assédio moral e bullying - silviabertani.files.wordpress.com · assédio moral e bullying assédio...
TRANSCRIPT
Assédio moral e bullying
Assédio é o termo utilizado para designar toda conduta que cause constrangimento psicológico ou
físico à pessoa, sendo suas formas mais conhecidas o assédio moral e o sexual. Tratando
especificamente do assédio moral, podemos conceituá-lo como conduta abusiva de natureza
psicológica, reiterada e prolongada no tempo, que expõe o trabalhador a situações humilhantes e
constrangedoras, atentando contra sua personalidade, dignidade ou integridade psíquica, e que
tenha por efeito excluir a posição do empregado na empresa ou deteriorar o ambiente de trabalho,
durante a jornada e no exercício de suas funções.
Dessa forma, o assédio moral pode se configurar tanto em condutas abusivas do empregador,
denominadas assédio vertical, em que há utilização da superioridade hierárquica para constranger
seus subalternos, quanto em condutas dos empregados entre si, por motivos de competição ou de
pura e simples discriminação, conhecidas como assédio horizontal. Há, ainda, os casos de assédio
moral ascendente, que é aquele praticado por subalterno, ou grupo deles, em face de seu superior
hierárquico, e de assédio moral combinado, em que empregador e empregados se unem contra
determinado indivíduo no ambiente de trabalho.
Já o termo bullying é utilizado na língua inglesa para descrever atos de violência física ou psicológica,
intencionais e repetidos, praticados por um ou mais indivíduos (bully, o "valentão" ou "brigão"), com
o objetivo de intimidar, agredir e isolar outro indivíduo. Assim, no uso original, pode ser traduzido
como ameaça, amedrontamento e intimidação, podendo, por isso, ser considerado uma forma de
assédio, que ocorre entre uma parte com condições de exercer poder sobre a outra, que se
considera mais fraca.
Doutrinariamente, bullying e assédio moral são conceitos distintos: o primeiro envolveria ofensas
individuais de forma ampla, no que se inclui desde atitudes mais leves, como chacotas e o
isolamento da vítima, até condutas extremamente abusivas de conotação sexual ou mesmo
agressões físicas; já o segundo diria respeito a agressões mais sutis e, portanto, mais difíceis de
caracterizar e provar, independente se provenientes de indivíduo ou grupo. (Marie-France Hirigoyen)
Porém, por conta de ambos possuírem elementos-chave comuns, principalmente em relação à
modalidade de sua conduta, que nos dois casos é agressiva e vexatória, capaz de constranger a
vítima, causando nela sentimentos de humilhação e inferiorização, que afetam essencialmente sua
autoestima, eles vêm sendo usados como sinônimos em nosso País.
Essa diferenciação entre assédio moral e bullying pode perfeitamente ser aplicada ao Direito, desde
que seja devidamente diferenciada a competência judicial para julgar conflitos deles decorrentes.
Assim, enquanto o assédio moral, praticado por empregados e prepostos no ambiente de trabalho,
será de competência da Justiça do Trabalho, no que se inclui a responsabilidade da empresa
empregadora, o bullying, praticado por crianças e adolescentes no ambiente educacional, será de
competência da Justiça Comum, gerando responsabilidade também à escola.
Em conclusão, é importante frisar que, independente da terminologia, o que precisamos evitar é que
o uso desses conceitos não seja banalizado. Eles descrevem atitudes que causam grande sofrimento
e danos psicológicos à vitima, refletindo não apenas em âmbito escolar ou profissional, mas em
todas as esferas de sua vida, de maneira que precisam ser devidamente combatidos e prevenidos,
independente do local e das pessoas que atinjam.