assentamentos rurais e segurança alimentar e nutricional

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Assentamentos Rurais e Segurança Alimentar e Nutricional Sonia M. P. P. Bergamasco Feagri/UNICAMP Mesa Redonda Dia Mundial da Alimentação Campinas, 16/10/2013

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Mesa redonda em comemoração ao Dia Mundial da Alimentação

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Assentamentos Rurais e Segurança Alimentar e

Nutricional

Sonia M. P. P. Bergamasco – Feagri/UNICAMP

Mesa Redonda – Dia Mundial da Alimentação

Campinas, 16/10/2013

Introdução

» Brasil: estrutura agrária extremamente concentrada

» Forte estabilidade do Índice de Gini:

» 1975 = 0,855

» 1985 = 0,858

» 1995/96 = 0,857

» 2006 = 0,856

Introdução

» Importância dos assentamentos rurais:

» Geração de emprego e renda;

» Aumento na oferta de alimentos;

» Diminuição do êxodo rural;

» Melhoria da qualidade de vida.

Objetivo

Analisar a melhoria da qualidade de vida e a promoção

da segurança alimentar e nutricional das famílias

assentadas.

Assentamentos Rurais e

Qualidade de Vida

» Pesquisa INCRA, 2010 (UFRGS e UFPel)

» 804.867 famílias assentadas entre 1985/2008

» 16.153 entrevistas

» 1.164 assentamentos rurais em todo o país

Assentamentos Rurais e

Qualidade de Vida

Moradia

73,5%

Alimentação

64,86% Educação

63,29%

Renda

63,09%

Saúde

47,28%

Percepção de Melhoria na Condição Após o Assentamento

(Muito Melhor ou Melhor) %

Fonte: INCRA, 2010

Segurança Alimentar e Nutricional – Escala Brasileira de Insagurança Alimentar

» EBIA – Escala Brasileira de Insegurança Alimentar

» Segurança Alimentar (SA) - quando não há restrição alimentar de

qualquer natureza, nem mesmo a preocupação com a falta de

alimentos no futuro;

» Insegurança Alimentar Leve (IL) – situação que não é observada

fome entre os membros da família, mas já enfrentando

dificuldades no acesso aos alimentos. Identifica a preocupação

relativa a possibilidade do alimento vir a faltar, além de problemas

com a qualidade da alimentação;

» Insegurança Alimentar Moderada (IM) – quando os adultos da

família passam a sofrer restrições quantitativas na sua dieta;

» Insegurança Alimentar Grave (IG) – situação na qual a restrição

alimentar é de tal ordem que a fome é observada também entre

crianças da família.

Segurança Alimentar e Nutricional

(PNAD)

• IBGE publicação resultados do levantamento suplementar da

PNAD 2004/2009 sobre Segurança Alimentar.

65,0%

18,0%

9,9% 7,0%

69,8%

18,7%

6,5% 5,0%

S.A. I.A.L. I.A.M. I.A.G.

Brasil 2004/2009

2004 2009

Segurança Alimentar e Nutricional

(PNAD)

» Disparidade entre as regiões brasileiras, bem como entre a

área urbana e rural;

Segurança Alimentar e Nutricional

(PNAD)

» Disparidade entre as regiões brasileiras, bem como entre a

área urbana e rural;

Segurança Alimentar e Nutricional

(PNAD)

» Disparidade entre as regiões brasileiras, bem como entre a

área urbana e rural;

66,6%

17,7%

9,2% 6,5%

56,4%

20,1%

13,9% 9,6%

S.A. I.A.L. I.A.M. I.A.G.

Urbano e Rural - 2004

Urbano 2004 Rural 2004

Segurança Alimentar e Nutricional

(PNAD)

» Disparidade entre as regiões brasileiras, bem como entre a

área urbana e rural;

70,6%

18,6%

6,2% 4,6%

64,9%

19,6%

8,6% 7,0%

S.A. I.A.L. I.A.M. I.A.G.

Urbano e Rural - 2009

Urbano 2009 Rural 2009

Segurança Alimentar e Nutricional

(PNAD)

• IBGE publicação resultados do levantamento suplementar da

PNAD 2004/2009 sobre Segurança Alimentar.

» Área rural apresentou Insegurança Alimentar (IA) superior

ao verificado na área urbana.

» Houve redução entre 2004 e 2009 da proporção de

domicílios com moradores em situação de IA:

» na área urbana caiu de 33,3% para 29,4%;

» na área rural caiu de 43,6% para 35,1%.

» No entanto, na área rural ocorreu redução da Insegurança

Alimentar Leve, o que não foi verificado na área urbana.

Segurança Alimentar e Nutricional

(PNAD)

• IBGE publicação resultados do levantamento suplementar da

PNAD 2004/2009 sobre Segurança Alimentar.

» A desigualdade regional permanece na Insegurança

Alimentar Grave nas regiões Norte e Nordeste.

» 9,6 milhões de pessoas moradoras em áreas rurais viviam

em domicílios com restrição quantitativa de alimentos em

2004, caindo em 2009 para 7 milhões de pessoas.

» Em 2004, 3,4 milhões delas conviveram com a experiência

de fome e em 2009 esse valor cai para 2,9 milhões de

pessoas.

» EBIA

» Pesquisa no Assentamento Horto Vergel (GUERRERO,

2009)

» 70,1% dos assentados estavam em condições de “garantia

alimentar”

» S.A. = 34,5%

» I.L. = 35,6%

» I.M. = 19,5%

» I.G. = 10,4%

Assentamentos Rurais e Segurança

Alimentar e Nutricional

Assentamentos Rurais e Segurança

Alimentar e Nutricional

Pesquisa: Segurança Alimentar no Campo: Redesenhos

agroecológicos da produção em áreas de assentamento e

remanescentes de quilombos - (Edital CNPq/MCT 19/2010), sob

coordenação da Dra. Julieta T. A. de Oliveira – Feagri/UNICAMP.

• Sonia M. P. P. Bergamasco

• Ana Maria Segall Correa

• Maristela Simões do Carmo

• Marcia R. Oliveira Andrade

• Valeria Comitre

• Letícia Leon-Marin

• Kellen Maria Junqueira

• Vanilde Ferreira de Souza

• Anne Kepple

• Lourival Moraes Fidelis

• Taísa Marotta Brosler

• Regina A. Leite de Camargo

• Fernando R. P. de Andrade

• Érika de Souza Oliveira

• Francine de Camargo Procópio

• Giovanna Garcia Fagundes

• Iris Cecilia Guerrero

• Ricardo Serra Borsatto

Pesquisa “Segurança Alimentar no

Campo”

O problema central da pesquisa foi a insegurança

alimentar de populações rurais, especificamente

assentados rurais e quilombolas, e a proposição de

abordá-lo para a perspectiva de redesenhos dos

sistemas produtivos com base nos princípios da

agroecologia.

Pesquisa “Segurança Alimentar no

Campo”

CONTORNOS METODOLÓGICOS

• Estudo transversal com população selecionada

• Amostra: 300 famílias em cada grupo (95% de intervalo de confiança para estimar prevalências de insegurança alimentar)

• Pesquisa quanti-quali: questionários estruturados de aplicação direta com as famílias, caminhadas transversais para estudo da paisagem e entrevistas semiestruturadas com interlocutores escolhidos (moradores mais antigos, lideranças formais e informais,

extensionistas, profissionais de prefeituras),.

Pesquisa “Segurança Alimentar no

Campo”

Assentamentos e Número de Famílias (2012)

MRH (IBGE)

Amostra Sorteada Amostra Efetiva

Nome do Assentamento Famílias

assentadas Município

Famílias entrevistadas

Presidente Prudente

Sto. Antonio dos Coqueiros

23 Teodoro Sampaio 18

Rancho Alto 50 Euclides da Cunha 42

Lagoinha 142 Pres. Epitácio 136

Palu 45 Pres. Bernardes 35

Campinas/ Limeira/ Piracicaba

Araras 1 6 Araras 4

Araras 2 14 Araras 14

Araras 3 46 Araras 26

Araras 4 30 Araras 18

Sorocaba/ Itapeva Ipanema (área II) 65 Iperó 34

Caraguatatuba/ São José dos Campos

Tremembé 97 Tremembé 79

TOTAL 518 406

Frequência dos Níveis de (in)Segurança Alimentar nas Famílias

Entrevistadas. Total de Assentamentos Pesquisados. 2011/2012.

Pesquisa “Segurança Alimentar no

Campo”

Nível de (In)Segurança Alimentar Frequência

Absoluta Porcentual (%)

Segurança (S A) 276 68

Insegurança Leve (I Leve) 83 20,4

Insegurança Moderada (I Moderada) 28 6,9

Insegurança Grave (I Grave) 4 1

Não respondeu 15 3,7

Total 406 100

Níveis de (In)Segurança Alimentar das Famílias Entrevistadas

dos Assentamentos Pesquisados Segundo a Escala Brasileira de

Insegurança Alimentar (EBIA). 2011/2012.

Níveis de (In)Segurança Alimentar das Famílias Entrevistadas

dos Assentamentos Pesquisados Segundo a Escala Brasileira de

Insegurança Alimentar Pregressa (EBIA-Pregressa).

2011/2012.

Assentamento N

Resposta Positiva

Comia menos do que

achava que devia

Deixava de fazer

uma refeição

Ficava um dia sem

comer ou fazia

apenas uma refeição

Araras I 4 50% 0% 0%

Araras II 14 7% 7% 7%

Araras III 26 31% 27% 19%

Araras IV 18 33% 39% 22%

Conquista 79 35% 33% 18%

Ipanema 34 44% 29% 24%

Sto. Antonio

Coqueiros 18 28% 17% 11%

Lagoinha 136 36% 26% 24%

Palu 35 43% 37% 34%

Rancho Alto 42 43% 31% 31%

Porcentagem de Titulares do Lote Segundo os Níveis de

Escolaridade e de (In)Segurança Alimentar. Assentamentos

Pesquisados. 2011/2012.

Escolaridade Níveis de (In)Segurança Alimentar

S A I Leve I Moderada I Grave

Analfabeto e Analfabeto Funcional 9,8 13,3 10,7 25

Ensino Fundamental Completo e

Incompleto 62,3 65,1 57,1 50

Ensino Médio Completo ou Incompleto 13,4 15,7 21,4 0

Ensino Médio Técnico Incompleto 0,4 0 0 0

Ensino Superior Completo e Incompleto 1,8 0 0 0

Ensino de Jovens e Adultos 1,1 0 0 0

Não respondeu 11,2 6 10,7 25

Total 100% 100% 100% 100%

Renda Média Mensal das Famílias Entrevistadas. Total dos

Assentamentos Pesquisados. 2011/2012.

Renda Mensal Média Frequência

Absoluta

Porcentual

(%)

Até R$ 545,00 (até 1 SM) 67 16,5

De R$ 545,01 até R$ 1.090,00 (1,1 a 2,0 SM) 134 33

De R$ 1.090,01 até R$ 1.635,00 (2,1 a 3,0 SM) 83 20,4

De R$ 1.635,01 até R$ 2.180,00 (3,1 a 4,0 SM) 34 8,4

De R$ 2.180,01 a R$ 2.725,00 (4,1 a 5,0 SM) 16 3,9

De R$ 2.725,01 a R$ 3.270,00 (5,1 a 6,0 SM) 9 2,2

R$ 3.270,01 ou mais (6,1 SM ou mais) 15 3,7

Não respondeu 48 11,8

Total 406 100

Níveis de (In)Segurança Alimentar Segundo a Renda Média Mensal

das Famílias Entrevistadas dos Assentamentos Pesquisados. Escala

Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). 2011/2012.

» Modelo de desenvolvimento historicamente adotado no Brasil

concentra a terra e a renda.

» Conquista da terra - caminho para reverter a situação de

pobreza e, consequentemente, diminuir os índices de

insegurança alimentar no meio rural brasileiro;

» A produção para o autoconsumo realizada nos assentamentos

contribui para minimizar a situação de insegurança alimentar.

Considerações Finais

» Apesar da precariedade dos assentamentos rurais,

pesquisas demonstram que as famílias assentadas

afirmam que suas vidas melhoraram.

» Pesquisas demonstram que o nível de Segurança

Alimentar nos assentamentos é superior à Insegurança

Alimentar.

Considerações Finais

Obrigada!

Sonia M. P. P. Bergamasco

[email protected]

Universidade Estadual

de Campinas