
(IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), que mede o consumo das
famlias com renda de at quarenta salrios mnimos. A taxa de inflao registrada em 2017, de 2,95%,
alm de ficar abaixo do limite inferior fixado pelo CMN, foi inferior em 3,34 p.p. do ano anterior.
Evoluo Anual da Taxa de Inflao
Fonte: IPEADATA / FGV / IBGE.
Dentro do IPCA, o grupo Educao teve a maior variao positiva, de 7,11%, mas com
impacto no ndice de apenas 0,33 p.p. Os maiores impactos positivos no ndice decorreram dos grupos
Habitao, com alta de 6,26% e impacto de 0,95 p.p., Sade e Cuidados Pessoais, com alta de 6,52% e
impacto de 0,76 p.p., e Transportes, com alta de 4,10% e impacto de 0,74 p.p., somando juntos 2,45
p.p., equivalentes a 83% do IPCA. Dois grupos registraram variao negativa: Alimentao e Bebidas
de 1,87%, em funo de uma safra agrcola 30% maior, e Artigos de Residncia de 1,48%.
O grupo Alimentao e Bebidas, cujo gasto equivale a aproximadamente 25% das despesas
das famlias, juntamente com o grupo Artigos de Residncia influenciaram negativamente a variao
5,9
4,31
5,916,5
5,84 5,916,41
10,67
6,29
2,95
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
IPCA (%) Limite superior Limite inferior
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
do IPCA. A maior reduo dentro do grupo Alimentao e Bebidas foi entre os itens que compem os
alimentos para consumo em casa, com variao negativa de 4,85%, com destaque para o subgrupo
cereais, leguminosas e oleaginosas, que teve reduo de 24,55%.
Uma abordagem de outras causas que levaram queda da taxa de inflao em 2017
apresentada no item 2.2 deste relatrio, que trata da Poltica Monetria.
As taxas de inflao ms a ms do IPCA, no perodo de 2014 a 2017, esto demonstradas
no grfico a seguir. Fica evidente a reduo das taxas mensais ao longo do presente exerccio,
comparadas s dos anos anteriores.
Evoluo Mensal do IPCA 2014 a 2017
% a.m.
Fonte: IBGE.
.
O ndice Nacional de Preos ao Consumidor (INPC), que mede a variao do custo de vida
das famlias com renda mensal entre um e cinco salrios mnimos, encerrou o ano de 2017 com taxa de
2,07%, valor significativamente inferior aos 6,58% registrados em 2016. O grupo Alimentao e
Bebidas teve reduo de 2,70% em 2017, contrastando com a taxa de 9,15% em 2016. Os grupos de
Habitao, com variao de 6,35%, e Transportes, com 4,64%, contriburam para impedir que o ndice
cedesse ainda mais, pois ambos tm elevado impacto no INPC, de 1,11 p.p. e 0,72 p.p.,
respectivamente.
2.1.2. Nvel de Emprego e Salrios
A taxa de desocupao mensal referente ao ltimo trimestre mvel apresentou o maior
valor no trimestre mvel de janeiro a maro de 2017, com 13,7%, desde o incio da srie histrica
iniciada no primeiro trimestre de 2012, representando 14,2 milhes de pessoas sem trabalho. Nos
meses seguintes, h um recuo da taxa, que atinge 11,8% para o perodo de outubro a dezembro de
2017, correspondendo a uma populao desocupada de 12,3 milhes de pessoas. Trata-se ainda de um
resultado muito elevado ao comparar-se com a menor taxa do perodo, que ocorreu no trimestre de
outubro a dezembro de 2013, de 6,2%. Entretanto, ainda no se pode afirmar que h uma tendncia
sustentvel de queda da taxa de desocupao, em vista dos primeiros sinais de recuperao no
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
exerccio de 2017, pois a taxa voltou a subir nos trs trimestres posteriores, atingindo 13,1% no
trimestre de janeiro a maro de 2018.
Evoluo da Taxa de Desocupao 2012 a 2017
%
Fonte: IBGE.
O grfico a seguir mostra a evoluo mensal do rendimento mdio real recebido pelos
trabalhadores para os exerccios de 2012 a 2017, considerando os trimestres mveis. Pode-se observar
movimentos sazonais de alta dos rendimentos dos trabalhadores nos trimestres de final e incio de cada
exerccio. Mais ainda, os picos de alta esto aumentando para cada final/incio de exerccio. Os valores
das mdias de rendimento real dos trabalhadores no perodo analisado 2012 (R$ 2.073), 2013 (R$
2,133), 2014 (R$ 2.156), 2015 (R$ 2.158), 2016 (R$ 2.109) e 2017 (R$ 2.158) mostram uma suave
elevao. Comparando-se os redimentos do ltimo trimestre mvel de cada ano 2012 (R$ 2.072),
2013 (R$ 2.143), 2014 (R$ 2.166), 2015 (R$ 2.111), 2016 (R$ 2.139) e 2017 (R$ 2.173) tambm se
observa uma suave elevao. Considerando uma queda da taxa de inflao, exceto em 2015, e que a
maior parte dos trabalhadores que perderam o emprego foram os menos qualificados e, portanto, com
menores salrios, pode-se justificar em parte o suave incremento da renda mdia mesmo em tempos de
crise.
Evoluo do Rendimento Mdio Real Mensal 2012 a 2017
R$
Fonte: IBGE.
Evoluo do Rendimento Mdio Real Mensal 2014 a 2017
R$
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Fonte: IBGE.
O grfico seguinte mostra a evoluo referente ao ltimo trimestre mvel do emprego para
pessoas ocupadas no setor privado com carteira de trabalho assinada, o que caracteriza o emprego
formal. Nota-se que o pice do emprego formal ocorreu em junho de 2014 com 36,8 milhes de
trabalhadores, quando passou apresentar tendncia de queda at maio de 2017, passando a registar
patamar de estabilidade. Em dezembro de 2016, o total de pessoas ocupadas com carteira assinada era
de 34.005 mil, enquanto em dezembro de 2017 foi de 33.321 mil. Ainda assim, 2017 registrou o menor
nmero de pessoas empregas com carteira assinada desde 2012.
Evoluo do Emprego Formal 2014 a 2017
Pessoas Ocupadas (mil)
Fonte: IBGE.
O nmero de trabalhadores sem carteira aumentou de 2016 para 2017, passando de 10,5
milhes para 11,1 milhes de pessoas. Os trabalhadores por conta prpria, em 2017, representaram
22,7 milhes de pessoas. A evoluo do emprego de pessoas ocupadas entre 2014 e 2017, agora
considerando-se a incluso de trabalhadores que no possuem carteira assinada, apresentada a seguir.
A menor taxa de ocupao ocorreu em abril de 2017, com 89.238 mil ocupados, e a partir da observa-
se um crescimento at dezembro de 2017, que apresentou um total de 92.108 mil ocupados. Entre
-
18
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
setembro de 2014 e dezembro de 2015, o total de pessoas ocupadas situou-se entre 92.000 e 93.000
mil. Observa-se ento uma queda na quantidade de pessoas ocupadas no exerccio de 2016 at abril de
2017. Em dezembro de 2017 o pas volta ao patamar de cerca de 92.000 mil pessoas ocupadas. Pessoas
com e sem carteira assinada representam 36,17% e 11,96%, respectivamente, e, por sua vez, a
participao de pessoas ocupadas por conta prpria foi de 25,18% em dezembro de 2017.
Evoluo do Emprego 2014 a 2017
Total de Pessoas Ocupadas (mil)
Fonte: IBGE.
2.1.3. Produto Interno Bruto
O Produto Interno Bruto (PIB) alcanou o valor de R$ 6.559.940 milhes no exerccio de
2017, resultado 0,98% superior, em termos reais, ao do PIB de 2016 (R$ 6.259.228 milhes).
A retrao do PIB, em termos reais, nos anos de 2015 e 2016, foi de 3,54% e 3,46%,
respectivamente.
O grfico a seguir apresenta a evoluo da taxa de crescimento do PIB entre os anos de
2000 a 2017. Percebe-se a alternncia de taxas elevadas com taxas reduzidas de crescimento, levando
inclusive percepo de que a tendncia para os prximos exerccios mostra-se declinante.
-
19
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Taxa de Crescimento do PIB em termos reais 2000 a 2017 %
Fontes: Bacen e IBGE.
O grfico seguinte mostra a evoluo da variao percentual real do PIB per capita. O PIB
per capita equivale razo entre o PIB real e a populao brasileira, sendo um dos indicadores
considerados ao se analisar o bem-estar da populao. De forma semelhante ao grfico do PIB, este
indicador apresenta-se com tendncia declinante.
Taxa de Crescimento do PIB real per capita 2010 a 2017
%
Fontes: Bacen e IBGE.
Pode-se observar que houve retrao da taxa de crescimento do PIB real per capita em
2014, 2015, e 2016, nos percentuais equivalentes a 0,4%, 4,3% e 4,2%, respectivamente.
Ao se analisar a evoluo do PIB obtido em 2017, sob a tica da produo, conforme o
grfico a seguir, observa-se que a atividade de agropecuria, principalmente, seguida pelos subsetores
das indstrias extrativas, do comrcio, indstria de transformao e atividades imobilirias, tiveram
-
20
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
taxas superiores obtida para o PIB, contribuindo de forma significativa para o posicionamento do
indicador de atividade no campo positivo.
PIB e subsetores taxa acumulada no ano 2017
Fonte: IBGE.
A taxa acumulada ao longo do ano para o PIB e para os componentes da demanda agregada
entre 2012 e 2017 apresentada no grfico a seguir.
Componentes da Demanda Agregada taxa acumulada ao longo do ano 2012 a 2017
%
-
21
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Fontes: Ipeadata e IBGE.
Demanda agregada: consumo das famlias, consumo da administrao pblica, formao bruta de capital fixo e exportaes lquidas (diferena entre exportaes e importaes de bens e servios).
O Consumo das Famlias em 2017 teve ligeira recuperao, passando de uma taxa negativa
de 4,3% no encerramento de 2016, para taxas ainda negativas, mas menores, de 1,7% e 0,5% nos 1 e
2 trimestres, e de 0,4% e 1,0% nos 3 e 4 trimestres de 2017. O Consumo da Administrao Pblica
apresentou taxas ainda inferiores s verificadas em 2016 (-0,1%), encerrando o exerccio de 2017 em -
0,6%. A Formao Bruta de Capital Fixo (FBCF) teve melhora significativa, apesar de continuar
negativa, com a taxa passando de -10,3% em 2016 para -1,8% em 2017.
2.1.4. Poupana Nacional Bruta e Formao Bruta de Capital Fixo
A poupana nacional bruta pode ser entendida como a parte da renda nacional no
consumida pelas famlias e pelo governo e que pode servir para financiar os investimentos de um pas.
Equivale ao valor obtido em decorrncia da poupana bruta do setor privado acrescida do saldo do
governo em conta corrente. A taxa de poupana bruta foi de 14,8% do PIB em 2017.
O investimento compreende a formao bruta de capital fixo mais variaes de estoques. A
taxa de investimento (FBCF) teve reduo de 1,8% em 2017. Em relao ao PIB, a FBCF foi de
15,6%, como apresentado no grfico a seguir.
Poupana Nacional Bruta e Formao Bruta de Capital Fixo 2010 a 2017
% do PIB
-
22
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Fonte IBGE.
2.1.5. Carga Tributria Nacional
A estimativa da carga tributria brasileira corresponde razo entre o total dos tributos
arrecadado e o Produto Interno Bruto PIB.
Os tributos totalizam o que foi arrecadado pelas trs esferas de governo (Unio, estados,
Distrito Federal e municpios), bem como pelas entidades do Sistema S e pelo Fundo de Garantia por
Tempo de Servio (FGTS).
O PIB calculado pelo IBGE, de acordo com o novo Sistema de Contas Nacionais (SCN
2010), tendo sido usado nesta anlise o indicador oficial publicado em 1/3/2018.
Os dados referentes a 2016 e 2017 foram obtidos no anexo de Informaes Adicionais da
PCPR 2017. Os dados de anos anteriores so os contidos na PCPR 2016.
As tabelas a seguir apresentam a evoluo da arrecadao em valores correntes e a carga
tributria como percentual do PIB no perodo 2010-2017. Os valores se referem aos tributos
diretamente arrecadados por cada esfera de governo. A carga tributria brasileira em 2017 foi de
32,36%, ligeiramente inferior de 2016, que foi de 32,37%. Em comparao com o maior valor da
srie, ocorrido em 2011, houve reduo de 1 p.p.
Carga Tributria Bruta em valores correntes e em % PIB 2010 a 2017
R$ bilhes
Fontes: PCPR 2016 e 2017.
A tabela a seguir apresenta como variaram os tributos arrecadados entre 2016 e 2017. As
Esferas de Governo Valor % s/PIB Valor % s/PIB Valor % s/PIB Valor % s/PIB Valor % s/PIB Valor % s/PIB Valor % s/PIB Valor % s/PIB
Governo Federal 849 21,86% 998 22,80% 1.050 21,81% 1.164 21,83% 1.221 21,13% 1.272 21,22% 1.332 21,28% 1.391 21,20%
Governos Estaduais 336 8,66% 375 8,56% 414 8,59% 463 8,68% 497 8,60% 517 8,62% 553 8,84% 584 8,91%
Governos Municipais 75 1,94% 88 2,00% 99 2,06% 110 2,07% 123 2,14% 133 2,22% 141 2,25% 148 2,25%
Carga Total 1.261 32,45% 1.460 33,36% 1.563 32,46% 1.737 32,59% 1.841 31,86% 1.922 32,06% 2.026 32,37% 2.123 32,36%
PIB 3.886 4.376 4.815 5.332 5.779 5.996 6.259 6.560
20162010 2011 2012 2013 2014 20172015
-
23
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
trs primeiras colunas apresentam valores correntes e as trs ltimas valores corrigidos para 2017.
Carga Tributria Bruta variao entre 2015 e 2016 em valores correntes e corrigidos
R$ bilhes
Fonte: PCPR 2017.
A correo aplicada aos valores de 2016 foi de 3,78%, valor do deflator do PIB. As trs
esferas governamentais apresentaram aumento real de suas receitas tributrias, com destaque para os
estados, que tiveram crescimento real de 1,83%. Como a carga tributria em 2017 foi ligeiramente
inferior de 2016, o crescimento real da arrecadao de 0,97% foi tambm ligeiramente inferior ao
crescimento real do PIB, que foi de 1%.
Para fins de anlise comparativa da carga tributria que cabe Unio com aquela do
conjunto dos estados e municpios, foram redistribudos os valores das receitas tributrias de forma a
evidenciar a carga tributria disponvel a cada esfera, conforme descrito a seguir:
a) a carga tributria disponvel Unio corresponde sua carga tributria bruta sem os valores das
transferncias a estados e municpios e sem os valores dos benefcios pagos pelo Regime Geral de
Previdncia Social (RGPS);
b) a carga tributria disponvel aos estados e municpios corresponde carga tributria bruta dos
estados somada dos municpios e s transferncias da Unio a estados e municpios.
Os valores dos benefcios pagos pelo RGPS e das transferncias tributrias da Unio a
estados e municpios foram obtidos do relatrio Resultado do Tesouro Nacional, publicado pela STN.
As transferncias consistem nos Fundos de Participao dos Estados e dos Municpios (FPE e FPM),
IPI-Exportao, Fundos Constitucionais, Contribuio do Salrio Educao, Compensaes
Financeiras, Cide-Combustveis, ITR e IOF-Ouro.
O grfico e a tabela seguintes apresentam a evoluo destes valores entre 2010 e 2017
como proporo do PIB.
Carga Tributria Disponvel como proporo do PIB 2010 a 2017
Fontes: PCPR 2016 e 2017.
Carga Tributria Disponvel como proporo do PIB 2010 a 2017
Esferas de Governo 2016 2017 Var % 2016 2017 Var %
Governo Federal 1.332 1.391 4,41% 1.383 1.391 0,60%
Governos Estaduais 553 584 5,68% 574 584 1,83%
Governos Municipais 141 148 4,95% 146 148 1,13%
Carga Total 2.026 2.123 4,79% 2.103 2.123 0,97%
Valores correntes Valores corrigidos
Receitas Disponveis 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Unio - transf - RGPS 11,87% 12,64% 11,67% 11,72% 10,87% 10,53% 9,55% 9,23%
Estados + Municpios + Transferncias 14,03% 14,29% 14,21% 14,16% 14,17% 14,25% 14,71% 14,64%
RGPS 6,56% 6,43% 6,58% 6,70% 6,82% 7,27% 8,11% 8,49%
Totais 32,45% 33,36% 32,46% 32,59% 31,86% 32,06% 32,37% 32,36%
-
24
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Fontes: PCPR 2016 e 2017.
A tabela a seguir relaciona a carga tributria de alguns pases, segundo dados do Fundo
Monetrio Internacional FMI (World Economic Database, October 2017). A primeira coluna
classifica o pas segundo os grupos: Brics, Europa Ocidental (EO), Amrica Latina (AL) e Amrica do
Norte fora Mxico (AN). Conforme pode-se observar, a carga tributria do Brasil inferior dos
pases da Europa Ocidental, mas superior dos Estados Unidos e s fica abaixo da Rssia entre os
Brics e da Argentina, Equador e Bolvia entre os pases da Amrica Latina.
Carga tributria comparada 2017
Valores em % do PIB
Grupo Pas CT
EO Noruega 53,5
EO Frana 53,1
EO Portugal 43,0
AN Canad 38,8
EO Espanha 38,5
EO Reino Unido 36,5
AL Argentina 35,0
EO Suia 33,5
AL Equador 32,9
Brics Rssia 32,8
AL Bolvia 32,8
AL Brasil 32,4
AN Estados Unidos 31,4
AL Uruguai 29,7
Brics frica do Sul 29,1
Brics China 27,5
AL Colmbia 25,0
AL Paraguai 23,6
AL Chile 23,6
AL Mxico 21,8
Brics ndia 21,1
AL Peru 18,1 Fontes: PCPR 2017 (Brasil)
FMI - World Economic Outlook Database, October 2017 (demais pases)
Ante o exposto, constatam-se os seguintes aspectos sobre a carga tributria brasileira no
atual contexto de crise fiscal:
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Unio - transf - RGPS Estados + Municpios + Transferncias RGPS Totais
-
25
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
a) A carga tributria em 2017 correspondeu a 32,36% do PIB, com discreta reduo em relao a 2016,
que foi de 32,37%;
b) Comparando 2017 com 2016, as receitas tributrias dos estados tiveram crescimento real de 1,83%,
as dos municpios, 1,13% e as da Unio, 0,60%;
c) A carga tributria disponvel Unio apresentou, no perodo de 2010 a 2017, uma queda de 2,64
p.p., enquanto aos estados e municpios teve crescimento de 0,61 p.p. e ao RGPS teve crescimento de
1,93 p.p.;
d) A carga tributria disponvel Unio tem apresentado, desde 2011, sucessivas quedas como
resultado do crescimento do dficit do RGPS;
e) A carga tributria do Brasil inferior dos pases da Europa Ocidental, mas superior dos Estados
Unidos e s fica abaixo da Rssia entre os Brics e da Argentina, Equador e Bolvia entre os pases da
Amrica Latina.
2.1.6. Relaes Econmico-Financeiras com o Exterior
Os principais pases compradores dos produtos brasileiros em 2017 foram: China, com
US$ 47,5 bilhes, equivalentes a 21,8% do total exportado; Estados Unidos, com US$ 26,9 bilhes
(12,3% do total); Argentina, com US$ 17,6 bilhes (8,1%); Holanda, com US$ 9,2 bilhes (4,2%);
Japo, com US$ 5,3 bilhes (2,4%); Chile, com US$ 5,0 bilhes (2,3%), e Alemanha, com US$ 4,9
bilhes (2,3%).
As exportaes dos produtos brasileiros em 2017, no total de US$ 217,7 bilhes, tiveram
aumento de 17,55% se comparadas a 2016. As variaes de preos e de quantidades entre 2016 e 2017
dos principais produtos so apresentadas a seguir.
Exportaes em 2017
Itens Variao dos Preos em 2017
em relao 2016 (%)
Variao das Quantidades em
2017 em relao 2016 (%)
Participao
em 2017 (%)
Soja mesmo triturada 0,69 32,13 11,81
Minrio de ferro 40,86 2,56 8,82
leos brutos de petrleo 32,19 8,35 7,64
Acar de cana 10,72 -1,39 4,15
Automveis de passageiros -0,44 43,41 3,06
Carne de frango congel/fresca 8,52 -0,38 3,21
Celulose 11,28 2,38 3,01
Carne bovina congel/fresca 4,08 12,11 2,35
Farelo e resduos da extrao
de leo de soja -2,42 -1,85 2,80
Caf cru em gro 5,14 -9,65 2,61
Milho em gros -6,68 33,90 1,97
Fonte: MDIC.
Os principais blocos econmicos, ao longo de 2017, aumentaram de forma significativa
suas compras do mercado brasileiro, em relao a 2016. As aquisies da sia, com 36,2% de
participao, tiveram aumento de 26,7%; a Europa, com 19,1%, aumentou suas compras em 4,3%; a
Amrica do Sul adquiriu 16,2% das exportaes brasileiras, com aumento de 17,4%; e a Amrica do
Norte, com 15,7% das compras, teve suas aquisies aumentadas em 16,3%. A Argentina teve aumento
de 31,3% nas suas compras de produtos do Brasil, principalmente automveis. Oriente Mdio, frica e
Amrica Central e Caribe tambm aumentaram suas aquisies de produtos do Brasil em nveis
superiores a 15%.
-
26
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Exportaes Brasileiras Principais Blocos Econmicos 2016 e 2017
US$ bilhes free on board (FOB)
Blocos
Econmicos e
Pases
2017 2016 Var%
2017/2016
Participao%
2017 2016
sia 78,74 62,14 26,72 36,2 33,5
- China, Hong
Kong e Macau 50,17 37,40 34,17 23,0 20,2
Europa - Unio
Europeia
41,53
34,90 39,81
33,36 4,31
4,63 19,1
16,0 21,5
18,0
Amrica do
Sul 35,25 30,04 17,36 16,2 16,2
- Mercosul 22,61 18,38 23,02 10,4 9,9
- Argentina 17,62 13,42 31,31 8,1 7,2
Amrica do
Norte 34,11 29,34 16,26 15,7 15,8
- EUA 26,87 23,16 16,05 12,3 12,5
Oriente Mdio 11,67 10,15 15,03 5,4 5,5
frica 9,39 7,83 19,92 4,3 4,2
Amrica
Central e
Caribe
4,24 3,67 15,54 1,9 2,0
Oceania 0,57 0,53 6,25 0,3 0,3
Total 217,74 185,24 17,55 - -
Fonte: MDIC. Os valores totais incluem pases no declarados ou sem informao.
As vendas dos produtos industrializados semimanufaturados e manufaturados aumentaram
12,41% e 8,57%, respectivamente, durante 2017. Os produtos bsicos tiveram vendas 27,7% maiores
em comparao a 2016. As maiores vendas, entre os produtos manufaturados, foram de automveis de
passageiros, avies, xidos/hidrxidos de alumnio, mquinas para terraplenagem, laminados planos,
veculos de carga e autopeas.
Exportao Brasileira por Fator Agregado 2016 e 2017
US$ bilhes FOB
Fator Agregado Janeiro a Dezembro
Variao % 2017 / 2016 Participao %
2017 2016 2017 2016
Bsicos 101,06 79,16 27,67 46,4 42,7
Industrializados 111,69 101,88 9,62 51,3 55,0
Semimanufaturados 31,43 27,96 12,41 14,4 15,1
Manufaturados 80,25 73,92 8,57 36,9 39,9
Operaes Especiais 4,99 4,19 18,98 2,3 2,3
Total 217,74 185,23 17,55 100,0 100,0
Fonte: MDIC.
No exerccio de 2017, as aquisies dos produtos importados pelo Brasil tiveram aumento
de 9,6%, passando de US$ 137,5 bilhes (FOB) em 2016 para US$ 150,7 bilhes (FOB). Observada a
pauta de importaes segundo as categorias econmicas, verifica-se que na categoria Bens de Capital
houve reduo de 16,5% do item bens de capital e aumento de 18,7% no item equipamentos de
transporte industrial; na categoria Bens Intermedirios, de maior relevncia na pauta de importaes,
com participao de 62,1% no total importado em 2017, os itens insumos industriais bsicos,
insumos industriais elaborados e peas e acessrios para bens de capital tiveram resultado
positivo, com crescimentos da ordem de 19,6%, 15,8%, e 14,7%, respectivamente. As aquisies de
bens de consumo semidurveis e no durveis e de bens de consumo durveis tambm tiveram
desempenho crescente, com 6,16% e 10,7%. A categoria Combustveis e Lubrificantes destacou-se,
com crescimento de 41,7% em 2017.
-
27
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Com exportaes de US$ 217,7 bilhes e importaes de US$ 150,7 bilhes, a balana
comercial brasileira apresentou supervit de US$ 67 bilhes no encerramento de 2017, maior valor da
srie desde 1989, e 40,5% superior ao saldo de US$ 47,7 bilhes obtido em 2016. No grfico a seguir
fica evidenciado que, de 2015 para 2016, a queda das importaes foi superior das exportaes, e de
2016 para 2017, a elevao das exportaes foi significativamente superior das importaes,
situaes que, nestes dois ltimos anos, contriburam para a elevao do saldo comercial.
Balana Comercial 2008 a 2017
US$ bilhes FOB
Fonte: MDIC.
Balano de Pagamentos e Reservas Internacionais
A conta Transaes Correntes em 2017 apresentou dficit de US$ 9,8 bilhes, valor 58,5%
menor que em 2016 (dficit de US$ 23,5 bilhes). Na conta Investimento Direto no Exterior, registrou-
se o valor de US$ 6,3 bilhes, no acumulado de 2017. Os fluxos lquidos de investimentos diretos no
pas ao final de 2017 alcanaram US$ 70,3 bilhes, valor 11,2% inferior aos US$ 78,9 bilhes obtidos
em 2016.
Evoluo do Balano de Pagamentos 2016 e 2017
US$ milhes
Discriminao 2016 2017
Transaes Correntes -23.546 -9.762
Balana Comercial (FOB) 45.037 64.028 Exportao de Bens * 184.453 217.243
Importao de Bens * 139.416 153.215
Servios -30.447 -33.851
Renda Primria -41.080 -42.572
Renda Secundria (Transferncias Unilaterais) 2.944 2.632
Conta Capital e Financeira -16.141 -4.501
Conta Capital 274 379
Conta Financeira: concesses lquidas (+); captaes lquidas (-) -16.415 -4.880
Investimento Direto
No exterior 12.816 6.268
No pas
Erros e Omisses
78.248
6.857
70.332
4.503
Fonte: Bacen. Nota: dados preliminares (21/3/2018).
* Diferena de metodologia entre os valores de exportao e de importao considerados pelo Bacen e os divulgados pelo MDIC. Exclui
mercadorias deixando o (para exportaes) ou ingressando no (para importaes) territrio nacional sem mudana de proprietrio. Inclui mercadorias entregues no territrio nacional (exportao ficta) ou fora do territrio nacional (importao ficta), alm de outros ajustes.
-
28
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
A conta Renda Secundria na metodologia BPM6 utilizada atualmente teve sua nomenclatura anterior ajustada, pois era denominada Transferncias Unilaterais na metodologia BPM5 utilizada pelo Bacen at abril de 2015 - http://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/n/6MANBALPGTO.
O saldo das reservas internacionais, pelo conceito de liquidez, atingiu US$ 382 bilhes em
2017, com um crescimento da ordem de 2,6% sobre o saldo existente no final 2016, situado em US$
372,2 bilhes.
Reservas Internacionais 2006 a 2017
US$ milhes
Fonte: Bacen.
Taxa de Cmbio Real
A taxa de cmbio efetiva real interpretada como uma medida da competitividade das
exportaes brasileiras. Denomina-se taxa de cmbio real o resultado do quociente entre a taxa de
cmbio nominal e a relao decorrente do ndice de preos no atacado de cada pas parceiro do Brasil e
do ndice de Preos ao Consumidor do Brasil (INPC). O quociente obtido ponderado pela
participao de cada pas no total das exportaes brasileiras, obtendo-se assim a taxa cambial efetiva.
As ponderaes utilizadas variam a cada ano, sendo obtidas pelas participaes de cada parceiro no
total das exportaes brasileiras para os pases considerados nos dois anos imediatamente anteriores. A
elevao do ndice significa desvalorizao da taxa de cmbio efetiva real, indicando melhoria da
competitividade internacional dos produtos exportados fabricados no pas.
A competitividade das exportaes brasileiras voltou a melhorar a partir de 2012, conforme
se observa no grfico a seguir.
Taxa de Cmbio Efetiva Real 2002 a 2017
Fonte: Ipeadata. Dados at ago 2017. Mdia aritmtica ponderada das taxas de cmbio reais bilaterais do pas em relao a 24 parceiros
-
29
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
comerciais selecionados. A metodologia de clculo foi atualizada e revisada em outubro de 2015, implicando o reclculo de toda a srie histrica.
Risco-Pas
A taxa de risco-pas, representada pelo indicador EMBI+ (Emerging Markets Bond Index
Plus ou ndice dos Bnus de Mercados Emergentes), elaborado pelo banco J. P. Morgan, compara a
diferena entre a taxa de juros cobrada pelo mercado financeiro para ttulos pblicos de um conjunto
de 21 pases emergentes, em relao taxa de juros dos papis dos Estados Unidos da Amrica (EUA).
O risco-pas indica ao investidor que o preo de se arriscar a fazer negcios em um determinado pas
mais ou menos elevado: quanto menor o nmero, menor o risco; quanto menor for o risco, maior ser a
capacidade do pas de atrair investimentos estrangeiros, sem que para isso tenha de elevar as taxas de
juros que remuneram os ttulos representativos da sua dvida.
Em dezembro de 2016 foi aprovada medida para estabelecer um nvel mximo para os
gastos pblicos (Emenda Constitucional 95/2016 Novo Regime Fiscal), levando sociedade o
sentimento de que projetos essenciais retomada do crescimento, como as reformas da previdncia,
trabalhista e poltica seriam debatidas. No incio de 2017 o indicador EMBI+ registrava 325 pontos, e
veio cedendo at atingir o valor de 250 pontos em 16 de maio, contribuindo para a existncia de
cenrio que propiciava a aprovao da reforma da previdncia. Deste ponto, entretanto, o ndice
EMBI+ voltou aos 300 pontos.
Turbulncias nos campos poltico e fiscal causaram instabilidade do indicador durante o
ano de 2017, mas com o surgimento de notcias sobre a melhora da conjuntura econmica, recuperao
do varejo, mesmo sobre uma base deprimida, melhora da safra, com consequente aumento da oferta de
produtos agrcolas, melhora da produo industrial e aumento da produo de veculos, as perspectivas
melhoraram. O rebaixamento do rating pela agncia Standard & Poors no foi capaz de provocar
efeito sobre os ativos negociados pelo mercado financeiro, seja nos juros dos ttulos pblicos emitidos
no exterior, seja na taxa de cmbio, ou mesmo na bolsa de valores. A cotao da bolsa, inclusive,
continuou a mostrar a tendncia positiva observada nos ltimos meses, levando o ndice EBMI+ a
encerrar o ano de 2017 em 240 pontos.
Taxa de Risco-Pas - Brasil janeiro de 2013 a dezembro de 2017
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Fonte: Ipeadata.
2.2. Poltica Monetria
A poltica monetria a partir de 2017 implementou mudanas nos limites de tolerncia da
taxa de inflao, que at ento tinha como limites superior uma taxa de 6,5% a.a. e inferior de 2,5%
a.a. A Resoluo-CMN 4.419/2015 fixou a meta para a inflao e seu intervalo de tolerncia para o ano
de 2017 nos seguintes termos:
fixada, para o ano de 2017, a meta para a inflao de 4,5% (quatro inteiros e cinco dcimos por cento), com intervalo de tolerncia de menos um e meio ponto percentual e de mais um e meio
ponto percentual, de acordo com o 2 do art. 1 do Decreto n 3.088, de 21 de junho de 1999.
Feitas estas consideraes iniciais sobre as mudanas dos intervalos de tolerncia da taxa
de inflao medida pelo ndice Nacional de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA), vale destacar que
esta seo analisa a poltica monetria em trs subsees: taxa de juros, base monetria e poltica
creditcia.
2.2.1. Taxa de Juros
A evoluo anual da taxa bsica de juros, Over/Selic, apresentada a seguir, reflete a poltica
monetria no perodo entre 2008 e 2017 com base em um regime de metas inflacionrias.
Considerando que a taxa bsica de juros utilizada como instrumento para manter a taxa de inflao
(IPCA) nos limites desejados pelo Banco Central, pode-se avaliar o desempenho da autoridade
monetria (Bacen) na conduo da poltica monetria. A partir de 2017, imps-se menores limites de
tolerncia inflao, tal que o limite superior passou a ser de 6,0 % a.a e o limite inferior, 3,0% a.a.
Nota-se uma forte queda da taxa Selic, que passou de 13,65% a.a. em 2016 para 7% a.a.
em 2017. A reduo da taxa bsica de juros (Selic) deve-se tendncia de queda da taxa de inflao ao
longo do exerccio de 2017, que evoluiu de 6,29% a.a. em 2016 para 2,95% a.a. em 2017. Entretanto,
a taxa de inflao de 2,95% em 2017 situou-se abaixo do limite de tolerncia inferior de 3,0 % a.a.
Nesse contexto, a autoridade monetria teve de justificar uma taxa de inflao abaixo do limite
inferior. Tal justificativa encontra-se no Aviso 2/2018-BCB, de 10/1/2018, disponvel no site do Bacen.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Evoluo Anual da Taxa de Juros Over/Selic : 2008-2017
% a.a
Fonte: Bacen.
Pode-se observar que houve uma forte reduo da taxa de juros real ex-post (Taxa Selic a.a.
menos taxa do IPCA a.a. observada) de 7,36% a.a. em 2016 para 4,05% a.a. em 2017, conforme o
grfico a seguir. Essa taxa de juros real mais baixa reflete uma poltica monetria crvel no sentido de
reduzir tanto a inflao corrente quanto as expectativas inflacionrias. Como a taxa Selic responde a
mudanas nas expectativas de inflao, uma vez que h uma queda consistente das expectativas
inflacionrias, ento a autoridade monetria tem condies de reduzir de forma direta a taxa bsica de
juros (Selic), assim como reduzir de forma indireta a taxa de juros real.
Evoluo Anual da Taxa de Juros Real (ex-post): 2008-2017
% a.a
Fonte: Bacen.
2.2.2. Base Monetria
Em 2017, a base monetria aumentou R$ 26.468 milhes, enquanto em 2016 houve um
menor incremento, no valor de R$ 15.029 milhes. O saldo da base monetria em dezembro de 2017
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
foi de R$ 296.755 milhes, composto por papel moeda emitido (R$ 250.364 milhes) e reservas
bancrias (R$ 46.392 milhes).
A tabela a seguir mostra os fatores condicionantes de expanso e retrao da base
monetria. Dentre os fatores condicionantes da base monetria, destacam-se a expanso do Tesouro
Nacional no valor de R$ 52.133 milhes e a retrao dos ttulos pblicos federais no valor de
R$ 26.793 milhes. Pode-se observar que, exceto no exerccio de 2015, houve no geral expanso da
base monetria.
Fatores Condicionantes da Base Monetria 2010 a 2017
R$ milhes
Fonte: Bacen.
Nota: (+) Expanso da Base Monetria / ( - ) Retrao da Base Monetria
2.2.3. Poltica Creditcia
Em 2017, o saldo das operaes de crdito do sistema financeiro alcanou R$ 3.090
bilhes, equivalente a 47,11% do PIB. Em 2016, o volume foi de R$ 3.106 bilhes, correspondente a
49,6 % do PIB. Pode-se observar uma expanso creditcia como proporo do PIB entre 2012 (49,19
%) e 2015 (53,7%). Nos exerccios de 2016 e 2017 verificou-se uma reduo da expanso do crdito
do Sistema Financeiro Nacional.
Saldo das Operaes de Crdito Total 2012 a 2017
% do PIB
Perodo Tesouro
Nacional
Ttulos
Pblicos
Federais
Setor
Externo
Depsito
Instituies
Financeiras
Derivativos e
Ajustes
Outras
Contas e
Ajustes
Var. Base
Monetria
2010 -51.204 249.513 75.553 -236.911 -1 3.830 40.780
2011 -125.633 70.196 85.157 -24.388 -707 2.757 7.382
2012 -121.649 5.653 25.897 118.729 -1.101 -8.393 19.136
2013 -127.555 198.327 -22.429 -19.903 1.315 -13.619 16.136
2014 -688 -48.879 16.275 56.163 17.329 -26.201 14.019
2015 59.666 -124.016 -15.038 -24.740 89.657 6.231 -8.240
2016 12.284 32.268 32.533 6.086 -75.562 7.421 15.029
2017 52.133 -26.793 1.397 868 -7.033 5.897 26.468
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Fonte: Bacen.
As operaes de crdito s Pessoas Jurdicas (PJ) como proporo do PIB mostram um
suave crescimento entre 2012 (26,85%) e 2015 (28,47%) e uma reduo no to suave em 2016
(24,68%) e 2017 (21,97%). Os valores dos saldos das carteiras de crdito de PJ em 2017 e 2016 foram
de R$ 1.441 bilhes e R$ 1.545 bilhes, respectivamente.
Da mesma forma, as operaes de crdito s Pessoas Fsicas (PF) como proporo do PIB
mostram um suave crescimento entre 2012 (22,34%) e 2015 (25,22%). Em 2016 houve uma reduo
(24,93%) e em 2017 uma recuperao (25,14%). Os saldos das carteiras de crdito de PF em 2017 e
2016 foram de R$ 1.649 bilhes e R$ 1.561 bilhes, respectivamente.
Vale ressaltar que, no perodo de 2012 a 2015, as operaes de crdito (% do PIB) s PJ
foram superiores s de PF, enquanto que em 2016 e 2017 ocorre o contrrio. Essa mudana pode ser
explicada em funo dos efeitos da forte recesso de 2015 e 2016, perpetuados no exerccio de 2017.
Em face dessa forte recesso, a PJ pode reduzir mais fortemente o crdito em funo da opo de
reduzir investimentos financiados com capitais de terceiros, o que pode explicar uma maior queda da
razo crdito/PIB da pessoa jurdica em relao pessoa fsica.
Saldo das Operaes de Crdito s Pessoas Jurdicas e Fsicas 2012 a 2017
% do PIB
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Fonte: Bacen.
A figura apresentada a seguir mostra a evoluo dos saldos das operaes de crdito para
os setores pblico e privado como proporo do PIB de 2012 a 2017. O saldo do crdito ao setor
pblico inclui os governos federal, estaduais e municipais. O saldo do setor pbico como proporo do
PIB passou de 2,47% em 2012 para 4,35% em 2015. Em 2016 e 2017 houve uma reduo para 3,77%
e 3,37%, respectivamente. Em 2016, o saldo foi de R$ 236 bilhes e em 2017 o montante reduziu-se
para R$ 221 bilhes.
A participao do crdito do setor privado no PIB passou de 46,71% em 2012 para 49,34%
em 2015, mostrando uma tendncia de alta, a qual foi revertida, com a participao reduzida para
45,85% do PIB em 2016 e para 43,74% em 2017. Em 2016, o saldo foi de R$ 2.870 bilhes e em 2017
o montante foi de R$ 2.869 bilhes.
]Saldo das Operaes de Crdito aos Setores Pblico e Privado 2012 a 2017
% do PIB
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO
Fonte: Bacen.
Pode-se observar uma reduo do saldo da carteira de crdito com recursos livres como
proporo do PIB em todo o perodo analisado 2012 a 2017. Em 2012 o crdito livre correspondeu a
29% e atingiu 24,87% e 24,15% em 2016 e 2017, respectivamente. Em 2016, o saldo foi de R$ 1.556
bilhes e em 2017 o montante foi de R$ 1.584 bilhes.
O saldo da carteira de crdito com recursos direcionados como proporo do PIB passou
de 20,19% em 2012 para 26,38% em 2015. Em 2016 e 2017 houve uma reduo para 24,75% e
22,95%, respectivamente. Em 2016, o saldo foi de R$ 1.549 bilhes e em 2017 o montante reduziu-se
para R$ 1.506 bilhes.
Saldo das Operaes de Crdito Livre e Direcionado 2012 a 2017
% do PIB
Fonte: Bacen.
2.3 Poltica Fiscal
A poltica fiscal tem como objetivo a promoo da gesto financeira equilibrada dos
recursos pblicos visando assegurar a estabilidade econmica, o crescimento sustentado e o
financiamento das polticas pblicas.
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