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 X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                            p.1         ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO 1      Resumo As tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) integram os espaços das salas de aula e tecem possibilidades de ensino e de aprendizagem na astronomia. Com esta premissa, este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa bibliográfica sobre a relação do ensino de astronomia e o uso das TDIC. Com base nas seguintes questões norteadoras: quais conceitos de tecnologia foram adotados nestas pesquisas? Qual o referencial teórico e autores mais citados? Quais questionamentos orientaram os estudos? Foram analisadas teses e dissertações relacionadas às palavras chave: “ensino”, “astronomia” e “tecnologia”. Como resultado, identificamos apenas seis publicações que contemplem esta problemática. As análises indicam que os trabalhos ressaltam a importância do ensino de astronomia nesta modalidade de ensino e ao mesmo tempo, a frágil formação docente. A pesquisa evidenciou que Langhi, Longhini e Leite são os autores mais citados. Quanto as TDIC no ensino, apenas um trabalho apresentou teóricos que discutem as tecnologias na educação. O conceito de tecnologia mais adotado está associado à utilização de computadores e de recursos tecnológicos. Com isso a pesquisa revela alguns limites e desafios para o efetivo ensino da astronomia nas escolas por meio do uso das TDIC.  Palavraschave: Astronomia ‐ Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC)  Ensino de astronomia.   Erica de Oliveira Gonçalves UDESC [email protected]                                                                 1 Agência Financiadora: FAPESC e CAPES 

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.1 

 

 

 

 

    ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO1    

 

Resumo As tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) integram  os  espaços  das  salas  de  aula  e  tecem possibilidades de ensino e de aprendizagem na astronomia. Com esta premissa, este artigo apresenta os resultados de uma  pesquisa  bibliográfica  sobre  a  relação  do  ensino  de astronomia  e  o  uso  das  TDIC.  Com  base  nas  seguintes questões norteadoras: quais conceitos de tecnologia foram adotados  nestas  pesquisas?  Qual  o  referencial  teórico  e autores mais  citados?  Quais  questionamentos  orientaram os  estudos?  Foram  analisadas  teses  e  dissertações relacionadas  às  palavras  chave:  “ensino”,  “astronomia”  e “tecnologia”.  Como  resultado,  identificamos  apenas  seis publicações que contemplem esta problemática. As análises indicam que os trabalhos ressaltam a importância do ensino de  astronomia  nesta modalidade  de  ensino  e  ao mesmo tempo,  a  frágil  formação  docente.  A  pesquisa  evidenciou que  Langhi,  Longhini  e  Leite  são os  autores mais  citados. Quanto as TDIC no ensino, apenas um trabalho apresentou teóricos  que  discutem  as  tecnologias  na  educação.  O conceito  de  tecnologia  mais  adotado  está  associado  à utilização  de  computadores  e  de  recursos  tecnológicos. Com  isso a pesquisa revela alguns  limites e desafios para o efetivo ensino da astronomia nas escolas por meio do uso das TDIC.  Palavras‐chave: Astronomia ‐ Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) – Ensino de astronomia.  

 Erica de Oliveira Gonçalves 

UDESC [email protected] 

     

                                                            1  Agência Financiadora: FAPESC e CAPES 

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 ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO  Erica de Oliveira Gonçalves 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.2 

 

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INTRODUÇÃO 

As  Tecnologias  Digitais  de  Informação  e  Comunicação  (TDIC)2  emergem  na 

sociedade contemporânea e passam a  fazer parte das políticas públicas de educação e, 

consequentemente, das  salas de  aula.   Autores e pesquisadores  tais  como Pierre  Lèvy 

(1999),   Martha  Kaschny  Borges  (2007),  Nelson  Pretto  (2008)  e Maria  Helena  Bonilla 

(2005) evidenciam a  relevância das TDIC em âmbito escolar,  tendo em vista os avanços 

que a  sociedade vem experimentando em  relação às mídias digitais e à  Internet. Estes 

dispositivos promoveram uma modificação nas noções de espaço e tempo, de modo que 

para além de saberes e culturas, eles podem promover a interação social e virtual.  

Com o surgimento da  internet, as mídias deixam de ser apenas transmissoras de 

informações,  ao  receber,  criar  e  reconstruir  conhecimentos  (BORGES,  2007).  E,  ao 

encontro das TDIC estão os estudos em astronomia cujo fascínio e a  intensa curiosidade 

têm  promovido  a  busca  pelo  conhecimento  da  mecânica  e  do  funcionamento  dos 

planetas,  estrelas  e  galáxias.  A  história  mostra  que  em  diferentes  civilizações  a 

observação dos movimentos dos astros no céu se fez presente. Os questionamentos e a 

necessidade  constante  de  respostas  para  entender  os  mistérios  do  universo  foram 

responsáveis pelo movimento contínuo da ciência, das tecnologias e da educação. Entre 

documentos oficiais e os questionamentos comuns da vida, o ensino da astronomia tem 

larga justificativa e relevância. 

Movimentada pela ciência e pelo acelerado processo de  inovação e apropriação 

das tecnologias, a astronomia perpassa os caminhos das (TDIC) tais como: vídeos, filmes, 

planetários,  museus  digitais,  ambientes  virtuais  e  colaborativos  de  aprendizagem,  e 

fazem uma essencial parceria com a educação. Diante desses pilares que dão sustentação 

a  este  artigo,  a  proposta  desta  pesquisa  foi  investigar  nas  publicações  de  teses  e 

dissertações relativas aos temas de ensino de astronomia; com o objetivo de identificar as 

concepções  de  tecnologia,  de  cibercultura  e  ciberespaço  que  fundamentam  estes 

estudos e quais autores da área são os mais citados, com enfoque nas tecnologias digitais 

e o ensino de astronomia. Para dar  início a esse estudo,  foi necessária a delimitação de 

                                                            2  As  TDIC  são  tecnologias  que  têm  o  computador  e  a  Internet  como  instrumentos  principais  e  se diferenciam das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) pela presença do digital. 

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uma metodologia para o mapeamento e a  identificação dos  trabalhos publicados nessa 

área, conforme será descrito a seguir. 

 

METODOLOGIA 

Este  estudo,  de  caráter  bibliográfico,  teve  como  desafio mapear  e  analisar  as 

produções acadêmicas dos últimos anos no campo do ensino de astronomia em interface 

com as TDIC.  

O mapeamento  foi  realizado  no  site  da  Biblioteca  Digital  Brasileira  de  Teses  e 

Dissertações ‐ BDTD3   sem delimitação de período. 

O primeiro passo consistiu no  levantamento bibliográfico no banco de dados da 

BDTD  pela  palavra  “astronomia”.  Nesta  busca  foram  encontrados  251  trabalhos.  Em 

acordo  com  os  objetivos  deste  estudo,  a  busca  foi  refinada,  agrupando  as  palavras 

“astronomia”  e  “ensino”.  Neste  passo  encontramos  66  produções  entre  teses  e 

dissertações. Para as palavras “astronomia” e “tecnologia”, obtivemos 16 resultados. Dez 

delas  eram  de  caráter  eminentemente  técnico,  ligado  exclusivamente  à  Física  – 

experiências com aparelhos digitais e ópticos;  imagens de satélites; sensores; materiais 

para equipamentos de observação; cálculo para reatores nucleares e fotografias. Ou seja, 

não  envolviam  diretamente  o  ensino  de  astronomia  com  as  TDIC.  Com  esse  dado, 

observou‐se a necessidade de novamente refinar a busca, no qual agrupamos as palavras 

“astronomia”, “ensino” e “tecnologia”. Obtivemos  somente  seis  trabalhos acadêmicos 

publicados no período de 2005 a 2012 que serão descritos no próximo tópico. 

Para compor o mapeamento proposto neste estudo e conhecer as publicações da 

área que formam a tríade “astronomia”, “ensino” e “tecnologia”, optou‐se por analisar 

nas  seis  produções  identificadas:  os  títulos,  os  resumos,  as  palavras  chave,  a 

fundamentação  teórica/referencial  teórico,  as  conclusões  e  considerações  finais,  bem 

como as referências bibliográficas e digitais.  

 

                                                            3   Disponível em <http://bdtd.ibict.br/> Acesso em 6 jan 2014 

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 ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO  Erica de Oliveira Gonçalves 

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RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Com  os  avanços  tecnológicos  das  últimas  décadas,  se  ampliam  também  as 

pesquisas e publicações dos processos educativos de produção do conhecimento ligados 

às Tecnologias de  Informação e Comunicação. No entanto, no que  tange ao ensino de 

astronomia,  área  do  saber  que  possui  estreita  relação  com  as  tecnologias  em  geral,  e 

mais especificamente com a  tecnologia digitais  (relógios digitais,  internet, comunicação 

via  satélite,  entre outros) pouco  se discute  sobre  a  relação  significativa do uso destas 

tecnologias no campo do ensino de astronomia.  

O  mapeamento  dos  títulos  analisados  permitiu  identificar  alguns  dados  que 

contribuem  para  o  estudo:  as  Universidades  e  Programas  de  Pós  Graduação  que 

pesquisam sobre astronomia e educação nos últimos anos, o nível de formação a que se 

refere o trabalho (ensino médio, fundamental ou formação de professores), a formação 

inicial dos pesquisadores e os autores que fundamentam as pesquisas, tanto os relativos 

à pedagogia, como os relativos à tecnologia e à astronomia.  A seguir, um panorama das 

publicações analisadas: 

Andrade  (2012) – Programa de Pós Graduação em Ensino de Física –  (Mestrado 

Profissional) – UFRGS – Formação  inicial, Farmácia e Física  ‐   Tema: Astronomia 

como tema motivador para o ensino de física no Ensino Médio. 

Menezes (2011) – Programa de Pós Graduação em Educação – UFU – (Mestrado) 

–  Formação  inicial,  Matemática  e  Biologia  –  Tema:  Tecnologia  no  ensino  de 

astronomia na formação de professores. 

Oliveira (2010) – Mestrado Profissional em Ensino de Ciências – UNB –  Formação 

inicial, Física – Tema: Astronomia e multimídia: a construção da exposição virtual. 

Dantas (2012) – Programa de Pós Graduação em Educação – UFRN‐ (Mestrado) – 

Formação  inicial,  Pedagogia  –  Tema:  Formação  continuada  de  professores  de 

ciências para o ensino de astronomia nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. 

Sobreira  (2005)  –  Programa  de  Pós  Graduação  em  Geografia  Física  –  USP  – 

(Doutorado)  –  Formação  inicial,  Geografia  –  Tema:  Astronomia  no  ensino  de 

geografia. 

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 ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO  Erica de Oliveira Gonçalves 

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Santos (2012) – Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica – Makenzie – 

(Mestrado)  –  Formação  inicial,  Engenharia  da  Computação  –  Tema: 

Compartilhamento de informações em ambientes virtuais do observatório solar. 

 

Dos seis trabalhos enumerados, dois apenas são de Programas de Pós‐Graduação 

em  Educação  e  um  de  Ensino  de  Ciências,  um  de  Ensino  de  Física,  um  de  Engenharia 

Elétrica e um de Geografia. As distintas especificidades dos Programas de Pós‐Graduação 

explicita o trânsito da temática nas diferentes áreas do conhecimento.  

Ao encontro desse  resultado, é  importante  salientar que a astronomia, além de 

presente no cotidiano,  tanto na observação dos dias e noites, estações do ano, quanto 

nos produtos  resultantes das  tecnologias aeroespaciais  tais como:  fraldas descartáveis, 

alimentos desidratados, câmeras digitais, e muitos outros, é uma ciência  interdisciplinar 

(LANGUI,  2009) e que  se  localiza  academicamente na  interface entre  a  física, química, 

biologia, história, geografia e até mesmo a literatura, música e navegação.  

Ao  refletir  sobre o mapeamento  realizado,  identificamos  só uma  tese dentre  as 

seis  obras  analisadas.  A  Tese  de  Paulo  Henrique  Azevedo  Sobreira,  geógrafo,  traz  a 

proposta  da  inclusão  da  disciplina  de  Cosmografia  Geográfica4  (SOBREIRA,  2005)  nos 

cursos de licenciatura em Geografia.  

 

A Cosmografia Geográfica: 

É  composta pela  intersecção da Geografia  e da Astronomia, mas não  exclusivamente  por  elas,  pois  se  deve  ponderar  sobre  as contribuições da Geodésia, da Cartografia e da Matemática neste estudo; 

Enfoca a Terra como um planeta em sus relações com os astros do Sistema Solar, principalmente com o Sol e a Lua e determina o lugar dela ou sua posição em relação a eles; 

Ocupa‐se  da  delineação  do  Globo  Terrestre  (fusos  horários  e coordenadas) e os movimentos aparentes da Esfera Celeste; 

É  um  estudo  predominantemente  escolar  sobre  os  astros observáveis a olho nu e  através de quaisquer    instrumentos, no qual a Terra está contida e inserida; 

Analisa a  interface entre os temas terrestres e os celestes, e suas 

                                                            4  “A Cosmografia é compost pela intersecção de alguns conhecimentos da Astronomia, da Geografia, da 

Geodésia, da Cartografia e da Matemática.” (SOBREIRA, 2005, p. 116) 

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 ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO  Erica de Oliveira Gonçalves 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.6 

 

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consequências para a sociedade e a natureza. (SOBREIRA, 2005, p.117) 

 

Nessa relação da Cosmografia Geográfica proposta pelo autor, vale lembrar que a 

Geografia  faz  parte  do  currículo  do  Ensino  Fundamental  também  nos  Anos  Iniciais  e, 

portanto,  importante  intersecção  curricular para os outros  saberes disciplinares. Nesse 

sentido  Nelson  Pretto  e  Lima  Junior  (2005,  p.210)  dialogam  sobre  a  importância  do 

relacionamento entre os diferentes  ramos do conhecimento presentes no currículo, ou 

seja, 

 Para  fazer  do  currículo  um mecanismo  de  promoção  do  pensamento coletivo,  é  fundamental  redimensionar  o  relacionamento  entre  os diferentes  ramos  do  conhecimento,  entre  as  tradicionais  disciplinas  de um  curso,  superando as estruturas hierárquicas que valorizam algumas das  disciplinas  e  áreas  em  detrimento  de  outras  [...]  Isso  envolve repensar, inclusive, a tradicional dicotomia entre o ensino formal e o não formal,  de  tal  maneira  que  todas  as  formas  de  conhecimento  e aprendizagem  possam  estar  mobilizadas  e  integradas,  fazendo  do processo de aprendizagem um processo capaz de mobilizar o  indivíduo da forma mais complexa possível.   

A  astronomia,  portanto,  revela  conteúdos  fundamentais  às  demais  áreas  do 

conhecimento  e  que  integram  o  currículo  escolar,  desde  os  Anos  Iniciais  do  Ensino 

Fundamental  à  formação  de  professores.  Seria,  portanto,  necessário  ater‐se  às 

necessárias  interdisciplinariedades  que  esse  conhecimento  elenca  para  todas  as 

disciplinas  curriculares,  seja  no  ensino  e  na  aprendizagem  ao  longo  do  curso  de 

Pedagogia ou  de Geografia,  seja pela  curiosidade  discente. A  astronomia  faz  parte  do 

cotidiano  tanto  nas  observações  do  céu  e  do  comportamento  da  natureza  tais  como 

estações do ano, marés, fenômenos celestes como, por exemplo: a Superlua, quanto nos 

artefatos tecnológicos que vão dos satélites responsáveis pelos sinais de TV, celular e GPS 

às fraldas descartáveis e materiais isolantes, que por sua vez, interessam a vida cotidiana. 

Ou  seja,  todo conhecimento da astronomia está  intimamente vinculado com a vida em 

sociedade. Aliada a essa necessidade de estudo e pesquisa em astronomia nas diferentes 

áreas do conhecimento está o desenvolvimento das tecnologias digitais pela engenharia, 

representada na dissertação de Israel Florentino dos Santos. O pesquisador, embora não 

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 ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO  Erica de Oliveira Gonçalves 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.7 

 

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tenha  um  vínculo  direto  com o  ensino  de  astronomia,  discute  o  compartilhamento  de 

informações e conhecimentos em ambientes virtuais. Para ele,  

O  aumento  significativo  de  dados  científicos  representa  uma  forte característica  da  atualidade,  gerando  a  necessidade  de  um  modelo diferenciado  de  pesquisa,  o  qual  prevê  a  unificação  da  teoria,  da experimentação  e  da  simulação.  Neste  sentido,  torna‐se  vital  um trabalho  conjunto  entre  cientistas  das  mais  variadas  áreas  do conhecimento  com  especialistas  da  Computação. Define‐se,  então,  um novo paradigma da ciência denominado e‐Science, o qual, segundo Jim Gray,  representa  o  ponto  onde  a  Tecnologia  da  Informação  encontra cientistas,  e  tem  como  objetivo  maior,  gerar  um  mundo  em  que  a literatura  científica  possa  ser  disponibilizada  on‐line  e  de  forma 

interoperável. (SANTOS, 2012, p. 15)  

Essa ferramenta busca estabelecer uma relação entre a ciência e a tecnologia em 

um  ambiente  integrado  às  metodologias  de  ensino.  Trata‐se  de  uma  proposta  em 

disponibilizar  aos  pesquisadores  interessados  em  monitorar  atividades  solares 

informações seguras e estruturadas além de atender aos estudantes dos cursos de Física. 

No  entanto,  para  os  pilares  do  mapeamento  deste  artigo  (ensino  de  astronomia  e 

tecnologia)  a  pesquisa  de  Santos  (2012)  têm  visíveis  dimensões  desiguais.  A  saber, 

embora  seja dado grande destaque  à  tecnologia, o ensino de  astronomia  se  resume  a 

tornar disponível a ferramenta aos estudantes do curso de Física e abrir caminhos para a 

iniciação científica na área de astronomia.  

Ao encontro dessa preocupação  com a  formação  inicial de estudantes de  física, 

principalmente com os da  licenciatura e que atuam no Ensino Médio, está a dissertação 

de Maurício Henrique Andrade (2012) cuja abordagem é direcionada ao desenvolvimento 

de material didático para o ensino de astronomia. Trata‐se de um material organizado em 

hipertexto e disponível na  rede, evidenciando a  importância dos  recursos  tecnológicos 

digitais no processo de  ensino  e de  aprendizagem.  E dentro das diferentes  formas de 

ensinar e de aprender, Carlos Eduardo Quinanilha Vaz de Oliveira (2010), discorre sobre o 

processo de construção e exposição virtual sobre astronomia. São atividades educativas 

com base em abordagens interativas e lúdicas em um museu virtual5, com conhecimentos 

                                                            5  Disponível em: <www.museuvirtual.unb.br> 

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 ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO  Erica de Oliveira Gonçalves 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.8 

 

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gerais sobre o Universo, galáxias e sistema solar com a proposta de estimular e divulgar o 

conhecimento científico e tecnológico. 

Rosemeire  da  Silva  Dantas  (2012)  também  discute,  em  sua  dissertação  de 

mestrado, a formação continuada de professores de ciências dos anos  iniciais do ensino 

fundamental  cujo  foco  é  o  ensino  de  astronomia.  O  resultado  obtido  indicou  pouco 

domínio conceitual e a necessidade de formação continuada permanente. Nesse sentido, 

todos os seis trabalhos analisados abordaram a  importância dos estudos em astronomia 

na  graduação,  em  especial  a  formação  docente,  nos  diferentes  ramos  da  ciência 

conforme o quadro abaixo: 

 

Quadro  1.  Teses  e  dissertações  analisados  em  acordo  com  autor,  programa  de  pós‐graduação , formação inicial e Modalidade de ensino.  

Autor  Programa de Pós Graduação 

Formação Inicial 

Abordagem 

Sobreira  Geografia  Geografia  Formação de Professores; Ensino Fundamental; Ensino Médio 

Santos  Engenharia Elétrica 

Engenharia da Computação 

Formação de estudantes de Física (graduação) que também atuarão como professores do no Ensino Médio 

Dantas  Educação  Pedagogia  Formação de professores; Anos Iniciais do Ensino Fundamental 

Oliveira  Ensino de Ciências  Física  Geral alunos, professores e interessados 

Andrade  Ensino de Física  Farmácia e Física 

Formação de professores e Ensino Médio 

Menezes  Educação  Matemática e Biologia 

Educação Básica e Formação de Professores 

 

Outro  ponto  de  destaque  deste  estudo  foi  a  identificação  dos  teóricos  mais 

citados nas referências bibliográficas, estes  ligados ao ensino de astronomia e referidos 

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.9 

 

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com  frequência  nas  obras.  Nesse  aspecto  identificou‐se:    Rodolfo  Langui6  ;  Daniel 

Longhini  7   e   Cristina Leite8.     Vale  ressaltar que  tanto Stephen Hawking, professor na 

Universidade  de  Cambridge  e  autor  de  “Uma  breve  história  do  tempo”,  livro  que  é 

bestseller  internacional, e quanto Carl Sagan que  foi professor de Astronomia e Ciência 

Espacial e dentre as  inúmeras contribuições na área da educação e da tecnologia, autor 

da  obra  “Cosmos”  em  livro  e  vídeo‐documentário,  ambos,  clássicos  dos  estudos  em 

astronomia, foram pouco utilizados nas referências das obras analisadas .  

 

Quadro  2.  Autor,  Referenciais  teóricos  em  tecnologia  em  educação  e  ensino  de astronomia 

Autor / Bibliografia 

Tecnologia  Astronomia 

Sobreira  não  Hawking 

Santos  não  não 

Dantas  não  Langui, Longhini, Hawking, C.Leite, Sagan 

Oliveira  não  Langui, C.Leite, Sobreira, Canalle, Amaral 

Andrade  não  Langui, Amaral 

Menezes  Levy, Kenski, Almeida, Silva e Vieira Pinto 

Longuini, Langhi, C.Leite, Bretones 

 

                                                            6    Tese  de  doutorado  sobre  educação  em  astronomia  para  o  Ensino  Fundamental.  É  professor assistente doutor do Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP/Bauru) desde 2012 e atua no Programa de Pós‐Graduação em Educação Para a Ciência da mesma universidade desde 2013. É sócio efetivo da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e da Sociedade Brasileira de Física (SBF). Desenvolve pesquisas, projetos e publicações na área de Educação em Astronomia,  Formação de Professores,  e Prática de Ensino de Ciências  e de  Física. Disponível  em:  < http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=C928149> Acesso em 27 mar 2014 7   Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia ( UFU) e do Programa de Pós‐graduação em Educação (PPGED‐UFU); coordena o GeeA ‐ Grupo de Estudos em Educação em Astronomia (www.geea.net.br). Tem experiência na área de Educação, atuando na formação de professores e no Ensino de Ciências, com ênfase em Física e Astronomia. Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4760380A4> Acesso em 27 mar 2014 8   Professora Dra do Instituto de Física da USP na área de Ensino de Física desde 2008. Orientadora no Programa de Pós‐graduação Interunidades em Ensino de Ciências da USP. Tem experiência na área de Educação, com ênfase no ensino de Física, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de astronomia, de ciências e de física; projetos de ensino e livro didático. Disponível em <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4761384H8> Acesso em 27 mar 2014 

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 ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO  Erica de Oliveira Gonçalves 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.10 

 

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Outro aspecto a ser identificado neste estudo foram as concepções de tecnologia, 

cibercultura e ciberespaço presentes nestas produções acadêmicas. Poucas referências a 

autores foram encontradas como mostra a tabela acima. Ao identificar apenas na obra de 

Menezes  (2011)  que  a  tecnologia  está  referenciada  com  base  em  autores  da  área,  o 

pesquisador  relaciona os diferentes  termos com os autores para  justificar a opção pela 

utilização do  termo  “recursos  computacionais” para  se  referir  a  tudo que  se  relaciona 

com computador e internet: 

NTIC ‐ novas tecnologias da informação e comunicação ‐ usada por Kenski; 

Novas tecnologias ‐ Lessaard e Tardif; 

TIC – tecnologias de informação e comunicação – usada por Almeida.  

Tecnologias Digitais – usada por Pais. 

TDIC – tecnologias digitais de informação e comunicação ‐ Marinho 

Embora o termo cibercultura apareça apenas uma vez em nota de rodapé com a 

referência a Silva  (2005), o autor defende a  importância do uso dos das  tecnologias no 

ensino de astronomia e apresenta diversos  recursos  computacionais de aprendizagem. 

Além disso, discute os equívocos nos livros de formação sobre astronomia, o despreparo 

dos professores e a falha na formação  inicial para o ensino de astronomia. Entre as seis 

obras  analisadas,  Menezes  (2011)  apresenta  os  pontos  de  contato  entre  o  uso  das 

tecnologias com o ensino de astronomia. 

Pensando  nos  pilares  deste  artigo:  o  ensino  de  astronomia  e  a  tecnologia  na 

educação,  Sobreira  (2005),  com  a  tese  sobre  a  inclusão  da  disciplina  Cosmografia 

Geográfica no curso de licenciatura em Geografia, refere‐se à tecnologia especificamente 

para a busca de informações e coleta de dados na internet e no google. Em Santos (2012), 

a  referência  à  tecnologia  está  justamente  em  descrever  a  análise  e  construção  de  um 

observatório  solar virtual bem como o  seu compartilhamento em ambientes virtuais. A 

ligação  com  o  ensino  de  astronomia  está  implícita  na  justificativa  desse  recurso 

tecnológico ao dizer que pode ser compartilhado com alunos do curso de graduação em 

Física,  pesquisadores  ou  futuros  docentes.  Já  Oliveira  (2012)  usa  a  palavra  “nova 

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 ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO  Erica de Oliveira Gonçalves 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.11 

 

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tecnologia” para se referir ao computador e aborda o planetário como “nova tecnologia 

mais  utilizada  para  ensino  de  astronomia”  (p.25). Andrade  (2012)  não  faz  referência  a 

autores que discutem tecnologia, porém, utiliza autores que usam recursos tecnológicos 

e mídias  para  o  ensino  de  Física.  Além  disso,  ao  longo  do  trabalho  indica  links  para 

trabalhar  com  hipertexto  e  programas  de  computador  para  o  ensino  de  astronomia. 

Dantas  (2012)  defende  a  formação  continuada  de  professores  para  o  ensino  de 

astronomia  nos  anos  iniciais  do  Ensino  Fundamental,  para  este  autor,  o  artefato 

tecnológico  se  resume  às  gravações  em  áudio  da  formação  continuada  descrita  na 

dissertação. Portanto, cinco das seis obras analisadas utilizam a palavra “tecnologia” ou 

“novas  tecnologias”  como  sinônimo  de  recursos  computacionais,  computador  ou 

informática.  

Neste aspecto  refletimos  sobre o conceito de  tecnologia proposto pelo  filósofo 

brasileiro  Álvaro  Vieira  Pinto  (2005),  que  discorre  em  sua  obra  “O  conceito  de 

Tecnologia”, sobre a complexidade de delimitação do conceito de tecnologia, pois este 

pode assumir diferentes significados. Para o autor, são quatro os sentidos mais utilizados 

para o conceito de  tecnologia. O primeiro é o sentido etimológico,  logos ou  tratado da 

técnica cuja  

teoria, a ciência, a discussão da técnica, abrangidas nesta última acepção as artes, as habilidades do fazer, as profissões e, generalizadamente, os modos  de  produzir  alguma  coisa.  Este  é  necessariamente  o  sentido primordial,  cuja  interpretação  nos  abrirá  a  compreensão  dos demais.(PINTO, 2005, p. 219)  

O  segundo  sentido  de  tecnologia  está  relacionado  ao  senso  comum,  o  sentido 

frequente e popular da palavra. Nesta dimensão tecnologia é entendida como sinônimo 

de técnica ou know how.  

Já  o  terceiro,  se  relaciona  com  o  conceito  popular  e  também  é  usado  com 

frequência  e  de  forma  generalizada.  Nesta  acepção,  tecnologia  é  entendida  como  o 

conjunto  de  técnicas  de  uma  determinada  sociedade,  em  acordo  com  a  sua  fase  de 

desenvolvimento  histórico  (VIEIRA  PINTO,  2005,  p.  220).  Para  o  autor:  “A  importância 

desta  acepção  reside  em  ser  a  ela  que  se  costuma  fazer menção  quando  se  procura 

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X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.12 

 

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referir ou medir o grau de avanço do processo as  forças produtivas de uma sociedade. 

(ibidem, p.220)” 

A  quarta  e  última  acepção,  também  relacionada  à  terceira,  é  o  conceito  de 

tecnologia em sua dimensão ideológica. Esta acepção é revestida de “importância capital, 

ideologização da técnica” ou “ideologia da técnica” (Id. p.220).  

Em nossa análise, um dos trabalhos  identificados sobre fatores que  influenciam o 

uso dos recursos computacionais por professores ao ensinar astronomia está Leonardo 

Donizette  de  Deus Menezes  (2011).  Ele  teve  a  sua  formação  inicial  em Matemática  e 

Biologia, com Pós‐Graduação em Educação9 pela Universidade Federal de Uberlândia e foi 

orientado  por  Marcos  Daniel  Longhini  que  está  entre  os  autores  referenciados  nas 

pesquisas em ensino de astronomia. O autor aponta as características e diferenciações da 

técnica (comportamento humano) e da tecnologia (quando tem a mediação da máquina) 

em forma de uma grande citação de um trecho do livro de Vieira Pinto (2005) porém não 

discorre sobre o assunto. E, portanto, para entender melhor essa distinção, 

Dissemos  que  o  termo  “tecnologia”  significa  também  o  conjunto  das técnicas existentes em uma dada sociedade, em certo momento de sua história.  Nenhuma  sociedade  apresenta  uma  superfície  uniforme  no progresso tecnológico. (PINTO, 2005, p.332)  

Ou  seja,  para  Vieira  Pinto  (2005)  a  técnica  é  imanente  à  humanidade  pela 

capacidade  de  produzir  e  inventar  meios  artificiais  de  solucionar  problemas.  Já  a 

tecnologia,  ciência  da  técnica,  surge  como  exigência  social.  Se  o  desenvolvimento 

científico vem com o domínio e a posse dos instrumentos e materiais indispensáveis para 

se chegar a uma nova realização, de outro lado, a exigência social incentiva e resulta nas 

inovações tecnológicas. 

Mesmo  tendo  a  tecnologia  como  palavra‐chave  na  busca  do  portal  do  BDTD, 

apenas  um  autor  (MENEZES,  2011)  utiliza  o  conceito  de  tecnologia,  recorrendo  a 

estudiosos da área. Cabe destacar que sse critério de busca amplia o alcance e seleciona 

todos  os  trabalhos  que  se  aproximam  da  palavra.  Assim,  em Oliveira  (2010),  (Dantas, 

                                                            9  Importante lembrar que apenas dois trabalhos entre os seis eram de Programas de Pós Graduação em 

Educação conforme a análise proposta para este artigo. 

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 ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO  Erica de Oliveira Gonçalves 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.13 

 

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2012), (Sobreira, 2005), Santos (2012) e Andrade (2012), o assunto “tecnologia” perpassa 

as ideias das obras, porém não aprofundam o conhecimento. 

Da mesma forma acontece em relação às palavras “cibercultura” e “ciberespaço”. 

Somente  na  dissertação  de Menezes  (2011),  verificamos  que  foi  utilizada,  porém,  de 

forma  bastante  tímida  e  superficial.  Cibercultura  aparece  apenas  uma  vez  em  nota  de 

rodapé ao explicar sobre a inclusão da internet nas escolas sob pena de “exclusão social 

ou exclusão da cibercultura”(MENEZES, 2011, p.43)  

Segundo  Silva  (2005),  Cibercultura  quer  dizer:  modos  de  vida  e comportamentos  assimilados  e  transmitidos  na  vivência  histórica  e cotidiana  marcada  pelas  tecnologias  informáticas,  mediando  a comunicação e a informação via internet. (MENEZES, 2011, p.43). <citação da nota de rodapé>  

 Já a palavra Ciberespaço é brevemente citada como elemento potencializador de 

novas aprendizagens, porém,  sem  referência a autores ou notas explicando  significado 

do termo. Com isso, é preciso recorrer aos autores que discutem o termo para entender 

as palavras  cibercultura e  ciberespaço. Para Pierre Levy e André Lemos  (2010, p.21‐22), 

cibercultura é  

é o conjunto tecnocultural emergente no final do século XX impulsionado pela sociabilidade pós‐moderna em sinergia com a microinformática e o surgimento das redes telemáticas mundiais; uma forma sociocultural que modifica  hábitos  sociais,  práticas  de  consumo  cultural,  ritmos  de produção  e  distribuição  da  informação,  criando  novas  relações  no trabalho  e  no  lazer,  novas  formas  de  sociabilidade  e  de  comunicação social.  

Nesse sentido, a cibercultura  faz parte também das salas de aula e dos assuntos 

que  incitam  a  educação  de  maneira  geral.  Se  vivemos  em  uma  sociedade  que  está 

impregnada pela tecnologia, em especial as tecnologias digitais, mesmo aqueles que não 

têm acesso diretamente à  internet, por exemplo, passam fazer uso desses instrumentos 

tecnológicos em suas práticas cotidianas ao acessar terminais de bancos, supermercados, 

celulares, entre outros. Assim, 

Esses  usos  permitem  aos  sujeitos  a  incorporação,  a  criação  e  a modificação das práticas sociais, econômicas, culturais, educacionais, não previstas.  […] Ao mesmo  tempo em que os  instrumentos  tecnológicos passam a ser  incorporados às práticas sociais, esses usos modificam os 

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 ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO  Erica de Oliveira Gonçalves 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.14 

 

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próprios  sujeitos,  pois  os  usuários  das  tecnologias  digitais  no  seu  uso, ressignificam, adaptam os esquemas mentais de uso de um  instrumento a outro e desenvolvem esquemas mentais. (BORGES, 2007)  

Denominado “gênese instrumental” por Pierre Rabardel (2011), nesse processo de 

instrumentação, o sujeito, ao usar o instrumento tecnológico, atribui a ele propriedades e 

funções  não  previstas  pelos  criadores.  E,  em  decorrência  disso,  o  sujeito  também  se 

modifica  na medida  em  que  se  adapta  e  se  atualiza,  criando  esquemas mentais  que 

enriquecem o próprio  sujeito.  Trata‐se de  uma  relação bilateral  em que o homem  cria 

recursos  para  facilitar  sua  vida  e  como  consequência,  sofre  alterações  de 

comportamentos e valores ao criar diferentes exigências e necessidades. E é nesse fluxo 

que  se  transporta  as  TDIC  nas  práticas  pedagógicas  cotidianas  e  na  educação,  em 

especial, na educação em astronomia que é a espinha dorsal deste artigo. 

Já o termo ciberespaço, a autora Lucia Santaella ( 2004, p. 40) “Consiste de uma 

realidade  multidirecional,  artificial  ou  virtual  incorporada  a  uma  realidade  global, 

sustentada  por  computadores  que  funcionam  como  meios  de  geração  e  acesso” 

(SANTAELLA,  2004,  p.40).  De  modo  bastante  simplificado,  entende‐se  que  tanto  a 

cibercultura quanto o ciberespaço são  termos que vêm  tomando proporção e  invadem 

também os espaços da educação. Nesse sentido é  importante delinear a  importância da 

abordagem ao falar de tecnologias, sobretudo as digitais, de informação e comunicação. 

 Dessa  forma, os  conceitos de  cibercultura e  ciberespaço  atravessam e  circulam 

nas  obras  analisadas.  Todos  os  autores10  de  certa  forma  abordaram  o  tecnologia, 

ciberespaço e a cibercultura, sem, no entanto, discorrer conceitos em torno da temática. 

Entendemos  que  devido  à  complexidade  e  amplitude  dos  temas  abordados,  os 

pesquisadores  tiveram  a  necessidade  de  escolher  alguns  dentre  os  vários  aspectos 

relacionadas  à  produção  do  conhecimento  científico  para  o  desenvolvimento  das  

intervenções e análises pesquisadas. 

                                                            10   Andrade (2012) discorre sobre astronomia como tema motivador para o ensino de física no Ensino Médio;  Menezes  (2011),  Tecnologia  no  ensino  de  astronomia  na  formação  de  professores;  Oliveira (2010)Astronomia e multimídia: a construção da exposição virtual; Dantas  (2012)Formação continuada de professores de  ciências para o ensino de  astronomia nos Anos  Iniciais do Ensino  Fundamental; Sobreira (2005)Astronomia no ensino de geografia; e Santos (2012)Compartilhamento de informações em ambientes virtuais do observatório solar. 

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 ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO  Erica de Oliveira Gonçalves 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.15 

 

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Assim,  pode‐se  pensar  na  educação  e  na  mediação  do  professor  no  uso  dos 

recursos  computacionais,  do  ciberespaço  e  dos  ambientes  virtuais  de  aprendizagem 

como elemento necessário e participante do processo educativo. 

Diante do exposto, as análises das produções selecionadas pelo Banco Digital de 

Teses e Dissertações pelas palavras‐chave “ensino”, “astronomia” e “tecnologia” revelou 

pontos de contato entre si. Foi possível perceber que em todas elas houve referência a 

importância do ensino de astronomia nas diferentes áreas do conhecimento, sejam elas, 

engenharia,  física,  pedagogia,  geografia  e  ciências.  Dentre  justificativas  de  larga 

relevância  para  a  ciência  e  para  a  educação  de maneira  geral  o  tema  da  formação  de 

professores com a temática tangenciou as obras, mesmo que mais aprofundada em umas 

e de forma superficial em outras. Quanto ao conceito de tecnologia, o destaque foi para o 

uso dela como  instrumento metodológico e artefato cultural. Nesse sentido, foi possível 

observar  o  encontro  e  a  aderência  do  ensino  de  astronomia  com  as  tecnologias  e  as 

lacunas de pesquisas com as temáticas discutidas neste artigo.  

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A  convergência  dos  eixos  principais  propostos  nessa  pesquisa,  ensino  de 

astronomia  e  tecnologia,  é  preciso  levar  em  conta  as  tecnologias  de  informação  e 

comunicação,  sobretudo  as  digitais.  As  pesquisas  analisadas  revelam    mediações 

docentes  e  práticas  pedagógicas  especialmente  para  o  ensino  e  a  aprendizagem  das 

novas gerações, consideradas por Marc Prensky11 como nativos digitais. Termo cunhado 

para  descrever  as  crianças  que  usam  boa  parte  do  seu  tempo  com  mensagens 

instantâneas,  jogos  eletrônicos,  navegação  na  internet,  download  de  músicas  e 

documentos pela web, envio de e‐mails, além de assistir programas de  televisão como 

séries,  desenhos  e  novelas.  Salientamos  que  esta  classificação  elaborada  por  Prensky, 

pode  ser  relativizada, pois a  familiaridade e apropriação das TDIC pelos  sujeitos, não é 

apenas uma questão de  idade, mas de acesso e uso destas  tecnologias. Entretanto, ela 

nos ajuda a refletir sobre os sujeitos da atualidade e seus processos de aprendizagem. 

                                                            11  Entrevista à Revista Época (2010) “MarckPrensky: O aluno virou especialista”. 

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 ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO  Erica de Oliveira Gonçalves 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.16 

 

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Nessa  perspectiva  de  mídias  digitais,  os  vídeos  e  os  ambientes  virtuais  de 

aprendizagem permitem situações de produção de conhecimento dada as possibilidades 

comunicativas  e  a  facilidade  de  acesso  às  informações,  além  de  favorecer  a 

interdisciplinaridade  dos  conteúdos.  É  inegável  que  a  informática  e  a  conectividade 

alteraram os  rumos da  sociedade  (LEVY,  1999) e essa configuração dita  tecnológica ou 

digital proporciona maior interação entre pessoas e tecnologias, principalmente entre as 

crianças  e  jovens  contemporâneos,  que  pensam  e  aprendem  de  forma  diferente,  que 

ressignificam  o modo de  produção  do  conhecimento  e  interação  com  o outro  em  um 

ambiente digital, espaço multifacetado de informações e interações.   

Embora muitas  pesquisas  abordem  as  TDIC  nas  dissertações  e  teses,  pouco  se 

discute acerca dos pilares que constituem esse artigo. E, ao contrário do que se esperava, 

os conceitos e referências no campo das Tecnologias de Informação e Comunicação não 

foram uma preocupação demonstrada pelos autores das teses e dissertações analisadas 

O que se viu foi uma forte referência a nomes de teóricos  ligados à astronomia, física e 

ciências diretamente para discutir temas como metodologia de ensino prática. Propostas 

didáticas  sobre conceitos básicos de astronomia presentes nos currículos educacionais, 

tanto em espaços considerados formais e não formais de aprendizagem emergiram nas 

obras pesquisadas e ainda apresentaram algum assunto relacionado a currículo. 

A  lacuna  existente  neste  campo  de  investigação  se  revela  na minimização  dos 

estudos  das  áreas  de  ensino  de  astronomia  e  da  tecnologia,  embora  presente  no 

cotidiano e que pode ser aprofundado nas escolas deste a mais tenra idade.  

A dificuldade de encontrarmos pesquisas que nos  remetam diretamente a tríade 

astronomia, ensino e tecnologia evidencia a necessidade de mais estudos na área, dada a 

relevância  e  abrangência  que  conectam  as  tecnologias  digitais  de  informação  e 

comunicação nos diversos campos de  saberes, entre eles, da astronomia. Deste modo, 

acredita‐se que a presente investigação pode contribuir para reflexão e aprofundamento 

das  discussões  sobre  a  astronomia,  educação  e  Tecnologias  Digitais  e  Informação  e 

Comunicação (TDIC).  

 

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 ASTRONOMIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS : SIGNIFICADOS PARA/NA EDUCAÇÃO  Erica de Oliveira Gonçalves 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.17 

 

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REFERÊNCIAS 

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