aspectos jurÍdicos

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Sujeito de direito: Pessoa Natural e pessoa jurídica 1. O sujeito de direito Sujeitos de direito são todos os centros subjetivos de direito ou dever, ou seja, tudo aquilo que o direito reputa apto a ser titular de direito ou devedor de prestação. a. Sujeito de direito humano e inanimado Os sujeitos de direito podem ser classificados, inicialmente em dois tipos de acordo com seu objeto: sujeito de direito humano (a pessoa física e o nascituro) e sujeito de direito inanimado (as pessoas jurídicas e as entidades despersonalizadas). a. Sujeito de direito personalizado ou despersonalizado Os sujeitos de direito, no campo do direito privado, podem ser também classificados quanto à necessidade de autorização para a prática de atos jurídicos em sujeitos de direito personalizados e sujeitos de direito despersonalizados. O que distingue o sujeito de direito personalizado do despersonalizado é, como vimos, o regime de autorização ou não para a prática de atos jurídicos O sujeito de direito personalizado pode praticar todos os atos jurídicos que a lei não lhes proíbe. Qualquer pessoa pode comerciar, exceto aqueles proibidos, como por exemplo o funcionário público, segundo seu estatuto; o falido, enquanto não reabilitado etc.).

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Apostila fala em relação ao campos jurídicos brasileiros

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Sujeito de direito:

Pessoa Natural e pessoa jurdica

1. O sujeito de direito

Sujeitos de direito so todos os centros subjetivos de direito ou dever, ou seja, tudo aquilo que o direito reputa apto a ser titular de direito ou devedor de prestao.

a. Sujeito de direito humano e inanimado

Os sujeitos de direito podem ser classificados, inicialmente em dois tipos de acordo com seu objeto:

sujeito de direito humano (a pessoa fsica e o nascituro) e

sujeito de direito inanimado (as pessoas jurdicas e as entidades despersonalizadas).

a. Sujeito de direito personalizado ou despersonalizado

Os sujeitos de direito, no campo do direito privado, podem ser tambm classificados quanto necessidade de autorizao para a prtica de atos jurdicos em sujeitos de direito personalizados e sujeitos de direito despersonalizados.

O que distingue o sujeito de direito personalizado do despersonalizado , como vimos, o regime de autorizao ou no para a prtica de atos jurdicos

O sujeito de direito personalizado pode praticar todos os atos jurdicos que a lei no lhes probe. Qualquer pessoa pode comerciar, exceto aqueles proibidos, como por exemplo o funcionrio pblico, segundo seu estatuto; o falido, enquanto no reabilitado etc.).

O sujeito de direito despersonalizado somente pode praticar os atos jurdicos que a lei lhes autoriza ou aqueles correspondentes sua funo essencial. O nascituro e o condomnio, no podem comerciar por faltar norma expressa no ordenamento jurdico que lhes permita esta atividade e por no ser esta atividade correspondente sua funo essencial. Entretanto, o nascituro pode ser sujeito passivo de tributos e o condomnio pode contratar e despedir empregados, ser credor da contribuio condominial etc.

Existem excees a esta regra:

Atos tpicos de pessoa fsica no podem ser praticados por pessoa jurdica, ainda que no haja vedao legal expressa. Exemplo: a pessoa jurdica no pode se casar.

Atos jurdicos da essncia dos entes despersonalizados podem por estes ser praticados mesmo sem autorizao expressa. Exemplo: a contratao de empregados pelo condomnio.

direito pblico, contudo, opera com conceitos diversos. O Estado, embora sendo pessoa jurdica, s pode praticar os atos que a lei lhe autoriza.

1. Sujeitos de direito personalizado: pessoa fsica e pessoa jurdica

A pessoa fsica ou natural o ser humano vivo. Comea a personalidade civil do homem com o nascimento com vida (artigo 4.o do Cdigo Civil) e termina com a morte ou declarao judicial de ausncia (artigo 10 do Cdigo Civil).

A pessoa jurdica um expediente do direito destinado a simplificar a disciplina de determinadas relaes entre os homens em sociedade. Ela no tem existncia fora do direito. Este expediente tem por finalidade autorizar certos sujeitos de direito a praticar atos jurdicos em geral. A pessoa jurdica no se confunde com as pessoas fsicas que a compe (artigo 20 do Cdigo Civil).

As pessoas jurdicas de direito privado dividem-se em dois grupos:

Pessoas jurdicas de direito privado estatais

So as que utilizam recursos pblicos em sua constituio. So as empresas pblicas e as sociedades de economia mista;

Pessoas jurdicas de direito privado particulares

So as que utilizam recursos particulares em sua constituio.

a. Pessoas jurdicas de direito privado particulares: classificao

As pessoas jurdicas de direito privado particulares podem revestir-se de trs formas diferentes:

Associaes e sociedades

a agregao de pessoas com os mesmos objetivos para, mediante a conjugao de suas aes, alcanarem os fins comuns; Diferem as associaes das sociedades por no possuirem fim de lucro. As sociedades podem ser civis ou comerciais.

Fundaes

As fundaes constituem-se pela afetao de um patrimnio a uma finalidade reputada relevante pelo instituidor. A fundao se diferencia das duas outras formas (sociedades e associaes) porque no resultado da unio de esforos pessoais para a realizao de fins comuns.

a. As sociedades civis e comerciais

Disciplina atual

O atual Cdigo Comercial brasileiro adotou a teoria francesa dos atos de comrcio para sujeitar ao regime jurdico comercial algumas atividades que o Regulamento 737 enumera, dentre outras:

Compra, venda ou troca de mveis ou semoventes;

Operaes de Cmbio, banco ou corretagem;

As fbricas, o transporte de mercadorias e os espetculos pblicos;

Alm destas atividades, podemos mencionar outras atividades que, por fora de legislao esparsa, sujeitam-se igualmente ao regime jurdico comercial:

A incorporao imobiliria (Lei 4591/64);

As exploradas por sociedades por aes (Lei 6404/76);

As empresas de construo (Lei 4068/62).

No esto sujeitas ao regime jurdico comercial:

Compra e venda de bens imveis para simples revenda (artigo 191 do Cdigo Comercial);

Cooperativas (Lei 5.764/71, 4.o).

Cumpre, entretanto, ressaltar que, ao lado de algumas atividades que com certeza enquadram-se em um ou outro regime, h outras cujo enquadramento resta incerto.

Disciplina do novo Cdigo Civil

O novo cdigo civil pe fim dicotomia do direito privado (civil e comercial) unificando-o e adota a teoria da empresa.

O artigo 969, caput considera empresrio quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para produo ou circulao de bens e servios. Por este conceito, enquadra-se na categoria toda a pessoa, fsica ou jurdica, que articule o trabalho alheio com matria prima e capital, com vistas a produzir ou circular mercadorias ou prestar servios para o mercado.

No se considera empresrio o profissional liberal, o artista e outros que exeram atividade intelectual, ainda que eles se socorram do auxlio de terceiros. A situao diferente quando a profisso liberal constitui elemento da empresa. Assim, um engenheiro, enquanto desenvolve sua profisso em um consultorio, com o auxlio de uma secretria, no se encotra abrangido pelo regime jurdico comercial. J, se este mesmo mdico estruturar e dirigir um escritrio de engenharia, empregando outros engenheiros, ele ser empresrio mesmo que contribua com seu trabalho tcnico para o sucesso do empreendimento.

a. Quadro esquemtico

Sujeitos de direitoSujeitos de direito personali-zadosPessoa fsicaDireito pblicoExterno

Pessoa Jurdica

Interno

Direito privadoEstatalAssociaes

ParticularCivis

Sociedades

Sujeitos de direito desperso-nalizadosAnimadoNascituro

Comer-ciais

Fundaes

InanimadoCondom-nio, esplio etc.

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DO OBJETO DO DIREITO

BENS JURDICOS E O OBJETO DO DIREITO

Toda relao jurdica se estabelece entre pessoas, tendo

por objeto um bem jurdico. Aquilo que o sujeito passivo deve ao

sujeito ativo o objeto do direito, que nem sempre uma coisa

corprea, podendo ser at um bem imaterial. Para o direito, -

escreve Clvis Bevilqua - bens so os valores materiais ou

imateriais que servem de objeto a uma relao jurdica.8

Para que um bem seja jurdico necessrio que ele seja

suscetvel de apreciao em dinheiro. O mar, o ar atmosfrico, por

exemplo, apesar de sua utilidade ao homem, no podem ser

considerados bens jurdicos, por no representarem um valor

aprecivel em dinheiro. Alis, o conceito jurdico de bem coincide

com o seu conceito econmico. Assim, apenas as coisas teis e

raras, suscetveis de apreciao em dinheiro, so consideradas

bens.

6.2 CLASSIFICAO DOS BENS

6.2.1 - Bens considerados em si mesmos So aqueles que

so observados independentemente de qualquer

relao com outros.

8 Cdigo Civil Comentado, vol. 1, 1.958, 11. ed., p.214.

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6.2.2 Bens Mveis e Bens Imveis

Bens mveis so aqueles que podem ser removidos de um

lugar para outro sem destruio. As coisas de movimento prprio

tambm so consideradas bens mveis. O cavalo, que um

semovente, um bem mvel.

Bens imveis so aqueles que no podem ser transportados

de um lugar para outro sem destruio, como o terreno e a casa.

6.2.2.1 Transferncia da Propriedade de Bem Mvel

A Revista dos Tribunais, volume 398, pg. 340, publicou o

seguinte: Um automvel foi vendido e o comprador pagou o preo

mediante recibo, mas a entrega do veculo ficou para dentro de 10

dias. Aconteceu que 8 dias aps o contrato de compra e venda, um

incndio provocado por um curto circuito ocasionou a perda total

do auto, que no estava segurado. Discutiu-se sobre quem

suportaria o prejuzo. In casu, o dono do bem.

Para decidir essa situao, o juiz aplicou a lei que trata do

assunto, isto , o art. 1.267 do Cdigo Civil, que diz: A

propriedade das coisas no se transfere pelos negcios antes da

tradio.

Significa que, somente o contrato no transfere a

propriedade; preciso, ainda, a tradio, ou seja, a entrega.

A Justia, portanto, decidiu que o vendedor deveria

suportar o prejuzo, devolvendo o dinheiro que recebera, porque

no houve a entrega e, conseqentemente, no ocorreu a

transferncia de domnio do veculo.

6.2.2.2 Transferncia da Propriedade de Bem Imvel

A compra de uma casa, por exemplo, pode ser vista ou a

prazo.

1) vista - Quando a aquisio feita vista, a lei impe

que o contrato de compra e venda seja realizado atravs de uma

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escritura pblica, sob pena de no ter valor a compra. No

dispondo a lei em contrrio, a escritura pblica essencial

validade dos negcios jurdicos que visem constituio,

transferncia, modificao ou renncia de direitos reais sobre

imveis de valor superior a trinta vezes o maior salrio mnimo

vigente do Pas (CC, art. 108). Vale dizer, se feito por

instrumento particular, o ato nulo. o que determina o art. 166,

V, do Cdigo Civil: nulo o negcio jurdico quando: V for

preterida alguma solenidade que a lei considera essencial para a

sua validade. Como a escritura pblica de compra e venda um

contrato elaborado pelo tabelio, mesmo com a assinatura no livro

prprio, o comprador no adquire a propriedade, porque s o

contrato no transfere o domnio da coisa. preciso, ainda, a

tradio solene, in casu, que o registro da escritura no Cartrio

de Registro de Imveis (CRI) competente. Transfere-se entre

vivos a propriedade mediante o registro do ttulo translativo no

Registro de Imveis (CC, art. 1.245). no momento do registro

que se d a transferncia da propriedade.

2) a prazo - Quando a aquisio do imvel se d em

prestaes, assinado entre as partes um contrato denominado

contrato de compromisso de compra e venda. Aps o pagamento

total do preo pelo compromissrio comprador que este passa a

ter direito escritura pblica definitiva e, basta registr-la no

CRI. Esse o momento da transferncia real da propriedade.

6.2.2.3 Regime dos bens imveis

So bens imveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar

natural ou artificialmente (CC, art. 79).

Consideram-se imveis para os efeitos legais:

I os direitos reais sobre imveis e as aes que os

asseguram;

II o direito sucesso aberta (CC, art. 60).

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No perdem o carter de imveis:

I as edificaes que, separadas do solo, mas

conservando a sua unidade, forem removidas para

outro local;

II os materiais provisoriamente separados de um

prdio, para nele reempregarem (CC, art. 81).

6.2.2.4 Regime de bens mveis

Consideram-se mveis para os efeitos legais:

I as energias que tenham valor econmico;

II os direitos reais sobre objetos mveis e as aes

correspondentes;

III os direitos pessoais de carter patrimonial e

respectivas aes (CC, art. 83)

Os materiais destinados a alguma construo, enquanto

no forem empregados, conservam sua qualidade de mveis;

readquirem essa qualidade os provenientes da demolio de

algum prdio (CC, art. 84).

6.2.3 Bens Fungveis e Infungveis

Bens fungveis so aqueles que podem ser substitudos por

outros da mesma espcie, qualidade e quantidade. Um saco de

acar, por exemplo, pode ser substitudo por outro saco de

acar. O dinheiro um bem tipicamente fungvel.

Bens infungveis so aqueles que, embora da mesma

espcie, no podem ser substitudos por outros: um cavalo de

corrida, por exemplo, no pode ser substitudo por outro.

6.2.4 Bens Divisveis e Indivisveis

Bens divisveis so os que podem ser partidos em pores

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reais e distintas formando cada qual um todo perfeito, como por

exemplo, o dinheiro.

Bens indivisveis so os que no comportam

fracionamento. Se vierem a ser fracionados perdem a sua utilidade.

So exemplos, um livro, uma mesa.

Os bens naturalmente divisveis podem tornar-se

indivisveis por determinao da lei ou por vontade das partes

(CC, art. 88).

6.2.5 Bens Singulares e Coletivos

Bens singulares so aqueles considerados de per si

independentes dos demais, estando seus elementos ligados entre si.

Uma casa, um relgio, so exemplos tpicos de bens singulares.

Bens coletivos so aqueles vistos como uma unidade, mas

seus elementos componentes no esto ligados entre si. Veja como

Clvis Bevilqua os considera: coisas coletivas (universitas

rerum) so as que, sendo compostas de vrias coisas singulares, se

consideram em conjunto, formando um todo.9 Por exemplo, um

rebanho de ovelhas forma uma unidade, mas elas no esto ligadas

entre si e ele se extingue desaparecendo todas as ovelhas menos

uma.

Os bens coletivos so chamados universalidades.

6.3 BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS

6.3.1 Bens Principais e Acessrios

O Cdigo Civil, em seu art. 92, pargrafo nico,

expresso em dizer, salvo disposio especial em contrrio, a

coisa acessria segue a principal. Isto significa que, quando

adquiro um carro contendo um rdio que acessrio, e o contrato

omisso em relao a isso, adquiro tambm o rdio; o acessrio

9 Ob. cit., p. 186

50

segue o destino do principal.

Principal o bem que existe sobre si, abstrata ou

concretamente; acessrio, aquele cuja existncia supe a do

principal (CC, art. 92). Os mveis so acessrios em relao ao

imvel. Se adquiro determinado imvel contendo mveis, e o

contrato nada diz em relao aos mveis, estes ficam fazendo parte

da compra devido ao princpio: o acessrio segue o destino do

principal.

6.4 BENS PBLICOS E PARTICULARES

Bens pblicos so os que pertencem Unio, aos Estados

e aos Municpios. Todos os demais so particulares.

So bens pblicos:

I os de uso comum do povo, tais como rios, mares

estradas, ruas e praas;

II os de uso especial, tais como edifcios ou terrenos

destinados a servios ou estabelecimento da

administrao federal, estadual, territorial ou

municipal, inclusive os de suas autarquias;

III os dominicais, que constituem o patrimnio das

pessoas jurdicas de direito pblico, como objeto de

direito pessoal, ou real, de cada uma dessas

entidades (CC, art. 99)

Os bens pblicos de uso comum do povo e os de uso

especial so inalienveis, enquanto conservam a sua

qualificao, na forma que a lei determinar (CC, art. 100).

Os bens pblicos dominiais podem ser alienados,

observadas as exigncias da lei (CC, art. 101).

Os bens pblicos no esto sujeitos a usucapio (CC,

art. 102).Fato jurdico

Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.

Fato jurdico todo acontecimento de origem natural ou humana e que interessa ao direito, por isso causador de conseqncias jurdicas. Juntamente com a norma e o valor, forma o direito objetivo.

ClassificaoOs fatos jurdicos possuem duas classificaes: podem ser divdidos em fatos aquisitivos, modificativos ou extintivos e naturais ou humanos.

Fato aquisitivo

todo o fato que cria direito.

Fato modificativo

todo o fato que modifica o direito.

Fato extintivo

todo fato que extingue um direito.

Fato natural

Fatos jurdicos naturais podem ser ordinrios, como o nascimento (incio da personalidade jurdica) e a morte (fim da personalidade jurdica) ou extraordinrios, como tempestades e furaces.

Fato humano

Os fatos jurdicos humanos (ou atos jurdicos em sentido amplo) englobam os atos jurdicos em sentido estrito ou meramente lcitos, cujos efeitos jurdicos derivam fudamentalmente da lei, como o registro civil, e os negcios jurdicos nos quais os efeitos so resultado principalmente da manifestao de vontade dos agentes, como o contrato.

Os fatos jurdicos humanos podem ser ainda lcitos, quando realizado em conformidade com o ordenamento jurdico, ou ilcitos, quando realizado em desconformidade com o ordenamento jurdico.

Ato jurdico

Atos jurdicos em sentido amplo (ou fatos jurdicos humanos) englobam os atos jurdicos em sentido estrito ou meramente lcitos,que so aqueles nos quais os efeitos jurdicos (criao, modificao ou extino de direitos) derivam fudamentalmente da Lei,como o registro civil, e os negcios jurdicos, nos quais os efeitos jurdicos so resultado principalmente da manifestao de vontade dos agentes,como o contrato.

Os atos jurdicos em sentido amplo (fatos jurdicos humanos) podem ser lcitos, quando realizados em conformidade com o Direito, ou ilcitos, quando realizados em desconformidade com o Direito.

Exemplo de ato jurdico em sentido estrito: reconhecimento de filho ilegtimo. Digamos que uma pessoa teve um filho fora do casamento. O Estatuto da Criana e do Adolescente (Lei n 8.069/90), em seu artigo 26, permite que este filho seja reconhecido no prprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura, etc. O agente quer apenas reconhecer o filho formalmente, porm no quer contrair nenhuma relao jurdica com o filho. Isso impossvel, visto que do reconhecimento surgem efeitos jurdicos como o direito ao nome, ptrio-poder, obrigao de prestar alimentos, direitos sucessrios, etc.

ClassificaoAto jurdico perfeito

ato jurdico perfeito aquele j realizado, acabado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou, pois j satisfez todos os requisitos formais para gerar a plenitude dos seus efeitos, tornando-se portanto completo ou aperfeioado.

ExemploA lei prev que o prazo para se contestar uma ao de 15 dias. Posteriormente surge uma lei dizendo que o prazo de 5 dias, mas o ato que j foi praticado na lei vigente de 15 dias no ser afetado.

Exemplo 2Um indivduo se aposenta em janeiro de 2008, com 35 anos de servio, passando a viger, em fevereiro, uma lei que estabelea um tempo de servio de 40 anos necessrio aposentadoria. Alm de ser um direito adquirido do indivduo, sua aposentadoria um ato jurdico perfeito. Ainda nesse sentido, pode-se afirmar que um indivduo que iria se aposentar em maro de 2008, de acordo com a lei antiga, ter de trabalhar por mais 5 anos para obter os benefcios da aposentadoria.

Sumrio: 1. Conceito dos contratos bancrios; 2. Classificao dos contratos bancrios; 3. Caractersticas dos contratos bancrios; 3.1 Instrumento de crdito; 3.2 Rgida contabilidade; 3.3 Complexidade estrutural e busca de simplificao; 3.4 Profissionalidade e comercialidade; 3.5 Informalidade; 3.6 Sigilo; 3.7 Contrato de massa; 3.8 Contrato de adeso e formulrio; 3.9 Interpretao especfica;

Resumo: O artigo analisa os contratos bancrios. Primeiro seu conceito, que assunto rduo e que encontra dificuldades na doutrina. Depois as classificaes normalmente apresentadas dos contratos bancrios, com relevo para a que os divide em tpicos e atpicos. Aps isso, o texto relaciona e aborda as principais caractersticas dos contratos bancrios.

1. Conceito dos contratos bancrios;

As operaes bancrias se do por meio dos contratos bancrios. O contrato bancrio, como todo contrato, um fato jurdico. E dentro do gnero fato jurdico, normalmente (1) enquadrado especificamente como negcio jurdico. (2)Deste modo, dentro do mbito das operaes bancrias, os contratos bancrios funcionam como seu esquema jurdico, como fato jurdico propulsor da relao jurdica obrigacional bancria, engendrando direitos subjetivos e deveres jurdicos.

Conceituar contrato bancrio implica dar-lhe sua nota essencial, suficientemente restrito para o distinguir dos demais contratos civis e comerciais, e suficientemente amplo para abarcar todas as atividades historicamente includas no rol bancrio. tema rduo pois, em essncia, reflete dificuldade de mesma natureza daquela que sempre se encontrou para distinguir os contratos comerciais dos civis, porm agora mais avante, para distinguir contratos bancrios dos comerciais e civis.

No h unanimidade entre os autores. Srgio Carlos Covello (3)localiza a questo afirmando que se podem adotar dois critrios fundamentais na conceituao dos contratos bancrios: 1) o critrio subjetivo, sendo contrato bancrio aquele realizado por um banco; 2) o critrio objetivo, pelo qual contrato bancrio aquele que tem por objeto a intermediao do crdito.

Os dois critrios sozinhos so insuficientes, como nota o autor: o primeiro porque o banco realiza contratos que no so bancrios, como de locao, prestao de servios, bancrios, etc; o segundo porque o particular tambm pode realizar operao creditcia sem que se configure como bancria. Adota, ento, uma concepo sincrtica, recorrendo aos dois critrios, para conceituar o contrato bancrio como "[...] o acordo entre Banco e cliente para criar, regular ou extinguir uma relao que tenha por objeto a intermediao do crdito." (4)

Dornelles da Luz adota a definio de contrato bancrio de Garrigues, como um "[...] negcio jurdico concludo por um Banco no desenvolvimento de sua atividade profissional e para a consecuo de seus prprios fins econmicos." (5)Adota o autor o critrio subjetivo para definio, incluindo as atividades de prestao de servios bancrios que no conceito objetivo-subjetivo de Covello restavam excludas.

Isto porque, observa Dornelles da Luz, o banco mltiplo no pode ser confundido com o antigo banco comercial, pois o desenvolvimento histrico conduziu a uma diversificao da atividade bancria, havendo hoje trs tipos de contratos bancrios: de moeda e crdito, mistos de crdito e servio, e de prestao de servios. A exigncia do critrio objetivo por Covello, deste ngulo, torna-se excessiva, pois exclui do rol dos contratos bancrios atividades historicamente incorporadas pelos bancos em sua evoluo, que so os contratos de prestao de servios como o de caixa de segurana, custdia de bens, operaes de cobrana, etc. Realmente estes contratos, que no raro vinculam-se s operaes de crdito de modo acessrio, parecem ter adquirido notas e peculiaridades de modo a merecerem o tratamento especial das normas bancrias.

Se, por um lado, a conceituao meramente subjetiva no suficiente, como pontuara Covello, pois o conceito englobaria contratos realizados pelo banco de natureza evidentemente no bancria (como de trabalho, locao, compra e venda, etc.), por outro lado, a soluo cientfica tambm no parece residir em seu critrio objetivo. Parece, sim, adequada, a utilizao do critrio subjetivo com um "plus", sendo contrato bancrio aquele em que o sujeito banco atua como comerciante, no exerccio da mercancia enquanto profisso habitual (excluindo-se os contratos sem as notas da habitualidade, profissionalidade e comercialidade). (6)Neste sentido se direciona Rodrigues Alves, aps criticar a conceituao com base no critrio puramente subjetivo: "[...] em verdade, h operao bancria se existe suporte ftico que se traduz empiricamente em atividades nas quais o banco opera com o cliente, atendendo-se ao fim comercial do banqueiro." (7)

2. Classificao dos contratos bancrios;

Posto o conceito de contrato bancrio, cumpre classific-lo. H diversas classificaes dos contratos bancrios, sendo a primeira e mais importante a que os divide em contratos bancrios tpicos e contratos bancrios atpicos. (8)

Os contratos bancrios recebem o adjetivo tpico quando se realizam para o cumprimento da funo creditcia dos bancos (operao bancria tpica, de crdito), e quando tpicos se subdividem em ativos e passivos, conforme assuma o banco, respectivamente, a posio de credor ou devedor da obrigao principal. So atpicos os que o banco realiza para prestao de servios (operao bancria atpica). (9)Contudo, h tambm uma terceira classe de contratos, notada pelo mestre Dornelles da Luz (10) (ignorada pela grande maioria dos autores), que uma categoria mista entre tpicas e atpicas, sendo operaes que envolvem crditos e servios, e que assumem caracteres prprios que as distinguem das outras duas categorias.

Duas espcies de obrigaes costumam permear os contratos dos bancos mltiplos: de dar e de fazer. Os contratos tpicos, isto , de crdito, armam-se em estabelecer obrigaes de dar dinheiro (moeda). J os contratos atpicos, isto , de mera prestao de servios, contm obrigao de fazer que vincula o banco. E nos contratos mistos, que envolvem crditos e servios, como intermediao bancria no pagamento (pagamento e cobrana), intermediao bancria na emisso e venda de valores mobilirios, e no crdito documentrio, assume o banco obrigaes de fazer (prestao de servio no recebimento e/ou pagamento de terceiro), as quais tm inerentes obrigaes de dar, sendo a obrigao primeira e principal a de fazer.

A definio que traz Rodrigues Alves da operao bancria, a qual parece acertada, no exclui do mbito desta as atividades bancrias secundrias. Enquanto as atividades principais concernem ao recolhimento e distribuio do capital, as secundrias aparecem quando o banco age na funo que no lhe tpica, ou seja, que no a intermediao na circulao do dinheiro. Nas atividades secundrias tambm podem estar presentes os interesses bancrios, de modo mediato, constituindo-se meio para a realizao da atividade principal, v.g., atravs da captao de clientela.

Covello, em consonncia com sua definio de contrato bancrio, no traz a classificao em contratos bancrios tpicos e atpicos. claro, porquanto, em sua definio, submeteu os contratos a um requisito objetivo muito estrito, restritivo, para que se configurem enquanto bancrios. S so bancrios os que versam sobre o crdito. Deste modo desaparece a figura do contrato bancrio atpico.

A atuao bancria se desenvolve, na sua esmagadora parte, em importncia e quantidade, sobre os contratos tpicos. Estes, como mencionado, podem ser ativos e passivos, conforme o banco assuma, respectivamente, posio de credor ou devedor da obrigao principal, isto , o plo ativo ou passivo. As operaes passivas tm por objeto a captao de recursos junto coletividade, pelo banco, dos quais necessita para processar sua atividade. J nas operaes ativas os bancos concedem crdito aos clientes com recursos arrecadados de outros clientes mediante as operaes passivas.

Os contratos de crdito, ou contratos tpicos, assumem, alm da classificao em ativos e passivos, outras classificaes, segundo doutrina liderada por Garrigues:

a) segundo a natureza do devedor, pode ser pblico ou privado, valendo aqui a crtica de Dornelles da Luz (11), segundo quem o crdito pblico ou privado segundo sua fonte, de recursos pblicos ou privados, e no segundo o devedor;b) segundo a durao, em de curto, mdio e longo prazos, devendo-se considerar a possibilidade de renovao ou prorrogao, mas sendo em princpio: de curto prazo o de liquidez, normalmente para capital de giro, de at 360 dias, mais freqentemente realizado at 120 dias; de mdio prazo vai at cinco anos e tem variadas destinaes, no se dando pesadas imobilizaes; e o de longo prazo normalmente de investimentos pesados, de lenta maturao, exigindo tempo de carncia para ter retorno financeiro, excedendo cinco anos;c) segundo a natureza da garantia, real (sobre bens mveis e imveis) e pessoal (sobre o patrimnio todo de uma pessoa de confiana do garantido);d) segundo o destino dos bens financiados, de produo e de consumo.Covello (12) classifica tambm o contrato de crdito em nacional e internacional, segundo a posio das partes contratantes, sendo regidos por normas de um ou mais de um pas. Aponta tambm uma classificao do contrato de crdito privado (ou de o crdito destinado a particular), podendo ser:

a) individual, ou pessoal, quando concedido a certas pessoas que, embora no tenham grande patrimnio, tm condies de honrar o compromisso pela estabilidade da profisso, fazendo o banco uma avaliao da confiana que pode ter no indivduo com seu "levantamento cadastral", sendo no raro este crdito (contrato de crdito, na verdade) um crdito de consumo, destinado aquisio de bens e servios;b) comercial, que visa a estimular o comrcio, produo e venda de bens;c) industrial, que no difere do comercial, mas de longo prazo normalmente, fornecido por bancos de investimentos;d) agrcola, modalidade importante, que estimula a agricultura;e) martimo, estimulando a construo naval e compra e venda de navios.

3. Caractersticas dos contratos bancriosO contrato bancrio tem peculiaridades que justificam sua disciplina diferenciada. Com efeito, como nota Orlando Gomes, "Os esquemas contratuais comuns, quando inseridos na atividade prpria dos bancos, sofrem modificaes sob o aspecto tcnico, que determinam alteraes em sua disciplina." (13)As caractersticas do contrato bancrio, muito relacionadas umas com as outras, podem ser assim pontuadas:

3.1 Instrumento de crdito;

O contrato bancrio instrumento de operao de crdito. O contrato bancrio, em sua grande maioria, de crdito, e da assume vrias outras caractersticas, decorrentes desta, apontadas por Covello (14): 1) envolve confiana, pois de um lado o banco averigua a vida do cliente, e de outro deve haver rgido controle do Poder Pblico sobre a instituio financeira, vindo esta a inspirar a confiana da coletividade; 2) envolve prazo, que o tempo que medeia prestao e contraprestao (esta diferida, e no imediata); 3) envolve juro ou interesse, que o preo de cada unidade de tempo em que se dilata o pagamento de um crdito; 4) envolve risco, inseparvel da operao de crdito, seja risco particular (relativo a uma pessoa ou operao), geral (relativo a acontecimentos gerais que envolvem toda a nao ou at vrias naes) ou corporativo ou profissional (relativo a um setor, uma classe ou uma profisso qualquer);

3.2 Rgida contabilidade;

O contrato bancrio implica rgida contabilidade. Todos os contratos bancrios, em funo de em sua maioria lidarem com o crdito (pecuniaridade), so rigorosamente contabilizados, o que permite o controle da atividade bancria. Afirma Rizzardo que h a "[...] contabilizao de todos os valores que ingressam e saem do banco, com a escriturao, de modo a no permitir margem de dvidas quanto ao seu montante, ao vencimento, aos encargos inerentes e s amortizaes." (15)Os assentos de contabilidade, segundo Covello (16), so anotaes que permitem comprovao imediata da operao realizada, porque os contratos bancrios no podem ficar circunscritos aos esquemas tradicionalmente seguidos nas matrias civil e comercial. Tais anotaes so de indiscutvel valor probatrio, dada a escrupulosa contabilidade bancria e a presumvel imparcialidade. Adverte Covello que, "Como assevera Garrigues, os Bancos no realizam anotaes em seus livros com fins de prova, e, por outra parte, uma contabilidade que no fora correta seria praticamente impossvel de suportar, pois qualquer artifcio ou alterao repercutiria no conjunto do sistema." (17)

3.3 Complexidade estrutural e busca de simplificao;

O contrato bancrio revela uma complexidade estrutural e busca simplificao. A complexidade , para Rizzardo, "[...] outra nota das operaes bancrias, em razo do surgimento constante de novas relaes econmicas entre o banco e os usurios, exigindo operaes cada vez mais sofisticadas e complexas, no apenas no sentido de atualizar a escriturao, mas de acompanhar as contnuas modificaes que ocorrem no mundo dos negcios." (18)Devido a esta complexidade grande, e a serem realizados em grande escala (em massa), coloca-se a busca por uma simplificao dessas operaes, despontando isto tambm como caracterstica. (19) neste sentido que se adotam documentos e ttulos de crdito pelos quais se substitui o controle de uma situao jurdica material pelo de uma situao jurdica meramente formal.

3.4 Profissionalidade e comercialidade;

O contrato bancrio realizado com profissionalidade e comercialidade. Outra caracterstica a profissionalidade (20), pois exerce o banco tais contratos como profisso. E mais, atividade comercial (21)(bancria como espcie, mas comercial como gnero afinal, a atividade bancria uma especializao da comercial), sendo tais contratos atos de comrcio, at por cominao legal. (22) Sua atividade envolve intermediao, habitualidade e lucro. Esta caracterstica, como j se notar em oportunidade posterior, permite a aplicao das normas comerciais em derrogao parcial das civis.

3.5 Informalidade;

No contrato bancrio prevalece a informalidade. Quanto forma, como assevera Pontes de Miranda, "No h resposta a priori s questes. A forma a que tem de ter a espcie de negcio jurdico." (23)Sabe-se que normalmente no se exige que a forma integre necessariamente a substncia do ato. o que afirma Dornelles da Luz. Para este, "Alis, a informalidade crescente dos contratos do mercado financeiro uma caracterstica da atualidade, a maior parte dos quais materializam-se em fichas grficas. A informatizao e o uso do telefone tm propiciado movimentao de contas, aplicaes em papis [...].[...]. A agilidade do mercado financeiro e o alto grau de concorrncia tm produzido essa inovao." (24)Arnoldo Wald afirma que o Direito Bancrio contemporneo tem por caractersticas a padronizao, utilizao da informtica e formalismo. Mas utiliza o termo "formalismo" no sentido de "frmas", pois os contratos bancrios so realizados padronizadamente, sendo contratos de adeso. Ressalta que os mecanismos utilizados so "rpidos, simples e seguros", destacando o importante papel que os computadores tm realizado ultimamente. (25)

3.6 Sigilo;

H como dever intrnseco ao contrato bancrio o dever jurdico de sigilo. Outra caracterstica, ressaltada por Covello (26), o carter sigiloso dos contratos bancrios. O banco assume informaes confidenciais no trato com os clientes, sendo-lhe imposto o dever de discrio, sigilo. verdadeiro dever jurdico de sigilo profissional. Os contratos bancrios, sejam tpicos ou atpicos (27), trazem o dever de sigilo, pelo art. 38 da lei n 4.595/64: "As instituies financeiras conservaro sigilo em suas operaes ativas e passivas e servios prestados."

Vrias teorias procuram explicar o carter sigiloso. A contratual afirma surgir do contrato, pois certas disposies, mesmo que no expressas, se pressupem, como a do sigilo bancrio se pressupe frente estrutura da operao bancria. teoria bastante aceita, reforada pela tese de que no contrato bancrio esto os elementos do contrato de mandato, devendo o banco mandatrio agir com diligncia e discrio.

Outra teoria a de Direito Comercial, pois enquanto atos de comrcio as operaes bancrias se devem interpretar de acordo com os usos e costumes do comrcio, que impem o dever de sigilo, costume muito antigo (remonta Antigidade). A teoria do ato ilcito afirma, por sua vez, que a quebra do sigilo acarreta danos, ficando o banco obrigado reparao do prejuzo. Teorias do direito penal tambm procuram explicar, pois a quebra do sigilo profissional configura crime contra o Sistema Financeiro Nacional (lei n 7.492, art. 18).

quebra do sigilo imputam-se sanes civis, penais e administrativas. Mas o sigilo profissional no absoluto, havendo limites naturais, bem como legais, casos em que sua quebra no ato ilcito (penal ou civil) do banco. So naturais o direito de o banco levar a protesto ttulo que representa emprstimo, acionar judicialmente o cliente, ou fornecer dados da operao quando o cliente solicita. Os limites legais so bem postos por Ulhoa Coelho (28), e so os: da lei n 4.595/64 (LRB), art. 38, 1 a 4; da lei n 8.021/90, art. 8 (que revogou os 5 e 6 do art. 38 da LRB); da lei n 4.728/65, art. 4; da lei n 7.492,/86, art. 29; da LIOE, arts. 7, IX, e 14, V.

Recentemente o tema emergiu com grande destaque, quando a lei complementar n 105, de 10 de janeiro de 2.001, regulamentada na mesma data, pelo decreto n 3.724, outorgou a autoridades e agentes fiscais a possibilidade da quebra do sigilo bancrio, sem prvia autorizao do Poder Judicirio. A interpretao anteriormente a esta lei complementar era de que a quebra do sigilo bancrio somente era possvel mediante ordem judicial. A medida foi adotada para intensificar o combate evaso fiscal, e polmica, porque pode violar a privacidade e a intimidade, asseguradas como direitos fundamentais pelo inciso X do art. 5 da CF. Depender do mbito do contedo desses direitos, o que ser em breve examinado pelo STF.

3.7 Contrato de massa;

O contrato bancrio um contrato realizado em massa. O banco realiza operaes em massa, a um grande nmero de clientes indistintamente. So milhares de contratos firmados diariamente, o que gera uma padronizao do contrato, estes passam a ser "produzidos em srie", em massa, para uma sociedade de consumo que cada vez mais faz uso das operaes creditcias. O atendimento a um sem-nmero de clientes gera a uniformizao do contrato, ao qual o cliente simplesmente adere. , pois, um contrato de adeso, caracterstica que ser analisada no prximo item.

3.8 Contrato de adeso e formulrio;

O contrato bancrio contrato de adeso e formulrio. A partir do momento em que o banco passou a atender a uma infinita seqncia de operaes, tornou-se invivel a elaborao de um contrato para atender cada relao contratual. Deu-se, ento, a necessidade da elaborao de minutas, idnticas, formuladas com antecedncia, isto , passaram os contratos a serem pr-determinados, assumindo uniformidade, bem como por isso passam a ter suas clusulas impostas unilateralmente, no sendo conferida outra parte a possibilidade discuti-las.

Conforme afirma o ilustre professor Alfredo de Assis Gonalves Neto (29), quanto maior a empresa (organizao dos fatores de produo por parte do empresrio para exercer uma atividade econmica), mais o empresrio se distancia da engrenagem que produz resultados. O grande empresrio, em sua atividade em cadeia, uniforme, atua pelas diretrizes que dita aos seus prepostos, assim se justificando o surgimento dos contratos formulrios. O contrato bancrio formulrio e de adeso.

Leciona o mestre que a distino entre contratos de adeso e formulrio, embora irrelevante para muitos, encontra sustentao de outros. Para estes, "[...] o contrato de adeso seria o contrato formulrio decorrente de uma atividade exercida sob regime legal ou virtual de monoplio ou de oligoplio (Orlando Gomes, op. cit., n 83, p. 126)." (30) As atividades dos bancos esto sob rgido controle estatal, e dependem de autorizao administrativa. Este sistema originou um "[...]mercado cativo, semelhana de um clube fechado cujo acesso s permitido a quem tem cacife e influncias. Tal como jias de entrada, as chamadas cartas patentes (licena para instalao e funcionamento) alcanam preos disputadssimos nas transferncias de agncias. Isso suficiente para caracterizar o monoplio ou oligoplio virtual exigido por alguns para configurar o contrato de adeso. Alis, nesse ponto, todos os autores so concordes em catalogar como de adeso os contratos bancrios." (31) (32)

Elucida Covello (33)que nos negcios jurdicos bancrios a padronizao atinge tal nvel que passaram a se dar por condies gerais. (34) (35) Na evoluo histrica dos bancos, as condies gerais se deram primeiramente num plano individual, tendo cada banco suas prprias condies, quando ainda no havia iniciativa dos crculos oficiais. Com o tempo, as condies se tornaram uniformes para todos os bancos, padronizando-se os formulrios, por dois motivos: experincia de longos anos de trato com a clientela e desejo de eliminar a concorrncia. Os bancos, em suas associaes profissionais entabularam condies e se obrigaram a respeit-las nas relaes com os clientes.

Nos pases cultos, como no Brasil, prossegue Covello, soma-se outro motivo engendrante da padronizao: a interveno do Estado, pelo Banco Central, nos bancos, chegando, vrias vezes, a determinar at a minuta do contrato. So elementos que caracterizam os formulrios, instrumentos da contratao bancria: identidade formal, predeterminao de clusulas e rigidez. Da, no contrato bancrio, o consentimento do cliente manifesta-se sob forma de adeso ao esquema que o banco prope, sendo praticamente obrigado a aceitar, porque o adotado por todos os bancos.

Nota Orlando Gomes que a conceituao dos contratos de adeso difcil, pois conforme a teoria que o explique, assume contornos diferentes (h, pelo menos, seis modos de caracteriz-lo). Para o autor, "O trao caracterstico do contrato de adeso reside verdadeiramente na possibilidade de predeterminao do contedo da relao negocial pelo sujeito de direito que faz a oferta ao pblico." (36)Segundo os que continuam defendendo a tese contratualista para explic-lo (pois h quem negue seu carter contratual), "[...] o contrato de adeso um novo mtodo de estipulao contratual imposto pelas necessidades da vida econmica. Distingue-se por trs traos caractersticos: 1) a uniformidade; 2) a predeterminao; 3) a rigidez." (37) A primeira exigncia da racionalizao da atividade econmica. A segunda a que o caracteriza com mais vigor. A uniformidade, sem predeterminao, no basta. A terceira desdobramento das outras duas.

Nos contratos de adeso ocorre o confronto entre uma parte, mais forte economicamente (conglomerados, empresas oligopolizadas, monoplios), que domina e mantm cativo o mercado, e uma parte fraca, que no tem qualquer condio de fazer imposies frente a um corpo pr-estabelecido de clusulas fechadas, restando-lhe apenas a alternativa de aceit-las ou rejeit-las em bloco. Contudo, muitas vezes, nem esta alternativa resta parte, que necessita de bens e servios para prover e desenvolver sua vida. No h tambm que dizer de optar por outras empresas, quando estas se organizam, no dizer do professor Assis, "[...] unidas por formas disfaradas de inconfessveis cartis (mantidos sombra da tolerncia e da inrcia do Estado)[...]" (38)Assim, como nota Arnaldo Rizzardo (39), coloca-se a parte fraca frente a clusulas que muitssimas vezes sequer l. Se l, no as entende. Se entende, e discorda, de nada adianta, pois no as pode alterar. E, como observado, fica entre aceitar ou rejeitar em bloco, sendo esta liberdade de escolha em vrios casos ilusria, porque o autor da oferta goza de um monoplio, e a parte fraca tem necessidade do bem ou servio. (40) Da afirmar Dornelles da Luz (41)que se, a princpio, no h problema nos contratos de adeso, teis e necessrios, surgem os conflitos com o abuso de poder econmico de setores oligopolizados, mais fortes do que o aderente, o qual se subjuga e vincula frente falta de alternativas concorrentes.

Em virtude disso tudo que muitos autores, segundo Orlando Gomes (42), contestam a natureza contratual da figura do contrato de adeso. Saleilles, pai da expresso "contratos de adeso", j no incio do sculo afirmava que de contrato tinha apenas o nome. No obstante, esclarece Gomes:

Entende a maioria, porm, que apesar de suas peculiaridades, devem ser enquadrados na categoria jurdica dos contratos. Origina-se a dvida na confuso a respeito do elemento que define o contrato. Deve-se distinguir, com Carnelutti, o concurso de vontades para a formao do vnculo e a regulamentao das obrigaes oriundas desse vnculo. O concurso de vontades indispensvel constituio dos negcios jurdicos bilaterais, dos quais o contrato constitui expresso mais comum. Por definio, o contrato o acordo de duas vontades. No se forma de outro modo. J a regulamentao dos efeitos do negcio jurdico bilateral no requer a interveno de duas partes. Pode ser expresso da vontade de uma com a qual concorda a outra, sem lhe introduzir alterao. A regulamentao bilateral dos efeitos do contrato no , enfim, elemento essencial sua configurao. Por outras palavras, a circunstncia de serem as obrigaes estatudas pela vontade predominante de um dos interessados na formao do vnculo jurdico no o despe das vestes contratuais. Afirma-se a contratualidade da relao pela presena do elemento irredutvel, que o acordo de vontades. No contrato de adeso no se verifica contratualidade plena, mas o mnimo de vontade existente no consentimento indispensvel da parte aderente suficiente para atestar que no negcio unilateral. Prevalece, em conseqncia, a opinio de que possui natureza contratual." (43)Cumpre observar tambm que cada vez mais volumosa a corrente a qual sustenta que o contrato de adeso no pode ser explicado como contrato. Para Paulo Lbo (44), que est dentre os autores que entendem que a teoria do negcio jurdico no explica o contrato de adeso, o contrato evoluiu para alm do negcio jurdico e de sua teoria. Insistir no negcio jurdico como categoria mais ampla e que abarca todos os contratos um obstculo epistemolgico. H um afastamento, explica o autor, em certos contratos, dos princpios fundamentais do direito privado (como a liberdade de contratar e o auto-regramento da vontade autonomia privada), e a soluo no est na ampliao dos conceitos, pois com a generalizao cresce a impreciso.

Dentro desse antagonismo que sustenta o advogado Luiz Zenum Junqueira, em seu artigo "Natureza Jurdica do Contrato Bancrio" (45), que "Efetivamente do conhecimento geral das pessoas de qualidade mdia os contratos bancrios no representam natureza sinalagmtica, porquanto no h vlida manifestao ou livre consentimento por parte do aderente, com relao ao suposto contedo jurdico, pretensamente convencionado pelo credor." (46) Para Rizzardo, que cita Junqueira, "A vontade fica alijada de qualquer manifestao livre." (47) (48)

E, por bvio, as conseqncias jurdicas de se considerar, ou no, os contratos de adeso como verdadeiros contratos, so distintas, o que repercute diretamente nos contratos bancrios. Apenas como provocao, pois no se encontram referncias neste sentido, e tema que merece estudo, se os contratos de adeso, a os bancrios, no forem contratos propriamente ditos, no aparecero como figuras diretamente tratadas pelo direito.

E reza o art. 4, da LICC: "Quando a lei for omissa, o juiz decidir o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princpios gerais do direito." Embora isto leve o juiz a tratar tais "contratos" de forma semelhante aos contratos propriamente ditos (por analogia), abre-se um maior espao ao magistrado para a aplicao dos costumes e princpios gerais do direito, podendo-se escapar s normas jurdicas contratuais quando elas no se coadunem com o sentido distinto que adquirem os contratos de adeso, primando-se por princpios gerais do direito que ento direcionem a resoluo de conflitos de modo mais justo.

3.9 Interpretao especfica;

O contrato bancrio se submete a especfica interpretao contratual, materialmente isonmica. Em funo de o contrato bancrio ter natureza de contrato de adeso, as regras gerais de interpretao dos contratos civis e comerciais se tornam insuficientes, vindo a doutrina em socorro colmatar tal lacuna. (49) Embora esta no seja propriamente uma caracterstica intrnseca, uma projeo do carter adesivo do contrato bancrio, dizendo respeito sua leitura, sua prpria visualizao, sendo conveniente tal anlise neste momento.

O Cdigo Civil estabelece no art. 85 que "Nas declaraes de vontade, atender-se- mais sua inteno que ao sentido literal da linguagem." O Cdigo Comercial traz, no art. 130 um princpio hermenutico: "As palavras dos contratos e convenes mercantis devem inteiramente entender-se segundo o costume e uso recebido no comrcio, e pelo mesmo modo e sentido por que os negociantes costumam explicar, posto que entendidas de outra sorte possam significar coisa diversa." E o Cdigo Comercial ditou vrias regras interpretativas das clusulas contratuais no art. 131:

Sendo necessrio interpretar as clusulas do contrato, a interpretao, alm das regras sobreditas, ser regulada sobre as seguintes bases: 1. a inteligncia simples e adequada, que for mais conforme boa f e ao verdadeiro esprito e natureza do contrato, dever sempre prevalecer rigorosa e restrita significao das palavras; 2. as clusulas duvidosas sero entendidas pelas que o no forem, e que as partes tiverem admitido; e as antecedentes e subseqentes, que estiverem em harmonia, explicaro as ambguas; 3. o fato dos contraentes posterior ao contrato, que no tiver relao com o objeto principal, ser a melhor explicao da vontade que as partes tiveram no ato da celebrao do mesmo contrato; 4. o uso e a prtica geralmente observada no comrcio nos casos da mesma natureza, e especialmente o costume do lugar onde o contrato deva ter execuo, prevalecer a qualquer inteligncia em contrrio que se pretenda dar s palavras; 5. nos casos duvidosos, que no possam resolver-se segundo as bases estabelecidas, decidir-se- em favor do devedor.

A doutrina tambm elaborou normas interpretativas para se atingir a vontade real das partes contratantes, tendo notabilizado-se as regras de Pothier. (50)Mas os contratos de adeso, em virtude de suas particularidades, merecem regras interpretativas especficas. Regras interpretativas legais especficas dos contratos de adeso so estabelecidas pelo Cdigo de Defesa do Consumidor, entre os arts. 51 e 54, mas embora se dirijam a contratos de adeso, se aplicam quando se configurar relao de consumo (a aplicao do CDC s operaes bancrias ser posteriormente analisada). As regras vexatrias ou de especial gravidade so nulas, e as duvidosas se interpretam em favor do aderente.

Estabelece a doutrina tambm regras de interpretao dos contratos de adeso, e por conseguinte dos contratos bancrios. Ressalta Covello que se deve buscar a vontade comum das partes contratantes, atravs das regras propostas por Orlando Gomes, as quais se inspiram em uma tica cristalizada juridicamente em princpios como os da boa-f e da confiana e lealdade recprocas:

O professor Orlando Gomes, aps enfatizar que o juiz no deve verificar a vontade das partes luz dos critrios mais usados no plano da concepo voluntarista do negcio jurdico e sim de conceitos flexveis que lhe abram horizonte mais dilatado no sentido de evitar abusos por parte do estipulante, refere as seguintes regras: a) interpretao contra o estipulante; b) interpretao restritiva das regras que favoream o predisponente; c) prevalecimento das clusulas especiais sobre as gerais, das manuscritas sobre as impressas; d) interpretao invarivel das clusulas gerais, sem se atentar para aspectos particulares de cada caso concreto. (51)De fato, afirma Orlando Gomes que "[...] a singularidade de sua estruturao[dos contratos de adeso]no permite seja interpretado do mesmo modo que contratos comuns, porque relao jurdica em que h predomnio categrico da vontade de uma das partes. de se aceitar, como diretriz hermenutica, a regra segundo a qual, em caso de dvida, as clusulas do contrato de adeso devem ser interpretadas contra a parte que as ditou." (52)Afirma ainda o autor que o poder moderador do juiz deve ser usado de acordo com o princpio de que os contratos devem ser executados de boa-f, sendo os abusos e deformaes reprimidos. Para tanto a interpretao destes contratos comporta liberdade no admitida na interpretao dos contratos comuns. Mas tambm alerta que a tendncia exagerada para negar a fora obrigatria s clusulas impressas totalmente condenvel, sendo at certas clusulas rigorosas imprescindveis para que os contratos de adeso em srie atinjam os seus fins. (53)

Gonalves Neto bem esclarece o fundamento da interpretao diferenciada dos contratos bancrios:

[...] se aqui o Estado no cumpre sua tarefa de interferir na vontade dos contratantes atravs de uma regulamentao legal e adequada dos contratos-tipo, celebrados em massa (j por meio de regras imperativas que impeam estipulaes arbitrrias que interessam exclusivamente a quem as redige, j por meio de rgos a tanto autorizados), imprescindvel que o intrprete e o aplicador da lei preencham este papel, na compreenso plena do exato alcance do aludido princpio constitucional, que determina sejam os desiguais tratados na proporo de suas desigualdades. (54)Assim, a desigualdade real entre as partes contratantes conduz uma desigualdade no tratamento jurdico, para que se atenda o princpio da isonomia em seu sentido material. Deve-se proceder, pois, uma interpretao materialmente isonmica. Segundo o professor Gonalves Neto, este comportamento de na falta de normas legais expressas, dar o intrprete ou aplicador tratamento, aos contratos bancrios, diferenciado, buscando suprir a desigualdade entre os contraentes , tem incentivo nos art. 5 da Lei de Introduo ao Cdigo Civil, no art. 85 do Cdigo Civil e no art. 131 do Cdigo Comercial.

CONTRATOS NOMINADOS E CONTRATOS INOMINADOS

Contratos nominados so aqueles que tm designao prpria pela lei. O Cdigo Civil disciplina vinte contratos nominados. Exemplo: contratos de compra e venda, de doao, de locao. Quanto aos inominados estes contratos no so regulados expressamente pelo Cdigo Civil ou por lei especial, porm so permitidos juridicamente.

Para a validade de um contrato inominado, basta o consenso e que as partes sejam livres e capazes e o seu objeto seja lcito, possvel, determinado ou determinvel e suscetvel de apreciao econmica. Estabelece o Cdigo Civil em seu artigo 425 que lcito s partes estipular contratos atpicos, observadas as normas gerais fixadas neste Cdigo.Contrato de Compra e Venda

Direito Civil - Teoria das Obrigaes ContratuaisConceito, caractersticas, elementos constitutivos, conseqncias jurdicas e clusulas especiais.Vem a ser o contrato em que uma pessoa (vendedor) se obriga a transferir a outra (comprador) o domnio de uma coisa corprea ou incorprea, mediante o pagamento de certo preo em dinheiro ou valor fiducirio correspondente.

um contrato bilateral ou sinalagmtico, oneroso, comutativo ou aleatrio, consensual ou solene e translativo do domnio (no no sentido de operar sua transferncia, mas de servir como titulus adquirendi, isto , de ser o ato causal da transmisso da propriedade gerador de uma obrigao de entregar a coisa alienada e o fundamento da tradio ou da transcrio; o contrato de compra e venda vem a ser um ttulo hbil aquisio do domnio, que s se d com a tradio e a transcrio, conforme a coisa adquirida seja mvel ou imvel.

Com relao aos elementos constitutivos, a compra e venda estar perfeita e acabada quando estiverem presentes a coisa, o preo e o consentimento; bastar o acordo de vontades sobre a coisa e o preo; a coisa dever ter existncia, ainda que potencial, no momento da realizao do contrato, ser individuada, ser disponvel ou estar in commercio e ter a possibilidade de ser transferida ao comprador; o preo, que dever apresentar pecuniariedade, por constituir um soma em dinheiro, seriedade e certeza; o consentimento dos contratantes sobre a coisa, o preo e demais condies do negcio, pressupe o poder de disposio do vendedor, sendo necessrio que ele tenha capacidade de alienar, bastando ao adquirente a capacidade de obrigar-se.

Quanto s conseqncias jurdicas, podemos citar:

a) a obrigao do vendedor entregar a coisa e do comprador de pagar o preo;

b) obrigao de garantia, imposta ao vendedor, contras os vcios redibitrios e a evico;

c) responsabilidade pelos riscos e despesas;

d) direito aos cmodos antes da tradio;

e) responsabilidade do alienante por defeito oculto nas vendas de coisas conjuntas;

f) direito do comprador de recusar a coisa vendida sob amostra;

g) direito do adquirente de exigir, na venda ad mensuram, o complemento da reas, ou de reclamar, se isso for impossvel, a resciso do negcio ou o abatimento do preo;

h) exonerao do adquirente de imvel, que exibir certido negativa de dbito fiscal;

i) nulidade contratual no caso do art. 53 da Lei 8078/90.

So clusulas Especiais Compra e Venda:

Retrovenda a clusula adjeta compra e venda, pela qual o vendedor se reserva o direito de reaver, em certo prazo, o imvel alienado, restituindo ao comprador o preo, mais as despesas por ele realizadas, inclusive as empregadas em melhoramento do imvel; apenas admissvel nas vendas de imveis; torna a propriedade resolvel; o vendedor s poder resgatar o imvel alienado dentro de prazo improrrogvel de 3 anos, ininterruptos e insuscetveis de suspenso; o direito de resgate intransmissvel, no sendo suscetvel de cesso por ato inter vivos, mas passa a seus herdeiros.

Venda a contento a clusula que subordina o contrato condio de ficar desfeito se o comprador no se agradar da coisa; a que se realiza sob a condio de s se tornar perfeita e obrigatria se o comprador declarar que a coisa adquirida lhe satisfaz; ela reputar-se- feita sob condio suspensiva, no se aperfeioando o negcio enquanto o adquirente no se declarar satisfeito.

Preempo ou preferncia o pacto adjeto compra e venda em que o comprador de coisa mvel ou imvel fica com a obrigao de oferec-la a quem lhe vendeu, para que este use do seu direito de prelao em igualdade de condies, no caso de pretender vend-la ou d-la em pagamento.

Pacto de melhor comprador a estipulao em que se dispe que a venda de imvel ficar desfeita se se apresentar, dentro de certo prazo no superior a um ano, outro comprador ofereendo preo mais vantajoso; o pacto resolutivo, e est sujeito ao prazo decadencial fixado em um ano.

Pacto comissrio vem a ser a clusula inserida no contrato pela qual os contraentes anuem que a venda se desfaa, caso o comprador deixe de cumprir suas obrigaes no prazo estipulado; a venda est sob condio resolutiva, s se aperfeioando se, no prazo estipulado, o comprador p agar o preo ou se, no prazo de 10 dias seguintes ao vencimento do prazo de pagamento, o vendedor demandar o preo.

Ter-se- a reserva de domnio quando se estipula que o vendedor reserva para si a sua propriedade at o momento em que se realize o pagamento integral do preo; dessa forma, o comprador s adquirir o domnio da coisa se integralizar o preo, momento em que o negcio ter eficcia plena.

Contrato de Emprstimo - Comodato e Mtuo

Direito Civil - Teoria das Obrigaes ContratuaisConceito. Contrato de comodato, obrigaes do comodatrio e do comodante, extino. Contrato de mtuo, obrigaes e direitos, extino. o contrato pelo qual um pessoa entrega a outra, gratuitamente, uma coisa, para que dela se sirva, com a obrigao de restituir; duas so suas espcies: o comodato e o mtuo.

Comodato o contrato unilateral, a ttulo gratuito, pelo qual algum entrega a outrem coisa infungvel, para ser usada temporariamente e depois restituda; infere-se dessa definio os traos caractersticos: contratualidade, visto ser um contrato unilateral, gratuito, real e intuitu personae; infungibilidade e no consumibilidade do bem dado em comodato; temporariedade; obrigatoriedade da restituio, da coisa emprestada.

Obrigaes do comodatrio: a) guardar e conservar a coisa emprestada com se fosse sua; b) limitar o uso da coisa ao estipulado no contrato ou de acordo com sua natureza; c) restituir a coisa emprestada in natura no momento devido; d) responder pela mora; e) responder pelos riscos da coisa; f) responsabilizar-se solidariamente, se houver mais comodatrios.

O comodante tem como obrigaes no pedir restituio do bem, pagar as despesas extraordinrias e necessrias e responsabilizar-se, perante o comodatrio, pela posse til e pacfica da coisa dada em comodato.

Ter-se- a extino do comodato com o advento do prazo convencionado, a resoluo por inexecuo contratual, a resilio unilateral, o distrato, a morte do comodatrio e com a alienao da coisa emprestada.

Mtuo o contrato pelo qual um dos contraentes transfere a propriedade de bem fungvel ao outro, que se obriga a lhe restituir coisa do mesmo gnero, qualidade e quantidade; um contrato real, gratuito e unilateral; possui ainda as seguintes caractersticas: temporariedade; fungibilidade da coisa emprestada; translatividade de dommio do bem emprestado; obrigatoriedade da restituio de outra coisa da mesma espcie, qualidade e quantidade.

Mtuo feneratcio ou oneroso permitido em nosso direito desde que, por clusula expressa, se fixem juros ao emprstimo de dinheiro ou de outras coisas fungveis, desde que no ultrapassem a faixa de 12% ao ano.

As obrigaes do muturio so restituir o que recebeu em coisa da mesma espcie, qualidade e quantidade, dentro do prazo estipulado e pagar os juros, se feneratcio o mtuo.

Os direitos do mutuante so exigir garantia de restituio, reclamar a restituio e demandar a resoluo do contrato se o muturio, no mtuo feneratcio, deixar de pagar os juros.

A extino do mtuo opera-se havendo vencimento do prazo convencionado, as ocorrncias das hipteses do art. 1264, resoluo por inadimplemento das obrigaes contratuais, distrato, resilio unilateral por parte do devedor e a efetivao de algum modo terminativo previsto no prprio contrato.

Contrato de Sociedade

Direito Civil - Teoria das Obrigaes ContratuaisConceito, elementos, espcies, sociedades civis, efeitos jurdicos, direitos dos scios, hipteses de dissoluo e liquidao.Sociedade a conveno por via da qual duas ou mais pessoas se obrigam a conjugar seus esforos ou recursos para a consecuo de fim comum.

So imprescindveis para a configurao do contrato social a existncia de duas ou mais pessoas, a contribuio de cada scio para o fundo social, a obteno do fim comum pela cooperao dos scios, a participao nos lucros e nos prejuzos e a affectio societatis, ou seja, a inteno de cooperar como scio ou de submeter-se ao regime societrio, contribuindo ou colaborando ativamente para atingir a finalidade social.

Pode classificar-se as sociedades em civis e comerciais (quanto ao fim que se propem) e, em universais e particulares (quanto extenso dos bens com os quais concorrem os scios).

Nas sociedades civis o capital e o fim lucrativo no constituem elementos essenciais, por no se entregarem atividade mercantil; essas sociedades podero revestir as formas estabelecidas na leis comerciais, com exceo da annima; se no se revestir por nenhuma dessas formas, reger-se- pelo Cdigo Civil; no tem formas predeterminas; podero ser de fins econmicos e de fins no econmicos.

Quanto aos efeitos jurdicos, em relao aos scios atinentes cooperao para conseguir o objetivo social, dar origem ao dever de cooperar, ao dever de contribuir para a formao do patrimnio social; ao dever de responder pela evico perante os conscios, ao dever de indenizar a sociedade de todos os prejuzos; em relao terceiros: se s obrigaes forem contradas conjuntamente, ou por algum deles no exerccio do mandato social, sero consideradas dvidas da sociedade; se o cabedal social no cobrir os debitos da sociedade, por eles responderam os scios, proporcionalmente a sua participao; se um dos scios for insolvente, sua parte ser dividida entre os outros; se os devedores pagarem o scio no autorizado a receber, no se desobrigaro; os scios no so solidariamente obrigados pelad dvidas sociais, nem os atos de um, no autorizado, obrigam os outros, salvo redundando em proveito da sociedade.

Os scios tm direito de participar nos lucros produzidos pela sociedade; colaborar no funcionamento da sociedade; reembolsar-se das despesas; servir-se dos bens sociais; administrar a sociedade; associar um estranho ao seu quinho social; votar nas assemblias gerais; retirar-se da sociedade.

A dissoluo ocorre pelo implemento da condio a que foi subordinada a sua durabilidade; pelo vencimento do prazo estabelecido no contrato; pela extino do capital social; pela consecuo do fim social; pela verificao da inexeqibilidade do objetivo comum; pela falncia de um dos scios; pela incapacidade de um dos scios, se tiver apenas dois; pela morte de um dos scios, salvo se no tiver fins lucrativos; pela renncia de qualquer scio, se possuir dois; pelo distrato ou consenso unnime; pela nulidade ou anulabilidade do contrato; pela cassao da autorizao governamental, se esta for necessria.

A liquidao surge com a dissoluo da sociedade; se destina a apurar o patrimnio social, tanto no seu ativo como no seu passivo, protraindo-se at que o saldo lquido seja dividido entre os scios; a sociedade sobrevive durante ela, s desaparecendo com a partilha dos bens sociais.

CONTRATO DE FIANA

O QUE FIANA E COMO SE PRESTA ?

D-se o contrato de fiana quando uma pessoa se obriga por outra, para com o seu credor, a satisfazer a obrigao, caso o devedor no a cumpra (art. 1.481 do Cdigo Civil). um contrato acessrio, bilateral e expresso.

O marido no pode sem o consentimento da mulher prestar fiana, qualquer que seja o regime de bens ( art. 235, II, do Cdigo Civil). Da mesma forma,

A fiana nunca se presume. No admite a celebrao tcita e no reconhecida por induo. necessria a forma escrita a teor do art. 1.483 do Cdigo Civil, no seguinte teor: "A fiana dar-se- por escrito e no admite interpretao extensiva" .

No contrato de fiana exsurge, de modo destacvel, o carater intuitu personae posto que ajustado em virtude da confiana existente entre as partes, especialmente do lado do fiador.

Como j se disse a interpretao da fiana sempre restritiva e, por isso, leva a convico de que no h como se pretender subsistir o contrato de fiana, indefinidamente, em situao muito comum de prorrogao do contrato de locao, sem a intervenincia expressa dos fiadores.

Classificao do Contratos

Direito Civil - Teoria das Obrigaes ContratuaisContratos comutativos, aleatrios, nomidados e inominados, gratuitos e onerosos, solenes e no solenes, reais, principais e acessrios, paritrios e de adeso, de execuo imediata e continuada.Contratos comutativos so aqueles em que a prestao e a contraprestao so equivalentes entre si e suscetveis de imediata apreciao quanto sua equivalncia; ex: compra e venda.

Contratos aleatrios so aqueles cujas prestaes somente sero cumpridas pela ocorrncia de evento futuro e e imprevisvel, sendo, portanto, incertas quanto quantidade ou extenso, e podendo culminar em perda, em lugar de lucro; ex: seguro

Contratos nomidados e inominados: nominados so aqueles que possuem denominao legal (nomen iuris), obedecem a um padro definido e regulado em lei; inominados so aqueles que no se enquadram em nenhum diploma legal e no tm denominao legal prpria; surgem, geralmente, na vida cotidiana, pela fuso de 2 ou mais tipos contratuais.

Contratos gratuitos so aqueles em que somente uma das partes cumpre a prestao, e a outra no se obriga, limitando-se a aceitar a prestao; ex: doao sem encargo, comodato.

Contratos onerosos so aqueles em que uma das partes paga outra em dinheiro; ex: locao.

Contratos consensuais, tambm denominados contratos no solenes, so aqueles que independem de forma especial, para cujo aperfeioamento basta o consentimento das partes.

Contratos formais, denominados solenes, so os que somente se perfazem se for obedecida forma especial; ex: compra e venda de valor superior ao legal, que depende de escritura pblica e tambm transcrio do ato no Registro Imobilirio.

Contratos reais so aqueles que, para se aperfeioaram, necessitam no apenas do consentimento mtuo dos contratantes, mas tambm da entrega da coisa; ex: depsito.

Contratos principais so aqueles que podem existir independentemente de quaisquer outros; ex: compra e venda.

Contratos acessrios so aqueles que tm por finalidade assegurar o cumprimento de outro contrato, denominado principal; ex: fiana.

Contratos paritrios so aqueles em que as partes interessadas, colocadas em p de igualdade, discutem, os termos do ato negocial, eliminando os pontos divergentes mediante transigncia mtua.

Os contratos de adeso excluem a possibilidade de qualquer debate e transigncia entre as partes, uma vez que um do contratantes se limita a aceitar as clusulas e condies previamente redigidas e impressas pelo outro, aderindo a uma situao contratual j definida em todos os seus termos.

Contratos de execuo imediata so os que se esgotam num s instante, mediante uma nica prestao; ex: compra e venda de uma coisa vista.

Contratos de execuo continuada so os que se protraem no tempo, caracterizando-se pela prtica ou absteno de atos reiterados, solvendo-se num espao mais ou menos longo de tempo; ocorrem quando a prestao de um ou ambos os contraentes se d a termo; ex: compra e venda prazo.

CONTRATOS INFORMAIS

Contratos solenes e informais: como na autonomia privada a liberdade grande, a maioria dos contratos so informais e consensuais, bastando o acordo de vontades para sua formao (107, 104 III). J em alguns contratos, pelas suas caractersticas, a lei exige solenidades para sua concluso, como no caso da doao e fiana que devem ser por escrito (541 e 819). J na compra e venda de imvel, pelo valor e importncia dos imveis, o contrato alm de escrito deve ser feito por tabelio, pelo que para adquirir uma casa s o acordo de vontades no basta, necessrio tambm celebrar uma escritura pblica (arts. 108 e 215). Ento os contratos informais podem ser verbais, enquanto os contratos solenes devem ser por escrito, seja particular (feito por qualquer pessoa/advogado, como na fiana e doao) ou pblico (feito apenas em Cartrio de Notas, qualquer deles). INSTRUMENTOS DE FORMALIZAO

Obrigatoriedade da Constituio de Instrumento de Formalizao

1Na concesso de crdito ou adiantamento, necessria a constituio de ttulo de crdito adequado, independentemente das garantias constitudas. (Item IX, alnea "f", da Resoluo n 1.559 de 22/12/1988 do Conselho Monetrio Nacional)

Tipos de Instrumentos de Formalizao

2As operaes de emprstimo e financiamento, inclusive para composio, confisso e assuno de dvidas, bem como as de cesso de crditos e outros direitos e as de assuno, pelo Banco, de obrigaes de terceiros sero contratadas mediante formalizao dos seguintes instrumentos:

a)contratos;

b)cdulas de crdito;

c)notas de crdito.

3Os contratos so utilizados para a formalizao das operaes de emprstimo, de composio, confisso e assuno de dvidas, de cesso de crditos e outros direitos e de assuno de obrigaes de terceiros realizadas pelo Banco e sero objeto do seguinte:

a)instrumento pblico, quando neles se pactuar garantia hipotecria sobre imvel de valor superior a 30 vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas; (art. 108 do Cdigo Civil)

b)instrumento particular, nos demais casos.

Notas: 1As hipotecas de navios e aeronaves sero contratadas exclusivamente mediante instrumento pblico. 2Os financiamentos rurais que tenham alienao fiduciria como garantia sero formalizados mediante contrato, uma vez que no se pode pactuar alienao fiduciria em cdulas e notas de crdito rural.Contratos por Instrumento Pblico4Os contratos por instrumento pblico sero formalizados mediante escritura pblica. (Art. 108 do Cdigo Civil)

5A escritura pblica, lavrada em cartrio, documento de f pblica, que faz prova plena dos direitos e obrigaes nela consignados. (Art. 215 do Cdigo Civil)

Contratos por Instrumento Particular6O contrato por instrumento particular, feito e assinado, subscrito por 2 testemunhas, prova as obrigaes convencionais de qualquer valor, mas os seus efeitos, perante terceiros, no se operam antes de transcrito no registro pblico competente. (Art. 221 do Cdigo Civil)

Cdulas e Notas de Crdito7As cdulas de crdito e as notas de crdito so ttulos de crdito utilizados, preferencialmente, para formalizao dos financiamentos concedidos pelo Banco s pessoas fsicas e jurdicas que se dediquem s atividades rural, agro-industrial, industrial, mineral, de turismo, comercial e de prestao de servios.

8As cdulas e notas de crdito constituem promessa de pagamento em dinheiro, sem ou com garantia real cedularmente constituda. (Art. 9 do Decreto-Lei n 167 de 14/02/1967; art. 9 do Decreto-Lei n 413 de 09/01/1969; art. 5 da Lei n 6.313 de 16/12/1975; art. 5 da Lei n 6.840 de 03/11/1980)

9As cdulas e notas de crdito so ttulos lquidos e certos, exigveis pela somas delas constantes ou do endosso, alm dos juros, da comisso de fiscalizao, se houver, e demais despesas que o credor fizer para segurana, regularidade e realizao do seu direito creditrio. (Art. 10 do Decreto-Lei n 167 de 14/02/1967; art. 10 do Decreto-Lei n 413 de 09/01/1969; art. 5 da Lei n 6.313 de 16/12/1975; art. 5 da Lei n 6.840 de 03/11/1980)

Oramento10A aplicao dos financiamentos formalizados por cdula ou nota de crdito ser ajustada em oramento, do qual constar expressamente qualquer alterao posterior que for convencionada, podendo ele constar do texto do ttulo ou constituir anexo, sendo, nessa ltima hiptese, assinado pelo financiado e autenticado pelo Banco. (Art. 3 do Decreto-Lei n 167 de 14/02/1967; art. 3 do Decreto-Lei n 413 de 09/01/1969; art. 3 da Lei n 6.313 de 16/12/1975; art. 2 da Lei n 6.840 de 03/11/1980)

Cdula e Nota de Crdito Rural11Para formalizao dos financiamentos concedidos ao setor rural, utilizam-se as cdulas de crdito rural, cujas modalidades so as seguintes:

a)Cdula Rural Pignoratcia, quando previr, como garantia, a constituio de penhor;

b)Cdula Rural Hipotecria, quando previr, como garantia, a constituio de hipoteca;

c)Cdula Rural Pignoratcia e Hipotecria, quando previr, como garantia, a constituio de penhor e hipoteca;

d)Nota de Crdito Rural, quando no previr a constituio de nenhuma das garantias mencionadas nas alneas anteriores, ressalvado o disposto na Nota 2 anterior.

Cdula e Nota de Crdito Industrial12Para formalizao dos financiamentos concedidos aos setores industrial, agro-industrial, mineral e de turismo, utilizam-se:

a)Cdula de Crdito Industrial, quando se exigirem garantia representada por alienao fiduciria e/ou garantia real representada por penhor e/ou hipoteca;

b)Nota de Crdito Industrial, quando no se exigir nenhuma das garantias mencionadas na alnea anterior.

Aval nas Cdulas e Notas de Crdito15As cdulas de crdito podem ser garantidas por aval, adicionalmente s demais garantias obrigatrias cedularmente constitudas.

16As notas de crdito sero garantidas apenas por aval.

Aditivos e Menes Adicionais17Os contratos podem ser alterados por aditivos, os quais sero formalizados por escrito, mediante instrumento pblico ou particular, conforme seja pblico ou particular o instrumento modificado.

18As cdulas e notas de crdito podem ser alteradas por aditivo ou por meno adicional.

19O aditivo, na forma do item 18 anterior, utilizado para contemplar modificaes no previstas nas cdulas e notas de crdito e ser formalizado em instrumento distinto, podendo, a critrio da agncia, alternativamente, ser utilizados os espaos em branco porventura existentes no prprio ttulo original, como continuao do texto do documento.

20A meno adicional utilizada exclusivamente para modificar as cdulas e notas de crdito com relao a fatos previamente ajustados no prprio ttulo e ser formalizada da mesma forma que o aditivo.

21No poder ser firmado aditivo para modificar instrumento j totalmente vencido. (Parecer SUPEJ/Assop-92/0652 de 13/04/92).13/01/2003

GARANTIASfidejussrias1Fiana o contrato, pelo qual uma terceira pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigao assumida pelo devedor, caso este no a cumpra.

2A prestao da fiana independe do consentimento do devedor e pode ser prestada mesmo contra a vontade do devedor.

3No havendo limitao expressa da garantia que a fiana confere, ela compreender o valor do crdito e todos os seus acessrios, inclusive despesas judiciais.

Impedidos de Prestar Fiana4No podem prestar fiana as autarquias federais, as empresas pblicas federais, as sociedades de economia mista federais e demais entidades sob controle acionrio da Unio e as respectivas subsidirias.

5Excluem-se do disposto no item anterior:

a) as instituies financeiras federais;

b) a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP);

c) as fianas prestadas entre controladas ou coligadas.

Formalizao da Fiana6A fiana ser formalizada mediante interveno do fiador no contrato entre credor e devedor, podendo, alternativamente, ser formalizada mediante a expedio de carta de fiana, subscrita pelo fiador, no sendo possvel a prestao de fiana em garantia de dvida formalizada por ttulo de crdito (cdulas de crdito, notas de crdito, notas promissrias, duplicatas, cheques etc.).

13/01/2003

7A fiana s pode ser dada por escrito, no admitindo, em sua interpretao, que se entenda mais do que est escrito no instrumento contratual, ou seja, a fiana no admite interpretao extensiva.

Benefcio de Ordem8O fiador convocado a pagar a dvida por ele garantida tem direito a exigir que sejam primeiro executados os bens do devedor, ou seja, tem direito de exigir o benefcio de ordem.

9O fiador no poder fazer a exigncia de que trata o item 8 anterior nas seguintes hipteses:

a) se tiver renunciado expressamente ao benefcio de ordem;

b) se obrigou como principal pagador ou devedor solidrio;

c) se o devedor for insolvente ou falido.

Fiadores Solidrios10A fiana conjuntamente prestada a uma s dvida por mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente no se reservaram o benefcio da diviso.

11Estipulado o benefcio da diviso, cada fiador responder unicamente pela parte que, proporcionalmente, lhe couber no pagamento.

Morte, Insolvncia, Incapacidade e Falncia do Fiador12Se o fiador se tornar insolvente(que ou quem no pode pagar o que deve), poder o credor exigir que seja substitudo.

13/01/2003

13A exigncia de que trata o item 12 anterior tambm poder ser feita pelo credor no caso de o fiador se tornar incapaz.

Outorga(aprovao) do Cnjuge14O marido no pode prestar fiana sem a concordncia da mulher, ou seja, sem a outorga uxria, exceto se casados em regime de separao absoluta de bens.

15A mulher no pode prestar fiana sem a concordncia do marido, ou seja, sem a outorga marital, exceto se casados em regime de separao absoluta de bens.

16A outorga do cnjuge ser dada por escrito, mediante incluso de clusula especial no contrato ou em documento parte, mencionado no contrato.

17A prestao de fiana, conjunta e simultaneamente pelo marido e pela mulher, em garantia da mesma dvida, subentende a concesso recproca da outorga.

Extino da Fiana18O fiador, ainda que solidrio com o devedor ou com outro fiador, ficar desonerado da sua obrigao nas seguintes situaes:

a)se, sem consentimento seu, o credor conceder moratria ao devedor;

b) se, sem consentimento seu, o credor conceder ao devedor alguma prorrogao de prazo ou fizer com ele novao do contrato;

c)se, por fato do credor, for impossvel a sub-rogao nos direitos e preferncias deste;

d) se o credor, em pagamento da dvida, aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perd-lo por evico(roubo).

19 O fiador poder exonerar-se da fiana que tiver assinado sem limitao de tempo, sempre que lhe convier, ficando, porm, obrigado por todos os efeitos da fiana, durante 60 dias aps a notificao do credor.

Prestao de Fiana e Aval Bancrios em Operaes no Pas

1 Finalidade1.1 Garantir compromissos financeiros (principal e acessrios) assumidos por pessoas fsicas e jurdicas perante outras pessoas fsicas e jurdicas, decorrentes dos seguintes tipos de operao:

a) emprstimos e financiamentos concedidos por instituies financeiras;

b) financiamentos da aquisio de equipamentos, mquinas, matrias-primas e insumos, concedidos pelos prprios fornecedores;

c) financiamentos da contratao de prestao de servios, concedidos pelos prprios prestadores dos servios.

1.2 Possibilitar a participao de pessoas fsicas e jurdicas em licitaes (concorrncias, tomadas de preo e convites), mediante a garantia de que, caso sejam vencedoras, no deixaro de assinar o respectivo contrato.

1.3 Garantir a interposio de recursos fiscais.

Notas: 1As garantias de que trata o item 1 anterior sero prestadas nas seguintes modalidades:a) carta de fiana;

b) fiana mediante intervenincia em instrumento contratual;

c) aval em notas promissrias e duplicatas.2 vedada a outorga de aceite em ttulos cambirios para os fins deste Captulo.2 Pblico-alvoPessoas fsicas e jurdicas que, na avaliao de risco efetuada pelo Banco, tenham obtido pontuao igual ou superior a 7.3 Fonte dos RecursosNo caso de o Banco ter de honrar a garantia, sero utilizados recursos internos.

4 LimitaesRespeitada a margem disponvel no LRC do cliente, a garantia ser prestada como indicado a seguir:

a) em valor equivalente a at 100% do valor da obrigao do cliente, inclusive os encargos devidos ao credor, se houver, nos casos dos subitens 1.1 e 1.3 anteriores;

b) em valor equivalente ao percentual mnimo exigido no edital, no caso do subitem 1.2 anterior.

5 PrazoA garantia ter o mesmo prazo da obrigao do cliente.

6 Encargos6.1 Comisso pela prestao da garantia, fixada, caso a caso, pela Diretoria.

6.2 Tarifas na forma da regulamentao pertinente.

Notas: 3A comisso pela prestao da garantia e o modo de cobrana, conforme a Nota 4 a seguir, sero sugeridos pela agncia Diretoria a partir de articulao prvia com a rea Financeira.

4A comisso pela prestao da garantia incidir sobre o valor da obrigao garantida e poder ser cobrada como segue, alternativamente, a critrio da Diretoria:a)de uma s vez por ocasio da prestao da garantia, independentemente do transcurso de tempo (comisso flat);

b) antecipadamente, na data da prestao da garantia, pelo perodo entre essa data e a data prevista para o pagamento ao credor ou, conforme o caso, a data prevista para extino da garantia;

c) antecipadamente, a partir da data da prestao da garantia, por perodos mensais, trimestrais ou semestrais, at a data prevista para o pagamento ao credor ou, conforme o caso, a data prevista para extino da garantia;

d)na data do pagamento ao credor ou, conforme o caso, na data de extino da garantia, pelo perodo desde a data em que tiver sido prestada a garantia.5Entende-se por data de extino da garantia a data de assinatura do contrato, nos casos do subitem 1.2 anterior, ou a data da resoluo da pendncia, nos casos do subitem 1.3 anterior.7 Contragarantias7.1 As contragarantias sero as seguintes:

a) aval em nota promissria emitida pelo cliente ordem do Banco, prestado por 2 pessoas idneas e detentoras de patrimnio imobilirio livre de nus compatvel com a obrigao assumida;

b) fiana;

c) hipoteca;

d) alienao fiduciria;

e) penhor.

Nota 6:A nota promissria de que trata a alnea 7.1-a anterior ter valor correspondente a um percentual sobre o valor da garantia prestada, que cubra o seu pagamento, acrescido da estimativa dos encargos devidos.

7.2 A escolha das contragarantias, dentre as indicadas no subitem 7.1 anterior, se far consoante a Tabela 1 a seguir.

Tabela 1Parmetros para Escolha de ContragarantiasPontuao do Cliente

obtida na avaliaoPrazo at

6 meses (1)Prazo entre 6 meses

e 1 ano (1)

de risco

Utilizao

at 50% LRCUtilizao

> 50% LRCUtilizao

at 20% LRCUtilizao

> 20% LRC

8,0 a 10FFFF

7,0 a 7,9

FF + LF + LR + F

Convenes: F = contragarantia fidejussria; R = contragarantia real; L = fundo de liquidez.(1) Contado a partir da data da prestao da garantia at a data prevista para pagamento ao credor ou, conforme o caso, at a data de extino da garantia.Nota 7:Sendo impraticvel a formao de fundo de liquidez para lastrear a operao, fica facultada a constituio, em substituio, de contragarantia real.7.3As operaes de prazo maior que 1 ano, contado da data da prestao da garantia at a data prevista para pagamento ao credor ou, conforme o caso, a data de extino da garantia, sero lastreadas por contragarantias real e fidejussria, independentemente da pontuao do cliente, obtida na avaliao de risco, e do percentual de utilizao do LRC.

7.4A relao contragarantia real/garantia prestada obedecer aos percentuais indicados na Tabela 2 a seguir.

Tabela 2Relao Contragarantia Real/Garantia Prestada (% mnimo)Pontuao obtida pelo cliente

na avaliao de riscoRemovibilidade dos Bens Vinculados (1)

BaixaMdiaAlta

8,0 a 10,0125130140

7,0 a 7,9130140150

(1) Em caso de apresentao de diferentes tipos de contragarantia, efetuar-se- a ponderao do grau de removibilidade de cada uma.8 ReembolsoNa hiptese de o Banco vir a ter de honrar a garantia prestada, o reembolso dos valores por ele pagos ao credor da obrigao garantida far-se- mediante o pagamento, pelo cliente, do valor total relativo ao desembolso efetuado pelo Banco, com os acrscimos contratuais de inadimplemento, alm do IOF na forma da regulamentao pertinente.

9 Outras Condies9.1 Agncias ImpedidasFicam impedidas de realizar as operaes de que trata este Captulo as agncias, cujo saldo devedor em atraso, oriundo de desconto de duplicatas, notas promissrias e cheques pr-datados, de Cheque Especial, Cheque Empresa de Conta Empresarial, de emprstimo para capital de giro (inclusive para optantes do art. 19 da Lei n 8.167/91), de hot money e de Vendor, somado ao valor dos adiantamentos a depositantes no liquidados no prazo de 3 dias teis, supere, h mais de 5 dias, 3% do saldo total das mencionadas operaes.

9.2 Prestao da Garantia9.2.1Sero previamente submetidos apreciao do Ambiente de Implementao de Programas os contratos referentes s obrigaes para as quais se pretenda a garantia do Banco.

9.2.2O disposto no subitem 9.2.1 anterior no se aplica quando se tratar de garantia para lastrear o financiamento da aquisio de equipamentos, mquinas, matria-prima e insumos, concedido pelo prprio fornecedor.

9.2.3As minutas das cartas de fiana sero propostas pelos beneficirios das garantias e submetidos apreciao do Ambiente de Implementao de Programas.

9.2.4A garantia ter perfeita caracterizao do seu vencimento e valor certo em moeda nacional, sendo vedada a vinculao Taxa Referencial (TR) ou a qualquer outro ndice da espcie, inclusive ndices de preos.

9.3 Acompanhamento das OperaesA agncia do cliente exercer rigoroso acompanhamento das operaes da espcie com ele contratadas e da sua situao econmico-financeira com vistas adoo das medidas preventivas que se mostrarem adequadas, de sorte que o Banco no venha a ser forado a honrar a grantia prestada.

9.4 Alada Exclusiva da DiretoriaAs operaes disciplinadas neste Captulo repousaro na margem disponvel do LRC do cliente e a deciso quanto sua realizao da alada exclusiva da Diretoria, independentemente de valor, ressalvada a competncia do Conselho de Administrao.

9.5 Procurao Especfica9.5.1 Ser passada, pelo presidente do Banco, procurao especfica, dando poderes ao gerente da agncia do cliente para prestar a garantia na forma deste Captulo.

9.5.2 A emisso da procurao ser solicitada pela agncia quando do encaminhamento da proposta para deciso pela Diretoria.Aval

1O aval garantia, pela qual uma pessoa se obriga por outra, comprometendo-se, solidariamente, a pagar ttulo de crdito, do qual esta seja o devedor.

2O aval independente da obrigao por ele garantida, o que significa ser ele uma garantia autnoma.

Objeto do Aval3Podem ser avalizados, dentre outros ttulos de crdito:

a) as notas promissrias;

b) as duplicatas;

c) as cdulas de crdito e as notas de crdito;

d) as letras de cmbio.

Impedidos de Dar Aval4No podem dar aval as autarquias federais, as empresas pblicas federais, as sociedades de economia mista federais e demais entidades sob controle acionrio da Unio e as respectivas subsidirias.

5Excluem-se do disposto no item anterior:

a) as instituies financeiras federais;

b) a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP);

c) os avales dados entre controladas ou coligadas.

20/01/2003

Formalizao do Aval6Formaliza-se o aval mediante a simples assinatura do prprio punho do avalista ou mandatrio especial, no verso ou no anverso do ttulo de crdito, ou em folha anexa ao ttulo.

7Exprime-se o aval pelas expresses "bom por aval", "por aval do emitente" etc., ou por qualquer frmula equivalente.

Beneficirio do Aval8O aval indicar a pessoa em favor de quem dado (sacador, emitente, sacado, favorecido, aceitante), ficando o avalista a ela equiparado.

9Na falta de indicao da pessoa em favor de quem dado, o aval beneficiar a pessoa abaixo de cuja assinatura o avalista lanar a sua.

10Fora do caso de que trata o item 9 anterior, no havendo indicao da pessoa a quem dado, o aval beneficiar as seguintes pessoas:

a) no caso de letra de cmbio, o aceitante e, no estando aceita a letra, o sacador

b) no caso de nota promissria, o emitente;

c) no caso de duplicata, o comprador.

20/01/2003

Validade do Aval11A obrigao do avalista permanece, mesmo no caso de a obrigao por