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ROLFING ® BRASIL ano XV número 38 julho de 2015 NESTA EDIÇÃO 02 Editorial/ABR’Linhas 03 Investigação das relações entre postura corporal e funções orais – Beatriz Pacheco 07 Um toque de Ética - Alfeu Ruggi e Guilherme Figueiredo Nascimento 09 20 Metáforas do Corpo – Lúcia Merlino Trabalhos de Pós-Graduação em Integração Estrutural Rolfing® fazendo nossa história reunidos por Rosangela Maria Baía 25 27 Avançar – Rosângela Maria Baía Rolfistas formados em 2014 “O desvio respiratório gera uma mudança na postura do crânio, causando um giro anterior, que facilita ao respirador oral ingerir ar. Esse giro compromete o equilíbrio do crânio sobre a coluna, o que desencadeará uma série de compensações da mesma, para manter a horizontalidade dos olhos.” Beatriz Pacheco, p. 04 Se o meu trabalho é essencialmente de relação, posso me sentir confortável em aceitar um cliente que está em processo com outro Rolfista? Será que essa interferência não vai influenciar também a construção do meu processo com o novo cliente?” Um toque de Ética, p. 07 “Todo mundo me pergunta: o que é ser rolfista avançada? O que é diferente? O que se aprende? Vale a pena? Como me sinto?” Rosângela Maria Baía, p. 25 Suculentas Berinjelas, Beatriz Milhazes distribuição interna ROLFING ® BRASIL 1

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ROLFING® BRASIL ano XV número 38 julho de 2015

NESTA EDIÇÃO

02 Editorial/ABR’Linhas

03 Investigação das relações entre postura corporal e funções orais – Beatriz Pacheco

07 Um toque de Ética - Alfeu Ruggi e Guilherme Figueiredo Nascimento

09 20

Metáforas do Corpo – Lúcia Merlino Trabalhos de Pós-Graduação em Integração Estrutural Rolfing® fazendo nossa história – reunidos por Rosangela Maria Baía

25 27

Avançar – Rosângela Maria Baía Rolfistas formados em 2014

“O desvio respiratório gera uma mudança na postura do crânio, causando um giro anterior, que facilita ao respirador oral ingerir ar. Esse giro compromete o equilíbrio do crânio sobre a coluna, o que desencadeará uma série de compensações da mesma, para manter a horizontalidade dos olhos.” Beatriz Pacheco, p. 04 “Se o meu trabalho é essencialmente de relação, posso me sentir confortável em aceitar um cliente que está em processo com outro Rolfista? Será que essa interferência não vai influenciar também a construção do meu processo com o novo cliente?” Um toque de Ética, p. 07 “Todo mundo me pergunta: o que é ser rolfista avançada? O que é diferente? O que se aprende? Vale a pena? Como me sinto?” Rosângela Maria Baía, p. 25

Suculentas Berinjelas, Beatriz Milhazes

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Editorial Olá pessoal!

Depois de um longo período de pausa, o Rolfing Brasil está de volta, com a ajuda de nossos valiosos colaboradores. Nesta edição temos Beatriz Pacheco, Alfeu Ruggi, Guilherme Nascimento e Rosangela Maria Baía.

Estamos à disposição para receber a sua colaboração! É importante para o fortalecimento e amadurecimento da nossa comunidade que você compartilhe sua pesquisa, suas ideias, suas reflexões. A única exigência é que você envie seu artigo no formato doc.

Abraço a todos e bom proveito!

Lúc ia Mer l ino

ABR’Linhas Caros associados,

Vocês receberam recentemente um email do RISI comunicando a aprovação do "Plano Estratégico de Negócios” que eles irão implementar ao longo dos próximos 5 anos. Os principais pontos são:

Serviços ao associado - atualização do site do RISI - investir no marketing para aumentar a consciência pública "Rolfing® Integração Estrutural" - aumentar o número de associados

Estratégias - - descentralização da formação: oferecendo o curso em formato modular e espalhado pelos EUA (e não somente em Boulder) - Dupla certificação a partir de 2017 - Centralização da gestão da qualidade e de sistema de gerenciamento da aprendizagem, como forma de avaliar a qualidade dos cursos, professores e alunos. - Oferecer a formação de Movimento para não rolfistas com logomarca específica para esta formação. - Oferecer a formação Avançada para não rolfistas, mas Integradores Estruturais.

As 3 avaliações para as certificações básica,

movimento e avançada já estão em desenvolvimento, mas levarão 2 anos para serem finalizadas.

Como isso afetará a ABR? Ainda não sabemos, mas os professores em

sua última reunião decidiram escrever um email ao RISI cobrando que nossa experiência de 20 anos em dupla certificação e 13 anos em formação modular seja ouvida e acolhida....

Infelizmente nosso pedido para que a anuidade tivesse o valor reduzido não foi aprovado. Mas não desistimos e enviamos mais um email pedindo que eles reconsiderem, pois o momento atual da nossa economia não é bom.

Estamos gerenciando nossas despesas com punhos cerrados. As reformas estão sendo priorizadas conforme grau de necessidade, risco e benefício. Neste ano já foram pintadas as salas de aulas, consertados vazamentos do telhado da casa, colocada calha no Naper, arrumada a escada lateral e parede da garagem por causa da infiltração, foi trocada a tubulação do gás por causa de vazamento, lavados os carpetes das escadas da recepção e escada de acesso ao quarto de hóspedes. Ainda não é possível fazer a pintura externa da casa...

Nossos advogados estão cuidando de denúncias de uso indevido da marca Rolfing® - aproveitamos para lembrá-lo que se você souber de alguém que esteja usando a marca de forma

indevida pode fazer uma denúncia para a Dany. Só precisa comprovação como site, link, foto ou telefone para entrarmos em contato.

Marketing

Queríamos muito trazer mais contemporaneidade para a marca Rolfing. Fizemos extensa pesquisa para saber como rolfistas e público percebiam nossa marca. Muitas questões foram levantadas para que se pudesse criar e trabalhar em cima de elementos que ajudassem a melhorar nossa comunicação.

Agora nossa nova identidade visual está pronta e aplicada no folder, no site e no video.

O folder está na fase final de aprovação. Aí mandamos para a gráfica.

Nosso novo site está em fases finais de desenvolvimento. Teremos a primeira exibição para avaliação no dia 2 de julho.

Nosso video também já tem uma versão aprovada. Mas como tudo sempre pode melhorar, estamos trabalhando numa nova edição do material.

Esperamos estar com site no ar e folder impresso até 1 de agosto. Aguardem...está lindo!

Não há como não citar o belo trabalho de nossos queridos parceiros.

Estratégia da marca: acobalto.com Comunicação visual: www. inketa.com

Um abraço a todos,

A diretoria Gestão 2014-2017

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INVESTIGAÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE POSTURA

CORPORAL E FUNÇÕES ORAIS

Beatriz Pacheco

Estou fazendo um balanço de dois anos do curso de fonoaudiologia e

realizei um trabalho de iniciação científica nesse ano de 2014, com o objetivo

de investigar se há relações entre postura corporal e funções orais e quais são

elas. Levantei então uma série de artigos, teses, monografias, que em sua

maioria relacionavam respiração e mastigação com a constituição craniofacial.

Isso me levou a procurar bibliografia sobre a filogenia do crânio, ou seja, como

se desenvolveu o crânio nos vertebrados.

Para minha surpresa vi que a respiração e a deglutição serviram de

matriz funcional no aparecimento do Sistema Estomatognático. Moss &

Salentijn (1969) elaboraram a hipótese da Matriz Funcional, que preconiza que

o crescimento ósseo craniofacial é fruto da ação mecânica decorrente da ação

muscular. Mais tarde essa hipótese se ampliou para todo crescimento ósseo, e

não apenas para os da face.

Mas vamos à filogênese:

1) Os cordados ingeriam água por movimentos ciliares da

membrana bucal (lembrando que da água ingerida eram retirados o

oxigênio para a respiração, e o alimento).

2) Os pré vertebrados ingeriam água através dos movimentos

da membrana bucal que geravam uma pressão negativa na cavidade oral,

fazendo com que a água entrasse nela.

Nos vertebrados a faringe torna-se muscular e faz o bombeamento de

água junto com o movimento bucal. O aumento na circulação de água trouxe o

aumento respiratório, e alimentício, ou seja, aumento no metabolismo. A

repetição do movimento bucal gera uma migração dos dois primeiros arcos

branquiais, que se ossificam, dando origem às maxilas e ao osso hióide.

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A mandíbula (gnatos) e a maxila aparecem conjuntamente com uma

série de inovações evolutivas nas áreas neurais, sensoriais, morfológicas,

miofuncionais e funcionais:

*área neural – aparecimento da bainha de mielina. Isso significa

rapidez das respostas musculares, agilidade

*área sensorial - aparecimento de narinas pares e o aparecimento da

linha lateral, que nos peixes serve como órgão de orientação espacial. Isso

significa maior capacidade de detecção e localização de presas e predadores

*área morfológica - aparecimento de nadadeiras em pares com arcos.

Trazendo maior velocidade

*área miofascial - aparecem os miômeros musculares em forma de W

e as vértebras passam a ser completas, envolvendo a notocorda, substituindo

os fragmentos ósseos dos pré vertebrados

*área funcional – surge a caça pela boca, e também surgirá a

mastigação

A partir da especificação e fortalecimento das musculaturas ligadas à

mandíbula, nos répteis, gerou-se uma migração da musculatura dorsal para a

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região oral, que passando pelas janelas temporais, essa musculatura foi se

estabelecendo em torno do encéfalo e se inseriu nas articulações mandibulares.

O crescimento dessa musculatura gerou a diferenciação entre o crânio e a

coluna.

Vemos todo esse processo evolutivo se repetir na embriologia

humana.

De todos os artigos levantados, 74, foram selecionados apenas os

relativos às relações entre a respiração oral e suas consequências, 25. Desses

25 artigos, 56% referem-se à alterações respiratórias e suas consequências no

sistema estomatognático e nas funções orais, 25,4% referem-se à

consequências de alterações respiratórias no sistema estomatognático, e como

elas se refletem em alterações na postura do crânio e na coluna cervical, 10%

fazem relações entre respiração oral, Sistema Estomatognático e postura

corporal; e o restante estabelece uma relação entre respiração oral e postura

corporal.

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O que se analisou em sua maioria foi que o desvio respiratório gera

uma mudança na postura do crânio, causando um giro anterior, que facilita ao

respirador oral ingerir ar. Esse giro compromete o equilíbrio do crânio sobre a

coluna, o que desencadeará uma série de compensações da mesma, para

manter a horizontalidade dos olhos.

Cabe falar que Rocabado (1983) tem uma visão do equilíbrio do crânio

sobre a coluna que difere da visão de Rolf (1990). Para Rocabado, o maior peso

do crânio está localizado à frente da coluna, apoiando-se em 3 articulações:

atlantoccipital e têmporomandibulares. Sendo assim o equilíbrio do crânio

depende do diálogo entre a musculatura vinda da cervical, a musculatura

mastigatória, e a musculatura supra e infra hióideas. Para ele as duas primeiras

vértebras cervicais respondem ao movimento das ATMs.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tomando como referência a idéia formalizada por Maturana e Varella

(1997) de que “a estrutura é a corporificação de suas relações”, vemos a

respiração e a deglutição como “mães” do sistema estomatognático e da

mastigação. Vemos também mastigação gerando a diferenciação entre crânio e

coluna, portanto respiração, deglutição e mastigação interferem no equilíbrio do

crânio, influenciando o funcionamento da coluna vertebral

Todas essas alterações podem ter duplo sentido, do funcional para o

estrutural e vice versa, fluindo através da rede fascial. * * *

Referências bibliográficas

Cleveland, P.H. ey al; Princípios Integrados de Zoologia. Guanabara Koogan, RJ,2013

Fonseca,V.da; Psicomotricidade e Neuropsicologia, uma abordagem evolucionista. Rio deJaneiro: EdWak,2010

Krakauer, L;Guilherme,A.; A Relação entre respiração bucal e alterações posturais em crianças: uma análise descritiva.Revista Dental Press Ortod. Ortop.Facial. Maringá,v. 5,n. 5, p.85-92, set/out, 2000

Rocabado Seaton; Physical Therapy and Dentistry: An Overview. The Journal of Craniomandibular Practice, v. 1,n. 1,p. 47-50, 1983

Tedeschi-Marzola, F.; A estreita relação entre a coluna cervicale a articulação temporomandibular: aspectos fisiotrapêuticos. Revista da Academia Tiradentes de Odontologia, p.269-284,2005

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UM TOQUE DE ÉTICA

Um evento muito comum na vida de um rolfista é receber um pedido de atendimento de um

cliente que está em processo com outro rolfista. O objetivo deste artigo é apreciar essa

possibilidade, usando o artigo 16 do Código de Ética da Associação Brasiliera de Rolfing®

como referência:

16. Reconhecendo que Integração Estrutural-Rolfing® é um relacionamento e não uma

mercadoria, não oferecemos nossos serviços como Rolfistas nem aceitamos como cliente

de Integração Estrutural-Rolfing® de uma pessoa que sabemos que está recebendo uma

série de serviços de um outro profissional qualificado na falta de uma justificativa forte

relacionada com os melhores interesses do cliente. Em hipótese alguma, a menos que o

cliente assim solicite, aceitaremos uma pessoa como cliente de Integração Estrutural-

Rolfing® antes de fazermos uma tentativa de boa-fé de conversar com o seu atual Rolfista

e termos aconselhado a pessoa a fazer o mesmo.

Um primeiro ponto a observar no artigo 16 é colocação de que o trabalho de Integração

Estrutural-Rolfing® não é uma mercadoria, e sim uma relação. Esse é um lugar muito

importante para ser lembrado sempre, e serve como prisma para avaliar todos os níveis da

terapêutica de um Rolfista.

Se o meu trabalho é essencialmente de relação, posso me sentir confortável em aceitar um

cliente que está em processo com outro Rolfista? Será que essa interferência não vai

influenciar também a construção do meu processo com o novo cliente?

O artigo 16 aprofunda o tema, sempre norteado pelo princípio da relação: ele abre a

possibilidade de aceitarmos um cliente em processo com outro Rolfista (deve haver forte

justificativa, sendo esta relacionada ao melhor interesse do cliente), mas salienta que deve

haver uma tentativa de boa-fé anterior, no sentido de se estabelecer uma comunicação do

novo Rolfista e cliente com o antigo Rolfista.

Existe uma frase famosa da Ida Rolf que pode nos ajudar a aprofundar essa discussão: “O

problema do Rolfing não é que você está lidando com as partes, mas sim com a relação

entre as partes”. Quando recebemos uma proposta de trabalhar com alguém em processo

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com outro Rolfista, temos de lembrar que esta possibilidade requer um cuidado especial.

Temos de estar cientes de que “a relação entre as partes” está envolvendo a suposta

intervenção de dois Rolfistas! A devida comunicação, a gentileza, o olhar abrangente, são

fundamentais! Ajudar o eventual cliente a se comunicar com o antigo Rolfista nos parece

muito importante, assim como a direta comunicação entre os dois Rolfistas. Nosso trabalho

é de integração, e qualquer atitude que desorganize essa possibilidade pode representar

uma perda significativa tanto no plano ético, bem como na ideia daquilo que acreditamos

ser um processo de Rolfing®.

Nós do Comitê de Ética, escolhemos o tema acima, por se referir a uma situação bastante

recorrente na comunidade. Na verdade, estamos também iniciando uma campanha para,

num primeiro momento, incentivar os colegas rolfistas a conhecerem melhor o nosso

Código, cujo texto atual foi traduzido do código escrito pelo Rolf Institute (RISI), com

pequenas adaptações para o contexto brasileiro. Em outro momento, a intenção é

organizar, entre os membros da comunidade, um debate sobre os itens do nosso Código,

visando ao seu aprimoramento.

Comitê de Ética – Associação Brasileira de Rolfing® Alfeu Ruggi Guilherme Figueiredo Nascimento

O Buda – Beatriz Milhazes

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METÁFORAS DO

CORPO Lucia Merlino

Algumas práticas corporais

privilegiam a experiência subjetiva,

constituindo-se como um campo de

conhecimento relativamente recente, ainda

em processo de construção: são as

abordagens somáticas. Apesar de muitas

destas práticas utilizarem em sua base o

conhecimento anatômico e neurofisiológico,

não operam com formas de leitura e

intervenção num corpo que é observado

“de fora”. Ao contrário: o fenômeno do

corpo humano é reconhecido a partir do

ponto de vista dos sentidos proprioceptivos,

ou seja, o corpo é percebido em “primeira-

pessoa”. Alguns teóricos têm desenvolvido

também uma reflexão sobre os aspectos

sociais e culturais implicados nas questões

corporais: nossa experiência seria

influenciada pela interação com o ambiente

que nos cerca e pela maneira como

compreendemos a nós mesmos e ao

mundo através do corpo. De certa forma,

tais práticas têm inventado seus

procedimentos a partir da ampliação das

abordagens filosóficas, científicas e

culturais sobre o tema, que se

intensificaram nas últimas décadas.

Quando ocorrem insights transformadores

no decorrer destas práticas somáticas, a

metáfora pode emergir como expressão

destas transformações, sendo um

mecanismo de apropriação dessas

mudanças.

Na prática clínica de atendimento

em Rolfing, comecei a observar que havia

um certo padrão no uso de imagens nos

relatos de clientes. A metáfora, nesses

relatos, aparecia para descrever sensações

sentidas do corpo durante as sessões, mas

também como produtora de sentido, de

cognição, de apropriação de um auto-

entendimento que emergia do processo.

Este trabalho traz alguns aspectos do meu

estudo sobre as metáforas no processo do

Rolfing.

DE COMO A POESIA ORGANIZA NOSSA EXISTÊNCIA

Imagens e metáforas têm um

longo histórico de aplicação terapêutica,

curativa e mnemônica em muitas culturas.

Estão presentes em práticas espirituais,

religiosas, xamânicas, e mais recentemente,

na psicoterapia e na reabilitação

neurológica e motora. São utilizadas como

inspiração de estados de relaxamento ou de

movimento, nos esportes, na dança, e nas

nossas sessões de Rolfing.

Durante muito tempo, a metáfora foi

considerada um mero ornamento linguístico,

uma parte dispensável para a comunicação

humana do dia a dia. A partir de 1970

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começa uma ruptura desse pressuposto

objetivista, e uma reformulação das teorias

da metáfora toma curso. O linguista

Michael Reddy (Reddy, 1979) foi o primeiro

a registrar no hoje clássico artigo “The

Conduit Metaphor” o modo como a língua

inglesa utiliza cotidianamente a metáfora,

desafiando a visão de que o lugar da

metáfora seria apenas no campo da

linguagem poética ou figurativa. Nesse

novo paradigma, a metáfora passa a

configurar uma operação cognitiva

fundamental, sendo uma parte importante e

indispensável do nosso modo de

conceituar o mundo a partir da experiência.

As generalizações das expressões

metafóricas não estão no domínio da

linguagem, mas do pensamento: são

mapeamentos conceituais cruzados, onde

um domínio mental é conceitualizado em

termos de outro. Conceitos abstratos como

tempo, mudança, causa, ação, além de

conceitos emocionais, como amor e raiva,

são compreendidos metaforicamente,

evidenciando a importância da metáfora na

compreensão do mundo e de nós mesmos.

Na obra pioneira de 1980,

Metáforas da vida cotidiana, Lakoff e

Johnson atribuem à metáfora um

importante papel cognitivo na atividade

científica, argumentando que a metáfora

une razão e imaginação, é uma

racionalidade imaginativa, essencial tanto

para a ciência como para as artes. O que

eles trazem de novo é a ideia de que

compreendemos o mundo por meio de

metáforas, construídas com base em nossa

experiência corporal, metáforas que iluminam

e tornam coerentes nosso passado, nossos

sonhos, esperanças e objetivos.

Gibbs (2004) afirma que estudos

de linguística e psicologia recentes têm

demonstrado a presença abrangente de

vários sistemas metafóricos no nosso

pensamento diário, manifestados na

linguagem comum. Esses estudos têm

procurado padrões sistemáticos de esquemas

metafóricos de pensamento em expressões

convencionais, na poesia, na narrativa

histórica, em gestos não-verbais, e em

experimentos psicolinguísticos. Gibbs relata

que estudos em linguística cognitiva

Ilustração de Eva Furnari, cortesia da artista

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demostram que pelo menos parte da

cognição humana não é representada em

termos de uma informação que tem esse

propósito específico, mas é embasada e

estruturada por vários padrões de nossas

interações perceptuais, ações corporais, e

manipulação de objetos. Estes padrões são

gestalts experienciais, que Gibbs chama de

“esquemas imagéticos”, que surgem durante

a atividade sensório motora quando

manipulamos objetos, procuramos

orientação espacial e temporal, e dirigimos

nosso foco perceptual para diversos fins.

Esquemas imagéticos, para Gibbs, têm

natureza imaginativa e são não-

proposicionais, operando como estruturas

organizadoras da experiência no nível da

percepção corporal e do movimento

corporal.

As novas teorias da metáfora

foram inspiradoras por trazerem a ideia de

que o surgimento de novas metáforas seria

o indício de um florescimento do processo

de compreensão de si mesmo. Uma parte

fundamental das sessões de Rolfing é

quando, após a liberação de restrições do

tecido conjuntivo, o corpo começa a

perceber-se de maneira diferente. O sistema

sensório-motor funciona de maneira

diferente e o movimento pode fluir com uma

facilidade desconhecida. O movimento do

caminhar apresenta-se com uma estranheza

desconcertante e novas sensações,

percepções e imagens surgem. Não é

incomum que as pessoas digam que

parecem estar “reaprendendo” a andar.

Esse processo é aprofundado quando, ao

perceber essas novas sensações, surgem

as novas metáforas.

Em vinte anos de prática clínica

foi possível coletar inúmeras imagens.

Muitas são surpreendentes; outras são

recorrentes, próprias do tipo de toque que

o Rolfing proporciona: sensações de

queimação, sensação de toque

pontiagudo. Não é incomum as pessoas

sentirem o toque como uma “faquinha”. E

depois do toque, ao serem solicitadas a

perceber a diferença entre o lado que foi

tocado e o outro, é recorrente a descrição

de “mais leve”, “mais solto”, “maior” – estas

descrições são familiares aos ouvidos dos

rolfistas.

Algumas vezes, os clientes são

surpreendidos por devaneios e

reminiscências muito antigos, lembranças

do tempo da infância. Às vezes,

conseguem relacionar essas imagens com

uma determinada organização espacial e

corporal, mas na maior parte das vezes em

que ocorrem, não sabem de onde vêm tais

imagens. São novos “esquemas

imagéticos”, na definição de Gibbs, que

surgem, buscando a organização da

experiência.

Em minha pesquisa, proponho

estabelecer três tipos de metáforas

corporais, que podem ocorrer no processo

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do Rolfing e em outros processos similares

de conscientização corporal através da

educação somática. São elas: a metáfora

didática, a metáfora sensorial e a metáfora

de conexão. As duas primeiras se referem

às descrições de sensações do corpo em

repouso ou em movimento, antes, durante

ou após as sessões. As metáforas didáticas

são as utilizadas pelo rolfista, instrutor ou

professor; e as metáforas sensoriais são as

utilizadas pelo cliente ou aluno para

descrever suas imagens a partir da escuta

interior. O terceiro tipo, as metáforas de

conexão, trazem um nível maior de

complexidade, e surgem quando o cliente

ou aluno busca a organização da

experiência na relação com o mundo, não

se limitando à sensação interna no corpo.

Há uma ampliação do campo de

percepção, pois esta imagem descreve um

“estado” de organização do corpo que traz

uma espécie de “gestalt” total, ajudando a

re-significar o corpo no espaço e orientando

suas relações no mundo. METÁFORAS DIDÁTICAS

As metáforas didáticas são as

apresentadas por terapeutas e professores

da área de educação somática, dança,

artes marciais e movimento em geral aos

seus alunos e clientes para estimular um

tipo específico de cognição e coordenação

do movimento.

Hoje em dia há evidências

científicas de que o uso de imagens mentais

simulando movimentos melhora o

aprendizado e a performance (Jeannerod,

1995; Landers, 1983; Suinn, 1980). O termo

“imagética motora” está sendo utilizado em

reabilitação neurológica e fisioterápica

(Lameira, 2008), descrevendo o processo de

imaginar o movimento de partes do corpo,

sem que a ação seja executada de fato. Com

o acionamento de representações

sensóriomotoras durante a imagética motora,

é possível manter o programa motor ativo,

facilitando a execução futura de movimentos

nos casos em que a condição neurológica de

pacientes não permite que produzam

movimentos. Um esportista, músico, bailarino

ou paciente neurológico pode utilizar a

imagética motora e ativar as áreas cerebrais

Ccorrespondentes aos exercícios. Os

exemplos na dança e nas artes marciais são

inúmeros, criando paralelos com movimentos

de animais, com formas de objetos, com

sensações e formas da natureza.

As imagens são efetivas quando

conseguem imprimir um forte estímulo no

sistema nervoso, quando criam interesse.

Como uma “isca” para o sistema nervoso,

precisam ser pouco usuais: desconcertantes,

ridículas, belas, excessivas. No consultório, o

rolfista deveria sempre procurar encontrar a

melhor metáfora para cada aluno, já que

metáforas são muito pessoais e o que faz

sentido para uma pessoa pode não fazer para

outra. A rolfista Monica Caspari diz que a

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imagem surge para ela durante a sessão,

não é algo racionalizado, é uma criação do

momento para aquele cliente específico

com quem ela está trabalhando.

Basicamente existem dois tipos

de categorias de metáforas didáticas:

anatômicas e perceptuais. As metáforas

didáticas anatômicas são usualmente

descritas como anatomia experiencial nas

terapias somáticas, e requerem uma

introdução à anatomia, sendo um ótimo

recurso para a conscientização corporal do

cliente. Aqui já temos um elemento

educacional, porque não raras vezes as

pessoas desconhecem completamente a

própria anatomia humana. Uma de minhas

clientes, quando mostrei um modelo

tridimensional dos ossos do pé, se deu

conta do absurdo que era a sua ideia do pé

como um só bloco não articulado. Aqui temos

mais um exemplo de como a linguagem pode

influenciar o entendimento da sensação do

corpo: a movimentação desta cliente pode

ganhar plasticidade simplesmente por que ela

passou a ter uma imagem correta da

anatomia do pé. Quando temos uma imagem

equivocada do funcionamento de uma

articulação, muito provavelmente aquele

segmento terá um movimento desajustado. É

muito útil mostrar para o cliente a

representação bidimensional do esqueleto, no

livro ou figura, ou a representação do osso

tridimensional, para ser tocada, visualizada e,

em seguida, experienciada. No caso das

metáforas didáticas anatômicas, as imagens

devem estar muito próximas do

funcionamento biomecânico das estruturas

envolvidas.

As metáforas didáticas perceptuais

utilizam, como o nome diz, estímulos para

percepção, criação e execução do movimento

através dos sentidos. Aos cinco sentidos

tradicionais, visão, audição, tato, olfato e

paladar, Berthoz (1996) sugere que se

acrescente o movimento – sentido cinestésico

ou proprioceptivo – como um sexto sentido. A

propriocepção será acrescentada nesta lista

como uma modalidade sensorial que percebe

posição, equilíbrio, tônus, gravidade. São

percepções que precisam ser incorporadas

ao imaginário e à leitura proprioceptiva do

movimento e da sensação de si.

Diversas explorações com objetos

Ilustração de Eva Furnari, cortesia da artista

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são realizadas com metáforas cinestésicas

durante as sessões. No trabalho de

movimento de Hubert Godard utilizando um

bastão de bambu, por exemplo, o aluno é

estimulado a segurar o bambu com um toque

háptico nas mãos: tocando e ao mesmo

tempo permitindo ser tocado pelo bambu. Ao

executar o movimento de elevar o bambu

para o alto, a instrução é que se pendure no

bambu, ao mesmo tempo em que empurra o

bambu para longe. Essas instruções,

aparentemente paradoxais, traduzem

complexas estruturas de suporte

neurofisiológicos para o movimento.

As metáforas perceptuais táteis,

auditivas, visuais e olfativo-gustativas são

utilizadas durante as sessões para estimular

outras dinâmicas de movimento e/ou

proprioceptivas. Estas imagens sensoriais

podem ser utilizadas para criar uma outra

relação com objetos cotidianos.

As metáforas didáticas têm

também a função de introduzir aos nossos

clientes de Rolfing uma línguagem para

descrever as sensações do corpo-sensível.

Desacostumados a nomear expressões do

corpo-sensível, as metáforas didáticas vão

criando um ambiente de linguagem onde o

cliente vai desenvolvendo a palavra para

articular o discurso do corpo.

METÁFORAS SENSORIAIS

São as produzidas pelos alunos e

clientes, a partir da própria experiência

sentida no corpo, antes, durante ou depois

das sessões. Os clientes podem ser

extremamente criativos quando procuram

descrever suas sensações, utilizando

recursos de seu próprio repertório de

imagens. É imprescíndivel que o rolfista

acolha e legitime estas descrições vindas dos

clientes, exercitando sua capacidade de

escuta e atenção ao mesmo tempo em que

desenvolve suas estratégias de trabalho

durante as sessões. Geralmente estas

primeiras imagens surgem com timidez e

insegurança, e precisam de estímulo do

rolfista para continuidade e desenvolvimento

desta expressão. Não estamos acostumados

a falar sobre nossas sensações e nós,

rolfistas, estamos portanto introduzindo uma

nova ferramenta de expressão para nossos

clientes. Devemos ser pacientes devido ao

ineditismo da experiência, ao mesmo tempo

que não podemos pressionar nossos clientes

fazendo perguntas insistentes sobre como se

sentem.

Ao longo das sessões, é

fundamental utilizar sempre as mesmas

palavras utilizadas pelo cliente, pois um

sinônimo pode não ser a tradução daquela

percepção: esta é a chave que garante a

acuidade da utilização da imagem na

comunicação A utilização das mesmas

palavras do cliente também legitima e

dignifica a experiência dele, que passa a ter

espaço de representação. O ambiente de

acolhimento estimula a emergência da

expressão desses novos sentidos, em

contraste ao anestesiamento e

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- Sabe quando os fios do computador

estão bagunçados, enrolados? Na perna

que já recebeu trabalho parece que os fios

foram organizados e estão correndo

paralelos, bem arrumadinhos. Na perna

que não recebeu trabalho, os fios estão

enrolados, confusos, bagunçados.

- Meu ombro parece um lençol todo

amassado. Parece um lençol que estava

no balde com água e secou toda a água,

ele ficou todo amarfanhado e seco.

Uma senhora de 65 anos

exclama de dor durante a sessão,

enquanto toco seus pés; me pergunta se

estou colocando uma “almofada de

alfinetes” na planta do seu pé. Diante da

embrutecimento causados pelo hiper

estímulo do mundo contemporâneo. Os

exemplos são abundantes e

extremamente criativos.

São muitas as metáforas

descritivas que surgem com imagens

gastronômicas. Uma psicanalista de

setenta anos descreve da seguinte

maneira o modo como sua perna a

incomoda, antes da sessão: “Minha perna

parece que tem lanterninhas que estão

prestes a se acender. A perna está em

alerta!”. E depois da sessão: “A perna

parece quente, uma mussarela esticada.

Não está mais em alerta!”. A psicanalista

então se recorda dos tempos de infância

passados numa fazenda. Descreve o dia

lúdico em que todos se reuniam para

fazer mussarela, e passa a explicar como

se coloca água quente para o queijo

esticar. Numa outra ocasião, uma jovem

estudante de artes cênicas descreveu da

seguinte maneira as sensações no seu

corpo do lado trabalhado: “Parece a

massa do crepe, quando a gente põe na

frigideira quente. Esse lado ficou todo

espalhado, derretido.”

Outras imagens são baseadas

no mundo natural ou em objetos comuns:

- Este lado parece uma árvore seca,

morta, preta. Do lado trabalhado, parece

que o ramo da árvore está vivo, corre uma

seiva, está acordado, azul.

ilustração de Eva Furnari, cortesia da artista

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negativa, precisa olhar para acreditar.

Sente “agulhadas” de dor, que

devagarinho, no decorrer do trabalho, vão

sumindo. Ida Rolf falava de “espinhos

cravados na carne”; clientes e alunos

confirmam essa metáfora muitas e muitas

vezes. Mais adiante, a mesma senhora

descreve quando sente uma liberação no

quadril: “Parece que tinha um fio de pião

todo enrolado na minha cintura e agora

soltou, posso respirar.”

METÁFORAS DE CONEXÃO

As metáforas de conexão são

as que os clientes apresentam quando

reconhecem estar num outro tipo de

organização postural, onde a percepção

do mundo e do outro altera-se. Surgem

novas inferências, novos significados,

novos sentidos, a partir da reorganização

corporal e perceptual. A metáfora de

conexão surge, baseada na visão

cognitivista da metáfora, e

ilumina/expressa conceitos abstratos que

estão subjacentes ao pensamento

humano, que norteiam a maneira da

pessoa ver o mundo e de se referir aos

objetos do mundo. As metáforas de

conexão expressam os preciosos

momentos em que o cliente se apropria

das transformações que o Rolfing pode

trazer, descrevendo novas relações e

novas maneiras de ser e estar no corpo,

ao andar, sentar, respirar.

Godard (2013) sugere que a

metáfora de conexão surge quando há

uma liberação, um desengatar, é como

se a pessoa parasse de se prender à

sua metáfora clássica, ao padrão que

ele já tem. Quando o cliente se

desprende de sua metáfora clássica,

acontece o que poderíamos chamar de

um vazio, um silêncio diante do que é

novo. Esse vazio é condição sine qua

non para que a nova metáfora surja,

quando acontece esse desengatamento.

Quando a pessoa muda o centro de

gravidade, muda sua função fórica, seu

deslocamento interno, sua função

háptica, sua capacidade de relacionar-se

com o ambiente, mudamos a tonicidade

da organização do corpo. A análise do

fluxo do mundo fica alterada, a

cinestesia, os sentidos, é esse complexo

de sentires, o comportamento na

gravidade, que é alterado. O encontro

com o mundo muda. E acontece a

surpresa, o susto, o silêncio: é este o

vazio que desengata. Uma cliente diz,

depois da nossa última sessão: “Parece

que não estou mais sozinha, eu entrei

no movimento do mundo. Antes, eu

estava encolhida, sozinha. Fico

emocionada.”

O trabalho com postura pode

ser considerado um trabalho de poesia:

é a maneira como você organiza e

relaciona o fluxo de percepção e

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habitual), com cara de noiva, como uma

boa noivinha, ausente, passiva.”

Aqui, as palavras de outra

jovem mulher, artista performer,

descrevendo suas sensações depois do

trabalho: “Assim me liberto de um estar

em aperto, de um sufocamento mudo.

Parecia que abriam dois olhos na boca

do estômago, e passou a existir um

vasto espaço à frente. Sensação de

voo.”

Um cliente, homem de

quarenta anos, descobre com espanto

estar “com vergonha de estar mais reto,

na vertical. Acho que trago coisas do

passado no meu corpo, fico todo

comprimido, com medo.”

O trabalho do rolfista também

é lidar com esse quadro complexo de

fatores, que tornam tão difícil mudar a

postura de alguém. O ponto de vista

fenomenológico nos ajuda a entender

que quando ajudamos nossos clientes a

habitar sua nova metáfora, é possível

mudar a tonicidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há um aspecto de criação

quando se está na clínica num processo

de Rolfing com um cliente. O terapeuta

se aproxima do ofício do artista quando

faz, ele próprio, a transição entre a sua

percepção subjetiva, que exerce para

receber o cliente na sua própria

sensação. Não é algo que se impõe de

fora, tampouco algo que vem de dentro,

é algo que acontece no encontro entre

dentro e fora. E não há outra maneira de

evocar mudança, senão através das

metáforas que as pessoas utilizam para

descrever como estão se sentindo.

Uma jovem cliente tem um

insight ao perceber que sua nova

postura exige que ela se mantenha

presente na relação com o mundo – e

isso demanda coragem: “Quase não

consigo pegar esse conceito, é um lugar

que ainda não existe. Quer dizer, ele

existe, mas não tem palavra. Não posso

ficar aqui (faz no seu corpo a postura

Ilustração de Eva Furnari - cortesia da artista

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de certos padrões de relação. Pode

ocorrer um partilhamento de

experiências: o sujeito do processo

partilha a sua história, cria uma

narrativa, encontra a narrativa da sua

experiência. E esse encontro se dá

através da metáfora. O sujeito é o

protagonista da sua própria narrativa, e

aprende com sua própria experiência.

Uma explicação para o surgimento de

imagens e emoções que são o ponto de

partida dessas narrativas, é que através

do toque na fáscia, o terapeuta informa

que é possível “articular a articulação”,

ou seja, a pessoa pode se articular e

deixar de ser um bloco, ganhando

plasticidade e diferenciação, criando

espaços de relação, dentro e fora,

consigo mesma e com o mundo. Esta

sensação de si mesmo que é articulada,

diferenciada e portanto autônoma, pode

ser muito potente: não é preciso “ficar se

segurando”.

Quando o rolfista tem

consciência da importância da metáfora

como expressão de empoderamento da

mudança que o Rolfing pode trazer,

pode abrir um espaço dentro do

processo para receber a palavra que

vem do cliente. A palavra do corpo,

quando é recebido, começa a criar um

vocabulário, uma linguagem. A memória,

fruto do encontro do corpo com o

corporeidade, e sua percepção objetiva, que

analisa o corpo do cliente com seu

repertório de técnicas e estratégias de

trabalho. Transitando entre um e outro,

como um coreógrafo ou um diretor de cena,

ajuda o cliente na missão de fazer surgir

uma outra partitura possível, mais fluida,

mais integrada ao mundo.

Ao propor três categorias de

metáforas corporais, as metáforas didáticas,

sensoriais e de conexão, entendo que é

nesta última categoria que se traduz um

processo de abertura com o campo social,

artístico e político do sujeito. É na metáfora

de conexão que acontece o insight, que faz

com que o sujeito entre no estado de

criação, não mais fechado no seu campo

interno de percepção subjetiva, mas criando

a ponte entre percepção subjetiva e

percepção objetiva do mundo “lá fora”.

A memória do corpo, esse

conjunto de sistemas sensório-motores

organizado pelo hábito, pela história de vida

e pelas crenças do que é um bom

alinhamento, cria uma postura corporal.

Essa postura é registrada na musculatura

tônica e determina o estado de tensão do

corpo, definindo a qualidade e a cor

específica de cada gesto humano. Ao criar

outras relações, o Rolfing provoca

mudanças na percepção e na sensação

processadas no corpo, e a pessoa pode

recriar as imagens internas de si mesma e

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analysis. Journal of sport psychology, v. 5, n. 1, 1983. REDDY, Michael. The conduit metaphor: A case of frame conflict in our language about language. in Metaphor and Thought ed Ortony, A. Cambridge University Press, 1979 SUINN, Richard. Body thinking: psychology for Olympic champions. In Psychology in Sports: Methods and Applications, ed. RM Suinn (Mineapolis: Burgess), p. 306-315, 1980. Lucia Merlino defendeu sua tese de doutorado sobre as metáforas do corpo no Instituto de Artes da UNICAMP – SP em 2014. As ilustrações de Eva Furnari foram cedidas pela autora, por indicação de Monica Caspari, a quem a autora agradece.

mundo, vai tramando a cada instante o

registro desse encontro no próprio corpo.

Ao reorganizar-se, durante o processo do

Rolfing, voltando para um estado de vazio

– expressão de uma ausência de tensões

enrijecedoras – a pessoa pode

compreender, processar. Tecido e

memória se enredam numa outra trama,

mais fluida, mais articulada, e através da

metáfora, a narrativa se transforma em

poesia. Se houver uma testemunha

acolhedora para este processo, tanto

melhor.

Bibliografia GIBBS, Raymond, et al. Metaphor is grounded in embodied experience. Journal of Pragmatics, 36, pp 1189-1210, 2004. Acessado em www.sciencedirect.com no dia 09/06/2012. GODARD, Hubert. Hubert Godard: Depoimento [maio 2013] Entrevistado pela autora. Paris, 2013. 4 vídeos (220 min). HANNA, Thommas. What is Somatics? In JOHNSON, Don Hanlon (Org) Bone, Breath & Gesture: Practices of Embodiment. Berkeley: Berkeley: North Atlantic Books, 1995. p. 341-352. JEANNEROD, Marc. Mental imagery in the motor context. Neuropsychologia, v. 33, n. 11, p. 1419-1432, 1995. LAKOFF, George e JOHNSON, Mark. Metáforas da vida cotidiana, trad. Grupo de Estudos da Indeterminação e da Metáfora. São Paulo: EDUC e Mercado das Letras, 2002. LANDERS, Daniel. The effects of mental practice on motor skill learning and performance: A meta-

Cavaleiros Indianos, Beatriz Milhazes

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Trabalhos de Pós-Graduação em Integração Estrutural Rolfing® fazendo nossa história

Texto de Rosângela Maria Baía

Mais uma turma de rolfistas concluiu, desta vez em 2014, o curso de Pós-Graduação em Integração

Estrutural - Rolfing®, organizado pela Uniítalo e Pedro Prado. Agora, somados, são 24 estudos publicados, contribuindo

para a divulgação e profissionalização de nosso trabalho e construindo a nossa história.

Todos estão disponíveis para download na biblioteca http://pedroprado.com.br/

Os resumos de 2010 e 2012 já foram publicados em edições anteriores. Leia agora o resumo dos trabalhos

de 2014, com links para acesso. Boa leitura e ótima pesquisa.

O artigo de Paula Stall pode ser consultado no link https://attachment.fbsbx.com/file_download.php?id=773733152718300&eid=ASurUeSyXN4HymPyb6Bz6-

gsyDbel2bP1wVYD6DmxE8AbuFWR89YSQG3TbqBYirBL1E&inline=1&ext=1436958444&hash=ASvM0IX748COBOIh

1. Trabalho de Rolfing, IE e Percepção de Si e do Ambiente em Cliente Oriental, de Cintia Lie Uezono.

RESUMO - A cultura exerce grande influência em muitos aspectos da vida das pessoas, incluindo

linguagem, imagem corporal, comportamentos, percepções e emoções. Neste estudo foi verificado e

analisado como as mudanças estruturais, advindas do processo de IE Rolfing®, influem nas relações das

percepções de si e do ambiente em paciente oriental (japoneis). Mais especificamente buscaram-se

buscou-se identificar as mudanças estruturais obtidas no trabalho de Rolfing®, exemplificar essas

mudanças,apontando-as e as correlacionando-as com as possíveis mudanças nas relações consigo e com o

ambiente, e assim contribuir para inserir o Rolfing® como uma abordagem terapêutica reconhecida no

meio formal científico. Para isto, foi realizado um estudo de caso, com uma paciente oriental, nascida no

Japão, do sexo feminino, a qual foi submetida a uma avaliação utilizando-se do gráfico de apreciação do

próprio corpo, gráfico de sintomas, entrevista inicial e final do Naper, desenho da pessoa (desenho de

como a pessoa se vê) e fotos da cliente nos 4 perfis antes e depois do processo de Integração Estrutural

Rolfing®. Relatos da cliente também foram descritos neste trabalho. Ao final do processo, a cliente não

relatou mudança consciente quanto a sua percepção em relação ao próprio corpo, contudo os outros

métodos de avaliação nos mostram que houve sim mudanças relativas a este processo de Integração

Estrutural. Conclui-se, portanto a partir dos dados obtidos, que houve todo um processo de reconstrução

da imagem corporal, mesmo que no nível inconsciente, proporcionando a cliente mais vivências e

experiências que a podem auxilia-la na conscientização da sua identidade.

Palavras chave: Rolfing®, integração estrutural, percepção, oriental.

http://pedroprado.com.br/cgi-bin/cont_ipr.cgi?cmd=show1artigo&ling=port&id=1309

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2. Forma e Subjetividade na Prática da Integração Estrutural-Rolfing®, de Johannes Carl Freiberg Neto.

RESUMO - Este estudo procura descrever e investigar a relação entre forma e subjetividade na Integração Estrutural

Rolfing, uma metodologia que tem como um de seus princípios a adaptabilidade, e afirma que a estrutura do corpo

humano pode ser modificada pela manipulação do tecido fascial e pelo movimento. Traz uma revisão dos conceitos de

forma e função que, segundo o olhar de Simondon, devem transitar para a informação e o funcionamento uma vez que só o

regime metaestável pode explicar quais formas novas – morfogênese – podem emergir da relação entre meio e indivíduo.

Sustenta, ainda, o conceito de autopoiéses segundo o qual o ser vivo se mantém numa contínua auto-organização enquanto

muda de estrutura na adaptação ao meio. A subjetividade, por sua vez, é trazida como relação de exterioridade de um ser

em transitoriedade entre termos de um ambiente e outro em sua contínua dinâmica existencial. Tomada a gravidade como

campo geral, buscou-se saber como o ficar em pé e o caminhar podem ser apreendidos como forma em produção de

subjetividade, e sua reorganização como forma boa a partir do momento em que a gravidade é internalizada como força

produtora de autonomia. A cartografia foi o método utilizado, pois permite que o terapeuta-cartógrafo se identifique como

parte do meio do cliente e o ajude a reconhecer lugares existenciais. O resultado obtido permite pensar a Integração

Estrutural Rolfing® como um método que facilita a transformação do indivíduo em seus processos de subjetivação.

Palavras-chave: Rolfing, subjetividade, morfogênese, autopoiése.

http://pedroprado.com.br/cgi-bin/cont_ipr.cgi?cmd=show1artigo&ling=port&id=1312

3. O Efeito de uma sessão de Integração Estrutural-Rolfing® em pacientes com Dor Lombar Aguda, de Lícia Maria Novaes.

RESUMO - Este trabalho apresenta uma nova abordagem para o alívio da dor lombar aguda através do Rolfing® método

de integração estrutural e movimento. A dor lombar aguda, que afeta o corpo de forma significativa, atinge 80% dos

adultos em algum momento de suas vidas. Esta realidade despertou na autora o interesse de utilizar o Modelo de Função

Tônica desenvolvido pelo Rolfista francês Hubert Godard que propõe trabalhar a musculatura tônica no equilíbrio e

orientação do movimento, ao mesmo tempo em que trabalha estrutura e função. Com base neste modelo em particular, e

nos Princípios de Intervenção do Rolfing® em geral, a autora criou um protocolo de tratamento que consiste em uma única

sessão em que os sujeitos são convidados a experimentar as sensações de peso, direção, volume, tempo e ritmo do próprio

corpo, possibilitando, desta forma uma nova reorganização e integração das partes afetadas no corpo como um todo e

promovendo o alívio da dor lombar aguda. Este estudo de caso de dois sujeitos mostra alívio significativo da dor lombar

aguda, que foi mantido por oito a nove meses após a sessão. Além do mais, os sujeitos incorporaram em suas atividades

diárias às lições da “sessão única”. Palavras chave: Rolfing®, Dor lombar aguda, Função Tônica e Não-formulística.

http://pedroprado.com.br/cgi-bin/cont_ipr.cgi?cmd=show1artigo&ling=port&id=1310

4. Efeitos do Rolfing na regulação da Hipotinicidade muscualr idiopática em uma criança, de Maria Beatriz Whitaker.

RESUMO - A presente pesquisa teve como finalidade contribuir para o conhecimento do processo de Rolfing®,

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metodologia holística de abordagem corporal, em uma criança com tônus muscular rebaixado. Este trabalho visa a

promover um equilíbrio na tonicidade da musculatura da criança e, com isso, uma melhora em sua motricidade, tornando

seus movimentos mais fluídos e favorecendo um desenvolvimento psicomotor adequado e saudável. Foi realizado um

estudo de caso com uma criança do sexo feminino, de um ano e nove meses de idade. Foi utilizado como instrumento de

pesquisa o Teste de Triagem do Desenvolvimento Denver II, da Universidade Federal de São Paulo, fotografias da cliente

pré e pós-intervenção, exames médicos feitos logo após o nascimento, com um ano e meio e depois do processo, com dois

anos e um mês de idade. O Rolfing® busca estabelecer equilíbrio na gravidade, o que pode proporcionar ao cliente ser

mais resiliente e altamente energético. O tônus refere-se à prontidão muscular para responder aos estímulos nervosos. O

modelo postural do corpo é construído com base no tônus; depende da tensão do tônus que é também um estado psíquico,

um estado de espírito. O desenvolvimento psicomotor caracteriza-se por uma maturação, que integra o movimento, o

ritmo, a construção espacial e também o reconhecimento das posições, da imagem e do esquema corporal. Será que o

Rolfing® pode atuar sobre o tônus muscular de uma criança, na infância precoce, e influenciar o seu desenvolvimento

psicomotor? Este estudo demonstra que o processo de Rolfing® pode modificar e equilibrar o tônus muscular de uma

criança. Foram feitas sete sessões de Rolfing, num período de dois meses e meio. Antes do processo M.C., sujeito desta

pesquisa, não conseguia fazer algumas atividades que crianças da sua idade faziam, como por exemplo, subir escadas.

Depois do processo M.C. ficou mais apta para executar as atividades esperadas para a sua idade. Consegue expressar

melhor sua potencialidade. Os resultados do teste confirmam que seu desenvolvimento psicomotor está de acordo com sua

faixa etária. Ficou constatada a eficiência do Rolfing®, atuando sobre o tônus muscular da criança e a consequente

melhora no desenvolvimento de sua motricidade. É desejável que aconteçam novos estudos com mais crianças, com

adultos e idosos com disfunções e tendências à hipotonicidade, para constatar a eficiência do Rolfing® equilibrando o

tônus muscular da pessoa e colaborando para um estado de espírito com maior disponibilidade para agir, reagir, receber,

elaborar gestos, etc... Dessa forma, pode ser demonstrado que o Rolfing® proporciona a expressão do potencial de cada

um. O Rolfing® ajudou o desenvolvimento psicomotor de M.C. e isto confirma a compreensão do Rolfing® como

metodologia somática, com consequências que vão proporcionar a expressão do ser como um todo, considerando-se o

efeito do tônus muscular na expressão do ser, do seu potencial.

Palavras chaves: Rolfing®, tônus, desenvolvimento psicomotor, hipotonicidade. http://pedroprado.com.br/cgi-bin/cont_ipr.cgi?cmd=show1artigo&ling=port&id=1313

5. O Rolfing no Tratamento da Instabilidade Postural em Paciente da Terceira Idade, de Sergio Ricardo Bronzato.

RESUMO - Este estudo investigou se a Integração Estrutural-Rolfing®, um método holístico de reorganizar a estrutura

humana na gravidade, poderia melhorar a estabilidade postural em uma pessoa idosa. A hipótese era que a IE-Rolfing

poderia melhorar o tônus muscular postural e o equilíbrio das pessoas, bem como a locomoção, o que ofereceria à pessoa

uma nova perspectiva em relação à movimentação. Pessoas com postura instável são propensos a quedas repetidas. As

estatísticas mostram que entre os idosos, as quedas têm consequências graves, incluindo a incapacidade prolongada e até

mesmo óbito. Medo de cair diminui a confiança e a sensação de bem-estar da pessoa. O tema do presente estudo foi uma

mulher, de 60 anos. Os tratamentos realizados para equilibrar o tônus e a extensão muscular na gravidade e restaurar

movimentos inibidos, consistiram de (i) dez sessões de manipulação miofascial combinada com trabalho de educação do

movimento, seguido por (ii ) três sessões específicas de educação do movimento. Os objetivos do tratamento incluíram

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melhoria de hábitos posturais; movimentos de antecipação mais eficientes; melhores habilidades gerais de mobilidade; e

uma melhoria global na sensação de bem-estar e qualidade de vida. Instrumentos de avaliação aplicados antes e após o

tratamento incluíram o Teste de Equilíbrio de Excursão da Estrela - TEEE, que confirmou a hipótese, mostrando melhoria

acentuada em vários testes de equilíbrio. As respostas dos questionários padrões utilizados no Núcleo de Atendimento,

Pesquisa e Educação em IE-Rolfing® em São Paulo (NAPER) e do WHOQOL (versão em Português abreviado)

indicaram melhoria significativa na qualidade de vida após o tratamento. Estes resultados, se corroborada por estudos

adicionais, sugerem que a IE-Rolfing (isoladamente ou como um componente de uma abordagem multidisciplinar) pode

ser eficaz para restaurar a estabilidade postural do paciente e evitar as graves consequências do déficit da estabilidade.

Palavras-chave: Integração Estrutural Rolfing®, instabilidade postural, terceira idade, equilíbrio, percepção, qualidade de

vida, lesão, inibição do movimento.

http://pedroprado.com.br/cgi-bin/cont_ipr.cgi?cmd=show1artigo&ling=port&id=1308

6. As Fases da Capsulite Adesiva do Ombro Com a Abordagem do Método

Integração Estrutural Rolfing® , de Tania Maria Forlani.

RESUMO - Este estudo de caso procurou verificar se o Método Integração Estrutural Rolfing® traz resultados para o

tratamento da Capsulite Adesiva do ombro, nas suas três fases: aguda ou hiperálgica, congelamento ou rigidez e

descongelamento. Ruggi (2011) já havia apresentado bons resultados ao utilizar esta forma de tratamento em um cliente

com esta patologia. No presente trabalho, a autora realizou uma série de 15 sessões de tratamento com o Método

Integração Estrutural Rolfing® em três clientes, cada um em uma das fases da patologia. A evolução da patologia com o

tratamento foi avaliada por meio dos questionários Naper, a escala EVA, o Teste Simples de Ombro e fotografias das

posturas dos clientes. Foi possível demonstrar que o Método Integração Estrutural Rolfing® beneficiou os três clientes,

sendo que a melhora dos sintomas foram diferentes em cada caso. O Método Integração Estrutural Rolfing® promoveu

mudanças posturais que favoreceram a reabilitação dos movimentos restritos pela patologia. Os três clientes atendidos

apresentaram ao final das 15 sessões alguma limitação de movimento do ombro afetado, mas todos perceberam os

benefícios que o Método Integração Estrutural Rolfing® proporcionou para a reabilitação da restrição articular e para a

melhora do quadro de dor.

Palavras chave: Integração Estrutural Rolfing®, Capsulite Adesiva, Ombro Congelado.

http://pedroprado.com.br/cgi-bin/cont_ipr.cgi?cmd=show1artigo&ling=port&id=1311 Em 2012, foram 5 trabalhos:

1. A Contribuição da Integração Estrutural Rolfing No Tratamento De Dor Crônica Associada À Escoliose Não Estrutural, de Adriana Toyoko Higa.

2. Integração Estrutural Rolfing ® e o Conceito de Experiência, de Lúcia Merlino. 3. Integração Estrutural Rolfing ® no Tratamento da Limitação de Amplitude de Movimento de Ombro

em Paciente Submetida À Ressecção De Câncer De Mama, de Maria Ayako. 4. Contribuição da Integração Estrutural Rolfing® para o Equilíbrio Postural, na Locomoção e Na

Qualidade De Vida de Adulto Portador de Paralisia Cerebral, de Rosângela Maria Baía. 5. Os Benefícios da Integração Estrutural Rolfing em Adultos Vitimas de Abuso Sexual na Infância, de

Rubia Sayuri Takashima.

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Os 13 trabalhos pioneiros de 2010 são de:

1. Alfeu Ruggi - Contribuições do Método de Integração Estrutural – Rolfing®, com Abordagem Holística para a Solução de Casos de Capsulite Adesiva.

2. Ana Maria Gilioli – A Eficiência do Processo de Rolfing® - Integração Estrutural na Diminuição da Dor em Paciente Idosa com Lombalgia Crônica.

3. Cornelia Rossi – Rolfing® Integração Estrutural como Terapia complementar em caso de Transtorno Bipolar: Estudo de Caso.

4. Hulda Bretones – Rolfing® a Duas Pessoas: Integração Estrutural – Rolfing® e Processo Terapêutico – Estudo de Caso.

5. José Henrique Bronze Dias – Aspectos Correlatados entre Disfunção Temporomandibular (DTM) e Fasceíte Plantar na Abordagem de integração Estrutural – Rolfing®

6. Maria Helena de Souza Orlando – Integração Estrutural Rolfing® como Agente Integrador entre Postura Corporal, Comportamento e Qualidade de Vida: Um Estudo de Caso.

7. Maria Lucila Limeira Freitas – A Importância da Percepção da “Linha” no Rolfing® – Integração Estrutural.

8. Marcela Moraes Nascimento – O Processo do Rolfing® em Artista/Acróbata Aéreo: um estudo de caso.

9. Marcia R. M. Cintra – O Conceito da Autotomia na Prática da Integração Estrutural – Rolfing®. 10. Mariana Moretto – Rolfing® - Integração Estrutural na Lombalgia Sem Diagnóstico. 11. Marina Mattar Neme – Rolfing® Como Agente de Mudança na Qualidade de Vida. 12. Monica Caspari – A Contribuição da Integração Estrutural – Rolfing® no Tratamento de Desordens

Temporomandibulares. 13. Taissa Rebouças Soares da Cunha – Integração Estrutural – Rolfing® na Qualidade de Vida de um

O Selvagem, Beatriz Milhazes

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AVANÇAR Ir para frente ... Recuar (para ter estratégia) Envelhecer (idade avançada) Experimentar (poder errar) Esperar, Escutar, Ouvir, Ver, TATEAR ... Lembrar do passado (como bagagem) Lembrar do hoje (como ação) Pensar no amanhã (como etapa) Entender o outro (como nós mesmos) Buscar conhecimento é avançar Autoconhecimento é avançar mais Saber que estamos em desenvolvimento sempre, que por mais que sabemos estamos sempre aprendendo, reaprendendo... É O TOPO DO AVANÇADO!!!! .... 4/7/2014

(1º módulo do avançado).

“Todo mundo me pergunta: o que é ser rolfista avançada? O que é diferente? O que se aprende? Vale a pena? Como me sinto? ...

Parte do texto-poesia que escrevi no terceiro dia do primeiro módulo diz um pouco do que pensei no começo. Quando todos na classe pareciam ansiosos demais, confusos demais. E se manteve depois da conclusão desta fase.

A formação Avançada, pra mim, é um total autoconhecimento. Como você se relaciona com o Rolfing®. Com os professores. Com os seus colegas rolfistas. Com os seus clientes. Com outros profissionais. Com os que estão ao seu redor. E, sobretudo com você. Serve para clarear pensamentos, entender coisas tão simples que até hoje não pescou, “tirar teias de aranha”.

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Independentemente do que se aprende, reaprende sobre técnicas, manobras, anatomia, patologia ... está o que se entende dos princípios de Rolfing. Como se enxerga a linha. Como se consegue ver assimetrias, movimento e dor como sinalizadores até positivos, muitas vezes, de um caminho. Como tudo junto conta de pessoas, de vidas, de coisas vividas e de possibilidades a se viver

Como perceber que aquilo que você já vem fazendo, a sua experimentação tem validação. Como você pode crescer e amadurecer além da receita, como Dra. Ida Rolf queria e ensinava. Isso te dá crédito. Força e luz. O Universo sente essa vibração.

É uma prova de que o Rolfing funciona, que é um processo de crescimento mesmo, “experienciado” com clientes de classe, já rolfados, já em processo, quando mesmo cada um dos rolfistas trabalhando no seu estilo, naquilo que mais permeia o seu trabalho, os resultados são presentes, fortes e marcantes. Que a vinculação é criada. Que o trabalho é um “continuum”, um bem-estar e uma evolução para rolfistas e

rolfados.

Ganhamos uma árvore em madeira, no final do curso, mais uma reprodução desenhada de um baobá (do artista Alex Cerveny), mostrando que somos como uma árvore mesmo em busca da linha. Terra-espaço-universo. E estamos aqui para evoluir e levar os nossos clientes a também experimentar esse caminho.

Somos hoje essa oportunidade. E avançar significa passar, repassar e ultrapassar etapas.

É mais um começo. Me sinto muito feliz. Responsável e cuidadosa por tocar pessoas em sua totalidade através de seus corpos.

Agradeço a Pedro Prado, Monica Caspari, ABR, e meus colegas desta classe Adriana Gailey, Marcos Martins, Mario Carneiro, Nadia Rengel e Tomas Makiyama. E, em especial ao meu amigo Alfeu Ruggi, quem me fascinou a vir para cá.

E hoje acho que sei mais ainda que avançar é continuar... em muitas direções, planos, espaços, ritmos...”

Rosângela Maria Baía

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Formandos Treinamento Básico de Rolfing – Unidade 3 Data: 13 de Dezembro de 2014.

Frente: Viviane Paiva; Maria Eugenia Zeca; Claudia Barnabé; Daniela Nascimbem; Alfeu Ruggi (Instrutor); Daniela Pietra; Roberta Toledo Atrás: Eliana Grotti (Assistente); Gustavo de Abreu

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Educação Continuada: Workshops imperdíveis na programação de 2015/16! Mantenha-se informado. Associação Brasileira de Rolfing® R. Cel Arthur de Godoy, 83 - São Paulo – SP Tel: (11) 5574-5827 e (11) 5539-8075 Inadimplência de associados: Fique atento e pague suas mensalidades em dia! A Associação é feita por todos nós! A diretoria financeira está aberta para negociar os seus pagamentos atrasados.

Rosa Branca, Beatriz Milhazes

As ilustrações desta edição do Rolfing Brasil são de Beatriz Milhazes (1960 -), artista brasileira, pintora, gravadora, ilustradora e professora. Nas suas palavras:“Pela primeira vez, estou pensando em voz alta que, no trabalho com a cor, faço uma ligação entre vida e pintura. O carnaval - uma festa popular brasileira frenética - sempre me estimulou com seu visual, atmosfera, loucura, beleza etc. Os desfiles, com suas combinações de cores e conceitos, são muito malucos, mas por outro lado todas essas coisas estão muito longe da pintura, do meu ateliê, do meu cotidiano. Sou uma carnavalesca conceitual. O mesmo acontece com a cultura psicodélica e a religião, ainda que eu acredite em Deus. Acho que uma caminhada na praia é a melhor maneira de conectar geometria séria e carnaval".

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