aspectos socioculturais e histÓricos … de forma separada, se combinam para gerar novas...
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ASPECTOS SOCIOCULTURAIS E HISTÓRICOS DA TERRA
INDÍGENA SÃO JERÔNIMO DA SERRA – PARANÁ
Josieli Soares dos Santos (UTFPR),
Antonio Cavalcante de Almeida (UTFPR),
Resumo: A nação brasileira abriga muitas terras dos povos indígenas, dos quais, embora muito influenciados pela cultura do homem branco (não índio), ainda preservam algumas de suas tradições e costumes. O objetivo dessa pesquisa foi realizar uma reflexão crítica sobre os aspectos socioculturais e históricos da terra indígena São Jerônimo, localizada no município de São Jerônimo da Serra - PR. Os povos indígenas sempre foram protagonistas da história paranaense, no entanto, as narrativas acerca de sua trajetória, cultura e tradições nem sempre são divulgadas à população em geral como parte integrante da história do povo paranaense. Além do levantamento de um referencial teórico, por meio de visitas, foram realizadas observações no local e entrevistas não estruturadas junto às lideranças indígenas da comunidade. Os resultados revelaram que muitos dos costumes e tradições da cultura indígena são preservados, no entanto, ratificando o conceito de hibridação de Canclini (2008), fortes influências do cenário moderno igualmente interferem nos hábitos da população. Palavras-chave: Indígena. Cultura. História.
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1 INTRODUÇÃO
O estado do Paraná possui 18 áreas indígenas, locais onde vivem comunidades
Kaingang, Guarani e alguns remanescentes Xetá. Segundo Tommasino (2011), as áreas onde
vivem os Kaingang são: Apucarana (município de Londrina), Barão de Antonina (São
Jerônimo da Serra), São Jerônimo (São Jerônimo da Serra), Queimadas (Ortigueira), Mococa
(Ortigueira), Marrecas (Guarapuava), Rio das Cobras (Laranjeiras do Sul), Palmas (Palmas),
Mangueirinha (Mangueirinha), Ivaí (Manoel Ribas) e Faxinal (Cândido de Abreu). Os
Guarani vivem em: Laranjinha (Santa Amélia), Pinhalzinho (Tomazina), Ocoí (São Miguel do
Iguaçu), Cotinga (Paranaguá), Tekohá Añetet (Diamante D’Oeste) e ainda nas áreas indígenas
Kaingang de São Jerônimo, Mangueirinha e Rio das Cobras.
Essas Terras Indígenas (TI) há algum tempo refletiam puramente a cultura, hábitos e
costumes de seus moradores, sem muito reflexo de influências externas ao seu contexto. No
entanto, com o passar dos anos ocorre um fenômeno citado por Canclini (2008) – a
hibridação. Hibridação são processos culturais nos quais “estruturas ou práticas discretas, que
existem de forma separada, se combinam para gerar novas estruturas, objetos e práticas”
(CANCLINI, 2008, p. 19). Segundo o autor, como processo de interseção e transações, a
hibridação é o que possibilita que a multiculturalidade evite a segregação, mas se transforme
em interculturalidade, conceito em que as políticas de hibridação serviriam para trabalhar
democraticamente com as divergências e distinções, não se traduzindo em guerras entre
culturas, mas sim vivendo em estado de hibridação ao invés de guerra. No caso da TI São
Jerônimo, observa-se o processo de hibridação tanto pela mistura entre povos de outras etnias
indígenas, quanto pela miscigenação com o não índio.
A Terra Indígena São Jerônimo teve seu aldeamento expedido no dia 27 de junho de
1859, mediante o aviso da doação de uma área de 33.880 hectares de terras por parte do
fazendeiro João da Silva Machado, no intuito do Estado fundar o aldeamento (MORAES,
2008). A cidade de São Jerônimo da Serra emergiu no ano de 1854, conhecida como São
Tomás de Papanduva, era esse aldeamento indígena criado sob ordens de João da Silva
Machado Barão de Antonina para abrigar e catequizar os índios que viviam espalhados pelo
sertão do rio Tibagi (MORAES, 2008). Dessa maneira, a presente pesquisa buscou relatar os
aspectos
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socioculturais e históricos dessa comunidade indígena, especialmente acerca de seu atual
modo de vida.
Além da pesquisa bibliográfica obtida por meio de referencial teórico, foi realizada a
pesquisa de modalidade qualitativa na área indígena São Jerônimo, mediante duas visitas
presenciais feitas nos dias 17/05/2015 e 06/06/2015. Além da observação aos modos de vida
dos moradores, implementou-se três entrevistas não estruturadas com representantes da
comunidade, bem como capturaram-se imagens dos povoados por meio de fotografias, o que
possibilitou contribuir para coleta de dados e posterior análise sobre a caracterização da
comunidade. O trabalho, além dessa introdução, está estruturado em três seções, tratando-se a
seção dois do histórico das terras indígenas do Paraná; a seção três da apresentação e análise
dos resultados acerca dos aspectos socioculturais e históricos de São Jerônimo; e na quarta
seção, relatam-se as considerações finais.
2 HISTÓRICO TERRAS INDÍGENAS DO PARANÁ: KAINGANG,
XOKLENG,
GUARANI E XETÁ
Mota (2015) descreve sobre a presença dos Guarani no sul do Brasil, da qual ocorreu
mediante a chegada de europeus na região dos Guarani, na época denominados Carijós, onde
nesse período ocupavam vastos territórios nas bacias dos principais rios do Paraná e largas
faixas litorâneas desde o sul de São Paulo até o Rio Grande do Sul. De acordo com Mota
(2015), passado um século, os Jesuítas implantaram o sistema das Reduções nos vales dos rios
Paranapanema, Pirapó, Tibagi, Ivaí e Piquiri, locais onde na época estimavam-se existir mais
200 mil índios. Por volta de 1628-1630 essas Reduções foram devastadas pelos ataques dos
bandeirantes paulistas, dessa maneira grandes contingentes dessas populações Guarani foram
migradas para as margens ocidentais do rio Paraná, para as novas missões jesuíticas no Rio
Grande do Sul, ou movidas prisioneiras para São Paulo. Inevitavelmente ocorreu drástica
redução de populações Guarani na região, e outras etnias, como os Kaingang, foram ocupando
esses territórios.
Os dois grupos étnicos Kaingang e Guarani convivem na mesma área geográfica e,
historicamente, suas relações foram assinaladas por inimizade mútua, sucedida dos tempos
míticos. Segundo Tommasino (2011), entre 1979 e 1986 ocorreram movimentos sociais
indígenas na região norte-paranaense dos quais
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expressaram uma dinâmica interna e externa de grande importância histórica. Esses
movimentos marcaram a união de grupos indígenas de várias áreas da mesma etnia e de
grupos de etnias distintas, num rompimento dos limites geográficos de suas reservas onde
eram controlados no seu ir e vir. Nesse processo, romperam, sobretudo, as fronteiras étnicas
que até então separavam os Kaingang e Guarani.
As guerras habituais recorrentes entre os grupos expressavam e reavivavam o mito e
a inimizade. A construção da identidade étnica de ambos ocorria, em grande medida,
opostamente um ao outro. Além dos dois grupos, existe outro da etnia Xetá em que seus
participantes vivem espalhados em terras Kaingang e até fora das aldeias, remanescentes de
uma sociedade que vivia em várias aldeias na microrregião de Umuarama e que foi
praticamente aniquilada na década de 1960 por grileiros e fazendeiros, restando poucas
dezenas de indivíduos dessa etnia. Os Xetá falam a língua Xetá da família tupi-guarani
(TOMMASINO, 2011).
Claude Lèvi-Strauss, antropólogo e filósofo francês, que realizou trabalhos no Brasil
e estudou a TI São Jerônimo, sendo essa uma de suas bases de permanência, em 1955
publicou a obra “Tristes Trópicos” que em um dos capítulos trata de sua trajetória nas terras
indígenas do Paraná. Especificamente sobre a TI São Jerônimo, Lèvi-Strauss (2015) relata a
história que a comunidade estava vivendo na época de seus estudos, na década de 1930,
enfatiza o processo de hibridação que o povoado estava passando.
Houve descoberta dos povos que dominavam os dois lados do rio Tibagi, cerca de
1000 metros acima do nível do mar. Toda a parte sul do Brasil foi o habitat de grupos
relacionados por idioma e cultura, que são classificadas sob o nome de “Jê”. No início, a
iniciativa pública trabalhou para integrá-los na vida moderna. Lèvi-Strauss (2015) relata que
na aldeia de São Jerônimo existia uma serraria, uma escola e uma farmácia. A base recebeu
regularmente ferramentas. Machados, facas, roupas e cobertores foram distribuídos, no
entanto, vinte anos depois, essas tentativas foram abandonadas. Isso, fatidicamente, deixou os
índios desprovidos de seus próprios recursos, o Serviço de Proteção testemunhou a
indiferença que as autoridades demonstravam. Sem qualquer outra proposta, o Serviço de
Proteção foi forçado a providenciar outro método, que incitava os indígenas a encontrarem
alguma iniciativa e os obrigava a retornar a sua própria direção.
Segundo observou Lèvi-Strauss (2015), os indígenas só conservaram suas
vestimentas brasileiras, o machado, faca e agulha, o restante, foi um fracasso.
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Foram construídas casas, mas não permaneciam nelas; tentaram os organizar em aldeias, mas
nômades continuavam; quebravam as camas para fazer fogo e dormiam no chão. As vacas que
o governo havia cedido ficavam vagando a esmo em rebanhos, e eles rejeitaram com desgosto
a sua carne e leite. As argamassas de madeira movidas mecanicamente através de um
recipiente ligado a um braço de alavanca que é enchido e esvaziado alternadamente
(dispositivo comum no Brasil, conhecido por monjolo, que certamente os Portugueses
importaram do Oriente) se apodreciam, inúteis, uma vez que a prática geral de moagem com a
mão se mantinha (LÉVI-STRAUSS, 2015).
Diante desse cenário, o etnógrafo com pesar expressou que “os índios da Tibagi não
eram inteiramente ‘verdadeiros índios’, nem (sobre tudo) ‘selvagens’” (LÉVI-STRAUSS,
2015, p. 158). Na sua percepção, encontrou os índios menos intactos do que esperava, aos
autóctones foi imposta uma civilização com violência. Isso porque quando os índios se viam
desprovidos de seus próprios recursos, acontecia uma extensão de transtornos de desequilíbrio
superficial entre cultura moderna e cultura primitiva. Passado quase um século da experiência
de Lévi-Strauss, percebe-se que povos indígenas estão ainda mais influenciados pela cultura
do não índio, estão muito receptivos ao atual cenário global, notadamente por desfrutarem de
todos os recursos tecnológicos que o mundo moderno oferece.
Na próxima seção serão apresentados os aspectos socioculturais e históricos da terra
indígena São Jerônimo, mediante os dados coletados e analisados nessa pesquisa.
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS: ASPECTOS SOCIOCULTURAIS E HISTÓRICOS
DA TERRA INDÍGENA SÃO JERÔNIMO – PARANÁ
Na sequência serão caracterizados os três entrevistados, sendo preservadas suas
identidades (nomes), discorridas apenas informações pessoais de sua história, de acordo com
que expuseram durante a conversa. Como não ocorreu uma entrevista estruturada, os
entrevistados se declararam livremente, por isso, as informações expostas por cada um
diferem uma das outras. Salienta-se que houve contato com o cacique Kaingang na tentativa
de agendamento da entrevista pessoal, e por meio de seu retorno via e-mail, se dispôs à
conversa, no entanto, devido a seus compromissos, inclusive no gerenciamento da festa da
comunidade,
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impossibilitou-se sua entrevista. Já o cacique Guarani foi procurado pessoalmente por duas
vezes, e em ambas tentativas, não foi encontrado, o que igualmente impossibilitou sua
entrevista. Seguem as caracterizações dos entrevistados:
- “Entrevistado 1”: pertence à etnia Guarani-Kaiuá. É professor alfabetizador na
escola indígena de São Jerônimo há nove anos, alfabetiza o português, embora domine cinco
dialetos nativos indígenas, mais a língua paraguaia. Nesse período está trabalhando com a
turma do primeiro ano, com 20 crianças. É casado, tem quatro filhos e três netos, tem 63 anos
de nascimento, porém em seu registro consta-se com 50 anos. O professor é natural de
Dourados, Mato Grosso, das terras de Jaguapiru / Bororó, veio para as terras paranaenses em
abril de 1985, inicialmente em Pinhalzinho, município de Tomazina. Agiu como pacificador
de posseiros indígenas que brigaram judicialmente por território, que acabaram por ser
indenizados. Pai falecido em Dourados há dois anos, com 105 anos, a quem, segundo seu
relato, não comia sal. Carne e outros alimentos preparava somente com outros temperos, sem
o sal, um dos motivos ao qual atribuem sua longevidade de vida. O professor é pesquisador e
em breve lançará um livro sobre a história e cultura Guarani, que está para ser publicado. Foi
cacique por um ano e meio, de 1990 até 1992, mas abdicou do cargo antes mesmo de vencer o
período de vigência do mandato, por questões políticas e interesses ao poder, o que ia contra
seus princípios, como alegou. Embora natural da etnia Guarani, por questões também
políticas, afinidade e confiança, submete-se ao cacique Kaingang.
- “Entrevistado 2”: pertence à etnia Guarani. Há três anos é presidente da Associação
dos produtores rurais indígenas de São Jerônimo da Serra – associação com estatuto. Casado,
com 39 anos, possui cinco filhos. Submete-se ao cacique Kaingang, pelos mesmos motivos
alegados pelo entrevistado 1. É um militante em defesa da TI, antes de exercer o cargo que
atualmente exerce, já atuou em outras funções de liderança, quando igualmente lutou e
defendeu os direitos dos moradores. Sempre que ocorrem reuniões e movimentos em defesa
aos direitos dos indígenas, em especial ao seu local de moradia, é sempre atuante. Pelo que
expressou, demonstrou ser muito ativo na TI por articular formas de angariação de recursos
que possam ser revertidos em benefícios à comunidade. Prova disso, são os automóveis,
motocicletas e tratores que atualmente possuem, que são, segundo ele, cuidadosamente
mantidos para se preservarem em bom estado de uso.
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- “Entrevistado 3”: pertence à etnia Guarani, nascido e criado na TI de São Jerônimo,
é bacharel em Geografia pela Universidade Estadual Norte do Paraná, campus Cornélio
Procópio, e estudante de mestrado em universidade catarinense. É solteiro, embora tenha
permanecido uma temporada fora de casa para estudar, retornou a TI e atualmente exerce a
função de professor na escola indígena. É um pesquisador, sua linha de pesquisa é voltada
para a antropologia, especialmente ao estudo da cultura indígena. Já visitou diversas terras
indígenas espalhadas pelo Brasil, e por conta das experiências, já publicou trabalhos na área.
Frequentemente participa de reuniões, congressos e fóruns de discussões acerca dos interesses
indígenas. Demonstrou-se muito respeitoso à sua cultura, orgulhoso por pertencer à sua etnia,
falou com muita empolgação e paixão sobre a realidade indígena na atualidade, especialmente
sobre suas expectativas e anseios por melhorar as condições de vida dos moradores da
comunidade São Jerônimo, sobretudo preservando sua cultura, mantendo seus hábitos e
costumes nativos que ainda se mantém vivos, para serem transmitidos de geração em geração.
Nos tópicos a seguir serão apresentados dados referentes aos diversos aspectos
socioculturais e históricos da TI São Jerônimo, baseadas nas observações e entrevistas
realizadas, bem como complementadas informações citadas em outros estudos já publicados,
dos quais serão devidamente referenciados.
3.1 LIDERANÇAS INDÍGENAS DA TI SÃO JERÔNIMO
De acordo com o expressado pelo “entrevistado 1”, o território de São Jerônimo é
ocupado pelas etnias Kaingang, Guarani e Xetá, além de moradores não índios, possuindo
atualmente 635 moradores , sendo 75 famílias Guarani, 36 famílias Kaigangue, 10 famílias
Xetá, o que admite conceber mais de uma liderança. “A reserva possui dois Caciques, um
cacique Guarani, um cacique Kaingang. A escolha do cacique é feita pela comunidade de
forma eletiva, com mandato para quatro anos”.
Pelo seu relato, no entanto, essa convivência de dois caciques em um mesmo
território não é amigável, o que suscita que vivam em constantes conflitos. Há uma disputa
pelo território, pela liderança, o que nutre uma forma meio confusa de direcionar a
comunidade. Tanto o “entrevistado 1” quanto o “entrevistado 2” afirmaram apoiar o cacique
Kaingang, pela sua seriedade e compromisso com o
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povo, atuando de forma responsável, preocupado e atencioso às necessidades e demandas da
comunidade. Já o cacique Guarani é pouco atuante, muitas vezes age desfavoravelmente à
população local, dando a entender que seus interesses são muito individuais, preocupados
apenas com o poder e domínio territorial. Por esse fato, a grande parte do povoado defende a
permanência do cacique Kaingang, respeitando sua liderança e atuação, independentemente
da etnia a que pertence.
O “entrevistado 2” relatou que naqueles dias em que foi realizada a visita, estava
ocorrendo um conflito bem sério entre os caciques, período em que ameaças de violência
física e até morte ocorreram. Mediante esse cenário, grande parte da população da TI ansiava
pela renúncia de um dos caciques sem que vencesse o período habitual do seu mandato de
quatro anos. Contou que lideranças locais recorreram ao Ministério Público para possível
intervenção no caso, mas por se tratar de normas internas à comunidade, às tradições étnicas,
legalmente não teria como a iniciativa pública intervir.
3.2 LÍNGUA/DIALETO E EDUCAÇÃO
Almeida (2013) retoma o comentado por diversos autores acerca dos dialetos. O
grupo étnico pertencente ao tronco Macro Jê e ao tronco linguístico Jê possui
aproximadamente cinco dialetos falados na região Centro-Sul do Brasil. Nem todos os
membros da TI dominam os dialetos nativos, segundo relato do “entrevistado 1” a grande
maioria se comunica em português, sendo que a alfabetização e ensino dos níveis posteriores
são feitos nessa língua, por meio de materiais elaborados e fornecidos pelo governo estadual,
dos quais trazem elementos referente à cultura indígena, mas que não ensinam os dialetos
nativos. O “entrevistado 1” expressou que existem projetos locais de preservação da língua
nativa, dos quais permitem seu ensino, mas que não alcança a todos, por não ser obrigatório,
como o é nas escolas do governo, assim, nem todos se interessam em aprendê-la.
O “entrevistado 2” se mostrou preocupado com a questão da transmissão da língua às
próximas gerações, uma vez que os moradores mais antigos que dominam os dialetos nativos
já estão idosos, muitos já faleceram, e restam poucas pessoas fielmente conhecedoras da
língua. Exemplificou a si mesmo, em que sua mãe ensinou parte de seu dialeto, mas que com
a falta da prática e de aprofundamento
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nos estudos, acaba por não dominá-lo completamente, o que não permite que repasse aos seus
filhos, sendo esses, por exemplo, totalmente “analfabetos” em relação à língua nativa.
A TI possui uma escola pública – Escola Estadual Indígena Cacique Koféj – que
oferta séries iniciais, ensino fundamental até o nível médio. Para estudantes que desejam
cursar o ensino superior, recorrem às faculdades e universidades fora da cidade de São
Jerônimo da Serra, o que demanda seu deslocamento. Pelo motivo da complexidade da saída
do local, por ser oneroso, segundo os entrevistados, muitos desistem da formação superior e
se mantém escolarizados até o nível médio.
3.3 ARTEFATOS E ALIMENTAÇÃO
Ambrosetti (1895) trás relatos acerca da base alimentar dos Kaingang de acordo com
seus estudos na década de 1850. Na época, a alimentação dos indígenas se baseava no milho
que plantavam. Não comiam nada cru, com exceção das frutas, todos os demais alimentos
passavam por cozimento, de maneira simples, uma vez que utilizavam os procedimentos
básicos de assar e cozer por meio de fervura. Os utensílios culinários que utilizavam eram
pouco variados. Basicamente manuseavam potes de barro ou ferro, morteiro de madeira que
eles mesmos produziam, peneiras e colheres que eram utilizadas para servir.
Os Kaingang se alimentavam também com muitos outros vegetais. Eram
apreciadores do mel, e praticamente todo mel estava apto para a alimentação, com exceção do
Iratí, que produz um curioso fenômeno que paralisa o corpo, do qual utilizavam como uma
espécie de remédio. A carne dos animais que caçavam basicamente consumiam assada ou
cozida, embora tivessem outros métodos de prepará-la. Como exemplo, sempre com o couro,
se colocava diretamente sobre as brasas ou sobre uma espécie de grelha quadrada de
cinquenta centímetros de largura, feita com pequenas ramas, ou ainda, embaixo da terra.
Utilizavam-se da pesca como uma maneira muito comum de se alimentarem. Também
apreciavam muito bebidas alcoólicas e sabiam preparar vários tipos dela. (AMBROSETTI,
1895).
No atual cenário, o modo de alimentação se modificou bastante, embora mantenham
muitas práticas antigas. Segundo o “entrevistado 1”, a alimentação que hoje utilizam é muito
próxima da consumida pelo não índio, uma vez que grande parte dos moradores recorrem aos
mercados locais para aquisição do alimento,
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muito pouco produzindo nas terras de moradia. Basicamente utilizam os grãos arroz, feijão,
milho e outros, também a farinha, legumes e verduras. Consomem carne, comumente cozida
com mandioca ou outras raízes, ou assada. Costumam utilizar muitos temperos extraídos
naturalmente da terra, como folhas, raízes e grãos, dos quais cultivam em canteiros na própria
propriedade.
Infelizmente os novos hábitos alimentares de produtos industrializados afetaram a
saúde dos indígenas. De acordo com D’Angelis (2015), atualmente a maioria das famílias
Kaingang compra a carne ao invés de produzir a sua própria; consome muito café, sendo o
solúvel muito utilizado; mantém o hábito do chimarrão, no entanto, hoje compram a erva
pronta enquanto antigamente costumavam eles mesmos produzir. Há um grande consumo de
macarrão, bolachas e refrigerantes. Por todas essas mudanças que foram obrigados em seus
hábitos alimentares, além dos transtornos ambientais pelos descartes indiscriminados das
embalagens, “hoje a obesidade, a hipertensão e o diabetes são problemas de saúde comuns
entre os Kaingang” (D’ANGELIS, 2015, p. 2).
De acordo com o observado na visita a TI São Jerônimo, muitos artefatos comuns de
origens indígenas ainda utilizam, preparados com madeira, metal, pedras e outros, ferramentas
para o trabalho agrário, pesca, como remos, lanças, arco e flecha, dentre outros.
Confeccionam cestos, peneiras, recipientes elaborados com folhas, cipós, bambus e outras
matérias-primas extraídas da natureza. Preparam instrumentos musicais, adornos, utensílios
em geral, produzidos mediante extratos naturais, de origem vegetal ou animal. Muitos dos
produtos são expostos nas mostras periódicas que promovem nos eventos, como a Festa do
Índio, por exemplo, quando é possível conhecer os instrumentos construídos na comunidade.
3.4 RELIGIÃO
Os atuais hábitos dos povos indígenas, além de suscitarem mudanças na cultura,
língua, alimentação e outros, igualmente sucederam modificações nas questões religiosas.
Segundo Almeida (2013), os contatos estabelecidos com a sociedade não-indígena no sul do
país há praticamente dois séculos incorporou no repertório cultural elementos pertencentes à
sociedade ocidental, quer seja pela imposição do colonialismo, ou por necessidade dos
indígenas de sobrevivência e afirmação política no Estado-nação. “Dessa maneira, os
Kaingang procuraram
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adquirir competências e habilidades do homem branco como meio de interagir e resistir na
atualidade” (ALMEIDA, 2013, p. 157). Em seus estudos, Almeida (2013, p. 169) entrevistou
lideranças indígenas e um cacique declarou que ocorre um domínio das crenças religiosas de
matriz ocidental, sobretudo da Igreja Assembleia de Deus. Na pesquisa, o cacique
entrevistado relatou que “a escolha pela religião evangélica foi uma necessidade espiritual e
uma maneira de dar exemplo para os da comunidade de como viver sem se envolver com o
álcool, drogas ou outros problemas”.
De acordo com Ambrosetti (1895), na cultura nativa dos Kaingang crêem numa
entidade do bem que se chama Tupên, conforme relata:
Los Kaingángues creen em um ente bueno que llaman Tupên, corrupcion del Tupá Guaraní, quien manda en el pais de los Uái kupri y al cual esperan ir, uma vez muertos, para descansar de las fatigas de la tierra, sin necesidad de andar batiendo el monte para cazar ó melar; porque tanto los animales como las colmenas se hallan allí á cada paso, en gran abundancia, y se pueden procurar sin ningun trabajo, ofreciéndose los Monos, Coatis, Antas, y otros animales que aprecian, para ser sacrificados fácilmente. Tambien dicen que em el país de los Uái kupri se vive tranqüilo, porque no hay que temer á ninguna clase de enemigos, ya Sean hombres, tigres, víboras ponzoñosas, etc. (AMBROSETTI, 1895, p. 349).
As autoridades más em que crêem são da terra, o que querem dizer que nada tem a
ver com a vida futura, senão com a presente. Se resumem a fantasmas, visões e tudo o que
eles não podem explicar satisfatoriamente, implicam às almas, conhecidas ao nome genérico
de Uai kupri. Não admitem que esses espíritos dominem seu país e andem errantes pela terra.
Eles crêem na vida futura e estão seguros em gozar de sua tranquilidade eterna, de modo que
não invocam a Tupên, a quem consideram um servidor informal e amigável que não só os
atende bem em sua autoridade, mas também se torna o incômodo por indicarem, por meio de
seus poderes, dados de sua vida prática, da sua qualidade de vida na terra. “Os Kaingang tem
também em sua tradição, ou melhor, um mito que transmitem de geração em geração, por
meio do qual os mais idosos de ambos os sexos, que são sempre em todas as situações, os
encarregados de falar do passado” (AMBROSETTI, 1985, p. 350).
Pela observação ao ambiente da TI e relatos dos entrevistados dessa pesquisa,
percebe-se que a na cultura atual a população respeita e admira as antigas crenças e tradições,
algumas práticas ainda exercitam, mas não fielmente como praticavam seus antepassados.
Hoje são muito influenciados pela cultura religiosa ocidental. Em seu relato, o “entrevistado
1” expressou que “existe diferença entre costume e tradição, reza e canto”. Segundo ele,
costume está relacionado ao
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modo como comem, já a tradição é a forma com que cultivam sua religiosidade; o canto é
feito em agradecimento a Deus (Nhanderu, Keyhúsu em Guarani-Kaiuá) pela natureza, os
frutos, animais, água e outros bens naturais que servem de subsistência na sobrevivência
humana. A reza é utilizada para pedirem cura ou até chuva, se for o caso.
O povoado da TI São Jerônimo é bastante influenciado pelo cristianismo. Segundo o
“entrevistado 3”, na comunidade estão instaladas uma igreja Católica, uma Congregação
Cristã do Brasil e três igrejas evangélicas, sendo Batista, Assembleia Madureira e Assembleia
do Reino de Deus.
3.5 ATIVIDADES CULTURAIS: FESTIVIDADES E COMEMORAÇÕES
“KAMU HÁ HAN RÃ / PEJÚ POHÃ KE KOTED HÁPE / NMÉ TXU DJURẼ /
SEJAM BEM VINDOS” – essas expressões impressas em uma faixa dependurada na entrada
do local da festa acolhiam os visitantes que chegavam para participar das festividades em
comemoração ao Dia do Índio na TI São Jerônimo.
Essencialmente as atividades culturais são desenvolvidas na escola e mediante
projetos escolares. De acordo com os entrevistados, anualmente ocorre a tradicional festa em
comemoração ao Dia do Índio, em que por vários dias os moradores e lideranças da
comunidade se preparam para construir toda uma estrutura própria para acolher, além dos
membros da comunidade, visitantes externos às TI. Esse é um tempo muito festivo em que os
festejos duram cerca de três dias, iniciando geralmente na sexta-feira, se estendendo até o
domingo.
Na festa, habitualmente são realizadas apresentações culturais de canto, danças,
teatro e/ou outras modalidades artísticas. Também são expostos artefatos tradicionais
confeccionados pelos moradores, de acordo com as tradições de cada etnia, bem como são
expostas atividades escolares confeccionadas por alunos da escola indígena, comumente
expressando sua história e cultura.
Acontece nessa festividade o popular baile, com direito a música que adentra a
madrugada a fora, não faltando muita dança e badalação. Igualmente um acontecimento muito
tradicional é o churrasco fogo de chão, em que são assadas dezenas e mais dezenas de quilos
de carne, que são servidos a todos os presentes na celebração.
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A convivência das diversas etnias em um único espaço favoreceu os casamentos
entre pessoas de etnias diferentes, inclusive com o não índio, algo inadmissível anteriormente,
mas sendo hoje muito comum a união entre etnias trocadas. De certa maneira isso também
influencia na cultura e tradições de cada povo, em suas comemorações e celebrações.
Várias outras atividades culturais são promovidas no decorrer do ano, como
expressou o “entrevistado 3”, apresentações artísticas realizadas nas escolas, campeonatos
esportivos, dentre outros. Frequentemente também acontecem reuniões, seminários e
congressos que acomodam, além dos índios, participantes de várias instituições ligadas aos
diretos humanos e dos indígenas. Esses eventos podem ocorrer tanto no território de São
Jerônimo, quanto em outras localidades, mas que contam com a presença de representantes
dessa TI.
3.6 TRABALHO
Segundo observação e algumas expressões intrínsecas dos entrevistados, a concepção
de trabalho por parte dos indígenas é diferente da do homem branco (não índio); eles
consideram o trabalho seu modo de sobrevivência e o pratica mediante toda a estrutura que
constroem para sua proteção, segurança, alimentação e bem estar diário. O valor trabalho está
relacionado ao plantio, cultivo de flores e frutos, cuidado com os animais que criam,
construções dos abrigos, elaboração dos alimentos, confecções dos utensílios culinários
artefatos de caça, pesca e guerra, dentre outros materiais de consumo e uso rotineiro.
Valorizam o tempo livre e cultivam esse valor como o bem mais precioso que o próprio
trabalho, considerando a preparação da Festa do Índio, por exemplo, aparentemente um
evento de laser, como uma prática do trabalho. Festividades e outros eventos oferecidos pela
comunidade são um modo de trabalho. Nessa perspectiva, não tratam o trabalho sob o viés
comercial e econômico como o não índio, puramente com o objetivo de comercialização,
aquisição de bens e serviços de uso pessoal, que não somente atende às necessidades básicas
de sobrevivência, mas alimentam a necessidade de elevar a autoestima e o status, por meio do
consumo.
Basicamente o modo de sobrevivência das famílias da comunidade se resume em
prestação de serviços nas lavouras de agricultores da região, cultivo para a própria
subsistência em terras férteis de feijão, milho e mandioca que
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posteriormente são vendidos, em sua maioria na cidade de Londrina-PR. De acordo com o
“entrevistado 3”, há também plantio de eucalipto e café, dos quais são comercializados com
Cooperativas Agrícolas. Existem alguns que são funcionários públicos dos governos
municipal ou estadual, servidores da área da educação, saúde, INCRA, FUNAI e/ou outros
órgãos.
De acordo com o “entrevistado 2”, a associação dos produtores rurais indígenas de
São Jerônimo é assistida pelo Consórcio Energético Cruzeiro do Sul. Dentre as formas de
aquisição de recursos, investiram em alguns instrumentos de trabalhado que ficam à
disposição para uso da população, de forma planejada e fiscalizada. A associação possui
atualmente dois tratores, dois utilitários modelo Space Fox e duas motocicletas (um para uso
dos Guarani e outro para uso dos Kainkang), que auxiliam no cultivo da lavoura, na limpeza,
organização e outras manutenções no espaço. Trabalham vinculados aos recursos do
Consórcio Energético Cruzeiro do Sul, organização que cuida de oito TI. Os veículos
utilitários além de serem utilizados para fins de trabalho, também servem para deslocamento
de membros da reserva para tratamento médico, sejam em cidades mais próximas da região
como Cornélio Procópio e Londrina, como na capital do estado, em Curitiba.
3.7 SAÚDE
Mediante o expresso pelo “entrevistado 2”, os tratamentos básicos de saúde física,
psicológica e odontológica da TI de São Jerônimo são realizados no posto de saúde
especialmente destinado ao atendimento à essa população, situado na cidade de São Jerônimo
da Serra, localização bem próxima da TI. O Ministério da Saúde mediante a Fundação
Nacional da Saúde (FUNASA) mantém disponível aos moradores no posto de saúde: um
médico, um enfermeiro, um dentista e um auxiliar de dentista, um auxiliar de serviços gerais e
dois motoristas que se revezam em escala para transportarem pacientes até Londrina ou
Cornélio Procópio. Além da equipe médica e odontológica, a unidade de saúde fornece
medicamentos básicos para o tratamento de saúde, nos seus aspectos mais fundamentais.
Ratifica-se que a TI disponibiliza veículos utilitários para deslocamento dos membros do
aldeamento para fins de tratamento médico.
444
Quanto ao uso de artifícios populares para tratamento medicinal, pelos relatos dos
entrevistados, muitos moradores mantêm a tradição de utilizarem ervas medicinais, frutos e
raízes naturais, como recursos para o restabelecimento da saúde e até com a finalidade de cura
de doenças. É uma prática transmitida pelos antepassados que se conserva de geração em
geração. No próximo tópico serão apresentadas as considerações finais dessa narrativa.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mediante os resultados da pesquisa foi possível verificar que, embora influenciados
pela cultura do homem branco (não índio), os moradores da TI São Jerônimo ainda preservam
muitas de suas tradições e costumes. A cultura, mesmo ameaçada pelas mudanças ambientais
e legais, se mantém, e hipoteticamente se manterá pelas futuras gerações indígenas, uma vez
que seus membros valorizam seus hábitos e costumes, mesmo sendo distanciados cada vez
mais deles, o repassam de pai para filhos, mantendo a chama viva de suas tradições.
Os índios nessa região já não mais vivem em ocas de sapê, não andam nus ou
vestidos com as tradicionais vestimentas e adornos indígenas, não mais se utilizam
unicamente da caça e pesca para sua sobrevivência. A grande maioria utiliza utensílios
domésticos com aparelhos eletrônicos, possui acesso à internet nas próprias terras indígenas,
se locomovem em longas distâncias essencialmente por meio de motocicletas e automóveis.
Residem em casas de alvenaria, com acabamento em pisos e telhados feitos com telhas de
amianto ou barro. Usufruem de água encanada e aquecida por meio de mecanismos de
aquecimento solar, têm acesso à energia elétrica e cozinham em fogões a gás. Pelos relatos
dos entrevistados, a comunidade atualmente se beneficia das invenções e utilidades do mundo
moderno e muito se satisfaz com esses modos de vida, não mais desejando se manter nos
modos mais rudimentares de sobrevivência.
Hoje usufruem de muitos benefícios assegurados pela iniciativa pública juntamente
com organizações não governamentais, que promovem a preservação e crescimento dos povos
indígenas. No entanto, há de se considerar que há muita pobreza e ausência de melhores
recursos para manutenção da saúde, educação e segurança, que atingem negativamente o
crescimento e melhores condições de vida dessa população.
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Considerou-se de extrema riqueza a efetivação do presente estudo, essencialmente
pelo contato mais próximo com os povos indígenas, frente à sua rotina, seus hábitos,
costumes, crenças e tradições. Pondera-se ser de grande valia o olhar mais atento às
necessidades e realidade desse povo, numa postura de respeito e valorização à sua cultura,
fundamentalmente por carregarem em sua história os primórdios da nação brasileira.
REFERÊNCIAS
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