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ASPECTOS TECTÔNICOS DA BORDA NE DA BACIA DE FÁTIMA,
PROVÍNCIA BORBOREMA- NE DO BRASIL
Maria Alcione Lima Celestino¹
Tiago Siqueira de Miranda¹
Osvaldo José Correia Filho²
José Antonio Barbosa¹
10.18190/1980-8208/estudosgeologicos.v27n2p3-19
¹Departamento de Geologia, Universidade Federal de Pernambuco,DGEO/UFPE
E-mail: [email protected], [email protected],
[email protected] ²Programa de Pós-Graduação em Geociências – PPGEOC/UFPE
E-mail: [email protected]
RESUMO
A caracterização tectônica de bacias sedimentares representa um substrato crucial
para a exploração e produção de reservatórios, e o consequente aproveitamento de água
subterrânea e de reservas de hidrocarbonetos. Este trabalho apresenta uma investigação
de aspectos tectônicos e estratigráficos da borda NE da Bacia de Fátima, que está inserida
na Zona Transversal da Província Borborema. Esta bacia é composta essencialmente por
arenitos médios a grossos e possui uma grande ocorrência de bandas de deformação. O
principal objetivo desta pesquisa foi analisar a correlação entre os lineamentos topográficos e anomalias gravimétricas do embasamento, com os padrões das estruturas
que ocorrem nas rochas sedimentares da bacia. Os lineamentos topográficos identificados
no embasamento adjacente à bacia possuem dois trends principais: E1) NE-SW; e E2)
NNE-SSW. Os lineamentos identificados na cobertura sedimentar apresentam três
direções preferenciais: B1) NW-SE; B2) N-S; e B3) NE-SW. Os lineamentos associados
a ocorrência de anomalias gravimétricas, identificados em mapa Bouguer residual,
mostram que o embasamento adjacente e sob a cobertura sedimentar da bacia apresentam
essencialmente dois trends: E-W e NE-SW. O mapeamento geológico-estrutural revelou
a ocorrência de estruturas dúcteis (foliações e zonas de cisalhamento) e rúpteis (falhas,
bandas de cisalhamento, juntas e bandas de deformação), e que as estruturas rúpteis
apresentam forte correlação com os lineamentos topográficos e gravimétricos
identificados no embasamento e na cobertura sedimentar da bacia. Os resultados desse
trabalho sugerem que a abertura da Bacia de Fátima ocorreu na direção NW-SE e foi
causada por um evento tectônico rúptil com esforço principal na direção NE-SW.
Palavras Chave: Bacias interiores, bandas de deformação, lineamentos gravimétricos e
topográficos, tectônica rúptil.
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ABSTRACT
The tectonic characterization of sedimentary basins represents a relevant aspect to
the exploration and production of reservoirs and its recovery of ground water and
hydrocarbons reserves. This work presents an investigation of tectonic and stratigraphic
aspects of the NE rim of Fátima Basin, which is inserted in the Transversal zone of
Borborema Province. This basin is mainly composed by coarse to medium sandstone and
has a great occurrence of deformation bands. The main aim of this research was the
analysis of the correlation between the topographic and gravimetric lineaments from the
basement rocks and the structural framework of the sedimentary rocks. The topographic
lineaments from the basement rocks showed two principal trends: E1) NE-SW; e E2)
NNE-SSW. The lineaments identified in the basin area showed three main directions: B1)
NW-SE; B2) N-S; e B3) NE-SW. The gravimetric anomalies from the residual Bourguer
map, presented essentially two trends from the basement rocks and sedimentary cover: E-
W e NE-SW. The structural geology mapping reveled the occurrence of ductile structures
(foliations and shear zones) and brittle (fault, shear bands, joints, and deformation bands),
which the brittle structures presented a strong correlation with the topographic and
gravimetric lineaments identified both in the basement and in the basin area. The results
of this work suggest a brittle tectonic event with the principal stress striking NE-SW and
possibly this event generated the Fátima Basin opening in the NW-SE trend.
Keywords: Interior basins; deformation bands; topographic and gravimetric lineaments;
brittle tectonics
INTRODUÇÃO
A análise de lineamentos
topográficos e gravimétricos tem sido
amplamente utilizada como uma
importante ferramenta em estudos de
origem e evolução tectônica de bacias
sedimentares (Marghany & Hashim,
2010). Os lineamentos estruturais
(topográficos e gravimétricos) podem
representar diferentes feições naturais,
como por exemplo: vales fluviais
(Lacina, 1996; Hung et al., 2005),
contatos litológicos (Hobbs, 1912), bem
como estruturas tectônicas (falhas,
fraturas, foliação, traços axiais de dobras
e bandas de deformação) (Masoud &
Koike, 2006; Hashim et al. 2013). Este
trabalho apresenta uma análise da
correlação entre lineamentos
topográficos e gravimétricos observados
em modelo digital de elevação do
terreno, produzidos com dados de radar,
e em mapas gravimétricos de satélite
(Sandwell & Smith, 1997),
respectivamente. O objetivo específico
deste trabalho foi a realização da
caracterização geológico-estrutural de
campo dos lineamentos topográficos e
gravimétricos da borda NE da Bacia de
Fátima (BF). A BF está inserida no
domínio central da Província Borborema
e é classificada como uma bacia
sedimentar interior do NE do Brasil. Esta
bacia apresenta uma forte elongação na
direção NE-SW e possui uma área de
aproximadamente 300 km² (Fig. 1). A
cobertura sedimentar da BF é
essencialmente formada por arenitos
médios a grossos (Formação Tacaratu?),
e seu embasamento adjacente é
representado pelos complexos gnáissico-
migmatítico e Sertânia, e também por
granitóides neoproterozoicos. O presente
estudo realizou uma comparação do
comportamento das estruturas mapeadas
na cobertura sedimentar da bacia e em
seu embasamento adjacente, com os
lineamentos regionais identificados nos
mapas de radar e de gravimetria. A
região estudada apresenta estruturas
dúcteis (foliações e zonas de
cisalhamento) e rúpteis (falhas, juntas e
bandas de cisalhamento e deformação).
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A grande quantidade de bandas de
deformação presentes nos arenitos da
bacia também permitiu estudar a relação
destas com as demais estruturas. Bandas
de deformação representam um
importante tema de estudo para a
indústria do petróleo devido a sua
influência nas propriedades permo-
porosas de rochas clásticas, e no no fluxo
de fluidos em aquíferos e reservatórios
de hidrocarbonetos (Aydin, 1978;
Underhill & Woodcock, 1987;
Antonellini et al., 1994; Knipe et al.,
1997; Shipton et al., 2002; Fossen et al.,
2007; 2017; Fossen, 2010; Araújo Netto
et al., 2012; Ballas et al., 2013;
Antonellini et al., 2014). Os resultados
mostraram que existe uma forte
correlação entre os padrões dos
lineamentos topográficos e
gravimétricos e as estruturas rúpteis
identificadas na cobertura sedimentar da
bacia e em seu embasamento adjacente.
Figura 1- Mapa de localização das principais bacias interiores do Nordeste do Brasil
sobreposto a imagem SRTM (Shuttle Radar Topography Mission).
CONTEXTO GEOLÓGICO DA
BACIA DE FÁTIMA
A BF está localizada na zona
transversal (ou domínio central) da
Província Borborema (PB), limitado
pelas zonas de cisalhamento
Pernambuco e Patos (Almeida et
al.,1981; Santos et al., 2010; Araújo et
al., 2013). A PB é produto de uma
complexa evolução estrutural formada a
partir da união de massas continentais
(Almeida et al., 1981; Santos et al.,
2010), que ocorreu durante uma série de
eventos orogenéticos pré-Cambrianos
(Santos et al., 2010; Neves et al., 2012).
A PB é formada por ortognaisses e
migmatitos arqueanos a
paleoproterozoicos (Sá et al., 2002;
Neves et al., 2012; Dantas et al., 2013;
Neves et al., 2015), e por complexos
metassedimentares proterozoicos
Maria Alcione Lima Celestino et al. Maria Alcione Lima Celestino et al.
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(Santos et al., 2010). Na área de estudo
as rochas metassedimentares são
representadas pelo Complexo Sertânia
que é composto essencialmente por
granada-biotita gnaisses levemente
migmatizados (Neves et al., 2017).
Posteriormente, estes gnaisses e
migmatitos foram retrabalhados por
extensas zonas de cisalhamento
transcorrentes (Vauchez et al., 1995;
Neves & Mariano, 1999; Neves et al.,
2002), como por exemplo, a zona de
cisalhamento Afogados da Ingazeira
(ZCAI), que está localizada próxima a
BF (Fig. 1). De acordo com Silva &
Mariano (2000) a ZCAI possui
cinemática sinistral, direção preferencial
NE-SW e está localizada próxima a
borda NW da BF.
Durante o Neoroterozoico e
início do Cambriano, a PB foi afetada
por intrusões graníticas - por exemplo, o
Pluton Serra dos Pereiros (Suíte
Intrusiva Itaporanga), que ocorre no
extremo NW da área mapeada (Santos &
Medeiros, 1999; Leite et al., 2000;
Archanjo et al., 2008; Van Schmus et al.,
2008; Santos et al., 2010; Neves et al.,
2012; Melo, 2004)
O processo de origem tectônica
da BF ainda é pouco estudado, porém
alguns trabalhos sugerem que a gênese
desta bacia deve estar relacionada ao
evento de distensão influenciado pela
formação do rifte Atlântico sul que
ocasionou a abertura de bacias no
interior da PB durante o Cretáceo
(Matos, 1992; Matos, 1999; Neves,
2002). De acordo com Matos (1999),
regime extensional que afetou a PB
apresenta três ramos principais: 1 -
Gabão-Sergipe-Alagoas, 2 - Recôncavo-
Tucano-Jatobá e 3 - Cariri-Potiguar. A
partir de dados bioestratigráficos,
estima-se que a fase rifte do NE do Brasil
pode ter sido iniciada no Neo-Jurássico
se estendendo até o Eo-Meso-Cretáceo
nas bacias interiores (Matos, 1992,
1999).
A literatura disponível sugere
que o preenchimento da BF é
principalmente formado por depósitos da
Formação Tacaratu. Esta unidade, que
forma a porção basal de outras bacias
interiores, foi possivelmente depositada
durante uma etapa de sinéclise regional
nesta região do Gondwana que abrangeu
o Siluriano-Devoniano (Silva Júnior,
1997; Leite et al., 2000; Bomtempo
Filho & Lima Filho, 2011). Leite et al.
(2000) correlacionaram esta unidade
litoestratigráfica com a formação
Tacaratu que ocorre na Bacia do Jatobá,
devido às suas semelhanças
litofaciológicas. Os depósitos arenosos
representam o registro de sistemas
fluviais, e abrangem arenitos médios a
grossos com níveis conglomeráticos, de
coloração creme, com estratificações
cruzadas planar e acanaladas (Leite et
al., 2000; Correia Filho et al., 2016). A
região central da área mapeada também
apresenta uma cobertura de sedimentos
recentes formados possivelmente a partir
do Neógeno-Quaternário. Esta cobertura
é composta por sedimentos
inconsolidados elúvio-coluviais e
aluvionares que recobrem os arenitos
interpretados como pertencentes à
Formação Tacaratu e rochas do
embasamento adjacente na borda da
bacia.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho de mapeamento das
feições morfoestruturais foi precedido
pelo reconhecimento de feições em 31
fotos, na escala 1:70.000, aéreas que
recobrem a região de estudo. Esta análise
procurou delinear os padrões de
drenagem, vias de acesso, contatos
litológicos entre unidades aflorantes e
principais lineamentos estruturais. Essa
etapa de análise também envolveu o
estudo de imagens de satélite disponíveis
no sistema Google Earth Pro.
Também foi realizado o
procedimento de extração automática de
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lineamentos topográficos a partir de
imagens SRTM, com resolução de 30m.
Os dados de radar foram obtidos a partir
do programa de SRTM (Shuttle Radar
Topography Mission) e em seguida
foram processados a partir da técnica de
sombreamento interativo, o que
possibilitou a criação de um modelo
digital de elevação (MDE). Foram
criadas versões do MDE a partir do
efeito de iluminação em quatro direções
(0Az, 45Az, 90Az e 315Az), o que
auxilia a identificação dos lineamentos
estruturais conforme os diferentes
ângulos de sombreamento. A
identificação dos lineamentos foi
realizada para dois setores distintos: a)
embasamento adjacente; e b) cobertura
sedimentar da BF (Fig. 3). Com auxílio
do software em GIS foi calculado o
azimute de todos os lineamentos
identificados, no embasamento e na
cobertura sedimentar da bacia. Em
seguida foram construídos diagramas de
roseta, com intervalo de classe (bin size)
de 10Az, para as atitudes dos
lineamentos conforme cada modelo de
terreno com iluminação diferente (0Az,
45Az, 90Az, 315Az). Com o objetivo de
reunir todos os lineamentos extraídos a
partir de cada direção de iluminação,
foram construídas duas rosetas com os
dados reunidos de todos os modelos para
cada setor estudado: a) embasamento
adjacente; e b) cobertura sedimentar da
BF.
Foi elaborado um mapa Bouguer
da região da bacia a partir de dados de
satélite, cujo espaçamento de grid é de 1’
x 1’ de arco, e a partir deste mapa
também foram extraídos lineamentos
referentes as anomalias residuais mais
expressivas na região (Fig. 10). Foi
utilizado um filtro passa banda no mapa
gravimétrico de anomalia Bouguer, para
obter um mapa gravimétrico residual,
que permite ressaltar anomalias
originadas por fontes rasas. Antes da
aplicação deste filtro foi obtido o
espectro de potência radial médio dos
valores do mapa de anomalia Bouguer.
Isto permitiu a escolha dos intervalos de
números de onda adequados para a
separação das componentes referentes às
anomalias geradas por estruturas rasas
(Sandwell & Smith, 1997; Miranda,
2015).
A segunda etapa do estudo
envolveu o mapeamento geológico-
estrutural de superfície a partir de
trabalho de campo, em uma área na
borda NE da bacia, o que permitiu a
confecção de um mapa na escala de
1:50.000. O mapeamento foi feito com o
auxílio de bússolas Clar e Brunton, e os
geoaplicativos Rocklogger e Fieldmove
Clino com a utilização de smartphones.
Maria Alcione Lima Celestino et al.
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Figura 2- Mapa geológico simplificado da borda NE da Bacia de Fátima sobreposto ao
modelo digital de elevação (SRTM - Shuttle Radar Topography Mission).
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Figura 3- Modelo digital de elevação da borda NE da Bacia de Fátima, com quatro
imagens a partir de direções de iluminação diferentes: A) 0Az, B) 45Az, C) 90 Az e D)
315 Az. Os principais lineamentos topográficos, em laranja para a cobertura sedimentar,
e em vermelho para o embasamento adjacente, e suas respectivas rosetas em laranja e
vermelho.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Caracterização geológico-estrutural
EMBASAMENTO
A extração dos lineamentos
regionais foi realizada em dois domínios
na área de estudo: a) no embasamento
adjacente; b) interior da bacia (Fig. 4).
Os lineamentos sobre o embasamento
exibem a ocorrência de duas direções
preferenciais de lineamentos: E1) NE-
SW; e E2) NNE-SSW; e de duas
direções secundárias: E3) NW-SE; e E4)
E-W. Os lineamentos identificados na
cobertura sedimentar da bacia
apresentaram três direções principais:
B1) NW-SE; B2) N-S e B3) NE-SW.
O mapeamento geológico de
superfície revelou que os lineamentos
topográficos do embasamento, com
direção NE-SW (E1), estão
possivelmente associados às bandas de
cisalhamento que ocorrem no Pluton
Serra dos Pereiros (Fig. 5). Estas
estruturas apresentam direção principal
N50E e ocorrem paralelas à ZCAI (Fig.
5).
Maria Alcione Lima Celestino et al.
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Nos metassedimentos do
Complexo Sertânia foi observado a
existência de uma foliação bem
desenvolvida de baixo ângulo (Fig. 6),
com duas direções preferenciais: N70E e
N90E. Estas orientações de foliação dos
metassedimentos são concordantes com
a direção dos lineamentos topográficos
do embasamento E-W (E4), definida a
partir dos modelos de terreno (Fig. 4).
Figura 4- Diagrama de roseta dos lineamentos estruturais extraídos do modelo de
elevação de terreno da região da Bacia de Fátima. A) Roseta dos lineamentos do
embasamento adjacente ilustrando os trends principais (E1 e E2) e secundários (E3 e E4);
B) Roseta dos lineamentos topográficos do interior da bacia com os trends principais (B1,
B2 e B3).
Figura 5- A) Bandas de cisalhamento que ocorrem no granitóide Serra dos Pereiros; e B)
Diagrama de rosetas ilustrando a direção preferencial (NE-SW) das bandas de
cisalhamento; C) Estereograma de pólos para os planos das bandas de cisalhamento.
Destaque para as setas em vermelho que indicam as estruturas no afloramento.
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Figura 6 - A) Afloramento de rochas metassedimentares do Complexo Sertânia com
foliação de baixo ângulo, na região da borda NE da bacia. B) Roseta das direções de
foliação, ilustrando os dois trends preferenciais: N70E e N90E. C) Estereograma de pólos
dos planos das foliações de baixo ângulo relacionadas aos metassedimentos.
Figura 7 - A) Ocorrência de fraturas de extensão (juntas) nos metassedimentos do
Complexo Sertânia; B) Diagrama de roseta das direções das juntas nesse complexo,
ilustrando os dois sets principais N20W e N50W; e o secundário N20E.
Maria Alcione Lima Celestino et al.
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Foi observado que os lineamentos
topográficos de direção NW-SE (E3) do
embasamento possivelmente estão
relacionados às fraturas de extensão
(juntas) que ocorrem nos
metassedimentos do Complexo Sertânia
(Fig. 7). Durante o mapeamento
geológico foram identificados dois sets
principais de juntas: N20W e N50W e
secundariamente, N20E.
BACIA FÁTIMA
Durante o mapeamento
geológico observou-se que as bandas de
deformação (Fossen et al., 2017) que
ocorrem nas rochas da Bacia de Fátima
(Formação Tacaratu?) possuem duas
direções preferenciais: N20E e N50E
(Fig. 8). Estas estruturas planares
apresentam mergulho moderado a forte
(60° a 80°). A ocorrência deste par
conjugado de bandas de formação, N20E
e N50E, sugere a localização do esforço
principal (σ1) na direção NE-SW.
Também foi observado que as bandas
ocorrem de forma individual (single),
formando aglomerados (cluster), e
comumente estas estruturas apresentam
padrões anastomosados com
terminações em splay e tipo pull apart
(Fossen, 2010) (Fig. 8). Os lineamentos
topográficos identificados no modelo de
terreno regional, com trend N-S (B2) e
NE-SW (B3) para a cobertura
sedimentar da bacia, apresentam uma
forte correlação com as direções das
bandas de deformação observadas em
campo.
O mapeamento geológico
também revelou que na localidade de
Carapuça a ocorrência de uma brecha
tectônica formada nos arenitos da
Formação Tacaratu (Fig. 9). Esta rocha
de falha possui fragmentos angulosos do
embasamento, arenito e concreções
ferruginosas. Esta zona de alta
deformação rúptil possui uma direção
preferencial N10E (Fig. 9).
Os lineamentos topográficos de
direção NW-SE (B1), que ocorrem nas
rochas da bacia, não foram
caracterizados no presente estudo.
Porém, esta questão será melhor
estudada em etapas futuras desta
pesquisa.
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Figura 8 - Aspectos decampo das bandas de deformação nos arenitos da Bacia de Fátima.
A) Bandas de deformação individuais (singles); A’) Diagrama de rosetas ilustrando as
direções preferenciais (N20E e N50E) dos planos das bandas de deformação; B)
Aglomerado de bandas de deformação (cluster); B’) Estereograma de pólo dos planos das
bandas de deformação; C) Terminações das bandas de deformação com padrão
anastomosado; D) Terminação de banda de deformação em splay; e D’) Desenho
esquemático da terminação de falha em splay (Fossen, 2010).
Maria Alcione Lima Celestino et al.
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Figura 9 - A) Afloramento da brecha tectônica de Carapuça, Bacia de Fátima; B)
Diagrama de roseta das direções das bandas de deformação coletadas na brecha (direção
principal N10E); C) Detalhe dos fragmentos angulosos e da matriz da brecha, compostos
por rochas do embasamento, de arenito e por concreções ferruginosas.
Lineamentos Gravimétricos
A análise do mapa gravimétrico
Bouguer residual da região NE da BF
permitiu identificar lineamentos de
anomalias gravimétricas presentes no
embasamento adjacente com dois trends
preferenciais: E-W e N-S (Fig. 10). Na
região de cobertura sedimentar da BF
foram observadas duas direções
principais de alinhamentos de
anomalias: NE- SW e WNW-ESE. Os
alinhamentos gravimétricos da BF e do
embasamento são concordantes com os
lineamentos topográficos NE-SW, que
ocorrem tanto embasamento quanto na
cobertura sedimentar da bacia. Os
lineamentos das anomalias gravimétricas
identificados na região da BF exibem
sistematicamente as mesmas direções
das bandas de deformação (NNE-SSW;
NE-SW).
De acordo com a Figura 10 é
possível observar que a geometria
elongada da BF, com eixo maior na
direção NE-SW que coincide com os
valores mais baixos de anomalia
gravimétrica. A região central da área
estudada é marcada por uma forte
anomalia negativa que possivelmente
representa o depocentro da BF. Isso
sugere que a abertura desta bacia foi
influenciada por um esforço tectônico
principal, σ1, com direção NE-SW,
paralelo a este baixo estrutural. As
anomalias gravimétricas positivas, altos
estruturais, são representadas pelas
rochas mais densas que compõem o
embasamento adjacente à BF (Fig. 10).
A brecha de falha observada na
região de Carapuça está localizada
exatamente na região onde ocorre uma
mudança abrupta de gradiente
gravimétrico (Fig. 10). Isto sugere uma
reativação de uma falha de borda da
bacia, concordante com σ1 na direção
NE-SW e extensão máxima na direção
NW-SE.
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Figura 10 - A) Mapa gravimétrico de anomalia Bouguer residual da borda NE da Bacia
de Fátima, ilustrando os lineamentos gravimétricos extraídos no contorno da anomalia da
região da cobertura sedimentar da bacia (verde, traços contínuos) e do embasamento
adjacente (vermelho, traços contínuos). E os lineamentos gravimétricos extraídos do eixo
das anomalias da cobertura sedimentar da bacia (verde, tracejado) e do embasamento
adjacente (vermelho, tracejado); B) Diagrama de roseta dos lineamentos gravimétricos
do contorno das anomalias do embasamento. C) Diagrama de roseta dos lineamentos
gravimétricos do contorno das anomalias da cobertura sedimentar. D) Diagrama de roseta
dos lineamentos gravimétricos do eixo das anomalias do embasamento. E) Diagrama de
roseta dos lineamentos gravimétricos do eixo das anomalias da cobertura sedimentar.
CONCLUSÕES
O presente trabalho permitiu o
reconhecimento de estruturas tectônicas
regionais que ocorrem na região NE da
Bacia de Fátima e que estão relacionadas
aos complexos gnáissico-migmatítico e
Sertânia, Pluton Serra dos Pereiros e à
Formação Tacaratu(?). As estruturas
identificadas no embasamento da BF
estão diretamente relacionadas aos
lineamentos topográficos e às anomalias
identificadas em mapa Bouguer residual
que possuem as seguintes direções: NE-
SW; NNE-SSW; e E-W. O mapeamento
de campo permitiu relacionar o trend E-
W, identificado no modelo digital de
elevação, com o padrão de foliação
observado no Complexo Sertânia.
Também o mapeamento de campo
permitiu concluir que os trends NE-SW
e NW-SE, representam uma tectônica
rúptil (bandas de cisalhamento e juntas)
desenvolvida no granitóide Serra dos
Pereiros e Complexo Sertânia,
respectivamente.
Os lineamentos topográficos
(modelo digital de terreno) e
Maria Alcione Lima Celestino et al.
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gravimétricos (mapa Bouguer residual)
interpretados por meio de dados e satélite
na cobertura sedimentar da BF,
apresentaram trends concordantes nas
direções N-S e NE-SW. Estas direções
apresentam correlação com o padrão das
bandas de deformação mapeadas na área
de estudo. A brecha tectônica de
Carapuça também mostrou uma forte
correlação com o alinhamento das
anomalias gravimétricas e lineamentos
topográficos.
As orientações concordantes dos
lineamentos gravimétricos e
topográficos tanto no embasamento
adjacente, quanto na BF, sugerem que a
abertura da BF está relacionada a um
evento tectônico rúptil com extensão
máxima (σ3) na direção NW-SE. A
geometria elongada desta bacia na
direção NE-SW, indica a ocorrência de
um esforço principal (σ1) com direção
NE-SW, que é paralelo ao depocentro e
perpendicular a extensão máxima da BF.
Agradecimentos
Ao Laboratório de Geologia
Sedimentar (LAGESE) do
Departamento de Geologia- UFPE, pelo
apoio financeiro e logístico fornecido
para as etapas de campo, preparação e
estudo de amostras.
REFERÊNCIAS
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