aspectos psicossociais da velhice

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SIGNIFICADO PSICOSSOCIAL DA VELHICE NO CICLO DA VIDA Extraído das páginas 13, 14 e 15 do capítulo CONSTRUÇÃO DA TRAJETÓRIA DE VIDA NA TERCEIRA IDADE, livro da Dra. Maria Helena Novaes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e outros títulos, denominado: CONQUISTAS POSSÍVEIS E RUPTURAS NECESSÁRIAS Grypho Edições – Rio de Janeiro , 1995 Digitado em São Paulo em 15 de janeiro, 2010, por Maria Amélia Vampré Xavier, da Rede de Informações Área Deficiências e Programa Futuridade, SEADS- Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, FENAPAEs. Brasília, (Diretoria para Assuntos Internacionais), Rebrates, SP, Carpe Diem, SP, Sorri Brasil, SP, Inclusion InterAmericana e Inclusion Internacional O livro de Maria Helena Novaes, em linguagem simples e didática, fornece a seus leitores um olhar bastante nítido sobre as mudanças que se operam em cada ser humano na proporção que vão vivendo e se aproximando cada vez mais da tão temida velhice.. Antes de mais nada, é importante constatarmos que a velhice é vista com muito medo, pavor mesmo, por grande número de pessoas na medida em que vão avançando em anos. Compreende-se: enquanto somos jovens, nos anos radiosos da mocidade, nada parece nos atingir. Nossa pele lisinha, sem marcas de expressão, nosso sorriso cheio de esperança, a 1

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Aspectos Psicossociais Da Velhice

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SIGNIFICADO PSICOSSOCIAL DA VELHICE NO CICLO DA VIDA

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SIGNIFICADO PSICOSSOCIAL DA VELHICE NO CICLO DA VIDA

Extrado das pginas 13, 14 e 15 do captulo

CONSTRUO DA TRAJETRIA DE VIDA NA TERCEIRA IDADE, livro da Dra. Maria Helena Novaes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e outros ttulos, denominado:CONQUISTAS POSSVEIS E RUPTURAS NECESSRIAS

Grypho Edies Rio de Janeiro , 1995Digitado em So Paulo em 15 de janeiro, 2010, por Maria Amlia Vampr Xavier, da Rede de Informaes rea Deficincias e Programa Futuridade, SEADS- Secretaria Estadual de Assistncia e Desenvolvimento Social de So Paulo, FENAPAEs. Braslia, (Diretoria para Assuntos Internacionais), Rebrates, SP, Carpe Diem, SP, Sorri Brasil, SP, Inclusion InterAmericana e Inclusion Internacional

O livro de Maria Helena Novaes, em linguagem simples e didtica, fornece a seus leitores um olhar bastante ntido sobre as mudanas que se operam em cada ser humano na proporo que vo vivendo e se aproximando cada vez mais da to temida velhice..

Antes de mais nada, importante constatarmos que a velhice vista com muito medo, pavor mesmo, por grande nmero de pessoas na medida em que vo avanando em anos. Compreende-se: enquanto somos jovens, nos anos radiosos da mocidade, nada parece nos atingir. Nossa pele lisinha, sem marcas de expresso, nosso sorriso cheio de esperana, a preocupao com o fsico, tentando tornar nossa pessoa a mais atraente possvel, tudo isso consome tempo e um esprito de luta que invejamos quando j estamos nos anos mais adiantados da vida. Vamos aprender com a doutora Maria Helena sobre aspectos psicossociais da velhice no ciclo da vida. Ela nos diz:

A trajetria vital representa o somatrio de experincias e vivncias, norteadas por valores, metas, e modos pessoais de interpretar o mundo.

evidente que a trama dos eventos e das circunstncias desse percurso, trabalha juntamente com as condies ambientais. Somos, ao mesmo tempo, fruto de influncias hereditrias, sociais e culturais que pontuam nossas opes e filosofia de vida.

A Terceira Idade, ou Nova Idade, como tambm denominada, representa etapa importante para tal reflexo, pois nesse perodo comportamentos e atitudes refletem nitidamente aquilo que foi valorizado e assumido.Estudos e pesquisas nesse campo comprovam que podem ocorrer vrias posturas, que denominei dos 9R, com elenco de possibilidades.

1. Resgate dos valores e modos de viver que no puderam ser at ento

assumidos;

2 Ruptura com situaes e rotinas de vida que tiveram que ser suportadas. 3.

Retomada de planos, programas de vida e atividades que precisam ser completados e desdobrados.

4. Ressurgimento de dimenses pessoais como a mstica, artstica,laborativa, que ficaram abafadas por um cotidiano difcil e exigente.5. Restaurao de desejos e necessidades que no puderam ser satisfeitos, devido a frustraes e obstculos, tanto externos quanto

internos, lembrando que o homem tem a idade de seus desejos.

6. Retorno de emoes e sentimentos, intensificando sensibilidade e

afetividade, estabelecendo vnculos e relaes interpessoais;7. Recada constante em estados de depresso e de vazio, ligados

sensao de inutilidade, insegurana e fracasso;

8. Recordao permanente de lembranas passadas, como a nica

maneira de manter-se vivo, sem tentar a ponte do significado

entre o passado, presente e futuro;9 Reconstruo da identidade pessoal e social com base em novos

Interesses e motivaes, descobrindo criativamente outras facetas

do viver e modalidades de prazer. O importante que sejam assumidas escolhas pessoais e no fique culpando os demais pela solido sentida, o abandono em que vive ou pelas dificuldades, econmicas ou sociais que surgiram. Sabemos que nossa sociedade penaliza os idosos com a falta de recursos ccomunitrios e institucionais para atend-los em suas necessidades bsicas de sade, de segurana e de apoio psicossocial.

Por outro lado, as famlias brasileiras enfrentam srios problemas de moradia, de emprego, econmicos, tendo dificuldades de sustent-los e incorpor-los a uma dinmica familiar j tumultuada e trepidante, sobretudo nos centros urbanos.

A relao da modernizao da sociedade com a desvalorizao do velho traduz um srio vis cultural, responsvel por uma viso social ora ingnua, ora romntica, mas muito alienada e perversa. A modernizao entendida por Bengston como um processo societal diferente da modernidade e diz respeito s propriedades de indivduos particulares, numa dada sociedade, independentemente do seu grau de modernizao.

Experincias individuais de desrespeito. negligncia ou abandono so vivenciadas por pessoas acima de 60 anos em diferentes sociedades. A prpria mdia confusa e ambgua ma forma como apresenta os idosos na TV, no rdio e em outros meios de comunicao.

Ao demarcar o envelhecimento por rituais de afastamento, se no de degradao, o contexto social e do trabalho nada mais faz do que sinalizar para seus membros o que eles representam. Comparece ento a ideologia para atribuir o seu afastamento e a sua indesejabilidade ao envelhecimento biolgico to somente. Quanto aos significados sobre a velhice, como temporalidade e desenvolvimento so, muitas vezes, construdos a partir de pistas propiciadas pela experincia pessoal, por smbolos, pela observao de comportamentos dos semelhantes e por uma ampla variedade de eventos dos contextos fsico e scio-cultural. Esses indcios so selecionados e interpretados individual e socialmente, de acordo com as prioridades do momento. Sabemos que a vida um jogo de ganhos e de perdas. O problema que se acentua na terceira idade porque no se aprendeu a conviver nem a saber tirar proveito desse jogo.

Mudanas, transformaes, tristezas, alegrias, conquistas e fracassos aparecem em todo percurso vital, em qualquer idade o que preciso reconhecer e saber aproveitar as oportunidades que aparecem, paralelamente, at ao enfrentamento da ltima cartada com a morte libertadora, conduzindo a uma nova dimenso de vida.

Perdas como as de entes queridos, do status social e profissional, de um corpo jovem e bonito, da energia vital, da atrao sexual, da flexibilidade reativa, do entusiasmo pela vida existem realmente, entretanto, cabe super-las por novas conquistas como a de um estado de serenidade ao enfrentar a vida, maior maturidade para compreender os outros, ampliao de sensibilidade em perceber o que essencial, afetividade e humanismo no convvio social, dedicao comunidade e descoberta de novas habilidades.

============================================= Digitado por Maria Amlia Vampr Xavier, em So Paulo, 18 de janeiro, 2010.