associação brasileira de angus - 50 anos além das porteiras

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Porto Alegre

APoio culturAl

2013

50 anos além das porteiras

Page 6: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

Expediente

Coordenação: Juliana Brunelli de Moraes

Edição: Visual Agência | Comunicação e Design e

Cartola - Agência de Conteúdo

Edição: Márcia Schuler (MTb 16.266) e Sebastião Ribeiro (MTb 11.009)

Pesquisa e redação: Márcia Schuler

Revisão: Simone Diefenbach Borges

Projeto gráfico: Ulisses Romano

Diagramação: Taiguara Castro e Ulisses Romano

Capa: Arthur Kolbetz e Vini Albernaz

Fotos: Eduardo Rocha e Fagner Almeida(51) 3223 4177

www.visualagencia.com.br(51) 3377 5341

www.cartolaconteudo.com.br

Largo Visconde do Cairu 12 - Sala 901 - CEP 90030 - 110Centro - Porto Alegre/RS - Fone: (51) 3328 9122

www.angus.org.br - [email protected]

Page 7: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

Nas páginas a seguir, estão registrados 50

anos de conquistas. São décadas de desen-

volvimento de uma raça fomentada pela

luta de homens e mulheres que viram o

potencial da Aberdeen Angus no Brasil.

Fertilidade, longevidade, precocidade, rus-

ticidade, habilidade materna e qualidade

da carne foram algumas das características

que, já na primeira metade do século XX,

chamaram a atenção dos criadores brasilei-

ros e, em 1963, culminaram na fundação da

Associação Brasileira de Angus. A paixão

despertada pela raça foi o pontapé inicial

para o surgimento da entidade, mas sua

produtividade e eficiência como negócio

são o que a mantêm e fazem com que o

crescimento seja constante - e o futuro,

promissor. Em 2013, a Associação Brasileira

de Angus comemora seu cinquentenário, e

parte de suas memórias está aqui registra-

da. As histórias são contadas a partir das

lembranças dos presidentes que estiveram

à frente da Associação em cada período,

ou por seus familiares, que acompanharam

de perto as atividades da Angus Brasil.

Documentos históricos, como as atas de

assembleias e reuniões, bem como jornais

da época, também compuseram a pesquisa

e ajudaram a reconstruir um pouco do que

aconteceu neste meio século de existência e

a prever o sucesso dos anos que virão.

Apresentação

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A Fundação

1963-1965I P. 18

Embaixadores do Angus

1965-1969II P. 28

Controle para crescer

1969-1972III P. 40

A força política da Angus

1972-1974IV P. 50

Cruzamento e seleção

1974-1978V P. 62

A Associação tem que crescer

1978-1980VI P. 74

Integração em nome da pecuária

1980-1982VII P. 84

Integração e intecâmbio

1982-1984VIII P. 92

Juventude e inovação

1984-1988IX P. 102

A origem

Introdução

P. 10

Page 9: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

Consolidação da raça

1988-1992X P. 112

Cruzando fronteiras

1992-1994XI P. 122

De olho na marca

1994-1996XII P. 132

Transição e crescimento

1996-1998XIII P. 140

Estruturar a Angus Brasil

1998-2002XIV P. 148

Foco na carne

2002-2004XV P. 158

Coragem para mudar

2004-2008XVI P. 166

A Angus encontra seu lugar

2008-2010XVII P. 176

Consolidação do caráter nacional

2010-2014XVIII P. 186

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1963 1966 1969 1972 1974

No dia 20 de setembro,

criadores se reúnem para

uma assembleia no Hotel

Glória, em Uruguaiana

(RS). É o começo oficial

da Associação Brasileira

de Aberdeen Angus

Em maio, é realizada a

1ª Exposição de Rústicos

Aberdeen Angus, no

Sindicato Rural de

Uruguaiana (RS)

Os animais Puros de Pedigree

(hoje Puros de Origem,

PO) nascidos a partir de 1º

de novembro de 1969 são

submetidos ao Controle de

Performance – era o início do

serviço que se transformaria no

Controle de Desenvolvimento

Ponderal

Neste ano, a exposição

de Esteio se torna inter-

nacional, e a Angus já

estava presente, reali-

zando a primeira assem-

bleia em seu estande no

parque

Ano em que se oficializa

o serviço de controle de

gado puro por cruza

O escocês Bob Adam era

considerado o papa da genética

Angus. Convidado pela

Associação Brasileira de Angus,

o especialista veio ao Brasil

para ser jurado na exposição do

Menino Deus

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6 Associação Brasileira de Angus

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1979 1983 1989 1994 1995

É criado o primeiro

núcleo da Associação,

o Núcleo Regional do

Centro-Sul de Criadores

de Aberdeen Angus, pre-

sidido por Carla Sandra

Staiger Schneider

Investimento total nas

exposições regionais: a

1ª Feira de Rústicos em

Guaíba (RS) acontece

nesse ano

Em junho, o 1º Congresso de

Aberdeen-Angus reúne em Porto

Alegre mais de 300 criadores do

Rio Grande do Sul, Paraná, São

Paulo e Mato Grosso

A Angus chega com força

ao Paraná: pela primeira

vez, a raça participa da

Exposição de Londrina

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ia A Associação obtém o

registro do nome “Angus, a

raça completa” no Instituto

Nacional da Propriedade

Industrial (INPI)

50 Anos 7

Page 12: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

A sede da Associação

sai de Uruguaiana e

passa a funcionar no

estande da entidade no

Parque de Exposições

de Esteio (RS)

A Angus Brasil transfe-

re sua sede para Porto

Alegre, temporariamen-

te para um casarão na

rua Luciana de Abreu.

Em seguida, se muda

para uma sala na ave-

nida Carlos Gomes

Acontece o lançamento

oficial do Programa Carne

Angus Certificada, inicia-

tiva que integra a cadeia

produtiva da carne

A diretoria determina

que os animais sejam

tosados antes de entrar

em pista, para evitar

que eventuais defeitos

sejam “camuflados”

pela pelagem

A Angus participa pela

primeira vez de um julga-

mento de classificação na

Feicorte, em São Paulo

1997 1999 2000 2003 2005

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8 Associação Brasileira de Angus

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A Associação compra

uma sede própria em

Porto Alegre, no Largo

Visconde do Cairu

O Congresso Brasileiro

de Angus reúne pales-

trantes internacionais e

criadores de todo o país

para discutir os rumos

da raça

Entre as muitas conquistas

deste ano, está o fato de que

o Fazenda Barbanegra, em

Porto Alegre (RS), se tornar

o primeiro restaurante 100%

Angus do Brasil

É lançada a primeira

edição do Anuário da

Associação Brasileira

de Angus

2006 2008 2010 2012 2013

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Em outubro, é realizada

a 1ª Exposição Nacional

de Rústicos Angus,

paralelamente à Exposição

Agropecuária de Alegrete (RS)

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Page 16: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

história da Aberdeen An-

gus começou a ser escrita

na Escócia, em 1862,

quando o primeiro bovino da raça

foi registrado. A linhagem, porém,

se definira anos antes, com a cru-

za de um gado mocho do condado

escocês de Aberdeen com outro,

também sem aspas, do condado

de Angus. De lá, a genética se

espalhou pelo mundo. Em seguida,

países como Nova Zelândia, Cana-

dá e Estados Unidos já contavam

com exemplares da raça, que logo

chegaria também ao Brasil.

Aqui, o começo oficial da

trajetória da Aberdeen Angus foi

marcado por um nome: Menelik, o

primeiro reprodutor da raça regis-

trado pela Associação Nacional

de Criadores Herd-Book Collares

(ANC), em 1906. Criado por Felix

Buxareo y Oribe, o animal foi im-

portado do Uruguai por Leonardo

Collares Sobrinho, de Bagé (RS).

Como bem aponta a ANC,

responsável pelo Serviço de Regis-

tro Genealógico (SRG), também

houve inscrições em outro serviço,

criado pelo governo do Rio Grande

do Sul poucos meses depois do

Herd-Book Collares. Nesse, o pri-

meiro inscrito foi o touro Locksley,

nascido em 31 de julho de 1905,

também importado do Uruguai,

mas não há mais detalhes sobre

sua procedência. O reprodutor foi

inscrito no livro dos Polled Angus,

denominação usada para a raça na

época – o que faz com que, ainda

hoje, seja conhecida como “polian-

go” em algumas regiões.

A raça começou engatinhan-

do, e em 1906 Menelik foi o único

animal Puro de Origem registrado

no Herd-Book brasileiro. Depois,

só houve inscritos em 1913 – um

macho e uma fêmea. No ano se-

guinte, quando sete animais foram

inscritos, cinco matrizes foram im-

A origemNo início da década de 1960, jovens criadores gaúchos

se reuniam para dar início à Associação Brasileira de Angus

A portadas da Inglaterra, e ainda em

1914 o primeiro produto nacional,

“São Paulo” HBB 9, foi comprado

no ventre pelo Visconde Ribeiro

de Magalhães. Mas foi em 1937

que o número de registros deu um

salto, chegando a 306, uma marca

expressiva em comparação aos 13

do ano anterior. Coincidindo com a

fundação da Angus Brasil, o ano de

1963 registrou o maior número de

bovinos da raça até então: 1.362.

Os números mostram o cresci-

mento da Aberdeen Angus e são

proporcionais ao interesse que a

raça vinha despertando nos cria-

dores. As qualidades da genética já

chamavam a atenção de pecuaris-

tas brasileiros, especialmente da-

queles cujas propriedades ficavam

na fronteira do país, suscetíveis à

influência dos vizinhos Uruguai e

Argentina, onde a criação da raça

já estava difundida – os primeiros

registros nessas nações ocorreram

em 1888 e 1879, respectivamente.

Características como precocidade,

fertilidade, rusticidade, facilidade

de parto, habilidade materna e,

mais tarde, qualidade da carne

aumentaram o interesse dos brasi-

leiros e fomentaram a paixão que

se tornaria a criação de Angus.

Foi nesse contexto que, no co-

meço da década de 1960, um gru-

po de pecuaristas de Uruguaiana,

município do pampa gaúcho deli-

mitado por Argentina e Uruguai,

começou a se articular para reunir

os admiradores da Aberdeen An-

gus. Era o embrião da Associação

Brasileira de Angus (Angus Brasil).

O grupo tinha uma missão:

cativar criadores e fazê-los com-

preender a importância de se

unirem em prol da raça. Antonio

Martins Bastos Filho, um dos

fundadores, que mais tarde se

tornaria presidente da entidade,

recorda as inúmeras discussões

12 Associação Brasileira de Angus

Page 17: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

No Brasil, o primeiro reprodutor Angus, Menelik, foi registrado em 1906

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entre os jovens Flavio Bastos Tel-

lechea, Luís Flodoardo Silva Pinto

e Carlos Marsiaj, que se reuniam

para organizar a estrutura da

Associação. Antoninho, como é

conhecido, identifica um ponto

em comum entre os quatro: eram

representantes da nova geração de

famílias tradicionais na agropecu-

ária rio-grandense e assumiam os

negócios que eram de seus pais –

estavam em busca de novas ideias.

Os encontros preliminares

foram, muitas vezes, sediados no

escritório de remates Trajano Silva

e Hermes Pinto, na esquina das

ruas 7 de Setembro e Santana, em

Uruguaiana (RS). As articulações,

no entanto, não se deram apenas

nas reuniões oficiais. Situações in-

formais, jantares, almoços, rema-

tes, eventos nas cidades vizinhas,

em tudo se via oportunidade para

falar de Angus. O trabalho árduo

deu frutos e segue fomentando

a raça que hoje se situa entre as

maiores do Brasil.

A fundação da Associação

Brasileira de Angus, em 1963, foi

um marco para a raça no país.

Na representatividade que a enti-

dade tem atualmente, com mais

de 534.440 bovinos inscritos no

SRG, está refletida uma trajetória

de 50 anos de luta, superação e

paixão. A história da Angus Brasil

é, primordialmente, uma história

de pessoas que acreditaram no

potencial de uma raça e se dedi-

caram para fazê-la crescer. Essa

dedicação se concretiza nesse

meio século de conquistas, conta-

do nas páginas a seguir. Angus campeões da Exposição do Menino Deus de 1959 (na foto de cima, com Antonio Martins Bastos Filho) e de 1960

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Os Estados Unidos foram um dos países onde a Aberdeen Angus se difundiu rapidamente. Na foto, um rebanho da raça em março de 1958

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Flavio Bastos Tellechea

DiretoriaPresidente: Flavio Bastos Tellechea

Vice-presidente: Antônio Augusto Silva

1º secretário: Antonio Martins Bastos Filho

2º secretário: Wilson Pombo Dornelles

1º tesoureiro: Luís Flodoardo Silva Pinto

2º tesoureiro: José Fagundes

1963 1965

m dia, Alfeu Fleck, pe-

cuarista de Alegrete, no

interior do Rio Grande

do Sul, se deparou com um cami-

nhão cheio de novilhas Aberdeen

Angus prenhas em frente à sua

propriedade. Era um presente do

veterinário Flavio Bastos Telle-

chea, que não admitia que um

criador daquele porte se focasse

em outras raças, sem conhecer as

vantagens da Angus.

A vontade de ver a raça crescer

no Brasil e a paixão com que fazia

isso eram tão grandes que situ-

ações como essa não eram raras

para Flavio. Se criava um bom

reprodutor, dava o sêmen para que

outros pecuaristas incrementassem

seus plantéis. Na Cabanha Pai-

neiras, da qual foi administrador,

sempre se preocupou em vender

os melhores animais.

Essa determinação em fomen-

tar a genética é uma das carac-

terísticas mais marcantes da bio-

grafia e das gestões de Flavio na

Associação e, por isso, para contar

a história da raça e da entidade,

é preciso conhecer a trajetória do

uruguaianense e da Paineiras.

O pai do pecuarista, João

Francisco Tellechea, adquiriu a

propriedade com porteira fechada

em 1942 de Baldomero Barbará,

já com um plantel de Aberdeen

Angus que o antigo proprietário

formara em 1915, sendo um dos

primeiros do país. A Paineiras

também foi pioneira na seleção

de Red Angus no Brasil, quando,

no início da década de 1960, co-

meçou a selecionar animais da

linhagem.Formado em veterinária

na Universidade Federal do Rio

Grande do Sul e especializado em

zootecnia na Argentina, Flavio

assume a empresa rural em 1953.

Em 1955, casa-se com Lila Franco,

com quem terá quatro filhos que

perpetuarão a tradição do campo

na família: Flavio Antonio Franco

Tellechea – o Neco, que também

passaria pela presidência da Asso-

ciação –, Maria da Glória, Maria

Izabel e Mariana.

Nessa época, se tinha o costume

de fazer comida para os animais.

O preparo começava ainda de ma-

drugada, por volta das 4 horas, em

tonéis que cozinhavam em fogo de

chão. Mas a mistura fazia com que

os touros inchassem, e os cabanhei-

ros, sob a luz da lanterna de Flavio,

levavam latas de azeite para dar aos

animais e fazer o inchaço diminuir.

Participar ativamente da roti-

na da propriedade fez com que o

veterinário desenvolvesse outra

característica da

qual os filhos,

especialmente,

se lembram com

carinho. Muitas

vezes, ao chega-

rem de carro na

cabanha, Flavio

avistava de longe

uma vaca e dizia seu nome. Os

filhos não acreditavam na boa

memória do pai e saíam correndo

para conferir. Se impressionavam:

ele sempre acertava.

Os anos de dedicação do vete-

rinário e a sua memória seguem

vivos na casa, onde tudo é prêmio

e remete à raça – a xícara em que o

café é servido, a bandeja que a car-

rega, os utensílios que enfeitam as

estantes. A trilha de distinções leva

ao verdadeiro templo: a sala dos já

incontáveis troféus da cabanha.

Biografia do presidente

Comecei minha cabanha de Angus aos 12 anos – com

uma vaca vermelha, porque eu era colorada fanática

– em um remate na Paineiras que caiu no dia do

meu aniversário. A presença da raça foi constante na

nossa vida, e é por isso que eu tenho certeza: a Angus

vai fazer parte da família por muitas gerações.

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Mariana Tellechea

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clima era de festa naquele

20 de setembro de 1963,

quando o Rio Grande do

Sul, mais uma vez, comemorava

sua Revolução Farroupilha. Em

Uruguaiana, não era diferente.

Mas nesse dia, além das festivida-

des habituais na cidade da fron-

teira oeste do estado, uma nova

tradição tomava forma. Na esqui-

na das ruas Domingos de Almeida

e Santana, no Hotel Glória, cerca

de 50 pecuaristas começavam a

construir a trajetória de uma raça

até então pouco conhecida no

país. Criava-se a Associação Bra-

sileira de Aberdeen-Angus, hoje

Associação Brasileira de Angus.

Os homens passaram pela

porta de vidro, atravessaram o hall

e subiram o lance de escadas para

chegar ao restaurante do hotel,

improvisado como auditório para a

ocasião. Lá, encontraram as cadei-

ras enfileiradas, viradas para uma

mesa grande onde se sentaria a

O

A fundaçãoUma assembleia no tradicional Hotel Glória, em Uruguaiana,

oficializou a criação da Associação no dia 20 de setembro de 1963

primeira diretoria da Associação,

que teve como presidente o veteri-

nário Flavio Bastos Tellechea, um

dos principais articuladores para a

formação da entidade.

Já pensando no futuro da

raça, Luís Flodoardo Silva Pinto

sugeriu que a entidade se cha-

masse Associação Brasileira de

Aberdeen-Angus, para lhe atri-

buir, desde o início, um caráter

nacional, ainda que a maior parte

dos criadores de Angus na época

se encontrasse no Rio Grande do

Sul. Na assembleia, os pecuaris-

tas também discutiram qual seria

o local ideal para sediar a Asso-

ciação. Optaram por Uruguaiana,

município que concentrava o

maior número de criadores.

Foi aí que a Angus Brasil pas-

sou a funcionar em uma sala no

escritório da Cabanha São Bibia-

no, do também fundador Antoni-

nho. Na sala de aproximadamente

5 m² localizada no número 1851

da rua 7 de Setembro, o contador

do escritório, Benedito Ferrareli,

também fazia as vezes de funcio-

nário da Angus, sendo responsável

pelas atas e por toda a estrutura

administrativa da Associação.

A prévia do estatuto da en-

tidade tinha sido estabelecida

algumas semanas antes, no dia 1º

de setembro, quando um grupo se

reuniu em Porto Alegre para estru-

turar o que seria apresentado na

assembleia de fundação. Os asso-

ciados decidiram que aqueles que

solicitassem ingresso antes da 1ª

Assembleia Geral Ordinária, que

se realizaria no ano seguinte, na

27ª Exposição Estadual de Ani-

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Os filhos de Flavio Tellechea, dedicação passada por gerações: Flavio

Antonio, o Neco, Mariana, Maria da Glória e Maria Izabel, na Paineiras

22 Associação Brasileira de Angus

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Na Exposição do Menino Deus de 1965, Jemore 29 de Paineiras foi o Grande

Campeão. Na foto, Carlos Staiger, João Tellechea, Carla Staiger, compradora

do touro, Carlos Guerreiro, Lila e Flavio Tellechea

mais e Produtos Derivados, seriam

considerados sócios-fundadores.

José Collares, da ANC, foi nomea-

do sócio honorário pelos serviços

prestados em prol da raça – antes

de a Angus Brasil ser fundada, o

próprio Collares muitas vezes fez o

trabalho de campo para realizar os

registros dos animais.

Como previsto, ainda que com

público reduzido, a Assembleia se

realizou no ano seguinte na Expo-

sição, que na época acontecia no

Parque Menino Deus, no bairro de

mesmo nome na capital gaúcha, e

era o principal acontecimento do

ano para a Associação e para os

criadores. Muitas famílias se des-

locavam de trem de Uruguaiana

a Porto Alegre. Como a viagem

levava o dia todo, os passageiros

dormiam em cabines nos vagões.

A semana de Exposição era como

férias para os filhos dos criadores,

e o estande da entidade no parque

ainda era pequeno, descrito por

muitos como “um quadradinho”,

mas já funcionava como ponto de

encontro dos criadores – não ape-

nas de Angus – no final da tarde.

A primeira gestão de Flavio

terminou em 21 de outubro de

1965, quando Antoninho foi eleito

presidente. É importante destacar

que, nos primeiros anos da entida-

de, independentemente do cargo,

as atividades muitas vezes eram

feitas em conjunto pelos membros

da diretoria – de representações

em eventos a negociações.

Visão geral da Exposição do Menino Deus em 1960

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Antonio Martins Bastos Filho

DiretoriaPresidente: Antonio Martins Bastos Filho

Vice-presidente: Luís Flodoardo Silva Pinto

Secretário: Carlos Eugênio Marsiaj

2º secretário: Sany Fontoura Silva

Tesoureiro: Flavio Bastos Tellechea

2ª tesoureira: Carla Sandra Staiger

1965 1969

ntonio Martins Bastos

Filho, o Antoninho, é his-

tória viva quando o tema

é Associação Brasileira de Angus.

Um dos principais articuladores,

fundador e participante ativo de

todas as gestões, o criador natural

de Uruguaiana confunde sua pró-

pria trajetória com a da entidade.

E não é à toa – sua cabanha, a São

Bibiano, tem 70 anos de tradição

de Angus. O pai, Antonio Martins

Bastos, adquiriu os primeiros exem-

plares da raça em 1943. Ele havia

fundado a São Bibiano em 1926,

quando se casou com Leonor Bení-

cio, unindo as terras das duas fa-

mílias. Com vocação de cabanheiro

e fã de gado de registro, o criador

frequentava as exposições de ani-

mais em Montevidéu e Palermo e

já acompanhava o crescimento da

Aberdeen Angus na região.

O ex-presidente da Angus Brasil

seguiu naturalmente os passos do

pai, assumindo a administração

do estabelecimento em 1960, logo

após se formar em veterinária.

Desde lá, a criação da raça britâ-

nica era uma paixão. Antoninho

foi jurado em julgamentos interna-

cionais – Escócia, Estados Unidos,

Argentina –, viajou

o mundo para di-

fundir a Aberdeen

Angus e, sempre

que possível, exalta

as qualidades da

genética. Quando

alguém quer saber

sobre a raça ou sobre a associação,

os criadores não têm dúvidas: “O

Antoninho pode contar essa histó-

ria” é a frase recorrente. A paixão

pela vida rural, a exemplo da dedi-

cação à Aberdeen Angus, também

está no sangue, e cinco gerações de

campo antecederam Antoninho.

Biografia do presidente

Minha vida toda foi no campo,

e vou morrer assim.

A

30 Associação Brasileira de Angus

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Embaixadoresdo Angus

Nos primeiros anos da Associação, o contato constante com

criadores de outros países impulsionou o desenvolvimento da raça

a metade da década

de 1960, o intercâm-

bio entre os diferentes

países com criação de Angus era

intenso. Os membros da diretoria

da Associação viajavam o mundo

trocando experiências com outros

pecuaristas. Antoninho descreve

a atuação da Associação na época

como de “embaixadora do Angus

brasileiro”. E foi dessa troca que

surgiu a ideia de realizar uma

exposição de outono da raça. Na

Argentina, isso já era rotina, e os

resultados obtidos eram bastante

satisfatórios.

Essa experiência culminou, em

8 de maio de 1966, na 1ª Exposi-

ção de Rústicos Aberdeen Angus,

realizada no Sindicato Rural de

Uruguaiana. O Suplemento Rural

do jornal Correio do Povo de 13 de

maio daquele mesmo ano diz que

a característica mais importante do

evento foi o predomínio numérico

de ventres a machos. “Depois da

terrível seca que assolou a nossa

fronteira, a procura por bons ven-

tres é uma constante em todo mer-

cado gadeiro”, afirma a publicação.

Graças ao número e à excelente

qualidade dos animais inscritos, o

jornal também previa “um grande

sucesso para esse certame”, o que,

de fato, se confirmou.

Foi nesse certame que se fir-

mou uma medida que seria essen-

cial para a difusão da raça: todos

os animais expostos tinham de ser

comercializados. Abrir uma con-

corrência fazia com que os criado-

res se preocupassem ainda mais

em expor animais de boa qualida-

de e, consequentemente, com que

novos criadores, ou mesmo caba-

nheiros antigos interessados em

melhorar sua seleção genética, se

aproximassem do evento. Em 1967,

a Exposição aconteceu no dia 15

de abril e contou com uma novida-

de: o 1º Concurso de Jurados.

O objetivo de mostrar a ge-

nética Angus e difundi-la se con-

cretizou também na 1ª Exposição

Regional de Rústicos, realizada em

março de 1969 em Tupanciretã.

E, já pensando na nacionalização

da raça, a Associação também fez

questão de se fazer presente nas

exposições de Araçatuba, em São

Paulo, em novembro de 1968, e

em Campo Grande, Mato Grosso

do Sul, em abril de 1969.

O intercâmbio que inspirou a

criação das exposições de rústicos

não se limitou à América Latina.

A Escócia, na época, era conside-

rada o centro da raça no mundo. E

foi lá o primeiro contato com Bob

Adam, em uma visita dos brasilei-

ros ao país britânico. Proprietário

da Cabanha Newhouse of Glamis,

Adam era um dos mais renomados

jurados em julgamentos da raça e

referência internacional em Angus.

Em fevereiro de 1969, durante

a grandiosa Exposição de Perth, na

Escócia, a diretoria da Associação

convidou o escocês para ser jurado

da Angus em setembro no Menino

Deus, e assim aconteceu. Depois

disso, a relação abandonou as

formalidades e Adam passou a ser

presença constante nas exposições

N

32 Associação Brasileira de Angus

Page 37: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

Em 1966 foi realizada a 1ª

Exposição de Rústicos Aberdeen

Angus, no parque do Sindicato

Rural de Uruguaiana

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Com um fenótipo escocês típico da

época, Érica foi a Grande Campeã

Fêmea da edição do ano 1968 da

Exposição Estadual de Animais

de Porto Alegre, no parque de

exposições do Menino Deus

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50 Anos 33

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O escocês Bob Adam (E), considerado papa da genética Angus, foi jurado na exposição do Menino Deus de 1969. Na

foto, ele aparece com José Barcellos, Clint Thomson, Antoninho, Juan Puig, Juan Gonzáles e Flavio Tellechea

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brasileiras, assim como já era nos

demais certames da América do

Sul. O britânico evitava ao má-

ximo viajar de avião, e chegou a

enfrentar estrada de chão para ir a

Uruguaiana – na época, chegar à

cidade pelos ares era mais fácil do

que por terra.

Além das relações de amizade

que o britânico firmou com os bra-

sileiros, a qualidade dos animais

vistos no certame de 1969 também

foi um incentivo para Adam seguir

frequentando o Brasil. Na época,

após visitar algumas estâncias

gaúchas, o criador disse ao Suple-

mento Rural do jornal Correio do

Povo que a raça Aberdeen Angus

estava em excelentes mãos no

Brasil. Sobre os animais expostos,

afirmou que “o standard zootéc-

nico é muito mais elevado do que

esperava quando saiu de casa. Os

melhores animais são de alto nível

qualificativo e teriam feito marcar

sua presença em qualquer pista de

julgamento do mundo”.

Na exposição do Menino

Deus de 1969, os convidados

estrangeiros foram o grande des-

taque. Além de Adam, o america-

no Milt Miller também chamou a

atenção do público, e o Correio

do Povo chegou a classificá-lo

como uma das presenças mais

simpáticas do evento. O secretário

da Associação Americana de An-

gus (AAA) já havia visitado o Rio

Grande do Sul, mas foi em 1969

sua primeira vez em Porto Alegre.

Designado pela entidade para os

assuntos relativos à América do

Em 1969, um Grande

Campeão de Perth

chegou ao Brasil: Easel

of Buchaam, adquirido

numa parceria entre

São Bibiano e Granja

Santa Rita. Na foto,

estão Antoninho, José

Chaves Barcellos, Luís

Fernando Cirne Lima,

o escocês Alex Ogg e

Miriam Cirne Lima

34 Associação Brasileira de Angus

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Luís Flodoardo, Carlos Marsiaj, Antoninho, Flavio Tellechea e um criador argentino na exposição de Palermo, Argentina, em 1969

Exposição do Menino Deus, 1969. Luís Fernando Cirne Lima, Horacio

Gutiérrez, Juan Ezcurra Sauze e Antoninho

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no

Sul, Miller também desenvolveu

uma relação próxima com os cria-

dores gaúchos.

Às famílias dos membros da

diretoria cabia recepcionar os

convidados internacionais. Aco-

lhidos com jantares regados a

vinho e carnes nobres, muitos se

tornaram amigos e passaram a

frequentar as casas dos criadores.

Além da Escócia, Estados

Unidos e Argentina também eram

pontos centrais no mapa da An-

gus no mundo. Palermo, em Bue-

nos Aires, era a grande festa da

raça para os criadores da América

do Sul. Lá, era possível se rela-

cionar com os mais importantes

criadores do mundo.

Foi ainda na gestão de Anto-

ninho que começou a se construir

o Controle de Performance – em-

brião do Controle de Desenvol-

vimento Ponderal, exigido atual-

mente para todas as raças – para

os Aberdeen Angus que fossem

concorrer às exposições de Porto

Alegre. Em 1969, foi publicado em

ata o anteprojeto do regulamento

do serviço, que era realizado por

técnicos credenciados pela Asso-

ciação Brasileira de Angus.

50 Anos 37

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Page 46: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

1969 1972

lavio Bastos Tellechea voltou

à presidência no dia 19 de

outubro de 1969, em mais

uma assembleia da Associação

Brasileira de Angus no Hotel

Glória. No ano seguinte, Flavio

anunciou o início do Controle de

Performance – que já havia tido o

estatuto publicado durante a ges-

tão de Antoninho – para animais

Puros de Pedigree (hoje Puros de

Origem) nascidos a partir de 1º

de novembro de 1969. Na época,

também foram iniciados os estu-

dos para os serviços de controle

de gado puro por cruza da raça

Aberdeen Angus. E foi aí que o

presidente confirmou ser o que

muitos dizem para descrevê-lo:

um visionário.

Já naquele tempo, ele desta-

cou a importância da medida com

o seguinte argumento: “A difusão

da raça é grande e, no futuro,

faltarão touros, fato este que ain-

da vai justificar o serviço”. Nesse

mesmo sentido, uma parceria com

a Associação do Registro Genea-

lógico Rio-Grandense, detentora

do controle de performance e

F

DiretoriaPresidente: Flavio Bastos Tellechea

Vice-presidente: Carlos Marsiaj

2º vice-presidente: Luís Flodoardo Silva Pinto

Secretário: Enrique Piegas

2º secretário: João Vieira de Macedo Neto

Tesoureiro: Hermes Silva Pinto

2ª tesoureira: Carla Sandra Staiger

Controle para crescer

No fim da década de 1960 têm início os serviços que

ainda hoje garantem a qualidade do gado Angus

42 Associação Brasileira de Angus

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desenvolvimento ponderal (CDP),

foi iniciada em um estudo para a

realização do serviço de controle

de gado de corte na fronteira do

Rio Grande do Sul.

A transferência da Exposição

de Animais do Menino Deus para

a cidade de Esteio coincidiu com

Antoninho e Flavio Bastos atuaram como jurados em diversas exposições

internacionais. Nesta foto, tirada entre os anos 1970 e 1980, os criadores

estavam julgando Angus na Argentina

a segunda gestão de Flavio, tendo

sido realizada em 1970, quando

finalizada a construção do Parque

Estadual de Exposições. Na assem-

bleia de 1971, decide-se estudar a

possibilidade de que a Associação

instale um estande na Exposição

Estadual – hoje, uma prática di-

fundida, mas, na época, pioneira.

Nesse ano, durante a 34ª Exposi-

ção, o jurado convidado foi o ar-

gentino Horacio Gutiérrez, que se

tornara amigo de Flavio e passara

a frequentar os eventos brasileiros

de Aberdeen Angus. O intercâmbio

era recíproco. Da mesma forma

que jurados renomados vinham ao

Brasil, os mestres do Angus brasi-

leiro também iam prestar serviços

em outras terras.

Durante uma reunião em 1971,

o associado e futuro presidente da

entidade João Vieira de Macedo

Neto aproveitou para destacar a

“excepcional atuação do presi-

dente como jurado da Exposição

de Dallas-Texas (EUA), a convite

da American Angus Association”,

mais um fato importante para a

divulgação do Angus brasileiro.

Em 1972, a Associação já con-

tava com um estande no Parque

de Exposições de Esteio, adquirido

junto à Trajano Silva Remates,

onde estava prevista a realização

da assembleia e da votação da-

quele ano. Os criadores da época

lembram com carinho das expo-

sições no Parque de Esteio, que

se transformavam praticamente

em reuniões de família. O barulho

das crianças brincando e correndo

pelo estande era marca da época

– assim como o frio e a chuva que

assolavam a exposição. Nos jul-

gamentos, a competição era ame-

nizada pela combinação entre os

criadores: quem ganhava o Grande

Campeonato ficava incumbido de

pagar o jantar para os demais.

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Na década de 1970, o

fenótipo da Aberdeen Angus

já havia mudado, conforme

mostra a foto ao lado, em

comparação a um exemplar

do começo da década de

1960, como o da imagem de

cima. O anúncio ao lado dela

foi publicado em 1968 no

Catálogo da 31ª Exposição

Estadual de Animais

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46 Associação Brasileira de Angus

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Lauro Dornelles de Macedo

1972 1974

ma vida dedicada à ge-

nética Angus fez de Lau-

ro Dornelles de Macedo

um exímio produtor de plantéis,

e obter animais de qualidade era

seu objetivo máximo. O talento e

a paixão pelo campo vieram de

família. Lauro sucedeu o pai, o

médico João Vieira de Macedo,

que iniciou em 1907 a Cabanha

Azul, em Quaraí, Rio Grande do

Sul. A Aberdeen Angus entrou na

propriedade na década de 1940,

com animais importados do Uru-

guai e da Argentina.

O primeiro remate da Azul

coincidiu com a fundação da An-

gus Brasil, em 1963. À frente da

cabanha desde a década de 1930,

Lauro buscou reprodutores para

melhorar os rebanhos do estabe-

lecimento. As viagens ao exterior

eram comuns, e o pecuarista che-

gou a viajar mais de uma vez para

Estados Unidos e Inglaterra para

selecionar animais.

É natural que cada presidente

tenha levado para a Angus Bra-

sil um pouco de sua experiência

pessoal. No caso de Lauro, o prin-

cipal ponto que

buscou transmitir

a seus pares foi a

necessidade de se

investir em novas

fontes de genética,

como Canadá e

Estados Unidos.

Ele também defen-

dia o investimento em animais que

pudessem produzir carcaças maio-

res e mais pesadas, para atender às

demandas da indústria – o que se

concretizaria ainda na década de

1970 na genética do New Type.

Biografia do presidente

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O tio Lauro era um visionário e buscou as

melhores tecnologias. O foco sempre foi o que

havia de melhor em genética no mundo.

Susana Salvador

DiretoriaPresidente: Lauro Dornelles de Macedo

1º vice-presidente: Luís Flodoardo Silva Pinto

2º vice-presidente: Enrique Viegas

Secretário: Antonio Martins Bastos Filho

2º secretário: Theodoro de Mascarenhas

Tesoureiro: Hermes Silva Pinto

2ª tesoureira: Carla Sandra Staiger Schneider

52 Associação Brasileira de Angus

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50 Anos 55

Page 60: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

A forçapolítica da Angus

Com a exposição de Esteio ganhando caráter internacional, o estande da Angus no

parque virou um ponto de encontro para figuras de destaque

Page 61: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

auro Dornelles de Macedo

tomou posse em agosto

de 1972, na primeira

assembleia realizada no estande

da Associação em Esteio, quando

a exposição adquiriu caráter inter-

nacional. Nesse ano, dando início

a uma “tradição” que se repetiria

por diversas vezes na Expointer,

a chuva castigou o evento, trans-

formando as pistas de julgamento

em pântanos e causando estragos

no estande da Angus. Por isso,

uma das primeiras preocupações

do ex-presidente foi a reforma e a

ampliação do local.

Um dos principais objetivos do

presidente com a melhora do es-

paço era dar condições de que este

se tornasse um “ponto de reunião

obrigatório dos criadores de Aber-

deen Angus participantes da expo-

sição”, conforme foi registrado em

ata. Com isso, criava um meio de

se aproximar da sociedade e cativar

novos criadores para a raça. O local

também foi uma referência política,

como comprova a passagem, em

1973, do então governador do Rio

Grande do Sul, Euclides Triches,

e do presidente Ernesto Geisel ao

estande da Angus.

A Expointer era o evento mais

esperado do ano para os criadores

brasileiros. Na semana da feira,

a Associação se mudava para Es-

teio. Documentos, livros de atas e

folhetos para a inscrição de novos

associados eram levados de Uru-

guaiana até o local. O preparo do

estande – desde a decoração até

a contratação de funcionários de

limpeza – ficava a cargo, geralmen-

te, da esposa do presidente e outros

familiares dos associados.

Nas assembleias realizadas

durante as exposições, eram esco-

lhidos os jurados para a prova do

LEm 1973, Lauro Dornelles de Macedo levou o presidente Geisel e o governador Triches ao estande da

Angus em Esteio. Na foto, ao centro e em primeiro plano, estão Lauro (E) e o governador

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ano seguinte. A prática seria posta

em xeque mais tarde, já que, ainda

que o sentimento fosse mais de

colaboração do que de competi-

ção, era difícil fazer uma escolha

racional e justa com as emoções

afloradas logo após os julgamen-

tos. As discussões eram memorá-

veis: o criador vencedor do Grande

Campeonato sempre queria que o

jurado fosse o mesmo no ano se-

guinte, enquanto os demais critica-

vam, não raro de forma veemente,

o trabalho do encarregado.

A escolha dos jurados sempre

foi um momento-chave nas assem-

bleias. Para além das discussões,

Lauro, durante sua gestão, buscou

privilegiar os profissionais estran-

geiros. As novidades em termos

de genética se encontravam no

exterior, e o contato com esses

profissionais alavancava o cres-

cimento do Aberdeen Angus bra-

sileiro. Para a Exposição Estadual

de Animais de 1973, o escolhido

foi o técnico argentino Ignácio

Corti Maderna. Na 2ª edição da

Expointer, em 1974 – ano em que

as esferas que hoje são símbolo

do evento de Esteio foram envia-

das como presente pelo governo

da Alemanha Ocidental –, a As-

sociação participou com a indi-

cação do jurado argentino Juan

Ezcurra Sauze. Esses dois jurados

marcariam presença por diversas

vezes nos julgamentos de Angus

no Brasil nos anos seguintes, e,

a exemplo de outros visitantes

estrangeiros, estabeleceram laços

fortes com os criadores brasileiros.

Anúncio no Catálogo

da 2ª Expointer

Capa do primeiro relatório de

resultados do CDP, em 1973

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1974 1978

ntoninho voltou a ser

escolhido presidente da

Associação Brasileira de

Angus em agosto de 1974, des-

ta vez no estande de Esteio. Em

maio do ano seguinte, aconteceu

uma assembleia geral extraordi-

nária, de volta ao Hotel Glória,

em Uruguaiana, que abrigara os

primeiros encontros da entidade.

A reunião procurou organizar e

oficializar o serviço de controle

de gado puro por cruza. Foi então

apresentado o anteprojeto da se-

leção, que “buscava assegurar o

melhoramento da sua produtivi-

dade”, estabelecendo um controle

de reprodutores puros por cruza,

em razão da grande difusão da

Aberdeen Angus. A medida pio-

neira permitiria que os plantéis

puros por cruza tivessem gado

para uso comercial e garantiria a

qualidade do rebanho.

DiretoriaPresidente: Antonio Martins Bastos Filho

1º vice-presidente: João Vieira de Macedo Neto

2º vice-presidente: Hermes Silva Pinto

Secretário: Flavio Bastos Tellechea

2º secretário: Theodoro Mascarenhas

Tesoureiro: Eduardo Linhares

2ª tesoureira: Carla Sandra Staiger

Cruzamento e seleção

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O controle de reprodutores puros por cruza

estimulou o uso comercial do Angus

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Page 71: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

A tradição em trazer jurados

internacionais segue forte na As-

sociação, e a aproximação com os

Estados Unidos facilita essa rela-

ção. A 38ª Exposição Estadual de

Animais, em 1975, contou com a

participação do jurado americano

Herman Purdy, um dos maiores

especialistas em genética Angus e

um dos primeiros a falar do New

Type, que se popularizava no país

do norte. Era um animal maior,

que contrastava com o padrão

inicial da raça. O Brasil absorveu

a novidade, e o tamanho dos ani-

mais brasileiros também começou

a aumentar. Quando o porte da

raça começou a crescer demais,

colocando em risco alguns atribu-

tos de produtividade, buscou-se

reduzir o frame novamente.

Na reunião de agosto de 1976,

Antoninho anunciou o início oficial

do Serviço de Seleção Puro por

Cruza (PPC). Para isso, foi necessá-

ria a contratação de dois técnicos:

Mauro Lopez e Vicente Jaques, os

dois primeiros da Associação Brasi-

leira de Angus. Na ocasião, já tinha

sido revisado um total de 2.451

fêmeas e 182 machos. A iniciativa

animou os associados, que reelege-

ram a diretoria e o conselho con-

sultivo por mais um biênio. Nessa

gestão de Antoninho, iniciou-se

também o serviço de seleção An-

gus Definido (AD), marca dada às

fêmeas portadoras de característi-

cas raciais comprovadas através de

avaliação fenotípica.

Em 1974, um marco para a raça

e para a seleção genética no Brasil:

O jurado americano Herman Purdy (à esquerda, de branco)

julgou a 38ª Exposição Estadual de Animais, a convite da

Associação Brasileira de Angus. Purdy foi um dos primeiros

a falar no Angus New Type. Na foto abaixo, à direita, Milt

Miller, secretário da Associação Americana de Angus

o surgimento oficial do Programa

de Melhoramento de Bovinos de

Carne (Promebo). Os estudos foram

iniciados um ano antes pelo zootec-

nista Luiz Alberto Fries durante seu

mestrado na Faculdade de Agrono-

mia da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul. O serviço passou

então a ser gerido pela ANC, sob

coordenação do zootecnista. A ini-

ciativa dinamizou a seleção genéti-

ca de animais e facilitou a escolha

técnica de reprodutores para inse-

minação artificial.

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68 Associação Brasileira de Angus

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Page 74: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

Os anos 1970 foram a febre do New Type.

Era o modernismo da época, e a gente

também seguiu. Naquele momento,

os Estados Unidos eram a meca do Angus.

Antonio Martins Bastos Filho

O touro da fotografia é Ankonian Centenial, importado em 1976 dos Estados Unidos pela Cabanha Santa Bárbara, de São Jerônimo (RS). Ele foi um dos

primeiros representantes do New Type no Brasil

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70 Associação Brasileira de Angus

Page 75: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

Esta imagem da década de

1970 também mostra um

exemplar Angus New Type

O touro Chaparral recebe a roseta de Synval Guazzelli, então governador do

RS. À direita está Carla Sandra Staiger Schneider, proprietária do animal

Nesta foto de 1976, estão José A. Collares, diretor da ANC, Horacio Gutiérrez,

da Cabanha Três Marias, e Juan Ezcurra Sauze, da Cabanha El Meridiano

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1978 1980

ermes Silva Pinto foi

eleito presidente da

Associação Brasileira de

Angus em agosto de 1978. Nasci-

do em Uruguaiana, o pecuarista

ingressou naturalmente na enti-

dade, uma vez que o pai, Hermes

Pinto, e o irmão Luís Flodoardo

estiveram presentes desde a fun-

dação. Hermes tocou os negócios

da família e esteve à frente da

Cabanha São Luiz.

Antes de presidir a Angus Brasil,

o uruguaianense também integrou

outras entidades ligadas à pecu-

ária, o que lhe

deu uma visão

mais ampla so-

bre o setor. Ele

buscou levar essa

experiência para

a Associação

e teve grande

preocupação em

dar continuidade

e incentivar aquilo que já havia

sido feito pelas gestões anteriores,

como os serviços de controle e as

exposições de rústicos, sempre

com vistas ao fomento da raça.

DiretoriaPresidente: Hermes Silva Pinto

1º vice-presidente: Flavio Bastos Tellechea

2º vice-presidente: João Vieira de Macedo Neto

Secretário: Jorge Martins Bastos

2º secretário: Carlos César de Albuquerque

Tesoureiro: Antonio Martins Bastos Filho

2ª tesoureira: Carla Sandra Staiger Schneider

HHermes Silva PintoBiografia do presidente

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ntre as décadas de 1970 e

1980, o crescimento da Aber-

deen Angus no Rio Grande

do Sul e no Brasil era evidente, e as

demandas dos criadores acompa-

nhavam esse cenário. Isso fez com

que a Associação buscasse meca-

nismos para acompanhar as exi-

gências dos associados. Em 1979,

Hermes pôs em votação a criação

de núcleos regionais, medida que

seria crucial para a expansão da

raça. A proposta foi aprovada por

unanimidade, dando origem ao

Núcleo Regional do Centro-Sul de

Criadores de Aberdeen Angus. A

primeira diretora foi Carla Sandra

Staiger Schneider, da Cabanha San-

ta Bárbara, em São Jerônimo (RS).

E

A Associaçãotem que crescer

A criação do primeiro núcleo regional da Angus Brasil foi

um sinal de que a entidade estava em plena expansão

Carla Sandra Staiger Schneider foi a primeira presidente do Núcleo Centro-Sul.

Nesta imagem da época, Carla Sandra aparece com o então governador do RS, Synval Guazzelli

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Page 84: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

Essa história, iniciada há mais de

30 anos, resultou na criação dos

mais de 20 núcleos com os quais

a Associação conta hoje em dia.

Atualmente, são os seguintes:

• Núcleo de Criadores de Angus de Santana do Livramento (RS)

• Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de Alegrete (RS)

• Núcleo Regional de Criadores de Aberdeen Angus de Bagé (RS)

• Núcleo Centro Angus (Cachoeira do Sul, RS)

• Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de Dom Pedrito (RS)

• Núcleo Itaquiense de Criadores de Angus (Itaqui, RS)

• Núcleo Sudeste de Criadores de Angus (Pelotas, RS)

• Núcleo Centro-Litorâneo dos Criadores de Aberdeen Angus (Porto Alegre, RS)

• Núcleo de Criadores de Angus de Quaraí (RS)

• Núcleo Central de Angus (Santa Maria, RS)

• Núcleo Centro-Oeste de Criadores de Angus do Rio Grande do Sul (Santiago, RS)

• Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de São Borja (RS)

• Núcleo de Criadores de Angus do Planalto Médio do RS (Tupanciretã, RS)

• Núcleo Serrano de Criadores de Angus em Vacaria (RS)

• Núcleo Angus Três Fronteiras (Uruguaiana, RS)

• Núcleo de Criadores de Angus do Oeste do Paraná (Cascavel, PR)

• Núcleo Paranaense de Criadores de Aberdeen Angus (Londrina, PR)

• Núcleo de Criadores de Angus dos Campos Gerais (Ponta Grossa, PR)

• Núcleo dos Criadores da Raça Angus do Sudoeste do Paraná (Pato Branco, PR)

• Núcleo Catarinense de Criadores de Angus (Florianópolis, SC)

• Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo (São José do Rio Pardo, SP)

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Exemplar campeão da exposição em Esteio em 1979

Em abril de 1980, a Angus realizou um congresso em Canela (RS) para discutir o desenvolvimento da raça

O crescimento dos rebanhos

de Aberdeen Angus fez com que,

em 1979, a equipe de técnicos

para os serviços de PPC e AD da

Associação passasse a contar com

mais integrantes. Naquele ano,

ocorreu o ingresso de Pedro Adair

dos Santos e de outros profis-

sionais, para otimizar o serviço.

Pedro Adair é o mais antigo técni-

co da Associação ainda em ativi-

dade. Com o aumento do número

de animais revisados no PPC,

tornaram-se oito os técnicos dis-

poníveis no quadro da entidade.

Para atender às normas impos-

tas na época pelo Ministério da

Agricultura, a Angus Brasil firmou

um convênio com a ANC para exe-

cutar a parte burocrática dos ser-

viços. Também em razão de uma

exigência feita pelo ministério,

o Conselho Técnico da entidade

passou de três para seis membros

durante a gestão de Hermes.

Aproximar-se de outras as-

sociações de raça também foi

uma prioridade para Hermes. Em

1979, a Angus Brasil, represen-

tada por João Vieira de Macedo

Neto, participou de uma reunião

em Pelotas (RS), no Herd-Book

Collares, junto ao Ministério da

Agricultura, para discutir essa

questão. Mais especificamente,

foi debatido o financiamento para

reprodutores selecionados e regis-

trados e a padronização das pro-

vas zootécnicas das associações

de raça especializadas.

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Page 90: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

João Vieira de Macedo Neto

DiretoriaPresidente: João Vieira de Macedo Neto

1ª vice-presidente: Carla Sandra Staiger Schneider

2ª vice-presidente: Maria Helena Lança Macedo

Secretário: Carlos César de Albuquerque

2º secretário: Jorge Martins Bastos

Tesoureiro: Antonio Martins Bastos Filho

2º tesoureiro: Firmino Fernandes Lima Junior

1980 1982

ma figura agregadora,

dedicada, curiosa e com

um interesse único por

genética. É essa a lembrança que

Susana Macedo Salvador, filha de

João Vieira de Macedo Neto, tem

do pai, falecido em 2011. Neto de

João Vieira de Macedo e sobrinho

de Lauro Dornelles de Macedo,

também ex-presidente da Asso-

ciação, Macedinho, como ficou

conhecido, se interessou natural-

mente pela Aberdeen Angus. For-

mado em agronomia, ele começou

a trabalhar com o tio ainda em

1957 na Cabanha Azul .

Em 1973, quando o zootec-

nista Luiz Alberto Fries iniciou

os estudos para o que se tornaria

o Promebo, a Azul foi uma das

pioneiras em sua utilização. O

interesse em genética e no desen-

volvimento das raças de bovinos

de corte herdado do avô e do tio

fez com que Macedo fosse funda-

mental nessa empreitada, atuan-

do ao lado de Fries no desenvol-

vimento do programa.

Dentro do negócio familiar,

o pecuarista era responsável pe-

los animais que participavam de

exposições, e a isso se dedicava

incansavelmente, desde a seleção

dos reprodutores até o resultado

final. E não é à toa que vêm da

Expointer as lembranças mais

vívidas que Susana tem do pai. O

evento era a festividade máxima

para o agrônomo apaixonado por

genética, pois era a possibilidade

de ver concretizado o esforço de

um ano inteiro.

No trabalho, o principal ob-

jetivo de Macedo sempre foi

eliminar as dificuldades geradas

por diferenças ambientais, fazen-

do com que os bovinos tivessem

possibilidade de expressar seu

potencial pleno e pudessem ser

comparados a qualquer animal,

de qualquer parte do mundo.

Viajava muito e conhecia o gado

de corte de outros países, de onde

sempre buscava trazer novidades,

especialmente das cabanhas que

desenvolviam genéticas reconhe-

cidas internacionalmente.

Macedo era

discreto, como

autêntico minei-

ro - nascido em

Belo Horizon-

te, retornou às

raízes gaúchas

ainda criança.

A capacidade

de trabalhar em

silêncio, sem holofotes, era uma

de suas principais características.

O perfil metódico e organizado,

buscando o bem comum, era ou-

tro ponto forte do criador, o que

o levou à presidência de outras

entidades, como da ANC, parceira

da Angus Brasil em diversos mo-

mentos ao longo de sua história.

Biografia do presidente

U

Meu pai sempre foi muito inovador,

gostava de inventar, experimentar. A Central de

Inseminação Artificial Azul, montada nos anos 1980

para difundir a genética, foi resultado disso.

Susana Salvador

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Page 92: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

leito em setembro de 1980,

Macedo buscou trazer sua

experiência agregadora para

dentro da Associação Brasileira de

Angus. O agrônomo teve grande

participação em outras associa-

ções, como a ANC, da qual foi

presidente por duas vezes. A sua

luta constante pela modernização

do arquivo genealógico das raças,

bastante marcante no Herd-Book

Collares, se tornaria também evi-

dente na Angus Brasil.

O pecuarista se esforçou para

garantir a aproximação entre ins-

tituições durante sua gestão. Ele

conseguiu fazer com que ambas as

entidades, ANC e Associação Bra-

sileira de Angus, andassem entre-

laçadas e os controles de peso e os

serviços de seleção caminhassem

no sentido do crescimento da raça

e do bem comum.

Esse trabalho foi uma conti-

nuação daquele iniciado em 1979,

durante a gestão de Hermes Pinto,

quando Macedo representou a

Associação nas negociações para

o financiamento de reprodutores

selecionados e registrados e ga-

rantiu a isenção de pagamento de

impostos em transações interesta-

duais de produtos. E, ainda após

sua gestão, a integração seguiu

uma meta. Em 1983, o pecuarista

convidou Geraldo Estrázulas Perei-

ra de Souza, então presidente da

Associação Brasileira de Criadores

de Hereford, para participar da

assembleia da Angus Brasil, bus-

cando aproximar as entidades e

tendo em vista um crescimento da

pecuária de corte no país.

Em 1981, o jurado trazido foi

o americano Gary Minish, nome

lembrado com frequência entre

os criadores brasileiros por sua

atuação nos julgamentos e no

desenvolvimento genético da raça.

Em 1982, buscou-se priorizar os

jurados nacionais, mas na escolha

para o ano seguinte voltou-se a

dar ênfase aos estrangeiros, e os

argentinos Juan Ignácio Ezcurra

Sauze e Horacio Gutiérrez também

foram indicados como opções. Es-

ses nomes voltam a se repetir por

E

Integraçãoem nome da pecuária

A aproximação entre as entidades garantiu um maior

desenvolvimento das raças no Brasil

Gary Minish veio ao Brasil em

1981 para julgar a Exposição

Estadual de Animais. O

americano atuou como jurado

em diversos eventos a convite da

Associação Brasileira de Angus

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88 Associação Brasileira de Angus

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diversas vezes durante a história

da Associação, e não é por acaso:

além de profissionais renomados,

especialistas em Aberdeen Angus,

os jurados também se tornaram

amigos dos criadores brasileiros.

Essa predominância de jura-

dos vindos de fora do Brasil se

explica por uma das principais

preocupações de Macedo: a ge-

nética. Na época, o que havia de

mais moderno sobre Aberdeen

Angus vinha do exterior, e trazer

profissionais de fora, com conhe-

cimento e experiência no assunto,

era uma forma de incrementar a

raça e alavancá-la.

O fomento dos serviços de

seleção PPC e AD - desse último,

especialmente - também vai nesse

sentido. De agosto de 1980 a agos-

to de 1981, foi tatuado um total

de 1.667 produtos - 17 machos

CA, 390 fêmeas CA e 1.277 fême-

as AD. Em 1981, o número de ani-

mais tatuados já chega a 7.249.

Em 1981 e 1982, pela pri-

meira vez desde a sua criação, a

Associação opta por não realizar

a Exposição de Rústicos de Uru-

guaiana. A decisão foi uma forma

de se focar em outras atividades

para o fomento da raça.

Reynaldo Salvador (à direita),

Macedo e a equipe da Cabanha

Azul na Expointer de 1990

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Carlos César Silva de Albuquerque

1982 1984

ara Degrazia de Al-

buquerque tinha muito

ciúme do marido, Car-

los César Silva de Albuquerque.

Não era porque o médico passava

incontáveis horas dentro de um

hospital, mas sim por um grande

amor que o gaúcho, natural de

Barra do Ribeiro, não se preocu-

pava em esconder: o campo. A

paixão se explica pela família tra-

dicional de fazendeiros, em cujas

propriedades o médico passou

grande parte da infância.

Albuquerque estudava ardua-

mente a atividade rural. Assinava

revistas americanas e queria estar

sempre informado sobre o que

havia de mais moderno em termos

de genética e criação. E foi assim

que, na década de 1970, começou

o plantel de Aberdeen Angus e

passou a participar de exposi-

ções. Os primeiros ventres foram

comprados em 1970, e o primeiro

touro, em 1972. A estreia em Es-

teio aconteceu dois anos depois.

No início, o próprio médico fazia

questão de preparar e tosar os

animais para entrar em pista. Se-

guidor das tendências americanas,

o médico começou com o New

Type em sua cabanha, a Pavão,

nos anos 1980.

Nara lembra com carinho das

exposições de Palermo, que não

apenas eram uma aula sobre

Aberdeen Angus, mas também

um momento de grande integra-

ção para os criadores. Quando

algum membro da Angus Brasil

era convidado a julgar em Pa-

lermo, era costume que depois,

durante o jantar, se comentassem

os resultados e decisões do jura-

do - o que podia tanto despertar

discussões acaloradas, quanto

gargalhadas, em meio a críticas

bem-humoradas.

O envolvimento com a raça

e com a entidade cresceu, e a

atuação de Carlos César dentro

da Associação também se inten-

sificou, até chegar à presidência.

O médico fazia o possível - e era

bem-sucedido - em conciliar seus

muitos compromissos. Além de

clinicar, entre outras funções, o

gaúcho foi diretor da Irmandade

da Santa Casa de Misericórdia de

Porto Alegre, presidente do Hos-

pital das Clínicas, professor na

Universidade Federal do Rio Gran-

de do Sul - muitas vezes desem-

penhando mais de uma atividade

ao mesmo tempo.

Em todas as

áreas, agropecu-

ária ou médica,

Albuquerque

sempre exerceu

papéis de lide-

rança. O filho

Rafael Degrazia

atribui ao caris-

ma e às habili-

dades social e política do pai a

facilidade com que ele circulava

nesses diferentes meios e lembra

que, assim como ao construir

uma trajetória sólida dentro da

Associação Brasileira de Angus,

essas mesmas características o

levaram a se tornar, em 1996, mi-

nistro da Saúde de Fernando Hen-

rique Cardoso, cargo que ocupou

até 1998. O médico e pecuarista

faleceu em 2005.

Biografia do presidente

O clima nas exposições não era de disputa.

Éramos todos muito próximos, criávamos

nossos filhos juntos, no mesmo espaço.

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Nara Degrazia de Albuquerque

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DiretoriaPresidente: Carlos César Silva de Albuquerque

1º vice-presidente: Eduardo de Macedo Linhares

2ª vice-presidente: Carla Sandra Staiger Schneider

1º secretário: Flavio Antonio Franco Tellechea

2º secretário: Nelson Bastos Pinto

1º tesoureiro: Antonio Martins Bastos Filho

2ª tesoureira: Maria Helena Lança Macedo

94 Associação Brasileira de Angus

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Page 100: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

carisma e a habilidade

política de Carlos César

foram marcantes desde o

início de sua gestão na Associa-

ção Brasileira de Angus. Logo no

discurso de posse, após a eleição

na assembleia de setembro de

1982, em Esteio, o médico fez

questão de agradecer e destacar a

recepção desde o primeiro conta-

to com a entidade. “Fui recebido

como um amigo”, afirmou, com-

prometendo-se a retribuir à altura

a confiança dos associados.

A exemplo de João Vieira de

Macedo Neto, o médico também se

esforçou em fomentar a integração

entre as entidades de raça. Duran-

te sua presidência, fez questão

de manter contato e intercâmbio

constantes com outras associações,

além de participar de todas as

reuniões da comissão permanente

de exposições do Ministério da

Agricultura no Rio Grande do Sul.

Ainda seguindo a tendência que

vinha desde o início da Associação

de manter proximidade com pecua-

ristas de fora do Brasil, Carlos César

promoveu a visita de uma comissão

de criadores norte-americanos ao

Brasil, buscando mostrar o estágio

de desenvolvimento e o nível zoo-

técnico da Aberdeen Angus no país.

Como já ocorrera na gestão

anterior, também não se realiza-

ram exposições de rústicos duran-

te a presidência de Carlos César.

No lugar delas, optou-se por or-

ganizar uma feira de ventres com

exemplares da raça Ibagé - atual-

mente denominada Brangus. Na

primeira edição, em 1983, foram

vendidos 740 animais, alcançan-

do Cr$ 37.000.000 (equivalentes

a R$ 1.094.054).

Ainda com foco nas exposi-

ções, o presidente articulava desde

1982 a organização de uma feira

na Região Metropolitana de Porto

Alegre. O projeto se concretizou

em 1983, quando foi realizada a

Feira de Rústicos em Guaíba (RS),

um modo de agregar mais criado-

res da região e trazê-los para den-

tro da Associação.

A discussão se as exposições

de rústicos em Uruguaiana e Re-

gião Metropolitana de Porto Alegre

seguiriam acontecendo ou seriam

definitivamente substituídas por

feiras de ventres também foi mar-

cante nessa época. Depois de mui-

to debate, decidiu-se que feiras de

ambos os tipos seriam fomentadas

e, sempre que possível, seriam

realizadas em outras regiões do

Rio Grande do Sul, especialmente

A troca de informações entre entidades de raça e criadores

de diferentes países fortaleceu a genética Angus

O

Integração e

intercâmbio

96 Associação Brasileira de Angus

Page 101: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

A Aberdeen Angus foi destaque

na capa do suplemento de

agropecuária do Jornal do

Comércio, de Porto Alegre, em

março de 1983, apontada como

uma opção para qualificar os

cruzamentos industriais

na Grande Porto Alegre. À época,

diversos associados - especialmen-

te o futuro presidente Flavio Anto-

nio Franco Tellechea - insistiam na

necessidade de se promover uma

política agressiva de vendas, e

Carlos César se comprometeu com

essa causa durante sua gestão.

A questão da escolha de jura-

dos para exposições, assim como

todos os temas que envolviam

julgamentos, também foi alvo de

algumas discussões. Os associa-

dos afirmavam que os critérios de

quem poderia ou não votar ainda

eram, de certa forma, nebulosos.

Decidiu-se, então, que poderiam

participar da escolha os exposi-

tores que tivessem apresentado

animais em Esteio em ao menos

um dos últimos três anos.

Ainda no que diz respeito a

Esteio, na gestão de Carlos César

o estande no parque de exposições

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50 Anos 97

Page 102: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

passou por mais uma remodela-

ção, sob o comando de Nara de

Albuquerque e Maria Helena Ma-

cedo. Por seus serviços prestados à

Associação, essas mulheres foram

agradecidas publicamente por

diversas vezes, e isso chegou a ser

registrado nas atas da entidade.

A habilidade política de Car-

los César aparece uma vez mais

no final de sua gestão. Em sinto-

nia com o momento histórico que

o Brasil vivia então - após 20 anos

de ditadura militar, o país vislum-

brava a abertura política -, o en-

tão presidente da Angus decidiu

que a diretoria não apresentaria

nenhuma chapa na eleição para

o biênio de setembro de 1984 a

agosto de 1986, uma vez que o

país estava “vivendo momentos

de abertura e eleições livres”,

conforme consta na ata em que o

médico, pecuarista, gestor e po-

lítico encerra sua presidência na

Associação Brasileira de Angus. Gilda Bastos e o então presidente da Associação, Carlos César, durante a Expointer de 1984

Mesmo quando

era administrador

hospitalar, a paixão

do Carlos sempre

foi o campo.

Nara Degrazia de Albuquerque

A Expointer era um dos momentos mais esperados pelos criadores. Na imagem, o Grande Campeão do certame de 1983

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Page 108: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

Flavio Antonio Franco Tellechea

Diretoria1984 1986Presidente: Flavio Antonio Franco Tellechea

Vice-presidente: Eduardo Macedo Linhares

2ª vice-presidente: Carla Sandra Staiger Schneider

Secretário: Nelson Bastos Pinto

2º secretário: Tito Rubens Mondadori

Tesoureiro: Antonio Martins Bastos Filho

2ª tesoureira: Maria Helena Lança de Macedo

1986 1988Presidente: Flavio Antonio Franco Tellechea

Vice-presidente: Reynaldo Titoff Salvador

2ª vice-presidente: Carla Sandra Staiger Schneider

Secretário: Tito Rubens Mondadori

2ª secretária: Paulo Leonardo Mascarenhas Linhares

Tesoureiro: Antonio Martins Bastos Neto

2º tesoureiro: Pedro Ribeiro Tellechea

1984 1988

uando Flavio Antonio Fran-

co Tellechea assumiu a pre-

sidência da Associação Bra-

sileira de Angus, a entidade nunca

havia tido um gestor tão jovem

à sua frente. Aos 24 anos, Flavio

Antonio, o Neco, já tinha vivência

de criador experiente. Filho de

Flavio e Lila Tellechea, ele cresceu

e aprendeu no campo. As opiniões

firmes e a atuação constante nos

assuntos da Angus lhe renderam

a confiança dos pecuaristas mais

velhos e tornaram natural sua

entrada na entidade.

Sua trajetória, assim como a de

muitos dos fundadores, se confunde

com o desenvolvimento da raça e

da Angus Brasil. Na Paineiras, ainda

pequeno acompanhava Flavio Bas-

tos Tellechea nas lides da cabanha

e nas exposições. Montar a cavalo,

levar o gado, participar de leilões e

julgamentos eram práticas cotidia-

nas para o menino, que seguiria os

passos do pai e se tornaria veteriná-

rio. Do pai, Neco herdou o interesse

pela Aberdeen Angus. Ele passou

a paixão adiante para os filhos,

Martin e Ignacio, que com a mãe,

Claudia, deram continuidade ao

trabalho após sua morte, em 1989.

O carisma, o bom humor e a

dedicação são características que

os amigos e familiares de Neco

não esquecem. A vontade de que

todos conhecessem as vantagens

da genética também era um aspec-

to marcante da personalidade do

jovem criador.

Se ia a uma exposição, não

interessava o cargo que ocupasse,

participava da preparação dos

bovinos, lavava, soprava, fazia

seu melhor para ver um animal

campeão - e gostava de participar

até o fim. Puxar os animais, por

exemplo, era um costume difícil de

largar. Na última

Expointer de que

participou, em

1988, percebeu

que não era pos-

sível fazer tudo.

Como presidente,

também tinha que recepcionar o

jurado, os criadores, enfim, aten-

der a outras exigências do cargo.

Já na década de 1980, Neco

falava em um sonho: ele queria

“pretear o Brasil”, ou seja, que a

raça se espalhasse do Rio Grande

do Sul para o resto do país - o que,

hoje, já é realidade.

Biografia do presidente

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Mesmo em tão pouco tempo de vida,

Neco conseguiu transmitir aos filhos

a paixão pelo campo e pela Angus.

Claudia Indarte

104 Associação Brasileira de Angus

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Page 110: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

eco tinha 24 anos e mui-

tas ideias para o fomento

da Aberdeen Angus no

país. Na primeira assembleia sob

a sua presidência, a presença de

José Mário Junqueira Netto, cria-

dor em São Paulo, já dava a en-

tender que o sonho do gaúcho de

“pretear o Brasil” não estava tão

distante e que a raça já desperta-

va interesse nos estados do cen-

tro do Brasil. O paulista pediu a

palavra e falou sobre os trabalhos

de cruzamento realizados em sua

terra para obter melhor produção

de carne. O criador fez questão

de destacar: a Aberdeen Angus

era a raça que vinha apresentan-

do os melhores resultados nesses

procedimentos.

É justamente nessa época,

no começo da década de 1980,

Juventudee inovação

Nessa época, o sonho de “pretear o Brasil” já dava sinais

de estar mais perto da realidade

N que se começa a falar mais so-

bre o cruzamento industrial com

Aberdeen Angus. A raça passa

a ser visada por suas muitas

características melhoradoras,

especialmente qualidade da carne

e precocidade, ideais para incre-

mentar outras raças de bovinos e

aumentar o rendimento e a pro-

dutividade de um rebanho.

No primeiro ano de gestão, a

diretoria de Neco retomou uma

mostra importante: a Exposição

de Rústicos voltou a ser realiza-

da em Uruguaiana, em junho de

1985. Em seu retorno, o evento

comercializou um total de Cr$

144.680.000 (R$ 367.034). Nas

reuniões, era comum que o pecu-

arista insistisse para que os cria-

dores valorizassem e participas-

sem das exposições de rústicos,

Três gerações de campo: João Francisco, Flavio e Neco Tellechea

no local de remates da Cabanha Paineiras

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como forma de fortalecer a raça,

e naquele ano não foi diferente. O

chamamento deu resultados, e no

ano seguinte o certame aumentou

de tamanho e contou com 443

animais, vendidos pelo total de

Cz$ 1.172.100 (R$ 1.006.090).

Coerente com sua obstinação

em fortalecer a raça também a

partir dos eventos, Neco concla-

mou os criadores a participarem

mais efetivamente da Expointer,

lembrando da importância da

exposição como vitrine da raça.

Defendia, ainda, que fossem

realizados estudos para que hou-

vesse uma maior representação

de fêmeas na mostra.

Como forma de profissionali-

zar e melhorar o atendimento aos

associados durante a exposição,

em 1986, decidiu-se criar uma

comissão para a manutenção do

estande da Associação em Es-

teio. Até então, o local ficava sob

responsabilidade do presidente

e, informalmente, de sua famí-

lia - as esposas, especialmente,

se ocupavam da organização do

espaço para o evento.

Em Esteio, na época, a loja

da Angus era a única mantida

por uma associação de raça, e

permitia que a entidade divul-

gasse informações e obtivesse re-

cursos significativos com a ven-

da de itens exclusivos, que iam

de canecos a talheres. Ainda no

sentido de consolidar a imagem

da raça, a Associação decidiu

formar uma comissão de divul-

gação e propaganda. A decisão

de que 1% das vendas de touros

fosse destinado à entidade, para

que se pudesse promover um

programa de mídia, também foi

feita nessa gestão, com o objeti-

vo de fomentar essa área, assim

como a criação do cargo de as-

sessor de imprensa.

Em 1988, quando a gestão de

Neco se encerrava, a Associação

completava 25 anos de existência,

já com um caráter mais profissio-

nal, indo ao encontro do cresci-

mento da raça no país.

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Neco Tellechea, à esquerda, na Expointer de 1984

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Reynaldo Titoff Salvador

DiretoriaPresidente: Reynaldo Titoff Salvador

1º vice-presidente: Pedro Ribeiro Tellechea

2º vice-presidente: Francisco Giaffoni Jr.

Secretário: Milton Lança Macedo

2º secretário: Carlos César de Albuquerque

Tesoureiro: Antonio Martins Bastos Neto

2º tesoureiro: João Paulo Schneider da Silva

1988 1992

azia sete anos que Rey-

naldo Salvador se gra-

duara em agronomia na

Universidade Federal do Rio Gran-

de do Sul quando assumiu a pre-

sidência da Associação Brasileira

de Angus, aos 30 anos. O primeiro

contato dele com a raça fora em

1977, estagiando em propriedades

no sul do Brasil e no Uruguai. Em

1981, começou a trabalhar em um

rancho de Montana, nos Estados

Unidos, em uma das propriedades

que mais investia em genética

bovina no país. Não demorou para

o jovem perceber o potencial da

Angus. O estabelecimento também

trabalhava com outras duas raças,

o que possibilitou que Salvador

pudesse compará-las. Logo, per-

cebeu que, entre as três, a que

melhor se adaptava e mostrava

melhores índices zootécnicos era

a Angus. Viu, então, que a pecu-

ária de corte ainda tinha muito

para crescer no Brasil, e decidiu se

dedicar e fazer parte dessa história.

A experiência breve, mas inten-

sa, deu credibilidade a Salvador,

e os já calejados criadores não

hesitaram em escolhê-lo como

presidente. Carlos César, presiden-

te entre 1982 e 1984, perguntou

a Salvador se poderia indicá-lo

para suceder Neco. Na época, em

um rodeio de touros experientes

como era a maioria dos associa-

dos, poderia chocar. Nesse ponto,

vir depois de Neco, o mais jovem

a ser eleito presidente da entidade,

era uma vantagem.

Ainda durante as andanças

pela América do Norte, participou

em 1982 da Nacional de Denver ,

no Colorado, onde conheceu Dick

Spader, então diretor executivo da

American Angus Association. Foi lá

o primeiro contato com o Certified

Angus Beef, que

inspiraria o pro-

grama no Brasil.

Em 1984, ingres-

sou na Cabanha

Azul para atuar

com o sogro, João

Vieira de Macedo

Neto. Hoje, Salva-

dor é diretor comercial na Cia Azul

Agropecuária e diretor do Programa

Carne Angus Certificada. Entre as

vantagens da raça, aliás, a qualida-

de da carne foi determinante para

que Salvador tivesse certeza do

crescimento da Angus no país.

Biografia do presidente

Quando assumi, eu já começava

a olhar o Angus como produto

final ‘carne de qualidade’.

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Consolidação da raça

A situação econômica instável que marcou o final da década

de 1980 no Brasil não impediu a Angus de crescer

alvador iniciou sua gestão

com uma ideia clara: con-

solidar a Aberdeen Angus

como raça nacional. Caminhando

nessa direção, menos de um ano

depois de tomar posse, realizou

o I Congresso Brasileiro de Aber-

deen-Angus, em junho de 1989,

contando com cerca de 300 par-

ticipantes, entre criadores do Rio

Grande do Sul, Paraná, São Paulo

e Mato Grosso.

A representação da entida-

de no Fórum Mundial de Angus

(World Angus Forum, WAF), em

1989, na Argentina, também foi

um passo adiante na consolidação

da marca e da raça. Lá, associações

de todo o mundo se reuniram para

discutir linhas de registros gene-

alógicos, intercâmbio de material

genético e marketing da carne.

Por conversas e debates, ficou

definido que, entre os países, seria

exigido pedigree de cinco gerações

para que houvesse intercâmbio de

sêmen e de reprodutores. Salvador

teve oportunidade de apresentar

um painel falando sobre o Angus

brasileiro e mostrou o desenvolvi-

mento da raça aos estrangeiros.

Ainda em 1989, se articulava a

parceria pioneira da carne Angus -

antes mesmo de o programa existir

oficialmente, quando ainda eram

dados os primeiros passos. O acor-

do foi firmado com o Frigorífico

Rio Pel, de Pelotas (RS), e chegou

a culminar na exportação de carne

Angus brasileira para a Alemanha.

Na época, contudo, a colaboração

não foi suficiente para fazer o pro-

grama da carne deslanchar, pois

ainda faltavam animais para abate.

Ainda assim, o Programa de

Carne Certificada Angus foi apre-

sentado por Salvador em 1991 – a

criação oficial da iniciativa, no

entanto, se daria apenas em 2003.

A carne foi o ponto central da ges-

tão de Salvador e, provavelmente,

o que mais diz a respeito de sua

trajetória dentro da Associação. O

então presidente previa as vanta-

gens do programa para os criadores

de novilhos, que teriam uma valori-

zação maior para seus animais.

Para que a colaboração entre

a Angus e os frigoríficos pudesse

acontecer de fato, era preciso que

Angus virasse uma marca ligada

à Associação, e esse processo de

registro no INPI foi iniciado ainda

no mandato do gaúcho, em 1990.

Naquele mesmo ano foi preparada

uma ação direta para a consolida-

ção da marca Angus na Expointer.

No estande da Associação, era

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possível ler o que se transformaria

no conhecido slogan da entidade:

“Angus: a raça completa” estam-

pado em um fôlder com informa-

ções sobre os animais.

Na transição para a nova dé-

cada que se iniciava, a Associação

não ficou alheia à situação econô-

mica do país. Com os índices de

inflação nas alturas e os entraves

impostos pelos planos do governo

para conter a disparada, a entidade,

tal qual o resto do Brasil, passou

por dificuldades. Ainda assim, foi

possível concretizar a maior parte

dos projetos traçados no ano ante-

rior. O Remate das Britânicas, si-

multâneo à Expointer, assim como

o Remate Ouro Negro, em Guaíba,

Rio Grande do Sul, saíram do papel

e foram realizados ainda em 1989.

Pouco depois, já em 1990, o Re-

mate Angus PO, em Santa Maria,

encerrava o 1º Teste de Avaliação

de Terneiros, iniciado no estabe-

lecimento do Condomínio Irmãos

Mondadori, em Itaqui (RS).

Com a ideia de que os brasilei-

ros aprendessem com os vizinhos

do Prata, em maio de 1992 a Asso-

ciação levou criadores à Argentina

para visitar as cabanhas referência

em Angus. A medida era uma for-

ma de mostrar o processo daquelas

propriedades que se destacavam

nas mostras internacionais.

Durante essa gestão, os olhos

da Associação já se voltavam para

a Exposição de Londrina, no Para-

ná. Quando encerrava sua gestão,

o presidente alertou os associados

de que a cidade devia ser vista

como “porta de entrada para cru-

zamentos industriais no Brasil

Central” - o que, mais tarde, se

concretizaria. A ida do Angus para

a mostra, contudo, só seria levada

a efeito na gestão seguinte.

Em 1989, a Angus Brasil firma parceria com o Frigorífico Rio Pel, de Pelotas. Esteve presente o então ministro da

Agricultura, Antônio Cabrera Mano Filho, que aparece na fotos com Salvador. O presidente da Farsul na época,

Hugo Giudice Paz (D), também esteve presente para inaugurar a nova sede da Angus no parque de Esteio

Estampa da caixa em que a carne

Angus certificada no Rio Pel era

exportada para a Alemanha:

“A carne provém do sul do

Brasil, próximo à Argentina, e é

produzida de novilhos Aberdeen

Angus dos pampas gaúchos, de 2 a

3 anos de idade, sem hormônios e

substâncias químicas”

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I Congresso Brasileiro de Aberdeen-Angus, realizado em 1989

Primeiro ano de gestão de Salvador, em 1988. O então presidente está ao lado de João Vieira de Macedo Neto, Bud

Snidow (representante da Associação Americana de Angus), Hilton Jacques e equipe da Cabanha Azul, na Expointer

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Angelo Bastos Tellechea

DiretoriaPresidente: Angelo Bastos Tellechea

Vice-presidente: Ruben Ilgenfritz da Silva

Secretário: Mauro Dante Aymone Lopez

2ª secretária: Claudia Silva Tellechea

Tesoureiro: Antonio Martins Bastos Neto

2º tesoureiro: João Paulo Schneider da Silva

1992 1994

Biografia do presidente

Sozinho ninguém faz nada.

Trabalho bom é em equipe.

ilho mais jovem de João

Francisco Tellechea, An-

gelo Bastos Tellechea tem

suas raízes no campo. Porém,

diferentemente do irmão Flavio,

um dos fundadores da Angus Bra-

sil, acabou alçando voos distantes

das terras da família em Uru-

guaiana. Formado em engenharia

industrial, Angelo construiu uma

trajetória na indústria e na gestão

de grandes empresas - experiên-

cia que seria fundamental na sua

atuação na Angus Brasil.

O uruguaianense estava afas-

tado do meio agropecuário há

quase 30 anos quando retornou

às origens em 1987, momento em

que começava a se libertar de suas

atividades de executivo - ou de

executado, como costuma dizer.

O desafio de se readaptar à vida

no campo foi encarado com tran-

quilidade pelo gaúcho. Para ele,

foi quando começou a viver. As

diferenças eram muitas. Na indús-

tria, todo produto sai igual. Em

um rebanho, contudo, padronizar

as gerações dentro da raça é um

trabalho árduo que só é possível

quando se atinge um nível de mui-

ta consistência genética.

Na divisão do patrimônio

familiar, tocou a Angelo adminis-

trar a Cabanha Umbu. O contato

com a Angus, naturalmente, se

deu quando ainda era pequeno, na

Cabanha Paineiras.

Quando che-

gou a hora de

voltar e o uru-

guaianense retor-

nou ao campo,

foi como o ingres-

so em um novo

negócio. Apesar

da tradição, a

familiaridade com o meio ficara

difusa no tempo, e era preciso re-

aprender algumas coisas enquanto

presidente de entidade de raça. O

engenheiro ainda tinha poucos

contatos na área, por isso se em-

penhou para estar em todos os

remates e exposições da Aberdeen

Angus que lhe fossem possíveis -

queria conhecer e ser conhecido.

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Cruzando

fronteiras

uando assumiu a presidência

da Associação, Angelo sabia

do desafio que tinha pela

frente. Seu discurso de posse, em

setembro de 1992, já tinha esse

tom. Ele assinalava que o trabalho

seria árduo, mas que buscaria

acompanhar o estágio de desen-

volvimento que a entidade e a

raça atingiam naquele momento.

“Sozinho ninguém faz nada”, é

a frase que o engenheiro costu-

ma repetir quando pensa em sua

gestão – como bom empresário,

escolheu com cuidado a equipe

que lhe cercava.

A primeira grande mudança

levada a cabo por Angelo, como

poderia se esperar de alguém com

sua experiência, foi no sentido de

melhorar a gestão da Associação.

Como presidente, ao olhar o esta-

tuto da entidade, considerou que

era possível aprimorá-lo – o docu-

mento era praticamente o mesmo

desde a fundação, por isso, uma

atualização era bem-vinda naquele

momento de crescimento da An-

gus. Entre as principais mudanças,

estiveram a normatização para

criação dos núcleos regionais e a

definição de objetivos mais claros

para a Angus Brasil.

Projetar a Associação exter-

namente também era uma meta,

que se evidenciava nos anúncios

publicados na tradicional revista

agropecuária DBO. Os textos fa-

lavam sobre a raça, explicavam

suas características e assinalavam

suas vantagens. A iniciativa aten-

deu às expectativas de tornar a

Angus conhecida dentro e fora do

Rio Grande do Sul.

Um dia, Angelo estava sozinho

na sede da Associação – o único

funcionário da entidade havia ido

realizar uma atividade externa –

quando o telefone tocou. Angelo

atendeu, e era um criador do

Ceará, que disse ter lido sobre a

Angus na DBO. O anúncio foi uma

sugestão de Jovelino Mineiro, cria-

dor que já trabalhava com Angus

e havia realizado um investimento

significativo na região de São Pau-

lo para a difusão da raça.

A principal medida de pro-

jeção da raça para fora do Rio

Grande do Sul foi, sem dúvidas,

a primeira participação da Angus

na Exposição de Londrina, em

1994. A expansão da Angus para

o Paraná, já sonhada em gestões

anteriores, teve seu princípio em

outra ideia de integração. Havia

certo tempo se pensava em reali-

zar uma feira que congregasse os

criadores de Angus do Mercosul.

O evento deveria ser rotativo, e

um dos pontos de encontro seria,

eventualmente, o Paraná. O estado,

porém, já contava com um evento

de porte, e a Associação percebeu

que deveria aproveitar esse espaço.

Deram-se, então, os primeiros

passos na articulação para fazer

a Aberdeen Angus rumar para o

norte. Para isso, a Associação con-

tou com o apoio de criadores que

já utilizavam a raça para cruza-

mento, percebendo seu potencial

melhorador de rebanhos. Primeiro,

entrou em contato com o então

presidente da Sociedade Rural do

Paraná, na época, o paulista José

Carlos Tibúrcio. Angelo telefonou

para ele, apresentou-se e com-

binou uma visita a Londrina no

verão. Mais tarde, as relações com

Tibúrcio, assim como com outros

criadores locais, se aprofundaram,

Em 1994, o Angus entra no Paraná. Pela primeira vez,

a raça participa da Exposição de Londrina

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o que facilitou ainda mais a entra-

da do gado na região.

Foi, em seguida, em busca

dos criadores que já tinham con-

tato com a raça, sempre com a

ajuda oferecida pelo presidente da

Sociedade, que deixou seu pessoal

à disposição. Assim, o então pre-

sidente da Angus Brasil conseguiu

cativar pecuaristas e viabilizar a

participação da Angus na Exposi-

ção. Mesmo com toda a agitação

da estreia da raça em Londrina,

a Associação conseguiu realizar

ainda um Dia de Campo em uma

fazenda da região, na qual se fa-

lou sobre o cruzamento industrial

da raça britânica com zebu. Com

o sucesso da mostra e o interesse

na Aberdeen Angus, foi inaugu-

rado o núcleo de Londrina, ainda

nesta gestão.

A Associação seguia firme

em sua resolução de nacionali-

zar, cada vez mais, a Aberdeen

Angus, mas não se esquecia de

fomentar o crescimento também

no Rio Grande do Sul. No Remate

Angus de 1992, em Santa Maria

(RS), apesar de algumas adver-

sidades no que dizia respeito à

divulgação, oferta e participação

de touros jovens testados, atingiu-

-se um resultado que confirmou o

aumento do interesse pela raça na

região. Na ocasião, um repórter

perguntou a Angelo o porquê de

se realizar o evento comercial em

Santa Maria, a que o então pre-

sidente respondeu, prontamente:

“Queremos colocar o preto no

branco”, referindo-se à forte pre-

sença de Charolês na região.

Na Expointer, que seguia

sendo o evento máximo da raça

no Brasil, as conquistas também

foram relevantes. Em 1993, a

Associação passou a servir carne

Angus no restaurante do estande

no local, como forma de mostrar,

concretamente, a qualidade su-

perior do produto. Nessa edição,

a Angus foi uma das raças que

experimentou um dos maiores

aumentos na participação. Nas

duas Expointer realizadas durante

a presidência de Angelo, o jurado

foi o americano Gary Minish, que

marcou o início de uma prática de

avaliação comentada, com tradu-

ção simultânea, dos animais que

se destacaram na mostra, como

uma forma de fazer com que os

julgamentos fossem também um

momento de aprendizado para os

criadores e para o público.

Angelo gosta de dizer que,

durante sua presidência, ele do-

brou o número de funcionários da

Associação: de um, passou para

dois. O aumento pode parecer

pouco expressivo, mas agilizou

os processos da Angus Brasil e

buscou, na medida do possível,

acompanhar as novas demandas

impostas pelo constante cresci-

mento da raça e do quadro social

da entidade – que também cres-

ceu a partir da ideia de que cada

associado trouxesse mais outro.

Animais durante a primeira participação da Angus na ExpoLondrina, em 1994

A primeira edição do Jornal do

Angus circulou em agosto de 1992,

destacando a qualidade da Angus

e seu potencial

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DiretoriaPresidente: Antonio Martins Bastos Filho

Vice-presidente: Fernando Bonotto

Diretor administrativo: Tito Rubens Mondadori

2ª secretária: Claudia Silva Tellechea

Diretor financeiro: Antonio Martins Bastos Neto

Diretoras sem designação: Claudia Silva Tellechea e

Heloísa Linhares Fitchner da Silva

1994 1996

m setembro de 1994, Antoni-

nho se tornava pela terceira

vez presidente da Associação

Brasileira de Angus. Logo de iní-

cio, o uruguaianense coloca em

discussão dois pontos importantes:

a reformulação dos objetivos per-

manentes da entidade e a consoli-

dação dos critérios para o serviço

PPC. Em 1995, chega a convocar

uma assembleia extraordinária

para discutir esse segundo ponto

- pertinente ao fortalecimento do

uso da raça em cruzamentos - já

na terceira sede da Angus Brasil

em Uruguaiana.

O uso do nome Angus como

uma forma de alavancar os ser-

viços e produtos oferecidos pela

associação, discutido desde o co-

meço da década, segue em pauta

na presidência de Antoninho. Para

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De olhona marcaA Associação registra o slogan

“Angus, a raça completa”

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consolidar esse objetivo, foi con-

tratada uma empresa com o fim

de construir um plano de mídia,

no qual foi incluída a publica-

ção de um encarte de 16 páginas

sobre a raça em uma revista de

grande circulação no meio rural

e a elaboração de um fôlder com

apresentação do novo logotipo

da entidade - no qual a cabeça

de um touro Angus é o elemento

fundamental, como ainda é hoje -

e das qualidades da raça.

A caminhada para o regis-

tro da marca, iniciada em 1990,

continua. Em 1995, a Associação

obtém o registro no INPI do nome

“Angus, a raça completa”. Ainda

em 1995, começou a se discutir

a criação de um certificado único

de exportação para o Mercosul e

Chile, a exigência de tipificação

sanguínea para o intercâmbio

entre os países e o reconhecimen-

to dos registros PPC. A decisão foi

tomada durante a Reunião Angus

no Mercosul, durante a Exposição

de Palermo, na qual estiveram

presentes representantes da Ar-

gentina, Brasil, Uruguai e Chile.

Em maio de 1996, a raça par-

ticipou pela primeira vez da Expo-

leite, feira de outono realizada em

Esteio (RS), levando um total de

81 animais, entre exemplares de

argola e rústicos. Naquele mesmo

ano, a diretoria realizou uma pes-

quisa para compreender o perfil

dos criadores de Angus no Brasil.

É interessante observar alguns dos

resultados na época.

Dos 49 associados, represen-

tando 25% do total:

•71%sãotambémagricultores;

•79%possuemvariedadedeAn-

gusvermelha;

•79%são,alémdecriadores,

recriadores;

•fertilidadeeprolificidadesãoas

características mais marcantes da

AberdeenAngus;

•92%registramseusanimais;

•79%fizeramcruzamentos;

•consideramqueaintegridadedo

criador é o fator mais importante

na aquisição de reprodutores.

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Fernando Bonotto

DiretoriaDiretor-presidente: Fernando Bonotto

Diretor vice-presidente: José Paulo Dornelles Cairoli

Diretor administrativo: Reynaldo Titoff Salvador

Diretor financeiro: Antonio Martins Bastos Neto

Diretores sem designação específica:

Lauro Moura Jardim e Claudia Indarte Silva

1996 1998

história da família de

Fernando Bonotto com a

Aberdeen Angus começa

no início da década de 1970, quan-

do o pai, Antônio Bonotto Neto,

importa exemplares da raça da

Argentina, junto com outros dois

criadores da região de Santiago,

no Rio Grande do Sul. Os animais

chegaram de trem, e um jovem era

responsável por percorrer os va-

gões para garantir que eles desces-

sem em segurança. Apesar da tradi-

ção na criação, o Angus criado na

propriedade não foi registrado até

o começo da década de 1980. Em

1982, Fernando assumiu a cabanha

de Angus da ABN Agropecuária.

A vontade de criar a raça veio

de uma análise simples e prática

dos animais. Dentro da proprieda-

de dos Bonotto, os primeiros diag-

nósticos de gestação apartavam as

vacas prenhes das vazias. No final

do serviço, ao observar a manguei-

ra das vacas prenhes, ela estava

repleta de fêmeas mochas, pretas

ou vermelhas. Ou seja, a produti-

vidade conquis-

tou a família.

Por carac-

terísticas como

esta, Bonotto

manteve o le-

gado do pai e

seguiu investin-

do na raça. Ele

decidiu fazer

parte da história da Angus no

Brasil, integrando a Associação,

da qual chegou à presidência em

agosto de 1996.

Biografia do presidente

Na minha propriedade,

escolhemos a Aberdeen Angus

pelo que vimos na prática.

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Transição e crescimento

Para crescer, a Associação saiu de Uruguaiana e se mudou

para seu estande no Parque de Exposições de Esteio

onotto não tem dificulda-

des em resumir sua ges-

tão de dois anos frente à

Associação Brasileira de Angus

com uma palavra: transição. A

mudança da sede da Associa-

ção de Uruguaiana, local de sua

fundação, para o estande em

Esteio, é oficializada em 1997,

e representa uma das mudanças

mais expressivas na estrutura da

entidade, que busca se aproximar

dos associados de outros estados

do país. A raça crescia exponen-

cialmente, e esperava-se que

a entidade que a representava

crescesse no mesmo ritmo.

A diretoria também começava

a mexer na estrutura administra-

tiva da Associação, contratando

um diretor executivo e um secre-

tário, para garantir atendimento

ao grande número de criadores

que vinha procurando a entida-

de. A criação do encarte Jornal

do Angus, que circulava junto ao

Jornal dos Criadores, também foi

uma estratégia para buscar um

maior entrosamento com associa-

dos e técnicos.

Também o site da Angus, que

hoje é amplamente acessado por

criadores, associados e admira-

dores da raça, teve sua origem

na gestão de Bonotto. Na época,

o presidente justificava: “Como a

internet é acessada diariamente

por milhões de pessoas no mundo

todo, a diretoria vê a criação de

uma home page como mais uma

oportunidade de firmar a imagem

da raça e proporcionar bons negó-

cios a todos os criadores”.

O monitoramento da marca

Angus também foi forte na presi-

dência de Bonotto. O processo de

registro, que já vinha de outras

gestões, avança alguns passos e

garante à Associação o uso da

marca em outras vertentes além

das já permitidas anteriormente.

Em 1997, surgiu uma nova

forma de comercializar os ani-

mais resultantes do Teste de

Avaliação de Terneiros, já na 8ª

edição: o 1º Leilão Conjunto

de Touros Avaliados, Testados e

Aprovados em Testes de Avalia-

ção, realizado em setembro de

1997. No ano seguinte, o teste

passou por uma reformulação,

elaborando uma projeção de

ganho de peso. A Associação fez

questão de participar da prova

de ganho de peso de 1997 execu-

tada pela Estação Experimental

de Zootecnia de Sertãozinho, em

São Paulo, visando ao mercado

promissor do Brasil Central.

Nas exposições, a Angus se-

guiu se destacando. Na Expointer

de 1997, a participação do público

no julgamento da raça chamou a

atenção dos participantes e de-

monstrou o envolvimento e a in-

tegração que a Angus vinha des-

pertando. Nessa edição da mostra,

o jurado foi Antoninho, que, após

36 anos de presença consecutiva

de sua cabanha na principal feira

pecuária do país, abriu mão de

expor seus animais para julgar os

dos demais associados.

Na Exposição Agropecuária e

Industrial de Londrina de 1998, a

participação da Associação Bra-

sileira de Angus se consolidou

com a criação de um estande da

entidade. Na época, foi necessá-

rio dividir o espaço com outra

associação de raça, que expunha

no turno inverso à Angus.

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Os remates e leilões estiveram

presentes desde o início da

Associação, como mostram os

anúncios ao lado. Mas em 1997

houve um marco: um evento

comercial de elite, o 1° Remate

Golden Angus. Na foto acima,

outro exemplo de leilão de elite, o

Red Concert Catanduva, realizado

em maio de 2009

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José Roberto Pires Weber

1998 2002

ilho de médico, José Ro-

berto Pires Weber nasceu

e foi criado em Porto Ale-

gre. O pai tinha uma vida urbana,

assim como ele próprio, formado

em direito na Universidade Federal

do Rio Grande do Sul e advogado

por convicção. Por outro lado, sua

mãe, de família de ruralistas, foi

responsável pela sua relação com

o campo que, mais tarde, se torna-

ria uma das suas grandes paixões.

Em janeiro de 1984, ele deixou a

capital gaúcha para morar na Es-

tância Santa Thereza, propriedade

da família em Dom Pedrito (RS). O

gaúcho abandonou a advocacia e a

condição de professor universitário

para se dedicar à agropecuária. A

esposa, também advogada, aceitou

a mudança, e o casal trocou a vida

na cidade grande pela tranquilida-

de do interior. Para Weber, foi um

retorno às raízes maternas, que

remontavam ao tataravô, o Barão

do Upacaraí, fazendeiro que hoje

dá nome a uma das principais ruas

de Dom Pedrito.

Na propriedade familiar,

utilizava-se cruzamentos na ex-

ploração bovina, e ao assumir a

administração, Weber progressi-

vamente foi substituindo o gado

existente por Aberdeen Angus.

Quando conta essa história, faz

questão de ressaltar: há muitas

raças “do momento”, mas a An-

gus é a “definitiva”.

Os primeiros touros da raça

foram adquiridos no começo da

década de 1990. Em seguida,

investiu também em ventres e

passou a usar

exclusivamente

sêmen Angus. Foi

a consolidação da

admiração pela

raça britânica,

cuja fagulha já

havia sido acesa

nas diversas exposições de que

participou, nas quais teve contato

com o Aberdeen Angus. E foi essa

história que o levou, em setembro

de 1998, à presidência da Associa-

ção Brasileira de Angus.

Biografia do presidente

F

Cada gestor fez o que era possível a seu tempo.

Já fui presidente de outras entidades e posso afirmar que na

Angus ocorre algo raro: sempre se caminha para frente,

e a cada gestão a Associação cresce.

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Diretoria 1998 2000Diretor-presidente: José Roberto Pires Weber

Diretor vice-presidente: Fábio Gomes

Diretor administrativo: Alexandre Chanan

Diretor financeiro: Reynaldo Titoff Salvador

Diretores sem designação específica:

Sérgio Bastos Tellechea e

Antônio Carlos Vicente e Silva

2000 2002Diretor-presidente: José Roberto Pires Weber

Diretor vice-presidente: Fábio Gomes (de setembro de 1998 a novembro

de 2001) e Lauro Moura Jardim (de novembro de 2001 a agosto de 2002)

Diretor administrativo: Claudia Indarte Silva

Diretor financeiro: Reynaldo Titoff Salvador

Diretor de marketing: Carlos Eduardo Lima

Diretor de núcleo: Antonino Souza Dornelles

Diretor: Antônio Carlos Torres Vicente Silva

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Estruturar a Angus brasil

A mudança da sede para Porto Alegre e o incremento no

quadro de funcionários ajudaram a profissionalizar a Associação

eber assumia a liderança

da Associação Brasileira

de Angus em uma fase

crucial. Na gestão anterior, a sede

da entidade havia sido transferida

de Uruguaiana para o estande da

Associação no Parque de Expo-

sições Assis Brasil, em Esteio,

e a única funcionária na época,

Helena Assis Brasil, organizava a

transição do setor administrativo.

De Esteio para Porto Alegre, a

distância era curta, e o presidente

aproveitou a oportunidade para

levar, enfim, a sede para a capital

gaúcha, medida que há muito era

discutida entre os associados.

A Angus Brasil passou a fun-

cionar, então, na garagem de um

casarão antigo na rua Luciana de

Abreu, número 266, em uma zona

nobre da capital gaúcha. Nem bem

a mudança fora oficializada em

setembro de 1999, e a Associação

já mudava de endereço novamente

em janeiro do ano seguinte, desta

vez para a avenida Carlos Gomes,

141, no conjunto 501 - transfe-

rência que, segundo Weber, só

foi possível com o apoio do então

vice-presidente, Fábio Gomes. He-

lena também foi responsável pela

organização dessa mudança.

Weber insistia com veemência

que, para uma raça do porte da

Aberdeen Angus, era preciso uma

associação forte que a acompa-

nhasse. E isso passava, além do es-

paço físico da entidade, pelo qua-

dro de funcionários, que Weber se

preocupou em expandir e profis-

sionalizar. A nova fase da entidade

também passava pela consolidação

da marca perante os criadores e

a sociedade em geral e, dentro

desta ideia, foram encaminhados

registros relacionados ao uso da

expressão Angus e suas variações

junto ao Instituto Nacional da Pro-

priedade Industrial, e foi lançada

a Revista Angus, com uma tiragem

de 10 mil exemplares e duas edi-

ções anuais. Logo depois, durante

a ExpoLondrina de 2000, também

foi lançado o jornal Angus@News,

ainda hoje um dos mais importan-

tes veículos de comunicação da

entidade. Também houve o regis-

tro do domínio angus.org.br e a

reformulação do site.

Nessa mesma direção, foi ela-

borado o Manual do Criador, hoje

na terceira edição, que objetivou

oferecer ao produtor uma ferra-

menta de apoio que lhe facilitasse

o entendimento e o acesso direto

aos procedimentos de registros

dos animais e outras informações

práticas sobre a raça.

O fortalecimento da marca

Angus também foi o objetivo da

mudança no estatuto social da

entidade, em Assembleia Extraor-

dinária realizada em novembro de

1999, quando a entidade até então

denominada Associação Brasilei-

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Anúncio da I Exposição Nacional

da Raça Angus, realizada em 2001

Primeira edição do jornal

Angus@News, lançado em 2000

O selo de certificação do Programa Carne

Angus Certificada foi criado antes mesmo

da existência do programa, no ano 2000,

para dar apoio ao projeto de produção de

carne Angus da Red Angus Beef MC

regulamento único para todas as

exposições e feiras nacionais. Tam-

bém foi criado o Ranking Oficial

dos Expositores da Raça Angus,

que teve início na Exposição de

Londrina de 2000 e serviu como

estímulo a uma maior participação

dos criadores nas exposições ofi-

ciais da raça. No ano seguinte, foi

elaborado o padrão racial definido

para a Angus, adequado aos cri-

térios internacionais. Além disso,

ocorreu na época a oficialização do

programa Cruzamento sob Con-

trole Genealógico (CCG Angus).

Em razão da implementação de

tantas iniciativas desta ordem é que

Weber, sempre que fala das suas

gestões, enfatiza a importância e o

apoio do Conselho Técnico.

Acompanhando a expansão

da raça, a Associação aumentou

sua presença em exposições fora

do Rio Grande do Sul. Em 2000,

a raça Aberdeen Angus teve seu

primeiro julgamento de classifica-

ção na Feicorte, embora já tivesse

participado da mesma no começo

da década de 1990, quando a feira

se chamava Expande e, depois,

Expocorte. A Angus Brasil tam-

bém participou da Agrishow, em

Ribeirão Preto, em parceria com

o Núcleo de Criadores de Angus

da região, e enviou técnicos às

exposições de Brasília, Umuarama

e Araçatuba. Mais uma vez em

parceria com o núcleo paulista da

entidade, realizou entre novembro

e dezembro de 2001 a I Exposi-

ção Nacional da Raça Angus, na

cidade de Avaré, em São Paulo. A

segunda edição do evento aconte-

ceu no ano seguinte, em São José

do Rio Preto.

Ainda na região de São Paulo,

Weber deu um passo adiante para

a criação definitiva do Programa

Carne Angus, com a oficialização

do contrato entre a Associação e o

criador Eloy Tuffi. A parceria au-

torizava que o criador fizesse uso

da marca Angus em suas butiques

de carne. Também houve, na

mesma época, uma aproximação

entre a Associação e o Frigorífi-

co Mercosul, cujo presidente era

Mauro Pilz, para a realização de

uma parceria visando a promoção

e crescimento da carne Angus.

ra de Aberdeen Angus passou a

se chamar Associação Brasileira

de Angus. “Angus” era um nome

mais fácil de utilizar comercial-

mente, o que contribuiria para a

difusão da marca – o que, de fato,

aconteceu. Hoje, os nomes Angus,

Aberdeen, Aberdeen Angus e Red

Angus pertencem à Associação.

Em 2000, a Angus escreve seu

nome na história como a primeira

raça europeia a superar as raças

zebuínas em venda de sêmen: o

relatório da Associação Brasileira

de Inseminação Artificial referente

ao ano anterior anuncia a comer-

cialização de 943.129 doses de

sêmen Angus. Em 2001, uma nova

reforma estatutária buscou forta-

lecer a estrutura da Angus Brasil.

O número de vice-presidentes

aumentou para quatro, visando

a atender aos diversos compro-

missos e objetivos da entidade.

A modificação passaria a valer a

partir do mandato seguinte.

Foi também na gestão de We-

ber que algumas decisões técnicas

importantes foram levadas a efeito.

O Conselho Técnico elaborou um

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2002 2004

m agosto de 2002, Salvador

voltava à presidência da

Angus determinado a fazer

o Programa Carne Angus deco-

lar. Era a hora de o projeto de

integrar a cadeia produtiva da

carne sair do papel. Para isso,

foi realizado um levantamento

dos volumes e da qualidade da

carcaças Angus e de cruzamentos

com a raça de animais abatidos

nos frigoríficos do Rio Grande do

Sul - especialmente no Frigorífico

Mercosul, primeiro parceiro da

iniciativa. O começo oficial do

Programa Carne Angus, que se

desenhava desde 2001, acontece

finalmente em 2003. Logo depois

do início do projeto, a Angus

Brasil e o Mercosul desenvolve-

ram em conjunto a marca Angus

Reiter Premium.

Para começo de conversa, era

necessário que os criadores forne-

cessem animais adequados e os

abates fossem direcionados a uma

planta específica. Inicialmente, 30

pecuaristas gaúchos entregaram

novilhos que atendiam às exigên-

cias do programa, e os primeiros

abates ocorreram em março de

2003. Naquele momento, 200 ani-

mais eram abatidos mensalmente.

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Focona carne

DiretoriaDiretor-presidente: Reynaldo Titoff Salvador

Diretor 1º vice-presidente: José Paulo Dornelles Cairoli

Diretores vice-presidentes: Fábio Gomes,

Valdomiro Poliseli Júnior e Nilton Carlesso

Diretor financeiro: João Francisco Bade Wolf

Diretor de marketing: Marco Bochi

Diretora administrativa: Claudia Indarte Silva

Diretor de núcleos: Antonino Souza Dorneles

Diretor sem designação específica: Fernando Osório

Depois de anos de construção, chega a

hora do Programa Carne Angus

160 Associação Brasileira de Angus

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Quando atingiu a marca de 2

mil carcaças Angus mensais pa-

dronizadas, Salvador foi conversar

com a direção da rede de super-

mercados Zaffari para propor uma

parceria. Foi quando se conseguiu

organizar os três elos da cadeia

da pecuária de corte: produtores,

indústria e varejo, com o objetivo

de ter uma marca de carne Angus

forte e de qualidade. Enfim, a As-

sociação conseguia oferecer uma

produção regularizada, que aten-

dia às demandas do cliente final.

Ainda em 2003, aconteceu o I

Concurso de Carcaças, na ocasião

chamado de FestCarne, para divul-

gar a Carne Angus Reiter Premium.

O evento aconteceu em Bagé (RS),

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terra do Frigorífico Mercosul. No

mesmo ano, Salvador consolidou

o programa Angus Plus, uma fer-

ramenta de difusão genética, e em

2004 formatou a parceria entre

ANC, Promebo e Gensys para apri-

morar o Sumário de Touros.

Ainda com foco na divulgação

da carne Angus e no fomento da

pecuária de corte, a Associação

realizou o I Seminário: Avaliação

Funcional de Bovinos de Corte

e Formação de Jurados da Raça

Angus, em dezembro de 2004,

ministrado pelos americanos Roger

E. Hunsley e Gary Minish.

Para proporcionar a troca de

experiências entre criadores de dife-

rentes nacionalidades, a Associação

promoveu em 2003 a Gira Angus

Mercosul, em parceria com Argen-

tina e Uruguai. O foco na carne, po-

rém, não diminuiu a atenção dada

às exposições, que seguem sendo

valorizadas como vitrine para a

raça. Naquele ano, a participação

da Angus em Londrina passou a se

enquadrar como exposição de nível

A no ranking da Associação.

A carne Angus chega ao supermercado em 2004. Na foto, Fernando Osório,

na época diretor do Programa Carne Angus, Reynaldo Salvador e João Wolf

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José Paulo Dornelles Cairoli

Diretoria 2004 2007Diretor-presidente: José Paulo Dornelles Cairoli

1º vice-presidente: Luiz Anselmo Cassol

Vice-presidentes: Valdomiro Poliselli Júnior,

Afonso Antunes da Motta e Paulo de Castro Marques

Diretor financeiro: João Francisco Bade Wolf

Diretor de marketing: Luiz Eduardo Batalha

Diretor administrativo: Ângelo Antônio Martins Bastos

2004 2008

Biografia do presidente

Q

A evolução de uma cabanha

está em produzir sempre um animal

melhor do que no ano anterior.

uem conversa com José

Paulo Dornelles Cairoli

na cidade e, em seguida,

encontra-o no campo, não tem

dificuldade em perceber onde o

empresário e pecuarista se sente

mais à vontade. Como muitos

criadores, o ex-presidente da

Associação Brasileira de Angus

se divide entre os dois meios e as

duas atividades, mas não esconde

onde prefere estar. Escorado em

uma cerca, vestindo bota, bomba-

cha e chapéu, o gaúcho observa

seu rebanho de Angus com o or-

gulho de quem vê uma obra cons-

truída por décadas de trabalho.

Um plantel, no entanto, é uma

obra que não termina nunca, e

que precisa ser aperfeiçoada ano

após ano - e é essa mentalidade,

de melhoria constante, que Cairoli

buscou levar para a Associação

Brasileira de Angus.

Em 1969, alguns anos após a

morte do avô de Cairoli, a família

recebeu parte da Fazenda Recon-

quista, em Alegrete (RS). Aos pou-

cos, o clã foi trabalhando a terra,

onde a criação predominante até

então era de gado cruzado. Casado

com Maria da Glória Tellechea,

quando assume a propriedade no

começo da década de 1970 Cai-

roli conhece o Brangus por meio

do sogro, Flavio. Assim, começa

a usar sangue Angus em 1974 e

em 1983 firma uma parceria com

o cunhado, Neco Tellechea, para

a criação de Angus PC em outras

propriedades. Como consequência,

no final da década de 1980 passa

a criar Angus PO, e dá início a

sua cabanha inspirado no modelo

argentino, com animais a campo.

Cairoli recorda que, antes dos

anos 1990, a genética era desen-

volvida quase exclusivamente

dentro das cabanhas, e compara

com a forma como a seleção é

feita hoje, com grande intercâmbio

genético pela compra de embri-

ões. Para o fazendeiro, isso exigiu

que os cabanheiros se tornassem

ainda mais com-

petentes, uma

vez que, quando

todos podem ter

uma determinada

genética, a dife-

rença se faz no

cuidado.

O fazendeiro

começou comprando quatro vacas

PO. Já em 1991, começou a parti-

cipar de exposições. Comprou 100

prenhezes da Cabanha Três Marias

e, a partir daí, firmou como obje-

tivo máximo investir em carne de

qualidade e passou a defender a

raça Aberdeen Angus como negó-

cio - o que sustenta ainda hoje.

2007 2008Diretor-presidente: José Paulo Dornelles Cairoli

Diretor 1º vice-presidente: Luiz Anselmo Cassol

Diretores vice-presidentes: Joaquim Assumpção Mello,

Renato Zancanaro e Paulo de Castro Marques

Diretor financeiro: Fábio Gomes

Diretor administrativo: João Francisco Bade Wolf

Diretor de marketing: Luiz Eduardo Batalha

Diretor de núcleos: Flávio Montenegro Alves

Diretora sem designação específica: Vivian Diesel Pötter

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Coragempara mudar

A exigência de que os animais fossem tosados para

participar dos julgamentos de seleção da raça foi polêmica

ma das primeiras medi-

das tomadas por Cairoli

no período em que esteve

à frente da Associação Brasileira

de Angus causou polêmica entre

os criadores. O presidente, junto

ao Conselho Técnico da entidade,

determinou que os animais fossem

tosados para participar dos julga-

mentos de classificação. A inicia-

tiva foi implementada já nas ex-

posições ranqueadas de 2005, um

ano após o anúncio da decisão,

sendo aplicada pela primeira vez

na ExpoLondrina daquele ano.

A ideia era valorizar os produ-

tos fenotipicamente superiores,

reduzindo as possibilidades de

encobrir defeitos estruturais com

maquiagem e penteados. Desde o

início das exposições, era costume

U trazer profissionais da Argentina e

dos Estados Unidos para arrumar

os animais - às vezes, se usava até

laquê para consertar alguma falha.

A tosa baixa acabou marcando

a gestão de Cairoli como um dos

grandes diferenciais da raça na-

quele momento, permitindo que

o corpo dos competidores fosse

visto sem artificialismos. Além

disso, a medida fez com que os

criadores passassem a selecionar

animais com pelo mais curto,

o que é mais adequado para o

centro do país, um dos mercados

para onde a Angus se expandia

rapidamente. A decisão, que

incomodou alguns criadores na

época, é mantida até hoje, e re-

presentou uma mudança no pa-

drão racial da Aberdeen Angus.

Já no fim da gestão de Cairoli,

outra medida trouxe mudanças

para as exposições da raça: a

exigência de tipagem sanguínea

de todos os animais campeões

de cada categoria. O objetivo era

reduzir o contrabando de animais,

e o procedimento evoluiu para a

catalogação do DNA.

Para mostrar que a Angus en-

trava em um novo momento, a

Associação realizou em dezembro

de 2004 o I Leilão Nova Era, que

também comemorou a posse da

nova diretoria na época. Em de-

zembro daquele ano, o Iate Clube

da Ilha, na Ilha da Flores, Grande

Porto Alegre (RS), recebeu cria-

dores, técnicos e aficionados pela

raça para assistir ao evento coman-

dado pelo leiloeiro Fábio Crespo.

Na ocasião, a Angus comercializou

22 lotes, o que gerou uma renda

significativa voltada para as ações

de marketing da Associação.

O leilão Futurity também sur-

giu, em 2005, como uma forma de

dar aos associados mais oportuni-

dades de comercialização de seus

rebanhos. Realizado paralelamen-

te à Exposição de Londrina, o

evento seguiu uma fórmula con-

sagrada em países como Canadá e

Estados Unidos, mas ainda inédita

no Brasil: consistia na realização

de um leilão e, depois, de uma

exposição e julgamento de classi-

ficação dos animais, que precisa-

vam ser estreantes em pistas de

julgamento. Somente fêmeas PO

da categoria Terneira Menor po-

diam integrar a promoção.

170 Associação Brasileira de Angus

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Page 176: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

Ainda em 2005, durante a

Expointer, a Angus Brasil organi-

zou um mecanismo para facilitar

a participação nas exposições de

categoria A com animais de argo-

la: era lançada a Copa Incentivo, o

“début dos criadores nas pistas de

julgamento”. Além de estimular os

criadores a participarem dos even-

tos da Angus, a divulgação da raça

também foi um ponto marcante do

mandato de Cairoli.

Em parceria com o Canal Ru-

ral, a Associação desenvolveu

um programa para ser veiculado

para um público mais direciona-

do, buscando levar informações

sobre a criação de Aberdeen para

o segmento rural. O Anuário da

Angus, lançado em 2006, além da

promoção da raça, também tinha

como objetivo catalogar os vence-

dores das exposições e os aconte-

cimentos da Associação ao longo

do ano, para criar um documento

histórico da entidade.

Como é recorrente em toda a

trajetória da Associação, a coope-

ração e integração internacionais

continuaram durante a gestão

de Cairoli. No grande evento da

raça em 2005, o Fórum Mundial

Angus África do Sul, a entidade

se fez presente. No evento, reali-

zado em março, foi arquitetada a

Aliança de Angus do Hemisfério

Sul, consolidada meses depois. Em

agosto do mesmo ano, os criadores,

A Cabanha La Cornélia, de Tapes (RS) foi a grande vencedora do julgamento de classificação de fêmeas na 1ª Copa Incentivo, realizada em 2005

Em maio de 2007, foi realizada a 1ª Feira de Terneiros e Ventres Angus

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Criadores e expositores junto à primeira Grande Campeã do I Futurity, Espinilho 4007 Zeta

reunidos mais uma vez para a

Exposição de Palermo, dão início

à Associação Sul-Americana de

Angus, que substituiu a Federação

de Angus do Mercosul, na qual a

Angus Brasil já estava representa-

da. Também constavam no grupo

Argentina, Uruguai, Paraguai,

Chile e Colômbia. Durante a feira

de Esteio de 2005, foi realizado o I

Workshop Internacional da Carne

Angus - Cone Sul, com o apoio

da Associação Sul-Americana de

Angus e do Frigorífico Mercosul.

Ainda investindo no fomento

ao Programa da Carne, foi assina-

do em junho de 2005 o contrato

com a empresa australiana de

certificação Aus-Qual para o reco-

nhecimento internacional da carne

Angus. A criação do site da carne,

em setembro do ano seguinte, é

mais um passo em direção ao cres-

cimento do projeto. Em novembro

de 2006, foi firmado o contrato de

certificação com o Frigorífico Mar-

frig, em São Paulo. Naquele ano a

Aberdeen Angus comemorava 100

anos de registro no Brasil, e a raça

e a entidade colhiam os frutos de

um século de dedicação e trabalho

de criadores e selecionadores.

No ano seguinte, a carne Angus

continuou em alta, e a Associação

se aliou à empresa VPJ. Nessa

época, a carne Angus chega à

mesa do consumidor pelo tradicio-

nal restaurante Barranco, em Porto

Alegre (RS), e em 2008, mais uma

parceria é fechada, dessa vez com

o Frigorífico Nossa Senhora da

Gruta, em Herval (RS).

No Fórum Mundial de Angus de 2006 no Canadá, a Cabanha Catanduva foi a única representante brasileira. Na foto,

o proprietário, Fábio Gomes, aparece com a filha Fabiana ao lado do animal vendido no evento, WAF 337U Brazil

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Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello

DiretoriaDiretor-presidente: Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello

Diretor 1º vice-presidente: Fábio Gomes

Diretores vice-presidentes: Mariana Franco Tellechea,

José Roberto Pires Weber e Paulo de Castro Marques

Diretor financeiro: Marco Antônio Gomes Costa

Diretor administrativo: Angelo Bastos Tellechea

Diretor de marketing: João Francisco Bade Wolf

Diretor de núcleos: Ignacio Silva Tellechea

Diretor sem designação específica: Ronaldo Zechinski de Oliveira

2008 2010

ntrar na Estância Santa Eulá-

lia é um mergulho no tempo.

A casa, uma construção de

1888, foi comprada em 1919 pela

família Bordagorry para “curar

uma gripe”, como brincam ainda

hoje os familiares. A tataravó de

Joaquim Francisco Bordagorry

de Assumpção Mello começou

a adoecer, e o marido, temendo

que o mal-estar descambasse para

uma tuberculose, decidiu comprar

a terra em Pelotas, no Rio Grande

do Sul, próxima a um local cha-

mado Cascata, onde muitas pesso-

as iam se tratar da enfermidade.

Essa e outras histórias estão

guardadas na estância que hoje

pertence a Joaquim e é referên-

cia na criação de Angus no Rio

Grande do Sul. A trajetória da

Associação Brasileira de Angus,

assim como a da raça, também

passa por lá. A sala da Santa Eu-

lália, que ainda conserva móveis

da época da tataravó de Joaquim,

hoje guarda também uma pare-

de repleta de troféus obtidos em

exposições de Aberdeen Angus.

Esses prêmios dividem espaço

com distinções recebidas pela cria-

ção de cavalo crioulo e, destoando

um pouco do restante, medalhas

de campeonatos de golfe.

Joaquim iniciou seus traba-

lhos na Santa Eulália em 1964,

quando ainda era estudante de

agronomia. Ao se formar, em

1969, assumiu a totalidade da

propriedade, que vinha arrendada

por 36 anos. Começou com a pe-

cuária tradicional, mas em 1972

iniciou uma exploração integrada

de agricultura de arroz e soja,

implantando pastagens artificiais.

A família do pelotense come-

çara a criar Angus em 1900 no

Uruguai, mas, para ele, a história

foi um pouco diferente e não veio

apenas por tradição. Na década

de 1980, o engenheiro-agrônomo

ainda trabalhava com cruzamento

em sua propriedade. Aos poucos,

começou a notar que aqueles

animais cruzados com Aberdeen

Angus acabavam sendo mais pro-

dutivos. Na Santa Eulália, quando

chove, a água

se acumula por

todos os cantos

da propriedade.

Ainda assim, os

Angus conse-

guiam andar pela

terra e alcançar

pastos onde ou-

tros bovinos não chegavam, o que

fazia com que ganhassem peso

com mais facilidade.

Foi aí que Joaquim resolveu

definitivamente se dedicar à raça,

e, em 1983, começou a montar seu

plantel. A produtividade e adapta-

bilidade da raça tornaram a Angus

uma paixão e um bom negócio que

o pelotense cultiva até hoje.

Biografia do presidente

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Selecionar a raça

é importante porque você está

transformando pasto em carne.

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Com esforço e determinação, a Associação adquire

uma sede própria em Porto Alegre

A Angus encontra

seu lugar

m dezembro de 2008, Joa-

quim se tornou presidente da

Associação Brasileira de An-

gus. O primeiro pensamento que

passou pela cabeça do pelotense

foi o mesmo que muitos antes dele

tiveram: a expansão da raça e o

crescimento da entidade pediam

um espaço físico condizente com a

sua importância. Começou, então,

a busca pelo local ideal para abri-

gar a Angus Brasil.

Antes disso, era preciso obter

recursos para que a entidade pu-

desse adquirir a própria sede. Jo-

aquim anunciou em dezembro de

2009 que a arrecadação do Leilão

Nova Era seria depositada em uma

conta exclusiva para esse fim. O pe-

lotense ativou os contatos tramados

em mais de 50 anos de pecuária e

conseguiu que criadores doassem

animais de boa qualidade para

serem leiloados. Mas também era

preciso que os convidados acredi-

tassem no projeto e se dispusessem

a participar do evento. Alguns ami-

gos recrutados pelo pelotense que

sequer criavam Angus comparece-

ram para comprar, e até mesmo um

desembargador aposentado saiu de

lá dono de uma vaca. O esforço deu

resultados, e em 2010 foi possível

comprar a nova casa da Associação

Brasileira de Angus, no número

12 do largo Visconde do Cairu,

conjunto 901, no centro de Porto

Alegre (RS). Em empreitadas como

essas, o ex-presidente faz questão

de destacar a importância do apoio

da diretoria que lhe acompanhou.

As boas relações também

foram fundamentais para a As-

sociação em outros momentos.

Joaquim negociou a expansão da

certificação no Frigorífico Marfrig

diretamente com o CEO da em-

presa, James Cruden, bonificando

todas as categorias da raça Angus.

Foi também com Cruden que o pe-

lotense percorreu o Brasil Central

para se aprofundar na expansão

do cruzamento de Angus na re-

gião. Em um só dia, estiveram em

São Paulo, Mato Grosso e Goiás.

Com essa viagem, foi possível ter

uma ideia do que se estava fazen-

do, em termos de criação, nesses

locais. Uma das conclusões foi

que o crescimento do cruzamento

também gerava o aumento das

plantas que usavam carne Angus,

o que era importante para outro

projeto que também esteve entre

as prioridades de Joaquim: o for-

talecimento do Programa Carne

Angus, cuja diretoria ele assumiu

simultaneamente à presidência.

Cruden teve ainda mais uma

participação decisiva na história

da Associação. Na gestão de Joa-

quim, iniciavam na Argentina as

negociações junto à rede de fast-

-food McDonald’s para firmar uma

nova parceria. Em uma reunião no

país vizinho, com a mediação da

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Associação Argentina de Angus,

discutiu-se essa possibilidade e já

começou a se articular uma nova

conversa. Nessa ocasião, Cruden

sugeriu que o próximo encontro

fosse sediado no Marfrig, em São

Paulo. Assim, trazia o McDonald’s

para dentro do frigorífico que

forneceria os hambúrgueres, res-

pondendo positivamente à grande

pergunta da rede: haveria carne

Angus no Brasil para abastecer as

lanchonetes?

A certificação da carne An-

gus no Frigorífico Silva, em 2009,

consolidou o programa na região

central do Rio Grande do Sul, no

mesmo ano em que o fornecimento

de produtos para a Cia Zaffari foi

incrementado. A ida ao Congresso

Brasileiro de Gastronomia, em São

Paulo, em parceria com a VPJ, tam-

bém marcou a gestão de Joaquim:

foi a primeira vez que a entidade

participou de um evento dessa área.

Joaquim Mello amplia certificação no Marfrig. Na foto, ele está com James Cruden (ao centro), CEO da instituição, e

o empresário Marcos Molina, um dos fundadores do frigorífico

Em abril de 2010 nascia o primeiro clone Angus no Brasil, cópia da fêmea Catanduva Impala (à esquerda). O clone, propriedade de Zuleika Torrealba, dona

da Cabanha da Maya, em Bagé (RS) foi registrado como Maya Impala Stryker 4128 0 TE68-02-TN e recebeu o número 138337 no Herd-Book Collares

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O produtor que trabalha com a nossa

genética e faz animal de rebanho, que não

participa de pista, mas usa cruzamento para a

indústria deve ser valorizado.

2010 2014

Diretoria2010 2012Diretor-presidente: Paulo de Castro Marques

1º vice-presidente: José Roberto Pires Weber

Vice-presidentes: Mariana Franco Tellechea, Eduardo

Linhares e Valdomiro Poliselli Jr.

Diretor financeiro: Reynaldo Titoff Salvador

Diretor administrativo: Marco Antônio Gomes da Costa

Diretor de marketing: Luiz Felipe de Moura Pinto

Diretor de núcleos: Sérgio Colaço da Silva

2013 2014Diretor-presidente: Paulo de Castro Marques

Diretor 1º vice-presidente: José Roberto Pires Weber

Diretores vice-presidentes: Marco Antônio Costa,

Wilson Brochmann e Rogério Francisco Stein

Diretor financeiro: Maurício Lampert Weiand

Diretor administrativo: Sérgio Colaço da Silva

Diretor de marketing: Gustavo Goulart

Paulo de Castro Marques

ineiro de Belo Horizonte,

Paulo de Castro Marques

divide-se em dois. Pecua-

rista, está à frente da Casa Branca

Agropastoril, em Fama, Minas Ge-

rais. Empresário, atua na indústria

farmacêutica Biolab, com sede em

São Paulo. “Sou pecuarista, estou

empresário”, ressalta, sempre que

tem oportunidade. A duplicidade

está em sua origem. O pai, João,

saiu do interior de Minas para ga-

nhar a vida na cidade, mas sempre

reclamou de saudades do campo.

Assim que possível, comprou uma

fazenda leiteira, onde Marques per-

maneceu até os 14 anos, quando a

família se mudou para São Paulo.

E foi assim, dividido entre a vida

urbana e rural, que o presidente da

Angus passou parte da vida.

Décadas mais tarde, Marques

e a família compraram terras no

sul de Minas e decidiram investir

novamente na pecuária de leite. O

mineiro comandou o estabeleci-

mento por cerca de dez anos, quan-

do retornou a São Paulo e passou

a se dedicar à indústria química e

farmacêutica, enquanto um irmão

assumia a propriedade rural.

Após alguns anos afastado,

Marques retornou ao campo que-

rendo realizar um trabalho dife-

rente, e entrou para a pecuária

de corte. Por meio de pesquisas,

o pecuarista percebeu que o mer-

cado da carne vivia um momento

especial no Brasil, com grande ex-

pectativa de crescimento. Ao mes-

mo tempo, detectou que o valor

da carne brasileira estava abaixo

do cobrado pelos principais expor-

tadores, que tinham uma margem

de lucro maior, especialmente em

razão da qualidade superior.

Por isso, ele e o filho Paulo

decidiram desenvolver um projeto

em que oferece-

riam material ge-

nético para quem

quisesse produzir

essa qualidade.

Analisando as

mesmas pesqui-

sas, concluíram

que a Angus era

a raça ideal para isso. Iniciaram a

criação na Casa Branca Agropasto-

ril, buscando os melhores indiví-

duos para as condições de Sudeste

e Centro-Oeste. O Aberdeen Angus

entrou na propriedade em 1999 e

não saiu desde então.

Biografia do presidente

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aulo de Castro Marques

foi eleito no final de 2010

presidente da Associação

Brasileira de Angus. Se absolu-

tamente mais nada acontecesse

durante seu mandato – o que

passa bem longe da realidade

–, apenas a sua eleição já seria

suficientemente expressiva na

história da entidade. Foi a primei-

ra vez que um criador de fora do

Rio Grande do Sul ocupou esse

cargo na Angus. Marques nasceu

em Minas Gerais, parte da região

que foi alvo máximo da expansão

da genética no Brasil. Esse fato,

P

Consolidaçãodo caráter nacional

A eleição de um criador de fora da Região Sul provou

que a raça e a Associação conquistaram o Brasil

nesse momento específico da

trajetória da Associação, mostra

que o objetivo de nacionalizar a

raça e a entidade, que já vinha de

tanto tempo, foi concretizado.

A ideia que alguns criadores

ainda tinham de que a Aberdeen

Angus era uma raça gaúcha foi

definitivamente extinta pela elei-

ção de Marques. Mas, além desse,

outros fatos tornam histórico o

momento que a Associação vive

atualmente. A gestão do mineiro

teve desde o início uma grande

preocupação em deixar claro que

a Angus Brasil é, principalmente,

uma entidade de criadores, não

contemplando apenas os exposi-

tores que fazem trabalho de se-

leção genética, e que ambos são

essenciais para o funcionamento

da Associação e para a difusão da

raça. Para isso, a entidade incen-

tiva o fomento e a divulgação de

informações com objetivo de le-

var conhecimento, especialmente,

aos pecuaristas do Brasil Central.

Não é à toa que Marques vive

em movimento desde que assu-

miu a presidência da Associação.

As incontáveis viagens de empre-

sário e criador se somaram aos

compromissos de representante

de uma das maiores entidades de

raça do Brasil. Para concretizar

o objetivo de fomentar a difusão

de informação sobre a Angus, o

mineiro buscou participar, sempre

que possível, de eventos que lhe

dessem a oportunidade de divul-

gar a Associação.

Em 2012, o auditório lotado

em pleno dezembro no Hotel

Sheraton mostrou que a estratégia

está dando certo. O 1º Congresso

Brasileiro da Raça Angus, no final

de 2012, reuniu especialistas reno-

mados dos Estados Unidos à Nova

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Zelândia para debater o tema Se-

lecionando e Produzindo o melhor

Angus para o Brasil. A qualidade

e a especialização das palestras,

aliadas à participação ativa dos

criadores, tornaram o evento um

sucesso e fizeram com que ele

entrasse para a história da raça.

O encontro encerrou o primeiro

período da gestão de Marques na

Associação, cumprindo a meta de

agregar valor e levar conhecimento

aos criadores.

O reconhecimento do profis-

sionalismo e do objetivo da Asso-

ciação diante de outras entidades

também é algo primordial para

esta gestão. O lançamento de ma-

teriais como o programa Angus

News, inicialmente transmitido

pela televisão, e hoje veiculado

pelainternet;oportaldaAngus,

que compila informações sobre a

entidadeeoprogramadacarne;e

a publicação do portfólio Angus,

que mostra a raça ao público,

também fortalecem a marca da As-

sociação e difundem informações

importantes para a raça.

No mesmo ritmo acelerado

das gestões anteriores, o Programa

Carne Angus continua crescendo

exponencialmente. Já em 2011 os

resultados são impressionantes.

Em novembro, as articulações ini-

ciadas na gestão de Joaquim Mello

com o McDonald’s se concretizam

em um acordo comercial. Mem-

bros da diretoria da Associação

foram ao escritório da rede de res-

taurantes em Alphaville (SP) para

acertar os últimos detalhes para a

criação da Linha Angus Premium.

Alguns meses depois, a carne de

qualidade já estava ao alcance de

todos: as unidades da rede nas

cidades de Brasília e São Paulo

passaram a vender os lanches com

a marca Angus, hoje disponíveis

em todo o Brasil.

No ano seguinte, a Angus

aproveitou a ExpoLondrina 2012

para selar a parceria com a Coope-

rativa de Carnes Nobres do Vale do

Jordão (CooperAliança), sediada

em Guarapuava, no Paraná, mar-

cando a chegada da carne Angus

ao estado. O programa comemo-

rava a sua 14ª planta frigorífica

certificada no país. A cidade para-

naense também foi escolhida para

receber o primeiro estabelecimento

100% carne Angus, o La Bode-

ga, que passou a comercializar

produtos da linha Aliança Angus

Premium. Ainda em 2012, mais um

reflexo do crescimento do Progra-

ma Carne Angus, que passou a

contar com gerência própria.

Em 2013 também não faltam

motivos para comemorar. Além de

marcar o cinquentenário da Asso-

ciação, o Programa Carne Angus

segue crescendo e conquistando

novos mercados. Logo no início do

ano, Marques e Germano Dowich,

O Congresso Brasileiro de Angus

encerrou 2012 da mesma forma

que o ano começou: com sucesso e

perspectiva de crescimento para a

Aberdeen Angus. O evento reuniu

criadores de todo o país e contou

com a presença de convidados

internacionais para discutir os rumos

da raça no Brasil e no mundo

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192 Associação Brasileira de Angus

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presidente da Cotripal, de Panambi

(RS), acertaram a participação do

frigorífico no programa, e já em

julho a cooperativa passou a ofere-

cer cortes nobres certificados sob a

marca Angus Supreme. No mesmo

ano, outro fato seguiu em direção

à disseminação da carne Angus

para o grande público: o Fazen-

da Barbanegra, em Porto Alegre,

se tornou o primeiro restaurante

100% Angus no Brasil.

A carne Angus também movi-

mentou o estande da Associação

na edição desse ano da Feicorte.

A parceria com o Frigorífico Ver-

di, de Pouso Redondo, marcou a

entrada do programa em Santa

Catarina. O programa continuou

Acredito que, para

a raça, foi importante

ter um presidente de fora

do RS. Existia a ideia

de que Angus era raça

de gaúcho, e isso não é

verdade, ainda que ela

exista forte no Brasil

graças ao trabalho que

foi realizado no Sul.

Paulo Marques

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que chega a consumidores do

mundo todo. A produção de carne

certificada deve ser destinada a

churrascarias, restaurantes, varejo

e mesmo ao McDonald’s. O acordo

significou um alcance maior da

Associação em regiões que, apesar

de já contarem com gado da raça,

ainda não possuíam certificação.

Um dos grandes méritos que a

Angus teve por meio do programa

de certificação foi a valorização da

carcaça de qualidade no mercado.

A Associação conseguiu separar a

carne da carne, mostrando que é

preciso desvincular o produto de

maior valor agregado da commodi-

ty, permitindo a melhor remunera-

ção do criador.

No futuro da entidade, o atual

presidente prevê o aumento da

certificação para acompanhar a

participação da Angus no mer-

cado, que cresce rapidamente. O

mineiro garante que dar continui-

dade e aumentar a participação da

entidade na pesquisa de genoma

também está entre as prioridades

da Angus Brasil, que busca se

aproximar cada vez mais de uni-

versidades e centros de pesquisa.

Agora, após 50 anos, a Associa-

ção Brasileira de Angus não colhe

rumando para o norte e chegou

em Lençóis Paulista, em São Pau-

lo, por meio do acordo firmado

com o Frigol.

A conquista mais recente do

Carne Angus foi a parceria com

a JBS. Em setembro de 2013, a

gigante mundial de carnes passou

a fazer parte do programa, como

forma de impulsionar a venda

de carne da Friboi, marca da JBS

194 Associação Brasileira de Angus

Page 199: Associação Brasileira de Angus - 50 anos além das porteiras

apenas os resultados de uma vida

de trabalho, mas também recebe

o reconhecimento de setores im-

portantes da sociedade. Exemplo

disso foi a homenagem prestada

pela Assembleia Legislativa do Rio

Grande do Sul ao cinquentenário

da entidade. O Grande Expediente

foi proposto pelo deputado estadual

Lucas Redecker, contando com a

presença de parceiros, representan-

tes de entidades de classe e insti-

tuições, além de ex-presidentes e

membros da Angus Brasil.

As comemorações oficiais da

Associação, entretanto, tiveram

início na Expointer, entre agosto

e setembro de 2013. A ocasião

não poderia ser mais adequada. A

feira agropecuária seguiu a tra-

dição e foi realizada debaixo de

chuva constante, trazendo a nos-

talgia das muitas vezes em que os

criadores, ao longo das 36 edi-

ções da exposição, enfrentaram

água, frio e lama. A pista, como

já aconteceu em tantos outros

certames, virou um lamaçal e

desafiou a habilidade de todos os

profissionais – jurado, apresenta-

dores, assistentes – empenhados

em fazer seu melhor e mostrar

todo o potencial dos animais.

Em qualquer lugar

do mundo em que se

chega e pede para comer

carne de qualidade,

oferecem Angus.

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A disposição era tanta que o

frio e a chuva – que acabaram

com o estoque de galochas e re-

duziram drasticamente o número

de ponchos disponíveis no par-

que – não chegaram a atrapalhar

o evento. O jurado, Jim Williams,

não se importou em improvisar:

não podendo usar calçados lon-

gos em razão de uma cirurgia na

perna a que havia se submetido

pouco antes, recebeu botas de

borracha com o cano cerrado pela

metade para se aventurar a entrar

na pista. E valeu a pena. O ameri-

cano se impressionava a cada lote

e se desdobrava em elogios: “Os

criadores brasileiros podem ficar

orgulhosos”, repetia.

Os prêmios dos vencedores

dos julgamentos foram entregues

em um jantar realizado no Res-

taurante Internacional do parque

de Esteio, marcando o início das

celebrações do cinquentenário e

festejando o sucesso da raça e da

entidade. A história de meio sécu-

lo de paixão e dedicação pela raça

estava escrita no rosto de cada

um dos convidados, que se emo-

cionavam ao ver as fotos antigas

da Associação que passavam no

telão. Os convidados lembraram

tempos antigos, falaram do início

da Angus Brasil e olharam para o

presente e para o futuro da raça.

A entidade que ontem foi movida

pela paixão hoje segue crescendo

e conquistando o Brasil pela pro-

dutividade e eficiência.

A Angus Brasil foi homenageada na Assembleia Legislativa

do Rio Grande do Sul pelo seu cinquentenário

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