aspectos socioculturais e histÓricos … de forma separada, se combinam para gerar novas...

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430 ASPECTOS SOCIOCULTURAIS E HISTÓRICOS DA TERRA INDÍGENA SÃO JERÔNIMO DA SERRA PARANÁ Josieli Soares dos Santos (UTFPR), [email protected] Antonio Cavalcante de Almeida (UTFPR), [email protected] Resumo: A nação brasileira abriga muitas terras dos povos indígenas, dos quais, embora muito influenciados pela cultura do homem branco (não índio), ainda preservam algumas de suas tradições e costumes. O objetivo dessa pesquisa foi realizar uma reflexão crítica sobre os aspectos socioculturais e históricos da terra indígena São Jerônimo, localizada no município de São Jerônimo da Serra - PR. Os povos indígenas sempre foram protagonistas da história paranaense, no entanto, as narrativas acerca de sua trajetória, cultura e tradições nem sempre são divulgadas à população em geral como parte integrante da história do povo paranaense. Além do levantamento de um referencial teórico, por meio de visitas, foram realizadas observações no local e entrevistas não estruturadas junto às lideranças indígenas da comunidade. Os resultados revelaram que muitos dos costumes e tradições da cultura indígena são preservados, no entanto, ratificando o conceito de hibridação de Canclini (2008), fortes influências do cenário moderno igualmente interferem nos hábitos da população. Palavras-chave: Indígena. Cultura. História.

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ASPECTOS SOCIOCULTURAIS E HISTÓRICOS DA TERRA

INDÍGENA SÃO JERÔNIMO DA SERRA – PARANÁ

Josieli Soares dos Santos (UTFPR),

[email protected]

Antonio Cavalcante de Almeida (UTFPR),

[email protected]

Resumo: A nação brasileira abriga muitas terras dos povos indígenas, dos quais, embora muito influenciados pela cultura do homem branco (não índio), ainda preservam algumas de suas tradições e costumes. O objetivo dessa pesquisa foi realizar uma reflexão crítica sobre os aspectos socioculturais e históricos da terra indígena São Jerônimo, localizada no município de São Jerônimo da Serra - PR. Os povos indígenas sempre foram protagonistas da história paranaense, no entanto, as narrativas acerca de sua trajetória, cultura e tradições nem sempre são divulgadas à população em geral como parte integrante da história do povo paranaense. Além do levantamento de um referencial teórico, por meio de visitas, foram realizadas observações no local e entrevistas não estruturadas junto às lideranças indígenas da comunidade. Os resultados revelaram que muitos dos costumes e tradições da cultura indígena são preservados, no entanto, ratificando o conceito de hibridação de Canclini (2008), fortes influências do cenário moderno igualmente interferem nos hábitos da população. Palavras-chave: Indígena. Cultura. História.

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1 INTRODUÇÃO

O estado do Paraná possui 18 áreas indígenas, locais onde vivem comunidades

Kaingang, Guarani e alguns remanescentes Xetá. Segundo Tommasino (2011), as áreas onde

vivem os Kaingang são: Apucarana (município de Londrina), Barão de Antonina (São

Jerônimo da Serra), São Jerônimo (São Jerônimo da Serra), Queimadas (Ortigueira), Mococa

(Ortigueira), Marrecas (Guarapuava), Rio das Cobras (Laranjeiras do Sul), Palmas (Palmas),

Mangueirinha (Mangueirinha), Ivaí (Manoel Ribas) e Faxinal (Cândido de Abreu). Os

Guarani vivem em: Laranjinha (Santa Amélia), Pinhalzinho (Tomazina), Ocoí (São Miguel do

Iguaçu), Cotinga (Paranaguá), Tekohá Añetet (Diamante D’Oeste) e ainda nas áreas indígenas

Kaingang de São Jerônimo, Mangueirinha e Rio das Cobras.

Essas Terras Indígenas (TI) há algum tempo refletiam puramente a cultura, hábitos e

costumes de seus moradores, sem muito reflexo de influências externas ao seu contexto. No

entanto, com o passar dos anos ocorre um fenômeno citado por Canclini (2008) – a

hibridação. Hibridação são processos culturais nos quais “estruturas ou práticas discretas, que

existem de forma separada, se combinam para gerar novas estruturas, objetos e práticas”

(CANCLINI, 2008, p. 19). Segundo o autor, como processo de interseção e transações, a

hibridação é o que possibilita que a multiculturalidade evite a segregação, mas se transforme

em interculturalidade, conceito em que as políticas de hibridação serviriam para trabalhar

democraticamente com as divergências e distinções, não se traduzindo em guerras entre

culturas, mas sim vivendo em estado de hibridação ao invés de guerra. No caso da TI São

Jerônimo, observa-se o processo de hibridação tanto pela mistura entre povos de outras etnias

indígenas, quanto pela miscigenação com o não índio.

A Terra Indígena São Jerônimo teve seu aldeamento expedido no dia 27 de junho de

1859, mediante o aviso da doação de uma área de 33.880 hectares de terras por parte do

fazendeiro João da Silva Machado, no intuito do Estado fundar o aldeamento (MORAES,

2008). A cidade de São Jerônimo da Serra emergiu no ano de 1854, conhecida como São

Tomás de Papanduva, era esse aldeamento indígena criado sob ordens de João da Silva

Machado Barão de Antonina para abrigar e catequizar os índios que viviam espalhados pelo

sertão do rio Tibagi (MORAES, 2008). Dessa maneira, a presente pesquisa buscou relatar os

aspectos

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socioculturais e históricos dessa comunidade indígena, especialmente acerca de seu atual

modo de vida.

Além da pesquisa bibliográfica obtida por meio de referencial teórico, foi realizada a

pesquisa de modalidade qualitativa na área indígena São Jerônimo, mediante duas visitas

presenciais feitas nos dias 17/05/2015 e 06/06/2015. Além da observação aos modos de vida

dos moradores, implementou-se três entrevistas não estruturadas com representantes da

comunidade, bem como capturaram-se imagens dos povoados por meio de fotografias, o que

possibilitou contribuir para coleta de dados e posterior análise sobre a caracterização da

comunidade. O trabalho, além dessa introdução, está estruturado em três seções, tratando-se a

seção dois do histórico das terras indígenas do Paraná; a seção três da apresentação e análise

dos resultados acerca dos aspectos socioculturais e históricos de São Jerônimo; e na quarta

seção, relatam-se as considerações finais.

2 HISTÓRICO TERRAS INDÍGENAS DO PARANÁ: KAINGANG,

XOKLENG,

GUARANI E XETÁ

Mota (2015) descreve sobre a presença dos Guarani no sul do Brasil, da qual ocorreu

mediante a chegada de europeus na região dos Guarani, na época denominados Carijós, onde

nesse período ocupavam vastos territórios nas bacias dos principais rios do Paraná e largas

faixas litorâneas desde o sul de São Paulo até o Rio Grande do Sul. De acordo com Mota

(2015), passado um século, os Jesuítas implantaram o sistema das Reduções nos vales dos rios

Paranapanema, Pirapó, Tibagi, Ivaí e Piquiri, locais onde na época estimavam-se existir mais

200 mil índios. Por volta de 1628-1630 essas Reduções foram devastadas pelos ataques dos

bandeirantes paulistas, dessa maneira grandes contingentes dessas populações Guarani foram

migradas para as margens ocidentais do rio Paraná, para as novas missões jesuíticas no Rio

Grande do Sul, ou movidas prisioneiras para São Paulo. Inevitavelmente ocorreu drástica

redução de populações Guarani na região, e outras etnias, como os Kaingang, foram ocupando

esses territórios.

Os dois grupos étnicos Kaingang e Guarani convivem na mesma área geográfica e,

historicamente, suas relações foram assinaladas por inimizade mútua, sucedida dos tempos

míticos. Segundo Tommasino (2011), entre 1979 e 1986 ocorreram movimentos sociais

indígenas na região norte-paranaense dos quais

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expressaram uma dinâmica interna e externa de grande importância histórica. Esses

movimentos marcaram a união de grupos indígenas de várias áreas da mesma etnia e de

grupos de etnias distintas, num rompimento dos limites geográficos de suas reservas onde

eram controlados no seu ir e vir. Nesse processo, romperam, sobretudo, as fronteiras étnicas

que até então separavam os Kaingang e Guarani.

As guerras habituais recorrentes entre os grupos expressavam e reavivavam o mito e

a inimizade. A construção da identidade étnica de ambos ocorria, em grande medida,

opostamente um ao outro. Além dos dois grupos, existe outro da etnia Xetá em que seus

participantes vivem espalhados em terras Kaingang e até fora das aldeias, remanescentes de

uma sociedade que vivia em várias aldeias na microrregião de Umuarama e que foi

praticamente aniquilada na década de 1960 por grileiros e fazendeiros, restando poucas

dezenas de indivíduos dessa etnia. Os Xetá falam a língua Xetá da família tupi-guarani

(TOMMASINO, 2011).

Claude Lèvi-Strauss, antropólogo e filósofo francês, que realizou trabalhos no Brasil

e estudou a TI São Jerônimo, sendo essa uma de suas bases de permanência, em 1955

publicou a obra “Tristes Trópicos” que em um dos capítulos trata de sua trajetória nas terras

indígenas do Paraná. Especificamente sobre a TI São Jerônimo, Lèvi-Strauss (2015) relata a

história que a comunidade estava vivendo na época de seus estudos, na década de 1930,

enfatiza o processo de hibridação que o povoado estava passando.

Houve descoberta dos povos que dominavam os dois lados do rio Tibagi, cerca de

1000 metros acima do nível do mar. Toda a parte sul do Brasil foi o habitat de grupos

relacionados por idioma e cultura, que são classificadas sob o nome de “Jê”. No início, a

iniciativa pública trabalhou para integrá-los na vida moderna. Lèvi-Strauss (2015) relata que

na aldeia de São Jerônimo existia uma serraria, uma escola e uma farmácia. A base recebeu

regularmente ferramentas. Machados, facas, roupas e cobertores foram distribuídos, no

entanto, vinte anos depois, essas tentativas foram abandonadas. Isso, fatidicamente, deixou os

índios desprovidos de seus próprios recursos, o Serviço de Proteção testemunhou a

indiferença que as autoridades demonstravam. Sem qualquer outra proposta, o Serviço de

Proteção foi forçado a providenciar outro método, que incitava os indígenas a encontrarem

alguma iniciativa e os obrigava a retornar a sua própria direção.

Segundo observou Lèvi-Strauss (2015), os indígenas só conservaram suas

vestimentas brasileiras, o machado, faca e agulha, o restante, foi um fracasso.

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Foram construídas casas, mas não permaneciam nelas; tentaram os organizar em aldeias, mas

nômades continuavam; quebravam as camas para fazer fogo e dormiam no chão. As vacas que

o governo havia cedido ficavam vagando a esmo em rebanhos, e eles rejeitaram com desgosto

a sua carne e leite. As argamassas de madeira movidas mecanicamente através de um

recipiente ligado a um braço de alavanca que é enchido e esvaziado alternadamente

(dispositivo comum no Brasil, conhecido por monjolo, que certamente os Portugueses

importaram do Oriente) se apodreciam, inúteis, uma vez que a prática geral de moagem com a

mão se mantinha (LÉVI-STRAUSS, 2015).

Diante desse cenário, o etnógrafo com pesar expressou que “os índios da Tibagi não

eram inteiramente ‘verdadeiros índios’, nem (sobre tudo) ‘selvagens’” (LÉVI-STRAUSS,

2015, p. 158). Na sua percepção, encontrou os índios menos intactos do que esperava, aos

autóctones foi imposta uma civilização com violência. Isso porque quando os índios se viam

desprovidos de seus próprios recursos, acontecia uma extensão de transtornos de desequilíbrio

superficial entre cultura moderna e cultura primitiva. Passado quase um século da experiência

de Lévi-Strauss, percebe-se que povos indígenas estão ainda mais influenciados pela cultura

do não índio, estão muito receptivos ao atual cenário global, notadamente por desfrutarem de

todos os recursos tecnológicos que o mundo moderno oferece.

Na próxima seção serão apresentados os aspectos socioculturais e históricos da terra

indígena São Jerônimo, mediante os dados coletados e analisados nessa pesquisa.

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS: ASPECTOS SOCIOCULTURAIS E HISTÓRICOS

DA TERRA INDÍGENA SÃO JERÔNIMO – PARANÁ

Na sequência serão caracterizados os três entrevistados, sendo preservadas suas

identidades (nomes), discorridas apenas informações pessoais de sua história, de acordo com

que expuseram durante a conversa. Como não ocorreu uma entrevista estruturada, os

entrevistados se declararam livremente, por isso, as informações expostas por cada um

diferem uma das outras. Salienta-se que houve contato com o cacique Kaingang na tentativa

de agendamento da entrevista pessoal, e por meio de seu retorno via e-mail, se dispôs à

conversa, no entanto, devido a seus compromissos, inclusive no gerenciamento da festa da

comunidade,

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impossibilitou-se sua entrevista. Já o cacique Guarani foi procurado pessoalmente por duas

vezes, e em ambas tentativas, não foi encontrado, o que igualmente impossibilitou sua

entrevista. Seguem as caracterizações dos entrevistados:

- “Entrevistado 1”: pertence à etnia Guarani-Kaiuá. É professor alfabetizador na

escola indígena de São Jerônimo há nove anos, alfabetiza o português, embora domine cinco

dialetos nativos indígenas, mais a língua paraguaia. Nesse período está trabalhando com a

turma do primeiro ano, com 20 crianças. É casado, tem quatro filhos e três netos, tem 63 anos

de nascimento, porém em seu registro consta-se com 50 anos. O professor é natural de

Dourados, Mato Grosso, das terras de Jaguapiru / Bororó, veio para as terras paranaenses em

abril de 1985, inicialmente em Pinhalzinho, município de Tomazina. Agiu como pacificador

de posseiros indígenas que brigaram judicialmente por território, que acabaram por ser

indenizados. Pai falecido em Dourados há dois anos, com 105 anos, a quem, segundo seu

relato, não comia sal. Carne e outros alimentos preparava somente com outros temperos, sem

o sal, um dos motivos ao qual atribuem sua longevidade de vida. O professor é pesquisador e

em breve lançará um livro sobre a história e cultura Guarani, que está para ser publicado. Foi

cacique por um ano e meio, de 1990 até 1992, mas abdicou do cargo antes mesmo de vencer o

período de vigência do mandato, por questões políticas e interesses ao poder, o que ia contra

seus princípios, como alegou. Embora natural da etnia Guarani, por questões também

políticas, afinidade e confiança, submete-se ao cacique Kaingang.

- “Entrevistado 2”: pertence à etnia Guarani. Há três anos é presidente da Associação

dos produtores rurais indígenas de São Jerônimo da Serra – associação com estatuto. Casado,

com 39 anos, possui cinco filhos. Submete-se ao cacique Kaingang, pelos mesmos motivos

alegados pelo entrevistado 1. É um militante em defesa da TI, antes de exercer o cargo que

atualmente exerce, já atuou em outras funções de liderança, quando igualmente lutou e

defendeu os direitos dos moradores. Sempre que ocorrem reuniões e movimentos em defesa

aos direitos dos indígenas, em especial ao seu local de moradia, é sempre atuante. Pelo que

expressou, demonstrou ser muito ativo na TI por articular formas de angariação de recursos

que possam ser revertidos em benefícios à comunidade. Prova disso, são os automóveis,

motocicletas e tratores que atualmente possuem, que são, segundo ele, cuidadosamente

mantidos para se preservarem em bom estado de uso.

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- “Entrevistado 3”: pertence à etnia Guarani, nascido e criado na TI de São Jerônimo,

é bacharel em Geografia pela Universidade Estadual Norte do Paraná, campus Cornélio

Procópio, e estudante de mestrado em universidade catarinense. É solteiro, embora tenha

permanecido uma temporada fora de casa para estudar, retornou a TI e atualmente exerce a

função de professor na escola indígena. É um pesquisador, sua linha de pesquisa é voltada

para a antropologia, especialmente ao estudo da cultura indígena. Já visitou diversas terras

indígenas espalhadas pelo Brasil, e por conta das experiências, já publicou trabalhos na área.

Frequentemente participa de reuniões, congressos e fóruns de discussões acerca dos interesses

indígenas. Demonstrou-se muito respeitoso à sua cultura, orgulhoso por pertencer à sua etnia,

falou com muita empolgação e paixão sobre a realidade indígena na atualidade, especialmente

sobre suas expectativas e anseios por melhorar as condições de vida dos moradores da

comunidade São Jerônimo, sobretudo preservando sua cultura, mantendo seus hábitos e

costumes nativos que ainda se mantém vivos, para serem transmitidos de geração em geração.

Nos tópicos a seguir serão apresentados dados referentes aos diversos aspectos

socioculturais e históricos da TI São Jerônimo, baseadas nas observações e entrevistas

realizadas, bem como complementadas informações citadas em outros estudos já publicados,

dos quais serão devidamente referenciados.

3.1 LIDERANÇAS INDÍGENAS DA TI SÃO JERÔNIMO

De acordo com o expressado pelo “entrevistado 1”, o território de São Jerônimo é

ocupado pelas etnias Kaingang, Guarani e Xetá, além de moradores não índios, possuindo

atualmente 635 moradores , sendo 75 famílias Guarani, 36 famílias Kaigangue, 10 famílias

Xetá, o que admite conceber mais de uma liderança. “A reserva possui dois Caciques, um

cacique Guarani, um cacique Kaingang. A escolha do cacique é feita pela comunidade de

forma eletiva, com mandato para quatro anos”.

Pelo seu relato, no entanto, essa convivência de dois caciques em um mesmo

território não é amigável, o que suscita que vivam em constantes conflitos. Há uma disputa

pelo território, pela liderança, o que nutre uma forma meio confusa de direcionar a

comunidade. Tanto o “entrevistado 1” quanto o “entrevistado 2” afirmaram apoiar o cacique

Kaingang, pela sua seriedade e compromisso com o

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povo, atuando de forma responsável, preocupado e atencioso às necessidades e demandas da

comunidade. Já o cacique Guarani é pouco atuante, muitas vezes age desfavoravelmente à

população local, dando a entender que seus interesses são muito individuais, preocupados

apenas com o poder e domínio territorial. Por esse fato, a grande parte do povoado defende a

permanência do cacique Kaingang, respeitando sua liderança e atuação, independentemente

da etnia a que pertence.

O “entrevistado 2” relatou que naqueles dias em que foi realizada a visita, estava

ocorrendo um conflito bem sério entre os caciques, período em que ameaças de violência

física e até morte ocorreram. Mediante esse cenário, grande parte da população da TI ansiava

pela renúncia de um dos caciques sem que vencesse o período habitual do seu mandato de

quatro anos. Contou que lideranças locais recorreram ao Ministério Público para possível

intervenção no caso, mas por se tratar de normas internas à comunidade, às tradições étnicas,

legalmente não teria como a iniciativa pública intervir.

3.2 LÍNGUA/DIALETO E EDUCAÇÃO

Almeida (2013) retoma o comentado por diversos autores acerca dos dialetos. O

grupo étnico pertencente ao tronco Macro Jê e ao tronco linguístico Jê possui

aproximadamente cinco dialetos falados na região Centro-Sul do Brasil. Nem todos os

membros da TI dominam os dialetos nativos, segundo relato do “entrevistado 1” a grande

maioria se comunica em português, sendo que a alfabetização e ensino dos níveis posteriores

são feitos nessa língua, por meio de materiais elaborados e fornecidos pelo governo estadual,

dos quais trazem elementos referente à cultura indígena, mas que não ensinam os dialetos

nativos. O “entrevistado 1” expressou que existem projetos locais de preservação da língua

nativa, dos quais permitem seu ensino, mas que não alcança a todos, por não ser obrigatório,

como o é nas escolas do governo, assim, nem todos se interessam em aprendê-la.

O “entrevistado 2” se mostrou preocupado com a questão da transmissão da língua às

próximas gerações, uma vez que os moradores mais antigos que dominam os dialetos nativos

já estão idosos, muitos já faleceram, e restam poucas pessoas fielmente conhecedoras da

língua. Exemplificou a si mesmo, em que sua mãe ensinou parte de seu dialeto, mas que com

a falta da prática e de aprofundamento

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nos estudos, acaba por não dominá-lo completamente, o que não permite que repasse aos seus

filhos, sendo esses, por exemplo, totalmente “analfabetos” em relação à língua nativa.

A TI possui uma escola pública – Escola Estadual Indígena Cacique Koféj – que

oferta séries iniciais, ensino fundamental até o nível médio. Para estudantes que desejam

cursar o ensino superior, recorrem às faculdades e universidades fora da cidade de São

Jerônimo da Serra, o que demanda seu deslocamento. Pelo motivo da complexidade da saída

do local, por ser oneroso, segundo os entrevistados, muitos desistem da formação superior e

se mantém escolarizados até o nível médio.

3.3 ARTEFATOS E ALIMENTAÇÃO

Ambrosetti (1895) trás relatos acerca da base alimentar dos Kaingang de acordo com

seus estudos na década de 1850. Na época, a alimentação dos indígenas se baseava no milho

que plantavam. Não comiam nada cru, com exceção das frutas, todos os demais alimentos

passavam por cozimento, de maneira simples, uma vez que utilizavam os procedimentos

básicos de assar e cozer por meio de fervura. Os utensílios culinários que utilizavam eram

pouco variados. Basicamente manuseavam potes de barro ou ferro, morteiro de madeira que

eles mesmos produziam, peneiras e colheres que eram utilizadas para servir.

Os Kaingang se alimentavam também com muitos outros vegetais. Eram

apreciadores do mel, e praticamente todo mel estava apto para a alimentação, com exceção do

Iratí, que produz um curioso fenômeno que paralisa o corpo, do qual utilizavam como uma

espécie de remédio. A carne dos animais que caçavam basicamente consumiam assada ou

cozida, embora tivessem outros métodos de prepará-la. Como exemplo, sempre com o couro,

se colocava diretamente sobre as brasas ou sobre uma espécie de grelha quadrada de

cinquenta centímetros de largura, feita com pequenas ramas, ou ainda, embaixo da terra.

Utilizavam-se da pesca como uma maneira muito comum de se alimentarem. Também

apreciavam muito bebidas alcoólicas e sabiam preparar vários tipos dela. (AMBROSETTI,

1895).

No atual cenário, o modo de alimentação se modificou bastante, embora mantenham

muitas práticas antigas. Segundo o “entrevistado 1”, a alimentação que hoje utilizam é muito

próxima da consumida pelo não índio, uma vez que grande parte dos moradores recorrem aos

mercados locais para aquisição do alimento,

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muito pouco produzindo nas terras de moradia. Basicamente utilizam os grãos arroz, feijão,

milho e outros, também a farinha, legumes e verduras. Consomem carne, comumente cozida

com mandioca ou outras raízes, ou assada. Costumam utilizar muitos temperos extraídos

naturalmente da terra, como folhas, raízes e grãos, dos quais cultivam em canteiros na própria

propriedade.

Infelizmente os novos hábitos alimentares de produtos industrializados afetaram a

saúde dos indígenas. De acordo com D’Angelis (2015), atualmente a maioria das famílias

Kaingang compra a carne ao invés de produzir a sua própria; consome muito café, sendo o

solúvel muito utilizado; mantém o hábito do chimarrão, no entanto, hoje compram a erva

pronta enquanto antigamente costumavam eles mesmos produzir. Há um grande consumo de

macarrão, bolachas e refrigerantes. Por todas essas mudanças que foram obrigados em seus

hábitos alimentares, além dos transtornos ambientais pelos descartes indiscriminados das

embalagens, “hoje a obesidade, a hipertensão e o diabetes são problemas de saúde comuns

entre os Kaingang” (D’ANGELIS, 2015, p. 2).

De acordo com o observado na visita a TI São Jerônimo, muitos artefatos comuns de

origens indígenas ainda utilizam, preparados com madeira, metal, pedras e outros, ferramentas

para o trabalho agrário, pesca, como remos, lanças, arco e flecha, dentre outros.

Confeccionam cestos, peneiras, recipientes elaborados com folhas, cipós, bambus e outras

matérias-primas extraídas da natureza. Preparam instrumentos musicais, adornos, utensílios

em geral, produzidos mediante extratos naturais, de origem vegetal ou animal. Muitos dos

produtos são expostos nas mostras periódicas que promovem nos eventos, como a Festa do

Índio, por exemplo, quando é possível conhecer os instrumentos construídos na comunidade.

3.4 RELIGIÃO

Os atuais hábitos dos povos indígenas, além de suscitarem mudanças na cultura,

língua, alimentação e outros, igualmente sucederam modificações nas questões religiosas.

Segundo Almeida (2013), os contatos estabelecidos com a sociedade não-indígena no sul do

país há praticamente dois séculos incorporou no repertório cultural elementos pertencentes à

sociedade ocidental, quer seja pela imposição do colonialismo, ou por necessidade dos

indígenas de sobrevivência e afirmação política no Estado-nação. “Dessa maneira, os

Kaingang procuraram

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adquirir competências e habilidades do homem branco como meio de interagir e resistir na

atualidade” (ALMEIDA, 2013, p. 157). Em seus estudos, Almeida (2013, p. 169) entrevistou

lideranças indígenas e um cacique declarou que ocorre um domínio das crenças religiosas de

matriz ocidental, sobretudo da Igreja Assembleia de Deus. Na pesquisa, o cacique

entrevistado relatou que “a escolha pela religião evangélica foi uma necessidade espiritual e

uma maneira de dar exemplo para os da comunidade de como viver sem se envolver com o

álcool, drogas ou outros problemas”.

De acordo com Ambrosetti (1895), na cultura nativa dos Kaingang crêem numa

entidade do bem que se chama Tupên, conforme relata:

Los Kaingángues creen em um ente bueno que llaman Tupên, corrupcion del Tupá Guaraní, quien manda en el pais de los Uái kupri y al cual esperan ir, uma vez muertos, para descansar de las fatigas de la tierra, sin necesidad de andar batiendo el monte para cazar ó melar; porque tanto los animales como las colmenas se hallan allí á cada paso, en gran abundancia, y se pueden procurar sin ningun trabajo, ofreciéndose los Monos, Coatis, Antas, y otros animales que aprecian, para ser sacrificados fácilmente. Tambien dicen que em el país de los Uái kupri se vive tranqüilo, porque no hay que temer á ninguna clase de enemigos, ya Sean hombres, tigres, víboras ponzoñosas, etc. (AMBROSETTI, 1895, p. 349).

As autoridades más em que crêem são da terra, o que querem dizer que nada tem a

ver com a vida futura, senão com a presente. Se resumem a fantasmas, visões e tudo o que

eles não podem explicar satisfatoriamente, implicam às almas, conhecidas ao nome genérico

de Uai kupri. Não admitem que esses espíritos dominem seu país e andem errantes pela terra.

Eles crêem na vida futura e estão seguros em gozar de sua tranquilidade eterna, de modo que

não invocam a Tupên, a quem consideram um servidor informal e amigável que não só os

atende bem em sua autoridade, mas também se torna o incômodo por indicarem, por meio de

seus poderes, dados de sua vida prática, da sua qualidade de vida na terra. “Os Kaingang tem

também em sua tradição, ou melhor, um mito que transmitem de geração em geração, por

meio do qual os mais idosos de ambos os sexos, que são sempre em todas as situações, os

encarregados de falar do passado” (AMBROSETTI, 1985, p. 350).

Pela observação ao ambiente da TI e relatos dos entrevistados dessa pesquisa,

percebe-se que a na cultura atual a população respeita e admira as antigas crenças e tradições,

algumas práticas ainda exercitam, mas não fielmente como praticavam seus antepassados.

Hoje são muito influenciados pela cultura religiosa ocidental. Em seu relato, o “entrevistado

1” expressou que “existe diferença entre costume e tradição, reza e canto”. Segundo ele,

costume está relacionado ao

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modo como comem, já a tradição é a forma com que cultivam sua religiosidade; o canto é

feito em agradecimento a Deus (Nhanderu, Keyhúsu em Guarani-Kaiuá) pela natureza, os

frutos, animais, água e outros bens naturais que servem de subsistência na sobrevivência

humana. A reza é utilizada para pedirem cura ou até chuva, se for o caso.

O povoado da TI São Jerônimo é bastante influenciado pelo cristianismo. Segundo o

“entrevistado 3”, na comunidade estão instaladas uma igreja Católica, uma Congregação

Cristã do Brasil e três igrejas evangélicas, sendo Batista, Assembleia Madureira e Assembleia

do Reino de Deus.

3.5 ATIVIDADES CULTURAIS: FESTIVIDADES E COMEMORAÇÕES

“KAMU HÁ HAN RÃ / PEJÚ POHÃ KE KOTED HÁPE / NMÉ TXU DJURẼ /

SEJAM BEM VINDOS” – essas expressões impressas em uma faixa dependurada na entrada

do local da festa acolhiam os visitantes que chegavam para participar das festividades em

comemoração ao Dia do Índio na TI São Jerônimo.

Essencialmente as atividades culturais são desenvolvidas na escola e mediante

projetos escolares. De acordo com os entrevistados, anualmente ocorre a tradicional festa em

comemoração ao Dia do Índio, em que por vários dias os moradores e lideranças da

comunidade se preparam para construir toda uma estrutura própria para acolher, além dos

membros da comunidade, visitantes externos às TI. Esse é um tempo muito festivo em que os

festejos duram cerca de três dias, iniciando geralmente na sexta-feira, se estendendo até o

domingo.

Na festa, habitualmente são realizadas apresentações culturais de canto, danças,

teatro e/ou outras modalidades artísticas. Também são expostos artefatos tradicionais

confeccionados pelos moradores, de acordo com as tradições de cada etnia, bem como são

expostas atividades escolares confeccionadas por alunos da escola indígena, comumente

expressando sua história e cultura.

Acontece nessa festividade o popular baile, com direito a música que adentra a

madrugada a fora, não faltando muita dança e badalação. Igualmente um acontecimento muito

tradicional é o churrasco fogo de chão, em que são assadas dezenas e mais dezenas de quilos

de carne, que são servidos a todos os presentes na celebração.

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A convivência das diversas etnias em um único espaço favoreceu os casamentos

entre pessoas de etnias diferentes, inclusive com o não índio, algo inadmissível anteriormente,

mas sendo hoje muito comum a união entre etnias trocadas. De certa maneira isso também

influencia na cultura e tradições de cada povo, em suas comemorações e celebrações.

Várias outras atividades culturais são promovidas no decorrer do ano, como

expressou o “entrevistado 3”, apresentações artísticas realizadas nas escolas, campeonatos

esportivos, dentre outros. Frequentemente também acontecem reuniões, seminários e

congressos que acomodam, além dos índios, participantes de várias instituições ligadas aos

diretos humanos e dos indígenas. Esses eventos podem ocorrer tanto no território de São

Jerônimo, quanto em outras localidades, mas que contam com a presença de representantes

dessa TI.

3.6 TRABALHO

Segundo observação e algumas expressões intrínsecas dos entrevistados, a concepção

de trabalho por parte dos indígenas é diferente da do homem branco (não índio); eles

consideram o trabalho seu modo de sobrevivência e o pratica mediante toda a estrutura que

constroem para sua proteção, segurança, alimentação e bem estar diário. O valor trabalho está

relacionado ao plantio, cultivo de flores e frutos, cuidado com os animais que criam,

construções dos abrigos, elaboração dos alimentos, confecções dos utensílios culinários

artefatos de caça, pesca e guerra, dentre outros materiais de consumo e uso rotineiro.

Valorizam o tempo livre e cultivam esse valor como o bem mais precioso que o próprio

trabalho, considerando a preparação da Festa do Índio, por exemplo, aparentemente um

evento de laser, como uma prática do trabalho. Festividades e outros eventos oferecidos pela

comunidade são um modo de trabalho. Nessa perspectiva, não tratam o trabalho sob o viés

comercial e econômico como o não índio, puramente com o objetivo de comercialização,

aquisição de bens e serviços de uso pessoal, que não somente atende às necessidades básicas

de sobrevivência, mas alimentam a necessidade de elevar a autoestima e o status, por meio do

consumo.

Basicamente o modo de sobrevivência das famílias da comunidade se resume em

prestação de serviços nas lavouras de agricultores da região, cultivo para a própria

subsistência em terras férteis de feijão, milho e mandioca que

443

posteriormente são vendidos, em sua maioria na cidade de Londrina-PR. De acordo com o

“entrevistado 3”, há também plantio de eucalipto e café, dos quais são comercializados com

Cooperativas Agrícolas. Existem alguns que são funcionários públicos dos governos

municipal ou estadual, servidores da área da educação, saúde, INCRA, FUNAI e/ou outros

órgãos.

De acordo com o “entrevistado 2”, a associação dos produtores rurais indígenas de

São Jerônimo é assistida pelo Consórcio Energético Cruzeiro do Sul. Dentre as formas de

aquisição de recursos, investiram em alguns instrumentos de trabalhado que ficam à

disposição para uso da população, de forma planejada e fiscalizada. A associação possui

atualmente dois tratores, dois utilitários modelo Space Fox e duas motocicletas (um para uso

dos Guarani e outro para uso dos Kainkang), que auxiliam no cultivo da lavoura, na limpeza,

organização e outras manutenções no espaço. Trabalham vinculados aos recursos do

Consórcio Energético Cruzeiro do Sul, organização que cuida de oito TI. Os veículos

utilitários além de serem utilizados para fins de trabalho, também servem para deslocamento

de membros da reserva para tratamento médico, sejam em cidades mais próximas da região

como Cornélio Procópio e Londrina, como na capital do estado, em Curitiba.

3.7 SAÚDE

Mediante o expresso pelo “entrevistado 2”, os tratamentos básicos de saúde física,

psicológica e odontológica da TI de São Jerônimo são realizados no posto de saúde

especialmente destinado ao atendimento à essa população, situado na cidade de São Jerônimo

da Serra, localização bem próxima da TI. O Ministério da Saúde mediante a Fundação

Nacional da Saúde (FUNASA) mantém disponível aos moradores no posto de saúde: um

médico, um enfermeiro, um dentista e um auxiliar de dentista, um auxiliar de serviços gerais e

dois motoristas que se revezam em escala para transportarem pacientes até Londrina ou

Cornélio Procópio. Além da equipe médica e odontológica, a unidade de saúde fornece

medicamentos básicos para o tratamento de saúde, nos seus aspectos mais fundamentais.

Ratifica-se que a TI disponibiliza veículos utilitários para deslocamento dos membros do

aldeamento para fins de tratamento médico.

444

Quanto ao uso de artifícios populares para tratamento medicinal, pelos relatos dos

entrevistados, muitos moradores mantêm a tradição de utilizarem ervas medicinais, frutos e

raízes naturais, como recursos para o restabelecimento da saúde e até com a finalidade de cura

de doenças. É uma prática transmitida pelos antepassados que se conserva de geração em

geração. No próximo tópico serão apresentadas as considerações finais dessa narrativa.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante os resultados da pesquisa foi possível verificar que, embora influenciados

pela cultura do homem branco (não índio), os moradores da TI São Jerônimo ainda preservam

muitas de suas tradições e costumes. A cultura, mesmo ameaçada pelas mudanças ambientais

e legais, se mantém, e hipoteticamente se manterá pelas futuras gerações indígenas, uma vez

que seus membros valorizam seus hábitos e costumes, mesmo sendo distanciados cada vez

mais deles, o repassam de pai para filhos, mantendo a chama viva de suas tradições.

Os índios nessa região já não mais vivem em ocas de sapê, não andam nus ou

vestidos com as tradicionais vestimentas e adornos indígenas, não mais se utilizam

unicamente da caça e pesca para sua sobrevivência. A grande maioria utiliza utensílios

domésticos com aparelhos eletrônicos, possui acesso à internet nas próprias terras indígenas,

se locomovem em longas distâncias essencialmente por meio de motocicletas e automóveis.

Residem em casas de alvenaria, com acabamento em pisos e telhados feitos com telhas de

amianto ou barro. Usufruem de água encanada e aquecida por meio de mecanismos de

aquecimento solar, têm acesso à energia elétrica e cozinham em fogões a gás. Pelos relatos

dos entrevistados, a comunidade atualmente se beneficia das invenções e utilidades do mundo

moderno e muito se satisfaz com esses modos de vida, não mais desejando se manter nos

modos mais rudimentares de sobrevivência.

Hoje usufruem de muitos benefícios assegurados pela iniciativa pública juntamente

com organizações não governamentais, que promovem a preservação e crescimento dos povos

indígenas. No entanto, há de se considerar que há muita pobreza e ausência de melhores

recursos para manutenção da saúde, educação e segurança, que atingem negativamente o

crescimento e melhores condições de vida dessa população.

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Considerou-se de extrema riqueza a efetivação do presente estudo, essencialmente

pelo contato mais próximo com os povos indígenas, frente à sua rotina, seus hábitos,

costumes, crenças e tradições. Pondera-se ser de grande valia o olhar mais atento às

necessidades e realidade desse povo, numa postura de respeito e valorização à sua cultura,

fundamentalmente por carregarem em sua história os primórdios da nação brasileira.

REFERÊNCIAS

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