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RESENHA DE NOTÍCIAS CULTURAIS Edição 70 [ 5/1/2012 a 11/1/2012 ]

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Page 1: ASSESSORIA DE IMPRENSA DO GABINETE E TV ESTADO DE MINAS - O rei e o moleque História de Gonzagão e Gonzaguinha está sendo filmada por Breno Silveira, diretor de 2 filhos de Francisco

RESENHA DE NOTÍCIAS CULTURAIS

Edição Nº 70[ 5/1/2012 a 11/1/2012 ]

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Sumário

CINEMA E TV...............................................................................................................4Estado de Minas - O rei e o moleque..............................................................................................4Folha de S. Paulo - Numa 'nice'......................................................................................................5Folha de S. Paulo - Próximo longa do cineasta será sobre Serra Pelada.......................................6Folha.com - Documentário "Senna" recebe seis indicações em principal prêmio britânico.............7Zero Hora - A invenção do cangaço................................................................................................7O Estado de S. Paulo - 'As Aventuras de Agamenon': jornalismo mentira, humor verdade............8Folha de S. Paulo - Salas de cinema do país batem recorde..........................................................9Correio Braziliense - A grande vedete ..........................................................................................10Folha de S. Paulo - Minissérie da Globo lança luz sobre recato de Dercy Gonçalves..................11Zero Hora - Dercy como você não viu...........................................................................................11Estado de Minas - Documentário relembra a história da Rádio Nacional .....................................12Folha de S. Paulo – A vez dos cearenses.....................................................................................13Folha de S. Paulo – Criadores dizem "sim" à invenção e à liberdade...........................................15Folha de S. Paulo – Mostra homenageia o ator Selton Mello........................................................15

TEATRO E DANÇA....................................................................................................15O Estado de S. Paulo - É o amor outra vez...................................................................................15Correio Braziliense – Muito prazer - Cláudio Chinaski..................................................................16Correio Braziliense - A arte de um mestre ....................................................................................19O Estado de S. Paulo - Cadê o retorno? Está chegando..............................................................20Zero Hora – Teatro: Um clássico mambembe...............................................................................21Correio Braziliense – Mulher sem pecados ..................................................................................21O Estado de S. Paulo – Nelson entre o amor e a morte................................................................23

ARTES PLÁSTICAS...................................................................................................24Folha de S. Paulo - Mostra dá valor exagerado à pintura / Crítica................................................24O Estado de S. Paulo - São Paulo reinventa monumentos...........................................................25

MÚSICA......................................................................................................................26O Globo - O futuro do piano nacional em jovens mãos ................................................................26O Globo - Em uma viagem elétrica, Siba liga os continentes .......................................................27Correio Braziliense – Caminhos cruzados.....................................................................................28Correio Braziliense – Percussão como instrumento de cidadania.................................................28O Globo – Um doce roteiro para cantor e platéia..........................................................................29O Globo – A musicalidade do criador do ‘lerê-lerê’.......................................................................30Estado de Minas - Poetinha em boa companhia...........................................................................33Folha de S. Paulo - Nada será como antes...................................................................................34Folha de S. Paulo - Memória é reforçada com shows, discos e exposição...................................35Folha de S. Paulo - Mostra celebra raízes sonoras do Brasil........................................................35França – La Nouvelle Republique – Flavia Coelho, escale à Blois entre Brésil et Jamaïque........36O Globo - Pelo mundo / ‘Berlin calling’..........................................................................................37O Globo - Entre tradições e o novo...............................................................................................38O Globo - Arte brasileira dá samba...............................................................................................38O Globo – Arte brasileira dá samba• (Continuação)......................................................................41O Globo - A mãe do ‘trip-bossa’ de volta ao Brasil .......................................................................42

LIVROS E LITERATURA...........................................................................................44Folha de S. Paulo - Livro resgata raro atlas manuscrito do Brasil Holandês.................................44O Estado de S. Paulo - Fantasia francesa com sotaque brasileiro................................................45O Estado de S. Paulo - Uma coleção para o polemista maior.......................................................46O Estado de S. Paulo - Maria Bonita.............................................................................................48Istoé - Clarice na rede...................................................................................................................50México – Informador - Asia y Brasil, dos metas para el mercado editorial....................................50Folha de S. Paulo - Noemi Jaffe destrincha cotidiano em livro......................................................54

MODA.........................................................................................................................55Folha de S. Paulo - Fashion Rio abre hoje em ritmo bossa nova..................................................55

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GASTRONOMIA.........................................................................................................56Folha de S. Paulo – Cardápio de morro........................................................................................57

OUTROS.....................................................................................................................58O Estado de S. Paulo – Dilma estende a Lei Rounaet à música gospel.......................................58

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CINEMA E TV

ESTADO DE MINAS - O rei e o moleque

História de Gonzagão e Gonzaguinha está sendo filmada por Breno Silveira, diretor de 2 filhos de Francisco. Produção, que fica pronta ainda este ano, terá gravações em Minas

Ana Clara Brant

(06/01/12) Um era urbano, mais liberal e introspectivo. O outro era rural, conservador e falastrão. Nem sempre filho de peixe peixinho é, mas por meio da música eles puseram de lado mágoas, divergências e ressentimentos e se reencontraram. Esse é o mote de Gonzaga – De pai para filho, novo longa do diretor Breno Silveira, que vai contar a história de dois grandes nomes da MPB: Gonzaguinha (1945-1991) e Gonzagão (1912-1989). Com previsão de ficar pronto este ano, quando se celebra o centenário de nascimento do Rei do Baião, o filme começou a ser rodado no início de dezembro, no Marco Zero, no Recife. As gravações serão retomadas no fim deste mês, em Exu, em Pernambuco, onde Gonzagão nasceu, e no Rio de Janeiro. O diretor revela que também pretende filmar em Minas, onde os dois artistas tiveram passagens marcantes de suas vidas.

O papel de Gonzagão será interpretado por três atores: o sanfoneiro Nivaldo Expedito de Carvalho, de 31 anos, mais conhecido como Chambinho do Acordeom, interpretará Luiz Gonzaga dos 30 aos 50 anos, período em que a carreira do músico deslanchou. Os outros atores ainda não foram definidos. O filme marca a estreia de Chambinho no cinema, contracenando com o gaúcho Júlio Andrade, – que atuou em Cão sem dono e fez o Arthurzinho, de Passione, – no papel de Gonzaguinha, e Nanda Costa, que interpreta a dançarina e cantora Odaléia Guedes dos Santos, mãe de Gonzaguinha.

Breno Silveira, que ficou conhecido por levar mais de 5 milhões de espectadores aos cinemas com 2 filhos de Francisco, sobre a trajetória de Zezé di Camargo e Luciano, conta que depois da experiência com o filme sobre a dupla sertaneja pipocaram biografias na sua mesa, mas nenhuma o tinha empolgado. Até que um dia recebeu gravações em fita cassete de uma entrevista que Gonzaguinha tinha feito com o pai e isso o cativou. “Particularmente me interesso muito pelo drama particular, humano, assim como foi no 2 filhos de Francisco. E quando escutei essa entrevista, que foi muito reveladora, dava para perceber que havia um conflito muito sério entre pai e filho com perguntas e respostas muito emocionadas e isso me levou a querer filmar”, diz Breno.

Biografia O cineasta acrescenta que o livro Gonzaguinha e Gonzagão – Uma história brasileira, da jornalista Regina Echeverria, autora de biografias de sucesso como a de Elis Regina (Furacão Elis) e a de Cazuza (Cazuza – Preciso dizer que te amo), serve de inspiração para seu longa, mas não é apenas nele que Breno Silveira se apoia. “Nós compramos os direitos da publicação, mas há outras fontes que me guiaram para fazer o roteiro. E quanto mais me aprofundo, a cada hora descubro uma história diferente, nuances que você nem esperava e aí já muda tudo. Com biografia, é natural que isso ocorra. Foi assim também com o 2 filhos de Francisco, mas nele eu contava a trajetória dos filhos por intermédio do pai, e com o Gonzaga – De pai para filho é o contrário. Conto a história do pai por meio do filho. Mas, na verdade, o Gonzagão é muito maior do que qualquer livro ou qualquer filme”, salienta o diretor.

Regina Echeverria afirma que chegou a ler um dos roteiros e tem as melhores expectativas sobre o filme. “É uma história de que gosto muito, uma relação delicada e amorosa. Foi muito importante para mim ter mergulhado nessa experiência, porque conheci muito o Gonzaguinha, que foi meu amigo. Certamente o Breno irá fazer um trabalho extremamente sensível”, acredita Regina, que está se preparando para escrever a biografia da princesa Isabel.

Provavelmente, boa parte das questões abordadas no livro, como os conflitos entre os dois e a complicada questão da paternidade – já que durante um tempo Gonzaguinha chegou a acreditar que não era filho legítimo de Gonzagão, mesmo tendo sido registrado – estarão presentes na telona, mas Breno Silveira adianta que pelo fato de a trajetória de ambos ser extremamente rica, não será fácil realizar a produção. “É um épico, um filme difícil. Ele deve ter o dobro do tempo do 2 filhos de Francisco. A trilha sonora também será um capítulo à parte e vamos fazer uma parceria com o

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Gilberto Gil. A equipe de edição vai trabalhar em paralelo para agilizar o filme para gente conseguir terminar tudo este ano e não perder o gancho dos 100 anos do Gonzagão”, acrescenta.

Pai e filho

“Eu não tenho o menor temor de ser ou não ser filho de Luiz Gonzaga. Eu não tenho o menor temor de ser filho de fulano ou sicrano. É preciso que fique claro que meu pai, como está escrito no cartório, é você, e minha mãe, Odaléia Guedes dos Santos, como está na minha carteira de identidade. Henrique Xavier Pinheiro e Leopoldina. Minha família é essa. E, também, a família de Luiz Gonzaga por outro lado. Infelizmente minha família é muito mais a de Leopoldina pela maneira que fui criado e o modo como acabamos no reencontrando, que não foi propriamente uma coisa muito agradável para mim. Se você falar que meu pai é outro não vai bulir com meus sentimentos, não estou preocupado com isso.”Gonzaguinha

“Deus escreve certo por linhas tortas. Veja você, seu sangue não corre nas minhas veias. Você tem essas coisas todas, as pessoas chegadas a mim, porque você é meu filho. Acho que a pessoa que mais gosta de mim é você. E sua mulher agora. Você tem uma filha parecida comigo. Você me respeita, eu respeito você e a coisa mais bacana da minha vida é você. Você é Gonzaguinha. Eu sou Gonzagão. Encontramos esse slogan. Eu me envaideço muito de você, sabia? Nunca me pediu nada. Te dei um violão velho, barato. Nunca me preocupou. Claro, a preocupação de pai. Eu sou pai postiço mas sou pai e tenho sido pai, não é verdade?”Gonzagão

Depoimentos publicados em Gonzagão e Gonzaguinha, de Regina Echeverria

GONZAGAS EM MINASGonzaguinha e Gonzagão tiveram relações estreitas com Belo Horizonte. Durante 10 anos, na década de 1980, Gonzaguinha viveu na capital mineira ao lado de sua última mulher, Louise Margareth Martins, a Lelete, e de sua filha caçula, Mariana. A vida em Minas foi mais calma, com longos passeios de bicicleta em torno da Lagoa da Pampulha, que ganhou até uma música do compositor: Lindo lago do amor. O corpo do cantor está enterrado no Cemitério Parque da Colina, na cidade.Já o pai Gonzagão passou por Minas em 1932. O Rei do Baião foi destacado para BH, na época em que servia o Exército no 12.º RI (Regimento de Infantaria), que, segundo ele, havia se esfacelado na Revolução de 1930 por ter resistido, “leal e fiel ao governo, não se entregando e pagando um preço muito caro.” Em novembro de 1932, ele foi para Juiz de Fora, servindo no 10º RI. Ganhou o apelido de Bico de Aço, por ser um excelente corneteiro.

FOLHA DE S. PAULO - Numa 'nice'

Diretor Heitor Dhalia estreia em Hollywood com o filme "12 Horas", que chega aos cinemas em fevereiro

FABIO CYPRIANO, Crítico da Folha

(06/01/12) Durante uma semana, o cineasta brasileiro Heitor Dhalia precisou ouvir o baião de Luiz Gonzaga (1912 -1989) enquanto dirigia sua primeira produção no exterior, o filme "12 Horas" (Gone), que estreia nos Estados Unidos e no Brasil no dia 24 de fevereiro.

"Eu escutei Luiz Gonzaga para me equilibrar e voltar às minhas origens, em meio às pressões da filmagem", conta Dhalia, 41, que é pernambucano como o rei do baião.

Apesar das dificuldades, é sem frustração que ele volta Brasil, após passar praticamente todo o ano entre Los Angeles e Portland, nos Estados Unidos, onde o filme foi rodado. "Fui, fiz e realizei. Foi um grande desafio e um sonho", conta Dhalia.

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O pernambucano Heitor Dhalia, que lança carreira em Hollywood (Foto: Ricardo Bonalume Neto)

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Diretor de filmes com temáticas não tão populares e bastante autorais, como "O Cheiro do Ralo"(2007) e "À Deriva" (2009), ele estreia em Hollywood com uma produção de suspense, na qual teve um controle relativo.

"Aprendi em Los Angeles que se sabe de quem é a autoria de um filme pelo contrato", diz. Em seu caso, "12 Horas" é uma coprodução de Sidney Kimmel, que realizou "Sinedóque, Nova York" (2008), dirigido por Charlie Kaufman, e a produtora em ascensão Summit, que se destacou pelo sucesso da saga "Crepúsculo" e pelo Oscar para "Guerra ao Terror".

Nesse sistema, Dhalia não teve direito ao corte final do trabalho. "12 Horas" passou por pelo menos quatro exibições preliminares com o público, que avaliou a película em grupos de discussão.

"Estive em todas as sessões. Ver como as pessoas reagiram ajudou o filme. Tudo foi tratado com profissionalismo", conta ele, que refilmou cenas após as sessões.

"12 Horas" é um thriller sobre o desaparecimento da irmã de Jill (Amanda Seyfried), que teria sido levada pelo mesmo sequestrador que a tomara no passado, mas do qual havia escapado.

Na busca pela irmã, Jill é auxiliada por sua melhor amiga, interpretada por Jennifer Carpenter, conhecida pelo seriado "Dexter".

O sentimento de missão cumprida em Hollywood se dá para Dhalia por vários motivos, entre eles a superação da barreira da língua: há oito anos, o diretor sequer falava inglês.

"Quando 'Nina' [seu primeiro longa, de 2004] foi exibido no Festival de Toronto, pedi ao André Ristum para me representar", lembra.

"Ele disse que o filme fez sucesso e fomos a Los Angeles encontrar um agente, e ele foi de tradutor. Eu só dizia 'yes', mas não entendia nada. Mesmo assim voltei com um agente contratado", diz o diretor, que logo que retornou ao Brasil começou a ter aulas de dramaturgia e de inglês.

CANGACEIRO

Dhalia diz que foi com "À Deriva", com o qual esteve no Festival de Cannes, que ganhou visibilidade e se "credenciou para pleitear a direção de um filme em inglês".

Desde então, vários roteiros caíram em suas mãos, entre eles o de uma biografia do escritor americano Scott Fitzgerald (1896-1940) -mas o primeiro a encontrar viabilidade foi "12 Horas".

Com um orçamento de US$ 19 milhões (cerca de R$ 35 milhões), valor alto perto das produções brasileiras -"Tropa de Elite 2" custou R$ 14 milhões-, "12 Horas" não deve fazer o circuito de festivais de cinema de arte aos quais Dhalia está acostumado.

Em vez disso, o introduz num círculo de diretores brasileiros com um pé em Hollywood, como Fernando Meirelles e Walter Salles.

Ele era, aliás, o único brasileiro no set de filmagem e dirigiu em inglês o tempo todo. "Sobrevivi, mas foi uma experiência recompensadora, pretendo voltar", resume.

Nos momentos de crise com o diretor de fotografia do filme, o texano Michael Grady, Dhalia costumava alertar: "Você pode ser um caubói, mas eu sou cangaceiro, então é melhor tomar cuidado".

FOLHA DE S. PAULO - Próximo longa do cineasta será sobre Serra Pelada

(06/01/12) Na primeira meia hora de entrevista sobre a realização de "12 Horas", o diretor brasileiro Heitor Dhalia falou apenas de sua nova produção brasileira, "Serra Pelada", que deve começar a ser rodada no final do primeiro semestre deste ano.

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"Vai ser uma das grandes superproduções brasileiras, porque vai ser Brasil na veia", disse, empolgado. "Eu fui a Hollywood, aprendi a dirigir lá, mas quero mesmo seguir produzindo aqui."

E segue: "Serra Pelada é uma das grandes histórias do Brasil que precisam ser contadas. Foi a maior corrida do ouro da era moderna, o maior garimpo a céu aberto e se passa na ditadura, é uma história cheia de contradições".

O filme, escrito em conjunto com sua mulher, a também diretora Vera Egito, contará a saga de dois garimpeiros que saem do Rio em busca de enriquecimento.

Serra Pelada, localizada no Pará, chegou a reunir 100 mil homens -na área não podiam entrar mulheres, bebidas e armas.

Um dos papéis principais será interpretado por Wagner Moura. O outro ainda está em fase de definição.

Algumas das imagens mais conhecidas do garimpo foram captadas pelo fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que é outro dos personagens do filme e pode vir a ser interpretado por seu filho.

Com um orçamento de R$ 13,7 milhões, "o maior baixo orçamento já feito", como brinca Heitor Dhalia, "Serra Pelada" promete ser uma das produções mais comentados do ano que vem.

FOLHA.COM - Documentário "Senna" recebe seis indicações em principal prêmio britânico

(06/01/2012) O documentário "Senna", uma produção britânica sobre o piloto brasileiro, recebeu seis indicações ao prêmio Bafta, mais importante premiação do cinema britânico.

A primeira lista de indicados, que seleciona 15 filmes em cada categoria, foi anunciada na manhã desta sexta-feira.

"Senna", dirigido por Asif Kapadia, concorre nas categorias melhor filme, melhor filme britânico, roteiro original, edição, documentário e som.

"O Espião Que Sabia Demais" e "My Week with Marilyn" lideram a primeira lista com 16 menções cada um. "A Dama de Ferro" e "The Artist" aparecem empatados em segundo com 12 indicações.

A partir desta primeira lista, serão selecionados cinco indicados em cada categoria, anunciados no próximo dia 17. A premiação, organizada pela Academia Britânica, acontece dia 12 de fevereiro.

ZERO HORA - A invenção do cangaço

Mito do cinema nacional, “O Cangaceiro” sai em DVD duplo

(06/01/12) Primeiro grande sucesso brasileiro no Exterior, O Cangaceiro (1953) é um mito do cinema nacional, mais comentado do que visto pelas novas gerações de cinéfilos. Sabe-se dele por seus prêmios de trilha sonora e melhor filme “de aventura” em Cannes, pela importância histórica que adquiriu ao “inventar” o gênero dos filmes de cangaço e pelo lucro que obteve – o dobro do que era preciso para salvar a produtora Vera Cruz, só que obtido apenas após a Cinecittà dos trópicos pedir falência. Com o DVD duplo que a Versátil acaba de lançar, O Cangaceiro está à disposição para ser redescoberto.

O longa é estrelado pelo gaúcho (de Estrela) Alberto Ruschel (1918 – 1996), galã que ousa desafiar o Capitão Galdino (Milton Ribeiro) tirando do fora-da-lei do sertão a bela professora (Marisa Prado) que ele sequestrara enquanto seu bando tocava o terror pelas comunidades sertanejas. O Cangaceiro é um filme de ação (do seu tempo), mas comprometido com uma certa identidade cultural – que acabou conquistando as plateias de fora do Brasil, garantindo a ele cinco anos de exibições em dezenas de países.

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A forma e as reflexões filosóficas não são exatamente as mesmas que Glauber Rocha exploraria na década seguinte, porém, é correto dizer que o trabalho do diretor Lima Barreto (nada a ver com o escritor homônimo, embora outra célebre autora, Rachel de Queiroz, tenha escrito os diálogos) inspirou a construção de uma onda tipicamente brasileira. Ainda que a figura de Lampião já aparecera em filmes desde os anos 1930, foi a partir de O Cangaceiro que o mito de fato se integrou ao cinema nacional.

Trabalhos como o do diretor Carlos Coimbra (de A Morte Comanda o Cangaço, entre outros) são explicitamente inspirados no longa de Lima Barreto. Contudo, talvez seja exagero tachá-lo de precursor do ciclo caipira paulista ou do cinema de bombachas da década de 1970.

De todo modo, O Cangaceiro não vale somente por sua importância histórica. A despeito de uma certa inocência – como a da sequência em que o valentão vivido por Ruschel protege a mocinha de uma onça, aliás excluída de algumas versões –, e dos excessos causados pela impostação dos atores e pela literariedade do texto, Barreto demonstra talento na construção de planos e, sobretudo, na humanização dos criminosos do sertão. O uso da foclórica canção Muié Rendera logo na abertura desarma o espectador, enquanto a sequência com a atriz Vanja Orico interpretando Soledade Meu Bem Sodade é de uma sensibilidade arrebatadora.

Os extras do DVD também são atrativos: há curtas de Lima Barreto (que depois de O Cangaceiro veria seus principais projetos naufragarem pelo excesso de pretensão e a ausência de concessões) e um documentário de três horas que contextualiza e dá o devido valor à produção. Nada de exageros: o projeto tem o tamanho que o longa merece.

O ESTADO DE S. PAULO - 'As Aventuras de Agamenon': jornalismo mentira, humor verdade

Marcelo Adnet fala do trabalho com os cassetas em As Aventuras de Agamenon, o Repórter

FLAVIA GUERRA

6/01/2012 - Marcelo Adnet é referência de humor para as novas gerações do jornalismo mentira, ou jornalismo verdade com muito escracho. Mas não nega que muito de sua formação se deve a ilustres veteranos do humor nacional chamados Casseta & Planeta. Além do "jornalismo verdade", cuja faculdade frequentou, o "jornalismo mentira" foi decisivo para sua profissão. Muito por isso, viver o jovem jornalista Agamenon Mendes da Silva e dividir a cena com os Cassetas é fato especial.

Estamos acostumados à ideia de "O Casseta", como se todos fossem um grupo só. Como foi entrar para este clube e trabalhar só com dois deles?

Incrível. Jamais imaginei. Eles foram obviamente referência para minha formação. E a gente já se conhecia pessoalmente do teatro e da vida no Rio. E foi quando eu desfiz esta ideia de "Casseta, o grupo", com a qual cresci. O Helio de La Peña é o cara com quem converso sobre o Botafogo, sobre correr, natação... Com o Marcelo Madureira, falo de política; com o Hubert, falo besteira mesmo; com o Claudio Manuel, falo sobre TV, humor na televisão etc. Um dia recebi uma ligação e eles disseram que tinha a ideia de fazer um filme sobre o Agamenon e que queriam que eu fizesse o papel dele jovem. Claro que amei.

E esta história de levar o Agamenon para o cinema também é inusitada.

Sim. A coluna é um marco do humor brasileiro. E sem contar que escrever humor para jornal é diferente de para a TV e para o cinema. Foi um desafio e tanto. Sem contar que o humor do Agamenon escracha tudo e todos com muita coragem.

E falta humor politicamente incorreto à crônica jornalística?

Sim. Agamenon é a própria pauta. Simboliza muito o caráter brasileiro. E por isso é que traduz tão bem este caráter em suas crônicas. E o tipo de jornalismo opinativo escrachado e engraçado que ele faz, do jornalistão, que conta histórias e até vira pauta, tornou-se se algo meio passado. E foi esta caretice que me afastou do jornalismo. Sou jornalista formado pela PUC-Rio. Para mim, um cara

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super criativo, era muito difícil ficar no lead, quem, que, quando... Imagine a minha frustração na faculdade, um cara como eu sem poder improvisar uma virgula, dar opinião...

E o cinema? Entrou para ficar?

Cada vez mais. Estou filmando Os Penetras, de Andrucha Waddington, vai ser muito bacana. Pela primeira vez participo da confecção de um roteiro, em parceria com Eduardo Sterblitch, o César Polvilho e Freddy Mercury Prateado do Pânico na TV. O Andrucha é um cineasta apaixonado, que realmente se envolve muito e, assim, deixa todo mundo envolvido. Cinema tem a ver com isso. Cinema, paixão, família. Isso me faz pensar em um dia fazer um filme meu.

FOLHA DE S. PAULO - Salas de cinema do país batem recorde

Com 141 milhões de ingressos vendidos e arrecadação de R$ 1,4 bilhão, mercado registra em 2011 sua melhor temporada

Acuado até há pouco por pirataria e novas mídias, setor ganhou 200 espaços de exibição no período

Anna virginia balloussier, de São Paulo

Mesmo sem um blockbuster do cacife de "Tropa de Elite 2" e com um top 10 dominado por produções internacionais, 2011 foi um ano recordista para as salas de cinema do Brasil.

Juntos, os 333 filmes lançados venderam cerca de 141,7 milhões de ingressos. O montante representa um aumento de 5% em relação a 2010, que teve 26 títulos a menos no circuito e 134 milhões de tíquetes comercializados.

O faturamento total também deu um pulo: R$ 1,4 bilhão, acréscimo de R$ 155 milhões frente ao ano anterior.

Os dados são do Filme B, portal que monitora o mercado cinematográfico do país.

Esse desempenho é inédito há pelo menos três décadas, avalia Paulo Sérgio Almeida, diretor do Filme B.

Em 2010, "Tropa de Elite 2" fez 11 milhões de espectadores. Quase 60% a mais do que o público vitorioso deste ano: 6,9 milhões para "Amanhecer", da saga "Crepúsculo".

Com direção do brasileiro Carlos Saldanha, mas totalmente produzida nos Estados Unidos, a animação "Rio" teve plateia menor (6,3 milhões). Encabeçou, contudo, o ranking geral ao alcançar a bilheteria mais polpuda do ano, de R$ 68,7 milhões -graças ao ingresso mais caro do 3D.

Nenhum filme nacional entrou no top 10 -ao contrário do observado em 2010, quando "Tropa 2" liderou com folga, à frente até de "Avatar".

Naquele ano, mais dois nacionais chegaram aos dez mais: "Nosso Lar" e "Chico Xavier".

A queda no índice doméstico era aguardada. Mas sem trauma. Juntas, as 98 estreias brasileiras lograram R$ 164 milhões, a segunda melhor renda dos últimos 20 anos. O público só perde para os de 2010 e 2003 (ano de "Carandiru", "Lisbela e o Prisioneiro" e "Os Normais").

Em 2011, sete filmes nacionais superaram um milhão de espectadores -campeão, "Cilada.com" fez o triplo disso.

CLASSE C VAI AO CINEMA

Até pouco tempo, o setor vivia em clima de velório, assombrado por pirataria e novas tecnologias, como Blu-ray.

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A expansão das salas contribuiu para a boa performance de 2011. Enquanto quase 200 salas abriram, só 15 fecharam. A oferta atende à classe C, sempre ela, que "serve de impulso e plataforma de sustentação", diz Marcelo Bertini, presidente da Cinemark.

Para Almeida, do Filme B, a atividade se tornou "altamente competitiva" e "mais lucrativa".

CORREIO BRAZILIENSE - A grande vedete

Sérgio Maggio

(10/01/2012) A campanha publicitária que antecede a estreia de Dercy de verdade aponta que hoje o grande público brasileiro vai descortinar a vida de uma das mais importantes comediantes do país. A autora Maria Adelaide Amaral vai levar à tela a saga humana da menina que escapou dos horrores machistas do início do século 20 e tornou-se uma das maiores estrelas do país. Ao fim da microssérie de quatro capítulos (no ar de hoje a sexta, na TV Globo), o telespectador terá outra imagem, que vai colocar por terra o estereótipo da senhora desbocada e sem limites que marcou as últimas décadas de vida da artista centenária.

No interior dessa estratégia, que marcou concepção do livro Dercy de cabo a rabo, escrito por Maria Adelaide Amaral em 1994 e agora relançado, há uma revelação mais contundente para a grande audiência, sobretudo as novas gerações acostumadas a lidar porcamente com a memória nacional. Dercy Gonçalves (na trama, ela será vivida por Fafy Siqueira, Heloísa e Luiza Perissé) foi uma das maiores artistas do teatro brasileiro. Ela deu à comédia uma picardia brasileira ao incorporar, com talento incomum, o improviso num tempo em que o teatro nacional estava completamente preso a velhas formas, como o uso do “ponto” (na trama, vivido por Emiliano

Queiroz), aquela figura que murmurava o texto teatral para o ator recitar.

Dercy mandou às favas um jeito requentado de se fazer teatro no Brasil. Se não fosse a vedete da companhia, o ator andava completamente marcado e sem falas decoradas. Não podia desobedecer o texto nem tampouco sair do que fosse combinado com o encenador. A presença coadjuvante funcionava apenas em função da estrela maior, que atuava à frente, na ribalta, sob os holofotes. A anarquia dessa jovem atriz, que começa pelas companhias mambembes, estremece essas relações. “O maior desespero dos críticos , quando comecei a fazer comédias, era saber onde o autor acabava e a atriz começava. Alguns ficavam enlouquecidos com a minha improvisação”, relata Dercy no livro de Maria Adelaide Amaral.

Teatro do reboladoApesar desse enfoque humano para destruir o estigma de “velha que fala palavrões”, Dercy de verdade trará o teatro brasileiro de uma época como pano de fundo. Figuras que hoje estão esquecidas, como Walter Pinto (interpretado pelo ator Eduardo Galvão), surgem ao lado de uma efervescente Praça Tiradentes, que foi o território do apogeu e da queda do teatro de revista ou rebolado, tendo o Teatro Recreio como templo maior.

Ali, Dercy Gonçalves foi rainha de companhia própria e desenvolveu um estilo impagável, contrapondo-se aos shows bem acabados, de padrão internacional, do empresário Walter Pinto, responsável por renovar o gênero no país. No desafio de contar mais de 100 anos de vida em quatro capítulos, importantes personagens ficarão de fora, como Jardel Jércolis (pai do excepcional ator Jardel Filho), um dos artífices do teatro de revista no país.

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Heloísa Perissé vive Dercy Gonçalves na microssérie que estreia hoje

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Até conquistar o estrelato e enfrentar toda série de dificuldades, Dercy Gonçalves passou por circos e cabarés. Uma das principais casa de shows, a Casa de Caboclo, onde Noel Rosa se apresentava, surge no começo de carreira, quando Dercy fazia dupla com Eugênio Pascoal (Fernando Eiras), em Os Pascoalinos, logo depois de fugir de Santa Maria Madalena com a Companhia de Maria Castro. Um dos números mais marcantes era a canção Malandrinha (“Oh, linda imagem de mulher que me seduz/ Ai se eu pudesse estaria no altar/ És a rainha dos meus sonhos, és a luz/ És malandrinha, não precisas trabalhar”). Quando Dercy ouviu essa canção, ainda era a menina Dolores Gonçalves Costa e nem sonhava em se tornar um dos mitos do teatro brasileiro.

FOLHA DE S. PAULO - Minissérie da Globo lança luz sobre recato de Dercy GonçalvesJorge Fernando dirige obra em quatro capítulos sobre comediante

LUIZA SOUTO, DO RIO

(10/01/12) A partir de hoje, a vida e a carreira da atriz Dercy Gonçalves (1907-2008) serão retratadas na microssérie "Dercy de Verdade" (Globo), baseada no livro "Dercy de Cabo a Rabo", de Maria Adelaide Amaral.

Dirigida por Jorge Fernando, que trabalhou com Dercy em "Que Rei Sou Eu?" e "Deus nos Acuda", a obra será exibida em quatro capítulos, após "Big Brother Brasil 12".

Heloísa Périssé e Fafy Siqueira dão vida a uma comediante muito lembrada pelos palavrões e por atitudes consideradas imorais, mas que tinha uma trajetória sofrida e criava a única filha com princípios morais rígidos.

"Sempre falam do lado escrachado da mamãe, mas têm que mostrar o lado sério também", disse Decimar Martins, 77, à Folha.

Em breve, "Dercy" chegará ainda aos cinemas.

"Estou fazendo um filme também. A ideia é lançar em 2013", conta Jorge Fernando.

"São cem anos de uma história anárquica. Dercy foi guerreira -e numa época em que a mulher era espezinhada. Quem pensou em fazer humor algum dia bebeu nas águas de Dercy", disse.

ZERO HORA - Dercy como você não viuMinissérie em quatro capítulos sobre a escrachada artista estreia hoje à noite na RBS TV

(10/01/12) Séria, repressora, protetora, recatada, sofrida. Adjetivos que você provavelmente nunca atribuiria à figura de Dercy Gonçalves (1907 – 2008) são traços da personalidade de Dolores Gonçalves Costa, seu nome de batismo. A senhora espalhafatosa que conquistou o Brasil com seu escracho, desfilando um sem-número de palavrões e desaforos, é também a menina do Interior que foi abandonada pela mãe e sofreu maus tratos do pai, a moça que foi alvo da hostilidade e do preconceito dos vizinhos e da sociedade, a mulher que chegou a passar fome em busca do sonho de ser atriz e padeceu com a deslealdade e a infidelidade dos homens.

É essa Dercy, de verdade, que será resgatada e apresentada ao público de hoje a sexta-feira, na RBS TV. Uma vida de mais de cem anos condensada em quatro capítulos, com a promessa de emocionar o telespectador e reverenciar uma das maiores artistas que o Brasil já conheceu.

– Tinha receio de que essa história fosse esquecida, e não queria que Dercy ficasse marcada como “aquela velha que só falava palavrão”. Queria mostrar a mulher que quase ninguém conhece – justifica a autora Maria Adelaide Amaral, cujo próprio livro, Dercy de Cabo a Rabo, inspirou a minissérie televisiva Dercy de Verdade, que vai ao ar sempre após o Big Brother Brasil 11.

O material gravado, sob direção de Jorge Fernando, vai virar filme.

– Foi o trabalho no qual me senti mais calmo e seguro. Gravei só o necessário, sei o que quero mostrar! E os atores se entregaram na minha mão, as duas atrizes são duas “monstras” – brinca Jorginho, referindo-se a Heloísa Périssé e Fafy Siqueira, que encarnaram Dercy em momentos

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diferentes de sua vida (Luiza Périssé, filha de Heloísa, faz uma participação, vivendo a homenageada na infância).

Fafy, que foi íntima de Dercy, tem motivos de sobra para destacar a importância desse trabalho:

– Dercy foi a mulher mais importante do teatro brasileiro. Em 2007, ela própria me ofereceu a vida dela para contar no palco. Mas não consegui patrocinador, falavam que ela era só uma velha maluca que ficava sentada falando palavrão. Há muita história para contar sobre ela! E a Globo foi corajosa de mostrar essa trajetória.

Heloísa se emocionou:

– Fiquei muito mexida, é uma energia muito forte. Este foi o trabalho que me deu o maior leque de coisas. Chorei, ri, fiz cenas de sexo... Até cantei!

Na minissérie, os altos e baixos de Dercy são pontuados por seus amores, cada um de importância crucial: Pascoal (Fernando Eiras), cantor e dançarino de tango que nela incitou o desejo se ser atriz; Valdemar (Cássio Gabus Mendes), homem casado que a conheceu num bordel e lhe deu sua primeira e única filha, Decimar (Samara Felippo); Vito Tadei (Ricardo Tozzi), acrobata com quem Dercy descobriu os prazeres do sexo; Augusto Duarte (Tuca Andrada), jornalista e empresário que alavancou a carreira da artista; e Homero Kossak (Armando Babaioff), amor platônico que lhe sugeriu um mergulho na terapia e melhorou sua autoestima. De todos eles, só o último teve o nome verdadeiro preservado.

– Tive o privilégio de conhecê-lo antes de interpretá-lo. É um senhor de 80 e poucos anos, elegante, bem-vestido, encantador. Muito vaidoso, estava preocupado em saber qual ator iria representá-lo na TV. Quando me viu, soltou: “Nossa, mas capricharam!” – ri Armando Babaioff. – A gente fala parecido, nas expressões e na cadência, mas já tratei de pedir desculpas a ele, se não fosse fiel à sua imagem em cena. No que ele retrucou: “Armando, só te peço que não se esqueça de pôr amor nos olhos”. Foi o que fiz.

Para Babaioff, essa é a história de amor mais bonita de Dercy:

– O tempo inteiro eles viveram a ilusão do que poderia ter sido. Tem uma passagem, inclusive, em que Dercy menciona: “Com você, eu descobri milhares de sentimentos e todas as gamas de amores”.

Decimar, 77 anos, não acredita, no entanto, que a mãe tenha amado plenamente algum homem:

– O grande amor da vida dela sempre foi o teatro. Até eu sobrei uma época, fui colocada num colégio interno para que ela pudesse continuar viajando, se dedicando à carreira artística.

Se as semelhanças físicas são evidentes, a única herdeira de Dercy pouco lembra a mãe famosa nos trejeitos:

– Ela foi repressora na minha educação, para que eu não sofresse o que ela sofreu. Mamãe me superprotegeu, e acho isso valioso. Tenho muito orgulho de todas as mulheres que ela foi.

ESTADO DE MINAS - Documentário relembra a história da Rádio Nacional

Carolina Braga(10/01/2012) A ideia de abordar a Rádio Nacional em documentário carrega grande desafio. Mesmo que seja uma história fascinante sobre o “maior veículo de comunicação de todos os tempos”, encontrar imagens que ilustrem o glamour radiofônico da era de ouro é difícil. Sabendo disso, e com a bagagem de 12 anos em documentários, o diretor Paulo Roscio escolheu a tradicional colagem de fotos e depoimentos no longa-metragem Rádio Nacional.

O filme traça a trajetória da emissora desde sua inauguração, em 1936. Rodado por ocasião dos 75 anos, o maior mérito do documentário é o elenco reunido. Entre os 35 entrevistados estão figuras como Roberto Carlos, Cid Moreira, Cauby Peixoto, Chico Anysio, Marlene, entre outros jornalistas, radialistas, humoristas, cantores. Eles têm em comum um discurso apaixonado sobre a Rádio

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Nacional, seja ao comentar programas como Repórter Esso, PRK-30, César de Alencar, Paulo Gracindo, Balança mas não cai e, claro, os badalados musicais de auditório.

Aliás, um dos momentos mais interessantes do filme é justamente quando os casos sobre os bastidores dos programas aparecem. Eleita Rainha do Rádio em 1949, Marlene se emociona ao se lembrar das polêmicas envolvendo o concurso e as rivalidades com a ex-colega Emilinha Borba. Cauby Peixoto se diverte recordando a volúpia das fãs da época, que avançavam a ponto de rasgar as roupas do cantor. Há quem defenda que até isso era marketing.

O material reunido em depoimentos foi tão vasto que a tarefa mais árdua do diretor foi conseguir chegar à versão final, com 80 minutos. “O primeiro corte do filme tinha quatro horas. A história da Rádio Nacional é tão rica que não conseguimos falar nem 5% do que ela foi. Poderíamos ter abordado mais intérpretes, como Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Nelson Gonçalves, mas não deu. Procuramos focar nos fatos históricos para fazer um paralelo entre a rádio e o Brasil nos anos 1940 e 1950”, lembra Paulo Roscio.

Falhas Se o filme é um belo registro da memória do que a emissora representou para o desenvolvimento da comunicação do país, alguns aspectos técnicos do longa deixam a desejar. Os enquadramentos são estranhos, seja o dos depoimentos registrados na casa dos entrevistados e mesmo naqueles feitos em estúdio. Além disso, faltam créditos que situem a relevância daquele que fala. Mesmo que a maioria dos

personagens seja extremamente conhecida na cultura brasileira, alguns entrevistados não são figuras públicas. Assim, o filme ficou devendo nesse quesito.

O documentário Rádio Nacional foi produzido, filmado e finalizado em cinco anos. Estreou em setembro nas salas de cinema do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Vitória e Maceió, antes de ganhar versão em DVD. O diretor não tem do que reclamar. “A primeira tiragem de 1 mil cópias acabou rapidinho”, comemora Paulo Roscio.

saiba mais

RÁDIO NACIONAL

Fundada em setembro de 1936, a Rádio Nacional foi a primeira emissora a alcançar todo o Brasil. Estatizada por Getúlio Vargas em 1940, foi um dos instrumentos de propaganda do Estado Novo. Foi pioneira nas radionovelas, programas de humor, concursos de calouros e também radiojornalismo com o Repórter Esso.

FOLHA DE S. PAULO – A vez dos cearensesNova geração de cineastas do Ceará usa internet para conhecer cinema de arte, produz com recursos escassos e aumenta sua presença na produção nacional AMANDA QUEIRÓS, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

(11/01/12) Novos ventos sopram no cinema nacional -e eles vêm dos mares do Ceará. Sem muito alarde, uma produção crescente de longas-metragens daquele Estado vem ganhando espaço em festivais e nas salas de exibição do país. Em quatro anos, foram mais de dez títulos lançados. Parece pouco diante dos quase cem produzidos por ano no país, mas é demonstração de um movimento criativo que busca se firmar na contramão do eixo Rio-São Paulo.

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O jornalista e locutor Gontijo Teodoro se tornou conhecido por apresentar o Repórter Esso no rádio e na televisão

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Uma amostra disso foi o Festival do Rio 2011, no qual três cearenses foram premiados: Karim Aïnouz, melhor direção por "O Abismo Prateado"; Petrus Cariry recebeu o título de melhor fotógrafo e uma menção honrosa por "Mãe e Filha"; e Roberta Marques ganhou a mostra Novos Rumos com "Rânia".

"Estrada para Ythaca", de autoria dos Irmãos Pretti e Primos Parente, do coletivo Alumbramento, venceu a Mostra de Tiradentes 2010.

"A gente faz longas no Ceará desde a década de 1980, só que essa produção era muito espaçada", explica Cariry, 34, que aprendeu a fazer cinema nos sets do pai, o também cineasta Rosemberg Cariry (de "Corisco e Dadá").

"O advento do digital facilitou para os jovens produzirem e exibirem com custos mais baixos", afirma.

Outro fator foi o investimento em formação. Ao longo de dez anos, tanto o Estado quanto a Prefeitura de Fortaleza ofereceram cursos na área, culminando com a instalação de duas graduações em cinema -a primeira turma se formou ano passado.

Essa geração ainda é fruto da cinefilia, hábito difícil de ser cultivado até então por ali.

Com circuito exibidor local quase intransponível para filmes autorais, os cineastas se apoiaram na troca de arquivos via internet para conhecer outras formas de cinema.

Saiu dali uma produção independente e preocupada com uma discussão estética.

Cariry fez "Mãe e Filha" com R$ 200 mil e imprimiu uma marca que o faz ser compara do por críticos ao russo Andrei Tarkóvski (1932-1986) e ao japonês Yasujiro Ozu (1903-1963).

Já a turma do coletivo Alumbramento reedita o conceito de "câmera na mão" do cinema novo e aposta numa produção intensa, de filmes provocativos e baratos ("Ythaca" saiu por R$ 2.000).

"O discurso é: 'Vamos experimentar, isso não vai fazer mal a ninguém'. Há 15 anos experimentar fazia mal à minha conta bancária", brinca Aïnouz, 45, referindo-se às facilidades das novas mídias. "Isso traz um frescor."

Ao mesmo tempo em que se anima com o bom momento audiovisual cearense, o cineasta de "Madame Satã" (2002), que costuma produzir fora dali, se inquieta com a continuidade dele.

"Fico curioso pra saber como a conta fecha. Isso é muito delicado, porque pode ser um momento de curtíssima duração", diz.

Atualmente, o único edital público de custeio de longas-metragens, mantido pelo governo estadual, distribui R$ 1 milhão por ano.

IMPULSO COMERCIAL

Mas também toma fôlego no Ceará um modelo de produção mais comercial. Financiada por empresários locais, a produtora Estação da Luz foi responsável pelo estopim do fenômeno espírita no cinema brasileiro com "Bezerra de Menezes" (2008), de Glauber Filho e Joe Pimentel.

O público de 500 mil pessoas animou os investidores, que lançaram na sequência "As Mães de Chico Xavier" (2011), de Glauber Paiva e Halder Gomes.

Os próximos lançamentos incluem "Área Q", produzido por Halder Gomes, com Tânia Khalill, Murilo Rosa e o americano Isaiah Washington, o Dr. Burke da série "Grey's Anatomy", no elenco.

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A atriz Zezita Matos em cena de "Mãe e Filha", segundo longa-metragem do cearense Petrus Cariry

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FOLHA DE S. PAULO – Criadores dizem "sim" à invenção e à liberdade

CÁSSIO STARLING CARLOS, CRÍTICO DA FOLHA

(11/01/12) Pensar que há uma estética restrita a uma região é crer num reducionismo antiquado na era do fluxo incessante das imagens. Se há temas próprios, captações de realidades conhecidas, o modo como os jovens cineastas, do Ceará ou de outras partes, os revelam resulta da combinação com referências que já deixaram de ser locais.

O sertão nos filmes de Karim Aïnouz, a condição humana nos de Petrus Cariry ou de Roberta Marques, o percurso no vazio dos Irmãos Pretti e Primos Parente nada têm de exótico ou regionalista.

Eles são o efeito visível de um trabalho bem-sucedido de informação, que casa habilitação técnica e um saber aprofundado pelo cultivo de uma cinefilia focada no presente, passado e futuro do audiovisual.

Para essa geração, o repertório das formas e temas que sustentam a identidade do cinema brasileiro vem se enriquecendo com a reflexão acerca dos recursos e dos modos de produzir significados nas artes contemporâneas.

O que distingue esses novos cineastas, venham eles de Ceará, Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais ou Paraná, é um "não" coletivo ao cinema pronto para ser consumido e esquecido. E um "sim" à invenção, à liberdade e ao risco.

FOLHA DE S. PAULO – Mostra homenageia o ator Selton Mello(11/01/12) A Mostra de Cinema de Tiradentes (mostratiradentes.com.br), que comemora 15 anos entre os dias 20 e 28 deste mês, promove debates sobre o papel do ator na retomada do cinema brasileiro. Homenageado, Selton Mello ("O Palhaço" e "Meu Nome Não É Johnny") ganha retrospectiva.

TEATRO E DANÇA

O ESTADO DE S. PAULO - É o amor outra vez

Filme de Arnaldo Jabor, Eu Te Amo vira peça com Alexandre Borges e Juliana Martins

MARIA EUGÊNIA DE MENEZES

6/01/2012 - Desiludidos, cada qual com a sua história, um homem e uma mulher decidem que não querem mais amar ninguém. Nem sempre, porém, o coração obedece a tais ditames. E, sem aviso, o destino virá bagunçar o que parecia tão certo, tão sensato.

O mote valeu a Arnaldo Jabor um dos mais bem-sucedidos filmes de sua trajetória: Eu Te Amo (1981). E agora, passados mais de 30 anos, retorna no formato de espetáculo teatral. Protagonizada por Alexandre Borges e Juliana Martins, a peça abre sua temporada paulistana hoje.

Foi a atriz quem idealizou o projeto. Em busca de uma personagem feminina que a liberasse um pouco dos contornos infantilizados que costuma exibir na televisão, Juliana vasculhou peças, livros e filmes. Acabou se decidindo pela película de Jabor. "Era hora de mostrar um outro lado", diz ela, que ocupa o papel que já foi de Sônia Braga.

Não é a primeira vez que o argumento de Eu Te Amo é transposto para o palco. Em 1987, o próprio Jabor assinou uma montagem. No princípio da abertura democrática, quando o cinema amargava a crise que se aprofundaria com a extinção da Embrafilme, ele abraçou momentaneamente o teatro. À época, coube a Paulo José e Bruna Lombardi interpretar os amantes.

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Na atual versão, a estrutura não sofreu alterações substanciais. Apenas um "aggiornamento", que desse à trama um colorido atual. "A essência continua a mesma. Foi só uma contextualização para os dias de hoje", comenta Juliana. Para Alexandre Borges, "a estrutura do roteiro já era muito teatral. É um traço característico do Jabor".

Os personagens Paulo e Maria, que antes se conheciam na rua, agora se esbarram na internet. Além disso, o deslumbre da década de 1980 com as novas tecnologias - o que agora poderia soar um tanto naif - é abandonado. Saem os televisores que compunham o cenário. Entram algumas projeções que sublinham o vínculo entre a obra e sua matriz cinematográfica.

Essa relação com a tela grande também se evidencia na escolha dos diretores. Os cineastas Lírio Ferreira (O Homem Que Engarrafava Nuvens) e Rosane Svartman (Desenrola) debutam como encenadores.

"Como Jabor nos deu total liberdade para mexer no texto, também ressaltamos a relação do personagem com o cinema", observa Rosane. O empresário que Paulo César Pereio vivia no longa de 1981 tornou-se agora um cineasta em crise. Sua casa - local onde se passam todas as ações - cedeu espaço a uma produtora falida.

O País mudou muito nas últimas décadas. Os relacionamentos, nem tanto. Quando um sujeito recém-separado e uma mulher cansada de ser a amante de um homem casado se encontram, o resultado continua a ser um inventário de medos e hesitações diante do sexo oposto.

Ambos fingem ser o que não são. Para evitar sofrimentos futuros, se esquivam de ligações afetivas. Creem estar protegidos enquanto se resguardarem em uma relação que é meramente sexual. Alguma semelhança com a realidade? Da mesma maneira, a tão apregoada fragilidade do "novo homem" também já se insinuava na obra original.

É por isso que os diálogos puderam seguir praticamente intocados. "São situações cotidianas, com as quais qualquer um se identifica", acredita Borges, que também já havia participado de uma montagem de outra obra de Jabor, Eu Sei Que Vou Te Amar. "Mas ele trata dessas questões por um viés psicanalítico, universal. Daí sua sobrevivência."

CORREIO BRAZILIENSE – Muito prazer - Cláudio Chinaski

Dono do pedaço

Cyntia Dutra, Especial para o correio

Dramaturgo e diretor de teatro e de tevê, Cláudio Chinaski nasceu em Goiânia há 43 anos. Aos 4, o criador e diretor do Espaço Cultural Mosaico mudou-se para Brasília. Nos últimos cinco anos, a criação de Chinaski ofereceu à cidade 50 espetáculos e 43 eventos. lecionou a 630 alunos, atraindo um público médio anual de 20 mil pessoas. O dramaturgo que já trabalhou com iluminação para shows e espetáculos, gosta de fotografar e, de vez em quando, aventura-se na literatura, escrevendo contos e poemas.

Qual era seu objetivo quando criou o Espaço Mosaico?

Minha relação com o Espaço Mosaico é profundamente afetiva. É para ser o local aonde você tem prazer em ir. Quero que as pessoas vejam bons espetáculos e que se sintam parte fundamental do processo artístico da cidade. Sempre achei a maioria dos espaços culturais de Brasília muito impessoais, e o Mosaico é o contrário disso, é a pessoalidade, a afetividade.

Acredita que seu objetivo foi atingido na criação desse espaço cultural?

Tenho orgulho das pessoas que caminham comigo nesse processo. Ele é feito todo dia por quem está lá dentro, principalmente por minhas sócias, Rangéria Amorim e Daniela Gonçalves. Somos um feito de muitos, como um mosaico. Nisso, eu acredito que atingimos nossos objetivos. De uma forma prática, não se pode falar na cultura de Brasília sem falar do Espaço Mosaico. Damos trabalho a uma

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centena de profissionais ao longo do ano, produzimos eventos que são vistos, gratuitamente, por cerca de 20 mil pessoas por ano e o cenário que vislumbramos é de crescimento contínuo.

Projetos para o futuro: tem algo em mente?

No final de 2012, deve estrear um projeto que estou dirigindo a partir de um texto meu. E marca minha volta à direção depois de quatro anos sem montar nada. Também é a primeira vez que resolvo montar um texto meu. No Espaço Mosaico, temos um ano agitado, com uma extensa programação, de março a dezembro, quase todos os dias da semana, sempre em eventos gratuitos. Vamos dar início a parcerias internacionais, trazendo artistas de vários lugares do mundo. Também é nossa ideia incubar alguns grupos teatrais, dando suporte físico e administrativo para que desenvolvam seu trabalho criativo.

Que temas costuma abordar em seus textos?

Meus textos falam de conflitos que fazem parte da humanidade. Acho que, por mais que tenhamos nos afastado dos mitos e símbolos, que tenhamos iluminado todos os cantos de nossas vidas, ainda assim nos sentimos como os primeiros seres humanos, olhando para a escuridão fora de suas cavernas e fazendo as perguntas básicas da vida: por que, para que, de onde, para onde. Não em busca de respostas, mas de compartilhamento de perguntas.

O que tem a dizer sobre a qualidade dos atores de Brasília?

Como em todo lugar, temos atores espetaculares e medíocres. Os espetaculares são os que se acham aprendizes; os medíocres, os que se acham espetaculares.

Quais são as dificuldades enfrentadas por quem quer viver de arte em Brasília?

Acho que a visão romântica que a maioria das pessoas ainda carrega — artistas inclusive — prejudica muito a profissionalização do trabalho artístico. A arte é um produto como outro qualquer, e o artista tem que saber vender esse produto, seja através da captação de patrocínios, seja enquadrando seu trabalho nos diversos editais de cultura.

O que seria o ideal?

O ideal era que existisse a figura do produtor e que cada artista trabalhasse com um, mas o mercado de Brasília ainda é incipiente, então cabe a cada artista se profissionalizar, aprender a lidar com a burocracia e as exigências do mercado.

Acredita que a produção cultural da cidade é acessível a todos os públicos? Se não, o que precisa para melhorar?

Faltam espaços nas demais regiões administrativas de Brasília, além do Plano Piloto e Taguatinga. Todas as cidades possuem seus artistas, mas não têm onde apresentá-los. Com isso, não se profissionalizam e não se forma público nas suas regiões de atuação. O governo deveria investir na criação e manutenção de espaços nessas cidades, mas a ideia que os governos fazem de cultura é aquilo que junta cinco mil pessoas em um mesmo local. Quando o governo abre um edital para financiamento da cultura, obriga artistas a darem, como contrapartida, a apresentação em diversas regiões do DF, mas não disponibiliza locais condizentes para essas apresentações, que acabam sendo realizadas em pátios de escolas, salas de órgãos públicos e ao ar livre. É um desrespeito com a população desses locais.

Acredita que os investimentos do FAC são suficientes para a produção teatral brasiliense hoje em dia?

Os editais não são a solução para a cultura, mas são importantes. Sou contra o excesso de exigências nas contrapartidas, como se o trabalho do artista não valesse o investimento público. Penso se os funcionários da Secretaria de Cultura são obrigados a dar alguma contrapartida para receberem o seu salário... Sinto também um certo comodismo por parte dos artistas, que ficam esperando o edital do FAC como se fosse a salvação da humanidade.

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Que “acrobacias” você e outros artistas costumam fazer para manter a produtividade e as apresentações?

Nós temos bons captadores e projetos em diversas áreas, que nos permitem escolher os editais em que vamos entrar. Há seis anos não apresentamos projetos ao FAC e temos nos mantido muito bem.

E o projeto Arte e Cidadania?

Ele foi criado como um grupo de oficinas culturais que terminava com um evento de rua, onde se localiza o Espaço Mosaico, na 714/15 Norte. Os três primeiros aconteceram como previsto, mas um vizinho reclamou do evento, alegando que incomodava o domingo dele, e a Administração não mais autorizou a realização na rua.

Como foi esse problema com o vizinho?

Todos os vizinhos eram a favor dos shows, e só um era contra, mas a Administração ficou do lado dele. Isso é uma coisa que irrita em Brasília, porque não dá para dar vida à cidade. Tudo é gueto. Em São Paulo, as coisas convivem, uma ao lado da outra. A gente queria um evento que unisse justamente os vizinhos, que as pessoas trouxessem seus filhos, cachorros, se sentassem na grama… Eram shows pequenos, a maioria de música instrumental: Roberto Correia, Pablo Fagundes, coisas introspectivas.

Em função desse tipo de entrave, o que mais prejudica aqueles que querem proporcionar arte e cultura para a cidade?

Brasília não tem intervenções urbanas nem artistas de rua. Vemos pessoas que moram em quitinetes comerciais reclamando de barulho de bar. Isso é absurdo! Entendo que as pessoas têm o direito ao silêncio. Eu mesmo sou superchato com isso, mas não se pode engessar a cidade. Precisamos de teatros e cinemas nas ruas, shows nas entrequadras. Não todo dia, mas de vez em quando. E o poder público tem que valorizar essas iniciativas, não se esconder atrás de códigos de 1960, como acontece hoje. O governo tem que abrir essa discussão com a população.

O que a mudança de local do Arte e Cidadania gerou?

Fomos para a Praça do Museu Nacional e para o gramado da Funarte. Sem o problema com vizinhos, fizemos os shows crescerem, trouxemos gente de fora de Brasília, como Orkestra Rumpilezz, da Bahia, e Lirinha, de Pernambuco. Também valorizamos os artistas locais, temos esta preocupação: de dar boas condições de trabalho, divulgação e pagamento de cachê à altura. Sem essa de diferenciar artistas locais e nacionais, como normalmente fazem nos grandes eventos, onde os artistas locais são meros “tapa-buracos” para os grandes shows.

Quais os planos para a próxima edição do projeto?

Já temos programadas três edições com oficinas e shows. Vamos ocupar todas as regiões administrativas com cursos gratuitos de arte e pensamos em realizar shows nesses locais, com artistas da própria comunidade, como forma de encerramento das atividades em cada região administrativa.

Qual você considera o projeto mais importante do Espaço Mosaico?

Todos estão de alguma forma ligados a um objetivo maior, que é estabelecer o Mosaico como polo de produção, de discussão e de difusão da cultura em Brasília. Temos o Poesia e Vinho, onde a gente leva um poeta para discutir seu trabalho com o público. Servimos um vinho e a conversa fica gostosa, um bate-papo quase caseiro. Mas o meu preferido é o Arte e Estética, que é uma mostra de teatro com trabalhos voltados para a pesquisa de linguagens de encenação e treinamento de atores. Em todas as edições, tivemos pelo menos um espetáculo indicado ao prêmio Shell de melhor ator ou melhor espetáculo.

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O que gerou sua paixão por arte e cultura? Acha que é algo que nasce com a pessoa? Todo mundo pode ser artista?

Acho que qualquer um pode dizer que é artista, mas só é artista realmente quem trabalha e estuda arduamente para isso. Eu digo para os meus alunos que um mau ator é tão perigoso quanto um médico ruim. O ator ruim mata a personagem, mata a vida nela, mata a alma do texto e, o que é pior, mata o espectador de tédio. E cada espectador decepcionado convence outros três a não irem mais ao teatro. Então um ator ruim é um criminoso. Ah, caramba! Você conseguiu entrar no meu lado cruel.

Não é cruel, só um pouco dramático. Mas você é dramaturgo, o que mais se poderia esperar?

(risos) Boa saída. Eu não gosto de ir ao teatro, prefiro cinema.

Pelo fato de ser muito crítico?

Sou insuportável. Eu aceito cinema ruim, até me divirto, mas teatro tem que ser espetacular, senão não presta.

O que tem de espetacular em Brasília na linguagem cênica?

Jamais vou responder isso. Isso vai me fazer ser morto na rua. Digamos o seguinte: só vi cinco espetáculos perfeitos na minha vida, e nenhum foi de Brasília. Mas tem, sim, muita coisa boa na cidade, por isso minha crítica ao processo de financiamento. Minha esperança é de que se formem grupos estáveis de pesquisa e produção, pois acredito que esse seja o caminho para a qualidade: continuidade.

CORREIO BRAZILIENSE - A arte de um mestre

Mentor do teatro latino-americano, Antunes Filho é homenageado com a exibição de três peças filmadas

Sérgio Maggio

(08/01/12) Faz tempo que um espetáculo de Antunes Filho não aterrissa nos palcos de Brasília. O último foi o de número oito da série Prêt- à- porter, que inaugurou o Espaço Mosaico em 2008. Antes, a adaptação do clássico de Ariano Suassuna A pedra do reino fez curta aparição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), mostrando o vigoroso trabalho de releitura de uma das obras fundamentais do dramaturgo e escritor pernambucano. O vácuo de quase quatro anos, em parte, será quebrado hoje com programação

especial que o Sesc TV abre para homenagear um dos diretores fundamentais para a renovação e a conquista de um teatro nacionalista. Três peças filmadas podem dar pistas sobre a linguagem e os caminhos cênicos do criador do CPT (Centro de Pesquisas Teatrais), que tem abrigo na unidade do Sesc Consolação.

É claro que não se trata de teatro, já que não há a força do efêmero e do calor entre o palco e a plateia. Mas significa importante registro documental para repor a defasagem cultural entre a produção efervescente do eixo Rio-São Paulo e uma Brasília ainda longe de receber, com maior frequência, cruciais montagens, como é o caso da trilogia Foi Carmen, Policarpo Quaresma e Lamartine Babo. Em cada programa semanal, há comentários e análises de Antunes Filho sobre o processo de encenação.

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Foi Carmem mostra a influência oriental na obra de Antunes Filho

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Hoje, a faixa Especial em dramaturgia se inicia com Foi Carmem (2005), espetáculo no qual Antunes Filho se envereda pela narrativa oriental e fala sobre a influência de Kazuo Ohno (1903 - 2010) em sua estética teatral. Um precioso testemunho do diretor revela a amizade entre os dois. Antunes conta como conheceu, em 1980, a obra do mestre japonês de butô. “Em Foi Carmem, eu faço um estudo sobre o tempo, do tempo largo oriental. Fiz o espetáculo, que é considerado um dos melhores da minha trajetória, em 25 dias. É uma homenagem a Kazuo Ohno, mestre espiritual da minha obra”, revela Antunes. Essa gravação já foi ao ar no Sesc TV e foi gravada em remontagem de 2008.

Quem não viu deve prestar atenção à relação entre os tempos “oriental” e “ocidental” que se entrelaçam na narrativa logo no primeiro minuto, quando uma atriz de figurino colegial se relaciona com o universo musical de Carmem Miranda (1887- 1938), sob o olhar de um coro de três velhas, que metaforizam gueixas. Em cena, está Lee Taylor, ator goiano que se revelou um dos mais intensos dessa nova geração de intérpretes pelas mãos de Antunes. Nas honras feitas por ele ao criador japonês, há um paralelo entre Carmen e a bailarina argentina Antonia Mercé y Luque (1890-1936). Ela foi celebrada em Admirando la Argentina (1977), para Antunes a melhor montagem que viu de Ohno.

Grau dezNo próximo domingo, dia 15, será exibido o musical dramático Lamartine Babo, com texto de Antunes Filho e direção de Emerson Danesi. A montagem é retomada do diretor ao ofício de dramaturgo depois de 60 anos e flerta com os universos do genial Luigi Pirandello (1867-1936) e do rei das marchinhas cariocas e hinos de times de futebol (Flamengo). Em cena, uma banda ensaia compulsivamente as canções do mestre dos carnavais como Grau dez, Aeiou e Marchinha do grande galo, até a chegada de um misterioso homem de preto. É uma das montagens mais contagiantes de Antunes Filho, tanto que a versão televisiva flui como água corrente.

A trilogia Antunes termina no dia 22, com Policarpo Quaresma (2010), adaptação da obra primordial de Lima Barreto (1881-1922). É possível ver, nesse programa, toda a maestria de Antunes Filho na direção — o uso do coro, o trabalho de partitura de voz e de corpo, a ocupação espacial, a composição farsesca das personagens, o uso da música e o cenário limpo. Um dos pontos altos é a cena de sapateado do protagonista Lee Taylor ao som do Hino nacional. Uma das sacadas geniais de Antunes Filho.

O ESTADO DE S. PAULO - Cadê o retorno? Está chegando

Chancelados por sucesso, Tim Maia e Um Violinista no Telhado devem vir a SP em março

ROBERTA PENNAFORT / RIO - O Estado de S.Paulo

(10/01/12) O mapa do sucesso da temporada teatral carioca de 2011 se estendeu da Tijuca de Tim Maia a um vilarejo judeu na Rússia czarista, e teve trilha sonora igualmente variada. A trajetória do cantor e compositor, seu estrelato e os muitos percalços, levou 70 mil espectadores ao teatro, e já começou janeiro com ingressos esgotados. Já Um Violinista no Telhado, que pôs em destaque um José Mayer cantor, candidato ao Prêmio Shell (a música também valeu uma indicação), bateu 85 mil.

Ambos os musicais passaram quatro meses em cartaz e, chancelados pelo sucesso, chegam a teatros paulistanos em março: findo o segundo tempo da temporada no Rio, de mais oito semanas, Tim Maia - Vale Tudo, o Musical estreia dia 9 no Procópio Ferreira. Um Violinista - mais um gol da dupla Claudio Botelho & Charles Möeller, pinçado entre os clássicos da Broadway -, dia 22, no Alfa. Para o jovem paulistano Tiago "Tim" Abravanel, protagonista feito no Rio a sensação do ano (curiosamente, não incluído no Shell), será a volta para casa. Mas ele está longe de se sentir inteiramente confortável.

"É uma mistura de ansiedade e medo. O carioca é mais aberto, a plateia paulista é diferente. Dá um nervosismo. Até porque o espetáculo é muito carioca, então me preocupa como ele será entendido. Por outro lado, amo muito minha cidade", diz o rapaz, que, trabalhando de terça a domingo (com direito a cadeiras extras e até briga em cena aberta por lugar), já perdeu dez dos 115 quilos com que chegou ao Rio.

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O avô, Silvio Santos, que se surpreendeu com o boca-a-boca sobre o talento do neto, aplaudido com entusiasmo por todos os grandes do teatro brasileiro, vai finalmente assisti-lo.

Ele verá o que encantou primeiro o diretor, João Fonseca, que o descobriu em testes, e em seguida, os cariocas: ator que canta como poucos - prepare-se desde já para se arrepiar na interpretação de alguns dos maiores hits de Tim, como Azul da Cor do Mar, Não Quero Dinheiro e Que Beleza - , Tiago, aos 23 anos, parece à plateia mais um cantor que se revela ótimo ator, com clara vocação para a comédia (o resto do elenco, de dez nomes, só o põe para cima). A Globo já o chamou para uma novela.

Surpresa. O diretor Claudio Botelho conta que Um Violinista é um marco em 20 anos de carreira, uma surpresa boa. "Só é comparável à Noviça Rebelde. Eu não esperava que tivesse tanto público, porque tem um viés judaico muito forte. Mas a peça pegou as pessoas pela história da família. O Zé Mayer eu já namorava, sabia que ali tinha um cantor que daria voos altos, mas achei que talvez estivesse com o equipamento enferrujado..."

Cabeça de um grupo de 43 atores, em que se distingue a rainha dos musicais, Soraya Ravenle (Golda, sua mulher), ele é Tevye, um pobre leiteiro que busca manter as tradições de sua aldeia na virada do século 20. Tenta driblar as vontades das três filhas, que querem escapar dos maridos que o pai lhes arranja.

Março será mesmo fértil em musicais em São Paulo: além das duas, o público fiel ao gênero terá ainda no cardápio A Família Adams, no Teatro Abril, Priscilla, Rainha do Deserto, no Bradesco, Cabaret, no Procópio Ferreira, além de Hair.

ZERO HORA – Teatro: Um clássico mambembe

Montagem de peça de Artur Azevedo e José Piza estreia hoje na Capital

FÁBIO PRIKLADNICKI

(10/01/12) Um grupo de teatro percorre diversas cidades enfrentando as dificuldades da profissão e o descaso do poder público. Poderia retratar a realidade atual, mas O Mambembe data de 1904, quando teve sua primeira montagem no Rio de Janeiro. Um fracasso, na época, que se tornou um clássico do teatro brasileiro.

Escrito pelo dramaturgo Artur Azevedo em parceria com o também escritor José Piza, o texto será representado a partir de hoje, às 21h, no Teatro do Museu do Trabalho, na Capital, em espetáculo que marca a conclusão do curso de formação de atores da Casa de Teatro. A orientação é de uma equipe que conta com o diretor Zé Adão Barbosa, a professora Graça Nunes, a coreógrafa Carlota Albuquerque e o músico Marcelo Delacroix. Entre as atrações da encenação está uma citação ao Théâtre du Soleil e uma homenagem a Eva Sopher e ao Theatro São Pedro.

O Mambembe é uma burleta (comédia ligeira musicada) sobre as aventuras de uma companhia itinerante típica da virada do século 20, que viaja pelo interior travando contato com os costumes brasileiros. Nesta montagem, alguns personagens são interpretados por mais de um ator, recurso que explora as possibilidade do elenco de 23 jovens.

– Eles vivem no palco o que possivelmente viverão em suas carreiras – compara Zé Adão Barbosa.

Será uma prova de fogo: os atores representam diversos gêneros teatrais, cantam e dançam.

– O corpo do artista hoje é múltiplo – resume Carlota Albuquerque.

Graça Nunes acrescenta:

– A ideia é que eles experimentassem todas as possibilidades cênicas.

CORREIO BRAZILIENSE – Mulher sem pecados

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Alexia Dechamps dá voz às memórias de Gabriela Leite, ex-prostituta e principal líder do movimento pelos direitos das profissionais do sexo no Brasil. Peça fica em cartaz até fevereiro

Mariana Moreira(11/01/12) Depois de um hiato de quase sete anos sem subir aos palcos, a atriz Alexia Dechamps decidiu retomar a carreira teatral com um trabalho que pudesse considerar divisor. “Queria um desafio, em que nada dos atributos que eu tenho, seja altura, cabelo loiro, magreza, pudessem ser emprestados. Procurava o oposto disso”, conta. Em sua busca por textos cult, que fugissem do óbvio, recebeu a ajuda do empresário Marcos Montenegro, que viu, no título de um livro, a força que poderia se traduzir em um novo projeto. Dois anos depois, a atriz estreou Filha, mãe, avó e puta — Uma entrevista, peça inspirada no livro homônimo, relato da trajetória da prostituta e militante de direitos humanos Gabriela Leite. Depois de uma temporada (lotada) no Rio de Janeiro, a

montagem chega ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), de amanhã a 5 de fevereiro, às 19h30. Hoje, a pré-estreia é só para convidados.

Alexia leu o livro em dois dias e decidiu levar a empreitada adiante. “O universo é genial e a história, ímpar. Gabriela deu a volta por cima. Tem formação acadêmica sólida, estudou filosofia e sociologia. A prostituição foi uma escolha dela, que optou pela liberdade sexual e pela boemia”, afirma a atriz. Filha de uma família importante e frequentadora das melhores escolas de São Paulo, largou tudo para viver à sua maneira, ganhando a vida na Boca do Lixo, em São Paulo. Segundo a atriz que a interpreta, a prostituta ainda fez ponto em ruas de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro e nunca se rendeu aos ambientes refinados que oferecem sexo pago. “Ela gostava de conviver com gente comum, taxistas, garçons, caminhoneiros”, conta Alexia.

Com o tempo, Gabriela passou a se envolver com a militância política, lutando por direitos e pela regulamentação da mais antiga das profissões. Criou ainda a organização não governamental Davida, para garantir a cidadania das colegas. Em sua incursão pela moda, fundou a Daspu, uma ironia à loja de luxo Daslu. Também se envolve a fundo em campanhas para a prevenção de Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis.

Ensaios difíceis A maior dificuldade, segundo a atriz, foi captar recursos para realizar a peça. “Agradeço ao Banco do Brasil por ter percebido que Gabriela é uma brasileira, que promove a inclusão social e tem uma história que merece ser contada”, reforça. Os ensaios também não foram tarefa fácil. O texto, adaptado pelo diretor Guilherme Leme e por Márcia Zanelatto, ainda ganhou sugestões dos atores e de todos os envolvidos no processo. “Foi um processo difícil, porque tudo foi se definindo durante os ensaios. Então, eu decorava e mudava tudo”, diverte-se.

As 30 páginas de texto, que exigiram dedicação de 10 horas diárias, durante dois meses, ganharam o complemento da preparação visual. Pela primeira vez, a atriz de longos cabelos loiros foi vista com as madeixas castanhas, na altura dos ombros. No rosto, óculos e rugas, em uma maquiagem que a aproxima da idade de sua personagem: seis décadas de vida. Ela contracena com Louri Santos, tendo como cenário apenas uma mesa. A peça simula uma entrevista com a prostituta, que apresenta suas memórias ao público.

Para mergulhar nesse universo, Alexia percorreu ruas e lugares onde Gabriela trabalhou. No caminho, colecionou histórias dessas mulheres. “Encontrei algumas que são como nós. Só muda o ofício. Muitas são mães, são casadas, o marido sabe e precisa lidar com aquilo. Algumas curtem, se maquiam, adoram sair com gringos. Em outras, há tristeza no olhar”, relata. O universo da prostituição, tal como foi apresentado por Gabriela, deve ganhar as telas de cinema. Há uma adaptação do livro prevista, mas ainda em fase de captação. As atrizes Vanessa Giácomo e Renata Sorrah estão cotadas para viver a personagem principal em diferentes fases da vida.

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Alexia Dechamps vive Gabriela Leite em Filha, mãe, avó e puta - Uma entrevista, de amanhã a 5 de fevereiro, no CCBB

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FILHA, MÃE, AVÓ E PUTABaseado em livro de Gabriela Leite e Márcia Zanelatto. Direção de Guilherme Leme. Com Alexia Dechamps e Louri Santos. De amanhã a domingo, às 19h30, no Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB, SCES Trecho 2, Conj. 22; 3108-7600). Ingressos a R$ 6 e R$ 3 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos.

Livro sobre BúziosA peça, que estreou em setembro passado no Rio, chega hoje a Brasília e, em março, aporta em São Paulo. Depois, o plano é circular pelo país. Além do espetáculo, a atriz está envolvida na produção de um livro sobre Búzios. “Minha família tem uma história profunda com a cidade. Passei a infância lá. Quando soube que estava grávida, minha mãe estava em Búzios. Pretendo mostrar uma Búzios que não existe mais, passagens que ninguém sabe”, explica. A publicação será uma reunião de depoimentos sobre a cidade, organizados por ela. Para prosseguir com as pesquisas, no entanto, Alexia busca patrocínio.

O ESTADO DE S. PAULO – Nelson entre o amor e a morte

Peça de 2005, 17 X Nelson retorna em nova versão no centenário do autor

MARIA EUGÊNIA DE MENEZES - O Estado de S.Paulo

(11-01-2012) Aos 17 anos, Nelson Rodrigues presenciou o assassinato do irmão. Uma mulher entrou na redação para matar seu pai, o polêmico jornalista Mario Rodrigues. Como não o encontrasse, perguntou por um dos filhos e, ali mesmo, disparou contra Roberto. O episódio foi uma, apenas uma das tragédias familiares que marcaram o dramaturgo.

A ponto de tornar-se, ele mesmo, um amontoado de mortes, perdas e dores. De transformar tudo isso no âmago, na essência do seu teatro. Eis o pressuposto que alimenta 17 X Nelson, espetáculo que abre temporada hoje no Teatro de Arena. O grito de agonia do irmão assassinado serve como fio condutor para o desfile de cerca de 60 personagens, pinçados dos 17 textos que o autor escreveu.

Inserida no contexto das comemorações pelo centenário do escritor, a obra foi concebida como uma retomada da peça homônima que o diretor Nelson Baskerville havia apresentado em 2005. Chega, aliás, no contexto de uma série de remontagens que devem entrar em cartaz no próximo mês (leia abaixo).

Gradativamente, porém, a pretensão do encenador modificou-se e deu ao trabalho novos contornos. "A primeira ideia era conservar a forma original", observa Baskerville. "Mas, talvez, não seja parte da natureza do artista repetir-se." Dessa forma, manteve-se o pressuposto de trazer à cena trechos de todas as peças de Nelson Rodrigues. Mudou a forma de amalgamá-las.

Na versão de sete atrás, o espetáculo merecia o subtítulo de O Inferno de Todos Nós. Tratava-se de ressaltar o aspecto dantesco das criações. Optava-se por uma leitura "mais mítica, imagética", segundo palavras do encenador.

Agora, a peça passa a chamar-se: 17 X Nelson - Se Não É Eterno Não É Amor. A explicação é simples. Todas as escolhas são organizadas em torno de dois pilares da criação rodriguiana: amor e morte. "São esses, aliás, os grandes assuntos de qualquer obra do teatro. Não é disso que estamos sempre a tratar?", questiona o diretor.

O grito agônico de Roberto Rodrigues abre e encerra a coleção de assassinatos, incestos, estupros e suicídios que atravessa o palco. Não existe uma linha visível a costurar as cenas colhidas de cada uma das peças. Há, no entanto, o sexo a pairar sempre como estigma da maldição. A fatalidade a impor-se como presença constante, incontornável.

Outro aspecto prenunciado na montagem de 2005 que se adensa é o olhar épico. Os pressupostos da arte de Bertolt Brecht - que impregnaram criações recentes do diretor, como Luís Antônio - Gabriela - ganham vulto aqui. Todos os procedimentos de ilusão teatral são revelados ao espectador.

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Nessa rejeição aos truques típicos do drama burguês, o que vem à tona é uma encenação que não teme incorrer na imperfeição. "Perfeição é coisa de menina-moça, tocadora de piano, e não de um artista, um artista poderoso", declararia o próprio escritor durante uma entrevista.

"Desta vez, assumo mais o cinismo do Nelson", pondera Baskerville. Sem a presunção da elegância, será capaz de alternar momentos de alta carga lírica com passagens nitidamente desagradáveis. Risíveis, até.

O trecho de Vestido de Noiva encenado consegue roçar o sublime. Memória, alucinação e realidade misturam-se em um jogo diferente do consagrado por Ziembinski. A imagem do rosto de Alaíde imerso em um caixão florido fica a ecoar na memória.

Na direção oposta, as tias de Doroteia despontam como caricaturas. O ladrão boliviano de Toda Nudez Será Castigada surge ao som de Guantanamera. O parto de Boca de Ouro na pia da gafieira torna-se um esquete cômico.

É possível dizer que 17 X Nelson encontra sua força ao não escamotear o que há de sujo e pestilento na ficção rodriguiana. Faz do mau gosto seu trunfo. Assume aquele uivo dilacerado do irmão como a voz que iria assombrar Nelson Rodrigues. Impulsioná-lo e açoitá-lo até o fim.

ARTES PLÁSTICAS

FOLHA DE S. PAULO - Mostra dá valor exagerado à pintura / Crítica

Exposição 'Os Dez Primeiros Anos', no Tomie Ohtake, não faz jus à importância do instituto

Fabio Cypriano, crítico da Folha

(05/01/12) A exposição "Os Dez Primeiros Anos", que comemora a primeira década do Instituto Tomie Ohtake (ITO), está muito aquém da relevância que o espaço ocupou na cidade de São Paulo.

A série de mostras que analisou os últimos 40 anos da arte brasileira ou mesmo a retrospectiva da artista Louise Bourgeois, para citar alguns exemplos de exposições com profundidade e pesquisa, fincaram o ITO como local de reflexão sobre arte.

O problema central de "Os Dez Primeiros Anos", com curadoria de Agnaldo Farias, Tiago Mesquita e o núcleo de pesquisa do ITO, é a supervalorização da pintura.

A maioria dos 50 artistas na mostra trabalham sobre esse suporte, o que não corresponde à importância real que ela teve na década, especialmente no circuito de exposições importantes e bienais.

NOMES IMPORTANTES

Estão na mostra, é preciso dar crédito, Cinthia Marcelle, Alice Miceli, André Komatsu, Marcellvs L., Sara Ramo, Marcius Gallan, Nicolas Robbio e Jonathas de Andrade, artistas que ganharam não só projeção nacional mas internacional e produziram obras intensamente ligadas a questões brasileiras. Mas nenhum deles trabalha com pintura.

Já outros artistas relevantes, que mereciam estar nesse time, como Renata Lucas e Marcelo Cidade, são ausências sentidas.

No entanto, o impacto das obras desse grupo torna-se diminuída com tanta pintura de má qualidade na mostra, muitas delas cópias esmaecidas de tendências internacionais mercadológicas, como a Nova Escola de Leipzig, na Alemanha.

É normal que galerias comerciais continuem reforçando a pintura. Seus preços costumam ser maiores, e sua saída é mais palatável para colecionadores que buscam ocupar paredes com decoração. É estranho que essa operação ocorra num espaço como o ITO.

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IRONIA

Não deixa ainda de ser irônico que o banco Credit Suisse, patrocinador da mostra, acabe de lançar "Pintura Brasileira séc. XXI", com a maioria dos artistas na mostra.

Se serve como balanço, já que a curadoria pretende "contar uma história de uma década que deixamos para trás", ela aponta apenas que apresentar a pintura como a mais importante expressão do período é uma opção conservadora e equivocada.

O ESTADO DE S. PAULO - São Paulo reinventa monumentos

Em março, obras de José Resende, Laura Vinci e Eduardo Coimbra intervêm no dia a dia da Pauliceia

JOTABÊ MEDEIROS - O Estado de S.Paulo

O ano artístico de 2012 alcança as ruas. No dia 3 de março, dois pontos da cidade presenciarão a arte vindo ao encontro da população. A primeira intervenção será na Rua Dr. Miguel Couto, próxima do Largo do Café, no Centro de São Paulo. Nascerá ali a obra Clara-Clara, da artista Laura Vinci, montada com sete redes de náilon suspensas, cada uma com sete luminárias, ligadas 24 horas (como meteoros incandescentes pendurados), que irão substituir a iluminação da rua.

Clara-Clara é uma reedição de intervenção já realizada por Laura Vinci em Melbourne, na Austrália, em 2006. Laura esteve na 26ª Bienal de São Paulo e tem obras em Inhotim, MAM e MAC de São Paulo, Museu Nacional de Belas Artes do Rio e Pinacoteca, entre outros.

A segunda obra de arte pública será aberta no mesmo dia, mas a alguns quilômetros dali, na Praça Charles Müller, na frente do Pacaembu. É a instalação Nuvem, de Eduardo Coimbra - cinco caixas de luz quadradas (5m x 5m), fixas no chão, com laterais espelhadas, mostram imagens de uma nuvem seccionada. O transeunte caminha pelo meio das nuvens, numa espécie de "natureza artificial", criando paisagem na Pauliceia.

Essa obra de Coimbra já ficou em cartaz no Rio de Janeiro em 2008, na região da Praça XV, centro da cidade. Eduardo Coimbra participou da 29.ª Bienal de São Paulo e tem obras no Paço Imperial, no MAM do Rio e no Instituto Tomie Ohtake, entre outros.

As duas novas obras de arte pública que São Paulo ganha são fruto da continuidade do projeto Arte na Cidade, lançado em junho de 2011, que busca estimular artistas e curadores a dar sua versão do "monumento" da nossa era no espaço urbano (edificações, parques e praças). "O projeto nasceu da ideia de se repensar a arte pública", diz um dos coordenadores do projeto, Douglas de Freitas.

Uma das intervenções mais complicadas, prevista também para março, é a que o artista José Resende vai promover na Rua Borges de Figueiredo, 1.358, na Mooca, em São Paulo. Com curadoria de Nelson Brissac, a obra é a que tem o caráter mais político do lote. Resende vai usar o próprio material de uma linha desativada de trem (sucatas, trilhos, vagões e dormentes). Pretende suspender a sucata com cabos, escavadeiras e guindastes.

Como numa estratégia antibaudrillardiana, José Resende pretende questionar o desaparecimento da realidade por meio dessas ruínas desacreditadas do mundo do capital e do consumo - além de brincar com volumes monstruosos, sucatas pesadíssimas, no espaço que criará. Haverá ali um mirante para que o público possa ver o trabalho.

A primeira instalação do programa Arte na Cidade, desde 17 de setembro, é uma obra em progresso. Trata-se de Projeto para uma Pintura com temporal #6, de Thiago Rocha Pitta. O artista pintou a empena do edifício Isnard, na Avenida São João, 1.382, com uma tinta especial feita de óxido de ferro. A tinta vai enferrujando e criando uma pintura espontânea, e o processo de mudança é a própria obra, acompanhada diariamente pelas pessoas que trabalham e circulam pelo local.

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Outra obra inaugurada em setembro foi a de José Spaniol, o projeto Descanso na Sala, que ficará em exibição até 2013, no Parque Burle Marx. Em meio à reserva da Mata Atlântica, Spaniol ergueu uma sala, com mesas e cadeiras, a alguns metros do lago do interior do parque. A obra de Spaniol, única que tem um caráter duplo de intervenção e monumento, poderá ficar definitivamente no parque.

No Parque D. Pedro, Paulo Penna dispôs xilogravuras gigantes em pilares e passarelas do emaranhado de viadutos da região. Mauro Sergio Neri comandou a instalação coletiva Cartograffiti, com participação de 9 artistas, na Praça Eugene Boudin, em Pinheiros. Naquela área, 21 muros, bancos e lixeiras renasceram. O trabalho ficará ali até o final deste ano. A seleção dos vencedores do projeto deixou como suplentes artistas consagrados, como Marco Giannotti e Valfrido Lima.

MÚSICA

O GLOBO - O futuro do piano nacional em jovens mãos

Revelações do instrumento iniciam hoje série de shows na Caixa Cultural

Felipe Sil

(05/01/12) Em 2008, parte do mercado da música voltava os ouvidos para um jovem pernambucano de 18 anos que misturava influências de Villa-Lobos, Bach e Chopin com versões de clássicos contemporâneos como “Paranoid android”, do grupo britânico Radiohead. Três anos depois, Vítor Araujo (com um novo disco, “Angústia”, previsto para abril do ano que vem) dá início hoje à série de concertos “Os pianistas”, na Caixa Cultural, no Centro, que, até domingo, sempre às 19h, pretende expor os jovens pianistas de maior potencial artístico no país.

O recifense Vítor, assim como Maíra Freitas, John Blanch e o Duo Gisbranco (que também integram

a série), não pode ser caracterizado como uma promessa. Todos possuem na bagagem álbuns de relativo sucesso e concertos no exterior. Um fato em comum é que não se limitam ao repertório tradicional da música clássica, mas aventuram-se pelo imaginário popular.

— No meu caso, minhas maiores influências são Ingmar Bergman e Stanley Kubrick — diz Vítor.

Oi?

— Minhas maiores inspirações estão no cinema. Faço toda a minha música baseada no que vejo nas telas. Agora não me pergunte como faço isso — brinca Vítor, que também tem como inspiração Chico Buarque e Villa-Lobos, que promete executar hoje.

A ideia da série surgiu a partir de uma dúvida da curadora Carla Mullulo: teria o piano deixado de ser um instrumento interessante para os jovens brasileiros?

Ela destaca dois fatos: em maio de 2010, o Concurso Nelson Freire OSB Jovens Solistas quase não recebeu inscrições de pianistas. Em julho, no Concurso Internacional de Piano de Santa Catarina, mais de 80 artistas se apresentaram. Apenas cinco eram brasileiros.

— Pode ser devido ao custo e à difícil locomoção... É preocupante. O piano é um instrumento muito interessante, e sabemos que há jovens no país que prometem demais para o futuro.

Maíra Freiras, de 25 anos, se inclui no grupo. Filha do sambista Martinho da Vila, estudou piano erudito na UFRJ e já tocou em palcos nobres como o Teatro Municipal. Amanhã, deve continuar com

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VÍTOR ARAUJO, atração de hoje à noite: aos 21 anos, pianista prepara seu novo álbum, “Angústia”, para lançar em abril

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o repertório que a tornou conhecida, unindo música clássica a obras de compositores como Gonzaguinha e Paulinho da Viola.

John Blanch, que apresenta no sábado obras de Bach, Chopin e Brahms, já era convidado pelo maestro John Neschling para fazer um concerto com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) aos 14 anos. Com esse destaque tão cedo, quais os próximos passos?

— O meu objetivo é realizar um som puro onde o piano não soa como um piano. Isso é algo exaustivo e que provavelmente será o trabalho de uma vida toda.

No domingo, o Duo Gisbranco, formado por Bianca Gismonti, de 29 anos, e Claudia Castelo Branco, 30, interpreta obras registradas no álbum “Flor de abril”, lançado em outubro de 2011, com composições próprias e interpretações de Baden Powell e Chico César.

O GLOBO - Em uma viagem elétrica, Siba liga os continentes

De volta à guitarra, criador do Mestre Ambrósio e da Fuloresta junta Nordeste e África em seu novo disco, ‘Avante’

Silvio Essinger

(05/01/12) Há cerca de 20 anos, o guitarrista pernambucano Sérgio Veloso se enfadava do universo fechado do heavy metal e do hard rock, deixava Recife e buscava as raízes musicais de sua terra numa pequena cidade da Mata Norte, Nazaré da Mata. Lá, embriagado de cirandas, cocos e maracatus, ele deu a partida, como cantor, compositor e rabequeiro, em uma extensa e bem-sucedida viagem musical, que passaria pelos grupos Mestre Ambrósio e Fuloresta. Agora, Sérgio (ou

melhor, Siba) fecha um ciclo com o CD “Avante” (leia crítica ao lado). O primeiro indício de novidade é a guitarra — com a qual posa, ao lado do filho, na capa.

— Aos poucos, fui me reconectando com o universo da guitarra. Começou quando eu ouvi o disco “Método Túfo de experiências”, do Cidadão Instigado. A partir dali, cheguei à guitarra africana, do Mali e do Congo. Tenho ouvido muito o (guitarrista congolês) Franco. A África passou bem rápido do violão acústico para a guitarra, a eletricidade nunca foi uma questão de modernidade para eles — conta Siba, que, no meio do caminho, ainda fez um CD, “Violas de bronze”, com Roberto Corrêa.

— Foi um disco de transição, a minha volta às cordas, pela viola — explica.

“Avante” ainda traz algumas canções da época da Fuloresta, como “A bagaceira” e “Canoa furada” (marcha-frevo que chegou a ser finalista do festival de marchinhas da Fundição Progresso, no Rio) — só que num contexto sonoro totalmente diferente. De volta à guitarra, Siba optou por uma formação enxuta e inusitada: um quarteto, do qual fazem parte ainda um tubista (Léo Gervázio, da Fuloresta), um vibrafonista- tecladista (Antônio Loureiro) e um baterista (Samuel Fraga no disco, Serginho Machado nos shows). Com produção de Fernando Catatau (guitarrista do Cidadão Instigado e solista na faixa “Qasida”), “Avante” escapa do rótulo rock como um peixe ensaboado.

Em faixas como “Ariana” e “Bravura e brilho”, os versos caudalosos de Siba dão às músicas características híbridas, mui sedutoras.

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HOJE MORADOR de SP, Siba diz que a poesia guia suas escolhas: “Não sei fazer canção com parte A e parte B”

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— É a poesia que guia as minhas escolhas musicais. Venho da cultura popular, dos maracatus e cantadores mas, ao mesmo tempo, trabalho com a música pop. Não sei muito fazer canção com parte A e parte B — admite. Aos 42 anos de idade e morando em São Paulo, Siba vê hoje um bom momento para a música pernambucana.

— Não creio que viremos a ter um papel de protagonismo, como no mangue bit, mas os novos discos do Mundo Livre, da Nação Zumbi e de Karina Buhr mostram um bom amadurecimento — diz.

CORREIO BRAZILIENSE – Caminhos cruzados

Cláudio Ribeiro e Davi Castelo mostram a excelência do barroco no encontro entre cravo e flauta doce

(07/01/2012) Irlam Rocha Lima - O recital que será apresentado hoje, às 21h, no Teatro da Escola de Música, pela programação da 34ª edição do Curso Internacional de Verão, vai reunir dois músicos que se conheceram na Universidade de Campinas (Unicamp), onde fizeram o curso de graduação: Cláudio Ribeiro (cravo) e Davi Castelo (flauta doce). Tempos depois, ao realizarem o mestrado, eles reencontraram-se no Conservatório Real de Haia, na Holanda.

Hoje, eles vão apresentar um programa para o qual selecionaram peças de cada uma das grandes escolas do período barroco. Da alemã, escolheram Sonata em ré maior (Georg Philipp Telemann), da francesa, Suíte nº 1 (Charles Dieupart); e da italiana, Sonata nº 4 (Francesco Mancini). Num número solo, Cláudio Ribeiro vai fazer Variações sobre Honden Iin linder groene, de Jan Peterson.

Pela segunda vez no Curso de Verão — a primeira foi em 2009 —, Davi está à frente de uma classe de 14 alunos, na faixa etária dos 18 aos 40 anos. Ele ensina flauta doce na Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás há três anos e integra grupos de câmara em São Paulo e Brasília. “Aqui na capital, desenvolvo um trabalho com a cravista Ana Cecília Tavares e a Cecília Apriliano, que toca viola de gamba, no Trio Barroco”, conta.

Afinidades musicaisGraduado em regência e flauta doce pela Unicamp, Castelo estudou também na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo. “No Conservatório Real de Haia, fiz uma nova graduação, especialização e mestrado. Lá, na convivência que tivemos, desenvolvemos uma grande amizade e afinidade musical. O Curso de Verão nos proporcionou estarmos juntos novamente. Vai ser prazeroso estar com ele no palco nesse recital.”

Para os quatro alunos de cravo de sua classe, no Curso de Verão, Cláudio Ribeiro passa ensinamentos teóricos e práticos, relativos ao repertório, à técnica, à afinação do instrumento e ao baixo contínuo — tipo de acompanhamento que era usado no período barroco. “Essa é a minha primeira participação no Curso Verão e, nesses dois primeiros dias de convívio com os colegas, senti um ambiente muito produtivo. Os alunos têm um bom nível e acredito que vamos, ao fim, chegar a um resultado bastante satisfatório”, afirmou.

Radicado em Haia há quatro anos, foi ali que Cláudio se graduou em regência, cravo e música antiga. Atualmente, é professor daquela instituição holandesa — diretor da orquestra barroca Collegium Musicum Den Haag e de conjuntos como o Grupo Lotus, de cravo e flauta doce. “Venho regularmente ao Brasil e aqui sou diretor artístico. Toco na Companhia de Música, uma orquestra barroca de Campinas. Na capital paulista, tenho ministrado master class de cravo”, destaca.

CORREIO BRAZILIENSE – Percussão como instrumento de cidadania

(07/01/2012) Ricardo Daehn - O investimento, num primeiro momento, foi modesto: há uma década, partiu do compromisso do professor brasiliense Ricardo Amorim com jovens de restrito poder aquisitivo, no Recanto das Emas. Interessados em música, 12 alunos compareceram para a ação social proposta por uma Igreja presbiteriana, mas a limitação foi gritante para o professor da UnB, que, apostando em aulas com instrumentos convencionais, deu-se conta da inexistência deles. “Então, comecei a fazer um trabalho com percussão corporal, proposto de uma experiência com o grupo Barbatuques (de São Paulo) e da orientação do falecido pesquisador musical José Eduardo Gramani. O batuque no corpo veio como uma ferramenta alternativa”, explica.

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Com o trabalho concentrado num instituto (o Batucar), criado em 2006, o projeto Batucadeiros tem galgado posto em sucessivas premiações: reconhecido com o prêmio Itaú Unicef (no âmbito regional), em 2009, acumulou o prêmio Anu conferido pela Cufa (Central Única das Favelas), em 2010, e, entre 941 candidatos no país, acaba de ser um dos 14 selecionados pelo programa Rumos Educação, Cultura e Arte (do Itaú Cultural).

“Além de premiação em dinheiro, há a proposta de treinamento de encontros e de transição do conhecimento, com capacitação e reciclagem. A seleção traz um fôlego novo para a gente: dá uma condição de brilho e de projeção para o projeto e mostra que o nosso caminho tem sido legal, e que a gente pode seguir construindo nele”, comemora Ricardo Amorim. Aos 45 anos, o morador de Águas Claras, formado em arranjo instrumental pelo Conservatório de MPB de Curitiba e licenciado em música pela UnB, puxa da memória a marcante experiência com um professor de violão, na época de aprendizado, no Guará. “Éramos de classe média baixa, entre seis irmãos, e o professor Barbosa me deu aulas, de graça. Serviu de inspiração e me abriu para o universo da generosidade”, conta.

Com papel central fundamentado na arte — para criações de performances apoiadas por canções, percussão corporal e violão —, o Batucar busca alargar os objetivos, otimizando desempenhos escolares dos alunos. “Quando a gente chegou, eles não tinham perspectivas de continuar estudando. O estudante da periferia também vive nessa sociedade capitalista, então, ele também quer ter. Surgem trampos, isso quando ele não cai nas mãos dos traficantes para servir de avião. A arte entra com os componentes de paciência e reflexão, exigindo ordem, ensaio e planejamento. Sai daí a experiência de conviver e de se relacionar com o outro”, explica o professor. Driblando problemas que incluem a falta de acompanhamento dos pais, mais de 500 jovens viram surtir a diferença proposta pelo músico.

Ciente do fraco padrão exigido pela escola pública, Amorim investe no acompanhamento pedagógico, para suprir evasão ou defasagem no campo da educação. “Não dá pra ver os meninos tocando bem, mas com baixos índices de aproveitamento escolar. Um dos problemas detectados com o programa foi o da consolidação da alfabetização. O grande auxílio veio da ação dos multiplicadores. Vieram as oportunidades de bolsas para os alunos de melhor desempenho e as transformações dos índices de aprovação que partiram de 50% e culminaram em até 96% ”, explica o orientador.

Foco nas notasMais de 15 alunos formados pelo Instituto Batucar, que realimentaram a cadeia de aprendizado ou encontraram posição no mercado de trabalho, motivam o orgulho pleno. “O complicado sempre é manter o ânimo e o foco dos alunos”, sintetiza o professor, destacado pelo Rumos, que pinçou exemplos em meio à cultura tradicional, à música, às artes cênicas e à audiovisual. Além de R$ 10 mil, os contemplados participarão de um ciclo de viagens, numa proposta de intercâmbio que integrará experiências de êxito comandas, em meios diversos, que vão do circo à sonoridade de violino, passando ainda pela ginga de capoeiristas.

Com cronograma de atividades a ser reaberto em 16 de janeiro, o instituto tem perspectivas de revitalização asseguradas para o novo ano. Implantado em maio de 2009, o projeto Batucadeiros Crescendo com Música, com participação do maestro Emílio de César (ex-regente da Orquestra Sinfônica de Brasília), totalizou a aquisição de quase 40 instrumentos. “Brinco que eles chegaram depois de 10 anos. Alunos e amigos doaram violinos, violoncelos, contrabaixos e violas”, conta Ricardo Amorim.

Agente de cidadania, ele dá a dimensão da conquista com o Rumos Educação, Cultura e Arte. “Nos trabalhos sociais, você entende que o sistema tende a trabalhar para te desestimular. As instituições empenhadas, porém, trabalham na paixão”, conclui Ricardo.

O GLOBO – Um doce roteiro para cantor e platéia

Chico Buarque fala pouco, privilegia o disco atual e encanta naturalmente o público em sua estreia no Rio

Silvio Essinger

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“Eu queria dedicar esta noite ao meu querido amigo Oscar Niemeyer”, disse Chico Buarque, num raro momento em que saiu do script, anteontem, na estreia carioca do show “Chico”.

(07/01/2012) Bons amigos, familiares, repórteres, a namorada Thaís Gulin e celebridades dos mais altos escalões não faltaram a esse evento que abre, quase que oficialmente, o calendário cultural de 2012 na cidade. Fechado o Canecão, coube dessa vez ao Vivo Rio, no Aterro do Flamengo, oferecer pouso a Chico. O palco é amplo, o som é bom, e a pista comporta, com um certo aperto inevitável, a distinta massa que acorreu ao chamado.

E quem esteve lá decerto não saiu decepcionado com o que viu e ouviu ao longo de cronometrada uma hora e meia de espetáculo, que fica em cartaz até a metade de fevereiro, de quinta a domingo. ‘O velho Francisco’ dá a partida “Chico” é o show que apresenta o disco de mesmo nome, lançado no ano passado e acolhido com entusiasmo por público e critica. Mas ele começa mesmo é com “O velho Francisco”, do álbum “Francisco”, de 1988. Chico sorri, mas nada fala.

Em meio ao veludo de “Desalento”, terceiro número do repertório, a plateia ensaia um coro. Mas nem precisa esperar muito, porque logo está diante de “Querido diário”, a primeira do bloco “Chico” do show — e se regozija. No entortado frevo “Rubato”, o cantor larga o violão e, meio desajeitado, vai pa- ra um lado, e depois, outro — faz parte. Alguém grita “Thaís!” e aí vêm em sequência “Essa pequena”, “Tipo um baião” e “Se eu soubesse” (“e aí, larari, larari”). Era o que todo mundo queria ouvir e cantar junto. “Bastidores” e “Todo sentimento” (com belo piano de João Rebouças) encerram uma parte mais contida do show.

Com “O meu amor”, entra em cena o Chico explodindo de feminilidade, que vai desembocar em “Teresinha” e no coral mais afinado e encorpado que se ouviu na noite do lado de cá do palco. “Anos dourados” é um daqueles sucessos dos quais não há como escapar, e “Sob medida” funciona como uma catarse, o grande momento do Chico feminino, na delícia de cuspir o “sou igual a você, eu nasci pra você, eu não presto”.

Depois disso, a ordem é baixar um pouco a bola com “Nina” (a valsa russa de “Chico”) e com “Valsa brasileira”. Um dos números que mais têm funcionado no novo show é o do resgate de “Geni e o zepelim”, do disco e espetáculo “A ópera do malandro”, de 1979. É quando o contador de histórias se anima, faz caras e bocas, interpreta, e a banda consegue extrair os comentários musicais e sublinhar as mudanças de rota da trama.

O bom ânimo ainda está lá quando Chico dá um pirueta, se enrosca pelo samba e chama o baterista Wilson das Neves para dividir a cena em “Sou eu”, recente parceria com Ivan Lins.

Depois da enxurrada de estrogênio, é a hora de brincar com a cumplicidade masculina, que os dois (num contraponto entre a voz bossa de Chico e a empostada de Wilson) continuam, faceiros, em “Tereza da praia”. Outro ponto alto do show. E tudo mais se conecta em “Chico”. Do xote “A violeira”, eles vão para o baião + roque de “Baioque” e , daí, para o hip-hopsufoco, via Criolo, da nova versão de “Cálice”.

O círculo temático (Brasil, raças, periferia, relações de poder) se fecha em “Sinhá”, a faixa que encerra o disco “Chico” com tudo isso e mais um sentido de religiosidade que se expressa no ritmo dos atabaques e nos versos da canção (“Eu choro em iorubá/mas oro por Jesus”). Um tropeço (“errei a letra!”) só deixa a música mais humana.

Ao fim, com o mantra percussivo ao fundo, Chico vai à frente e, logo depois, se retira. Bis com três músicas A mensagem foi deixada, e o show poderia terminar por ali. Mas público que é público sempre quer mais, e é por isso ele volta para o bis. Depois de uma do novo disco (“Barafunda”) e de um de seus clássicos mais recentes (“Futuros amantes”) ele sai “Na carreira”, que é para avisar que, ali sim, estava se despedindo. Aquela tradicional passada pela frente do palco para tocar mãos do público, e o roteiro estava cumprido. Sob medida para a expectativa dos fãs ilustres ou não em noite de estreia.

O GLOBO – A musicalidade do criador do ‘lerê-lerê’

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Arranjador dos mais prolíficos nos discos e na TV, Waltel Branco tem sua obra reverenciada por violonistas

Silvio Essinger

(07/01/2012) Basta mencionar o nome Waltel Branco para um colecionador de discos para ver seus olhos brilharem. O paranaense, de 82 anos de idade, é uma daquelas figuras que só os leitores atentos das fichas técnicas de LPs irão reconhecer e saber reverenciar — ora como arranjador de gravações antológicas da MPB (o “Azul da cor do mar” de Tim Maia, o “Bastidores” de Cauby Peixoto e o “Faz parte do meu show”, de Cazuza), ora como autor dos arranjos (e às vezes, também dos temas) de trilhas sonoras de novelas da Globo nos anos 1970 (“O bofe”, “Selva de Pedra”, “Escrava Isaura”, “Irmãos Coragem”). Mas, além desses

dois, ainda tem o Waltel compositor e intérprete de peças para violão.

O que agora sai das contracapas e, enfim, ganha reconhecimento. No recém-lançado CD “O violão plural de Waltel Branco”, nomes acima de qualquer suspeita como Guinga, Marco Pereira, Paulo Bellinati, Ulisses Rocha e Quarteto Maogani emprestam virtuosismo e imprimem sentimento às composições desse músico dono de uma longa e brilhante estrada: começou tocando com Radamés Gnatalli, participou de discos clássicos da bossa, foi arranjador de João Gilberto, trabalhou com Henry Mancini e passou décadas como supervisor musical de trilhas de novelas da TV Globo.

— O Waltel é uma autoridade no violão e um grande compositor. Ele mistura o contraponto barroco com informações da música impressionista, o que não nada é fácil. Uma vez, em Curitiba, ele me mostrou um choro em ré menor que eu fiquei com medo de não conseguir tocar — conta Guinga, que conheceu o maestro nos anos 1960, quando ele era regente de um Festival Internacional da Canção. — Eu dava aulas de violão e comecei a compor uns chorinhos bem fáceis, à la Bach, para que os alunos não tivessem dificuldades. Acho que tudo começou aí — explica Waltel, que, ainda jovem, frequentou um seminário franciscano e estudou canto gregoriano. Livro foi o passaporte Idealizador e produtor de “O violão plural de Waltel Branco”, o jornalista paranaense Alvaro Collaço conta que o CD é o desdobramento de um livro com as partituras das composições de Waltel, organizado por ele junto com o violonista Cláudio Menandro. — A reação dos violonistas em geral foi muito positiva, fazendo- me ver que aquelas músicas poderiam ser muito mais executadas do que eram. E não foi difícil convencer os convidados a participar: bastava mostrar o livro — diz. Além dos bem conhecidos nomes do violão brasileiro que tocam no disco, estão lá talentos de extração local (Menandro, João Egashira, Mário da Silva) e até uma violonista grega, Eva Fampas, que tem se dedicado a gravar peças de violão do brasileiro.

Natural de Paranaguá, Waltel vem de uma família musical — mas, quando criança, o violão ainda era tido como coisa de vagabundo. Para dobrar o pai, ele aceitou estudar os clássicos. Mas seu mundo era o rádio, a música popular. Ainda jovem, veio para o Rio de Janeiro, para gravar com o acordeonista italiano Claudio Todisco. No estúdio, o arranjador Radamés Gnatalli ficou intrigado com aquele violonista que sabia ler partituras — e imediatamente ofereceu emprego.

Era tudo o que Waltel queria: a chance de trabalhar e de estudar no Rio. Mas o rapaz não ficaria na cidade por muito tempo. Em turnê pelo Brasil, a cantora cubana Lia Ray garfou o violonista para a sua banda. Ele seguiu com Lia pela América Latina, parou em Cuba e acabou morando lá durante dois anos, durante os quais mergulhou na música de Perez Prado e Mongo Santamaría. A parada seguinte de Waltel foi nos Estados Unidos, onde estudou jazz e deu aulas de violão clássico. Quando desembarcou de volta no Rio, estava pronto para cair na cena da bossa nova, onde conheceu João

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WALTEL, NOS ANOS 1970, quando pegou as suas influências do funk e gravou o disco “Meu balanço”: o trabalho não teve repercussão na época, mas acabou virando sensação, 20 anos depois, na Inglaterra

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Gilberto e participou, como músico e arranjador, de discos de Flora Purim, Dom Um Romão, J.T. Meirelles e os Copa 5, Orlandivo, Luiz Carlos Vinhas, entre outros. Ou seja: toda a nata do samba-jazz contou com o tempero de Waltel Branco. Nos tempos da bossa, quem deu uma das mais preciosas lições de arranjo ao parananse foi justamente João Gilberto. — Uma vez, fiz um arranjo para “Insensatez” do jeito que eu imaginava, e o João não gostou. Ele dizia: quem tem que aparecer é o cantor. Mas é que eu gostava de fazer coisas bonitas... — desculpa-se. No começo dos anos 1960, o nome de Waltel enfim saiu das fichas técnicas e foi para a capa, com o lançamento, pela gravadora Musidisc, de “Guitarras em fogo”, um disco de sambalanço à la Ed Lincoln. — Quem fez o violão base do LP foi um aluno meu, o Baden Powell — revela.

Já em 1963, Waltel foi trabalhar com Henry Mancini como um dos arranjadores da trilha do filme “A Pantera Cor de Rosa”. Ele retribuiria a honra com um LP, “Mancini também é samba”, lançado em 1966 pelo selo Mocambo e relançado, mais de 30 anos depois, pelos americanos da Whatmusic. A virada da vida de Waltel foi em 1965, com a inauguração da TV Globo. Convidado por Roberto Marinho, ele foi cuidar das trilhas das novelas. Às vezes, compunha os temas (caso de “Assim na Terra como no Céu”, de 1971, cujo “Tema da zorra” foi regravado em 2003 no disco “Sincerely hot”, do Domenico + 2), mas, na maior parte das vezes, era o arranjador das canções.

Um dos seus trabalhos mais notáveis é o de “Retirantes”, de Dorival Caymmi, que abria a novela “Escrava Isaura” (1976). — Ela tinha uma parte cantada que eu achei melhor que ficasse sem letra. E acabou que aquele “lerê-lerê” fez o maior sucesso — lembra. — Junto com o Nelson Motta e o Marcos Valle, o Waltel é um representante legítimo de uma era em que as novelas tinham suas próprias trilhas — conta o ex-Titãs e pesquisador musical Charles Gavin. — Ele se tornou um especialista em trilhas para novelas de época por causa do tremendo conhecimento de música clássica.

Além disso, o Waltel conseguia sacar como ninguém que tipo de música devia ser feito para cada um dos personagens. Gavin é um grande

admirador de um curioso LP instrumental que Waltel lançou com seu nome, em 1975: “Meu balanço”, um combinado de funk (exercitado por ele em trabalhos com Tim Maia, Cassiano e Toni Tornado), samba, jazz e lounge. O disco passou em brancas nuvens na época, mas virou sensação na Inglaterra, 20 anos depois, na badalada cena do acid jazz. — Eu estava fazendo arranjos para um disco do Roberto Carlos e havia umas horas de estúdio sobrando. Escrevi os arranjos em uma hora, e gravamos o disco com a banda em duas — conta Waltel. — O “Meu balanço” é um disco incrível de uma época em que a música brasileira estava absorvendo informações do funk e do soul. Tentei relançá- lo uma vez, numa coleção da Livraria Cultura, mas faltou a liberação de uma música. As pessoas ainda me pedem muito esse disco — diz Gavin. A descoberta de Djavan Outra passagem reveladora de Waltel nos anos 1970 foi quando ouviu as canções e a voz de um jovem alagoano e resolveu convencer a Som Livre a gravar um disco com ele. Em entrevista do ano passado, para falar do CD “Ária”, Djavan disse que Waltel fez apenas uma ressalva: quanto à qualidade do seu instrumento. “Ele me levou então a uma sala com seis violões e disse para escolher um. O primeiro que peguei é o que uso até hoje.”

À generosidade, junta-se outra característica: a distração. Quem conta a história é o violonista e arranjador Zé Menezes, que trabalhou com Waltel nos áureos tempos do departamento musical da

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WALTEL, HOJE, com 82 anos de idade, vive em Curitiba uma vida sem luxos: “Tudo o que eu queria era fazer música”, diz

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Globo. — Uma vez, ele saiu da TV de carona e esqueceu que tinha deixado o carro lá! — Fiz isso também em São Paulo. Fui para uma gravação e deixei o carro no hotel. Quando cheguei em casa, no Rio, achei que ele tinha sido furtado. O chefe da segurança da Globo já tinha até avisado a polícia quando eu me lembrei de onde estava o carro — diverte- se o arranjador. — O Waltel é uma pessoa que vibrava muito com o fazer musical e não se importava com o resto — avalia o produtor Álvaro Collaço. — Ele não imaginava que um dia poderia não estar fazendo arranjos.

De volta a Curitiba desde os anos 1990, quando se aposentou da Globo, Waltel hoje mora com os irmãos e vive uma vida sem grandes luxos. Ele se alegra com o reconhecimento, mas lamenta não ter exigido crédito pelos incontáveis arranjos que fez para um leque de artistas que vai de João Gilberto a Odair José. — Eu não imaginava que isso ia dar dinheiro, tudo o que eu queria era fazer música. O Mancini me dizia: “Você também é autor de todas as músicas que arranjar”. Mas eu não sou assim, de brigar. Quem gostava de ligar para o Ecad era o Tim Maia, não eu.

“O Waltel é uma autoridade no violão e um grande compositor. Ele mistura o contraponto barroco com informações da música impressionista” Guinga, violonista e compositor.

ESTADO DE MINAS - Poetinha em boa companhia

Ailton Magioli

(09/01/12) O violonista e arranjador Mário Adnet lança disco com canções de Vinicius de Moraes feitas em parceria com os maestros Pixinguinha, Claudio Santoro, Moacir Santos e Baden Powell

Se nos Estados Unidos vários artistas conseguem gravar George Gershwin, cada qual com seu ponto de vista, no Brasil, infelizmente, tal prática permanece raríssima. Exceção à regra, o arranjador, cantor e violonista Mário Adnet vem construindo carreira sui generis, ao produzir e gravar discos dedicados à obra dos grandes nomes da MPB, geralmente focalizados por ângulos que pouquíssimos teriam condições de perceber. A mais recente incursão dele na área está no recém-lançado Mário Adnet, Vinicius & os maestros, no qual, acompanhado de orquestra, convidados e seu violão, ele nos brinda com um lado pouquíssimo explorado do reconhecido Poetinha.

Trata-se da parceria de Vinicius de Moraes com os maestros Claudio Santoro, Moacir Santos, Baden Powell e Pixinguinha, além de obras solo do próprio Vinicius. “Fugi da bossa para buscar outros parceiros”, justifica a ausência do maior deles, Tom Jobim. “O Moacir Santos, por exemplo, é autor de uma música difícil de ser classificada. Ela não cabe na bossa nova”, acrescenta

Mário, lembrando que Pixinguinha é outro parceiro hour concours de Vinicius de Moraes. “No caso de Claudio Santoro, que é o erudito namorando com o popular, parece que este era o desejo dele: chegar ao popular. Não sei se consegue com o Vinicius”, admite, lembrando que as releituras da parceria de ambos sempre privilegiou a vertente lírica, ignorando a voz popular, “pequena”, que ele priorizou no disco.

Dori Caymmi, Joyce Moreno, Mônica Salmaso, Sérgio Santos e Tatiana Parra são os convidados de Mário Adnet, que também defende com brilho a releitura de uma obra infelizmente desconhecida, ainda. À exceção da parceria com Baden – Consolação, Samba em prelúdio e Canto de xangô, que chegaram ao grande público, ele ainda incluiu Canção de ninar meu bem – e de Pixinguinha – Lamento –, as outras parcerias são todas desconhecidas. “A Canção de ninar meu bem foi a primeira parceria de Vinicius com Baden. Baden dizia que era de 1958, enquanto Vinicius preferia datá-la em

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Na escolha das canções, Mário Adnet deixou de lado a bossa nova para revelar outra face de Vinicius de Moraes

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1962. Como se trata de duas pessoas com farta calibragem de uísque...”, diverte-se Mário, lembrando que o próprio Baden Powell defende a data do batismo da canção em vídeo que circula no YouTube.

Para Mário Adnet, como a poesia de Vinicius fala de um único assunto – o amor –, seja com parceiros populares ou eruditos, o que o público vai encontrar é sempre um gráfico do tema, do início ao fim, com direito a alegria, tristeza profunda e tédio. “Com Claudio Santoro, Moacir Santos, Baden Powell e Pixinguinha não foi diferente”, constata, salientando ter sido Toquinho o parceiro com o qual Vinicius de Moraes teria adotado uma linha diferente – mais popular – já no fim da vida. “O mais incrível de Vinicius é que ele é um poeta formado poeta e conhecedor profundo das formas poéticas”, elogia, recordando ter-se encontrado uma única vez com Vinicius, quando ele inaugurou o Bar Cirrose, na Rua Paul Redfern, em Ipanema, pouco antes de morrer, em 1980, no Rio de Janeiro, aos 67 anos.

FOLHA DE S. PAULO - Nada será como antes

Reedições de shows históricos de Elis Regina trazem material inédito e mais do que o dobro das faixas originais

MARCUS PRETO, de São Paulo

(09/01/12) O baú de Elis Regina não tem fundo. Para marcar os 30 anos da morte da cantora, em 19 de janeiro, dois de seus álbuns ganham reedições ampliadas, com mais do que o dobro das faixas que havia nas versões originais em LP.

Gravado ao vivo em abril de 1978, no teatro Ginástico (Rio), "Transversal do Tempo" registra o show do álbum "Elis" (1977) -o da canção "Romaria". Foi lançado no mesmo ano em LP simples, incluindo apenas 12 canções.

A nova versão, organizada pelo pesquisador Rodrigo Faour e mixada por João Marcello Bôscoli, filho mais velho de Elis, traz o roteiro completo do espetáculo, em dois atos, somando 25 números.

Estarão lá temas inéditos na voz dela, como "Amor à Natureza" (Paulinho da Viola), "Esta Tarde Vi Llover" (do mexicano Armando Manzanero), "Maravilha" (parceria obscura da dupla Francis Hime e Chico Buarque) e "Gente" (Caetano Veloso). Deve chegar às lojas no segundo semestre em CD duplo.

Também gravado ao vivo, "Montreux Jazz Festival" registra a participação da cantora no festival suíço, em 1979. Elis fez dois shows naquele dia. Um à tarde, em que fez uma ótima performance, e outro à noite, já cansada.

Lançado meses depois de sua morte, o LP de 1982 trazia só nove faixas, retiradas quase sempre da matinê.

Marcelo Fróes, pesquisador responsável pela nova edição, reuniu todos os números apresentados por Elis naquele dia. Serão dois CDs -um com a apresentação da tarde, outro com a da noite.

Ainda que algumas canções se repitam nos dois discos, é interessante ouvir Elis variando entre seu "bom momento" e seu "mau momento". E ouvir versões nunca antes lançadas de "Triste" (Tom Jobim) e "Corrida de Jangada" (Edu Lobo e Capinan).

Em sua versão completa, o disco de Montreux ganhou outro nome: "Um Dia".

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Elis em cena do espetáculo "Transversal do Tempo", de 1978, que volta em CD

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Fróes lembra que as duas apresentações de Montreux foram registradas também em imagem. E já trabalha a ideia de, em breve, lançar a versão completa em DVD.

FOLHA DE S. PAULO - Memória é reforçada com shows, discos e exposição

Turnê de Maria Rita cantando Elis Regina estreia no dia 17 de março, em SP

Em 14/4, CCSP abre mostra com áudios, imagens e objetos da cantora; gravadoras relançam acervos

Em 19 de janeiro de 1992, quando se completavam dez anos de morte de Elis, reportagens sobre a efeméride lançavam a pergunta: como o Brasil pôde se esquecer tão rapidamente daquela que tantas vezes foi considerada sua maior cantora?

Duas décadas se passaram, e o quadro se reverteu. Ao lado de Gal Costa e Nara Leão, Elis é, de novo, a cantora que mais influencia novas gerações de vozes femininas.

Muito dessa volta se deve à aparição, há uma década, de Maria Rita. A filha apresentou a mãe à juventude que ainda não a conhecia.

"Não conheço outro caso assim: um gênio vocal gerar uma filha que seja reconhecidamente uma das cantoras mais importantes de sua geração", diz João Marcello Bôscoli. "Nenhum plano de marketing seria capaz de promovê-las de maneira tão intensa e verdadeira."

E Maria Rita, agora, trabalha nessa promoção diretamente. Em 17 de março, data em que Elis completaria 67 anos de vida, a filha sobe ao palco do Auditório Ibirapuera, em São Paulo, para estrear temporada em que interpretará o repertório da mãe.

O show, que segue depois para Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio e Recife, em datas ainda não confirmadas, faz parte do projeto "Viva Elis", encabeçado por Bôscoli, que inclui ainda uma exposição itinerante.

A abertura está marcada para o dia 14 de abril, no Centro Cultural São Paulo, e vai reunir fotos da cantora, imagens de entrevistas, cenas de shows e especiais de TV, ingressos e pôsteres, objetos pessoais, roupas, documentos e, é claro, sua música.

A Universal Music prepara uma caixa com a discografia de Elis na gravadora. Além dos álbuns de carreira, lançados entre 1965 e 1979, há ainda três CDs com material raro ou inédito (leia acima).

Mas ainda há muito material inédito de Elis no baú.

"A partir de nossa pesquisa de imagens, pretendemos lançar os especiais de TV gravados em Portugal, Alemanha e França", diz Bôscoli.

Marcelo Fróes enumera mais possibilidades: "Já ouvi shows dela com a orquestra de Erlon Chaves, em 1970, e conheço pelo menos duas apresentações com Tom Jobim, em 1974, além de programas de rádio com o grupo de Luiz Loy, nos anos 1960".

Parece certo: os próximos anos prometem uma Elis inesquecível.

FOLHA DE S. PAULO - Mostra celebra raízes sonoras do BrasilInstrumentistas e cantores regionais sobem ao palco do Centro Cultural Banco do Brasil de hoje a 14 de fevereiro

Apresentação conjunta de representantes das músicas caipira e caiçara abre a série "Ser(tão) Brasileiro" CARLOS BOZZO JUNIOR, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

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(10/01/12) Talvez tenha sido no âmbito da procura de uma expressão nacional que se alcunhou o Brasil de "terra do samba". Errado? Nem tanto. Redutor? Sim. Afinal, são inúmeros os elementos que integram a sonoridade brasileira. Contudo, muitos deles ficam escondidos nos interiores e nos sertões do país.

"Ser(tão) Brasileiro", que acontece de hoje a 14 de fevereiro, reúne 12 atrações musicais para trazer à luz alguns desses sons, suas cores, seus instrumentos e sua poesia.

O evento promove seis encontros no teatro do CCBB-SP (Centro Cultural Banco do Brasil), enfocando a música de raiz, regional ou da terra, como é chamada.

O primeiro, "Caipiras & Caiçaras", acontece hoje e traz o som caipira representado pelo grupo curitibano Viola Quebrada, que cava fundo na tradição para produzir algo novo. Canções como "Flor do Cafezal" e "Índia" estão no programa.

Já os irmãos Leonildo e Zé Pereira, da Família Pereira, aparecem representando os fandangueiros do Paraná e extraem de violas e rabecas a sonoridade caiçara.

Zé, 61, nasceu no Rio dos Patos, em Guaraqueçaba (PR), mas mora no Varadouro, em Cananeia (SP), há 30 anos. Além de construir rabecas, violas caipiras, violão, cavaquinho, surdo e pandeiro, Zé domina todos esses instrumentos -ele é reconhecido como ótimo rabequista e violeiro.

Leonildo foi quem o ensinou a tocar. Ou seja: o duelo de rabecas está garantido.

No dia 17, o encontro é chamado de "A Folia e a Cantoria". O comando fica a cargo do violeiro mineiro Chico Lobo e do cantador Xangai.

Na semana seguinte, dia 24, "Toques & Cantos de Louvor" leva ao palco Titane e Túlio Mourão.

Os encontros seguintes são "A Nova Sanfona" (dia 31/1), com Toninho Ferragutti e Adelson Viana; "Janela Urbana pra Roça" (em 7/2), com a cantora Cida Moreira e o cantor e compositor Passoca; e "O Erudito e a Raiz" (em 14/2), com Roberto Correa e Badia Medeiros.

Trata-se de uma ótima oportunidade para conhecer alguns dos verdadeiros e variados pilares da identidade sonora nacional.

FRANÇA – LA NOUVELLE REPUBLIQUE – Flavia Coelho, escale à Blois entre Brésil et Jamaïque

Catherine Simon - la Nouvelle République

(10/01/12) La belle guitariste et chanteuse fait le buzz depuis la sortie de son album début novembre. La Maison de Bégon a su la mettre sur son agenda le 13 janvier.Elle n’a pas décroché le prix Constantin, contrairement à la Belge Selah Sue, mais son Bossa muffin a décroché le cœur de tous les médias ! En cette fin d’année 2011, il n’était question sur toutes les ondes que de Flavia Coelho. Depuis la sortie de son album le 7 novembre dernier, la Brésilienne métissée de Jamaïque n’a cessé de faire chavirer les amateurs de musique chaloupée et de voix bien posée.

Et grâce à Hassan Mirghani, programmateur finement inspiré de la Maison de Bégon, les Blésois auront le privilège d’applaudir la nouvelle coqueluche, Brésilienne vivant à Paris depuis 5 ans, et surtout, musicienne libre !

« Dans le grand mixeur du monde de la musique, voici venue une nouvelle étoile à l’esprit libre, la voix ferme et au style détonant », dit d’elle France Info. Rien n’est moins vrai. Auriez-vous imaginé un jour ce mélange improbable de reggae et de bossa, avec la tchache virtuose du raggamuffin servie par la musicalité d’une voix profonde et naturelle, qui sait cependant se faire joueuse ?

Certes, Flavia Coelho est aussi une très jolie fille qui attire d’emblée la sympathie. Mais c’est surtout une artiste, libre et inspirée, une véritable musicienne capable de traduire, sur les cordes de sa

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guitare, les péripéties de ses voyages et les influences de ses rencontres. Notamment sur les chemins de l’Afrique, avec le musicien camerounais Bika Bika Pierre, croisé à Paris, mais aussi avec le compositeur et producteur Victor Vagh.

Autant dire qu’avec Flavia Coelho, la Maison de Bégon met la barre très haute dans la qualité de la saison artistique blésoise 2012. On n’en attendait pas moins.Vendredi 13 janvier à 20 h 30 à la Maison de Bégon, rue Pierre-et-Marie-Curie à Blois. Tarifs de 5 à 10 €. Réservations au 02.54.43.35.36.

O GLOBO - Pelo mundo / ‘Berlin calling’

Cristina Ruiz-Kellersmann, de Berlim

(10.01.12) Uma cantora brasileira nascida em São Paulo e criada em Colônia está conquistando os corações dos alemães. Dominique Dillon de Byington, de 23 anos, conhecida apenas por Dillon, é uma menina de sorte e sobretudo talentosa. Autodidata, nunca estudou música ou aprendeu a tocar instrumentos. Aos 18 anos, “para fugir da solidão”, como ela mesma declarou, começou a tocar piano, e compôs as suas primeiras canções. Foi nessa época também que Dillon começou a fazer seus próprios vídeos e a publicá- los no YouTube. Com os milhares de cliques e elogios, não demorou a gravar o primeiro single pelo selo Kitty-Yo. Em seguida, saíram dois outros singles: “Aiming for destruction” e “Ludwig”. Em 2010 veio o convite para sair em turnê pela Alemanha, abrindo o show “Schall und wahn” da banda Tocotronic, de Hamburgo. Com o vento soprando a seu favor, Dillon decide então se mudar para Berlim, cidade pela qual se apaixonou ao visitar pela primeira vez em companhia da mãe aos 11 anos.

Dillon chegou a Berlim em 2007. Quatro anos mais tarde, após muitos shows e publicações virtuais, a gravadora BPitch Control lançou em novembro do ano passado o seu álbum de estreia, “The silence kills”, um disco pop com batidas eletrônicas.

As letras de Dillon falam de temas abstratos e de experiências pessoais: são escovas de dente deixadas para trás, robôs que procuram cristais roubados por piratas, pernas que viram espaguete e histórias de amor. Na faixa “You are my winter”, ela faz uma colagem de detalhes da arquitetura da cidade: varandas, coberturas, apartamentos, parques, estações de trem, cabines automáticas de fotografias...

“A criação de uma música quase nunca leva mais do que 20 minutos”, comenta Dillon. Todas as 12 faixas de “The silence kills” são escritas e interpretadas em inglês. “É música para meditar e contemplar. Sua voz fala com a alma. Tem momentos no disco que fazem a sua garganta fechar”, elogia Mike Diver, da BBC. A menina dos olhos de kajal, sempre pintados de preto e vestida de preto, como aparece na capa do disco, lançado em CD e vinil, vai mesmo dar o que falar. Ou melhor, já caiu nas graças do público e da mídia.

Ela está em evidência em revistas, jornais, blogs, na Alemanha e na Europa. “Nada mudou fora de proporção na minha vida”, disse Dillon em entrevista ao blog Les Berlinettes no camarim do clube About-Blank, em Berlim, onde fez dois shows em dezembro. “As pessoas vêm aos concertos curiosas e interessadas em ouvir o que estamos fazendo”, conta a cantora, que está em turnê até fim de março promovendo o novo disco na Europa.

Devido ao sucesso dos shows em Berlim, ela volta a se apresentar na capital em fevereiro, no teatro HAU 1. Mesmo tendo pouco contato com a terra natal, e declarando sentir uma certa confusão de identidade, Dillon disse em entrevista ao portal UOL Brasil que gosta de Caetano Veloso e de Elis Regina, e também que tem vontade de tocar no Brasil. Aliás, há diversos vídeos no YouTube registrando a sua passagem por um estúdio em São Paulo, o Studio 8.

“The silence kills” foi lançado por uma gravadora focada em tecno e eletrônica, porém pelo menos três lançamentos recentes do selo, os discos de Dillon, We Love e Aérea Negrot, não são exatamente música para as pistas de dança. Criado em 1999, o BPitch Control da DJ e produtora Ellen Allien tem um catálogo de respeito na cena eletrônica. Nomes como Modeselektor, Sascha Funke e Paul Kalkbrenner compõem a constelação das estrelas da casa. Kalkbrenner está ligado a BPitch desde o início, é uma celebridade no país e atrai multidões em suas turnês. Em 2008, estrelou “Berlin calling”,

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de Hannes Stöhr, um filme de ficção baseado em sua biografia, no qual Ellen Allien também inspira uma personagem. A trilha do filme saiu pelo selo BPitch Control.

Conhecida como a primeira- dama do tecno alemão, Ellen Fraatz surgiu na cena berlinense no início dos anos 1990 após retornar de uma temporada em Londres. Ao voltar, começou a tocar nos principais clubes da cidade e logo se tornou DJ residente dos legendários Bunker, EWerk e Tresor, clubes que surgiram com a queda do muro, em bairros da antiga Berlim Oriental. Ellen Allien não tem dificuldade em acumular funções. Ela cuida da gravadora e viaja pelo mundo fazendo música. Em breve, estará se apresentando no Brasil, em Florianópolis, dia 21 de janeiro, no Festival Creamfields, ao lado de Fatboy S l i m , P a u l Va n Dyk, Tiefschwarz, Reboot, Layo & Bushwacka, Nervo e Jamie Jones.

Selos independentes e gravadoras cult vêm influenciando a história da música ao longo de muitas décadas. É o caso das legendárias grifes sonoras Deutsche Grammophone, Verve, Impulse, Blue Note, CTI, MPS, Island, Atlantic, Virgin... essas e muitas outras são responsáveis por lançamentos clássicos, de discos e de artistas que se tornam referência mundial. Das independentes, as alemãs ECM e Bear Family (esta especializada em relançamentos de catálogos antigos) e a brasileira Dubas se destacam com lançamentos que trazem o selo de controle de alta qualidade e sofisticação. O CD “Rio”, de Keith Jarrett, homenageando a Cidade Maravilhosa (ECM), e “Liebe paradiso”, de Ronaldo Bastos e Celso Fonseca (Dubas), homenageando Berlim, onde boa parte do conceito do disco foi elaborado, são bons exemplos de projetos lançados em 2011, que entrarão para a história dos discos clássicos, atemporais e sofisticados. Viva a boa música, produtores e executivos de gravadoras — pequenas ou grandes — que ainda apostam na qualidade.

O GLOBO - Entre tradições e o novo

Luiz Fernando Vianna

Cuidadosa, Luzia se sai bem em estreia com combinação arriscada

(10.01.12) Em seu primeiro CD, a paulistana Luzia Dvorek se pôs no cruzamento entre duas tendências das novas cantoras nacionais. Por um lado, gravou ciranda, cantiga, xote, fazendo essa visita à tradição que, quando realizada com muita cerimônia, fica altamente propensa a cair na chatice.

Pelo outro caminho, explorou abordagens contemporâneas, com o uso de programações eletrônicas, instrumentos remotos (japoneses em “Amador”) e percussão diversificada — inclusive com a participação de Carlinhos Brown,

dono do estúdio onde o disco foi gravado, em Salvador. É vereda que pode desembocar na afetação vazia.

Luzia sai-se bem da encruzilhada que escolheu. O principal motivo pode ser o cuidado com que montou o repertório e registrou as 12 músicas, produzidas por Alê Siqueira. Ela se orgulha de ter levado quatro anos para realizar o CD, na contramão da urgência das novas tecnologias e dos novos meios de divulgação.

A calma tem tradução sonora já na abertura, “Dança para um poema”, que conta com cordas arranjadas por Lincoln Olivetti (presente na também lenta “Pássaro solto”). E se estende por canções sem concessões ao óbvio, criadas por nomes admirados pelos pares, mas pouco conhecidos do grande público, como Rubens Nogueira, Vítor Ramil, Vicente Barreto e Rafael Alterio. Mesmo a versão de Zeca Baleiro e Lui Coimbra para “Fields of gold”, de Sting, é heterodoxa.

Apesar desses méritos, o melhor do disco é quando ele reveste belas canções de arranjos simples: “De amor eu morrerei”, com acompanhamento de Marcelo Jeneci, e “Choro das águas”, com André Mehmari ao piano e Ivan Lins no duo. Boa música ainda vale mais do que a válida busca por uma identidade musical.

O GLOBO - Arte brasileira dá samba

Luiz Fernando Vianna

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(11.01.2012) Pela primeira vez em 80 anos de desfiles, mais da metade das escolas do Grupo Especial terá nomes e histórias da cultura nacional como enredo, sem didatismo

Um passeio pelos 80 anos de desfiles das escolas de samba do Rio permite constatar que nunca antes de 2012 a arte brasileira esteve tão representada na avenida: mais da metade (sete em 13) das agremiações do primeiro grupo (hoje Grupo Especial) falará, em 19 e 20 de fevereiro, de artistas e histórias da produção artística nacional. A matemática é inédita e a abordagem da maioria dos carnavalescos, heterodoxa.

Eles dispensaram o tradicional modelo de biografias e temas apresentados cronologicamente, cujo suposto objetivo é facilitar a compreensão do público. Para homenagear Luiz Gonzaga no ano de seu centenário, Paulo Barros criou na Unidos da Tijuca uma cerimônia de coroação do rei do baião com a presença de monarcas de sangue azul ou não: Luís XV, Dom João VI, Cleópatra, Roberto Carlos, Michael Jackson e outros.

— Eles desembarcam no aeroporto e vão passear em lombo de burro pelo universo do Gonzagão — conta o campeão de 2010, que escolheu um funcionário da escola para representar o compositor. — Mas não há referências a Exu (cidade natal do artista), a Gonzaguinha, a nada da vida dele. Só no último setor falamos de algumas músicas, como “Asa branca” e “Vida de viajante”. Vamos contar a história de uma grande festa.

O Nordeste também é o cenário do enredo do Salgueiro. O cordel, que já chegou a ser cantado por duas escolas num mesmo ano (Imperatriz Leopoldinense e Em Cima da Hora em 1973), ganha de Renato Lage um tratamento despreocupado em elencar os principais autores e livretos.

— É uma arte muito bonita, visualmente e com suas histórias de reis e rainhas, pois os livretos têm origem medieval. Vamos mostrar aspectos como o religioso e o político, destacando alguns personagens: Lampião, Padre Cícero, Antônio Conselheiro — diz Lage.

Escritor e cantora em homenagens à Bahia

Descendo para a Bahia, chega-se a duas escolas. A Imperatriz citará livros de Jorge Amado apenas na quinta e última parte do enredo, ressaltando nas outras elementos recorrentes da obra do escritor: a lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim, o grande mercado, a religiosidade e as festas do Pelourinho. O caminho escolhido pelo carnavalesco Max Lopes agradou à família do também centenário artista, segundo conta a neta Cecília Amado:

— Nossa preocupação é que houvesse um falso respeito e que ele fosse retratado de uma forma acadêmica. Faz mais sentido a literatura dele ser tratada de maneira livre, com a liberdade do carnaval, do que seguir a linha de vida e obra. Foi muito acertada a opção.

No caso da Portela, os caminhos para se chegar à Bahia foram sinuosos. De olho em patrocínios, a escola pensava em exaltar Florianópolis ou o Rio Grande do Sul. Participante frequente das festas populares baianas, o compositor e militante portelense Marquinhos de Oswaldo Cruz insistia no tema, que conquistou a simpatia do carnavalesco Paulo Menezes — além de uma ajuda do governo da Bahia na busca de recursos de empresas. Mas Menezes acrescentou Clara Nunes como condutora do enredo. Mineira radicada no Rio, a cantora, madrinha da escola, era amante das cerimônias religiosas baianas e interpretou várias músicas ligadas a ela, como “Conto de areia”.

— Eu tinha imaginado a águia (símbolo da Portela) fazendo essa viagem, mas o Paulo queria falar da Clara, e deu muito certo — diz Marquinhos.

A cantora, aliás, é o enredo da Paraíso de Tuiuti, no principal Grupo de Acesso, no qual também serão lembrados Dona Ivone Lara (Império Serrano) e mais um centenário, Nelson Rodrigues (Viradouro).

A data redonda que motiva o enredo da Mocidade Independente é o cinquentenário de morte de Candido Portinari. Alexandre Louzada priorizou os personagens e as paisagens do pintor em vez da biografia do próprio.

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— A arte conta a vida. É uma visão poética — afirma o carnavalesco, que estreia em Padre Miguel após cinco anos e três títulos na Beija-Flor.

O abre-alas terá o rosto de Portinari, e as demais alegorias mostrarão assuntos marcantes de suas telas, como os retirantes, o cafezal e o morro. O último carro será sobre “Guerra e paz”, os dois grandes painéis (14 m x 10 m) encomendados pela ONU e concluídos em 1957.

— As imagens saem da tela para a realidade, ganham terceira dimensão — diz Louzada sobre as alegorias. Diretor geral do Projeto Portinari, João Candido Portinari, filho do artista, diz que chorou ao ouvir Louzada apresentando sua sinopse. Quando ela foi lida para os compositores da escola, chorou de novo.

— Ele captou a essência da obra do meu pai — conta João, que não ajudou financeiramente a escola.

Fotos de Leonardo Aversa

MÚSICO POPULAR na visão da Unidos da Tijuca sobre Luiz Gonzaga

IMAGEM TÍPICA da pintura do homenageado Romero Britto em alegoria da Renascer de Jacarepaguá

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OS RETIRANTES estão entre os personagens e temas de Candido Portinari que a Mocidade Independente mostrará em seu desfile

O GLOBO – Arte brasileira dá samba• (Continuação)

(11.01.2012) A Renascer de Jacarepaguá, que estreará no Grupo Especial abrindo os desfiles deste ano, é a exceção à regra do antididatismo. O enredo desenvolvido por Edson Antunes acompanha a vida de Romero Britto, da infância pobre em Recife à consagração internacional como um pintor de figuras e cores alegres, morador de Miami, muito requisitado por empresas para campanhas publicitárias e admirado por celebridades como Sylv e s t e r S t a l l o n e e A r n o l d Schwarzenegger.

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— O grande valor que ele tem é muito mais reconhecido fora do Brasil. Acho que virar enredo de uma escola de samba já está contribuindo para que ele seja mais valorizado aqui — acredita Antunes, que tem procurado ser fiel às telas e ilustrações. — Elas se materializarão na avenida.

Romero também estará presente, na última alegoria. No desfile, será lembrado que ele descobriu a pintura ao ver um livro sobre Caravaggio. E, segundo diz, sofreu influência de Picasso mais tarde.

Na Mangueira, ainda se sabe pouco sobre como será a homenagem ao bloco Cacique de Ramos, que completou 50 anos em 2011. O carnavalesco Cid Carvalho está proibido pelo presidente da escola, Ivo Meirelles, de dar entrevistas por enquanto, e o barracão também não pode ser mostrado. O que está exposto é a alegria de Bira Presidente, fundador do Cacique.

— Não tem dinheiro que pague estar vivo nesse momento. Não sei como vou me conter. Já estou sob cuidados médicos — diz o líder do grupo Fundo de Quintal, que se orgulha de ter visto despontar, na quadra de seu bloco, sambistas como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Sombrinha e Dudu Nobre.

Outros artistas citados

Ainda haverá menções a artistas brasileiros em pelo menos três outras escolas: maranhenses como Alcione, Ferreira Gullar e Joãosinho Trinta na homenagem da Beija-Flor ao estado; Martinho da Vila no enredo de sua Unidos de Vila Isabel a respeito de Angola; e atores e diretores na abordagem da São Clemente sobre espetáculos musicais.

São vários os títulos conquistados por escolas que reverenciaram artistas brasileiros. No ano passado, a Beija- Flor foi campeã exaltando Roberto Carlos.

O GLOBO - A mãe do ‘trip-bossa’ de volta ao Brasil

(11.01.2012) Cantora do Smoke City, grupo que deu tempero brasileiro ao som inglês, Nina Miranda faz shows solo no Rio

Em 1997, uma estranha canção, meio bossa, meio hip-hop, cantada em português, conquistou o mundo a bordo de um comercial de calças jeans — era “Underwater love”, do grupo Smoke City, cuja vocalista era a brasiliense radicada em Londres Nina Miranda. Que, mais de 14 anos depois, enfim vem ao Brasil para fazer seus dois primeiros shows solo: nos dias 19 no Studio RJ e 21 em Petrópolis, na antiga residência de seu trisavô, que hoje funciona como museu.

Com o sotaque forte de quem passou na Inglaterra boa parte da vida, Nina é filha de dois artistas plásticos: o brasileiro Luiz Áquila e a inglesa Liz Thompson-Miranda.

— Minha mãe sempre me inspirou muito, ela pintava para se lembrar do Brasil — diz a cantora, que tem em Carmen Miranda a sua primeira memória musical, lembrança da infância passada no Brasil.

— Adorava aquelas roupas, aqueles chapéus, os batons... Achava a coisa mais chique do mundo! E a música de Carmen era muito para cima, apesar de a vida dela não ter sido nada fácil — conta.

Na Inglaterra, Nina se formou na universidade e foi trabalhar com design gráfico. Nas horas vagas, cantava. Para se lembrar do Brasil. Em 1992, com o DJ Marc Brown, ela gravou, sem maiores pretensões, a faixa “Underwater love”. Algum tempo depois, quando a cantora tinha até recusado um convite para trabalhar com o famoso grupo de trip-hop Massive Attack, a músicarepentinamente estourou, na trilha do comercial.

— “Underwater love” tinha feito algum sucesso nos clubes e foi incluída numa coletânea, “Rebirth of the cool”, que foi parar na agência de publicidade que fazia a campanha. Ela se encaixou como

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ESCULTURA de uma das alegorias de Paulo Barros na Tijuca: homenagem a Gonzagão

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mágica no filme, que tinha umas sereias nadando. Quando a música virou sucesso, eu estava no Brasil. Imediatamente, voltei para Londres — conta.

Nina e Marc se juntaram então ao violonista (e grande entusiasta de música brasileira) Chris Franck e assim o Smoke City virou uma banda e gravou um álbum, “Flying away”. O disco teve grande sucesso e abriu caminho para uma série de projetos que juntaram bossa com voz feminina, funk, hiphip e eletrônicas. Bebel Gilberto, Thievery Corporation, Bossacucanova, Cibelle, Zuco 103, todos se beneficiaram do pioneirismo do grupo de Nina.

— Até o Smoke City, ninguém sabia em que escaninho botar esse tipo de música, que é muito brasileira, mas, ao mesmo tempo, é muito londrina. Aqui no bairro de Candem, onde moro, a gente ouvia James Brown e, em seguida, Jorge Ben — afirma Nina, que via, na época, no Brasil, uma situação bem diferente. — As pessoas estavam ligadas em Raimundos e Legião Urbana. Ninguém ouvia a música que eu amava! Eu ouvia Jorge Ben e Erasmo Carlos e sentia saudades da Inglaterra.

O que a cantora sonhava com o Smoke City era “fazer uma ponte do Brasil com o resto do mundo” — e, de certa forma, conseguiu, já que o comercial passou em vários países. Só o que ela não conseguiu fazer foi uma ponte do Brasil com o Brasil.

— Só aí é que eles não queriam botar uma música com alguém cantando em português! — indigna-se.

No meio do sucesso com o Smoke City, Nina se casou com Chris Franck. Os dois se separaram há dois anos e têm dois filhos: Johan, 9 anos, e Felix, 3. A banda durou ainda menos do que o casamento.

— Ficamos muito mimados. E a gravadora (Jive) estava indo para um lado mais comercial, com Backstreet Boys e Britney Spears. Eu gostava muito de estar nela e de fazer turnê. Mas os músicos eram muito londrinos, muito cool, não queriam dar entrevista, não queriam sorrir nas fotos... E a gente acabou pedindo para sair da gravadora — lembra.

Depois do Smoke City, Nina Miranda fez alguns outros projetos musicais, como o poético Shrift (com o produtor Dennis Wheatley) e o folk Zeep (Chris), interrompido depois da separação do casal.

— Foi como se tivéssemos vivivo quatro vidas naquele casamento, não dá para se fazer mais música quando não se está junto — explica ela.

Nos shows no Rio, Nina será acompanhada por Domenico Lancelotti (bateria, percussão e efeitos), Kassin (baixo), Daniel Jobim (voz e piano), Netto Pio (violão e voz) e Pedro Sá (guitarra). Eles darão um gostinho do disco que ela enfim está preparando, depois de anos de flerte com a cena carioca, participando de shows da Orquestra Imperial (“eu botava o Johan para dormir e ia me maquiando no táxi”, conta), mas nunca conseguia fazer nada com mais fôlego.

Além de músicas do disco com o Smoke City (“Underwater love” e “Águas de março (joga bossa mix)”), ela canta novas músicas e covers de “Mané João” (Roberto e Erasmo Carlos), “Bala com bala” (João Bosco e Aldir Blanc) e “Hit me with your rhythm stick”, de Ian Dury & The Blockheads (“que eu ouvi quando criança e achava que era a música britânica”).

Os dois shows serão bem diferentes, promete. O do Studio RJ, mais “barulhento”. O de Petrópolis, mais intimista.

— Quando eu era criança, chamavam a casa de Petrópolis de fantasmagórica, parece que o tempo parou lá. Sempre quis cantar nela, acho que será um belo contraste para o show do Studio — diz Nina, que pretende gravar em vídeo as apresentações.

Vivendo na Inglaterra de direitos autorais e de participações em eventuais projetos de música eletrônica (“minha voz é bem abrangente”, diz), a cantora sonha com a volta definitiva ao seu país.

— O Brasil tem toda a riqueza de que o mundo precisa!

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SUCESSO MUNDIAL em 1997 com a música “Underwater love”, Nina Miranda se apresenta nos dias 19 no Studio RJ e 21 em Petrópolis, na casa que foi de seu trisavô

LIVROS E LITERATURA

FOLHA DE S. PAULO - Livro resgata raro atlas manuscrito do Brasil Holandês

Feito por autores anônimos, provavelmente a mando de Maurício de Nassau, guia estava esquecido em arquivo

Ricardo Bonalume Neto

(05/01/12) Um raríssimo documento histórico, inédito por séculos, finalmente foi publicado: um detalhado atlas do litoral brasileiro, com ênfase no Nordeste, produzido durante a ocupação holandesa da região no século 17.

O manuscrito, conhecido pelo código "4. VEL. Y" e intitulado "A Breve Descrição da Costa do Brasil e mais Alguns Lugares" estava praticamente escondido no Arquivo Nacional holandês em Haia.

Ao pesquisarem material do período da ocupação holandesa, os editores Cristina Ferrão e José Paulo Monteiro Soares toparam com o códice ilustrado em 2007.

O manuscrito sai na íntegra, em edição bilíngue inglês-português. São 45 mapas manuscritos e aquarelados.

Sucesso filológico

Foi preciso um trabalho de detetive filológico para decifrar a toponímia (os nomes dos lugares). A palavra "sucesso", do nome da Vila do Bom Sucesso do Porto Calvo, é grafada no atlas de seis maneiras diferentes: Cucsesso, Sucsesse, Sucxese, Sucxses, Sukus e Suxsis.

Além de reproduções fac-similares das cartas originais, a edição inclui uma versão ao lado com os nomes traduzidos, o que vai facilitar muito a utilização do atlas por outros pesquisadores.

O trabalho de pesquisa envolvido na edição do atlas teve como resultado a provável identificação dos seus principais autores e a data de sua composição. A obra teve autoria coletiva, deve ter sido composta em torno de 1644 e coordenada por João Cornelisz Lichthart e Georg Marcgave, a mando do governador do Brasil Holandês, o nobre João Maurício de Nassau.

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Lichthart era um importante almirante, que fez um raide desastroso para os luso-brasileiros na baía de Todos os Santos em 1641. Marcgrave era um cartógrafo e naturalista alemão, membro do grupo de artistas e cientistas que Nassau trouxe à colônia e autor de um clássico e pioneiro livro descrevendo a natureza brasileira, "Historia Naturalis Brasiliae".

NOS MARES

A pujança econômica da Holanda dependia do seu comércio, e este naturalmente exigia um forte poder naval. O poderio holandês era baseado em suas naus de comércio e de guerra, e elas precisavam de informações claras para serem eficazes.

"Sem esse conhecimento, um marinheiro não vai longe", diz um pesquisador holandês envolvido na edição do atlas, Henk den Heijer.

Além de detalhes de hidrografia, o atlas inclui textos descrevendo os habitantes, a fauna e flora, as povoações. Alguns são divertidos, como a descrição de uma paca, "animal quadrúpede com a cabeça gorda de uma lebre".

O autor continua: "O pênis ereto do macho tem duas sovelas na frente, de maneira que durante a cópula a fêmea produz estridentes gritos, como os gatos da Holanda no mês de março".

O ESTADO DE S. PAULO - Fantasia francesa com sotaque brasileiro

Lançada primeiro na França, série da carioca Pauline Alphen chega ao País

MARIA FERNANDA RODRIGUES

5/01/2012 - Tem gente que passa a vida procurando o tema do livro que um dia talvez venha a escrever. Outros têm o tema e não saem do lugar. Mas tem gente que, como num passe de mágica, ganha um de presente e, de quebra, assunto para pelo menos cinco livros. Pauline Alphen não procurava nada. Só corria mal-humorada debaixo de chuva atrás do ônibus quando ganhou o seu. Era uma manhã de outono em Paris, ela tinha acabado de deixar o filho na creche e estava atrasada para o trabalho. Mesmo com tudo isso, pode reparar no pai que, do alto de um prédio, acompanhava a filha atravessar o pátio para encontrar o irmão gêmeo.

De pé no ônibus, fez as primeiras anotações do que se tornaria, anos mais tarde, a série fantástica Crônicas de Salicanda. "Foi como se eu tivesse aberto uma porta. Percebi que eu tinha puxado um fio de uma meada e que a história tinha várias possibilidades e era muito mais complexa", diz. Passou sete anos construindo o enredo, desenhando esquemas e criando os 31 personagens do primeiro volume - Os Gêmeos, que a Companhia das Letras lança em 20 de janeiro.

Na França, a série vem sendo publicada pela Hachette, o sexto maior grupo editorial do mundo. Os dois primeiros volumes venderam, juntos, mais de 20 mil exemplares. O terceiro está programado para 2012.

Apesar de tocar em temas que podem ser trabalhados em sala de aula, característica sempre valorizada pelo mercado editorial que sonha com as polpudas compras do governo, o livro é lançado na esteira de outros sucessos do gênero que comprovam que extensos romances recheados de personagens, cenários reais e imaginários e fatos históricos têm seu público. Eduardo Sphor é um dos melhores exemplos. Segundo sua editora, já foram vendidos quase 200 mil exemplares de A Batalha do Apocalipse, um calhamaço de 586 páginas.

Pauline não conhece Sphor nem o que está sendo produzido no Brasil nessa área. Na verdade, não gosta de dar rótulos a sua obra e acredita que boas histórias podem interessar a pessoas de todas as idade e preferências literárias. Ela conta que tem leitores de 10 e de 80 anos.

Pauline nasceu no Rio de Janeiro, cresceu e foi alfabetizada na França, voltou ao Brasil no começo da adolescência e foi embora de novo depois da faculdade de jornalismo. A peregrinação talvez se deva ao longo processo de formação e identificação que a filha de uma alagoana e de um francês tem de passar.

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Essa confusão linguística é vista também em sua obra. Quando estava aqui, e já alimentando o desejo de escrever, percebeu que seu português não era bom o suficiente e sabia que só seria lida se escrevesse na língua local. Começou então a ler Clarice Lispector, Guimarães Rosa e Machado de Assis. Travou ainda mais. Seus primeiros livros só foram escritos quando ela já estava de volta a Paris - todos feitos em português e publicados pela Companhia das Letras.

A série fantástica lançada agora, no entanto, lhe apareceu direto em francês e ela ajudou Dorothée de Bruchard na tradução. "Essa relação com a língua é curiosa. Em que idioma escrever? O que eu sou? Consigo escrever tão bem numa língua quanto na outra? Esse é um processo fundamental em minha vida", comenta. "Hoje, poder escrever em francês e ser traduzida é como um ciclo que se fecha."

Pauline escreve o dia inteiro a partir de uma casinha em seu jardim, em Toulouse, e trabalha um pouco com tradução para o cinema - fez as versões de Cidade de Deus, Carandiru e Central do Brasil. Hoje, diz que já consegue quase viver de sua literatura graças à série dos gêmeos.

Da França, os três personagens vistos naquela manhã foram transportados para a Floresta de Salicanda. O século 22 já tinha ficado para trás quando a história começa. Nenhuma cidade tinha sobrevivido à catástrofe causada pela sociedade tecnicizada. Algumas pessoas sim.

Jad é um garoto fraco que sofre com enxaquecas e pesadelos. Claris é uma menina que quer viver uma grande aventura, mas acha que este é um privilégio de meninos. Criados por uma empregada e um tutor, já que o pai se recolheu no alto de sua biblioteca em formato de farol quando a mulher desapareceu misteriosamente, os irmãos dividem sonhos, pensamentos e sensações. Há uma livraria chamada Aleph e o livreiro Borges. Há referências a Isabel Allende, a Goya e a Picasso. O cenário é um castelo. Há chuva incessante, animais que se comunicam com humanos, elfos, profecias e mundos paralelos. Quase todos têm dons parapsíquicos e uma missão no Jogo dos Mil Caminhos.

"A fantasia é um contrato com o leitor em que o escritor diz: vou escrever uma história que não existe, mas proponho que você entre nesse universo. Ele entra, mas exige coerência. Se fizer sentido, ele topa todas as loucuras." Para ela, talvez o universo de Garcia Márquez não seja mais real do que o de Harry Potter. "É tudo ficção. Definir gênero e idade é coisa do mercado. O escritor e o leitor não precisam dessa vinculação e todo mundo precisa de um pouco de fantasia."

O ESTADO DE S. PAULO - Uma coleção para o polemista maior

Série reúne 22 volumes com a obra integral de um dos mais controvertidos ensaístas brasileiros, o carioca José Guilherme Merquior, morto em 1991, homenageado ainda com biografia e livro tributo

Temperamento polêmico, o diplomata, ensaísta e acadêmico carioca José Guilherme Merquior (1941-1991) colecionava adversários intelectuais com a facilidade com que citava nomes imemoráveis - o que lhe dava enorme vantagem sobre seus opositores. Erudito, divertia-se em fustigar os inimigos com adjetivos ruidosos e denúncias de plágio. O crítico e ex-ministro da Educação Eduardo Portella definiu-o como "a mais fascinante máquina de pensar do Brasil pós-modernista - irreverente, agudo, sábio". Dessa "máquina", que parou aos 49 anos, saíram 22 livros produzidos em 25 anos de vida acadêmica, que começam a ser publicados ainda este semestre pela Editora É Realizações. Só este ano são lançados oito deles (seis de crítica e dois de ensaios) na Biblioteca José Guilherme Merquior, coleção organizada pelo professor de Literatura

Comparada da Uerj, João Cezar de Castro Rocha.

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Ele se definia comomum liberal em economia, social-democrata em política e anarquista em cultura (Antonio Gonçalves Filho)

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Até 2014 a coleção estará completa, inclusive com dois volumes adicionais, o primeiro sendo um livro tributo, escrito por quem conviveu com Merquior, e o último uma biografia ainda em preparo. A meta, diz o organizador, é criar um público novo para a obra de um polemista que investiu contra a filosofia de Foucault, defendeu que o marxismo estava em processo de liquidação, atacou a prática da psicanálise ("uma doença do intelecto", dizia) e desancou luminares da crítica literária, incomodando ainda consagrados compositores como Caetano Veloso, a quem chamou de "pseudointelectual de miolo mole". Em troca, foi acusado de "terrorismo bibliográfico" pelo psicanalista carioca Eduardo Mascarenhas (1942-1997) e chamado de "empregadinho da ditadura militar" pelo filósofo e dramaturgo Carlos Henrique Escobar.

Tão múltipla como a formação intelectual de Merquior é a do organizador da biblioteca que leva o nome do diplomata. João Cezar de Castro Rocha é autor, entre outros livros, de Literatura e Cordialidade - o Público e o Privado na Cultura Brasileira (1998) e Antropofagia Hoje? - Oswald de Andrade em Cena (lançado o ano passado pela É Realizações). O professor encara o desafio de organizar a reedição das obras e examinar os inéditos de Merquior justamente porque seu itinerário e sua independência se parecem com a trajetória intelectual do homenageado.

Aos 47 anos, Castro Rocha, colaborador do Sabático, fez conferências em vários países, dá aulas numa universidade americana e tem igual vocação para a polêmica - recentemente, num seminário sobre René Girard (de quem também organizou a obra completa), comprou briga com as maiores autoridades estrangeiras na obra do filósofo francês.

"Minha geração não leu Merquior, autor de livros fundamentais como Formalismo e Tradição Moderna (1974), que antecipou algumas questões estéticas só discutidas na década seguinte, de 1980", observa Castro Rocha. Ele admite que o trânsito do diplomata pelas altas esferas pode ter afastado as novas gerações da sua obra- Merquior foi assessor do chefe da Casa Civil, João Leitão de Abreu (1913-1992), durante a ditadura do general Médici (1905-1985) e um dos ideólogos do governo Collor, ao lado do também diplomata e senador Roberto Campos (1917-2001). "No entanto, é conveniente lembrar que um dos melhores amigos de Merquior foi o marxista Leandro Konder, a quem sempre ajudou, inclusive financeiramente", lembra o organizador da coleção.

De fato, o diplomata, vinculado à corrente liberal - seu último livro é O Liberalismo, Antigo e Moderno (1991)-, não só tinha amigos comunistas como escreveu O Marxismo Ocidental (1987), um de seus livros mais polêmicos. Entre outras coisas, Merquior afirmava (há 25 anos) não ver futuro para o marxismo e decretava como permanente a crise pela qual passava a doutrina - de raízes religiosas, segundo ele, o que provocou escândalo. No livro sobram ainda farpas para o filósofo alemão Habermas, herdeiro da Escola de Frankfurt e um dos mais prestigiados pensadores do marxismo cultural. Em outro livro, A Natureza do Processo (1984), ele chega a arriscar um chocante diagnóstico de Marx, definindo-o como "um caso de esquizofrenia intelectual". O que ele não aceitava no marxismo, segundo disse o ex-ministro Sergio Paulo Rouanet numa mesa-redonda sobre Merquior, era o dogmatismo.

Como revelou Eduardo Portella nesse mesmo encontro, realizado na Academia Brasileira de Letras em 2001, poucos sabem que Merquior teve um "pequeno período lukacsiano", quando escreveu um artigo intitulado Contradições da Vanguarda, que deve figurar no livro dedicado aos textos inéditos do diplomata. Até mesmo no livro Arte e Sociedade em Marcuse, Adorno e Benjamin (1969), o segundo a ser lançado pela É Realizações, persiste um "sotaque heideggeriano", segundo Portella, concluindo que não foi Marx que retirou Merquior de Frankfurt, mas Heidegger.

Ao ser transferido para Paris, seu primeiro posto internacional, em 1966, o diplomata foi inicialmente atraído pelo estruturalismo, mas sua independência não permitiu que defendesse a causa. Aluno do antropólogo Lévi-Strauss, Merquior tem alguns livros escritos originalmente em francês e inglês e traduzidos para o português, como Verso e Universo em Drummond (1975), sua tese de doutorado na Sorbonne (de 1972), que será lançada durante a Flip (de 4 a 8 de julho), em Paraty. O organizador Castro Rocha o inclui entre os três mais importantes do diplomata (os outros dois são Razão do Poema, seu primeiro livro, de 1965, e Formalismo e Tradição Moderna). "Estamos revisando outras traduções, pois Merquior era muito cioso de sua obra." Entre os ensaios produzidos quando Merquior servia nas embaixadas do Brasil na Europa estão A Estética de Lévi-Strauss (1977) e Rousseau & Weber (1989), dois estudos de peso que se tornariam obras de referência - inclusive, para a comunidade cultural europeia.

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Julia Merquior, filha do ensaísta, revela que, curiosamente, nenhuma editora antes da É Realizações procurou a família para recolocar esses títulos - fora de catálogo há anos - no mercado. "Claro, José Mário Pereira, da Topbooks, publicou muitos títulos, mas era mais a parte literária, direcionada à universidade." Um dos maiores especialistas na obra do amigo, ele republicou, em 1996, entre outros títulos que serão relançados na coleção, De Anchieta a Euclides (1977), e foi convidado pelo organizadora Castro Rocha para organizar os volumes extras com os inéditos e a correspondência de Merquior. Entre os missivistas estão o antropólogo Lévi-Strauss, o poeta Carlos Drummond de Andrade, o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre e o cineasta baiano Glauber Rocha (que lhe pediu uma bolsa para estudar a obra do escritor Oscar Wilde em Londres).

Desde cedo Merquior conviveu com grandes intelectuais brasileiros. Aos 22 anos, foi convidado por Manuel Bandeira para organizar a antologia Poesia do Brasil e, antes, aos 18 anos, já assinava textos no suplemento dominical do Jornal do Brasil - alguns incluídos em Razão do Poema, republicado pela Topbooks em 1996 com contracapa assinada por Antonio Candido, que o classificou entre os maiores críticos que o Brasil já teve, destacando ainda sua capacidade de interpretar textos "sem os reduzir à mecânica formalista".

Além de crítico literário, diplomata, filósofo, bacharel em Direito e membro da Academia Brasileira de Letras, Merquior tinha, a exemplo do organizador de sua coleção, uma paixão imensa por arte. Sua biblioteca, que chegou a ter mais de 10 mil volumes (8.300 comprados pela Fundação Banco do Brasil), abrigava desde os clássicos da Filosofia (Spinoza, seu mentor, em primeiro lugar) até estudos da arquitetura de Buckminster Fuller e da pintura de Poussin, que adorava.

"Lembro dele nos levando (ela e o irmão Pedro, que morreria num acidente de moto) ao museu e como sempre tinha informações sobre os autores dos quadros", diz Julia, alfabetizada em língua inglesa durante os anos em que Merquior serviu na embaixada de Londres. O traço mais característico do pai, segundo a ex-atriz e agora dona de uma empresa de recicláveis, era o humor perene. "Fico imaginando o que ele diria do governo Lula, da Dilma, são perguntas que me faço sempre." Julia garante que o pai ficou muito feliz com a volta das eleições diretas, em 1985, esperança que fez o maior pensador liberal do Brasil abraçar o caminho político após a morte de Tancredo Neves. "Foi o período em que conversamos mais", revela. "Notei que a sua luta era contra ver as coisas de uma maneira só, sendo ele profundo conhecedor da História."

Visto como um direitista pela esquerda, Merquior se definia como um liberal em economia, social-democrata em política e anarquista em cultura. Ele dizia que no Brasil há uma intelectualidade, mas não uma intelligentsia. O modelo histórico que tinha em mente era o dos intelectuais da Europa oriental do século 19, quase párias cuja independência incomodava a sociedade em que viviam. Aqui, os intelectuais, dizia, se organizam em corporação. Um tema que rendeu e ainda rende muita discussão.

O ESTADO DE S. PAULO - Maria Bonita

Rainha do cangaço, Maria Bonita ganha estudo da neta em seu centenárioAventura da moça que aos 19 anos se juntou a Lampião e seu bando é contada em 'Bonita Maria do Capitão'

José Nêumanne

9/01/2012 - Nascida e criada na Malhada da Caiçara, no sertão baiano, Maria de Déa foi destinada ao casamento, celebrado em plena adolescência, e a uma vida pacata. Aos 16 anos, casaram-na com o sapateiro Zé de Nenê, mas o lar do casal, que foi morar no povoado de Santa Brígida, ali perto, logo desmoronou, segundo as más línguas porque o varão era pacato demais para a inquietação fabril da mulher. Além do mais, o marido era estéril e a diferença de temperamento gerou conflitos que levavam o par a se separar e se reconciliar até o dia em que, no fim de 1929, cruzou a soleira dos pais dela, Zé Filipe e Dona Déa, o temível Rei do Cangaço no sertão, Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, aos 32 anos.

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O chefe de bando era vingativo, cruel e destemido, mas também tinha lá seus laivos de herói romântico. Dos saques das fazendas dos ricaços do sertão furtava perfumes franceses de boa cepa e o melhor uísque escocês. Ao relento nos acampamentos no zigue-zague das fugas para escapar da perseguição policial, puxava um fole de oito baixos e a ele foi atribuída a autoria de um dos maiores sucessos do cancioneiro sertanejo e nacional, Muié Rendeira, de cuja autoria se apropriaria, no Rio, o malandro Zé do Norte.

Não era de estranhar que fizesse corte à morena e começou por lhe encomendar que bordasse suas iniciais CL (Capitão Lampião) em 15 lenços de seda, o que permitiu a abordagem e, depois, serviu de pretexto a novo encontro, que terminou com a

retirada da morena separada do marido da casa dos pais. Foi, então, que a beleza da escolhida do Rei lhe deu a alcunha com que morreu na Grota do Angico, Sergipe, ao lado do amante, e que se fixou na memória do povo: Maria Bonita.

Expedita, filha do casal real da caatinga, criada no Estado em que os pais morreram, Sergipe, sobreviveu à carnificina e gerou, entre outros filhos, Vera Ferreira, que, professora universitária em Aracaju, tem mantido viva a memória dos avós e empreendeu obra de vulto para comemorar o centenário da avó. Bonita Maria do Capitão, livro trazido a lume pela Editora da Universidade do Estado da Bahia, a ser lançado amanhã em São Paulo, na Livraria da Vila é obra de fôlego. O volume de 328 páginas, organizado pela neta, jornalista e escritora, com a cumplicidade da desenhista paraibana Germana Gonçalves de Araújo, reproduz o legado da personagem lembrada pelos caprichos e vontades, mas também pelo bom humor e descontração quase infantil, com esmero e bom gosto.

A aventura da menina que saiu de casa aos 19 anos para percorrer o sertão nordestino a pé num bando de cangaceiros até tombar, aos 27, humilhada a ponto de ter a cabeça, decepada quando ainda vivia, exposta à curiosidade popular, tem sido narrada em prosa, verso, imagem e som.

O casal, evidentemente, foi tema de muitos romances de cordel. Num deles, Saboia, chamado de Marechal de Cordel do Cangaço, registrou: “Cupido fez passatempo /com Maria e Lampião/ ela Rainha ele Rei /governou nosso sertão /cangaço e amor viveu /não foi uma ilustração”. Rouxinol do Rinaré e Antônio Klévisson Viana versejaram: “Maria Gomes de Oliveira /amou muito a Lampião /decidiu ser a primeira /cangaceira do sertão /ignorando o destino /acompanhou Virgolino /pela força da paixão”. O livro reproduziu a capa de um cordel de Sávio Pinheiro sob título O Arranca-rabo de Yoko Ono com Maria Bonita ou A Desaventura de John Lennon e Lampião, editado em 2008.

Seu apelido famoso também foi muito cantado. “Acorda, Maria Bonita, /levanta pra fazer café, /que o dia já vem raiando /e a polícia já está de pé” – esta é uma estrofe de Muié Rendeira, que ou foi acrescentada depois ou se tornou, como mofou Bráulio Tavares em seu texto registrado no livro, o caso de premonição mais espetacular da história da música popular, de vez que o casal foi morto, de fato, ao amanhecer.

Seu nome também foi muitas vezes lembrado em funções de repentistas pelo sertão afora. Certa vez, Otacílio Batista glosou: “Virgolino Ferreira, o Lampião, /bandoleiro das selvas nordestinas /sem temer a perigo nem ruínas /foi o rei do cangaço no sertão, /mas um dia sentiu no coração /o feitiço atrativo do amor /a mulata da terra do condor /dominava uma fera perigosa. /Mulher nova, bonita e carinhosa /faz o homem gemer sem sentir dor”. Zé Ramalho pôs música nos versos e a canção virou tema da minissérie Lampião e Maria Bonita, na Rede Globo.

A beleza de Maria, mostrada em foto e cinema por Benjamin Abrahão, fascinou artistas plásticos como Mino e virou tema obrigatório de xilogravadores como J. Borges, Mestre Noza, J. Miguel e Marcelo Soares. Suas peças de vestuário e as joias que usava foram reproduzidas no livro, que

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Aventura.Ela tinha 19 anos quando saiu de casa para percorrer o sertão.

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também se refere à peça de Rachel de Queiroz sobre ela e a filmes do gênero dito nordestern, que a adotaram como personagem. Como resumiu Maria Lúcia Dal Farra em poema: “Maria de Déa, Maria Bonita, minha Santinha! / Mulher de tantos nomes / tão poucos para contê-la”.

ISTOÉ - Clarice na rede

Reflexões e frases de Clarice Lispector, antes consideradas complexas, tornam-se populares na internet - e a escritora ganha até uma data em sua homanagem: o "Dia C"

Eliane Lobato

(09/01/12) Dois novos livros de Clarice Lispector (1920-1977) acabam de chegar às livrarias – “Como Nasceram as Estrelas” e “Clarice na Cabeceira – Romances”, este organizado pelo escritor e crítico literário José Castello. Poderiam ser apenas mais dois lançamentos se a escritora ucraniana naturalizada brasileira não fosse hoje um dos maiores fenômenos de citação em redes sociais, cadernos escolares, objetos de decoração, placas e blogs.

O universo “clariciano”, como são chamados os milhares de fãs da autora, se propaga na internet como fogo ao vento. Um blog diz que Clarice está passando por um processo de “cheguevarização”, numa referência à famosa foto, que roda o mundo, retratando o guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara. No mês passado, foi lançado o “Dia C” – 10 de dezembro, data de seu nascimento – para celebrar a obra de Clarice, numa iniciativa da editora Rocco que tem 21 títulos publicados da autora. Segundo o editor Paulo Rocco, a intenção “é manter a obra viva, em permanente circulação de ideias, com eventos e encontros literários pelo País”.

José Castello resume o motivo pelo qual a obra da romancista e cronista comunica-se tão bem com pessoas de diferentes faixas etárias, nível social e intelectual: “A literatura de Clarice toca o coração.” Ele lembra que sua escrita “não é culta”, até porque a autora não se interessava em torná-la assim. E aponta um problema na onda de transcrições de seus pensamentos e reflexões, já que muitas delas “são falsas ou, pelo menos, adaptadas às conveniências de quem as usa”. Ainda assim, ele concebe um lado positivo: “Servem como iscas para atrair os leitores.” Na mesma linha, o biógrafo americano Benjamin Moser considera as reproduções “cafonas”, mas reconhece que elas tiram o caráter hermético da obra, tornando-a “mais popular”. De fato, a fragmentação do pensamento parece ser uma tendência inevitável dos tempos atuais e a pressa faz com que as pessoas prefiram textos curtos. Por isso, grandes nomes como o de Clarice são os mais forjados, copiados e adulterados na internet. Bem ao estilo da escritora, Castello resume o fenômeno: “Isso não é bom nem é ruim. É.”

Citações famosas da autoraPensamentos de Clarice que são reproduzidos em redes sociais e ilustram agendas e cadernos escolares

“O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de você mesma”

“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome”

“Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo”

“Porque há o direito ao grito. Então eu grito”

MÉXICO – INFORMADOR - Asia y Brasil, dos metas para el mercado editorialEspaña es prácticamente la dueña del comercio del libro iberoamericano; Latinoamérica, sugieren especialistas, podría mirar a países con otros idiomas

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GUADALAJARA, JALISCO (09/01/2012).- La balanza del mercado editorial entre España y los países latinoamericanos se mantiene a favor del país europeo, especialmente por el fortalecimiento de las grandes editoriales trasnacionales que han ido comprando empresas locales.

Por ello, uno de los retos de la industria latinoamericana, según el especialista en derechos de autor José Luis Caballero, es lograr que los autores de habla hispana sean traducidos a otras lenguas como el portugués, el chino o el inglés, y que en Estados Unidos se lea más en español.

Tan sólo por la población, Brasil y China son dos mercados interesantes a los que podrían aspirar las empresas editoriales de habla hispana.

Según la Cámara Nacional de la Industria Editorial Mexicana (Caniem), la balanza comercial es positiva con todos los países de la región —exporta más de lo que importa—, con excepción de España, país con el que normalmente el saldo es negativo.

En 2009, la balanza de México con España fue de menos 106 millones de pesos, muy similar a como fue con Estados Unidos, de menos 109 millones de pesos, según datos del Centro Regional para el Fomento del Libro en América Latina y el Caribe (Cerlalc) que aparecen en El espacio iberoamericano del libro 2010, investigación que se publica cada dos años.

Maricruz Moreno, directora de Comercio Exterior de España, confirma que a la Feria Internacional del Libro de Guadalajara no asisten a comprar derechos, pues para eso está la Feria de Frankfurt, sino a amarrar y dar seguimiento a muchas de las ventas con países latinoamericanos. “Aunque a veces sólo se trata de continuar una relación comercial, en este mercado hay que estar presentes, hay que visitar a los clientes, mantener el contacto, y además siempre hay posibilidad de hacer nuevos negocios”.

Otro dato: de las exportaciones de Iberoamérica en 2009, 55.8% fue de España y toda América Latina apenas alcanzó 39.8 por ciento. De esta última cifra, los países con mayor fuerza son México y Colombia, con 62.5% del total de exportaciones, “dos países reconocidos por la destacada presencia de empresas editoriales y la fuerte industria de impresión en la región”, según el Cerlalc.

De las exportaciones de América Latina, tres cuartas partes son intrarregionales y una quinta parte se envía a Estados Unidos, lo que evidencia que “la región tiene poca participación en el mercado de España”: en 2009 los países latinoamericanos apenas exportaron 7.2 millones de dólares, mientras que, en el sentido inverso, España vendió 214 millones de dólares, es decir, 30 veces más. “Esta asimetría se mantiene y profundiza, lo que exige en el futuro mayor difusión de la oferta bibliográfica, participación en ruedas de negocios y aumentar la oferta de servicios de impresión, entre otros factores”.

En El espacio iberoamericano del libro 2010, el Cerlalc sugiere que se siga incentivando a los autores y pensadores de una cultura diversa, para romper con el imaginario español que considera a Latinoamérica sólo como un mercado comprador.

México, por ejemplo, exporta principalmente a Colombia, Argentina y Brasil. Sus nichos fuertes son literatura, educación, libros de interés general y derecho. Además, es el país latinoamericano que congrega más editoriales internacionales: 30 españolas y al menos 14 de otras nacionalidades.

Brasil: mucho inglés y francés, poco español

En los últimos años, Brasil le ha apostado a fortalecer su industria editorial y a apoyar a autores financiando la traducción de su obra a otras lenguas, lo que permite que, en comparación con otros países de Latinoamérica, tenga mayor relación comercial con países de Europa.

Dolores Manzano, de Braziliam Publishers, explica que, en el último estudio comercial que financió el Gobierno federal para buscar cómo llegar a otros países, encontraron ocho mercados principales y dos secundarios.

Estados Unidos aparece como el principal, seguido de Alemania, Francia, Japón, Corea del Sur, México, Chile y Argentina. Los secundarios son Angola y Mozambique.

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“Es tan importante para el Gobierno de Brasil el mercado editorial, que a través de Aphex Brasil tiene oficinas en distintas partes del mundo donde se promueve la cultura y los autores brasileños, porque hay muchísimos que no se conocen (más de 40 mil)”.

Y, a pesar de que es un país latinoamericano, Brasil traduce al portugués muchos más títulos de inglés y de francés que de español. En 2008, por ejemplo, hubo 10.9 millones de títulos traducidos al inglés, 2.1 millones al francés y 1.8 millones al español. Un año después, de los dos primeros idiomas hubo un incremento de 74% y 10%, respectivamente, mientras que del español se tradujo 41% menos.

Martín Mengucci, encargado de ferias de la Cámara Argentina, explica que Brasil es un mercado al que les ha costado trabajo entrar, principalmente porque España ha avanzado mucho en este país. “Nos interesa mucho la traducción al portugués, pero ha sido a paso lento. Otro reto es voltear a Asia, un mercado desconocido casi para todos, pero a ellos también es difícil venderles”.

Un ejemplo de la escasa relación entre México y Brasil en el tema editorial es que en nuestro país no se tradujo ni una sola obra del portugués al español en 2008, mientras que, ese mismo año, 60% de las traducciones fue del inglés al español, el mismo porcentaje de títulos que Brasil tradujo de inglés a portugués.

Dolores Manzano puntualiza que el proyecto de impulsar economías culturales es “muy nuevo”, surgió en 2008 con la creación de Aphex Brasil, que apoya a 80 productos brasileños, entre ellos el libro. “Y uno de nuestros objetivos también es estar más cerca del resto de países latinoamericanos, así como de Europa”.

Argentina es otro país que le apuesta a la traducción de sus autores del español a otro idioma. El programa también tiene pocos años. Y México, a través del Consejo Nacional para la Cultura y las Artes (Conaculta), también tiene un fondo de apoyo, pero apenas está arrancando y tiene muy poco alcance, según explican en la Cámara Nacional de la Industria Mexicana.

Otras lenguas, los posibles mercados futuros

Por lo anterior, José Luis Caballero, socio fundador del despacho Jalife Caballeros —dedicado a la propiedad intelectual—, insiste a las editoriales latinoamericanas que le apuesten al nicho de vender los derechos para que se traduzcan a otros idiomas. “Tenemos que ampliar las fronteras, al menos en México: que no intenten circular el libro sólo entre Baja California y Chiapas, hay mercados nuevos a los que tenemos que apostarle”.

Desde su visión, la apertura del Salón de Derechos en la FIL de Guadalajara ha abonado al tema y a que se profesionalicen los agentes literarios y el personal de las editoriales. Aunque la apuesta no es convertirse en la Feria de Frankfurt, que tiene como fortaleza justo el mercado de derechos, José Luis Caballero comenta que en la feria de habla hispana más importante también tiene que existir un espacio como éste.

“Ha crecido el proyecto: comenzamos con 20 mesas y ahora hay 200. También cada vez hay más gente que se inscribe a los talleres y eso, a la vez, permite estar actualizados ante un mercado que ha tenido cambios brutales, especialmente por el mercado de la masificación, impulsado en primer lugar por los grupos españoles que se fusionan con sellos locales. También está el nuevo nicho electrónico, que tiene que ser un nuevo horizonte de venta para las nuevas generaciones”.

Entonces, un reto es “lograr que se traduzcan las obras en español al inglés, al italiano, al portugués… dejar de pensar en que sólo quieren que los lean en Argentina o en Colombia…”.

LAS CIFRAS

El libro en Iberoamérica

LOS AUTORES

Autores extranjeros más publicados por editoriales latinoamericanas

39% Estadounidenses.

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17% Españoles.

11% Franceses.

8% Británicos.

6% Italianos.

5% Alemanes.

México tiene: 9,604 autores locales; 4,996 de otros países

Brasil tiene: 40,291 locales; 6,903 de otros países

EDITORIALES

Hay dos mil 78 editoriales en Iberoamérica

852 son de España.

496 de Argentina.

693 de Brasil.

219 de México.

17 de Bolivia.

Sólo nueve editoriales tienen más de 100 títulos; el resto tienen un catálogo de entre tres y 10 libros.

En Brasil hay 58 empresas con más de 100 títulos; Argentina tiene 20.

FILIALES

Las filiales españolas en 20 países iberoamericanos son:

20 Océano.

20 Grupo Santillana.

13 Grupo Everest.

9 Grupo Planeta.

9 Grupo SM.

7 Grupo Zeta-Ediciones B.

5 Urano.

Hay 19 filiales estadounidenses en América Latina

13 filiales Mac Graw-Hill, para libros profesionales y educativos, con 30 años en AL.

4 filiales Scholastic, con libros de interés general y educativos.

Editoriales inglesas

16 Pearson.

20 Cengage.

5 Macmillan.

También hay importante presencia de editoriales religiosas con sede en Italia: Paulinas y San Pablo.

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TRADUCCIONES

En el caso de Brasil y México, se tradujo del inglés 60% del total de títulos. Otros idiomas de los cuales se hicieron traducciones fueron el francés, el alemán, el italiano y español.

México tradujo en 2008:

108 títulos del inglés

33 de francés.

14 de alemán.

5 italiano.

Nada de portugués.

En general, el comercio internacional del libro como producto editorial se concentra en los países de una misma zona lingüística. Sin embargo, el inglés tiene en el mundo un uso amplio como lengua de comunicación técnica y comercial. Index Translationum 2010 revela la posición dominante de ese idioma como lengua de referencia, con el 55% de las traducciones de libros.

1,112 millones de pesos alcanzaron las exportaciones en Iberoamérica en 2009.

669.7 MDP correspondieron a España y Portugal.

La balanza comercial de México con España es de menos 106 millones de pesos en 2008 y, con Estados Unidos, de 109 millones de pesos.

Fuente: Centro Regional para el Fomento del Libro en América Latina y el Caribe (Cerlalc)

FOLHA DE S. PAULO - Noemi Jaffe destrincha cotidiano em livroLinguagem, pequenos fatos e memórias são temas de 'Quando Nada Está Acontecendo' MARCIO AQUILES, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

(10/01/12) O novo livro da escritora e crítica literária Noemi Jaffe, "Quando Nada Está Acontecendo", traz uma coletânea de 72 textos publicados em seu blog nadaestaacontecendo.blogspot.com. A obra é composta por pequenos textos com estrutura de diário.

"A seleção do que entrou no livro foi feita por um processo de afinidade, de química com o que eu havia escrito. Basicamente são três tipos de texto: sobre a linguagem, pequenos acontecimentos e algumas memórias", afirma a autora.

Em relação ao primeiro gênero, a formação de crítica literária da escritora salta aos olhos do leitor.

A escritora lida ali com uma espécie de metapoesia, servindo-se de nomenclatura e conceitos normativos da língua portuguesa.

O que chama a atenção é a maneira como Jaffe consegue utilizar isso de maneira clara ao leitor leigo, sem nenhum tipo de hermetismo obstruindo suas doces histórias.

"Prezo por um texto que consiga ser complexo e simples ao mesmo tempo", diz.

Em "Trema", por exemplo, vemos a anedota de grupos do sinal ortográfico reunidos em uma caverna, após terem desaparecido por causa do novo acordo ortográfico.

O escrito ainda faz um vaticínio: eles apareceriam de surpresa nos textos de algumas pessoas.

No fragmento "Angústia", a ortografia da palavra é dissecada por meio de um jogo linguístico que cria significações a partir de sua fonética e de sua semântica.

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"No meu dia a dia, eu praticamente vejo as palavras. Estou preocupada com a sonoridade e a visualidade delas", conta.

Processo semelhante é adotado em "Machado", no qual elucubra sobre o som da palavra em inglês ("ax").

DIA A DIA

Em relação aos textos pautados em acontecimentos cotidianos e memórias pessoais, a simplicidade dá o tom, como em "Bacalhau", "Mortadela" ou "Ovo", que versam sobre os alimentos que os nomeiam.

Mas a autora destaca a composição balanceada da obra: "Tudo o que eu não queria era que o livro fosse algo engraçadinho, então eu fiz um contrapeso de textos leves com a melancolia".

Sobre o gênero literário do livro, a autora afirma considerar os fragmentos como "crônicas poéticas". A obra também é composta apenas pelas letras minúsculas.

"A maiúscula dá uma formalidade que eu queria evitar, por isso a escolha por minúsculas, dos títulos substantivos e dos números por extenso", explica.

O livro é ilustrado por Vivian Altman e a orelha é assinada pelo poeta e colunista da Folha Fabrício Corsaletti.

"Os textos se prestavam a serem ilustrados. Vivian Altman realizou uma experimentação entre fotografia e desenho. Eles adquiriram um significado próprio, uma linguagem paralela", diz Jaffe.

MODA

FOLHA DE S. PAULO - Fashion Rio abre hoje em ritmo bossa novaMostras, abertas só aos convidados, trarão capas de álbuns de César Villela e móveis do arquiteto Sérgio Rodrigues

Evento busca imagem "tropical-chic" de exportação aliando música e design aos desfiles de moda VIVIAN WHITEMAN e PEDRO DINIZ, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

(10/01/12) A 20ª edição do Fashion Rio, temporada outono/inverno 2012, começa hoje em clima de nostalgia carioca. Em busca de uma imagem "tropical-chic" de exportação, o evento escolheu como tema da edição uma frase que lembra os títulos dos sambas-enredo de Carnaval: "Sou Rio, essa bossa é nossa".

"A bossa nova sempre foi sinônimo de sofisticação", diz o pintor e designer gráfico Cesar Villela, que terá 20 de suas icônicas capas de discos de grandes nomes do movimento expostas no evento.

A mostra exibirá o total de 55 capas de disco transformadas em painéis gigantes. A curadoria e a pesquisa são de Charles Gavin, dos Titãs.

Trata-se de um panorama da influência do design gráfico na estética imortalizada em discos de MPB das décadas de 60 e 70.

O foco é a bossa nova e, sobretudo, as capas de álbuns lançados pela gravadora Elenco, assinadas por Villela, entre elas, "O Amor, o Sorriso e a Flor", de João Gilberto, e títulos de Baden Powell e Vinicius de Moraes.

"Nas capas que criei, optei por uma estética minimalista, que tinha tudo a ver com a ideia de elegância da bossa nova. Eu traduzi isso em pouca cor, alto contraste e poucos detalhes", diz Villela.

Segundo o artista, no início dos anos 60 as vitrines das lojas eram um dos únicos canais de divulgação dos lançamentos musicais.

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As capas, em geral, eram bastante coloridas e cheias de informação, até a chegada da estética bossa-novista criada por ele. "Para chamar a atenção no meio daquela confusão, optei por limpar tudo. Foi uma novidade um artista brasileiro se apresentar dessa forma", afirma.

Villela diz, no entanto, que a estética minimalista que tanto agradou aos jovens da época, tanto na música quanto no visual, virou suvenir.

"Hoje em dia a bossa nova é para elites e turistas que vão atrás de música brasileira. A juventude carioca não consome mais essa informação, que concorre com o funk."

Depois do fim do evento, Villela fará uma mostra de pinturas na sede dos Correios do Rio de Janeiro.

MOBILIÁRIO

O Fashion Rio terá ainda uma exposição sobre o trabalho do arquiteto e designer Sérgio Rodrigues, com curadoria de Mari Stockler.

A exposição contará com móveis que integram o acervo pessoal do arquiteto.

A mostra terá objetos como uma caderneta escolar, cartas, fotos da infância e maquetes de casas projetadas por Rodrigues.

Parte da entrevista feita por Mari Stockler com o arquiteto foi transformada em um vídeo, no qual o designer aparecerá contando histórias de sua vida.

O evento acontece até o próximo dia 14, e tem como destaques de moda desfiles de grifes como Cantão, TNG e Maria Bonita Extra.

GASTRONOMIA

FOLHA DE S. PAULO – Cardápio de morroCom a ocupação policial nas favelas do Rio, restaurantes de comida caseira viram atração turística para moradores e visitantes estrangeiros

ARTUR VOLTOLINI, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

(11/01/12) Com a ocupação policial nos morros, as favelas do Rio de Janeiro voltam a fazer parte do roteiro gastronômico e turístico da cidade. Lá, a influência nordestina se mistura à cultura local para dar origem a pratos como vaca atolada, frango com quiabo e polenta e o "tropeiro carioca", a versão regional do virado à paulista.

São restaurantes simples, de receitas familiares, com preços entre R$ 7,50 e R$ 18.

A preocupação com a qualidade dos ingredientes e a limpeza das cozinhas destoa do cenário confuso, e ainda sujo, das favelas cariocas.

ALVARÁ

A luta pela legalização dos estabelecimentos é dura, tanto pela dificuldade em conseguir o alvará quanto pela incerteza de saber se será possível pagar os impostos.

Severino Santana, dono da Barraca do Tino, no morro dos Prazeres, já teve o alvará recusado cinco vezes.

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Carne de sol caseira é um dos pratos da Barraca do Tino, no morro dos Prazeres, em Santa Teresa, no centro do Rio (Paula Giolito/Folhapress)

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Já Gilvanildo Pereira, do restaurante japonês Sushi Yaki, na Rocinha, teme perder clientes com a legalização dos serviços de luz e gás, já que terá que repassar os novos custos aos preços.

Para chegar, é melhor ir de ônibus, van ou táxi -não há onde parar carro nos becos das favelas. E levar dinheiro vivo, a maioria dos lugares não aceita cartões de crédito nem de débito.

VEJA ONDE COMER NO RIO DE JANEIRO

BAR DO DAVID: ladeira Ary Barroso, 66, Chapéu Mangueira; tel. 0/xx/21/8156-3145

BARRACA DO TINO: rua Alm. Alexandrino, 3.780, casa 7, morro dos Prazeres; tel. 0/xx/21/2225-5780

BAR DO ZEQUINHA: rua do Mengão, 14, Dona Marta; tel. 0/xx/21/8229-9968;

BAR E RESTAURANTE ZÉ MINEIRO: avenida Presidente João Goulart, 759, Vidigal; tel. 0/xx/21/3324-1767

PENSÃO BELA VISTA: rua Hortaliça, 12, morro do Pavão-Pavãozinho; tel. 0/xx/21/2513-2288

TAPIOCA DA LENI: rua Armando de Almeida; Lima, casa 6, Vidigal; tel. 0/xx/21/3322-0323

RESTAURANTE ALTAS HORAS; rua Euclides da Rocha, 13, Ledeira dos Tabajaras; tel. 0/xx/21/3208-0017

RESTAURANTE CARDÁPIO; avenida Presidente João Goulard, 625, Vidigal

SUSHI YAKI: travessa Kátia, 31, Rocinha; tel. 0/xx/21/3324-3040

OUTROS

O ESTADO DE S. PAULO – Dilma estende a Lei Rounaet à música gospel

(11-01-2012) A presidente Dilma Roussef sancionou na segunda-feira uma lei que altera a Lei Rouanet para estender os benefícios da renúncia fiscal à música religiosa.

O texto inclui, no escopo da Lei Rouanet (legislação que define o leque de atividades culturais passíveis de financiamento público), o artigo 31-A, que estabelece o seguinte: "Para os efeitos desta Lei, ficam reconhecidos como manifestação cultural a música gospel e os eventos a ela relacionados, exceto aqueles promovidos por igrejas." Assina conjuntamente com a presidente o ministro da Cultura interino, Vitor Paulo Ortiz Bittencourt.

Na prática, significa que megaeventos de música gospel poderão ser subsidiados com verbas do tesouro nacional, o que suscitou temores, entre produtores culturais, de mais uma "concorrência desleal" pelos recursos da Lei Rouanet. Atualmente, os pequenos produtores já se queixam que o incentivo a grandes institutos bancados por bancos ou megaempresas drena os recursos e também dificulta a busca por patrocínios.

Embora o texto da presidente impeça a realização de megaeventos promovidos por igrejas (como showmissas e cultos em estádios), abre a possibilidade de que empresas ligadas ao segmento religioso possam usufruir da renúncia fiscal - em geral, usando recursos vultosos.

A Lei Rouanet comemorou em dezembro 20 anos de existência. Em 2010, destinou R$ 1,16 bilhão para a cultura, beneficiando 7.473 projetos - 77 % dos recursos ficaram no Sudeste, enquanto o Norte do País ficou com apenas 2,3%. Há uma nova lei de incentivo em trâmite no Congresso Nacional, mas a atual gestão do MinC (que elogia entusiasticamente a lei antiga) avalia que a transição entre a velha e a nova lei deverá levar de três a cinco anos, "em razão da quantidade de projetos em execução, cerca de 12 mil". / J.M.

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