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Page 1: Aspectos Filosóficos da Arquitetura Medieval - hcte.ufrj.br · Scientiarum Historia II – Encontro Luso-Brasileiro de História das Ciências – UFRJ / HCTE & Universidade de Aveiro

Scientiarum Historia II – Encontro Luso-Brasileiro de História das Ciências – UFRJ / HCTE & Universidade de Aveiro

2º Congresso de História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia – 28 a 30 de outubro de 2009

Aspectos Filosóficos da Arquitetura Medieval Marta Rocha¹ *, André Vinícius Dias Senra ².

¹ Pós-Graduanda em Filosofia Medieval da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro. * Email: [email protected]² Doutorando do Programa de História das Ciências, das Técnicas e Epistemologia (HCTE) da UFRJ, Instituto de Química. Professor da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro. Palavras Chave: Filosofia, simbolismo, simetria, arte.Introdução

Introdução Este trabalho propõe a apresentação sobre como a arte medieval, principalmente em relação à arquitetura das catedrais medievais, receberam influência do pensamento filosófico. Nesta perspectiva se discute as relações entre as influências platônico-aristotélicas e a tendência arquitetônica na construção das catedrais deste período histórico.

Resultados e Discussão

As catedrais medievais foram construídas durante o apogeu dos estudos filosóficos clássicos e da reorganização social urbana. A arquitetura das catedrais representava o ideal estético da época, seguindo a orientação platônico-aristotélica na medida em que expressava no plano sensível a beleza das suas formas como ideal inteligível da forma Divina, que seria o reflexo e justificativa de sua Verdade. No período medieval, a ideia do conhecimento da verdade é hilemórfica, pois, a forma ideal não é concebida isoladamente. Ainda que esta perspectiva comporte um interesse teológico, contudo, a filosofia presente aqui encontra-se orientada pela questão do conhecimento, pois, concebe a forma ideal associada com a matéria sensível. Certamente nesta tradição, o papel reservado ao ato de ver é importante. Desse modo, a intuição sensível cumpre a função cognitiva de mostrar a sensação da beleza associada com o ideal Belo. Segundo a concepção platonista, a ideia do Belo é o esplendor do Verdadeiro, bem como na orientação teológica, sua manifestação representa a Arte Sagrada como veículo do Espírito Divino. A forma artística relacionada à intuição sensível seria o modo de apreensão cognitiva que permite assimilar diretamente as verdades inteligíveis de modo transcendental (nos termos em que Kant formulou a ideia, posteriormente). A estética liga-se, então, à cosmologia e esta à ontologia e metafísica, traduzindo o invisível através daquilo que é visível. Não havendo, nesta perspectiva, uma dissociação entre sensível e inteligível, logo, o papel da intuição estética seria o de conduzir a parte na compreensão do todo. Esse todo é a ideia de universal. A beleza das catedrais remete às analogias e correspondências simbólicas em relação ao modelo ontológico da Criação de ordenação do espaço e do tempo. O aspecto simbólico serve de suporte para uma compreensão epistemológica da arquitetura medieval, na medida em que o homem medieval percebe no plano sensível a possibilidade de tematizar a transcendência no produto humano, no caso a arte. Ao final do século XIII, a sociedade transformada pelo desenvolvimento econômico e das universidades, quer se ver representada na arte, agora que a matéria começa a ser valorizada pela difusão dos textos traduzidos de Aristóteles e com o impacto do nominalismo de Guilherme de Ockham.

Conclusões A arquitetura é produto do conhecimento humano, ou seja, é desenvolvida a partir de técnicas e possui finalidade prática. O que se mostra, neste trabalho, não é apenas a tematização de um período histórico da arquitetura, ou a influência filosófica dos pensadores clássicos neste período, mas a possibilidade de aproximação dos temas teológicos em relação à perspectiva do conhecimento, tendo a arte como parâmetro.

Referências e Notas 1 Dales, R. C. The Scientific Achievement of the Middle Ages. University of Pennsylvania Press, 1973. 2 Duhem, P. Medieval Cosmology. Theories of Infinity, Place, Time, Void, and the Plurality of Worlds. Chicago: The University of Chicago Press, 1985. 3 Eco, U., História da Beleza. Rio de Janeiro: Record, 2004. 4 Panofisky, E., Arquitetura Gótica e Escolástica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.