assÉdio moral: diga não! · você, meu leitor amigo que admira o cordel e o leva sempre consigo...
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ASSÉDIO MORAL: Diga Não!SALETE MARIA DA SILVA
Xilogravura: JÔ ANDRADEDesenho para Xilo: Rodrigo Yokota
Juazeiro do Norte - Ce, Maio de 2004
Você, meu leitor amigoQue admira o cordelE o leva sempre consigoComo importante papelSabe que o verso é capazDe se espalhar muito maisQue tese de bacharel
Às vezes sua leituraCausa debate e açãoPois vem da nossa culturaFolclore e inspiraçãoMas pode estar estribadoEm estudo aprofundadoComo nesta ocasião
Eu falarei d’ um assuntoQue está muito em vogaÀs vezes eu me perguntoSe não é mais uma drogaO tal assédio moralEsta mazela, este malQue com nossa vida joga
Um tema mui palpitanteQue merece atençãoVou dizer neste instanteA sua evoluçãoJá vem sendo pesquisadoBastantemente faladoPor toda esta nação
ASSÉDIO MORAL: Diga Não!
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Ouve-se em semináriosEm congressos e jornadasEm revistas, em diáriosEm palestras programadasEm rádio e televisãoDo litoral ao sertãoMerece grande chamada
Dizem: ‘assédio moral’é o tratamento aviltanteQue terá como um sinalFala desqualificantePor parte de quem dominaDe quem age e determinaRelações já conflitantes
Pode se dá na famíliaOu no grupo socialPorém é grande a vigíliaNo espectro laboralOnde o risco é perigosoE o dano insidiosoFalemos dele, afinal
Trata-se de humilhaçãoQue sofre o trabalhadorVexatória exposiçãoPerseguição e terrorAção grosseira e insanaFere a condição humanaDignidade e valor
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Porém para discorrerSobre esta grave questãoTivemos que recorrerA uma dissertaçãoDe Margarida BarretoQue inspira este folhetoPropondo reflexão
Mestre em psicologiaMédica por formaçãoFala em patologiaFruto da humilhaçãoDo mundo globalizadoEm tempos neo-liberadosNova forma de opressão
De leitura obrigatóriaA obra dela se tornaPela forma meritóriaCom que bate na bigornaMalhando o ferro-terrorDas relações de horrorQue a nova era contorna
Estudando o tal assédio(Ou violência moral)Ela o fez por intermédioDe situação realDemonstrou como se dáE também como enfrentarLogo ao primeiro sinal
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Convidada MargaridaViajou pelo BrasilSempre mui bem recebidaPalestras já proferiuMilitante, abnegadaComprometida, engajadaSua pesquisa expandiu
Falou em risco invisívelEste perigo ocultoDo terror indescritívelQue anda ganhando vultoTerrorismo no laborVitima trabalhadorE não merece indulto
Investigando a saúdeDo nosso trabalhadorAnalisou, amiúdeA violência e a dorJornada de humilhaçõesNovas expropriaçõesSeu texto nos revelou
Pioneiro neste assuntoSeu livro abre caminhoPra quem queira chegar juntoPois ninguém está sozinhoNa luta contra opressãoTodos têm igual razãoDe depor um pedacinho
No caso particularDa doutora MargaridaNada mais fez do que darO que deu sempre na vida:Voz e vez aos humilhadosAdoecidos, caladosDe corpo e alma sofrida
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Além de livro tambémAuxiliou em cartilhaAos sindicatos convémExplorar mais esta trilhaLevando informaçãoQue faça mais alusãoA essa nova armadilha
Vamos, portanto, elencarNeste modesto cordelA fim de identificarNeste fuleiro papelOs danos e os agravosQual no tempo dos escravosOnde o feitor era ‘incréu’
A ganância pelo lucroE o abuso de poderAponta-se como fulcroPara melhor entenderManobras do capitalDeste mundo desigualQue nos impõe o sofrer
Se dá por meio de chefeSuperior ou patrãoQue aje qual magarefeGrosseiro, bruto e durãoIncompetente e tiranoSe julgando soberanoDono de toda razão
Grave estresse gerandoRebaixamento e vergonhaDegradação espalhandoUltraje e muita peçonhaDeixando o trabalhadorAbalado e sem valorNuma depressão medonha
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Como se já não bastasseO mal da exploraçãoSe o capital não roubasseSonho, desejo, ilusãoO medo do desempregoDe ficar sem um arregoCausa grave anulação
Julgando-se impotenteCom o sono alteradoSe achando incompetenteSem afeto e desgraçadoPerdendo peso ou ganhandoTristonho, tenso, chorandoSilente, mudo, isolado
São alguns males causadosPelas tais humilhaçõesJá há casos registradosDe suicídio e lesõesUm quadro muito pesadoQue urge ser contempladoCom vistas a soluções
A tirania no trabalhoVisa a auto-demissãoEis o mais novo atalhoA mais nova ‘operação’Que o capital encontrouDescarta o trabalhadorSem lhe pagar um tostão
Tanto a área de saúdeComo às autoridadesCompete a que se estudeCom maior celeridadeUm meio de coibirBem como até de punirTamanhas barbaridades
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A mencionada doutoraOrienta: não se entregueA luta é promissoraBusque apoio, não se negueConte com as amizadesAnte as adversidadesDiga tudo, não sonegue
Anote as ocorrênciasOs dias, as testemunhasO lugar, as evidênciasOs termos e as alcunhasDesabafe na famíliaNão queira ser uma ilhaNão fique a roer unhas
Ao médico diga o que senteLeve o caso ao sindicatoMuitas vezes o doentePrecisa deste contatoNão se culpe, nem se irriteGritar com filhos, eviteConte ao seu amor o fato
Já existem no paísEm algumas regiõesVárias ações civisCobrando reparaçõesSão formas de se lutarNovas demandas criarContra abusos de patrões
O campo LegislativoBem como JudiciárioTambém o ExecutivoDevem entrar no cenárioÉ um fato socialQuestão emergencialTema de trato diário
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Tanto a luta sindical(Como o campo do Direito)Pode apontar um sinalPropondo norma ou preceitoTentando, então, reagirEnsinando a resistirEnquanto ainda tem jeito
Buscando se auxiliar‘Do pessoal da saúde’Tentando estimularPara que o quadro mudeLutando pelo direitoDo qual o ser é sujeitoPropondo nova atitude
Em nome do bem estarDa paz, da felicidadeDa honra de trabalharMantendo a dignidadeEm nome do ser humanoDa luta que ano a anoChama-se fraternidade
Mas em nome, sobretudoDa igualdade de fatoContra o esquema sisudoDesumano e ingratoEm busca d’outro sistemaOnde labor e poemaSe encontrem no mesmo ato
Dizer não a este assédioÉ dever imperativoBuscar o melhor remédioNum movimento ativoDenunciar, reagirMobilizar, construirEnquanto se está vivo
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Créditos:
Autora: Salete Maria da SilvaBrasileira, solteira, advogada, professora da UniversidadeRegional do Cariri - URCA (Crato-CE.), poetisa,cordelista, membro da Sociedade dos Cordelistas“Mauditos”, presidente da Asociação de Defesa dosValores Humanos e Educação para a Cidadania naRegião do Cariri - ADVOCARE.e-mail: [email protected] [email protected]
Xilogravura: Jô Andrade, xilogravurista, atriz, membro daSociedade dos Cordelistas “Mauditos”. E-mail:[email protected]
Desenho para Xilo: Rodrigo Yokota, grande e criativoilustrador, autor dos desenhos da cartilha abaixomencionada
Fonte de Pesquisa: Margarida Barreto, ginecologista,médica do trabalho, doutoranda em PsicologiaSocial (PUC-SP) in “Violência, Saúde e Trabalho - UmaJornada de Humilhações, EDUC-São Paulo: 2003, 233p.e Cartilha Coleção Saúde do Trabalhador, Número 6,“Assédio Moral”, do Sindicato dos Trabalhadores nasIndústrias Químicas, Farmacêuticas, Plásticas e similaresde São Paulo -SP (Concepção e texto)
Visite pela Internet:
www.assediomoral.org
GRÁFICA LÍDERESRua São Bento, 825 - Fone: (0xx88) 511-3081
JUAZEIRO DO NORTE - CE.