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LAURA MARIA DA SILVA Aspectos morfológicos e características físico – mecânicas de couros de ovinos de diferentes grupos genéticos e seus efeitos sobre a qualidade industrial da pele. C u i a b á - MT Março - 2009

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LAURA MARIA DA SILVA

Aspectos morfológicos e características físico –

mecânicas de couros de ovinos de diferentes grupos

genéticos e seus efeitos sobre a qualidade industrial da

pele.

C u i a b á - MT

Março - 2009

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LAURA MARIA DA SILVA

Aspectos morfológicos e características físico – mecânicas de

couros de ovinos de diferentes grupos genéticos e seus

efeitos sobre a qualidade industrial da pele.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso para a obtenção do título de Mestre em Ciência Animal

Área de Concentração: Nutrição e Produção Animal. Orientador: Dr. Manuel Antonio Chagas Jacinto.

Co-Orientador: Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral

C u i a b á - MT

Março - 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

FICHA CATALOGRÁFICA

Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Sönh – CRB-1/931

Índice para Catálogo Sistemático

1. Couro-Ovino-Aspectos Morfológicos 2. Couro-Ovinos-Características físico-mecânicas 3.Pele-Ovinos-Histologia 4.Pele-Ovinos-Qualidade 5.Ovinos-Pecuária-Zootecnia 6.Couro-Ovinos

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA

FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

S586a Silva, Laura Maria da.

Aspectos morfológicos e características físico-mecânicas de couros de ovinos de diferentes grupos genéticos e seus efeitos sobre a qualidade industrial da pele / Laura Maria da Silva. – Cuiabá, 2009. 63 f.; il: color.; 30cm

Dissertação (Mestre em Ciência Animal) – Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso, 2009. “Orientador: Dr. Manuel Antonio Chagas Jacinto”. “Co-Orientador: Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral”

CDU 637.61’632/.38

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CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

Aluno: Laura Maria da Silva

Título: ASPECTOS MORFOLÓGICOS E CARACTERÍSTICAS FÍSICO-

MECÂNICAS DE COUROS DE OVINOS DE DIFERENTES GRUPOS GENÉTICOS

E SEUS EFEITOS SOBRE A QUALIDADE INDUSTRIAL DA PELE.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso para a obtenção do título de Mestre em Ciência Animal.

Aprovada em:

Banca Examinadora:

_____________________________________________ Dr. Manuel Antonio Chagas Jacinto (Orientador) (EMBRAPA-CPPSE/ SP)

_____________________________________________ Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral (Co-orientador) (FAMEV-UFMT)

_____________________________________________ Prof. Dr. Joadil Gonçalves de Abreu (FAMEV-UFMT)

____________________________________________ Prof. Dr. Paulo Sérgio Moreira (UFMT/ CAMPUS-SINOP)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos àqueles que confiaram em sua concretização. Em especial ao meu noivo Marcio,

que com seu amor me amparou nas adversidades.

O rio sempre alcança seus objetivos, pois aprendeu a contornar seus obstáculos...

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AGRADECIMENTOS

Á Deus, Ser Supremo, que me concedeu vida para ter a oportunidade de

concretizar meus projetos. Por sua infinita bondade e força. “Amo-te Senhor”.

Aos meus pais, Pedro e Sônia que sempre me incentivaram e apoiaram em todas

minhas decisões.

Ao meu noivo Marcio, por estar ao meu lado em todos os momentos da minha

vida, transmitindo confiança, paciência e incentivo nas tribulações.

Ao orientador, Dr. Manuel Antonio Chagas Jacinto, pela dedicação. Mesmo nas

críticas, mostrou-me que posso ser melhor do que realmente sou e que a vida pode nos

traçar caminhos tortuosos, mas que no fim tudo dará certo, pois “Deus” está no

comando de tudo.

Ao Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral, pela competência, sabedoria e auxílio

direto em minhas dúvidas.

Ao Prof. Dr. Joadil Gonçalves de Abreu pelo bom humor, serenidade e seriedade

nos auxílios com a estatística.

A EMBRAPA - Gado de Corte-Campo Grande/MS pela realização dos ensaios

necessários para execução deste trabalho.

A Incubadora Municipal Francisco Giordano Neto/MS pela retirada dos corpos-

de-prova dos couros.

A todos os professores da Pós-Graduação: Arlete, Joanis, Luciana, João

Caramori, Flávio, Willian, Lúcia, Edenio e ao saudoso Alessandro.

Ao Douglas, secretário da Pós–Graduação que sempre atendeu aos meus pedidos.

Ao amigo Douglas Luís Andreolla, pela ajuda neste trabalho e em especial nos

ensaios realizados na Embrapa - Gado de Corte - Campo Grande /MS.

As amigas e companheiras, Karlla, Vivian e Rafaela que por longas noites

passamos em estudos com a estatística. Valeu Meninas!!

Em especial a amiga Carlinha, que por muitas vezes estendeu-me as mãos e

ajudou-me a superar as dificuldades. Valeu Amiga!!

As amigas, Maria Cândida, Nelbe e Mariana pelo incentivo e apoio emocional

necessário durante esta jornada.

A todos que de uma forma ou outra contribuíram neste trabalho.

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RESUMO

SILVA, L.M. da. Aspectos morfológicos e características físico-mecânicas de couros de ovinos de diferentes grupos genéticos e seus efeitos sobre a qualidade industrial da pele.. 2009. 63 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT, 2009. Objetivou-se com o presente trabalho analisar a histologia da pele de três grupos genéticos de

ovinos criados sob sistema intensivo e avaliar as características físico-mecânicas dos

respectivos couros. Os animais são resultados de cruzamentos de reprodutores das raças

Dorper, Suffolk com fêmeas Santa Inês, sendo os cordeiros meio sangue Dorper e meio

sangue Suffolk e cordeiros Santa Inês puro, provenientes da Embrapa Pecuária Sudeste-SP.

No experimento foram utilizadas as peles provenientes de oito animais meio sangue Dorper,

meio sangue Suffolk e cordeiros Santa Inês puro. Sendo quatro machos e quatro fêmeas de

cada interação genética. Os animais foram desmamados quando atingiram 17 kg de peso vivo

e em seguida submetidos ao confinamento com dieta baseada em silagem de milho e ração

concentrada até atingirem o peso de abate. O abate ocorreu com idade em torno de 182 dias e

com pesos variando de 35 a 40 kg no frigorífico da Universidade de São Paulo-SP. Após a

esfola, foram coletadas amostras das peles da região dorsal, lado esquerdo,

perpendicularmente ao plano da pele para os testes histológicos e fixadas em Solução de

Bouin por 48 horas A coloração das lâminas foi de acordo com as técnicas: Hematoxilina de

Harris- Eosina, Tricrômica de Masson, Pricrossirius e Verhoeff e posteriormente salgadas e

curtidas no Curtume Anjico-SP.Após curtimento, foram retirados os corpos-de-prova para os

testes físico-mecânicos de resistência à tração e rasgamento na Incubadora Municipal

Francisco Giordano Neto-MS, sendo 6 corpos-de-prova da região do grupão, lado esquerdo,

sendo 3 paralelos e 3 perpendiculares à linha dorsal. O delineamento utilizado foi o

inteiramente casualizado com 12 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos foram dispostos

em parcelas subdivididas, tendo nas parcelas: grupo genético e o sexo em esquema fatorial

3x2 (3 grupos genéticos e 2 sexos) e nas subparcelas as posições de retirada dos corpos-de-

prova (Longitudinal e Transversal). Nas análises histológicas os ovinos deslanados Santa Inês

apresentaram camada termostática mais fina em relação à camada reticular, inversamente

ocorreu nos ovinos meio sangue Dorper e meio sangue Suffolk. Foi observado que as

espessuras de tração e rasgamento foram maiores para as peles Santa Inês puros e meio

sangue Dorper. Para a variável resistência à tração os três grupos genéticos não atingiram o

valor mínimo de 20N/mm2. Foram verificadas diferenças entre as posições para a resistência à

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tração, onde a posição longitudinal apresentou maior valor que a posição transversal. Para o

rasgamento e alongamento os valores foram inversos. Com base nos resultados conclui-se que

as peles dos ovinos Santa Inês são mais resistentes aos ensaios físico-mecânicos devido à

qualidade intrínseca da pele de ovinos deslanados.

Palavras-chave: Ovino, pele, físico-mecânico, qualidade, couro.

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ABSTRACT

SILVA, L. M.da. Morphological aspects and physical-mechanical features of the leather of sheep from different genetic groups and their effects on the industrial quality of the skin. 2009. 63 f. Dissertation (Master in Animal Science), Faculty of Agriculture and Veterinary Medicine, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT, 2009. This study aimed at analyzing the histology of the skin of three genetic groups of sheep raised

under an intensive system and evaluating both physical and mechanical characteristics of their

respective leather. The animals were resulted cross-breeding Dorper, Suffolk rams with Santa

Inês ewes, being the lambs half blood Dorper, half blood Suffolk and pure Santa Inês from

Embrapa Pecuária Sudeste-SP. In the experiment the skins from eight half blood Dorper, half

blood Suffolk and pure Santa Inês animals were used, being four males and four females from

each genetic interaction. The animals were weaned when they reached 17 kg body weight,

being then put to confinement with a diet based on corn silage and concentrate feed until they

reached the weight for slaughtering. The slaughter age was around 182 days, with weights

ranging from 35 to 40 kg in the slaughter house of the Universidade de São Paulo-SP. After

flaying, samples of skins were collected in the dorsal region, left side, perpendicular to the

skin plan for the histological tests and fixed in Bouin’s solution for 48 hours. The staining of

the slides was according to the techniques: Harris –Eosin Hematoxylin, Masson's Trichrome,

Pricrossirius and Verhoeff, later salted and tanned at Tanning Anjico-SP. After tanning,

samples were collected for the physical-mechanical tests to tensile strength and tearing at

Incubadora Municipal Francisco Giordano Neto-MS, totalizing 6 samples in the grupon, left

side, 3 of them parallel and the other 3 perpendicular to the dorsal line. The used delineation

was completely randomized with 12 treatments and 4 repetitions. The treatment was done in

subdivided plots, having the plots: genetic group and sex in a factorial schema 3x2 (3 genetic

groups and 2 sexes) and in subplots the positions of removal of the samples (longitudinal and

transversal). In the histological analyses the sheared Santa Inês sheep showed the thermostatic

layer thinner than the reticular layer, and the opposite happening in the half blood Dorper and

half blood Suffolk sheep. The tensile and tearing thicknesses were noted to be bigger for the

pure Santa Inês’ and half blood Dorper’s skins. For the variable resistance to traction the three

genetic groups did not reach the minimum value of 20N/mm2. Some differences were noted

in the positions of resistance to traction, having the longitudinal position shown a higher value

than the transversal position. To tearing and elongation the values were the contrary. Based on

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the results we can conclude that the skins of Santa Inês sheep are more resistant to the

physical-mechanical tests performed, due to the inherent quality of the sheared sheep�s skin.

Key words: sheep, skin, physic-mechanical, quality, leather

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LISTA DE FIGURAS Figura 1. Diagrama do couro.................................................................................................. 22

Figura 2. Corte transversal de folículo piloso......................................................................... 23

Figura 3. Corte transversal da haste do pêlo primário (1º) e secundário (2º)...................... . 24

Figura 4. Glândula sebácea..................................................................................................... 25

Figura 5. Melanócito............................................................................................................... 27

Capítulo 1:

Figura 1. Fotomicrografia da pele da região dorsal de ovino Santa Inês............................... 39

Figura 2. Comparação das espessuras da camada termostática nos diferentes grupos

genéticos................................................................................................................................. 41

Figura 3. Unidade do folículo piloso na camada termostática nos diferentes grupos

genéticos................................................................................................................................. 42

Capítulo 2:

Figura 1. Regiões de retirada dos corpos-de-prova de couros............................................... 49

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LISTA DE TABELAS

Capítulo 1:

Tabela 1. Médias para as variáveis espessura das camadas termostática, reticular e porcentagem da camada termostática nos diferentes grupos genéticos................................40 Capítulo 2:

Tabela 1. Médias (mm) para as variáveis espessura de tração e rasgamento em diferentes grupos genéticos................................................................................................................... 51 Tabela 2. Médias para a variável resistência à tração (N/mm2) nos ensaios físicos-mecânicos em diferentes grupos genéticos e sexo................................................................................. 52 Tabela 3. Médias de resistência à tração (N/mm2), resistência ao rasgamento (N/mm) e alongamento (%) nos diferentes grupos genéticos quanto às posições de retirada dos corpos-de-prova................................................................................................................................ 53 Tabela 4. Médias (N/mm) para a variável resistência ao rasgamento dos diferentes grupos genéticos quanto ás posições de retirada dos corpos-de-prova............................................ 55

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SUMÁRIO Página

1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 14 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................... 17 2.1. Raças ovinas..................................................................................................... 17 2.2. Situação atual e perspectivas para a ovinocultura............................................ 18 2.3. Mercado de peles.............................................................................................. 19 2.4. Exportação brasileira de couro......................................................................... 20 2.5. Sistema tegumentar.......................................................................................... 20 2.5.1. Zonas da pele............................................................................................... 21 2.5.2. Pêlo.............................................................................................................. 22 2.5.3. Músculo eretor do pêlo................................................................................ 24 2.5.4. Glândula sebácea......................................................................................... 25 2.5.5. Glândula sudorípara..................................................................................... 26 2.6. Células especiais da pele.................................................................................. 26 2.7. Vasos e nervos.................................................................................................. 28 2.8. Ensaios físico-mecânicos de couros para controle de qualidade...................... 28 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 31 4. CAPÍTULO I...................................................................................................... 35 Aspectos morfológicos de peles de ovinos de diferentes grupos genéticos e seus efeitos sobre a qualidade do couro...................................................................................... 35 Resumo.................................................................................................................... 35 Abstract.................................................................................................................... 36 Introdução................................................................................................................ 37

Material e Métodos.................................................................................................. 38 Resultados e Discussão............................................................................................ 39 Referências bibliográficas........................................................................................ 43

5. CAPÍTULO II.................................................................................................... 45 Características físico – mecânicas de couros de ovinos de diferentes grupos genéticos e seus efeitos sobre a qualidade industrial da pele .....................................................45 Resumo.................................................................................................................... 45 Abstract .................................................................................................................. 46 Introdução............................................................................................................... 47 Material e Métodos................................................................................................. 48 Resultados e Discussão........................................................................................... 50 Referências bibliográficas...................................................................................... 55 6. IMPLICAÇÕES GERAIS.............................................................................. 57 7. ANEXOS.......................................................................................................... 58

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1. INTRODUÇÃO

A ovinocultura tem apresentado elevado crescimento no Brasil, inclusive na região

Centro-Oeste e Norte, regiões estas consideradas de pouca tradição na criação destes animais.

A atividade se firma cada vez mais como alternativa para a viabilização da pequena e média

propriedade rural. Algumas características da espécie ovina, tais como: docilidade, pequeno

porte, menor ciclo reprodutivo e produtivo, aliado á maior remuneração dos produtos, têm

contribuído para o crescimento da atividade, além da exploração permitir a utilização de mão-

de-obra familiar, instalações simples e de baixo custo.

O rebanho nacional de ovinos nos últimos anos vem apresentando um crescimento

médio de aproximadamente 3% do ano de 2005 até 2008. O rebanho nacional se encontra

concentrado em duas regiões, no Nordeste e Sul, mas algumas regiões vêm se destacando não

somente pelo crescimento, mas principalmente pelo potencial que possuem para tal atividade,

como é o caso do Centro-Oeste, com destaque para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

(PIRES NETO, 2008). Considerando que grande parte dos ovinos é criada em pequenas

propriedades, em regiões com acesso difícil, aliado ao abate que é de forma geral realizado na

propriedade, isto dificulta a obtenção de dados acurados do rebanho nacional e da produção.

O interesse do mercado por carne, pele, lã e leite é crescente. A pele é usada para

confecção de roupas e sapatos, tem demonstrado grande potencial econômico, despontando

como principal agregador de valor. Entretanto, tem sido considerado um subproduto da

exploração pecuária e, como tal, relegada à condição secundária da produção animal, porém,

seu valor é representativo quando comparado com o valor de venda da carcaça do animal,

podendo ser contabilizada como lucro se for de boa qualidade extrínseca e intrínseca

(JACINTO, 2001).

A qualidade extrínseca da pele é determinada durante o período em que o animal

permanece na propriedade rural e naquele que se estende do abate à conservação. Nos dois

períodos, as peles estão sujeitas às ocorrências que definirão sua qualidade e seu preço no

mercado. Portanto, o empresário rural e a pessoa responsável pelo abate têm grande influência

na qualidade das peles e, consequentemente, na qualidade dos couros, após o curtimento

(JACINTO, 2003).

A qualidade intrínseca dos couros ovinos depende dos aspectos microestruturais das

peles, e estes dependem das interações entre a genética, idade, nutrição, entre outros fatores, e

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das etapas mecânicas e químicas pelas quais as peles passam durante o processo de

curtimento (JACINTO, 2003).

Um couro de boa qualidade intrínseca pode ter baixo valor no mercado se o número ou

tipos de defeitos das peles (qualidade extrínseca), adquiridos durante a criação animal, forem

suficientemente altos que cheguem a comprometer o aspecto visual do produto final. Portanto,

é fundamental que a qualidade seja tratada de forma sistêmica, com procedimentos que

garantam ganhos progressivos na cadeia produtiva, do empresário rural ao empresário

industrial (JACINTO et al., 2005b).

A estrutura histológica da pele e sua espessura se diferenciam entre espécies, ou no

mesmo animal, dependendo da parte em que se tome a amostra (JUNQUEIRA e CARNEIRO,

1995), com modificações no decorrer da idade em função de vários componentes tissulares,

influenciados por fatores como nutrição, localização estudada, raça, condições de cria e

exposição ao sol (FITZPATRICK et al., 1964). Assim, para a indústria de couro, elas são

fundamentalmente similares para bovinos, ovinos, caprinos e outras espécies de mamíferos no

que diz respeito ao processamento, contudo, as poucas diferenças particulares apresentadas

resultam nas diferentes aplicações do produto acabado (CUERONET, 2005).

Um aspecto importante, valorizado pelos curtumes, é a espessura da pele. Animais

jovens apresentam peles menos espessas comparadas aos adultos. Outro aspecto relevante é a

relação entre a densidade de fibras colágenas e a densidade folicular da pele; elas são

inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior a densidade de folículos primários

portadores de fibras (lã ou pêlo), menor a densidade de fibras de colágeno (JACINTO,

2005a).

Associados a estes folículos primários produtores de lã ou pêlo existem estruturas

acessórias como glândulas sebáceas e sudoríparas que, juntamente com o músculo eretor do

pêlo, são denominadas de “unidade do folículo piloso”, portanto, quanto maior o número de

folículos pilosos primários, maior será o espaço necessário para abrigar as glândulas,

diminuindo dessa forma, o espaço para conter feixes de fibras de colágeno e,

consequentemente, a resistência da pele e do couro (JACINTO, 2004).

Já a camada termostática da derme abriga além das glândulas, os folículos pilosos, os

músculos eretores dos pêlos e o sistema circulatório e sensorial. Além disso, as espessuras das

camadas termostáticas e reticular também variam entre as raças, nos ovinos produtores de lã,

a relação é de aproximadamente 2/3; já nos ovinos deslanados essa relação é de

aproximadamente 1/2. Portanto, é importante que os cruzamentos visando aumentar a

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eficiência dos sistemas produtivos, levem em conta que a qualidade da pele está também

relacionada com as raças e seus cruzamentos (JACINTO, 2004).

Estudos sobre o genoma funcional de bovinos mostram que será possível a

identificação do seqüenciamento de genes relacionados á resistência a parasitos e,

consequentemente, á qualidade das peles. Contudo, os animais continuarão sob influência dos

sistemas de manejo, e as peles, dos processos industriais nos quais poderão adquirir defeitos;

portanto, mesmo que as peles tenham um ganho intrínseco de qualidade através de

aperfeiçoamento genético animal, as ações de conscientização dos atores da cadeia produtiva

continuarão sendo necessárias (MARQUES, 2004).

Desta forma, é imprescindível fomentar os estudos quanto às características das peles,

enfocando as possíveis diferenças entre os diversos genótipos, características estas referentes

a tamanho, grossura, tipo de pêlo, diferenças quanto à idade, aparência estética, aparência do

grão, resultantes da disposição dos folículos pilosos e densidade (HOLST et al., 1990;

JACINTO, 1999)

Assim como evidenciado nas peles, são necessários estudos no couro (pele curtida),

através dos ensaios físico-mecânicos que irão determinar o potencial de utilização desta

matéria-prima pela indústria beneficiadora.

Neste trabalho, objetivou-se avaliar os ensaios físicos- mecânicos dos couros das raças

ovinas: Santa Inês, Dorper e Sufflok, para haver a promoção de mais estudos nesta área, pois

em Mato Grosso existe carência neste tipo de pesquisas e para que possa contribuir de alguma

forma no melhor aproveitamento das peles, gerando dessa forma uma maior rentabilidade

para o produtor.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A espécie ovina foi uma das primeiras a ser domesticada e acompanha o homem desde

os primórdios da civilização. A ovinocultura está presente na história da humanidade como

sendo a atividade que proporciona a maior fonte de alternativas para subsistência, pois

fornece a lã e pele para vestuário, além da carne e do leite para alimentação (FERNANDES et

al., 1993).

A espécie Ovis aries, foi domesticada há pelo menos 6.000 a.C. A importância na

história da civilização humana é relatada desde a Grécia e Roma antiga, e em relatos bíblicos,

mitológicos e astrológicos, etc, fornecendo ao homem alimento, proteção contra as

intempéries e tração animal. A sua origem é provavelmente da Ásia e da Europa, embora

existam várias hipóteses neste sentido (SANTOS, 2004).

A espécie ovina caracteriza-se pela extrema capacidade de adaptação ás mais diversas

condições de ambiente, verificando-se sua ocorrência em quase todas as regiões do mundo.

Isso decorre da sua facilidade em se adequar as condições dietéticas, associada á sua

acentuada capacidade de aclimatação (CUNHA et al.,1997).

2.1- Raças ovinas

Atualmente constata-se a introdução de raças ovinas no Brasil, sendo estas produtoras

de carne, leite, pele e lã. As principais produtoras de carne e pele são: Dorper, Santa Inês,

Morada Nova, Somalis Brasileira, Suffolk, Ille de France, Texel e Hampshire-Down e as

produtoras de lã são: Merino, Crioula, Ideal e Karakul, Corriedale e as produtoras de leite são:

Lacaune e Bergamácia.

O Dorper é uma raça ovina de carne desenvolvida na África do Sul, através do

cruzamento do Dorset Horn (origem inglesa) com o Blackhead Persian (origem asiática e no

Brasil conhecida por Somalis Brasileira), entretanto, suas exigências nutricionais não são tão

altas. O cordeiro Dorper cresce rapidamente e alcança um peso elevado no desmame, o que é

uma característica economicamente importante na produção de ovino tipo carne. Ele é bem

adaptado a uma variedade de condições climáticas e de pastejo. Embora a raça fosse

desenvolvida para criações extensivas, responde bem em condições intensivas de produção.

Sua pele é coberta por uma mistura de pêlo e lã. A pele grossa protege os ovinos das

condições climáticas adversas e é muito valorizada. No mercado é conhecida com o nome de

Cape Glovers (SANTOS, 2004).

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O ovino Santa Inês é originário do Nordeste brasileiro, sendo resultado do cruzamento

das raças Bergamácia, Morada Nova e Somális. É um animal desprovido de lã, mas pode

apresentar lanugem no dorso, de elevada estatura, pernas compridas, orelhas longas. A sua

coloração não é uniforme, encontrando-se animais com pelagens bastante variadas, tais como

vermelha, castanha e malhada de branco e de preto. Apresentam particularidades

comportamentais que os diferem dos lanados europeus, mostrando hábitos de pastejo mais

elevado, o que lhes possibilita maior exploração dos recursos alimentares disponíveis. Ovinos

deslanados mostram uma maior aceitação de plantas de folha larga que ovinos lanados, desta

maneira consomem maior diversidade de plantas, sendo este fato muito importante em

pastagens com grande diversidade de espécies (BUENO et al., 2006).

O Suffolk é originário dos condados de Norfolk, Cambridge, Essex e Suffolk, no

sudoeste da Inglaterra, foi formada a partir do cruzamento de carneiros Southodown com

ovelhas selvagens de Norfolk. O seu corpo é comprido e musculoso; tem as extremidades

desprovidas de lã e revestidas de pelos negros e brilhantes. A pele é fina, de coloração rosada,

completamente sem rugas. Sem cobrir a cabeça e os membros abaixo dos joelhos e garrões, o

corpo é todo coberto de lã branca. A barriga, igualmente, tem que ser bem coberta de lã. O

velo deve se apresentar livre de manchas pretas, a não ser na zona de transição entre pelos e

lã, no pescoço e nas patas (ABCOS, 1985).

2.2- Situação atual e perspectivas para a ovinocultura

.

No final dos anos 80, houve uma crise mundial no mercado da lã, reduzindo os preços

pagos e impulsionado uma mudança expressiva nos criatórios de ovinos. A região Sul do

Brasil que detinha o maior rebanho ovino do país, voltado para a produção de lã, promoveu

descartes massivos de muitos rebanhos. A criação de raças voltadas para a produção de carne

ganhou espaço desde então, com o uso de raças deslanadas, tais como a Santa Inês, a qual tem

despertado interesse até dos tradicionais criadores das raças lanadas (SANTOS, 2004).

No período de 1990 a 1997 houve uma redução de 166 milhões de cabeças no rebanho

ovino mundial, resultado da valorização dos polímeros sintéticos derivados do petróleo

utilizados na fabricação de tecidos, em detrimento da fibra natural de lã, muito valorizada até

o início da década de 90. Já no período de 1998 a 2005 ocorreram oscilações anuais no

número de cabeças, variando entre 1,025 e 1,093 bilhão (JACINTO et al., 2007).

A ovinocultura apresenta nos últimos anos ser uma atividade agropecuária de extrema

importância para algumas regiões brasileiras. Reconhecidamente no Nordeste já mostrou sua

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potencialidade por ser uma atividade que se adapta bem às condições climáticas adversas da

região. Não obstante no Nordeste, nos últimos anos, vem ocorrendo um crescimento

significativo da ovinocultura principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste,

respectivamente 106,9% e 36,5% no período de 1999 a 2008 (ANUALPEC, 2008).

O rebanho de ovinos e caprinos do estado de Mato Grosso apresentou um crescimento

vertiginoso de 5 mil animais em 1994 para 275 mil no ano de 2004, chegando a um plantel de

774.447 mil cabeças em 2006 (INDEA, 2006).

Em 2007 houve uma queda no número de ovinos e caprinos, resultado basicamente do

desânimo dos produtores que assistiam o consumo em Mato Grosso de animais de outros

estados e até outros países. É esperado para o ano de 2008 um rebanho de 1.100 milhão de

cabeças caso haja o restabelecimento da cadeia no Estado (ANCO, 2008).

2.3- Mercado de peles

O volume de peles caprinas e ovinas disponíveis anualmente no mercado mundial está

diretamente relacionado à taxa de abate e ao tamanho do rebanho comercial, bem como ao

crescimento ou queda desse rebanho. Entretanto, países com forte tradição mercantil,

principalmente para abastecimento dos parques fabris internos, interferem na movimentação

mundial desse comércio (JACINTO et al., 2007).

Segundo a FAO (2007), a China é o maior produtor mundial de ovinos e o segundo

maior importador de peles, tanto peles com lãs salgadas, quanto secas salgadas. A Turquia

ocupa o nono lugar na produção mundial de ovinos, com um rebanho de 25,3 milhões de

cabeças; porém, para atender a demanda interna de suas indústrias curtidoras, ela se tornou a

maior importadora de peles. Assim como a Itália, terceiro maior importador mundial de peles

ovinas, a Turquia necessita dos couros produzidos por seus curtumes para abastecer outras

indústrias de transformação, a de calçados e a de confecções.

As peles de ovinos deslanados têm maior valor de mercado pela sua maior elasticidade

e resistência associadas a uma textura fina, prestando-se para várias aplicações na indústria de

vestuário e calçado. As peles dos caprinos têm também boa aceitação pela indústria tendo,

porém, menos opções de uso e, consequentemente, um valor ligeiramente menor que a pele

ovina. As indústrias do Nordeste enfrentam o grande problema da qualidade das peles que

recebem, pois pelo abate em grande parte das propriedades serem clandestino, a esfola é

normalmente feita com facas ou outros instrumentos cortantes que perfuram ou cortam a pele,

danificando-a. O tipo de vegetação verificada no Nordeste é caracterizada pela presença de

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espinhos o que contribui para ocorrência de ranhuras na pele dos animais, o que influencia

diretamente na menor qualidade das peles destes. Adicionalmente, enfermidades como

Linfadenite caseosa, assim como a incidência de ectoparasitas (sarnas, carrapatos, piolhos,

fungos, etc) reduzem a qualidade das peles que após processo de curtimento se transformarão

em couros de baixa qualidade (COUTO, 2003).

A menor procura se dá em relação às peles de ovinos lanados, pois se prestam mais na

confecção de vestuários destinados às regiões de baixa temperatura, ou seja, casacos com lã e,

com isso possuem menor flexibilidade de utilização que as provenientes de animais

deslanados (FURLANETTO, 2007).

2.4- Exportação brasileira de couros

Segundo dados do CICB (2007), a exportação de peles ovinas alcançou o montante de

15.680.680 unidades no ano de 2007, já em comparação ao ano de 2008 este número foi

menor atingindo 10.422.351 unidades. E de acordo com a FAO (2005), a Nova Zelândia

importou 42.140 t de peles ovinas do Brasil, seguido pela Austrália com 4.210 t de peles. As

taxas de exportação mundial de pele caprina alcançam a cifra de US$ 8.837,38, enquanto para

peles ovinas é de US$ 95.545,00. Para as importações, estes valores são US$ 9.422,71 e US$

93.726,01, para caprinos e ovinos, respectivamente.

2.5- Sistema Tegumentar

A pele ou tegumento recobre toda a superfície do corpo, constituindo-se um dos

maiores órgãos e funcionando como uma barreira de proteção natural ao meio externo animal,

além de várias outras ações funcionais, coberta geralmente por pêlos ou lã. Esta pode ser

definida utilizando-se critérios estrutural, embriológico ou funcional. Do ponto de vista

estrutural, ela é definida como um órgão constituído por duas camadas: uma mais superficial,

de revestimento pavimentoso, estratificado e queratinizado, de origem ectodérmica

denominada epiderme, seguida pela derme, formada por um tecido conjuntivo de origem

mesodérmica (MÉNDEZ et al., 2004; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; HAM et al., 1984;

CALHOUN e STINSON, 1982).

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Muitas estruturas são derivadas da pele: pêlo, unhas, garras, penas, chifres, cristas,

barbelas, glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas, glândulas mamárias e cascos (BANKS,

1992).

A pele é ligada às partes subjacentes pelo tecido subcutâneo ou subcútis. Esta consiste

em tecido conectivo contendo fibras elásticas e gordura. A quantidade de tecido subcutâneo

varia muito; em alguns lugares ele é abundante, de modo que a pele pode ser levantada

consideravelmente; em outra situação é praticamente inexistente, e a pele está intimamente

aderente ás estruturas subjacentes (SISSON et al., 1986). Ela possui terminações nervosas,

responsáveis pela recepção de estímulos que provocam diferentes tipos de sensações (calor e

frio) (HOINACK, 1989).

A epiderme, camada mais externa, é formada pelas camadas basal, germinativa,

granulosa, lúcida e córnea, representa 1% da espessura total da pele e é alimentada por

difusão de nutrientes dos capilares da derme, apresentando ainda outros tipos de células, entre

elas os melanócitos, que são responsáveis por produzirem o pigmento melanina

(JENKINSON et al., 1979; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).

Alguns estudos evidenciam que a espessura da epiderme varia segundo a região do

corpo, sendo nos ovinos mais delgada nas regiões cobertas por lã, assim como mais espessa

na região dorsal que nos flancos (MEDAWAR, 1953; LYNE e HOLLIS, 1968). Esta região é

eliminada durante o caleiro, no processamento para a transformação em couro, com o

afrouxamento da estrutura fibrosa do colágeno (JACINTO et al., 2004).

A derme é a parte da pele que se transforma em couro e representa em torno de 85%

da espessura total. Encontra-se imediatamente abaixo da epiderme e o limite entre as duas

camadas não é regular, caracterizando pela presença de saliências e reentrâncias que se

misturam e se ajustam entre si (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).

Logo abaixo da derme, formada por tecido conjuntivo frouxo, está localizada a

hipoderme, constituindo o panículo adiposo. Esta camada poderá ter tamanho variável,

dependendo do grau de nutrição (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).

2.5.1 – Zonas da pele

A pele possui textura e superfícies desuniformes em suas regiões. Para tanto foi

preconizado racionalizar o processo para obtenção de produtos de maior uniformidade,

costuma-se dividir a pele em diferentes zonas, de acordo com certas características

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relacionadas com a textura fibrosa e a espessura. Assim, podem-se admitir diferentes zonas,

como as indicadas no diagrama do couro (Figura 1).

Figura 1. Diagrama do couro. Grupão (A+B), Culatra (A+B+CD) e CROP (EGA ou

FHB).

A zona do grupão é a região mais rica em fibras colágenas e apresenta melhor

entrelaçamento de fibras. Por outro lado, a zona dos flancos é a mais pobre em material

colágeno e mostra um entrelaçamento mais fraco do que as outras zonas. Os ângulos de

entrelaçamento de suas fibras são maiores. Como se pode imaginar, cada uma destas regiões

apresenta certas características próprias, refletindo-se no produto acabado. Na produção de

couros para outras finalidades pode-se trabalhar com toda a pele, sem os apêndices. Durante o

processamento, porém, devem ser compensadas deficiências relacionadas com as

propriedades de certas zonas (HOINACK, 1989).

2.5.2 – Pêlo

Os folículos pilosos se formam a partir de invaginações da futura epiderme para a

derme subjacente. O início do desenvolvimento é marcado pelo espessamento epidérmico que

se transforma num cordão celular proeminente. O sólido cordão da epiderme que se invagina

forma um canal, criando o espaço para o futuro pêlo. Ele é formado por três regiões: a

cutícula, córtex e medula (Figura 2) (BANKS, 1992).

A B

G

C D

H

E F Cabeça

Ancas

Ombro

Costas

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Figura 2. Corte transversal do folículo piloso, onde 1: Medula, 2: Córtex e 3: Cutícula (Banks, 1992).

A cutícula é uma monocamada de células queratinizadas anucleadas que se

interdigitam com a cutícula da bainha da raiz. O córtex forma a maior parte do cilindro do

pêlo. Ele é formado por várias camadas de células achatadas e queratinizadas que contêm

queratina dura. Pode ser pigmentado, sendo que os espaços intercelulares se caracterizam pela

presença de numerosos espaços com ar. A medula pode estar ausente em alguns pêlos.

1

2

3

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Quando presente, ela é formada por células queratinizadas, cúbicas que estão separadas por

espaços com ar (Figura 3) (BANKS, 1992).

Figura 3. Corte transversal da haste do pêlo primário (1º) e secundário (2º)

(Banks, 1992).

O crescimento e a queda normal dos pêlos ocorrem em ciclos que são influenciados

pelo fotoperíodo. Um ciclo completo do pêlo é formado por três estágios – anágeno, catágeno

e telógeno. O anágeno é período de crescimento do pêlo. O catágeno é o estágio de transição

que ocorre antes do período de repouso, o telógeno. O pêlo é produzido pela atividade

mitótica das células constituintes do bulbo piloso durante o anágeno (BANKS, 1992).

2.5.3 – Músculo eretor do pêlo

Junto aos folículos pilosos existe um feixe de fibras musculares lisas, de direção

oblíqua, que se insere por um dos seus extremos no saco fibroso do folículo e, por outro lado

na zona superficial da derme, o que constitui o músculo eretor do pêlo. Tal músculo, ao

contrair provoca a elevação das camadas superficiais da pele, originando o chamado pêlo

arrepiado. Ainda com esta ação, faz com que o pêlo, que se dispõe obliquamente em relação à

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sua superfície. Com a contração do músculo eretor do pêlo, as glândulas sebáceas são

comprimidas e secretam óleos e graxas (HOINACK, 1989; GARTER et al., 1993).

2.5.4 – Glândula Sebácea

As glândulas sebáceas situam-se na derme e os seus ductos geralmente desembocam

nos folículos pilosos. Associadas aos pêlos são invaginações do revestimento epitelial do

canal da raiz na forma de glândulas alveolares simples ramificadas; seu tamanho varia de 0,2-

2,0 mm (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; GEORGE et al., 1998; GARTER et al., 1993;

HOINACK, 1989).

Esta glândula tem a natureza holócrina, necessitando de suprimento abundante de

células perifericas, pois para sua formação ocorre morte destas células. A secreção sebácea é

uma mistura complexa de lipídios que contem triglicerídeos, ácidos graxos livres, colesterol e

ésteres de colesterol. A atividade dessas glândulas é muito influenciada pelos hormônios

sexuais (Figura 4) (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; GEORGE et al., 1998; GARTER et

al., 1993; HOINACK, 1989).

Possui inúmeras funções, dentre as quais; os produtos de secreção entram no folículo e

se espalham pela superfície da pele, evitando a possível entrada de microrganismos;

diminuem a perda de água; contêm precursores de vitamina D e o sebo mantém os pêlos e a

superfície externa da pele macia e flexível (BANKS, 1992).

Figura 4. Glândula sebácea (Banks, 1992)

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2.5.5 – Glândula Sudorípara

As glândulas sudoríparas estão relacionadas com a transpiração e situam-se na camada

da pele denominada derme, junto com as terminações nervosas e folículos capilares. Em

animais que vivem em clima frio, seu tamanho é grandemente reduzido. Sua forma

assemelha-se a um novelo (adenômero). Um tubo secretor liga o adenômero á superfície da

pele, onde o tubo termina em um poro. Estas glândulas excretam água, uréia e sais,

juntamente com outros produtos. Funcionam como órgão de excreção, mas o seu trabalho

principal é levar água a superfície da pele (GEORGE et al., 1998; HOINACK, 1989).

Tradicionalmente, as glândulas sudoríparas têm sido classificadas como merócrinas

(produto secretório liberado através da exocitose) ou apócrinas (produto liberado quando

pequenos pedaços de citoplasma que contêm o produto são desprendidos da superfície livre da

célula). No entanto evidências recentes sugerem que isso pode ou não ser verdade e que todas

as glândulas sudoríparas podem usar a forma de liberação merócrina (BACHA e BACHA,

2003).

As glândulas sudoríparas apócrinas ou epitriquiais são mais extensamente

desenvolvidas nos mamíferos domésticos. São glândulas simples tubulares ou saculares com

uma parte secretora espiralada e um ducto reto. A superfície lisa das células nas glândulas

sudoríparas apócrinas, possui protusões citoplasmáticas indicativas de sua atividade secretora.

As células mio-epiteliais estão localizadas entre as células secretórias e membrana basal. Uma

parte do ducto segue um percurso razoavelmente reto no sentido da parte superior da derme.

Ele possui um estreito lume e duas camadas de células cúbicas achatadas. Às vezes, o ducto

penetra na epiderme do folículo piloso próximo de sua abertura na superfície da pele

(DELLMANN, 1982).

2.6 – Células especiais da pele

Os melanócitos são células que produzem a melanina e conferem uma pigmentação

característica nas membranas mucosas (saco conjuntival e cavidade bucal). Ela também

protege o organismo da radiação ultravioleta lesiva do sol (BANKS, 1992) (Figura 5).

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Figura 5. Melanócitos (Banks, 1992).

A cor do pêlo depende dos melanócitos localizados entre a papila e o epitélio da raiz

do pêlo, que fornecem a melanina às células do córtex e da medula do pêlo, por processo

semelhante ao que ocorre na epiderme (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; GEORGE et al.,

1998; HOINACK, 1989;).

As células de Langerhans, quando são processadas pelas técnicas histológicas de

rotina e coradas pela hematoxilina e eosina (HE), são células arredondadas e com citoplasma

claro. Elas são encontradas na porção periférica do estrato espinhoso (BANKS, 1992).

Derivam da medula óssea e possuem a capacidade de fagocitar, apesar de pertencerem a um

grupo de macrófagos relativamente não fagocitários (CUNHA et al., 2000).

As células de Merkel são células epidérmicas claras e confinadas a camada basal.

Estas células são especializadas e contêm um vacúolo citoplasmático grande que desloca

dorsalmente o núcleo denso (CUNHA et al., 2000).

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2.7 – Vasos e Nervos

As artérias da pele vêm do subcútis, onde se comunicam livremente. Na parte mais

profunda do cório elas formam um plexo, e outra rede é formada sob a papila. Pequenos vasos

do plexo profundo vão para as glândulas sebáceas e sudoríparas, e o plexo subpapilar envia

finos ramos para a papila, folículos pilosos e glândulas sebáceas. As veias formam dois

plexos, um sob a papila e outro na junção do cório e subcútis. Os vasos linfáticos formam os

plexos subpapilar e subcutâneo. Os nervos variam muito em número em diferentes partes da

pele. As fibras terminais tanto ficam livres na epiderme e em certas partes do cório como

formam corpúsculos microscópicos especiais de diversos tipos (SISSON et al., 1986).

2.8 – Ensaios físico–mecânicos de controle de qualidade para couros

O processo de curtimento do couro torna-se essencial para que o produto final, couro

acabado, possa ser submetido a testes de qualidade exigidos pela indústria. Nesta fase serão

observados os diversos fatores de interferência neste, que podem ser desde a genética dos

animais até o processamento final pela indústria.

Segundo JACINTO (2000), a qualidade do couro é determinada por dois períodos: um

primeiro, que se estende da permanência do animal na propriedade até o abate e esfola e

conservação da pele, que é determinada pelo produtor rural, e um segundo período, que diz

respeito ao curtimento, e que é de responsabilidade da indústria.

No processamento, as peles são submetidas a várias etapas, passando por processos

químicos, físicos e mecânicos, compreendido de três etapas bem definidas: a ribeira, o

curtimento e a fase de acabamento (COSTA et al., 2005a).

Na etapa de ribeira as peles são molhadas para recuperar a umidade perdida durante a

desidratação que a conservou após o abate do animal (BELAVSKY, 1965).

Durante a fase de curtimento, são utilizadas enzimas proteolíticas para limpeza da

estrutura fibrosa (HOINACKI, 1989). A remoção da graxa é feita através de solventes

tensoativos e enzimas adequadas ao pH de cada etapa (VENKATACHALAM, 1980). Antes

da utilização do material curtente, são utilizados ácidos orgânicos e inorgânicos e cloreto de

sódio que preparam a pele, bloqueando o intumescimento provocado pelos ácidos e

desativando as enzimas (BIENKIEWICZ, 1983) para receberem os curtentes. Estes podem ser

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inorgânicos de origem mineral, orgânicos de origem vegetal, sintéticos e aldeídos

(HOINACKI, 1989).

Após o uso do cromo como curtente, o couro adquire uma coloração azulada e úmida

denominada “wet- blue”. Em seguida, os couros são rebaixados para atenderem a espessura

solicitada pelo mercado e classificados, podendo continuar o processo de recurtimento antes

ou após a neutralização, visando dar algumas das características físico-mecânicas ao material

como: elasticidade, maciez e toque suave (OLIVEIRA, 2008).

A operação de engraxe tem a finalidade de facilitar o deslizamento entre as fibras

(PORÉ, 1974) e aumentar a resistência ao rasgamento e à distensão da flor (BOCCONE et al.,

1987).

Segundo SOUSA et al. (2002), é necessária nova avaliação das peles das atuais raças

de caprinos e ovinos criados no Brasil, bem como a adoção de novas metodologias para

melhorar o processo de produção, esfola e conservação das peles, com o objetivo de oferecer

uma melhor matéria prima para a indústria coureira.

Com a introdução de novas raças visando melhorar o potencial produtivo das raças

nativas como leite e carne, podem-se alterar as características dos couros, desejáveis ou não

para a indústria.

De acordo com COSTA et al. (2005b), este aspecto deve ser considerado quando se

avalia o uso de reprodutores de raças lanadas. Este aspecto é confirmado por JACINTO et al.

(2004) que, estudando a resistência de couros ovinos das raças Ideal (lanados) e Morada Nova

(deslanados), concluiu que, para os testes físico-mecânicos, os couros apresentam

características distintas, com diferenças significativas entre elas.

CRAIG et al. (1987) estudando as características estruturais da pele concluem que as

propriedades físico- mecânicas estão relacionadas com o diâmetro e o comprimento das fibras

de colágeno e sua distribuição na pele. Seguindo o mesmo raciocínio, JACINTO et al.

(2005b) concluiu que as características fisico-mecânicas do couro estão influenciadas pelas

características anatômicas e estruturais da pele que são definidas pela raça, idade, região ou

posição da retirada dos corpos de prova.

As análises e determinações da qualidade das peles e couros de ovinos e caprinos estão

subordinadas a uma série de normas técnicas que estabelecem metodologias da avaliação

através de análises visual e de realização de ensaios que podem manifestar os defeitos das

peles e a resistência dos couros. Os resultados dos ensaios são comparados por parâmetros

definidos por normas técnicas com valores específicos com o objetivo de controlar a

qualidade e manter o controle da produção (COSTA et al., 2005a).

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Neste contexto, os testes físico-mecânicos são instrumentos valiosos para garantir a

qualidade e uniformidade do couro (HOINACKI, 1989).

Alguns estudos realizados comprovam a boa qualidade dos couros com resultados

acima dos valores orientados para os testes.

A exemplo, JACINTO (2004), trabalhando com ovinos das raças Morada Nova e Ideal

chegou à conclusão de que a raça e a idade, influi diretamente nas características anatômicas

e estruturais da pele, exercendo efeito positivo nos valores de resistência do couro à tração,

que a região e posição exerceram efeito positivo nos valores de resistência do couro ao

rasgamento e que a distensão da flor no teste do lastrômetro não é influenciado pela raça,

idade, região ou posição, mas cita que, em todos os testes, foram atingidos os padrões

mínimos estabelecidos pelas normas de qualidade.

DAL MONTE et al. (2004), estudando os efeitos da idade sobre as características

físico-mecânicas do couro caprino curtidos ao cromo, concluiu que os caprinos, aos 315 dias

de idade, apresentaram, em todos os testes, valores superiores aos valores referência,

demonstrando a excelente qualidade do couro caprino.

No mesmo sentido, JACINTO (2000), estudando a influência da raça e idade nas

características histológicas e físico-mecânica de couros caprinos encontrou resultados que

considera as raças Anglo Nubiana, Alpina e Saanen adequadas à exploração de peles,

concluindo que os animais de seis meses foram mais resistentes à tração e ao rasgamento que

os animais de três meses, contudo, estes apresentaram uma melhor aparência do grão,

garantindo peles de primeira classificação.

O objetivo deste trabalho foi avaliar os aspectos morfológicos e características físico-

mecânicas de couros de diferentes grupos genéticos e seus efeitos sobre a qualidade industrial

da pele.

Após correção e aprovação, os artigos serão submetidos à Revista Brasileira de Saúde

e Produção Animal (RBSPA), editada pela Universidade Federal da Bahia (Normas da

Revista em Anexo).

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3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Capítulo 1 1 2

Aspectos morfológicos de peles de ovinos de diferentes grupos genéticos e seus efeitos 3 sobre a qualidade do couro1 4

5

The skin morphological aspects of sheep from different genetic groups and their effects on the quality of the 6 leather.1 7

8 SILVA, Laura Maria da 2, JACINTO, Manuel Antonio Chagas 3, CABRAL,Luciano da Silva4, 9 ABREU,Joadil Gonçalves de 5, ESTEVES,Sérgio Novita 6, ANDREOLLA, Douglas Luís 7 10

11 Parte da dissertação do primeiro autor, apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Mestre 12 2 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Básicas e Produção Animal – UFMT. [email protected] 13 3 Ecólogo, Pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, Rodovia Washington Luiz, km 234, CEP 13560-970, São Carlos, SP 14 4Zootecnista, DSc, Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia e Extensão Rural, DZER, UFMT, Cuiabá –MT 15 5 Engenheiro Agrônomo, DSc., Professor Adjunto II do Departamento de Zootecnia e Extensão Rural, DZER, UFMT, Cuiabá-16 MT 17

6 Médico Veterinário, Pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, Rodovia Washington Luiz, km 234,CEP 13560-970, São 18 Carlos,SP 19

7 Médico Veterinário, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Básicas e Produção Animal – UFMT, Cuiabá- MT 20 21

22

Resumo: Objetivou-se com o presente trabalho avaliar as características morfológicas das 23

peles dos ovinos Santa Inês, meio sangue Dorper e meio sangue Suffolk relacionando-os com 24

a boa qualidade industrial. Foram utilizadas 24 peles, sendo 8 peles de cordeiros meio sangue 25

Dorper, meio sangue Suffolk e Santa Inês puro. Esses animais foram criados na Embrapa 26

Pecuária Sudeste-SP. O abate ocorreu com idade em torno de 182 dias e com pesos variando 27

de 35 a 40 kg em um frigorífico em Pirassununga-SP. Após a esfola, foram coletadas as 28

amostras para testes histológicos de cada animal com trefina de seção retangular, medindo 10 29

x 5 mm da região dorsal, lado esquerdo e fixadas em Solução de Bouin por 48 horas. Os 30

cortes foram feitos na direção perpendicular ao plano da pele e posteriormente salgadas e 31

curtidas no Curtume Anjico-SP. A coloração das lâminas foi de acordo com as técnicas: 32

Hematoxilina de Harris- Eosina, Tricrômica de Masson, Pricrossirius e Verhoeff. A análise 33

comparativa das camadas termostática e reticular das peles, para as três raças, foram feitas por 34

fotomicrografias obtidas de um fotomicroscópio Carl Zeiss modelo Axiophot para 35

mensuração das camadas. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com 3 36

tratamentos (espessuras) e 8 repetições. Os ovinos deslanados Santa Inês apresentaram 37

35

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camada termostática mais fina em relação à camada reticular, inversamente ocorreu nos 38

ovinos meio sangue Dorper e meio sangue Suffolk. Diante deste resultado, conclui-se que a 39

maior quantidade de fibras de colágeno na camada reticular dos ovinos Santa Inês garante 40

couros com maior valor no mercado devido a sua melhor resistência aos ensaios físico-41

mecânicos das peles após o curtimento. 42

43

Palavras–chave: derme, genótipo, histologia, reticular, termostática 44

45

Abstract: This study aimed at evaluating the morphological characteristics of the skins of 46

Santa Inês, half blood Suffolk and half blood Dorper sheep, relating them to a good industrial 47

quality. 24 rawhides were used, eight skins of each genetic group. The animals were weaned 48

when they reached 17 kg body weight, then put to confinement and given corn silage and 49

concentrate feed. The slaughter age was around 182 days, with weights ranging from 35 to 40 50

kg. After flaying, the samples for the histological tests were collected from each animal with 51

trephine of rectangular section, measuring 10 x 5 mm in the dorsal region, left side and fixed 52

in Bouin’s solution for 48 hours. The cuts were made in a perpendicular direction to the skin 53

plan and later salted and tanned. The staining of slides was according to the techniques: Harris 54

–Eosin Hematoxylin, Masson's Trichrome, Pricrossirius and Verhoeff. The comparative 55

analysis of the thermostatic and reticular layers of the skin, for the three races, was made by 56

photomicrographies obtained with a photomicroscope Carl Zeiss model Axiophot, for the 57

measurement of the layers. The used delineation was completely randomized with three 58

treatments (thicknesses) and 8 repetitions. The sheared Santa Inês sheep showed a thinner 59

thermostatic layer in relation to the reticular layer, the opposite happening in the half blood 60

Dorper and half blood Suffolk animals. After this result, we can conclude that the bigger 61

quantity of collagen fibers in the reticular layer of Santa Inês sheep offers leather with higher 62

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value in the market due to its better resistance to the physical-mechanical tests of the skins 63

after tanning. 64

65

Keywords: dermis, genotype, histology, reticular, thermostatic 66

67

INTRODUÇÃO 68

69

A produção e o mercado de peles e couros caprinos e ovinos são de extrema 70

importância dentro do agronegócio, isto se deve a estreita relação de economicidade na 71

produção de carne e peles nas referidas espécies, já que a obtenção de ambas obedece 72

praticamente às mesmas orientações técnicas (Jacinto 2005). 73

Para efeito da comercialização industrial, a pele deve apresentar certos 74

requisitos, de acordo com a utilização do produto final, que pode ser afetado por fatores que 75

vão desde a qualidade da pele oferecida pelo produtor até sua transformação em couro no 76

curtume (Costa et al., 2005b). 77

A estrutura histológica da pele e sua espessura se diferenciam entre 78

espécies, ou no mesmo animal, dependendo da parte em que se retira a amostra (Junqueira e 79

Carneiro, 1995), com modificações no decorrer da idade em função de vários componentes 80

tissulares, influenciados por fatores como nutrição, localização estudada, raça, manejo e 81

exposição ao sol (Fitzpatrick et al., 1964). 82

A pele dos ovinos deslanados adequadamente tratada fornece um couro de 83

elevada qualidade para fabricação de inúmeros artigos que associam maciez à grande 84

resistência (Sobrinho e Jacinto, 2007). Entretanto, com a introdução de animais de raças 85

lanadas, visando melhorar o potencial de produção de carne das raças nativas, pode haver 86

alterações nas características desejáveis das peles, em razão da menor qualidade industrial das 87

peles lanadas (Jacinto, 2004) 88

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Diante deste contexto, objetivou-se comparar os aspectos morfológicos das 89

peles de ovinos Santa Inês puro, meio sangue Dorper e meio sangue Suffolk e sua influência 90

na qualidade do couro após processo de curtimento. 91

92

MATERIAL E MÉTODOS 93

94

Foram utilizadas 24 peles dos cruzamentos de reprodutores Dorper e 95

Suffolk com matrizes Santa Inês, sendo 8 peles meio sangue Dorper, meio sangue Suffolk e 96

Santa Inês puro. Esses animais foram criados na Embrapa Pecuária Sudeste- SP. O abate 97

ocorreu com idade em torno de 182 dias e com pesos variando de 35 a 40 kg em um 98

frigorífico em Pirassununga- SP. Após a esfola, foram coletadas as amostras para testes 99

histológicos de cada animal com trefina de seção retangular, medindo 10 x 5 mm da região 100

dorsal, lado esquerdo e fixadas em Solução de Bouin por 48 horas. Os cortes foram feitos na 101

direção perpendicular ao plano da pele e posteriormente salgadas e curtidas no Curtume 102

Anjico-SP. A coloração das lâminas foi de acordo com as técnicas: Hematoxilina de Harris- 103

Eosina, Tricrômica de Masson, Pricrossirius e Verhoeff. 104

A análise comparativa das camadas termostática e reticular das peles, para 105

as três raças, foram feitas por fotomicrografias obtidas de um fotomicroscópio Carl Zeiss 106

modelo Axiophot, para mensuração das camadas. O delineamento utilizado foi o inteiramente 107

casualizado com 3 tratamentos (espessuras) e 8 repetições. 108

Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas 109

pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, conforme Banzato e Kronka (1992), 110

utilizando o software Saeg (1993). 111

112

113

114

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RESULTADOS E DISCUSSÃO 115

116

As camadas de epiderme e derme encontradas nos cortes analisados são 117

semelhantes ás demais observadas por outros autores, como presente na camada da pele de 118

suínos (Meyer e Neurand, 1997), em bovinos (Araújo, 1990), ovinos lanados (Kozlowski e 119

Calhoun, 1969) e ovinos deslanados (Jacinto et al., 2004) e em caprinos (Dal Monte, 120

2004),(Figura 1). 121

122

Figura 1. Fotomicrografia da pele da região dorsal de ovino Santa Inês. Coloração = 123

Tricrômica Masson. Objetiva = 2,5x, Ocular = 10x 124

125

126 127

A exemplo de trabalhos citados por Costa et al (2005b), Jacinto et al. 128

(2004), Jacinto (2000), Dal Monte (2004) e Weiner e Hellman (1960), na análise estrutural a 129

derme apresentou-se semelhante á de outros mamíferos, dividida em camadas papilar ou 130

termostática e reticular. Diante dos resultados da (Tabela 1) a camada termostática dos ovinos 131

deslanados Santa Inês apresentou menor valor de espessura quando comparados aos ovinos 132

1

2

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cruzados Dorper e Suffolk. Notam-se resultados opostos quando observado os maiores 133

valores para a camada reticular dos ovinos deslanados Santa Inês quando confrontados com os 134

ovinos cruzados Dorper e Suffolk (Figura 2). 135

Jacinto et al. (2004), também citaram que a camada termostática é muito 136

espessa em ovinos lanados, por apresentar grande densidade de folículos pilosos por unidade 137

de área. 138

139

Tabela 1. Médias (mm), para as variáveis espessura das camadas termostática, reticular e 140

porcentagem da camada termostática nos diferentes grupos genéticos 141

Grupos genéticos Espessura Espessura Porcentagem da Termostática (mm) Reticular (mm) camada reticular (%)

SI 4,24 b 5,76 a 42,4 b DOSI 5,11 a 4,88 b 51,14 a

SUSI 5,06 a 4,93 b 50,65 a

CV(%) 6,24 5,77 6,24 Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna diferem pelo Teste Tukey (P<0,05) 142 SI = Santa Inês 143 DOSI = Dorper x Santa Inês 144 SUSI = Sufflok x Santa Inês 145 146 Figura 2. Comparação das espessuras da camada termostática nos diferentes grupos 147

genéticos. Coloração = Tricrômica Masson. Objetiva = 2,5x, Ocular = 10x 148

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149

150

Na camada termostática dos grupos genéticos envolvidos foram observadas 151

glândulas sebáceas, sudoríparas e músculo eretor do pêlo, em torno do folículo piloso, 152

formando a “unidade do folículo piloso”, citado por Jacinto (2000). As glândulas sebáceas 153

apresentaram-se de forma alongada ou arredondada. A camada reticular é formada por fibras 154

de colágeno, lembrando uma rede como já citado por Costa et al. (2005a) (Figura 3). 155

156

Figura 3. Unidade do folículo piloso na camada termostática do ovino Meio sangue Dorper. 157

Folículo primário (1), Glândula Sebácea (2), Ducto da glândula sudorípara (3) e 158

Músculo eretor do pêlo (4). Coloração = Tricrômica Masson. Objetiva = 2,5x, 159

Ocular = 10x 160

161

X X

T1 T1

T1 T2 T2 T2

Santa Inês Meio sangue

Dorper Meio sangue

Suffolk

1 2

3

4

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162

Jacinto et al. (2004), descrevem que os folículos pilosos apresentam-se 163

organizados em grupos de número variável dependendo da região da pele . 164

Pela comparação visual pode-se perceber que os folículos pilosos primários 165

sempre se mostraram de diâmetros maiores, e associados às glândulas sebáceas, glândulas 166

sudoríparas e músculo eretor, enquanto que os folículos secundários, de diâmetro menor, 167

encontram-se próximos a epiderme e sem a presença de glândulas sudoríparas e músculo 168

eretor do pêlo, como já relatado por Dal Monte (2004) e Jacinto et al. (2004). 169

Analisando a camada termostática da derme dos ovinos estudados foi 170

possível constatar que na raça Santa Inês (deslanada) apresentou-se mais fina e com densidade 171

menor de folículos primários, glândulas sudoríparas e sebáceas quando confrontado com 172

animais da raça Suffolk (lanados). 173

Boccone et al. (1983) citaram que em ovinos lanados a camada termostática 174

apresenta-se maior que a camada reticular com tendência a uma separação entre as camadas 175

decorrente da alta densidade das fibras de lã. 176

Jacinto et al. (2004) citaram que a densidade e a relação folículos 177

secundários/primários é determinante na qualidade da pele de ovinos lanados, refletindo nas 178

características físico-mecânicas dos couros, ocasionados pelos espaços vazios originados das 179

estruturas associadas aos folículos primários, reduzindo os feixes de fibras que formam a rede 180

de colágeno. 181

Os ovinos deslanados por apresentarem camada reticular mais densa garante 182

à produção de couros com qualidade superior de resistência e maciez, pois a existência de 183

maior entrelaçamento entre as fibras de colágeno é de fundamental importância no processo 184

de curtimento devido à maior aderência dos agentes curtentes a estas, o que é muito 185

valorizado pela indústria coureira para produção de artigos com maior valor agregado. 186

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43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 187

188

ARAUJO, M. L. Contribuição ao estudo morfológico do tegumento de bovinos das raças 189 holandês preto e branco e Jersey. Botucatu, 1990, 109 p. Tese (Doutorado em Morfologia )-190 Morfologia)- Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista. 191 192 BOCCONE, R.I., FONTANA, J., BELLO, M. Influencia de los productos de recurtido sobre 193 las propriedades mecánicas de cueros ovinos com lana. Monogr. Tecnol. Montevideo, n. 15, 194 1983. p 1-14. 195 196 COSTA, R.G.; JACINTO, M.A.C.; CAMACHO, M.E.; DAL MONTE, M.A.B.L.; 197 MEDEIROS, A.N. Aspectos estructurales de la piel ovina. In: COSTA, R.G; 198 DELGADO,J.V.OVIS - Calidad de la piel en el ganado Ovino y Caprino. Madrid: n. 97, 199 cap. 1, 2005a. p. 9-13. 200 201 COSTA, R.G.; DAL MONTE, M.A.B.L.; JACINTO, M.A.C.; DELGADO, J.V.; LEÓN, J.M. 202 Evaluación estructural de la piel en la especie caprina. In: COSTA, R.G; DELGADO, J.V. 203 OVIS - Calidad de la piel en el ganado Ovino y Caprino. Madrid: n. 97, cap. 2, 2005b. p. 204 16-20. 205 206 DAL MONTE, M.A.B.L.; COSTA, R.G.; JACINTO, M.A.C.; MEDEIROS, A.N.M.; 207 FIGUEREIDO, F.C., Características Físico-Mecânicas e Químicas do Couro de Caprinos 208 Abatidos em Idades Diferenciadas. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n.5, 2004.p.1285-209 1291. 210 211 FITZPATRICK, T.B.; SZABO, G.; MITCHELL, R.E. Age changes in the human 212 melacocyte system. Advanc. Biol. Skin, G: 35, 1964. 213 214 215 JACINTO, M.A.C. Influência da raça e idade nas caractetísticas histológicas e 216 físicomecânicas de couros caprinos. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Departamento de 217 Produção Animal, Universidade Estadual Paulista. Jaboticabal; 2000. 118p. 218 219 JACINTO, M.A.C.; SILVA SOBRINHO, A.G.da., COSTA, R.G. Características Anátomo – 220 Estruturais da Pele de Ovinos (Ovis áries L.) Lanados e Deslanados, relacionadas com o 221 aspecto Físico-Mecânico do Couro. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n. 4, p. 1001-222 1008, 2004. 223 224 JACINTO, M.A.C.; LEITE, E.R.; COSTA, R.G. Produção de peles e couros caprinos e 225 ovinos. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 42. 2005. Goiânia: SBZ, 226 2005. 227 228 JUNQUEIRA, L.C., CARNEIRO, J. Histologia Básica. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara 229 Koogan 1995. p. 271-280. 230 231 MEYER, W., NEURAND, K. A comparative scanning electron microscopy view of the 232 integument of domestic mammals. Scanning Microscopy. Chicago. v. 1. n. 1, 1997. p. 169-233 180. 234 235

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SOBRINHO, A.G.S.; JACINTO, M.A.C. Aproveitamento de peles ovinas. Jaboticabal- SP, 236 2007. 237 238 WEINER, J.S., HELLMAN, K. The sweat glands. Biol. Rev. Camb. Phil. Soc., v. 239 35.1960.p.141-186. 240

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Capítulo 2 1

2

Características físico – mecânicas de couros de ovinos de diferentes grupos genéticos e 3 seus efeitos sobre a qualidade industrial da pele 1 4

5 Physical – mechanical features of the leather of sheep from different genetic groups and their effects on the 6

industrial quality of it. 1 7 8

9 10

SILVA, Laura Maria da 2, JACINTO, Manuel Antonio Chagas 3, CABRAL,Luciano da Silva4, 11 ABREU,Joadil Gonçalves de 5, ESTEVES,Sérgio Novita 6, ANDREOLLA, Douglas Luís 7 12

13 1 Parte da dissertação do primeiro autor, apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de 14 Mestre 15

2 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Básicas e Produção Animal – UFMT. [email protected] 16 3 Ecólogo, Pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, Rodovia Washington Luiz, km 234, CEP 13560-970, São Carlos, SP 17 4Zootecnista, DSc, Professor do Departamento de Ciências Básicas e Produção Animal, DCBPA, UFMT, Cuiabá –MT 18 5 Engenheiro Agrônomo, DSc., Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia e Extensão Rural, DZER, UFMT, Cuiabá-MT 19 6 Médico Veterinário, Pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, Rodovia Washington Luiz, km 234,CEP 13560-970, São 20 Carlos,SP 21

7 Médico Veterinário, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Básicas e Produção Animal – UFMT, Cuiabá- MT 22 23 Resumo: Objetivou-se, com o presente estudo, avaliar a resistência de couros dos ovinos 24

Santa Inês puro, meio sangue Dorper e meio sangue Suffolk à tração e ao rasgamento. Foram 25

avaliadas 24 peles de borregos, 8 de cada grupo genético, abatidos com idade média de 182 26

dias e peso corporal variando de 35 a 40 kg. Após a esfola, as peles foram conservadas por 27

salga e curtidas ao cromo. Para a determinação da resistência à tração e ao rasgamento, foram 28

retirados 6 corpos-de-prova da região do grupão, lado esquerdo, sendo 3 paralelos e 3 29

perpendiculares à linha dorsal. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com 30

12 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos foram dispostos em parcelas subdivididas, 31

tendo nas parcelas: grupo genético e o sexo em esquema fatorial 3x2 (3 grupos genéticos e 2 32

sexos) e nas subparcelas as posições de retirada dos corpos-de-prova (Longitudinal e 33

Transversal). Foi observado que as espessuras de tração e rasgamento foram maiores para as 34

peles Santa Inês puras e meio sangue Dorper. Para a variável resistência à tração os três 35

grupos genéticos não atingiram o valor mínimo de 20N/mm2. Foram verificadas diferenças 36

entre as posições para a resistência à tração, onde a posição longitudinal apresentou maior 37

valor que a posição transversal. Para o rasgamento e alongamento os valores foram inversos. 38

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Com base nos resultados conclui-se que as peles dos ovinos Santa Inês são mais resistentes 39

aos ensaios físico-mecânicos devido à qualidade intrínseca da pele de ovinos deslanados. 40

41

Palavras–chave: curtimento, ensaios, genótipo, resistência 42

43

Abstract: This study aimed at evaluating the resistance of hides of pure Santa Inês, half blood 44

Dorper and half blood Suffolk sheep to tensile and tearing. 24 rawhides of lambs were 45

evaluated, eight from each group, slaughtered at around 182 days old, with weights ranging 46

from 35 to 40 kg. After flaying, the hides were preserved by salting and tanned with 47

chromium. To determine the tensile and tearing strength, 6 samples were removed from the 48

grupon, left side, three of them parallel and the other three perpendiculars to the dorsal line. 49

The used delineation was completely randomized with 12 treatments and 4 repetitions. The 50

treatment was done in subdivided plots, having the plots: genetic group and sex in a factorial 51

schema 3x2 (3 genetic groups and 2 sexes) and in subplots the positions of removal of the 52

samples (longitudinal and transversal). The tensile and tearing thicknesses were noted to be 53

bigger for the pure Santa Inês’ and half blood Dorper’s skins. For the variable resistance to 54

tensile the three genetic groups did not reach the minimum value of 20N/mm2. Some 55

differences were noted in the positions of resistance to tensile, having the longitudinal 56

position shown a higher value than the transversal position. To tearing and elongation the 57

values were the contrary. Based on the results we can conclude that the skins of Santa Inês 58

sheep are more resistant to the physical-mechanical tests performed, due to the inherent 59

quality of the sheared sheep’s skin. 60

61

Key words: tanning, experiments, genotype, resistance 62

63

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INTRODUÇÃO 65 66

A ovinocultura na região Centro-Oeste está em franca expansão, devido 67

principalmente, à inserção da ovinocultura nos sistemas integrados de produção de bovinos de 68

corte. As perspectivas de incremento dos rebanhos naquela região permitem vislumbrar um 69

cenário otimista para os próximos vinte anos, quando o efetivo deverá situar-se em torno de 70

20 milhões de cabeças (Barreto Neto, 2004). 71

A qualidade do couro ovino depende das características intrínsecas como 72

raça e idade, e extrínsecas, como as especificações dos ensaios físico-mecânicos: localização 73

e posição de retirada dos corpos-de-prova (Jacinto, 2004). 74

O cruzamento entre raças distintas permite a melhoria no potencial 75

produtivo gerando animais aptos tanto para carne, leite e pele, e podem alterar as 76

características existentes no couro destes animais, reduzindo ou aumentando seu valor no 77

mercado (Oliveira, 2008). Segundo Costa et al. (2005b), este aspecto deve ser considerado 78

quando se avalia o uso de reprodutores de raças lanadas. Este aspecto é confirmado por 79

Jacinto et al. (2004) que estudando a resistência de couros das raças Ideal (lanados) e Morada 80

Nova (deslanados), conclui que para os testes fisico-mecânicos, os couros apresentam 81

características distintas, com diferenças significativas entre elas, demonstrando que as peles 82

de ovinos deslanados apresentaram maior resistência, maciez e flexibilidade. 83

O conhecimento das raças, manejo e aplicação de novas metodologias são 84

fundamentais para o desenvolvimento da ovinocultura e especialmente para produção de 85

couros com boa aceitação comercial. 86

Neste contexto, objetivou-se avaliar as características físico – mecânicas dos 87

couros de ovinos Santa Inês puros, meio sangue Dorper e meio sangue Suffolk e sua 88

influência sobre a qualidade industrial da pele. 89

90

91

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MATERIAL E MÉTODOS 92

93

Foram utilizados 24 couros dos cruzamentos de reprodutores Dorper e 94

Suffolk com matrizes Santa Inês, sendo oito peles de cordeiros meio sangue Dorper, meio 95

sangue Suffolk e Santa Inês puro. Os borregos foram abatidos com idade média de 182 dias e 96

com peso corporal variando de 35 a 40 kg. Após a esfola, as peles foram identificadas, 97

submetidas à retirada dos corpos-de-prova para análise histológica, conservadas por salga e 98

curtidas com sulfato de cromo. O curtimento foi realizado em recipiente chamado fulão e 99

desenvolvido segundo metodologias de Basf (1984), seguindo as etapas de remolho, caleiro, 100

desencalagem, purga, píquel, curtimento, basificação, neutralização, recurtimento, secagem e 101

amaciamento. 102

Depois de curtidos os couros foram climatizados por um período de 24 103

horas a temperatura de 23º C ± 2º C e umidade relativa de 50% ± 5%, conforme normas 104

ABNT NBR10455 (ABNT, 2006) 105

Os corpos de prova para os ensaios de resistência à tração e rasgamento 106

progressivo foram retirados na prensa hidráulica, denominada balancim, através de navalhas 107

com dimensões seguindo as normas NBR 11032 determinadas pela ABNT (2006), sendo 6 108

corpos-de-prova da região do grupão, lado esquerdo, 3 paralelos e 3 perpendiculares à linha 109

dorsal. 110

111

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Figura 1. Regiões de retirada dos corpos-de-prova de couros 118

119

120

121

As medidas de espessura dos couros foram realizadas com o equipamento 122

chamado espessímetro obedecendo às normas da ABNT NBR 11052 e se destinarão aos 123

cálculos de resistência de tração e rasgamento (ABNT, 2005). 124

Os testes de determinação da resistência à tração e alongamento e 125

determinação da força de rasgamento progressivo foram realizados utilizando o equipamento 126

dinamômetro, estabelecidos pelas normas técnicas que envolvem carga e resistência á tração, 127

NBR 11041 (ABNT, 1997), carga e resistência ao rasgamento, NBR 11055 (ABNT, 2005). 128

O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com 12 tratamentos 129

e 4 repetições. Os tratamentos foram dispostos em parcelas subdivididas, tendo nas parcelas 130

um esquema fatorial 3 x 2 (3 grupos genéticos: meio sangue Dorper, meio sangue Suffolk e 131

Santa Inês puro; 2 sexos: macho e fêmea) e nas subparcelas as posições de retirada dos 132

corpos-de-prova (longitudinal e transversal). 133

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Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas 134

pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, conforme Banzato e Kronka (1992), 135

utilizando o software Saeg (1993). 136

137

RESULTADOS E DISCUSSÃO 138

139

Para a variável espessura (mm) de tração e rasgamento, não foram 140

observadas interações significativas entre grupos genéticos e sexo, grupo genético e posição, 141

sexo e posição. Foram verificados maiores valores para as peles oriundas do grupo genético 142

Santa Inês puros e meio sangue Dorper, comparadas àquelas observadas nos couros dos 143

cordeiros meio sangue Suffolk (Tabela 1). Estas diferenças podem ser atribuídas às diferenças 144

morfológicas entre as peles, sendo que para os ovinos deslanados foi observado maior 145

espessura da camada reticular com maior distribuição de fibras de colágeno ao longo desta e 146

menor presença de glândulas sudoríparas e sebáceas. Estes resultados permitem inferir que as 147

peles dos animais deslanados Santa Inês e semi-deslanados Dorper apresentam qualidade 148

superior no couro acabado, uma vez que a maior quantidade de fibras de colágeno é 149

fundamental para ocorrência da ligação do curtente a estas durante o processo de curtimento, 150

promovendo desta forma melhor resistência e elasticidade. Os resultados observados neste 151

trabalho foram semelhantes aos obtidos por Jacinto (2004), demonstrando que a superioridade 152

do couro ovino deslanado a resistência à tração pode ser explicada pela sua maior espessura e 153

maior quantidade de fibras de colágeno distribuída na camada reticular. 154

155

156

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158

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Tabela 1. Médias (mm) para as variáveis espessura de tração e rasgamento em diferentes 160

grupos genéticos. 161

Espessura Grupos Genéticos Médias gerais CV(%) SI DOSI SUSI Tração 1,55a 1,52a 1,42b 1,50 7,31% Rasgamento 1,55a 1,53a 1,40b 1,49 7,37% Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na linha diferem estatisticamente pelo Teste Tukey (P< 0,05). 162 SI = Santa Inês 163 DOSI = Dorper x Santa Inês 164 SUSI = Sufflok x Santa Inês 165 166

Para a variável resistência a tração (N/mm²), foi verificada que nenhuma das 167

peles apresentaram os valores mínimos orientativos maiores que 20 N/mm2 preconizados pela 168

Basf (2004), para um couro de boa qualidade. Mesmo com valores inferiores, o grupo 169

genético Santa Inês apresentou valores superiores para a resistência à tração que aos animais 170

meio sangue Dorper e Suffolk. Foi observado que para os grupos genéticos meio sangue 171

Dorper e Suffolk, as fêmeas demonstraram valores superiores à resistência à tração em 172

relação aos machos, demonstrando a necessidade de estudos dos diversos genótipos, idade, 173

sexo e posição de retirada dos corpos-de-prova já que são fatores que interferem na qualidade 174

do couro (Tabela 2). Segundo Jacinto et al. (2005b), a resistência à tração é influenciada pelas 175

características anatômicas e estruturais das peles, devendo decidir que genótipo, idade, sexo 176

será apropriado para obtenção de couro de boa qualidade e aptos a atender a indústria 177

coureira. 178

179

180

181

182

183

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Tabela 2. Médias para a variável resistência à tração (N/mm²) nos ensaios físicos- mecânicos 184

em diferentes grupos genéticos e sexo. 185

Sexo Grupos genéticos Média CV(%) SI DOSI SUSI Macho 19,48aA 16,84bB 16,70bB 18,50 9,09% Fêmea 19,29aA 19,93aA 18,74aA Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha diferem pelo Teste Tukey (P<0,05). 186 SI = Santa Inês 187 DOSI = Dorper x Santa Inês 188 SUSI = Sufflok x Santa Inês 189 190

191 A posição longitudinal apresentou maior resistência à tração quando 192

comparada a posição transversal, já para força ao rasgamento a posição transversal mostrou-se 193

superior (Tabela 3). O mesmo resultado foi observado por Jacinto (2004) onde a resistência à 194

tração apresentou diferenças (P<0,05) nas duas posições estudadas na interação entre região e 195

posição, as médias da carga de tração foram sempre maiores para a posição longitudinal e 196

para a resistência dos couros ao rasgamento diferiu (P<0,05) nas duas posições, onde foi 197

observado efeito contrário ao verificado para a resistência à tração, na qual as médias da 198

posição transversal foram maiores que as da posição longitudinal, 199

Este resultado difere de Dal Monte et al.(2004) que trabalhando com 200

cabritos Saanen não encontraram diferença significativa entre as direções amostradas. No 201

entanto, da mesma forma que para força de tração, este resultado é diretamente influenciado 202

pela disposição das fibras no couro, como explicado por Craig et al. (1987) que também 203

encontraram maior resistência à tração na direção longitudinal. 204

A variável alongamento, em que o valor orientativo é entre um mínimo de 205

40 % até o máximo 80 % (Basf, 2004), todos os resultados estão dentro dos parâmetros 206

especificados, demonstrando boa elasticidade do couro, tabela 3. 207

208

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Tabela 3. Médias de resistência à tração (N/mm2), resistência ao rasgamento (N/mm) e 209

alongamento (%) nos diferentes grupos genéticos quanto às posições de retirada 210

dos corpos-de-prova. 211

Posição Tração Rasgamento Alongamento Longitudinal 20,01ª 34,39b 55,95b Transversal 16,98b 37,65a 68,88a

Média 18,50 36,02 62,41 Médias seguidas de letras minúsculas diferentes na coluna diferem pelo Teste F (P<0,01) 212 213 214

Para a variável rasgamento foi observado interação significativa (P<0,05) 215

entre as posições (longitudinal e transversal) e grupos genéticos, tabela 4. Os ovinos Santa 216

Inês e meio sangue Dorper obtiveram médias maiores para a posição transversal e os valores 217

de resistência do couro ao rasgamento da raça Santa Inês na posição transversal atingiram o 218

valor de 40,36 N/mm onde o mínimo é de 40 N/mm (Basf, 2004). 219

Em trabalho conduzido por Jacinto (2004) procurou-se verificar as 220

diferenças de resistência dos couros nos ensaios físico-mecânicos após curtimento. Para os 221

ovinos deslanados da raça Morada Nova variedade vermelha e de ovinos lanados da raça 222

Ideal, notou-se que a região e a posição exerceram efeito positivo (P<0,05) nos valores de 223

resistência dos couros ao rasgamento, para as duas raças, atingindo o mínimo de 40 N/mm. A 224

ocorrência da separação das camadas termostática e reticular, nos couros dos ovinos Ideal 225

foram devido aos espaços criados pela remoção do conteúdo das glândulas sebáceas após 226

tratamento industrial, e ao elevado número de glândulas sudoríparas, associadas aos folículos 227

produtores de fibras de lã, não sendo verificado nos couros de ovinos Morada Nova. 228

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231

232

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Tabela 4. Médias (N/mm) para a variável resistência ao rasgamento dos diferentes grupos 233

genéticos quanto às posições de retirada dos corpos-de-prova. 234

Posição SI DOSI SUSI Média CV(%) Longitudinal 33,75bA 33,72bA 35,71aA 36,02 9,97% Transversal 40,36aA 37,67aAB 34,91aB Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha diferem pelo Teste Tukey (P<0,05). 235 SI = Santa Inês 236 DOSI = Dorper x Santa Inês 237 SUSI = Sufflok x Santa Inês 238 239

240 O couro de ovino Santa Inês apresentou melhores resultados para variável 241

rasgamento, reforçando a idéia de que raças nativas produzem peles de excelente qualidade. 242

Esta assertiva também é confirmada por Costa et al. (2005b) ao estudar genótipos de espécies 243

caprinas, relatando a superioridade dos couros da raça nativa meio sangue Moxotó + Sem 244

Raça Definida. 245

Este resultado se contrapõe ao encontrado por Sousa et al. (2002) que, 246

trabalhando com ovinos Santa Inês e caprinos ½ sangue Boer, Anglo Nubiano, Canindé e 247

SRD, verificou resultados onde nenhuma das raças atingiu o valor mínimo de 40N/mm para a 248

resistência ao rasgamento. 249

Em alguns resultados, os valores mínimos orientativos mostraram-se aquém 250

dos exigidos para produção de couros de boa qualidade, mas o que se busca é encontrar 251

genótipos em que a pele possa suprir as necessidades industriais. 252

Pode-se concluir que ovino Santa Inês puro mostrou-se mais adequado para 253

a confecção destes produtos, pois apresentaram melhor resistência aos ensaios físico-254

mecânicos quando confrontados com os demais grupos genéticos estudados. 255

256

257

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 259

260

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COSTA, R.G.; DELGADO, J.V. OVIS - Calidad de la piel em El ganado Ovino y 308 Caprino. Madrid – España. n. 97, Cap.4. p. 29-36. 2005b. 309 310 OLIVEIRA, R.J. Características físico-mecânicas de couros de caprinos e ovinos no Cariri 311 Paraibano. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, n. 1, p. 129 - 133 2008. 312 313 SAEG. Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas. Viçosa, UFV, 1993 (Versão 5.0) 314 315 SOUSA, W. H.; AQUINO, D. S. P. B.; ROCHA, M. S. L. Avaliação da qualidade de peles de 316 caprinos e ovinos de diferentes genótipos. In: II Encontro de Caprino-Ovinocultores de Corte 317 da Bahia. Anais... Salvador, 2002. 318 319 320 321 322 323 324 325 326 327 328 329 330 331 332 333 334 335 336

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6- IMPLICAÇÕES GERAIS

Na região Centro-Oeste a criação de ovinos está em expansão, especialmente os

animais deslanados. Portanto este trabalho teve o intuito de avaliar os aspectos morfológicos

das peles e características físico-mecânicas do couro acabado. Sendo observados fatores que

influenciarão no processo de curtimento como: genótipo, manejo, sanidade e beneficiamento

das peles. Apesar das peles serem oriundas do estado de São Paulo, a intenção foi abordar este

assunto no Mato Grosso, uma vez que pesquisas nesta área ainda são escassas.

Os resultados demonstraram que nas análises morfológicas as camadas de epiderme e

derme encontradas nos cortes foram semelhantes aos já evidenciados por outros autores. Na

camada termostática foram observadas glândulas sebáceas, sudoríparas e músculo eretor do

pêlo, em torno do folículo piloso. Na camada reticular foram observadas as fibras de colágeno

em disposição tridimensional. Os ovinos deslanados apresentaram camada termostática mais

fina e reticular mais densa.

Foi observado que as espessuras de tração e rasgamento foram maiores para as peles

Santa Inês puros e meio sangue Dorper. Para a variável resistência à tração os três grupos

genéticos não atingiram o valor mínimo de 20N/mm2. Foram verificadas diferenças entre as

posições para a resistência à tração, onde a posição longitudinal apresentou maior valor que a

posição transversal. Para o rasgamento e alongamento os valores foram inversos. Com base

nos resultados conclui-se que as peles dos ovinos Santa Inês são mais resistentes aos ensaios

físico-mecânicos devido à qualidade intrínseca da pele de ovinos deslanados.

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7- ANEXOS

Foto 1: Fotomicroscópio Carl Zeiss modelo Axiophot utilizado para obtenção das fotomicroscopias das camadas epidérmicas e dérmicas das peles dos diferentes grupos

genéticos

Foto: Prensa hidráulica, modelo balancim utilizada para retirada dos corpos-de-prova

para os ensaios de tração e rasgamento dos couros

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Foto 3: Climatização dos corpos-de-prova

Foto 4: Dinamômetro. Equipamento utilizado para determinação dos ensaios de resistência à tração e rasgamento dos corpos-de-prova

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