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27 Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 5, n. 10, jan./jun. 2010. ASPECTOS ECONÔMICOS DA RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA Claudio Ramalho Townsend * Newton de Lucena Costa ** Ricardo Gomes de Araújo Pereira * RESUMO A pecuária tem sido uma atividade pioneira no processo de ocupação da Amazônia Legal nas últimas décadas, ocupando segmentos significativos da floresta. As pastagens cultivadas representam o principal suporte alimentar para os rebanhos e normalmente, na fase inicial de utilização apresentam produtividade satisfatória, mas com o decorrer do tempo (cinco a seis anos após o estabelecimento) constata-se gradativa e crescente redução na produtividade, que passa a refletir negativamente nos indicadores zootécnicos dos rebanhos e consequentemente, contribui para a falta de sustentabilidade da atividade. São muitos os fatores que levam a esta situação, com destaque a baixa fertilidade natural dos solos, utilização de germoplasma impróprio as condições ecológicas e a adoção de práticas de manejo inadequadas. Este processo leva ao desequilíbrio do complexo solo-planta-animal, a erosão e a compactação do solo, reduzem consideravelmente o vigor e a produtividade das plantas forrageiras, e favorece o surgimento de plantas invasoras, culminando na completa degradação da pastagem. Este cenário tem despertado a preocupação de diferentes segmentos da sociedade, que cada vez mais exerce pressão sobre o setor produtivo que atua no Bioma Amazônia, com o intuito de que este adote sistemas de produção que sejam sustentáveis. Neste contexto, a reabilitação de áreas de pastagens degradadas tem sido apontada como uma das alternativas. As tecnologias e processos a serem adotadas, há vários anos vêm sendo pesquisadas e postos em prática, comprovando a sua eficácia técnica, mas a abrangência de adoção ainda é restrita, em relação a vasta área a recuperar, o que pode ser atribuído ao elevado custo financeiro despendido no processo de recuperação de pastagens. Palavras-chave: Pastagem-Custo de Recuperação. Pastagem Degradada. Pecuária. * Zootecnista, D.Sc., Pesquisador da Embrapa Rondônia, BR 364, km 5,5, Porto Velho, RO 78900-970. E-mail: [email protected] // [email protected]. ** Engenheiro Agrônomo, M.Sc., Pesquisador da Embrapa Roraima, BR 174, km 8,0, Roraima, RR 69301-970. E-mail: [email protected].

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Page 1: ASPECTOS ECONÔMICOS DA RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS …€¦ · pastagens e, consequentemente, início dos processos de degradação. Deste modo, as medidas tradicionais de manutenção,

27Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 5, n. 10, jan./jun. 2010.

ASPECTOS ECONÔMICOS DA RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

Claudio Ramalho Townsend*

Newton de Lucena Costa**

Ricardo Gomes de Araújo Pereira*

RESUMO

A pecuária tem sido uma atividade pioneira no processo de ocupação da Amazônia Legal nasúltimas décadas, ocupando segmentos significativos da floresta. As pastagens cultivadas representamo principal suporte alimentar para os rebanhos e normalmente, na fase inicial de utilização apresentamprodutividade satisfatória, mas com o decorrer do tempo (cinco a seis anos após o estabelecimento)constata-se gradativa e crescente redução na produtividade, que passa a refletir negativamente nosindicadores zootécnicos dos rebanhos e consequentemente, contribui para a falta de sustentabilidadeda atividade. São muitos os fatores que levam a esta situação, com destaque a baixa fertilidadenatural dos solos, utilização de germoplasma impróprio as condições ecológicas e a adoção de práticasde manejo inadequadas. Este processo leva ao desequilíbrio do complexo solo-planta-animal, a erosãoe a compactação do solo, reduzem consideravelmente o vigor e a produtividade das plantas forrageiras,e favorece o surgimento de plantas invasoras, culminando na completa degradação da pastagem.Este cenário tem despertado a preocupação de diferentes segmentos da sociedade, que cada vezmais exerce pressão sobre o setor produtivo que atua no Bioma Amazônia, com o intuito de que esteadote sistemas de produção que sejam sustentáveis. Neste contexto, a reabilitação de áreas depastagens degradadas tem sido apontada como uma das alternativas. As tecnologias e processos aserem adotadas, há vários anos vêm sendo pesquisadas e postos em prática, comprovando a suaeficácia técnica, mas a abrangência de adoção ainda é restrita, em relação a vasta área a recuperar, oque pode ser atribuído ao elevado custo financeiro despendido no processo de recuperação depastagens.

Palavras-chave: Pastagem-Custo de Recuperação. Pastagem Degradada. Pecuária.

* Zootecnista, D.Sc., Pesquisador da Embrapa Rondônia, BR 364, km 5,5, Porto Velho, RO 78900-970.E-mail: [email protected] // [email protected].

** Engenheiro Agrônomo, M.Sc., Pesquisador da Embrapa Roraima, BR 174, km 8,0, Roraima, RR 69301-970.E-mail: [email protected].

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ECONOMIC ASPECTS OF THE RECOVERY PASTURES IN THE BRAZILIAN AMAZON

ABSTRACT

Livestock farming has been a pioneering activity in the occupation of the Amazon in recentdecades, occupy significant segments of the forest. The cultivated pastures represent the main feedsource for herds, and in their initial stage the productivity is satisfactory, but through the time (five tosix years after the establishment) a gradual and crescent reduction in the productivity observed withnegative reflects in the production parameters leading to unsustainable of the activity. There are manyfactors leading to this situation, with emphasis the low natural soils fertility, inadequate use of theforage germplasm for the ecological conditions and the adoption of inappropriate managementpractices. This process leads to imbalance of the soil-plant-animal complex, soil erosion and compaction,reducing the regrowth and productivity of forage plants and favors the emergence of weeds, culminatingin the complete pasture degradation. This scenario has attracted the concern of different segments ofsociety, that increasingly pressure on the productive sector that operates in the Amazonia Bioma, withthe intention that it adoption production systems that are sustainable. In this context, the rehabilitationof degraded pastures has been identified as one of the alternatives. The technology and processes tobe adopted, several years have been researched and implemented, demonstrating its technicaleffectiveness, but the coverage to adoption is still limited, for wide area to recover, this can be attributedto the high financial cost involved in the recovery process from pasture.

Keywords: Cost Recovery. Degraded Pastures. Livestock.

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1 INTRODUÇÃO

A pecuária tem sido uma atividade pioneirano processo de ocupação da Amazônia Legal nasúltimas décadas, ocupando segmentossignificativos da floresta, em consequência daabertura de novas estradas e da implantação dedezenas de Projetos de Colonização eAssentamento que propiciaram as condiçõesfavoráveis para a ocupação humana na região.As pastagens cultivadas representam o principalsuporte alimentar para os rebanhos, as quais,após a derrubada e queima da floresta,apresentam uma excelente produtividade nosprimeiros anos, como decorrência daincorporação ao solo de grandes quantidades denutrientes contidos na biomassa incinerada e daredução do alumínio trocável a níveis nãolimitantes ao estabelecimento das pastagens. Noentanto, com o decorrer do tempo, notadamenteapós cinco a seis anos de utilização daspastagens, observa-se uma gradativa redução emsua produtividade, com reflexos altamentesignificativos e negativos no desempenhozootécnico dos rebanhos.

O declínio na produtividade das pastagensé originário de diversos fatores, sendo os maisimportantes, a baixa fertilidade natural dos solos,notadamente os níveis muito baixos de fósforo; autilização de germoplasma pouco adaptado àscondições ecológicas da região e a adoção depráticas de manejo inadequadas (baixa oferta deforragem sob lotação continua), favorecendo ainfestação por plantas invasoras (SERRÃO;HOMMA, 1982). O desequilíbrio do complexosolo-planta-animal, a erosão e a compactação dosolo, em especial os mais argilosos, reduzemconsideravelmente o vigor e a produtividade dasplantas forrageiras, ensejando condiçõesfavoráveis para que ocorra a completa degradaçãoda pastagem. Mesmo com a utilização de

gramíneas forrageiras promissoras para a região,tem-se constatado pouca persistência destaspastagens e, consequentemente, início dosprocessos de degradação. Deste modo, as medidastradicionais de manutenção, como limpeza equeima das pastagens, tornam-se inócuas,verificando-se uma redução considerável nacapacidade de suporte das mesmas e dominânciado ecossistema pelas plantas invasoras, as quaisapresentam maior adaptação às condiçõesedafoclimáticas prevalecentes na região.

Este cenário tem despertado apreocupação de diferentes segmentos dasociedade com atuação no Bioma Amazônia, como intuito de que o setor produtivo adote sistemasde produção mais sustentáveis. No âmbito daspolíticas de governo, o Plano AmazôniaSustentável (PAS) pode ser considerado uma dasiniciativas públicas voltada para a região Nortede forma participativa, devido sua construçãocom o envolvimento dos estados amazônicos, aqual apresenta entre seus objetivos e estratégiasa sustentabilidade e conservação dos recursosnaturais, onde as pastagens cultivadas merecematenção especial, pois representam o principaluso das terras deste Bioma (BRASIL, 2008), bemcomo, por ser a atividade pecuária de sumaimportância para garantir a segurança alimentar(carne e leite) e ser fonte de renda e ocupaçãopara milhares de pequenos produtores (REBELLO;HOMMA, 2005). Neste contexto, a reconversãode pastagens degradadas ao processo produtivoassume grande relevância dada à extensa área aser recuperada, no entanto, os elevados custostêm impedido uma ampla adoção das tecnologiasde recuperação. No presente trabalho sãoapontadas diferentes tecnologias de recuperação/renovação de pastagens, dando-se ênfase aosaspectos econômicos envolvidos no processo.

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O Bioma Amazônia abrange,aproximadamente, 4.196.943 km2 representando49,03% do território brasileiro e ocupa a totalidadedos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará eRoraima, grande parte de Rondônia (99%) e doMato Grosso (54%), boa extensão do Maranhão(34%) e Tocantins (9%), conforme o InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007).As pastagens cultivadas representam o principaltipo de uso da terra neste Bioma, constituindo-seem sistemas complexos formados peloscomponentes solo-planta-animal, os quais estãosujeitos às modificações antrópicas através do seumanejo (VALENTIM; ANDRADE, 2009). Estima-seque o Brasil conta com cerca de 172 milhões de hade pastagens (IBGE, 2008), dos quais mais de 61milhões encontram-se na Amazônia Legal. Dadospublicados pelo Instituto Nacional de PesquisasEspaciais (INPE, 2009) mostram que a áreadesflorestada na Amazônia Legal brasileira jáultrapassa 700.000 km2, cerca de 71 milhões ha.Deste total, estima-se que cerca de 80% são usadosem algum período com pastagens (FEARNSIDE,1996). Só em Rondônia, a área desmatada, até oano de 2008, foi estimada em 82,5 x 103 km2,correspondendo à cerca de 34% de seu território.

A derrubada da floresta seguida da queimatem constituído o processo usual de preparo daárea para formação de pastagens. Com aintrodução de gramíneas dos gêneros Panicum,Brachiaria, Hyparrhenia, Andropogon, Setaria ePennisetum, e com menos frequência leguminosasdos gêneros Arachis, Cajanus, Centrosema,Desmodium, Leucaena, Pueraria e Stylosanthes.A Brachiaria brizantha cv. Marandu (braquiarão)tem sido bastante difundida nas últimas décadas,por apresentar alta produtividade e adaptação àscondições edafoclimáticas e bióticas da região(COSTA et al., 1996; COSTA, 2004), no entanto,vem se tornando, cada vez mais vulnerável àspressões bióticas e abióticas, em função da

extensa área cultivada, caracterizando seumonocultivo (AMARAL; VALENTIM, 2007). Osimpactos globais mais importantes deste processoestão relacionados com a emissão de gasescausadores do efeito estufa por ocasião da queimada biomassa, sobretudo CO2, perdas dabiodiversidade e efeitos da fumaça (FEARNSIDE,1997; UHL; KAUFFMAN, 1990). Contudo, asmodificações recaem, principalmente, sobre umdos componentes do sistema, o solo, em funçãoda nova cobertura vegetal e da presença do animalem pastejo (HYNES; WILLIAMS, 1993).

Na sua maioria, as pastagens formadas emárea de floresta, seguem em maior ou menorescala, os padrões produtivos descritos por Serrãoe Homma (1993). Após o estabelecimento dapastagem, via de regra, esta apresenta bons níveisde produtividade, podendo atingir capacidade desuporte de até 1,5 UA/ha (Unidade Animal - 450kg de peso vivo), em decorrência do incrementona fertilidade do solo pela incorporação das cinzasprovenientes da queima da exuberante biomassada floresta, situação que perdura durante os 3 a 5primeiros anos. Paulatinamente, há decréscimo naprodutividade e incremento na comunidade deplantas invasoras, em decorrência da incapacidadeda gramínea forrageira sustentar bonsrendimentos em níveis baixos de fertilidade, sendofósforo (P) o elemento mais limitante, muitoembora, em pasto com avançado estágio dedegradação, o N e K também passam a serlimitantes, em decorrência dos baixos teores dematéria orgânica no solo (TOWNSEND et al.,2001). Este processo culmina com a inviabilidadebioeconômica da pastagem.

O processo de degradação é acelerado pelaalta incidência de pragas e doenças, bem como,pelo manejo inadequado do sistema solo-planta-animal, imposto pelo homem (COSTA et al., 1998;COSTA, 2004). Estima-se que, aproximadamente,

2 PASTAGENS CULTIVADAS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

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40% da área estabelecida com pastagens naAmazônia Legal se encontram em diferentesestágios de degradação, que para Serrão eHomma (1993), representam mais de 10 milhõesde ha com níveis de infestação de plantasinvasoras acima de 70%, caracterizando umelevado grau de degradação, fato que tambémse dá em outras regiões tropicais.

Como se percebe a degradação depastagens envolve diferentes fatores bióticos eabióticos que atuam de maneira isolada, mas quepassam a interagir em todo o sistema pastoril.Emitir um conceito não é tarefa simples, assim,por exemplo, para Macedo e Zimmer (1993) “é oprocesso evolutivo da perda de vigor, daprodutividade e da capacidade de recuperaçãonatural das pastagens para sustentar os níveis deprodução e qualidade exigida pelos animais, assimcomo, o de superar os efeitos nocivos de pragas,doenças e plantas invasoras, culminando com adegradação avançada dos recursos naturais, emrazão de manejos inadequados”. Dias-Filho (2005)subdivide o processo em degradação agrícolana qual a capacidade da pastagem para produzireconomicamente, estaria temporariamentediminuída ou inviabilizada, devido à pressãocompetitiva exercida pelas plantas daninhas sobreo capim, portanto, apresentando queda acentuadana capacidade de suporte da pastagem; edegradação biológica quando a capacidadeda área em sustentar a produção vegetal estariacomprometida devido ao drásticoempobrecimento do solo, por diversas razões denatureza química (perda dos nutrientes eacidificação), física (compactação e erosão) oubiológica (perda da matéria orgânica).

Vários pesquisadores, a exemplo deKitamura (1994), Rebello e Homma (2005) eValentim e Andrade (2009) apontam que arecuperação e intensificação do uso de pastagenscultivadas devem ser preconizadas a fim dereduzir a expansão em áreas de florestas,

propiciando benefícios de ordem ecológica(preservação da floresta), econômica (custo deformação de pastagem maior que o derecuperação) e social (necessidade de mão deobra), com vistas à sustentabilidade dos sistemaspastoris no Bioma Amazônia.

As estratégias utilizadas para a reabilitaçãoda capacidade produtiva das pastagens buscaminterromper o processo de degradação,combatendo-se as causas a ele associadas(COSTA, 2004; TOWNSEND et al., 2004a, b). Naprática os termos recuperação, reforma erenovação de pastagens são usados,erroneamente, como sinônimos. Contudo, énecessário esclarecer que tecnicamente elespossuem significados diferentes. Entende-se porrecuperação a aplicação de práticas culturaise/ou agronômicas, visando ao restabelecimentoda cobertura do solo e do vigor das plantasforrageiras na pastagem. Por reforma entende-se a realização de um novo estabelecimento dapastagem, com a mesma espécie existente. Porúltimo a renovação consiste na utilização daárea degradada para a formação de uma novapastagem com outra espécie forrageira,geralmente mais produtiva.

De modo geral, os métodos de recuperaçãocontemplam o uso de calcário, fertilizantes,adubações de manutenção, vedação de piquetes,controle de plantas invasoras e sobre-semeadurada espécie existente entre outras práticas. Já areforma utiliza-se de máquinas e implementos(arados, grades leves ou pesadas, subsoladores),controle de invasoras, introdução de leguminosas.O uso de cultivos anuais se caracteriza como oprocesso mais utilizado para renovação depastagens, com a adoção de práticas maiseficientes de melhoria das condições edáficas(aplicação de calcário, adubo no estabelecimentoe manutenção), assim como uso mais racional dapastagem. A abrangência das medidas adotadasirá depender do grau de distúrbio do sistema solo-

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planta-animal, de modo que as causas podem sercontroladas independentemente ou associadas. Astecnologias geradas ou adaptadas à RegiãoAmazônica, voltadas à recuperação/renovaçãodireta de pastagens degradadas demonstram aviabilidade agronômica e zootécnica, no entanto,as principias limitações de adoção recaem nos altocusto de implantação e retorno de médio/longoprazo advindo da atividade pecuária.

Em decorrência da vasta área jáantropogenizada que se encontra em diferentesgraus de degradação, associada às pressões

econômicas, sociais e ambientais que recaemsobre os modelos vigentes de exploraçãoagropecuária na Região Amazônica, entre outrossistemas, os de integração lavoura pecuária,podem exercer importante papel na recuperaçãode áreas degradadas com vistas à exploraçãosustentável dos recursos esgotáveis (solo e água).No entanto, a fragilidade dos ecossistemaspredominantes no Bioma Amazônia, requer certacautela na adoção em ampla escala e ensejampesquisas no sentido de mensurar seus impactosagronômicos, zootécnicos, socioeconômicos eambientais (DIAS-FILHO, 2005).

3 ESTRATÉGIAS DE RECUPERAÇÃO

O processo de intervenção em umapastagem visando a sua recuperação/renovaçãodepende do estágio de degradação, pois quantomais avançado for, maiores serão osinvestimentos. A principio é necessáriodeterminar quais os fatores que contribuem parasua degradação, e, adotar medidas de controleespecíficas para cada caso. Conforme descrito porCosta (2004) e Townsend et al. (2004b), as

estratégias de recuperação/renovação depastagens degradadas vão desde o ajuste nomanejo, até sistemas de cultivos com lavourassumarizadas a seguir. Essas estratégias serãoadotadas em conjunto conforme o estágio dedegradação da pastagem, implicando emcustos crescentes à medida que o nível deintervenção vai se intensificando, comoproposto na Tabela 1.

Tabela 1 - Estágios, indicadores e estimativa de custos de possíveis estratégias de intervenção na recuperaçãode pastagens degradadas no Bioma Amazônia.

Fonte: proposto pelos autores.

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A seguir são descritas, de forma sucinta,as principais práticas de intervenção a seremadotadas de maneira isolada ou conjuntamenteno processo de reabilitação de uma pastagemdegradada:

a) descanso: vedações em épocas estratégicas,como florescimento e frutificação da(s)espécie(s) forrageira(s) desejada(s), bemcomo, na fase de germinação das sementes edesenvolvimento das novas plantas;diferimento de pastagem, através dautilização menos intensa ou parcial de algunspiquetes durante os últimos meses do períodode chuvas, com vistas a armazenar forragempara a alimentação do rebanho durante operíodo seco, procurando manter umadisponibilidade mínima de 1.500 kg dematéria seca (MS/ha);

b) ajuste de manejo: quando for detectado osuper ou subpastejo, adequar a carga animal,de maneira a permitir o equilíbrio entre aprodução de forragem e o consumo dosanimais em pastejo;

c) limpeza: visa a eliminação das plantasinvasoras, podendo ser realizada através deroçada, arranquio ou aplicação de herbicida.O controle deve ser feito antes doamadurecimento das sementes das plantasinvasoras predominantes na pastagem,levando em consideração a eficiência eeconomicidade de cada método;

d) subdivisão das pastagens: a divisãoracional das pastagens, em piquetes com áreamáxima de 25 ha, além de facilitar o manejodas pastagens e do rebanho propicia omelhor aproveitamento da forragemproduzida, evitando o desperdício pelosubpastejo ou o rebaixamento excessivo das

plantas pelo superpastejo, pois se podecontrolar melhor o sistema planta/animal. Adistribuição de bebedouros e cochos paramistura mineral nos piquetes deve ser feitade tal maneira que proporcione odeslocamento dos animais por toda sua área.No caso de se adotar o sistema com lotaçãorotativa os ciclos de pastejo deverão serregulados a fim de propiciar uma perfeitarecuperação das pastagens e acúmulo dereservas, conciliando a produção e qualidadeda forragem; em geral, períodos curtos dedescanso propiciam forragem de melhorqualidade, no entanto, podem comprometera longevidade das pastagens, principalmente,quando associados aos períodos longos deocupação. Como indicativos podem seradotados ciclos de pastejo de 1 a 7 dias deutilização e 21 a 36 dias de descanso,conforme a estação do ano e as condiçõesdo pasto. O emprego de cerca elétricacontribui, significativamente, para a reduçãodo custo de implantação de sistemas comlotação rotativa, já que responde entre 40 a70% do custo de construção das cercasconvencionais, sendo uma excelentealternativa para subdivisão dos pastos;

e) calagem e adubação: recomendadasconforme resultados de análise de solo eexigências nutricionistas da(s) espécie(s)forrageira(s) existente(s) ou a ser(em)introduzida(s), considerando também, o nívelde produtividade e sua economicidade. Comoindicativo de recomendação, pode-se inferir:a calagem para espécies como Brachiariabrizantha (braquiarão, Marandu, brizantão),B. decumbens e B. ruziziensis (Braquiarinhas),B. humidicola (Quicuio-da-amazônia) eAndropogon gayanus (Andropogon) deveelevar a saturação de bases a níveis entre 30e 40% e, para espécies como Panicum

3.1 PRÁTICAS DE INTERVENÇÃO USADAS NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO

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maximum (Colonião, Centenário, Tobiatã,Tanzânia, Mombaça), Cynodon spp. (EstrelaAfricana, Bermuda, Tifton) e Pennisetumpurpureum (Capim-Elefante, Napier,Cameroon) níveis entre 45 e 50%, dando-sepreferência ao calcário dolomítico. A adubaçãofosfatada (P2O5) e a potássica (K2O) oscilaráentre 50 e 80 kg/ha; no caso do fósforodividido em ½ de fonte de alta solubilidade e½ de baixa solubilidade. Quanto ao nitrogênio(N) os níveis podem variar entre 50 e 150 kg/ha, dependendo da intensificação do sistema,havendo a possibilidade de introdução deleguminosas que contribuem na fixação eciclagem deste nutriente;

f) descompactação do solo: sendoconstatado a existência de camada deimpedimento no solo, deve-se proceder a suadescompactação, que conforme seu grau serásuperficial através de gradagem ou araçãoleve; ou profunda através de aração ousubsolagem;

g) introdução de leguminosas: visa fornecernitrogênio-N (a fixação biológica pode atingircerca de 100 kg de N/ha/ano) ao sistema emelhorar a qualidade da forragem consumidapelos animais. Na escolha da espécieconsiderar a sua adaptabilidade as condiçõesedafoclimáticas predominantes no local e acompatibilidade à gramínea que está sendoconsorciada, como espécies promissoras,podem-se citar: Pueraria phaseoloides,Cajanus cajan (Guandu), Desmodimovalifolium (Desmódio), Stylosanthesguianensis, S. capitata e S. macrocephala(Estilosantes), Arachis pintoi (Amendoimforrageiro) e Leucaena leucocephala(Leucena).

h) introdução de gramíneas: considerar a suaadequabilidade às condições edafoclimáticaspredominantes no local, visando sempre àdiversificação das pastagens; considerando-seapenas o nível de fertilidade natural do solo,as espécies de gramíneas forrageiras maisindicadas são: nas condições de média a altafertilidade Panicum maximum cvs. Comum,Colonião, Mombaça, Vencedor, Centenário,Tanzânia e Massai, Brachiaria decumbens, B.humidicola, B. ruziziensis, B. mutica, B.dictyoneura, B. brizantha cv. Marandu, gêneroCynodon; em solos de baixa fertilidade B.humidicola, B. ruziziensis e Andropogongayanus cv. Planaltina. Novas variedades degramíneas vêm sendo disponibilizadas pelaEmbrapa, a exemplo do Paspalum atratum cv.Pojuca, recomendado para áreas sujeitas ainundação, do P. maximum x P. infestum. cv.Massai e B. brizantha cvs Xaraés e Piatã;

I) renovação em associação com culturasanuais: tem como principal objetivo,minimizar os custos de renovação dapastagem, além de propiciar renda advinda dacomercialização de grãos. Cultivos simultâneosde gramíneas com milho, arroz de terras altastêm propiciado excelentes resultados, bemcomo, esquemas mais complexos do uso daterra, por meio da rotação de culturas (soja,feijão, entre outras) e pastagem, vem sendobastante difundidos.

Com a adoção dessas estratégias sãoesperadas melhorias significativas nosindicadores agronômicos e zootécnicos daspastagens, a exemplo do comparativo entre umapastagem degradada e recuperada apresentadona Tabela 2, além propiciar melhores condiçõesde preservação e conservação do meio ambiente.

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(1) MVS: matéria verde seca.(2) Forrageira B. Brizantha cv. Marandu (braquiarão).Fonte: proposto pelos autores.

4 ASPECTOS ECONÔMICOS

Com objetivo de desenvolver e transferirtecnologias/conhecimentos visando promover arecuperação de áreas degradadas e a conversãodos sistemas de produção tradicionais emsistemas sustentáveis de pecuária de leite emáreas alteradas do Pará, Camarão e Veiga (2006)

conduziram projeto de pesquisa que visavadiagnosticar os problemas e as demandastecnológicas referentes à recuperação/renovaçãode pastagens em dez propriedades, previamenteselecionadas nas mesorregiões do NordesteParaense e Sudeste Paraense. Com base neste

Tabela 2 - Principais indicadores agronômicos e zootécnicos esperados para uma pastagem degradada erecuperada/renovada no Bioma Amazônia.

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diagnóstico, levando em consideração ascaracterísticas do local, o nível de degradação daárea de pastagem e as condições socioeconômicasdos produtores, em cada propriedade instalaramuma unidade demonstrativa com área de três ha,onde foram aplicadas diferentes estratégias dereabilitação de pastagens. Estas consistiambasicamente da correção (calcário dolomítico) ounão do solo, da adubação fosfatada (superfosfatosimples e/ou fosfato Arad) ou com osmacronutrientes (N-uréia; P-superfosfato simples

e/ou fosfato Arad e, K-cloreto de potássio), aliadasao preparo do solo através de aração e gradagemcom o replantio da espécie forrageira existenteou introdução de uma nova, a saber: Brachiariahumidicola (Quicuio-da-amazônia), B. brizanthacv. Marandu (braquiarão) e Panicum maximum cv.Mombaça (Mombaça). Durante a instalação eestabelecimento destas unidades demonstrativasforam levantados os coeficientes técnicos, ospreços dos insumos e serviços demandados noprocesso (Tabela 3).

Tabela 3 - Custo médio de recuperação de pastagens degradadas em dez propriedades, localizadas nasmesorregiões Nordeste Paraense e Sudeste Paraense.

Fonte: adaptado a partir de Camarão e Veiga (2006).

A recuperação de pastagens através daadubação fosfatada com preparo do solo esemeadura da forrageira teve custo oscilando

entre 375,80 e 860,50 R$/ha, já para adubaçãocom NPK variou entre 512,50 e 972,20 R$/ha;quando se procedeu à calagem esses valores

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foram onerados em média 32 e 29%. Essasvariações foram decorrentes, principalmente dotipo de vegetação (herbácea ou arbustiva) ou danecessidade de destoca e da limpeza de troncosespalhados na área a ser preparada, bem como,aos preços dos insumos praticados em cadalocalidade, em especial os das sementes daforrageira. Considerando os valores médios dospreços de insumos e serviços (Tabela 3) os custosdas recuperações com os capins Mombaça eBraquiarão foram 12% menores do que com a B.humidicola (R$ 733,80 vs. R$ 833,90). Oscorretivos e fertilizantes representaram 39 e 49%dos custos dos métodos de recuperação comadubação fosfatada e com NPK, respectivamente;dentre esses insumos, o calcário dolomítico tinhaparticipação superior a 20%. As operações dearação/gradagem do solo, adubação/plantio eaplicação do calcário compunham,respectivamente, 26,5; 8,0 e 8,5% dos custos derecuperação das pastagens.

O sistema de cultivo arroz sequenciado demilho foi proposto por Alves et al. (2001) comoalternativa de recuperação das vastas áreas depastagens degradadas na região sudeste do Pará,em contraposição ao sistema convencional dequeima de pastos e/ou derrubada de novas áreasde floresta, que leva ao processo de“pecuarização”, que vem sendo questionadoquanto a sua sustentabilidade (socioeconômicae ambiental). Para comparar estes dois sistemasde uso da terra Alves e Homma (2004) simularamo desempenho de duas propriedades de 50 ha,subdividas em 5 piquetes de 10 ha (Tabela 4).

Uma sendo utilizada exclusivamente compastagem de braquiarão voltada à pecuária mista(leite e corte), como sendo representativa domodelo vigente; e outra na qual as lavouras dearroz e milho foram introduzidas em cultivosequenciado em um dos cinco piquetes (5 ha paracada cultura), de tal forma, que ao final do 5°ano todos os pastos teriam sido recuperados.

A adoção desta tecnologia permiteincrementos expressivos dos principais índiceszootécnicos e econômicos da propriedade,fazendo com que a capacidade de suporte dapastagem duplicasse (1,0 vs. 2,0 UA/ha), comconsequente aumento do rebanho (56 vs. 100cabeças) e reestruturação de sua composição,passando de 27 para 31 vacas (mestiças), 11para 24 bezerros (as); ademais se espera que aprodução de leite aumente de 3,0 para 6,0 l/vaca, e o período de lactação de 250 para 300dias, melhorias que representam incrementos de172,7 e 98,5% das receitas advindas dacomercialização do leite e de animais. Aintrodução dos cultivos agrícolas ao sistema deprodução representou um aumento de,aproximadamente, R$ 11.500,00 nas despesasoperacionais (Tabela 4), mas por outro lado acomercialização de suas safras contribuíram commais de R$ 23.000,00 nas entradas, que aliadasàs melhorias obtidas na atividade pecuária,redundaram em incrementos significativos nosaldo do fluxo de caixa (R$ 21.753,90), noretorno mensal (R$ 1.812,80) e no retorno anual/ha (R$ 435,10), em relação ao sistemaconvencional.

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Tabela 4 - Comparativo entre o fluxo de caixa anual de propriedades com sistemas de produção convencionale diversificado na mesorregião do sudeste Paraense.

Fonte: ALVES; HOMMA, 2004.Notas: (1) Venda de leite:

Sistema convencional (22 vacas x 3 l/vaca/dia x 250 dias de lactação) = (16.500 l/ano x R$ 0,17/l)Sistema diversificado (25 vacas x 6 l/vaca/dia x 300 dias de lactação) = (45.000 l/ano x R$ 0,17/l)

(2) Venda de animais:Sistema convencional (05 vacas x 14 @/vaca x R$ 42,00 + 11 bezerros x R$ 252,00)Sistema diversificado (09 vacas x 14 @/vaca x R$ 42,00 + 24 bezerros x R$ 252,00)

(3) Venda do arroz (Produtividade 1.800 kg/ha = 60 sacos/ha x 5 ha x R$ 33,00)(4) Venda do milho (Produtividade 6.600 kg/ha = 110 sacos/ha x 5 ha x R$ 24,00)

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Em diagnóstico realizado na região deParagominas, noroeste do Pará, Fernandes et al.(2008) identificaram que a adoção de sistemasintegrados agricultura-pecuária ainda quepequena, mostrava-se uma alternativa viável noprocesso de recuperação/renovação depastagens. Os modelos praticados apresentavamdiferentes perspectivas de adoção conforme aatividade desenvolvida na propriedade. Nasdedicadas a pecuária, a introdução de cultivosagrícolas (p.e. arroz e milho), dava-se de formaesporádica, com vistas a viabilizareconomicamente a recuperação/renovação daspastagens, enquanto que as voltadas para aagricultura, a introdução de pastagens visava adiversificação da produção.

Esses modelos apresentam variações,porém, via de regra, as pastagens eramimplantadas em sucessão aos cultivos agrícolas(p.e. arroz, milho e soja) de forma temporária(ciclo anual) ou perene (ciclos de 5 a 6 anos). Nocaso do estabelecimento temporário, a pastagemde B. ruziziensis tinha como intuíto maximizar ouso da terra e formar a “palhada” para o plantiodireto das lavouras em sucessão, além decontribuir para produção de forragem durante operíodo seco, utilizada sob pastejo, corte ou parafenação ou ensilagem. Após um período desucessão entre as pastagens temporárias e aslavouras, iniciando com o cultivo do arroz,seguido pelo de milho, soja e milho, perfazendo4 ciclos de lavouras, havia a possibilidade doplantio das pastagens permanentes, ou asucessão das lavouras de soja e milho, por mais2 ciclos, antes de formar as pastagenspermanentes, as quais mantinham-se produtivas

por 5 a 6 anos, quando retornavam ao um novociclo de cultivos agrícolas. O P. maximum cv.Mombaça era a principal gramínea introduzidanas pastagens permanentes, as quaisapresentavam alta produtividade e valor nutritivo,propiciando capacidade de suporte superior a 2UA/ha e ganhos de peso satisfatórios, enquantoque a produtividade das lavouras foram de 3.600kg/ha (60 sacas), 3.000 kg/ha (50 sacas) e 6.240kg/ha (104 sacas) de arroz, soja e milho,respectivamente.

Considerando os coeficientes técnicos,operações e os preços de insumos, produtos eserviços vigentes há época (ano agrícola 2007/2008) Fernandes et al. (2008) estimaram o custoe a receita da introdução de lavouras e pastagens,além de modelarem um cenário futuro (24 anos)para o sistema de integração lavoura-pecuáriaproposto para a região (Tabela 5). Dentre oscomponentes do custo, os corretivos efertilizantes foram o de maior participação,oscilando entre 44 (lavoura de soja) e 60%(lavoura de milho). Em relação as demaislavouras, a de arroz apresentou o maior custo deimplantação, já que atua como cultura pioneirade primeiro ciclo na sucessão, sendo oneradapelas operações de correção (calagem R$ 280,00por ha) e sistematização da área (destoca,limpeza de raízes e aração a valores de 575,00,50,00 e 90,00 R$/ha) necessárias ao sistemaplantio direto das lavouras que a sucede. Mesmoassim, as receitas auferidas cobriram em 85% oscustos, enquanto que os cultivos de milho e sojaapresentavam, respectivamente, retornospróximos a 81 e 35% em relação ao custo deimplantação.

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Fonte: adaptado de Fernandes et al. (2008).

À exceção da lavoura de arroz, arecuperação direta de pastagem teve o maiorcusto (R$ 1.825,00/ha), superando em 17,25%os custos de estabelecimento de pastagenstemporárias (B. ruziziensis) ou permanentes (P.maximum cv Mombaça) em consórcio com alavoura de milho, além dessas lavouraspropiciarem um retorno de aproximadamente60% do custo de implantação. Ao simularem arecuperação escalonada de uma propriedadesubdividida em 8 módulos, de tal forma, que aofinal do 24° ano toda a área estivesse reabilitada,constataram que, independe da taxa de descontoanual variando de 6 e 10% e o valor da terraentre 1.500,00 e 2.500,00 R$/ha, os sistemasintegrados seriam mais eficientes, pois

apresentavam taxas de retorno interno oscilandoentre 18,9 e 26,1%, enquanto que os de pecuáriatradicional variam entre 13,3 e 18,7%.

Com base na relação custo/benefíciodecorrente de diferentes tecnologias derecuperação/renovação de pastagens propostopor Oliveira et al. (1996), procedeu-se aadequação dos coeficientes técnicos de insumose produtos às condições vigentes em Rondônia-Brasil1 levando em consideração os sistemasde produção propostos para as diferentesculturas. As tecnologias, custos e receitas servemcomo indicativo à tomada de decisões noprocesso de reabilitação de pastagens no BiomaAmazônia, em regiões onde já se praticam a

Tabela 5 - Comparativo entre custos e receitas da implantação de culturas agrícolas e pastagens em Paragominas,Pará.

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pecuária e/ou agricultura (Tabela 6),considerando-se as peculiaridades de cadalocalidade.

Nos “sistemas de recuperação/renovaçãodireto” as práticas a serem adotadas estãorelacionadas ao grau de degradação em que seencontra a pastagem, mas via de regra, além daforrageira, não há a introdução temporária oupermanente de um novo componente (p.e.lavoura, árvore) no sistema. Considerando acaracterização de uma pastagem degradadaproposta por Barcellos (1990) e Spain e Gualdrón(1991), as pastagens com graus de degradação1 (leve), 2 (moderada), 3 (forte) e 4 (muitoforte), com vistas a sua reabilitação, deveriamser submetidas a níveis de intervenção baixo,médio/baixo, médio e alto (Tabela 6),respectivamente. Com relação aos “sistemasconsorciados”, em geral, os pastos encontram-se em um nível de degradação entre 3 (forte) e4 (muito forte); nos consórcios sugeridos, asculturas acompanhantes são estabelecidasconcomitantemente ou não com a(s)forrageira(s), sendo considerado apenas um ciclode cultivo, após o qual o pasto encontra-sereabilitado, não havendo sucessão no espaço eno tempo entre os componentes lavoura-pecuária. Outro fator a ser considerado é o altocusto (R$ 300,00 a R$ 400,00 por ha) dasistematização das áreas de primeiro ciclo depastagem, dada a ocorrência de raízes e torasem decomposição, que devem ser removidasatravés da destoca e enleiramento a fim depermitir adequado preparo do solo,principalmente quando se pretende estabelecerlavouras.

Em ambos os sistemas não foramquantificados os resultados econômicos daatividade pecuária após a recuperação/renovação

das pastagens, nem tão pouco os seus impactossobre os componentes sociais e ambientais dosistema. Muito embora, se espera melhorassignificativas, como apontam os resultadosobtidos por Alves e Homma (2004) nos aspectoseconômico e social, e por Cerri et al. (2005) emrelação ao meio ambiente.

Como se observa no Gráfico 1, à medidaque o processo de degradação se agrava oscustos operacionais de reabilitação da pastagemaumentam consideravelmente, já que osdispêndios com corretivos/fertilizantes e com asoperações de preparo de solo passam a ser osseus principais componentes (oscilando entre 30e 63%). No caso das tecnologias de recuperação/renovação direta, os custos passam deaproximadamente R$ 800,00 para R$ 1.950,00por ha, da baixa intervenção para alta, queequivalem, respectivamente, a 11 e 26 arrobade carne ou a 1.700 e 4.050 l de leite, valoresque podem inviabilizar a adoção das tecnologiasde médio e alto nível de intervenção,notadamente em áreas extensas. O que podeser agravado dado ao nível de descapitalizaçãodos produtores, além da escassez e dificuldadede acesso a linhas de financiamento. É de seesperar que a utilização de tecnologia com baixonível de intervenção não resulte em pastagenstão boas quanto às obtidas com os de maisintervenção, e consequentemente suaprodutividade e longevidade também serãocomprometidas, ao menos que sejamsubmetidas à manutenção (reposição denutrientes do solo, controle de plantas invasoras)e manejo adequados (ajuste da carga animal,pastejo com lotação rotacionada). Dependendoda prática adotada (roçagem manual,mecanizada ou química), apenas o controle deplantas invasoras, pode representar despesa deR$ 50,00 a R$ 150,00 por ha ao ano.

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Em função dos elevados custos dastecnologias de recuperação/renovação direta, osistema de reabilitação de pastagens, viaconsorciação com culturas anuais, representauma alternativa visando a minimizar, ou atémesmo, cobrir estes custos através das receitasobtidas com a comercialização dos produtosagrícolas (KLUTHCOUSKI et al., 2003). Para tanto,Dias-Filho (2005) aponta alguns pré-requisitos aserem levados em consideração para sua adoção,tais como: existência de mercado paracomercialização dos grãos produzidos, compreços que justifiquem economicamente o usoda prática; disponibilidade de mão de obra e demáquinas/implementos agrícolas, para o plantio,manutenção e colheita das lavouras; e existênciade infraestrutura adequada para oarmazenamento e o posterior transporte das

colheitas até o mercado consumidor. Estes fatoresestão vinculados às peculiaridades dos sistemasde produção vigentes em uma dada região, osquais passam a determinar o tipo de lavoura,assim como, os métodos empregados narecuperação de pastagens por meio da integraçãolavoura-pecuária.

Considerando os consórcios propostos naTabela 6, os custos operacionais de implantação(Gráfico 1) oscilaram próximos a 1.600,00 (arroz)a 2.250,00 (soja) R$/ha, valores que podem limitara adoção de tais tecnologias, em função do baixonível de capitalização dos produtores, além daescassez e dificuldade de acesso às linhas definanciamento. Entretanto, estas tecnologiaspassam a ser exequíveis, com destaque aosconsórcios com as lavouras de arroz e soja, se

Gráfico 1 - Custos operacionais de tecnologias de recuperação/renovação de pastagens degradadas (R$/ha).Fonte: proposto pelos autores.

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considerarmos as receitas obtidas a venda dosprodutos agrícolas, próximas a R$ 1.300,00 eR$ 1.500,00, que cobriam 82 e 69% dos custosde reabilitação dos pastos, respectivamente paraestas duas culturas, enquanto que com as de milho

e sorgo seriam cobertos 44 e 35% (Gráfico 2), paraestas mesmas lavouras seriam necessárias cercade 4; 11; 18 e 19 arrobas de carne ou 600; 1.450;2.400 e 2.700 l de leite para cobrir os custos finais(custo total e retorno pela venda dos grãos).

Gráfico 2 - Taxas de retorno advindas da comercialização das safras agrícolas, em relação aos custos operacionaisde tecnologias de recuperação/renovação de pastagens em sistemas consorciados.

Fonte: proposto pelos autores.

Independente da tecnologia a ser adotadana reabilitação dos pastos, quando comparadas àabertura de novas áreas de floresta para formaçãode pastagens, com custos variando de R$ 600 aR$ 1.000,00 por ha, sem considerar osinvestimentos em infraestrutura (p.e. cerca emarame liso R$ 6.100,00 por km), passam a ser maisatrativas economicamente e principalmente, nosaspectos sociais e ambientais, ademais se deveconsiderar as questões de ordem legal, sobre o usoda terra no Bioma Amazônia, que restringem autilização da área da propriedade agrícola em 20%.

Estes valores refletem por um lado, osbaixos preços praticados com relação aosprodutos da agropecuária, e por outro, oselevados preços com relação aos insumosnecessários para implantação dos sistemas,notadamente os de corretivos e fertilizantes,embora nos últimos anos os preços pagos aosprodutores tenham reagido. As grandes distânciascom relação ao mercado consumidor e fornecedorde insumos, e consequentemente o aviltamentodos valores de frete têm sido um dos principaisfatores que contribuem para este panorama.

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Os reflexos positivos das tecnologias derecuperação/renovação de pastagens tambémpassam a ser evidentes nos sistemas de produçãode pecuária de corte. A título de exemplo, naTabela 7 foram simulados dois cenáriosenvolvendo a fase de terminação/engorda. Noprimeiro os animais são mantidos em pastagemdegradada e no outro em pasto que recebeuintervenção do nível médio a um custo próximo

a R$ 1.800,00 por ha (Gráfico 1, Tabela 5).Considerando, apenas, a lotação média daspastagens (cab/ha), que passou de 1,2 para 3,0após o processo de reabilitação da mesma,redundou em incrementos de R$ 2.170,80 eR$ 397,80, respectivamente na receita bruta elíquida do sistema, sendo o período deamortização do investimento de 4,5 anos.

Tabela 7 - Comparativo dos principais parâmetros zootécnicos e econômicos entre pastagens degradada erecuperada em sistemas de terminação de gado de corte.

Fonte: proposto pelos autores.Nota: (1) Custos: UA/ano-estoque médio + manutenção pastos + depreciação instalações-cercas + administração (10%).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A degradação de pastagens cultivadas noBioma Amazônia é um processo complexodecorrente de diversos fatores que atuam demaneira isolada ou conjunta que, via de regra,quando não são adotadas medidas de intervençãopara mitigar seus efeitos, paulatinamente,provocam um comprometimento doscomponentes solo-planta-animal, bem como suasinterações passam a inviabilizar a sustentabilidadedo sistema pastoril, redundando em crescenteineficiência zootécnica, econômica e social, alémde impactar de forma negativa no meio ambiente.

Diante deste contexto o produtor passa ase descapitalizar, não dispondo de recursos parareinvestir na atividade, deixando assim de adotaras práticas de recuperação/renovação depastagens, agravando ainda mais o quadro; poisà medida que avança a degradação dos pastos,maiores serão os custos de sua reabilitação,podendo atingir valores que inviabilizam esseprocesso.

As tecnologias relacionadas à recuperação/renovação de pastagens estão disponíveis parautilização no Bioma Amazônia. Deve-se, noentanto, priorizar práticas agropecuárias que, deforma racional, favoreçam a preservação do solo,da água, do ar e da biodiversidade, minimizandoos riscos advindos da atividade agropecuária emaximizando as condições socioeconômicas daregião. Entretanto seu uso pode ser questionado,principalmente em relação aos custos/benefíciosde utilização, disponibilidade de mão de obra

qualificada para executá-lo, além das condiçõesde infraestrutura na propriedade e na região, paraque depois de implantado, consiga a sinergia deações para o aumento da produção em escala.

Faz-se necessário também investimentospara melhoria dos corredores de escoamento daprodução (interligando rodovias, ferrovias ehidrovias), como forma de facilitar o transportede produtos, flexibilizando sua comercializaçãoe expandindo as fronteiras para escoamento dassafras.

A preservação da biodiversidade do BiomaAmazônia é imperativa, para tanto o zoneamentoecológico-econômico (ZEE) deve ser executado,definindo as áreas aptas a exploraçãointensificada e sustentável pela agropecuária erestringindo o avanço indiscriminado sobre novasáreas de floresta. Concomitantemente ao ZEE, aregularização fundiária deve ser implementada,propiciando condições aos produtores de teremacesso às linhas de financiamento oficial, alémde garantir a posse da terra, estimulando assimo investimento na propriedade.

Novas linhas de crédito devem serdisponibilizadas para planos estratégicos dedesenvolvimento agropecuário neste Bioma,concomitantemente, atividades de pesquisa e deassistência técnica precisam ser fomentadas, afim de medir os impactos socioeconômicos eambientais destas atividades, e garantir a adoçãode tais tecnologias.

NOTA

1 Preços de insumos e produtos vigentes no primeirotrimestre de 2009, obtidos a partir de: Banco da Amazônia.Relatório de informações trimestrais (RIT): pesquisasobre atividades agropecuárias. Agências de Porto Velhoe Rolim de Moura (RO), ano 2009, 1° trimestre, n.p.

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2009.

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47Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 5, n. 10, jan./jun. 2010.

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