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UN PRÓ-REITORIA DEPARTAMENTO ASPECTOS DO LIC ENERGIA EÓL NIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ A DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA - DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFI IVAN BOTÃO DE AQUINO CENCIAMENTO AMBIENTAL E P LICA NO LITORAL DO ESTADO D FORTALEZA 2014 - PROPGPQ IA - PROPGEO PRODUÇÃO DE DO CEARÁ

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PÓS

DEPARTAMENTO DE PÓS

ASPECTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL E PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA NO LITORAL DO ESTADO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA -

DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

IVAN BOTÃO DE AQUINO

ASPECTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL E PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA NO LITORAL DO ESTADO DO CEARÁ

FORTALEZA

2014

- PROPGPQ

GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - PROPGEO

ASPECTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL E PRODUÇÃO DE DO CEARÁ

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IVAN BOTÃO DE AQUINO

ASPECTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL E PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA NO LITORAL DO ESTADO DO CEARÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia – PROPGEO, da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Geografia.Área de Concentração: Análise Geoambiental e Ordenamento de Territórios de Regiões Semiáridas e Litorâneas. Orientador: Prof. Dr. Fábio Perdigão Vasconcelos

FORTALEZA

2014

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A657a Aquino, Ivan Botão de

Aspectos do licenciamento ambiental e produção de energia eólica no litoral do Estado do Ceará / Ivan Botão de Aquino. – Fortaleza, 2014. 99f. : il. Color. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual do Ceará. Centro de Ciência e Tecnologia. Programa de Pós- Graduação em Geografia. Área de Concentração: Análise Geoambiental e ordenamento de territórios de regiões semiáridas e litorâneas. Orientação: Prof. Dr. Fábio Perdigão Vasconcelos 1. Energia eólica. 2. Meio ambiente. 3. Licenciamento ambiental. 4. Impactos ambientais. 5. Estudos ambientais. I. Vasconcelos, Fabio Perdigão (orient.). II. Título. CDD: 621.45

Dados internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Estadual do Ceará

Sistemas de Bibliotecas

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À minha esposa Narda, aos meus filhos, Mariana, Leonardo e Rafael e ao meu neto Ravi, pelo que eles representam para mim.

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AGRADECIMENTOS

À minha esposa Narda, pelo incentivo, paciência, amor compartilhado, meu ponto de

apoio, dando-me forças nas horas de dificuldade e em todas as minhas buscas.

Aos meus filhos, Mariana, Leonardo e Rafael e ao meu neto Ravi, pelo que eles

representam para mim.

Aos meus queridos pais, Aurélio Uchôa de Aquino (In Memorian), pelo exemplo de

coragem que me deixou, e Maria Hilza Botão de Aquino, pela bondade e dedicação infinitas.

Aos meus irmãos e irmãs pelo apoio e carinho que sempre me dispensaram.

Ao meu orientador Prof. Fábio Perdigão, pela dedicação, incentivo e paciência em

todas as etapas deste trabalho.

Aos servidores da ADECE, pela disponibilidade, sempre que foi preciso.

Aos meus amigos que sempre acreditaram na conclusão desse trabalho. Pela força

espiritual nos momentos de fraqueza, pelo carinho e amizade sempre presentes na hora certa.

A todos que acreditaram e juntos torceram, onde, mesmo em silêncio, pude confirmar a força

de quem acredita.

Às amigas Eng.ª de Pesca Lídia Torquato, e Bióloga Isabel Oliveira pelo apoio durante

o mestrado.

Às colegas Bibliotecárias Zuleide Leandro, responsável pela biblioteca da SEMACE, e

Maria Luzineide Andrade pela preciosa contribuição no processo de normalização desta

dissertação.

Aos professores e funcionários do PROPGEO, especialmente Maria Julia Ribeiro de

Oliveira e Adriana Livino dos Santos, pela dedicação e atenção em todos os momentos.

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“Existem três tipos de homens: os vivos, os mortos e os que vão para o mar.”

(Victor Hugo)

“Os tristes acham que o vento geme; os alegres acham que ele canta. ”

(Luís Fernando Veríssimo)

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RESUMO

As formas tradicionais de geração de energia causam os mais variados impactos ao meio

ambiente e por isso vários países têm investido em fontes alternativas de geração de energia

limpa, renovável e abundante. A energia eólica tem se apresentado como essa alternativa.

Atualmente, a energia eólica ocupa a 5ª posição na matriz energética brasileira, que é

composta, essencialmente, por fontes renováveis de energia. No Ceará, o marco na exploração

de energia eólica se deu com o projeto “Mapeamento Eólico do Estado do Ceará”, que teve

como objetivo avaliar os recursos eólicos disponíveis e identificar as áreas potencialmente

favoráveis à implantação de parques eólicos. Com a criação do Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA), foi introduzido, no país, o licenciamento de empreendimentos com

ações impactantes no meio ambiente. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é analisar os

procedimentos de licenciamento aplicados ao setor de energia eólica no litoral do estado do

Ceará, questionando se são um instrumento eficiente de proteção ambiental. Foram utilizados

métodos de pesquisas exploratórias, a fim de fazer levantamentos da legislação pertinente aos

processos de licenciamento ambiental, bem como a situação dos empreendimentos na zona

litorânea do estado. Foram consultados, principalmente, o órgão ambiental do estado do

Ceará, bem como outros órgão oficiais. Além disso, inspeções técnicas e audiências públicas

foram acompanhadas, a fim de identificar os impactos desta atividade sobre as comunidades

locais. Foram analisados três tipologias de licenças ambientais: Licença Prévia (LP), Licença

de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO). O licenciamento de parques eólicos procede

de maneira diferente no estado. Para participar dos leilões de energia eólica, faz-se necessária,

apenas, a apresentação do Relatório Ambiental Simplificado (RAS), sendo exigido o Estudo

de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) somente após a

habilitação do projeto no leilão. O Ceará possui até o momento 32 usinas eólicas instaladas e

em operação, somando uma capacidade de 923,23 MW, correspondendo a cerca de 10% da

demanda atual do estado. Até 2018, a capacidade instalada terá um acréscimo de cerca de

60%. Apesar do grande potencial do estado, há uma diversidade nos impactos gerados pelos

parques eólicos, os quais nem mesmo os Estudos de Impacto Ambiental conseguem

dimensionar com exatidão, gerando demandas judiciais junto ao Ministério Público.

Palavras-chave: Energia eólica. Meio ambiente. Licenciamento ambiental. Impactos

ambientais. Estudos ambientais.

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ABSTRACT

Traditional forms of energy generation cause the most diverse impacts on the environment

and so many countries have invested in alternative sources of clean, renewable and abundant

energy generation. Wind energy has emerged as such an alternative. Currently, wind power

occupies the fifth position in the Brazilian energy matrix, which consists essentially of

renewable energy sources. In Ceará, the landmark exploitation of wind energy occurred with

the "Wind Mapping of Ceará" project, which had the goal to evaluate the available wind

resources and identify potentially suitable areas for the deployment of wind parks. With the

creation of the National Environmental Council (CONAMA), the licensing of ventures with

impactful actions to the environment was introduced in the country. Thus, the objective of this

paper is to analyze the licensing procedures applied to the wind power industry on the coast of

Ceará State, questioning whether they are an effective tool for environmental protection.

Explanatory research methods were used in order to draw down the relevant procedures for

environmental licensing legislation and the situation of the enterprises in the coastal area of

the state. Were mainly consulted the environmental agency of the state of Ceará, as well as

other official bodies. In addition, technical inspections and public hearings were followed in

order to identify the impacts of this activity on local communities. Three types of

environmental permits were analyzed: Preliminary License (LP); Installation License (LI);

and Operating License (LO). The licensing of windfarms works differently in the state. To

participate in the auctions of wind energy, it is only necessary the presentation of the

Simplified Environmental Report (RAS), while the requirement of an Environmental Impact

Study/Environmental Impact Report (EIA/RIMA) happens only after the approval of the

project in auction. Ceará State has so far installed 32 wind farms in operation and, adding a

capacity of 923.23 MW, corresponding to about 10% of the current demand of the state. By

2018, the installed capacity will have increased by about 60%. Despite the great potential of

the state, there is diversity in the impacts generated by wind farms, which not even the

Environmental Impact Studies themselves can evaluate precisely, generating judicial demands

to the Public Ministry.

Keywords: Wind energy. Environment. License. Environmental impacts. Environmental

studies.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Capacidade Mundial Instalada 2011-2012 (MW) .................................................. 20

Figura 2 – Matriz Energética Brasileira .................................................................................. 22

Figura 3 – Terminologia dos perfis de praias .......................................................................... 24

Figura 4 – Estratificação cruzada em Morro Branco, no município de Beberibe ................... 26

Figura 5 – Dunas parcialmente fixadas por vegetação, no município de Trairi ...................... 27

Figura 6 – Campos de barcanas de Jericoacoara ..................................................................... 28

Figura 7 – Estratificação plano-paralela em afloramento de eolianito na localidade de Pecém ..

................................................................................................................................. 29

Figura 8 – Fluxograma resumido dos métodos utilizados no presente trabalho ..................... 30

Figura 9 – Atividades de campo. A: Inspeção técnica com corpo técnico da SEMACE; B e C:

Conversas formais/informais com moradores tradicionais; e D: Audiência Pública

presidida .................................................................................................................. 33

Figura 10 – Área de estudo, estado do Ceará .......................................................................... 35

Figura 11 – Movimentação dos ventos alísios ........................................................................ 36

Figura 12 – Organograma básico do Ministério do Meio Ambiente ....................................... 38

Figura 13 – Fluxograma do Licenciamento Ambiental da Superintendência Estadual do Meio

Ambiente do estado do Ceará (SEMACE) ........................................................... 39

Figura 14 – Parque eólico do Mucuripe .................................................................................. 50

Figura 15 – Parque eólico de Acaraú ....................................................................................... 50

Figura 16 – Localização regional aproximada das usinas eólicas no Litoral Cearense .......... 51

Figura 17 – Geração de MW acumulados durante os anos de 2005-2014 no Ceará ............... 53

Figura 18 - Estimativa da geração de MW acumulados durante os anos de 2009-2018 no

Ceará. A linha vermelha representa o acréscimo de 60% do potencial instalado

(usinas em operação no estado) entre 2019-2018 ................................................. 53

Figura 19 – Nível do ruido sonoro de algumas fontes ............................................................. 60

Figura 20 – Fixação artificial para viabilizar via de acesso entre dois aerogeradores ............ 61

Figura 21 – Desmatamento em duna fixa (Campo de dunas da Taiba) ................................... 61

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Eólicas em funcionamento até abril de 2014 ......................................................... 52

Tabela 2 – Comparação entre os anos de 2013, 2014 e 2018. Para o ano de 2018 considerou-

se um crescimento de 10% no total do consumo de energia do estado do Ceará em

relação a 2013 .......................................................................................................54

Tabela 3 – Resultado final do 12 º leilão de energia A-3 (2011) ............................................ 57

Tabela 4 – Impactos decorrentes da construção e operação de parques eólicos ..................... 62

Tabela 5 – Percepção da sociedade civil sobre a instalação de complexos eólicos no estado do

Ceará ..................................................................................................................... 65

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LISTA DE SIGLAS

ABEEÓLICA Associação Brasileira de Energia Eólica

ADECE Agência do Desenvolvimento do Estado do Ceará

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

APP Área de Proteção Permanente

ART Anotação de Responsabilidade Técnica

AWEA American Wind Energy Association

CBEE Centro Brasileiro de Energia Eólica

CELPE Companhia Energética de Pernambuco

COELCE Companhia de Eletricidade do Ceará

COEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente

CONAMA Conselho Nacional Do Meio Ambiente

CPF Cadastro da Pessoa Física

CTA Centro Tecnológico da Aeronáutica

CTF Cadastro Técnico Federal

DRM Departamento de Recursos Minerais.

EIA Estudos de Impacto Ambiental

ELETROBRAS Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

EPE Empresa de Pesquisa Energética

FUNAI Fundação Nacional do Índio

GEE Gases de Efeito Estufa

GTZ Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit

GW Gigawatt

GWEC Global Wind Energy Council

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICMBIO Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará

IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

kW Kilowatt

kWh Kilowatt-hora

LI Licença de Instalação

LO Licença de Operação

LP Licença Prévia

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m Metro

MMA Ministério do Meio Ambiente

MME Ministério de Minas e Energia

MW Megawatt

ONU Organização das Nações Unidas

PROEÓLICA Programa Emergencial de Energia Eólica

PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

REALA Requerimento de Autorização para Licenciamento Ambiental

RIMA Relatórios de Impacto Ambiental

SCADA Supervisory Control and Data Acquisition

SEMACE Superintendência Estadual do Meio Ambiente

SPU Superintendência do Patrimônio da União

UEE Unidades Eólico-Elétricas

UHE Usina Hidrelétrica

WEEA World Wind Energy Association

ZCIT Zona de Convergência Intertropical

ZEE Zoneamento Ecológico-Econômico

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 17

2.1 Geral ......................................................................................................................... 17

2.2 Específico ................................................................................................................. 17

3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 18

3.1 Geoambientes .......................................................................................................... 23

3.1.1 Dunas costeiras ........................................................................................................ 24

3.1.1.1 Paleodunas ............................................................................................................... 25

3.1.1.2 Dunas fixadas por vegetação ................................................................................... 26

3.1.1.3 Campos de dunas costeiras móveis .......................................................................... 27

3.1.1.4 Eolianitos .................................................................................................................. 28

4 METODOLOGIA .................................................................................................. 30

4.1 Licenciamento Ambiental ...................................................................................... 30

4.2 Impactos Ambientais .............................................................................................. 31

5 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................... 34

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 37

6.1 Licenciamento Ambiental de Parques eólicos ...................................................... 37

6.1.1 Histórico do licenciamento ambiental ..................................................................... 37

6.1.2 Legislação para o licenciamento de parques eólicos ............................................. 40

6.1.3 Documentação necessária para o licenciamento de parques eólicos .................... 41

6.1.4 Licenças ................................................................................................................... 44

6.1.4.1 Licença Prévia (LP) .................................................................................................. 44

6.1.4.2 Licença de Instalação (LI) ....................................................................................... 46

6.1.4.3 Licença de Operação (LO) ....................................................................................... 46

6.1.5 Implicações ambientais e econômicas do licenciamento de parques eólicos ........ 47

6.2 Capacidade Instalada no Ceará ............................................................................ 48

6.2.1 Novas energias – A busca pela energia limpa ........................................................ 56

6.3 Impactos Ambientais .............................................................................................. 57

6.3.1 Impactos positivos .................................................................................................... 58

6.3.2 Impactos negativos .................................................................................................. 59

6.3.3 Impactos das usinas eólicas do ponto de vista da sociedade .................................. 63

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7 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 65

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 67

ANEXO A – RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001 .................................................... 72

ANEXO B – RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237 .................................................... 76

ANEXO C – RESOLUÇÃO CONAMA Nº 279 ................................................... 85

ANEXO D – RESOLUÇÃO COEMA Nº 004 ...................................................... 90

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1 INTRODUÇÃO

É crescente a preocupação em torno dos problemas com o meio ambiente e os

impactos causados pelas formas tradicionais de geração de energia. Este fato têm levado

vários países a realizarem grandes investimentos na tentativa de complementar e transformar

seus parques energéticos com a introdução de fontes alternativas de energia.

A questão energética é um dos tópicos de maior importância da atualidade. A

qualidade de vida de uma sociedade está intimamente ligada ao seu consumo de energia. O

crescimento da demanda energética mundial, em razão da melhoria dos padrões de vida nos

países em desenvolvimento, traz a preocupação com alguns aspectos essenciais para a política

e planejamento energético de todas as economias emergentes. Dentre esses aspectos, pode-se

citar a segurança no suprimento de energia necessária para o desenvolvimento social e

econômico de um país e os custos ambientais para atender a esse aumento no consumo de

energia (Goldemberg; Villanueva, 2003).

A geração de energia eólica, que aproveita a energia cinética do campo de vento

em um determinado local para produção de energia elétrica, é uma forma alternativa de

geração de energia limpa, renovável e abundante (Silva, 2002). O desenvolvimento da energia

eólica no mundo apresenta-se como uma das mais importantes e promissoras tecnologias na

geração complementar de energia “limpa”, além de atender às necessidades quanto aos custos

de produção e de segurança no fornecimento (GWEC, 2012). Além disso, essa tecnologia é a

ideal para combater indiretamente o aquecimento global e pode proporcionar o

desenvolvimento sustentável de diversos países ou localidades.

Diferentemente dos combustíveis convencionais, a energia eólica é uma fonte de

energia permanentemente disponível em praticamente todos os países. Ela traz os benefícios

da energia limpa e elimina os custos de outros combustíveis, evitando também os riscos

prolongados de outras fontes, além da dependência econômica e política pela importação de

energia de outros países (ADECE, 2009).

Devido à diversidade e à intensidade dos aspectos e impactos gerados pelos

parques eólicos, nem mesmo os Estudos de Impacto Ambiental, na fase de licenciamento

ambiental, conseguem dimensioná-los com exatidão (Lage; Barbieri, 2002; Meireles, 2011).

Isso tem gerado demandas judiciais junto ao Ministério Público, que, em alguns casos, passou

a considerar esses relatórios insuficientes para a avaliação dos possíveis impactos

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socioambientais da implantação de tais empreendimentos (Meireles, 2011). Os

questionamentos legais acabaram por contribuir para atrasos no cronograma de implantação

de algumas Unidades Eólico-Elétricas - UEEs, que sofreram embargos judiciais, gerando

atrasos na liberação dos recursos disponibilizados pelo Programa de Incentivo às Fontes

Alternativas de Energia Elétrica - PROINFA, de acordo com balanço da Agência Nacional de

Energia Elétrica - ANEEL realizado em 2009.

A energia eólica começou a ser explorada no Ceará em maio de 1990, quando a

Companhia de Eletricidade do Ceará (COELCE) firmou um Protocolo de Intenções com a

Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit - GTZ para o desenvolvimento do

projeto "Mapeamento Eólico do Estado do Ceará". Este tinha como principal finalidade

avaliar e identificar com maior precisão os recursos eólicos disponíveis e as áreas

potencialmente favoráveis à implantação de parques eólicos.

O clima e a posição geográfica privilegiada do Ceará tornaram-no um dos

destinos mais procurados para esses empreendimentos. Seu potencial gerador de energia

limpa, elevado em relação a outras partes do mundo, traz maior segurança para os

investidores. Isso pode ajudar o estado a se desenvolver de forma sustentável em um futuro

próximo.

Diversos movimentos sociais e políticos já foram desencadeados em razão da

maneira como o processo de licenciamento vem sendo feito. Por causa das dúvidas levantadas

por ambientalistas e estudiosos do assunto, que insistem na necessidade de estudos mais

precisos sobre os impactos sociais, econômicos e ambientais gerados, questiona-se se o

procedimento de licenciamento ambiental adotado para a legalização da construção de usinas

eólicas no estado do Ceará é adequado.

A dissertação aqui apresentada segue as normas da ABNT (Associação Brasileira

de Normas Técnicas). Assim, para atender aos objetivos aqui propostos, o trabalho foi

dividido em seis capítulos. Neste capítulo introdutório foi traçado um panorama, em linhas

gerais, da energia eólica e seu licenciamento.

O segundo capítulo apresenta os objetivos – geral e específicos - do trabalho, em

que se procurou apresentar as razões do tema escolhido. Segue-se, então, o capítulo três, onde

se faz a revisão bibliográfica enfocando a evolução da utilização da energia eólica, a

capacidade instalada no mundo e a entrada do Brasil na geração desse tipo de energia. Além

disso, foram apresentados os geoambientes, com detalhamento das subzonas onde estão

localizados os parques eólicos objetos desse estudo.

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O capítulo quatro descreve os métodos utilizados para compor o trabalho aqui

apresentado, tanto em relação ao licenciamento ambiental, quanto para o levantamento dos

impactos ambientais decorrentes da instalação e operacionalização dos parques eólicos. Na

sequência, no capítulo cinco, foi delimitada a área de interesse deste trabalho, que consiste na

implantação de parques eólicos no litoral do estado do Ceará, detalhando a atuação dos

ventos, motor da energia em questão.

O sexto capítulo trata dos Resultados e Discussão deste trabalho de dissertação.

Ele está subdivido em três tópicos. No primeiro deles, discute-se o licenciamento ambiental

de parques eólico; é apresentado um cronograma da legislação ambiental específica para esse

tipo de licenciamento, além do detalhamento dos tipos de licenciamento existentes, com a

documentação necessária a cada um deles. O segundo tópico apresenta a capacidade instalada

no Ceará, onde se relata o surgimento dos primeiros parques eólicos na região, finalizando

com a apresentação, em forma de tabela, de todos os parques instalados até abril de 2014, com

a potência da cada um expressa em megawatts. Aqui também é discutida a importância da

busca por fontes alternativas de energia limpa na composição da matriz energética nacional.

O último tópico apresenta os principais impactos ambientais, positivos e

negativos, resultantes da instalação de parques eólicos; apresenta-se um quadro com medidas

compensatórias ou mitigadoras para cada um dos impactos negativos causados às

comunidades onde os parques eólicos estão instalados. Neste tópico também foram discutidos

os principais questionamentos das comunidades identificados nas audiências públicas.

O sétimo capítulo conclui o estudo, por meio das considerações finais e

recomendações.

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2 OBJETIVOS

Diversos movimentos sociais e políticos já foram desencadeados em razão da

maneira como o processo de licenciamento vem sendo feito. Por causa das dúvidas levantadas

por ambientalistas e estudiosos do assunto, que insistem na necessidade de estudos mais

precisos sobre os impactos sociais, econômicos e ambientais que serão gerados, questiona-se

se o procedimento de licenciamento ambiental adotado para a legalização da construção de

usinas eólicas no Estado do Ceará é adequado.

2.1 Geral

Considerando a relevante expressão do Estado do Ceará no cenário de

implantação dos parques eólicos, o presente trabalho tem por objetivo geral analisar os

procedimentos de licenciamento aplicados ao setor de energia eólica no Estado do Ceará,

questionando se são um instrumento eficiente de proteção ambiental.

2.2 Específicos

Para a caracterização e análise da situação legal e produtiva do setor eólico no

Estado do Ceará, faz-se necessário dirimir alguns questionamentos importantes que compõem

os objetivos específicos deste trabalho, que são:

− Analisar a eficiência do Relatório Ambiental Simplificado (RAS) como instrumento

hábil para o licenciamento ambiental de parques eólicos;

− Esclarecer como se dá a distribuição da atual produção de Energia Eólica no Estado do

Ceará;

− Comparar o preço do kWh gerado e a sua relação com outras fontes de energia;

− Avaliar as vantagens da energia eólica em relação às outras fontes de energia;

− Estimar a quantidade de kWh necessária para atender à demanda do Estado do Ceará

nos próximos 5 anos.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

A energia é um dos principais insumos da indústria, que floresceu baseada na

queima de carvão e petróleo. No entanto, o esgotamento das reservas de petróleo previstas

para as próximas décadas e os grandes períodos de estiagem gerados pelo aquecimento global

(Reis, 2002) que afetam diretamente as hidrelétricas, têm impulsionado a alta dos preços dos

combustíveis fósseis e levado cientistas a pensarem cada vez mais em fontes renováveis de

energias.

Além disso, desastres como o que aconteceu em Fukushima, no Japão, em 2011,

têm forçado os países de todo o mundo a viabilizar formas de geração de energia mais

seguras. O Japão, por exemplo, tem realizado esforços para aumentar a produção de energias

provenientes de fontes renováveis, sobretudo energia eólica e energia solar, tendo, inclusive,

inaugurado em novembro de 2013 a maior usina solar do país. (Campbell-Dollaghan, 2013)

Dentre as fontes de energias renováveis, a energia mecânica produzida pelos

ventos tem grande destaque, por contribuir significativamente para o atendimento das

necessidades da população mundial no que diz respeito à produção de eletricidade.

Os primeiros registros desse tipo de energia tiveramm origem no Oriente, por

volta do Século VII (Pinto, 2013). Durante as cruzadas, que aconteceram por dois séculos a

partir de 1905, essa tecnologia foi introduzida na Europa, sendo aprimorada até o surgimento

da turbina de eixo horizontal do tipo “moinho holandês”, no final do século XII. O apogeu da

utilização dessas turbinas foi nos séculos XVII e XVIII, quando era usada para os mais

diversos fins, tais como: bombear água, moer grãos e folhas, acionar máquinas de fábricas e

serrar madeira. (Gipe, 1995)

A Revolução Industrial trouxe melhorias ao desenho dos moinhos de vento, mas,

com o surgimento do motor a combustão interna, começou o declínio da utilização do moinho

holandês como máquina motriz. A nova tecnologia possibilitou a construção de máquinas

mais convenientes do que as turbinas de vento, visto que eram mais compactas, funcionavam

continuamente e podiam ser montadas no local em que se precisava da energia. Em 1850,

90% da energia usada pela indústria holandesa provinha dos moinhos, sendo os 10% restantes

supridos por vapor. Somente no final do século XIX é que a utilização da energia dos ventos

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para acionamento mecânico perdeu importância e, ainda assim, em 1905, 11% da energia

utilizada pela indústria holandesa era de origem eólica. (Gipe, 1995)

A utilização, no século XIX, da eletricidade e da aerodinâmica fez renascer o

interesse nas máquinas eólicas. A eletricidade se expandiu rapidamente devido a sua

versatilidade como transdutor de energia entre a fonte primária e o local de utilização da

energia; a aerodinâmica foi desenvolvida com o interesse de aperfeiçoar as aeronaves. O

desenvolvimento dessas duas tecnologias serviu de base para o desenvolvimento dos

aerogeradores no século XX. (Shepherd, 1994)

Entre os anos de 1888 e 1900, foram realizadas diversas pesquisas no intuito de

adaptar as clássicas turbinas de ventos para geração de energia elétrica, principalmente nos

Estados Unidos e na Dinamarca. Dentre os pioneiros nessas pesquisas, Poul la Cour,

meteorologista e físico dinamarquês, merece destaque especial. Ele iniciou suas experiências

convertendo turbinas eólicas clássicas - os moinhos tipo holandês - para geração de energia

elétrica em corrente contínua (Krohn, 1997). Foi o primeiro a utilizar túneis de vento para

otimizar as condições de força e direção deste; patenteou um equipamento mecânico para

estabilizar o torque produzido por uma turbina eólica; e utilizou a hidrólise para acumular a

energia elétrica produzida pelos moinhos na forma de hidrogênio (Pinto, 2013).

A produção de energia elétrica a partir da energia dos ventos, utilizando turbinas

eólicas denominadas de aerogeradores, conectadas diretamente à rede da concessionária de

energia elétrica local, é, hoje, uma tecnologia comercialmente madura; existem

aproximadamente 30 grandes fabricantes mundiais de aerogeradores oferecendo máquinas de

alta qualidade a preços competitivos (Gipe, 1998).

A utilização desse tipo de energia para a produção de eletricidade se deu na

década de 1980, na Dinamarca, e desde a década de 1990, o setor de energia eólica vem

apresentando um crescimento acelerado em todo o mundo, chegando, no final de 2008, a uma

produção de 120 GW. Devido aos efeitos da crise financeira, houve uma desaceleração em

2009.O Global Wind Energy Council (GWEC) aponta um crescimento anual do mercado na

casa de um dígito, mas relata que já são 68 países ao redor do mundo ostentando acima de 10

megawatts de capacidade eólica (Gardett, 2012).

No atual estágio tecnológico, os aerogeradores mais utilizados têm uma potência

na faixa de 400 kW a 750 kW, já estando disponíveis comercialmente equipamentos na faixa

de 1.000 kW a 1.500 kW. Os aerogeradores possuem pás cujos comprimentos variam entre

15 m e 30 m e são montados em estruturas metálicas, cujas alturas vão de 30 m a 60 m, o que

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faz com que a altura do conjunto alcance até cerca de 90 m, o equivalente a um prédio de 30

andares, sendo mais usuais, contudo, os conjuntos com alcance de 60 m. No final de 1997, a

capacidade instalada de aerogeradores no mundo era por volta de 7.700 MW, o que representa

um pouco mais da metade da potência nominal da Usina Hidrelétrica (UHE) de Itaipu, ou

cerca de duas vezes a potência nominal da UHE de Tucuruí. Na década de 1990, a indústria

eólica mundial representou negócios da ordem de dois bilhões de dólares, não se comparando

às outras indústrias energéticas, mas tendo, contudo, obtido uma posição no mercado capaz de

assegurar sua continuidade, manter os equipamentos atualizados e confirmar a confiança dos

empresários do setor no futuro (Krohn, 1998).

Nos últimos 16 anos, a capacidade instalada de geração de energia eólica mundial

passou de 6,1 GW para 282,4 GW. Na prática, o mundo hoje pode produzir o equivalente a 20

hidrelétricas de Itaipu em energia a partir do poder do vento (GWEC, 2012). Apesar dos

investimentos tímidos no setor, ocasionados pelas incertezas econômicas, a matriz eólica

mundial cresceu 19% em 2012 (Figura 1).

Figura 1 – Capacidade Mundial Instalada 2011-2012 (MW)

Fonte: Relatório semestral (WWEA, 2012)

O Brasil ostenta uma posição privilegiada no que diz respeito à oferta de energia

frente ao contexto internacional vigente. Sua matriz energética caracteriza-se pela forte

presença de fontes renováveis de energia (Porto, 2007), em especial a hidroeletricidade e a

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biomassa de cana-de-açúcar que, em 2008, chegou a 45,3% de participação, ao contrário da

matriz mundial, que apresenta em média 14% de participação de fontes renováveis.

A primeira turbina eólica a entrar em operação comercial no Brasil, em 1992, foi

também o primeiro aerogerador instalado na América do Sul; resultou de uma parceria entre o

Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) e a Companhia Energética de Pernambuco

(CELPE), através de financiamento do instituto de pesquisas dinamarquês Folkecenter. Essa

turbina eólica, de 225 kW, foi instalada no arquipélago de Fernando de Noronha, em

Pernambuco. Mas, nos dez anos seguintes, no Brasil, pouco se avançou na consolidação da

energia eólica como alternativa de geração de energia elétrica, em parte pela falta de políticas

voltadas para o setor, mas principalmente pelo alto custo da tecnologia.

Com a crise energética de 2001, foi criado o Programa Emergencial de Energia

Eólica (PROEÓLICA), como uma tentativa de incentivar a contratação de empreendimentos

voltados para a geração de energia eólica no país. Seu objetivo era contratar 1.050 MW de

projetos de energia eólica até dezembro de 2003. Já se falava, então, em complementaridade

sazonal do regime de ventos com os reservatórios hidrelétricos. Esse Programa, no entanto,

não obteve resultados, e foi substituído pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de

Energia Elétrica, o PROINFA, que, além de incentivar o desenvolvimento das fontes

renováveis na matriz energética, abriu caminho para a fixação da indústria de componentes e

turbinas eólicas no país (AbeEólica, 2013).

O PROINFA foi criado tendo como objetivo aumentar a participação da energia

elétrica produzida por empreendimentos concebidos com base em fontes eólica, biomassa e

pequenas centrais hidrelétricas, competindo-lhe, ainda, promover a diversificação da Matriz

Energética Brasileira, buscando alternativas para aumentar a segurança no abastecimento de

energia elétrica, além de permitir a valorização das características e potencialidades regionais

e locais. A execução do programa ficou a cargo da ELETROBRÁS (Dutra; Szklo, 2006).

A combinação da necessidade de diversificar a matriz de produção de energia

elétrica e fomentar formas alternativas de produção de energia criou as condições para o

sucesso de um Programa como o PROINFA, que se propunha a gerar 3.300 MW distribuídos

em partes iguais pelas três formas de geração de energia: hidrelétrica, termelétrica e eólica.

(Bermann, 2007)

O Relatório do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC), colocou o Brasil, em

2012, como o décimo quinto país com o maior potencial eólico instalado no mundo e o maior

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da América Latina. Ao todo, o parque eólico brasileiro conta com 2,5 mil MW em projetos.

Em 2012, o país teve o oitavo maior crescimento, com um incremento de 1 GW, que ajudou a

duplicar o potencial dessa matriz limpa. E as projeções do GWEC para o Brasil é de que ele

possa integrar, num futuro próximo, o ranking dos dez maiores países produtores de energia

elétrica (BRASELCO, 2014).

No mês de novembro de 2013, a capacidade instalada atingiu a marca de 3,45

GW, distribuída em 142 parques eólicos. A Figura 2 ilustra a participação das diversas fontes

na matriz elétrica brasileira nesse período.

Figura 2 – Matriz Energética Brasileira

Fonte: ANEEL, 2013.

O gráfico apresentado mostra que a matriz energética brasileira ainda é baseada

em energia hidroelétrica, correspondendo a 68% de toda a energia produzida (85,4 GW),

seguida da energia proveniente de gás natural (10%) e biomassa (9%), A energia eólica, com

uma representatividade de 3%, ocupa a 5ª posição na matriz energética brasileira.

O elevado potencial eólico da região Nordeste do Brasil, em especial nas faixas

litorâneas dos estados do Rio Grande do Norte e do Ceará, é largamente reconhecido. Para a

utilização otimizada desses recursos, são necessários estudos e o desenvolvimento de técnicas

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adequadas que estejam ao alcance das instituições que possam empregá-los, culminando em

benefícios à sociedade. Uma ferramenta importante é o Atlas do Potencial Eólico do Estado

do Ceará de 2001; outra, é a previsão eólica, que consegue contornar a incapacidade do

homem em controlar o vento, principal desvantagem da energia eólica.

3.1 Geoambientes

O conceito de paisagem é citado por Bertrand (1972, p. 2) como sendo “uma

determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de

elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros,

fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução.”

Compreender os fenômenos naturais que atuam sobre uma determinada área e as

transformações sofridas por essa área é geralmente mais importante que o simples

mapeamento das unidades geoambientais dessa região. Os mapas de zoneamento são sempre

estáticos, representando o estado das feições no momento em que elas foram cartografadas.

A Unidade Geoambiental exprime o conceito geográfico de zonalidade através de

atributos ambientais que permitem diferenciá-la de outras unidades vizinhas, ao mesmo tempo

em que possui vínculos dinâmicos que a articulam a uma complexa rede integrada por outras

unidades territoriais. Portanto, define-se que são faixas ou regiões que possuem as mesmas

características de origem e forma e que são individualizadas nos mapeamentos para se

estabelecer os condicionamentos de uso e ocupação dessas regiões. Elas podem pertencer a

um único ambiente, ou fazer parte de meios diferentes. Daí a necessidade de agrupá-las dentro

dos ambientes de origem, onde há domínio de uma dinâmica responsável por sua formação

(Silva et al., 2006).

No Mapeamento das Unidades Geoambientais, dentro do Zoneamento Ecológico-

Econômico do Ceará - Zona Costeira (ZEE), foram diferenciados três ambientes: Terras

Altas, Corredores Fluviais e Frente Marinha. Dentre esses, as Terras Altas são o mais estável,

do ponto de vista de capacidade de suporte para ocupação, porém com menores atrativos para

uso e ocupação do solo. Fazem parte das Terras Altas: tabuleiros litorâneos, paleodunas,

maciços residuais, depressão sertaneja, a chapada do Apodi e o planalto da Ibiapaba (Silva et

al., 2006).

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Os Corredores Fluviais são subdivididos em Zona Estuarina e Zona Fluvial. Aqui,

a principal preocupação é com sua capacidade de suporte, tendo em vista a exploração de seu

potencial socioeconômico, mantendo intactas suas condições originais e, principalmente

protegendo o ecossistema mais sensível: os manguezais, que são Área de Preservação

Permanente (APP).

Para uma melhor compreensão, o ZEE subdividiu a Frente Marinha em unidades

geoambientais. Estas unidades são: Frente Marinha 1 - composta pela plataforma continental,

depósitos submersos, recifes de arenito e beachrocks – e Frente Marinha 2, englobando todas

as feições modeladas pelo mar e pelo vento, que se subdivide nas subzonas: faixa praial, com

faixas de praia e cordões litorâneos; dunas e falésias, com dunas móveis, dunas fixas,

eolianitos, e falésias vivas e mortas - com diferentes perfis de praia (Figura 3); e planície de

deflação e terraços marinhos.

Figura 3 – Terminologia dos perfis de praias.

Fonte: Zoneamento Ecológico-Econômico do Ceará - Zona Costeira (Silva et al., 2006)

3.1.1 Dunas costeiras

A área de interesse desse trabalho engloba a sub-zona de dunas e falésias,

composta pelos campos de dunas com suas dunas móveis e fixadas pela vegetação, eolianitos

e falésias vivas e mortas.

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Neste ambiente é onde existe maior preocupação no uso e ocupação do solo, não

só pelo interesse como área que tende a ser intensamente ocupada, mas também pela

fragilidade do meio em que os agentes modeladores atuam com grande intensidade.

As dunas são definidas na Resolução CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002,

em seu Art. 2º, Inciso X, como “unidade geomorfológica de constituição predominantemente

arenosa, com aparência de cômoro ou colina, produzida pela ação dos ventos, situada no

litoral ou no interior do continente, podendo estar recoberta, ou não, por vegetação.” Quando

recobertas por vegetação são classificadas como dunas fixas.

O somatório das dunas móveis e fixas que ocorrem numa mesma célula costeira

são os campos de dunas. Células costeiras correspondem a trechos do litoral cujos limites são

definidos por acidentes geográficos, como estuários e promontórios, dentre outros (Silva et

al., 2006).

3.1.1.1 Paleodunas

As paleodunas, localizadas nas Terras Altas, são as dunas mais antigas do litoral

cearense. Em sua maioria, são formadas pelo transporte eólico de sedimentos arenosos, com

granulometria entre 2 e 0,2 mm. Apresentam coloração avermelhada por possuírem os grãos

de areia rejuntados por cimento ferruginoso. Podem ocorrer nos mais variados tipos de litoral,

mas, do ponto de vista cênico, são mais notáveis nas falésias de Canoa Quebrada, de Ponta

Grossa e Morro Branco. Estão presentes, ainda, em Paracuru, Baleia, Trairi, Preá e Tatajuba.

Na maioria das vezes, estão erodidas e recobertas por dunas mais recentes (Silva et al., 2006).

Em geral, as paleodunas têm estrutura maciça e uniforme, mas também são

observadas estratificações cruzadas (Figura 4). São comuns, principalmente nas falésias do

litoral leste, onde o processo de percolação de água lixivia o ferro do cimento, dando-lhes

uma coloração cinzenta.

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Figura 4 – Estratificação cruzada em Morro Branco, no município de Beberibe

Fonte: Zoneamento Ecológico-Econômico - Zona Costeira (Silva et al., 2006)

3.1.1.2 Dunas fixadas por vegetação

A vegetação é o principal fator de controle da forma das dunas costeiras (Pye;

Tsoar, 1990). As dunas fixadas por vegetação mais comuns são dunas hummock, parabólicas e

lineares vegetadas.

As dunas hummocks são montes de areia de forma irregular, com a superfície

parcial ou totalmente vegetada e altura média inferior a 10 metros, embora possam atingir até

30 metros; são mais comuns em áreas de erosão eólica, como as planícies de deflação.

As dunas parabólicas simples têm forma de U ou V, em planta, com os braços

laterais direcionados segundo o sentido. A forma destas dunas é governada pela intensidade e

a variabilidade da direção do vento, fonte e quantidade de areia disponível, além da natureza

dos terrenos vegetados, sobre os quais as dunas se movem (Pye; Tsoar, 1990). No litoral

cearense as dunas parabólicas ocorrem em profusão na região do Iguape, onde se registra a

duna fixada por vegetação mais alta do litoral, Pecém e Icaraí de Amontada.

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Figura 5 – Dunas parcialmente fixadas por vegetação, no município de Trairi

Fonte: Zoneamento Ecológico-Econômico - Zona Costeira (Silva et al., 2006)

As dunas lineares vegetadas (Figura 5) variam em altura, de alguns metros até

poucas dezenas de metros, e têm perfil arredondado na seção perpendicular ao alongamento

do corpo. Formam feições paralelas de alguns quilômetros e, quando individualizadas, podem

atingir até centenas de quilômetros de comprimento. A vegetação está restrita às partes baixas

dos flancos e ausentes nas cristas. Podem ser vistas em Trairi e na Planície de Deflação da

localidade de Jericoacoara.

3.1.1.3 Campos de dunas costeiras móveis

A subsidência das costas ocasiona intensa erosão dos sedimentos litorâneos, com

redistribuição ao longo das praias e formação de dunas. Quando o suprimento de sedimento é

grande e as dunas não são estabilizadas pela vegetação, podem se formar extensos campos de

dunas móveis e lençóis dunares, denominados sand sheet (Silva et al., 2006).

Os campos de dunas são depósitos eólicos de areia, formados pelo movimento de

areia no sentido do vento, sobre terrenos vegetados ou subvegetados. Na maioria dos casos

dos campos de dunas ativos, eles não são vegetados e variam em tamanho desde pequenos

lençóis (centenas de m2) até verdadeiros mares de areia, de vários quilômetros quadrados. Sua

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ocorrência depende da abundância de suprimento da areia costeira, associada a uma forte

energia eólica na praia (Silva et al., 2006).

Dentre as dunas de areia fina, formadas por acumulação devido às mudanças de

rugosidade dos terrenos ou flutuações aerodinâmicas, sobressaem-se as barcanas, que

possuem a forma da lua na sua fase de quarto crescente. As pontas do crescente ficam viradas

para o lado oposto àquele de onde o vento sopra e o declive mais suave fica virado para o

vento. O maior campo de dunas barcanas do Ceará está em Jericoacoara (Figura 6).

Figura 6 –Campos de barcanas de Jericoacoara

Fonte: Zoneamento Ecológico-Econômico - Zona Costeira (Silva et al., 2006)

3.1.1.4 Eolianitos

Os eolianitos ou cascudos são depósitos eólicos cimentados por carbonato de

cálcio em ambiente continental, com diagênese próxima à superfície, envolvendo

principalmente águas pluviais. São relativamente recentes, sem forma definida, mas marcando

a morfologia litorânea pelos horizontes mais resistentes à erosão e ao transporte eólico. Eles

são bem laminados com estratificação plano-paralela, embora possam exibir estratificação

cruzada (Silva et al., 2006).

Os eolianitos apresentam um padrão morfológico definido em elevações

topográficas simétricas. Correspondem a corpos arenosos semiconsolidados, que geram

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formações morfológicas identificáveis facilmente pelo seu contraste na paisagem, pelo

alongamento no eixo Leste-Oeste e pela forma elíptica. Devido ao desgaste erosivo, alguns

destes ressaltos topográficos apresentam um rampeamento associado com a direção dos

ventos, as partes mais baixas ficam para leste e as mais elevadas para oeste (Figura 7).

No Ceará, as áreas de maior incidência dos eolianitos são Pecém, Paracuru, Trairi,

Baleia, Apiques, Icaraí de Amontada, Almofala e Bitupitá.

Figura 7 – Estratificação plano-paralela em afloramento de eolianito na localidade de Pecém.

Fonte: Zoneamento Ecológico-Econômico - Zona Costeira (Silva et al., 2006)

Ao estudar os eolianitos do litoral do Ceará, Maia et al. (2004), atribuem à

dinâmica climática, à acumulação biogênica das formações dunares e à hidroquímica como

fatores essenciais e determinantes para a formação dos eolianitos.

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4 METODOLOGIA

Este estudo teve como principal método as pesquisas exploratórias, que

apresentam menor rigidez no planejamento e comumente envolvem estudos de casos, relação

bibliográfica e documental. Esse tipo de pesquisa visa desenvolver, esclarecer e modificar

conceitos e ideias, com vistas à formulação de problemas mais precisos ou hipóteses

pesquisáveis para estudos posteriores. A Figura 8 apresenta um fluxograma resumido dos

métodos empregados neste trabalho a fim de alcançar os objetivos propostos.

Figura 8 – Fluxograma resumido dos métodos utilizados no presente trabalho.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

4.2 Licenciamento Ambiental

Na tentativa de verificar se os procedimentos de licenciamento ambiental

adotados para legalizar a construção de usinas eólicas no estado do Ceará são adequados, o

presente estudo analisou as etapas e procedimentos adotados pelo órgão ambiental

competente. Este trabalho também analisou os componentes do Estudo de Impacto Ambiental

Revisão de literatura

Levantamento da

legislação pertinente Legislação para usinas eólicas

Levantamento no Órgão

Ambiental

Inspeções técnicas

Licenças Ambientais

Coleta de dados em campo

Estudos Ambientais

Audiências públicas

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e o do Relatório de Impacto Ambiental, requisitos essenciais à emissão da licença ambiental,

bem como outros estudos requeridos para a emissão de licenças ambientais para esse tipo de

empreendimento.

Por meio de bases eletrônicas online federais, como:

<http://www2.planalto.gov.br/acervo/legislacao> e <http://www.mma.gov.br/port/conama/>;

e estaduais, como: <http://www.semace.ce.gov.br/institucional/procuradoria-juridica/

legislacao/>, foi feita uma compilação da legislação pertinente para o processo de

licenciamento ambiental. Dentro do banco de dados levantado, foram analisadas as leis

federais e estaduais, bem como os decretos e as resoluções pertinentes ao licenciamento de

usinas elétrica-eólicas.

Por meio do Sistema de Gerenciamento do Controle Ambiental (SIGA),

ferramenta de busca e gestão de processos da Superintendência Estadual do Meio Ambiente

do Ceará (SEMACE), foi realizado um levantamento dos empreendimentos em processos de

licenciamento, bem como dos empreendimentos de usinas eólicas no estado com licenças

expedidas. Os processos foram analisados quanto a sua fase no licenciamento. Para isso,

consideraram-se as três tipologias de licenças em questão: Licenças Prévia e de Instalação –

como forma de verificar o potencial futuro; e Licença de Operação – possibilitando a

verificação de capacidade de energia eólica instalada em operação até o momento.

Para complementar o estudo, foram utilizados dados disponibilizados por outros

órgãos oficiais envolvidos com a temática em questão, tais como: o Centro Brasileiro de

Energia Eólica (CBEE), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Agência Nacional de

Energia Elétrica (ANEEL), a Agência de Desenvolvimento do estado do Ceará (ADECE), a

COELCE etc. Foram analisadas publicações, documentos formais e artigos hospedados nos

sítios eletrônicos oficiais. Em virtude da popularização dos assuntos relacionados ao meio

ambiente e à crise energética, as consultas aos artigos de revistas, jornais e publicações

especializadas também subsidiaram o estudo proposto.

4.3 Impactos Ambientais

Para a identificação e discussão dos impactos ambientais gerados pela construção

de parques eólicos, foram considerados os 32 empreendimentos que se encontram,

atualmente, em operação. Os impactos ambientais da respectiva atividade foram compilados

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por meio da análise dos estudos ambientais apresentados ao órgão responsável pelo

licenciamento ambiental no estado do Ceará (a SEMACE).

Os impactos foram considerados positivos ou negativos de acordo com um

determinado aspecto ambiental. Os aspectos analisados foram: (1) ocupação do solo; (2)

transporte de equipamento pesado; (3) movimentos migratórios humanos; (4) distorção

estética; (5) produção de ruído; (6) funcionamento dos aerogeradores. Também, por meio dos

estudos foram identificadas as medidas mitigadoras para cada impacto ambiental dentro dos

aspetos analisados.

A fim de identificar in loco os impactos ambientais para subsidiar os estudos

ambientais apresentados, foram realizadas inspeções técnicas a empreendimentos em processo

de licenciamento, juntamente com o corpo técnico da SEMACE, durante os anos de 2012 e

2014 (Figura 9 – A, B e C). As inspeções contaram com visitas técnicas às áreas de

implantação dos empreendimentos e às áreas de influência direta. No momento da vistoria foi

possível conversar com proprietários, empregados, consultores ambientais e comunidades

tradicionais, permitindo uma ampla visão da situação e percepção do empreendimento pelo

diferentes agentes.

A legislação ambiental, no Art. 10, V, da Resolução CONAMA 237/97, prevê a

realização de audiências públicas como uma das possíveis etapas para o licenciamento

ambiental. E a Resolução COEMA 04/2012 especifica a quem cabe os custos relativos à

realização de audiências públicas nas atividades que necessitam de EIA/RIMA para seu

licenciamento.

O autor presidiu as Audiências Públicas necessárias a todos os empreendimentos

em operação na região litorânea do estado (Figura 9 - D). Foram coletados dados sobre os

principais questionamentos da sociedade civil das comunidades locais; esses dados foram

analisados e discutidos, principalmente com relação aos tópicos de maior relevância do ponto

de vista comunitário, como, por exemplo: (1) destinação da energia gerada; (2) impactos

ambientais predominantes, como: poluição sonora e a mortandade de pássaros; (3) vias de

acesso; (4) Impacto na conta de luz; (5) geração de renda etc. Desta forma, foi possível

identificar os principais efeitos das usinas eólicas sobre as comunidades.

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33

Figura 9 – Atividades de campo. A: inspeção técnica com corpo técnicos da SEMACE; B e C: Conversas formais/informais com moradores tradicionais; e D: Audiência Pública presidida.

Fonte: Fotos do próprio autor (2013).

A B

C D

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5 ÁREA DE ESTUDO

A implantação de parques eólicos requer estudos avançados de caracterização

ambiental das áreas alvo. Esses estudos têm como objetivo fundamentar ações e medidas

vinculadas aos procedimentos para a minimização dos impactos ambientais. Assim, esse

estudo compreendeu a análise das centrais eólicas instaladas na região litorânea do Ceará,

mais especificamente na região de dunas móveis. A escolha desse geoambiente justifica-se

pelas peculiaridades sócio espaciais que tornam esse ecossistema de grande valor quanto ao

potencial ambiental e também pela natural fragilidade do equilíbrio ecológico face às

intervenções antrópicas.

No que concerne às reservas energéticas primárias, o Ceará é um estado

relativamente pobre. Não possui nenhuma reserva significativa de petróleo, gás natural,

hidráulica e carvão. Também carece de centros de transformação, como refinarias, plantas de

gás natural, coquerias ou destilarias. Em compensação, é muito rico em duas áreas de energias

renováveis: solar e eólica (ADECE, 2009). Atualmente, as usinas eólio-elétricas que já

operam no estado apresentam surpreendente desempenho, aproveitando as vantagens da

baixíssima rugosidade da areia de dunas e das acelerações orográficas.

Com área territorial de 148.825 km2 e situado no Nordeste do Brasil, o estado do

Ceará está localizado um pouco abaixo da linha do Equador (Figura 10), em uma posição

nitidamente tropical, entre -02º 47’00” e -07º 51’30” de latitude sul e -037º 15’11” e -041º

26’10” de longitude oeste (IPECE, 2010). O estado está dividido em 184 municípios e 790

distritos, 8 Microrregiões de Planejamento e 20 Regiões Administrativas. (IPECE, 2010)

O estado do Ceará está imerso na contínua circulação atmosférica subequatorial

dos ventos alísios, intensificados pelas brisas marinhas ao longo de 640 km de seu perímetro

litorâneo com o Oceano Atlântico. Os ventos apresentam-se no litoral como um importante

componente da dinâmica da paisagem, sendo fundamental para a composição dos modelos

evolutivos propostos neste trabalho.

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Figura 10 – Área de estudo, estado do Ceará.

Fonte: IPECE (2007).

Os ventos alísios são o contínuo movimento das massas de ar de superfície, em

direção às menores pressões da aquecida faixa equatorial. No hemisfério Sul, latitude do

Estado do Ceará, os ventos alísios sobre o mar são de direção Sudeste. Registros

anemométricos indicam que esses ventos têm sua direção afetada na região litorânea e

continental do Nordeste brasileiro, pela ação de gradientes térmicos mar-continente e

interiores à região continental, e influências orográficas (Ceará, 2001).

Ao redor da Terra, a intensidade dos ventos alísios é afetada pela presença de

continentes e suas particularidades climáticas e orográficas. No caso específico do estado do

Ceará, os ventos alísios são provenientes de uma extensa área oceânica, livre de obstáculos - o

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que lhes confere notável intensidade, constância e baixa turbulência (Figura 11).

Adicionalmente, os gradientes térmicos terra-oceano induzem brisas marinhas que contribuem

para aumentar a sua intensidade.

Figura 11 – Movimentação dos ventos alísios.

Fonte: Atlas do Potencial Eólico do Estado do Ceará, 2001

Os ventos alísios, provenientes dos dois hemisférios terrestres, convergem para

uma região de baixa latitude no entorno da linha do equador, denominada Zona de

Convergência Intertropical (ZCIT). Como os ventos alísios carregam umidade e são

gradualmente aquecidos, sua convergência em uma região de pressões menores (ZCIT) é

caracterizada por forte convecção e chuvas quase contínuas. Essa posição da ZCIT migra em

ciclos anuais, coincidindo sobre o território cearense durante os meses de Março a Maio - o

que provoca a sua principal e muitas vezes única estação chuvosa, na qual os ventos atingem

sua intensidade mínima anual. Nos restantes nove meses do ano a ZCIT retorna às latitudes

equatoriais, resultando em predomínio do período seco, e na existência de grandes regiões

com clima semiárido no Ceará e região Nordeste do Brasil. É nesse período seco (Julho-

Dezembro) que os ventos da região atingem seu máximo, com intensidade e constância

significativas (Ceará, 2001).

O potencial eólico no campo de dunas foi priorizado como o mais efetivo para a

instalação dos aerogeradores ao longo da planície costeira, envolvendo os Estados do Rio

Grande do Norte, Ceará e Piauí. No litoral do estado existem 543 km2 de dunas, formadas por

ventos intensos e constantes (Ceará, 2001), colocando o Ceará entre as melhores regiões do

mundo para o aproveitamento eólico (Sá, 2001).

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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O homem só começou a se preocupar com as questões ambientais a partir da

década de 1960. Os longos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, denominado

Guerra Fria, amadureceram a necessidade de tomar conta do planeta, que já vinha, desde a

Revolução Industrial, num perigoso processo de relacionamento com o meio ambiente.

Desde a década de 1930, já eram utilizados estudos de impacto ambiental nos

Estados Unidos, mas foi na década de 1970 que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) passou

a ser exigido em países industrializados. A Conferência das Nações Unidas para o Meio

Ambiente, conhecida por Rio-92, ou Eco-92, consagrou o conceito de desenvolvimento

sustentável e buscou acordos e compromissos internacionais para diminuir os danos ao meio

ambiente. A partir daí, os estudos de impacto ambiental ganharam maior relevância.

6.1 Licenciamento Ambiental de Parques Eólicos

O primeiro EIA do Brasil é da Usina Sobradinho, na Bahia, em 1971. Por

exigência da Organização das Nações Unidas (ONU), os bancos internacionais e outras

organizações passaram a exigir a apresentação do EIA antes da licença de um projeto de

grande escala, sendo condição para aprovação do financiamento. Assim, o Banco Mundial

pediu um EIA para financiar a Usina de Sobradinho. A preocupação com o meio ambiente se

deu muito mais por uma imposição do Banco Mundial do que por livre consciência do povo e

governo brasileiros (PINTO, 2013).

6.1.1 Histórico do licenciamento ambiental

O licenciamento dos empreendimentos com ações impactantes no meio ambiente

só foi introduzido no Brasil pela Lei 6.938/81, que criou o CONAMA. Essa lei possui caráter

preventivo e seu objetivo maior é diminuir – senão evitar – os efeitos na ocorrência de danos

ambientais; em seu art. 10, determina o prévio licenciamento ambiental para “a construção,

instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de

recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de

causar degradação ambiental”.

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A política nacional do meio ambiente deu origem, em 1985, à criação do

Ministério do Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente, que veio a se tornar, em 1999, o

Ministério do Meio Ambiente (MMA). A Figura 12 apresenta um organograma simplificado

do MMA com seus respectivos órgãos relacionados com o licenciamento ambiental de

empreendimentos em geral e de usinas elétricas.

Figura 12 – Organograma básico do Ministério do Meio Ambiente

Fonte: Pinto (2013).

O Ministério do Meio Ambiente planeja, coordena, supervisiona e controla ações

relativas ao meio ambiente; o CONAMA é o órgão consultor e deliberativo, reúne diferentes

setores da sociedade e tem caráter normatizador dos instrumentos da política ambiental; o

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) são autarquias que

trabalham junto com os órgãos estaduais e municipais, são órgãos executores. No estado do

Ceará o órgão responsável pela a emissão das licenças de parques eólicos é a

Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE).A Figura 13 mostra um

fluxograma simplificado do processo de licenciamento, diferenciando empreendimento

passível ou não de Estudo de Impacto Ambiental e respectivo relatório de Impacto Ambiental

(EIA/RIMA). Os processos de licenciamento tendem a ser longos e morosos, dificultando,

muitas vezes, o aporte de investimentos para o estado.

Conselho do Governo

CONAMA (Consultivo Normativo)

MMA (Planejamento)

IBAMA e ICMBIO (Executor

Fiscalizador)

Secretarias Estaduais

Secretarias Municipais

Conselhos Estaduais

Conselhos Municipais

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Figura 13 – Fluxograma do Licenciamento Ambiental da Superintendência Estadual do Meio Ambiente do estado do Ceará (SEMACE)

PT – Parecer Técnico LP – Licença Prévia TR – Termo de Referência LI – Licença de Instalação EA – Estudo Ambiental LO – Licença de Operação

Fonte: SEMACE (2014)

Requerimento da Licença

Análise Técnica/jurídica

Inspeção/Avaliação

Passível de EIA/RIMA? Sim

Elaboração TR Não

PT+LP+TR/EA

Emissão - PT+LI

Emissão - PT+LO

Audiência Publica

Elaboração PT

COEMA

Emitida LP Emitida LI Emitida LO Renovação da LO

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6.1.2 Legislação para o licenciamento de parques eólicos

A seguir, são apresentados os principais institutos legais – federal e estadual - que

regulam, direta ou indiretamente, o licenciamento ambiental para a instalação de parques

eólicos no estado do Ceará.

A resolução CONAMA número 001/86 institui o estudo prévio de impacto

ambiental (EIA) e o relatório de impacto ambiental (RIMA) como instrumentos da política do

meio ambiente.

A Constituição Federal, de 1988, em seu art. 225, § 1º, IV, passa a exigir estudo

de impacto ambiental “para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de

significativa degradação ao meio ambiente”. Deve-se ressaltar que a expressão “significativa

degradação” pode ter diferentes interpretações.

A resolução CONAMA 237/97, em linhas gerais, define licenciamento ambiental,

licença ambiental, estudos ambientais e impactos ambientais. De acordo com ela, o

Licenciamento Ambiental é um procedimento administrativo em que o órgão ambiental

competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e

atividades que, por utilizarem recursos ambientais, são consideradas efetiva ou

potencialmente poluidoras; ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação

ambiental.

A Licença Ambiental é o Ato Administrativo emitido pelo órgão ambiental

competente, onde são estabelecidas as condições, restrições e medidas de controle ambiental

que deverão ser obedecidas pelo empreendedor - pessoa física ou jurídica - para localizar,

instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades licenciáveis.

Os Estudos Ambientais referem-se a todos os estudos apresentados como subsídio

para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle

ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de

recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.

Impacto Ambiental é todo e qualquer impacto que afete diretamente a área de

influência do projeto.

A Lei Estadual nº 11.411, de 28 de dezembro de 1987, estabeleceu a Política

Estadual do Meio Ambiente para o Ceará e criou a Superintendência Estadual do Meio

Ambiente – SEMACE e o Conselho Estadual do Meio Ambiente – COEMA, delegando

àquela competência para o licenciamento ambiental na esfera administrativa estadual, e

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cabendo a este assessorar o chefe do Poder Executivo Estadual em assuntos de política de

proteção ambiental.

A Resolução CONAMA nº 279, de 27 de junho de 2001, estabelece

procedimentos para o licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos

com pequeno potencial de impacto ambiental.

A Resolução CONAMA nº 341, de 25 de setembro de 2003, dispõe sobre critérios

para a caracterização de atividades ou empreendimentos turísticos sustentáveis como de

interesse social para fins de ocupação de dunas originalmente desprovidas de vegetação, na

Zona Costeira, determinando, no parágrafo único do artigo 4º, que “O EIA/RIMA deverá

considerar, em cada unidade de paisagem, entre outros aspectos, o impacto cumulativo do

conjunto de empreendimentos ou atividades implantados ou a serem implantados em uma

mesma área de influencia, ainda que indireta”.

A Resolução CONAMA 369, de 28 de março de 2006, dispõe sobre os casos

excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que

possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em APP.

A Instrução Normativa nº 01/2011, da SEMACE, disciplina a emissão de Licença

Prévia, mediante apresentação do RAS para participação em concorrência pública, a

empreendimentos produtores e comercializadores de energia elétrica.

A Lei Complementar 140/2011 fixa normas para a “cooperação entre a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício

da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do

meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das

florestas, da fauna e da flora”.

A resolução COEMA nº 04/2012 atualiza os procedimentos, critérios, parâmetros

e custos aplicados aos processos de licenciamento e autorização ambiental no âmbito da

Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE.

6.1.3 Documentação necessária para o licenciamento de parques eólicos

A legislação ambiental brasileira estabelece uma série de restrições para a

implantação de empreendimentos em restingas, mais especificamente em dunas, onde é

vedada a remoção de sua vegetação.

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Mesmo a Resolução CONAMA 369/2006, que possibilita a intervenção ou

supressão de vegetação em APP, poderia criar uma brecha para implantar parques eólicos em

área de preservação permanente, no entanto, o parágrafo primeiro veda a intervenção ou

supressão de vegetação em APP, dentre outros, de dunas originalmente providas de

vegetação, salvo nos casos de utilidade pública listados no inciso I do art. 2º, no que os

parques eólicos não se enquadram.

Porém, o mapa eólico do Brasil apresenta uma extensa faixa litorânea como sendo

favorável à implantação de Usinas Eólio-Elétricas - UEEs. As áreas apontadas no atlas eólico

como as mais adequadas à implantação de parques eólicos são aquelas situadas em restingas,

campos de dunas, faixas marginais de lagoas litorâneas - locais também procurados por

pássaros de migração. É nessa região que reside grande parte dos potenciais consumidores de

energia elétrica e é justamente a proximidade entre as UEEs e os grandes centros de consumo

que se configura como uma das maiores vantagens para o empreendimento.

Para participar dos leilões de energia – e somente para participar dos leilões -, os

parques eólicos estão dispensados da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e

dos Relatórios de Impacto Ambiental (RIMA). Ao isentar os parques eólicos da

obrigatoriedade de apresentar EIA-RIMA, para que os mesmos venham a participar dos

leilões de energia, abrindo a possibilidade de o licenciamento prévio ser baseado em um

Relatório Ambiental Simplificado – RAS, o Conselho Nacional do Meio Ambiente -

CONAMA, por meio da Resolução 279/2001, gerou uma contradição que tem sido fonte de

conflitos com o Ministério Público (Federal e Estadual) e outros órgãos, como o Instituto do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional(IPHAN) e o Departamento de Recursos Minerais

(DRM).

Como o próprio nome diz, o RAS discrimina de forma simplificada os estudos

relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação

do empreendimento. No entanto, ele propicia apenas avaliação dos impactos ambientais

causados nas fases de implantação e operação do empreendimento, e a definição de medidas

mitigadoras e/ou compensatórias para a minimização ou eliminação dos impactos ambientais

negativos. Seu objetivo maior é oferecer elementos para a análise da viabilidade ambiental de

empreendimentos ou atividades consideradas potencial ou efetivamente causadoras de

degradação ao meio ambiente.

Somente os empreendimentos que forem contemplados no leilão estão obrigados à

apresentação do EIA/RIMA. O EIA/RIMA, ou Estudo de Impactos Ambientais/Relatório de

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Impactos Ambientais, foi instituído pela Resolução CONAMA nº 001/86, de 23/01/1986. O

EIA é um conjunto de estudos com dados técnicos detalhados, compreendendo a coleta de

material, análise, bibliografia (textos), bem como o estudo das prováveis consequências

ambientais que podem ser causadas pelo empreendimento; sua finalidade é analisar os

impactos causados pela obra, propondo condições para sua implantação e os procedimentos

que deverão ser adotados para sua execução. O Relatório de Impacto Ambiental

(RIMA), deverá refletir as conclusões do EIA; deve ser apresentado de forma objetiva e

adequada à sua compreensão, com as informações em linguagem acessível, ilustradas por

mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se

possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências

ambientais de sua implementação. O EIA e o RIMA são exigidos para todas as atividades

utilizadoras de Recursos Ambientais consideradas de significativo potencial de degradação ou

poluição.

De acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade,

as licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente. São três os tipos de

licença que, de acordo com a Resolução CONAMA nº 237/1997, cabe ao Poder Público

expedir. São elas:

− Licença Prévia (LP) – contém os requisitos para localização, instalação e operação do

empreendimento, observando-se os planos municipais, estaduais e federais de uso do

solo; é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou

atividade, é ela que aprova sua localização e concepção, atestando sua viabilidade

ambiental; estabelece, ainda, os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos

nas fases de implementação. O prazo de validade da LP varia de 2 a 4 anos. Ressalte-

se que o empreendimento ou atividade deve ser compatível com o uso previsto nas

Diretrizes Gerais de Ocupação do Território ou Plano Diretor Municipal.

− Licença de Instalação (LI) - autorizao início da implantação do projeto ou atividade de

acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados,

incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual

constituem motivo determinante. O prazo de validade da LI varia de 2 a 4 anos.

− Licença de Operação (LO) – permite que a atividade ou empreendimento entre em

operação com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a

operação; essa licença somente será emitida após a verificação do efetivo

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cumprimento de tudo o que consta nas licenças anteriores; seu prazo de emissão vai de

3 a 5 anos.

6.1.4 Licenças

Há uma série de imposições legais para a concessão de cada uma das licenças

ambientais. É o que se detalha a seguir.

6.1.4.1 Licença prévia (LP)

Concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade,

aprova sua localização e concepção, estabelecendo os requisitos básicos, estudos e

condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação. Nessa fase será

definida a necessidade ou não de Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de

Impacto Ambiental - EIA/RIMA ou de outros estudos específicos, conforme Termo de

Referência expedido pela SEMACE.

No caso de atividades efetiva ou potencialmente causadoras de significativa

degradação ambiental, a LP só será expedida após a análise e aprovação do EIA/RIMA pela

SEMACE, de acordo com a Portaria nº 201/99, emitida pela própria SEMACE. A referida

licença não autoriza o início das obras nem o de qualquer outro tipo de atividade.

Para emissão da LP é exigido, antes de tudo, um requerimento que é gerado no

sítio eletrônico da SEMACE, e que deverá ser impresso e assinado pelo representante legal do

empreendimento, ou o seu procurador. No caso de se tratar de pessoa jurídica, faz-se

necessária a apresentação da cópia da Identificação de Pessoa Jurídica (CNPJ) atualizada,

além da cópia do Contrato Social acompanhado do último aditivo, bem como o aditivo que

nomeia o administrador da empresa (caso tenha havido mudança), ou Cópia do Estatuto

Social acompanhado da ata da Assembleia que nomeia o administrador da empresa, ou Cópia

do Requerimento de empresário individual. No caso das empresas que mudaram de Razão

Social, é preciso apresentar cópia do aditivo referente à mudança.

Quando se tratar de pessoa física, deverá ser apresentado o registro no Cadastro de

Pessoa Física (CPF), além de documento de identificação com foto.

Além disso, são exigidos os seguintes documentos:

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− Matrícula do imóvel ou certidão expedida pelo Cartório respectivo, em nome do

requerente (autenticada e expedida em até 90 dias da data do requerimento da licença).

Caso o requerente não seja o titular da propriedade, deverá apresentar autorização do

proprietário para utilização do imóvel ou contrato de arrendamento, locação ou escritura

de compra e venda, se for o caso;

− Certidão Negativa de inexistência de registro/matricula do imóvel acompanhada de

documento comprobatório da posse do imóvel (emitida em nome do interessado);

− Certidão de Ocupação (SPU) para terrenos de marinha;

− Decreto de utilidade pública ou interesse social para terrenos em processo de

desapropriação;

− Comprovante de pagamento do custo de licenciamento ambiental;

− Publicação em jornal da solicitação de Licença Prévia - LP, conforme modelo padrão;

− Descrição geral da área de interferência do empreendimento e da concepção do projeto

proposto, enfatizando a infraestrutura existente, bem como o uso e ocupação do solo da

área de entorno e outros dados considerados relevantes;

− Planta georreferenciada da poligonal do imóvel, acompanhada da ART do responsável

técnico, identificando: o empreendimento com as estruturas internas existentes e/ou

projetadas, os recursos naturais e/ou artificiais existentes, e as áreas de preservação

permanente;

− Anuência do município declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade,

estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo, indicando

sua localização em área urbana ou rural;

− Estudo Ambiental pertinente, quando couber, após a emissão do Termo de Referência

pela SEMACE, acompanhado do Cadastro Técnico Estadual e ART(s) do(s) técnico(s)

responsável(is) por sua elaboração e execução;

− Autorização emitida pela SEMACE, quando a área do projeto estiver inserida, no todo ou

em parte, em Unidade de Conservação ou em sua zona de amortecimento;

− Requerimento de Autorização para Licenciamento Ambiental – REALA, quando se tratar

de Unidade de Conservação federal;

− Autorização emitida pela FUNAI, no caso de empreendimentos localizados em áreas com

ocupação indígena.

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6.1.4.2 Licença de Instalação (LI)

Autoriza a instalação ou construção do empreendimento ou atividade de acordo

com as especificações constantes dos projetos, estudos ambientais, planos, programas e

propostas aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes da

qual constituem motivo determinante. Não autoriza o funcionamento do empreendimento ou

atividade.

Os documentos exigidos para emissão de LP, além do requerimento obtido no

sítio eletrônico da SEMACE e dos documentos de identificação do solicitante exigidos na LP,

são os discriminados abaixo:

− Solicitação para Autorização do Desmatamento (quando constar nos condicionantes da

LP);

− Publicação em jornal da solicitação de Licença de Instalação - LI, conforme modelo pré-

estabelecido pela SEMACE;

− Comprovante de pagamento do custo de licenciamento ambiental, dispensado para as

microempresas, desde que comprovem sua inscrição nessa categoria;

− Projeto técnico do empreendimento, acompanhado da ART do responsável;

− Cópia da licença prévia;

− Outros documentos exigidos nas condicionantes da licença prévia, quando for o caso.

6.1.4.3 Licença de Operação (LO)

Autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do

efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle

ambiental e condicionantes determinadas para a operação.

Para emissão da LO, são exigidos os mesmos documentos de identificação e

requerimento necessários à LP e LI, além dos discriminados abaixo:

− Cópia da licença de instalação;

− Publicação em jornal da solicitação de Licença de Operação - LO, conforme modelo pré-

estabelecido pela SEMACE;

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− Comprovante de pagamento do custo de licenciamento ambiental. Também aqui as

microempresas estão isentas deste pagamento, uma vez que comprovem sua inscrição

nessa categoria;

− Alvará emitido pela prefeitura municipal;

− Certificado de Regularidade no Cadastro Técnico Federal - CTF de atividade

potencialmente poluidora e/ou utilizadora de recursos naturais emitido pelo IBAMA.

− Atestado de aprovação emitido pelo órgão gestor e regulador da atividade, quando for o

caso;

− Outros documentos exigidos nas condicionantes da LI, quando for o caso.

6.1.5 Implicações ambientais e econômicas do licenciamento de Parques Eólicos

O processo de licenciamento dos complexos de energia eólica apresenta

particularidades e desenvolvem-se de maneira diferente dos demais empreendimentos no

estado do Ceará. A principal diferença encontra-se na fase de Licença Prévia (LP). Como

destacado anteriormente, essa etapa está relacionada com a concepção do projeto e com a

aprovação de sua localização. Para os demais empreendimentos de grande porte e alto

impacto ambiental, são exigidos EIA/RIMA, e a liberação da licença só se dará após a

aprovação do projeto e do parecer técnico no Conselho Estadual do Meio Ambiente

(COEMA). No entanto, para a energia eólica, o EIA/RIMA e a aprovação no COEMA são

exigidos apenas na fase da licença de instalação. Para obtenção da LP, os parques eólicos

necessitam apenas de um Relatório Ambiental Simplificado (RAS).

A principal justificativa para essa divergência é a aceleração dos trâmites dos

processos dentro do órgão ambiental e a necessidade da aprovação do projeto para

participação nos leilões de energia. Por se tratar de um serviço de utilidade pública e de

grande importância para o desenvolvimento econômico do estado, e consequentemente do

país, a simplificação do processo de licenciamento se faz de extrema importância. No entanto,

ao se considerar o meio ambiente e a vulnerabilidade do ecossistema envolvido no processo,

percebe-se que o RAS, com a apresentação apenas posterior do EIA/RIMA, não se constituem

uma opção parcimoniosa (Meireles, 2011).

Uma alternativa encontrada pelo órgão responsável, a fim de aliar o desenvolvimento

dessa fonte renovável e extremamente valorosa para o estado com a proteção do equilíbrio

ambiental, foi refinar e limitar o processo de licenciamento. Isso se deu através de consenso

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entre os técnicos responsáveis que, a partir do início de 2012, não mais aprovariam

empreendimentos na zona costeira, ou seja em geoambientes formados por dunas móveis ou

fixas, falésias etc. Esse é o consenso atualmente posto em prática.

Com o advento de novas tecnologias, tornou-se possível criar alternativas para a

implantação de complexos eólicos em zonas costeiras (Pinto, 2013). Dessa forma, o alvo de

localização dos parques foi alterado para os tabuleiros pré-litorâneos (Silva, 2007),

garantindo, assim, a preservação daqueles ecossistemas. A construção de torres mais altas (em

torno de 100 metros) garante a mesma eficiência na captação de energia eólico-elétrica. Outro

benefício ambiental imensurável das fontes de energia eólica são as emissões de gases

evitadas e a diminuição da disposição de resíduos (Pinto, 2013). Tendo em vista a crise

ambiental atual, esses potenciais podem, indiretamente, diminuir o aquecimento global e

aumentar a qualidade de vida.

6.2 Capacidade Instalada no Ceará

O Brasil é um país com grande potencial eólico. Estudos realizados em 2001

apontam para um potencial de 143.000 MW, equivalente a duas vezes o potencial hidrelétrico

total explorado no país até 2009. Entre os maiores produtores potenciais de energia eólica do

país na atualidade, destaca-se o Estado do Ceará (Pinto, 2013).

A situação brasileira em 1975, com relação ao desenvolvimento da energia eólica,

estava no mesmo nível dos demais países interessados nessa forma de energia: todos

envidando esforços para atingir um desenvolvimento tecnológico que fosse comercialmente

viável. A partir de então, alguns países apresentaram desenvolvimento significativo, em

especial a Dinamarca, enquanto os esforços do Brasil eram incipientes nesse setor, realizados

principalmente pelo Centro Tecnológico da Aeronáutica - CTA de São José dos Campos,

através de projetos financiados pela Eletrobrás (Lobo, 1994).

O aumento da demanda brasileira por energia associada à falta de investimento

em infraestrutura levou a uma crise no abastecimento que culminou com o apagão de 2001,

forçando o governo a tomar uma decisão. A matriz energética nacional, predominantemente

hidrográfica, mostrou-se insuficiente para atender o crescimento econômico. Assim, em 26 de

abril de 2002, inspirado em legislação semelhante na Alemanha e na Dinamarca, foi criado o

PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, pela Lei

10.438, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e gerenciado pela Eletrobrás. A idéia

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era aumentar a participação de energia elétrica produzida através de fontes eólicas e biomassa.

Desse modo, o PROINFA surgiu com o objetivo de diversificar a matriz energética brasileira,

aumentando a segurança no abastecimento de energia elétrica e valorizando as características

regionais e locais, além de desenvolver as fontes alternativas de geração de eletricidade.

O Ceará era comprador de 99% do que consumia de energia, com um custo de

distribuição muito grande para o bolso do consumidor (ADECE, 2009). Por não possuir

recursos hídricos abrangentes, precisou recorrer a fontes alternativas de energia, até então não

difundida para os brasileiros mas já muito utilizada na Europa, onde a Alemanha detinha a

tecnologia.

Assim, em 1996, a COELCE, em convênio com a Alemanha, instalou a Central

Eólica do Mucuripe, na Praia Mansa, em Fortaleza; um parque eólico de demonstração

tecnológica com quatro máquinas de 300 kW cada.

Três anos depois, mais dois parques eólicos foram construídos, um no município

de São Gonçalo do Amarante (litoral oeste) e outro em Aquiraz (litoral leste). Este último,

uma iniciativa da empresa alemã Wobben Windpower e, segundo dados da ANEEL, até o ano

de 2009, foi considerado o maior parque eólico do Brasil.

De acordo com informações colhidas junto à ADECE, atualmente, no Ceará, há

32 parques eólicos. Instalados na zona costeira, sob os campos de dunas fixas e móveis, estes

parques eólicos estão em operação nos municípios de: Acaraú (3), Amontada (4), Aracati (6),

Aquiraz (1), Beberibe (3), Camocim (1), Fortaleza (1), Itarema (1), Paracuru (2), São Gonçalo

do Amarante (2), e Trairi (8) (Figuras 14 e 15).

A Figura 16, que apresenta, demarcadas de Camocim a Aracati, as onze

localidades litorâneas onde há parques eólicos instalados é seguida pela Tabela 1, onde estão

relacionados os 32 parques eólicos em operação no Ceará, até abril de 2014, com suas

respectivas capacidades e localizações.

A Figura 17 mostra o acúmulo da geração de energia do estado por meio da

operacionalização dos complexos eólicos, entre os anos de 2005 e 2014. Observa-se que os

anos de 2009 e 2010 apresentaram o maior acúmulo de MW, estabilizando-se no ano de 2011,

e voltando a crescer entre os de 2012 e 2014. A Figura 18 apresenta uma estimativa do

acúmulo da geração de energia do estado por meio da operacionalização dos complexos

eólicos entre os anos de 2009 e 2018. O que se observa é que, após a estabilização de 2011, o

setor voltou a crescer em 2012, mantendo-se em crescimento, pelo menos até 2018, quando o

número total de parques em operação no estado chegar a 94. A estimativa para a produção de

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energia elétrico-eólica é de aproximadamente 2.379,13 MW. O Acréscimo previsto conta com

empreendimentos já habilitados em leilões de energia, que se encontram em processos de

licenciamento ambiental, segundo dados da SEMACE.

Figura 14: Parque Eólico do Mucuripe.

Fonte: Large; Barbieri (2002).

Figura 15: Parque Eólico deAcaraú

Fonte: Foto do próprio autor (2013).

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Figura 16– Localização regional aproximada das usinas eólicas no Litoral Cearense.

Fonte: MEIRELES (2011)

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Tabela 1 – Eólicas em funcionamento desde 2005 até abril de 2014

Seq. Parque Potência (MW)

Município Data de Operação

Comercial

1 Buriti 30,0 Acaraú abr-14 2 Cajucoco 30,0 Itarema mar-14 3 Bons Ventos 50,0 Aracati fev-10 4 Canoa Quebrada 57,0 Aracati jan-10 5 Embuaca 27,3 Trairi mar-14 6 Eólica de Prainha 10,0 Aquiraz jun-05 7 Eólica de Taíba 5,0 São Gonçalo do Amarante jun-05 8 Faisa I 29,4 Trairi mar-14 9 Faisa III 25,2 Trairi mar-14 10 Faisa IV 25,2 Trairi mar-14 11 Flexeiras I 30,0 Trairi jan-14 12 Eólica Canoa Quebrada 10,5 Aracati dez-08 13 Icaraizinho 54,6 Amontada out-09 14 Paracuru 25,2 Paracuru nov-08 15 Guajirú 30,0 Trairi nov-13 16 Icaraí 16,8 Amontada jun-13 17 Icaraí I 27,3 Amontada mar-14 18 Icaraí II 37,8 Amontada mar-14 19 Praias de Parajuru 28,8 Beberibe ago-09 20 Foz do Rio Choró 25,2 Beberibe jun-09 21 Mucuripe 2,40 Fortaleza jun-05 22 Mundaú 30,0 Trairi abr-14 23 Lagoa do Mato 3,23 Aracati jun-09 24 Beberibe 25,6 Beberibe set-08 25 Enacel 31,5 Aracati mar-10 26 Praia do Morgado 28,8 Acaraú mai-10 27 Praia Formosa 105,0 Camocim ago-09 28 Quixaba 25,5 Aracati out-12 29 Dunas De Paracuru 42,0 Paracuru dez-12 30 Taíba Albatroz 16,5 São Gonçalo do Amarante nov-08 31 Trairí 25,4 Trairi nov-13 32 Volta do Rio 42,0 Acaraú set-10

Total 953,23

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados colhidos com a ADECE (2014)

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Figura 17 – Geração de MW acumulados durante os anos de 2005-2014 no Ceará

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados colhidos com a ADECE (2014).

Figura 18 – Estimativa da geração de MW acumulados durante os anos de 2009-2018 no Ceará. A linha vermelha representa o acréscimo de 60% do potencial instalado (usinas em operação do

estado) entre 2014-2018.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados colhidos com a ADECE (2014) e SEMACE (2014).

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A Tabela 2 compara as potências instaladas dos anos de 2013, 2014 e 2018, mostrando

as porcentagens de participação deste setor energético no consumo do estado.

Tabela 2 – Comparação entre os anos de 2013, 2014 e 2018. Para o ano de 2018 considerou-se um crescimento de 10% no total do consumo de energia do estado do Ceará em relação a 2013.

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados colhidos com da ADECE, SEMACE e COELCE (2014).

O Ceará, cada vez mais, tem se consolidado como um dos protagonistas do setor de

energia eólica no País - ao lado de Bahia, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. A potência

total estimada de 953,2 MW, dos 32 parques eólicos em operação, corresponde a cerca de 10% do

consumo de energia de todo o estado do Ceará. Os dados da Associação Brasileira de Energia

Eólica (AbeEólica) apontam para uma potência total de 1,82 GW em operação até 2016, nos 50

empreendimentos que têm previsão de entrarem em operação até lá (AbeEólica, 2013).

É importante esclarecer que isso não quer dizer que a potência eólica de 1,82 GW

prevista para 2016 conseguiria, sozinha, abastecer o Estado, pois, em média, os parques cearenses

produzem 43% da sua capacidade, chegando até 95% de eficiência em alguns complexos.

O Ceará é o Estado com maior número de parques eólicos do Brasil e o maior produtor

de energia elétrica por fontes eólicas do país (Pinto, 2013). De acordo com o atual Atlas Eólico do

Estado, estudos relativos à oferta de fonte de energia e identificação de ambientes ideais apontam

vários pontos do litoral como locais com potencialidade para a exploração de energia eólica,

conforme medições com anemômetros e ensaios de computadores da velocidade média e direção

predominante dos ventos.

Além disso, com a limitação hídrica do Ceará, tornam-se indispensáveis investimentos

em fontes alternativas de energia para a exploração das potencialidades naturais da região,

destacando-se a fonte eólica e a solar. A seleção da área para implantação dos empreendimentos

de energia eólica previstos para a faixa litorânea do Ceará foi realizada sob embasamento técnico e

Anos Nº de Parques em operação

Potência instalada (MW)

Participação da eólica no consumo do estado (%)

2013 22 834,00 8,9

2014 32 953,23 10,17

2018 94 2379,13 23,00

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científico, conjugando locais com potencialidade eólica constante, facilidade de infraestrutura e

disposição de áreas livres para a sua implantação.

Outro ponto fundamental para a escolha desses projetos no litoral do estado do Ceará é

a característica dos ventos da região. Nos meses de agosto e setembro, ocorre o afastamento da

Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) do litoral, ocasionando o ápice dos ventos alísios,

atingindo intensidades e constância notáveis. Aliado a isso, no verão observa-se uma

intensificação dos efeitos das brisas marítimas, aumentando significativamente as velocidades do

vento no litoral do estado do Ceará. Nos meses de fevereiro e março há aproximação da ZCIT,

caracterizado por forte convecção e chuvas contínuas, diminuindo a intensidade de vento neste

período. O resultado final destas características são ventos unidirecionais, com velocidades médias

acima de 8 m/s, consequentemente, fatores de capacidade próximos a 50% (cinquenta por cento),

sendo um dos maiores do Brasil (Ceará, 2001).

O estado do Ceará foi um dos primeiros locais a realizar um programa de

levantamento do potencial eólico. Outras medições foram feitas também no Paraná, Santa

Catarina, Minas Gerais, litoral do Rio de Janeiro e de Pernambuco e na ilha de Marajó.

A energia eólica é um recurso significativo e poderoso. É seguro, limpo, abundante e

quase ilimitado como uma provisão segura de energia. A indústria eólica é uma oportunidade para

começar a transição para uma economia global baseada em energia sustentável. Nesse contexto, a

energia eólica cearense é nacionalmente conhecida pelo seu alto potencial, dimensionado em 35

mil megawatts (MW), sendo 25 mil MW em terra (on shore) e 10 mil MW no mar (off shore),

segundo o Atlas Eólico do Estado, mas para gerar mais emprego e renda é preciso trazer mais

indústrias (Ceará, 2001).

O que se percebe, com base na pesquisa realizada, é que a exploração de energia

elétrica de fontes renováveis é uma alternativa viável para a expansão da oferta energética, sendo

oportuna para o desenvolvimento sustentável do Estado, para a minimização dos efeitos causados

pelas emissões de gases que provocam o efeito estufa e para a diversificação da matriz elétrica

nacional. Ressalte-se a importância dos papéis desempenhados pelos entes envolvidos no

programa, em que o próprio Governo do Estado, que executa o papel de articulador das ações,

busca atrair novos investidores para o setor de infraestrutura energética, incentivando a instalação

de fábricas de equipamentos eólicos como pás para os aerogeradores e outros componentes.

De acordo com a Agência do Desenvolvimento do Estado do Ceará, esse estímulo à

formação da cadeia produtiva de energia eólica contribui diretamente na redução dos custos na

etapa de instalação dos aerogeradores, o que, por conseguinte, fortalece a competitividade. Por

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isso, para integrar os diversos segmentos da cadeia produtiva de energia eólica, foi criada pela

ADECE, através da Portaria nº 106/2009, a Câmara Setorial de Energia Eólica do Estado do

Ceará, responsável por articular agentes públicos e privados para definirem ações voltadas para a

criação e implantação de projetos e ações capazes de consolidar a energia eólica no estado do

Ceará.

6.2.1 Novas energias – A busca pela energia limpa

Assegurar o acesso a fontes de energia limpas e sustentáveis é, sem dúvida, um dos

grandes desafios enfrentados pelo mundo moderno. Diariamente, os meios midiáticos abordam

direta ou indiretamente algum assunto relacionado com a energia. O incentivo e a promoção do

uso da energia, a partir de recursos eólicos, devem ser diretrizes permanentemente presentes nas

políticas públicas voltadas para a segurança energética nacional. Em 2010, o Ceará alcançou a

marca de 518,33 MW de potência instalada em geração de energia eólica e se tornou o principal

produtor desse tipo de energia no Brasil. Em 2013, essa marca foi de 661,03 MW de potência

instalada, oriundos dos 22 parques eólicos até então instalados no litoral. Quatro meses depois, são

32 parques eólicos em operação com uma potência instalada de 953,23 MW.

É importante citar o conceito de complementaridade hidroambiental do sistema de

produção de energia associado à variabilidade das fontes energéticas. Este conceito tem como base

o ciclo climático sazonal de precipitações (responsável pela maior produção de energia

hidroelétrica no Brasil) e as outras variáveis atmosféricas, como velocidade do vento e radiação

solar (Pinto, 2013).

No Nordeste Brasileiro, o primeiro semestre é um período marcado por chuvas, maior

índice de nebulosidade e menores velocidades do vento, sendo o período mais favorável à geração

de energia hidráulica. Quando diminuem ou cessam as chuvas a partir do mês de junho no

semiárido, há um período preferencial ao uso do potencial eólico devido ao aumento da

velocidade dos ventos e a um aumento da radiação solar causada pela diminuição da nebulosidade

(Ceará, 2001). Desse modo, é possível que haja uma complementaridade dos sistemas produtores

de energia, a fim de chegar a um sistema mais sustentável.

O consumo crescente e o impacto ambiental e social causado pelas fontes tradicionais

de energias, como hidrelétricas e termelétricas, levam o governo e a sociedade a pensarem em

novas alternativas para a geração de energia elétrica. Cerca de 80% da energia elétrica produzida

no país é gerada por meio de grandes usinas hidroelétricas que, mesmo utilizando fonte limpa e

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renovável, provocam grandes impactos ambientais e sociais, tais como alagamento de áreas, perda

da biodiversidade local e transferência de famílias para lugares diferentes daqueles que habitavam.

Por outro lado, observa-se uma tendência crescente nos projetos de energia eólica se

comparados à energia hídrica, tornando os preços médios do MWh da energia eólica tão

competitivos quanto os das fontes tradicionais de energia do país; é o que mostra a Tabela 3 que

apresenta o resultado do 12º leilão de energia.

Tabela 3 – Resultado final do 12º leilão de energia A-3 (2011).

Fonte Projetos contratados

Potência instalada (MW)

Preço médio (R$/MWh)

Potência (%)

Eólica 44 1067,7 99,58 39

Biomassa 4 197,8 102,41 7

Hídrica 1 450 102 16

Gás Natural 2 1029,1 103,26 38

TOTAL 51 2744,6 1686,1 100

Fonte: PINTO, 2013

6.3 Impactos Ambientais

É praticamente aceito que o aquecimento global tem sido causado por atividades

humanas e o principal culpado nesse cenário são os gases de efeito estufa emitidos pela queima de

combustíveis fósseis (principalmente o dióxido de carbono, CO2). De acordo com a Comissão

Mundial de Energia, o uso de 1 milhão de kWh de energia eólica pode gerar uma economia de 600

toneladas de emissão de CO2 (Pinto, 2013). Não resta dúvida de que é um número a considerar.

Assim, o uso de energia eólica ajudaria a diminuir os problemas com as mudanças climáticas, pois

a energia eólica tem a vantagem de emitir apenas uma pequena quantidade de CO2, e isso na fase

de construção e manutenção.

Embora os parques eólicos sejam considerados como de baixo impacto ambiental, a

implantação e o funcionamento destes empreendimentos, em diversos locais do mundo,

mostraram um leque de impactos, que têm suscitado questionamentos e pesquisas (Lage; Barbieri,

2002; Meireles, 2011).

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6.3.1 Impactos positivos

A instalação de parques eólicos tem impactos tanto positivos quanto negativos numa

região. A identificação desses pontos requer o cruzamento das informações relativas às ações

potencialmente impactantes, que ocorrem nas várias fases do empreendimento, com as dos fatores

ambientais afetados pelas obras, em termos abiótico, biótico e antrópico.

A operação dos parques eólicos gera desenvolvimento local e regional, com destaque

para o setor secundário, podendo-se considerar o empreendimento como um vetor multiplicador

de investimentos, empregos e transações comerciais, entre outros. Além de serem compatíveis

com outros usos e utilizações do terreno como a agricultura e a criação de gado.

A tecnologia eólica não gera qualquer tipo de efluente, seja este líquido, sólido ou

gasoso, não necessitando de equipamentos ou sistemas específicos de controle, que muitas vezes

causam grandes impactos ambientais. Portanto, pode-se afirmar que a geração desse tipo de

energia provoca menor emissão de gases de efeito estufa (GEE), sendo possível a transferência da

cota de GEE para outros setores da atividade econômica.

O desenvolvimento de um projeto de energia eólica fornece fonte extra de receita para

donos de terras rurais, proveniente do arrendamento do terreno. As turbinas eólicas ocupam 4%

ou menos das áreas requeridas para um projeto de energia eólica, porque apenas uma fração do

terreno é utilizada por estruturas físicas e estradas, assim, o uso anterior da terra (plantação ou

criação de animais) pode continuar junto com as instalações de energia eólica, podendo beneficiar

um ou mais proprietários de terra, dependendo das exigências de espaço do projeto.

O que se tem observado, na prática, é que a construção e operação de um projeto

eólico fomentam o comércio de mercadorias e serviços locais, com a venda de materiais e

equipamentos de construção, ferramentas e equipamentos de manutenção, equipamentos de

segurança, além de suprimentos essenciais aos trabalhadores, como comida, vestuário, artigos de

higiene etc. Há de se destacar, ainda, os serviços de suporte, como bancos e serviços de saúde,

contábeis e jurídicos.

A energia eólica é uma das fontes mais baratas de energia podendo competir em

termos de rentabilidade com as fontes de energia tradicionais; estima-se que em menos de seis

meses, o aerogerador recupera a energia gasta com o seu fabrico, instalação e manutenção. Além

disso, ela reduz a elevada dependência energética do exterior, notadamente a dependência em

combustíveis fósseis, pois os aerogeradores não necessitam de abastecimento de combustível e

requerem escassa manutenção, uma vez que sua revisão só se dá em cada seis meses.

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É importante destacar o impacto econômico e social resultante da implantação de um

parque eólico: a geração de emprego. Em geral, as oportunidades de emprego associadas com uma

usina eólica estão na construção, operação e manutenção. Os empregos relacionados à construção

geralmente envolvem tarefas de curto prazo ao logo do projeto, que vai depender de seu tamanho

e localização, mas duram seis anos em média. Segundo dados da ADECE, no Ceará, um projeto

de 50 MW cria de 800 a 1200 empregos de tempo integral durante a fase de construção. Nas

operações comerciais, esse número vai depender, principalmente, do tamanho do projeto, de sua

estrutura administrativa e das práticas trabalhistas do país. Projetos com menos de 10 turbinas,

normalmente são operados de forma remota, enquanto projetos maiores mantêm um quadro de

funcionários de tempo integral. Assim, nos países em desenvolvimento, devido às práticas

trabalhistas variadas e ao baixo custo da mão de obra, é maior o número de empregos. De acordo

com informações da ADECE, no Brasil, a taxa de emprego é de cerca de uma pessoa para 0,6

MW, quase o dobro da quantidade empregada nos Estados Unidos, onde os custos de mão de obra

são maiores e a regra é a submissão ao Controle de Supervisão e Sistemas de Aquisição de Dados

(ou, Supervisory Control and Data Acquisition – SCADA).

Há que se considerar, ainda, a receita proveniente de impostos, que são usados para

uma variedade de propósitos de apoio social, como escolas, estradas, habitação, saneamento,

hospitais etc.

6.3.2 Impactos negativos

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (organismo internacional

criado para fornecer informações científicas, técnicas e socioeconômicas relevantes para o

entendimento das mudanças climáticas), realizou um levantamento e apresentou um relatório onde

foram apontados os principais impactos ambientais derivados da implantação de parques eólicos.

Foram destacados: impacto visual, poluição sonora, poluição eletromagnética, mortalidade de

pássaros, morcegos e outros animais.

O impacto visual é praticamente inevitável, uma vez que os aerogeradores são

estruturas verticais com cerca de 100m de altura média, embora o desconforto visual seja

subjetivo. Para minimizar esse efeito, costuma-se pintar as turbinas eólicas com a mesma cor da

paisagem local.

Uma situação a ser considerada é o impacto sonoro, pois o vento que bate nas pás,

mesmo sendo de baixa frequência, produz um ruído constante e pode gerar incômodo às pessoas e

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animais da vizinhança. Por esse motivo, recomenda-se que as habitações mais próximas deverão

estar, no mínimo, a 200 m de distância, sendo esse um dos motivos que geram conflito com a

comunidade. A Figura 19 mostra a magnitude do ruído sonoro de algumas fontes. O limite

inferior da audição humana é em torno de 0 decibel. Valores acima de 60 dB já causam irritações,

e a partir de 100 são prejudiciais à saúde. Dados da AWEA (American Wind Energy Association)

mostram que uma turbina eólica a 300 m emite ruído em torno de 40 dB.

A interferência das turbinas eólicas na transmissão de ondas eletromagnéticas é

concentrada em pequenas áreas. Esse impacto pode ser evitado com a escolha de local apropriado

para a turbina, pelo menos naquelas encontradas em rotas de navegação ou de links de rádio. O

que não acontece com a recepção pública de TV e rádio, pois estão em praticamente todo lugar. A

principal forma de interferência na transmissão de TV é o espalhamento e a reflexão dos sinais

pelas turbinas eólicas.

Figura 19 – Nível de ruído sonoro de algumas fontes.

Fonte: PINTO (2013).

O impacto das turbinas eólicas sobre pássaros, morcegos e outros animais é

extremamente baixo comparado ao de outras atividades. Ele é ocasionado principalmente pelo

choque dos pássaros nas pás, que violam sua trajetória de migração. Mas organizações não

governamentais reconhecem que a mudança climática é a principal ameaça às espécies de

pássaros e reconhecem a energia eólica como uma proteção às espécies contra a perseguição

indiscriminada (Pinto, 2013).

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Há que se considerar, ainda, que a maioria dos parques eólicos no Ceará está

localizada em Áreas de Preservação Permanente, amparados pela legislação. Eles geram uma

grande modificação da paisagem, ocorrendo, tanto a supressão da vegetação em algumas áreas,

quanto a fixação artificial de vegetação nas dunas (Figuras 20 e 21).

Figura 20 – Fixação artificial para viabilizar via de acesso entre dois aerogeradores.

Fonte: Foto do próprio autor (2013).

Figura 21 – Desmatamento em duna fixa (campo de dunas da Taíba).

Fonte: Meireles (2011).

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Um ponto negativo pouco comentado está relacionado com a intermitência do vento,

ou seja, nem sempre o vento sopra quando a eletricidade é necessária, tornando difícil a

integração da sua produção no programa de exploração.

A Tabela 4 mostra algumas medidas mitigadoras ou compensatórias, indicadas

conforme orientação do MME – Ministério de Minas e energia e a EPE - Empresa de Pesquisa

Energética, para minimizar os impactos negativos advindos com a instalação de projetos eólicos.

Tabela 4 – Impactos decorrentes da construção e operação de parques eólicos.

Aspectos Impactos TO Medidas Mitigadoras ou Compensatórias

Ocupação do solo pelo parque eólico e subestações (preparação, terraplenagem, desmatamento etc.)

- interferência com a população local; - interferência com a flora e fauna - produção de ruído e poeira - erosão do solo - alteração do uso do solo - emissão de gases de efeito estufa e causadora de deposição ácida pelas máquinas e caminhões utilizando derivados de petróleo - interferência com atividade turística

C Compensação monetária ou permuta de áreas. Utilização de sistemas antipoeiras. Recuperação de áreas degradadas. Regulagem das máquinas evitando produção de ruídos e emissões desnecessárias

Transporte de equipamento pesado

- poluição sonora - perturbação do trânsito local

C Planejamento do sistema de tráfego de modo a se evitar os horários de pico

Movimentos migratórios causados pela construção do parque

- aumento da demanda por serviços públicos, habitação e infraestrutura de transporte - alteração da organização sócio-cultural e política da região - aumento das atividades econômicas com possível posterior retração após o término do empreendimento

C/O Apoio na construção do Plano Diretor do Município. Adequação das infraestruturas de habitação, educação e transporte. Gestão institucional

Distorção estética - poluição visual C/O Projetos paisagísticos e arquitetônicos para redução do impacto viasual

Produção de ruído - poluição sonora C/O Projetos e programas específicos para redução de ruído. Monitoramento de ruídos

Funcionamento dos aerogeradores

- morte de aves e morcegos por colisão O Evitar a construção do parque em rotas de migração. Adotar arranjo adequado das turbinas no parque eólico

Legenda: TO – Tempo de Ocorrência; C - Construção; O – Operação

Fonte: EPE (2007).

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6.3.3 Impactos das usinas eólicas do ponto de vista da sociedade

A implantação de parques eólicos requer estudos avançados de caracterização

ambiental e social da área de influência direta. Esses estudos, aliados às audiências públicas, têm

como objetivo fundamentar ações e medidas vinculadas aos procedimentos para a minimização

dos impactos ambientais negativos. O gerenciamento ambiental, entendido de maneira ampla,

surge como o elemento fundamental para a sustentabilidade ambiental. Seu principal objetivo é

conciliar as atividades humanas e o meio ambiente, através de instrumentos que estimulem e

viabilizem essa tarefa, que pressupõe a modificação do comportamento do homem em relação à

natureza, em virtude do atual estado de degradação do meio.

A Tabela 5 apresenta uma compilação dos principais questionamentos feitos nas

audiências públicas presididas pelo autor deste trabalho e os relaciona com os impactos positivos e

negativos da implantação do empreendimento. O que se pode observar é que a percepção da

sociedade está diretamente ligada aos impactos gerados na zona de influência do empreendimento,

e que o fator econômico é bastante relevante. Chama a atenção, também, indagações e

questionamentos sobre a qualidade do meio ambiente e manutenção das atividades tradicionais,

como a pesca, além do acesso às áreas do complexo eólico.

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Tabela 5 – Percepção da sociedade civil sobre a instalação de complexos eólicos no estado

Dúvida/Questionamento Impacto negativo/positivo correspondente

Resposta dos técnicos

Benefícios para município e para a comunidade local

- Arrecadação de impostos; - Geração de emprego e renda; - Demanda por serviços públicos, habitação e infraestrutura de transporte; - Aumento das atividades econômicas.

-Arrecadação de impostos; - Profissionalização da mão de obra local; -Geração de emprego e renda para a comunidade

Alta demanda de pessoal nas fases iniciais do projeto

- Geração de emprego e renda; - Demanda por serviços públicos, habitação e infraestrutura de transporte; - Alteração da organização sócio-cultural e política da região; - Aumento das atividades econômicas.

- Planos de infraestrutura para o município mais próximo ao empreendimento.

Áreas desmatadas - Interferência na flora e fauna

- Apenas as áreas da base da torre são desmatadas, a subestação e as vias de acesso.

Acesso a área - Alteração da organização sócio-cultural e política da região; - Perturbação do trânsito local.

- Não haverá restrições de acesso às áreas; - Haverá controle e fiscalização, visando à segurança

Avanço das dunas móveis e ocupação da APP

- Alteração do uso do solo; - Alteração na dinâmica geológica local - Interferência com atividade turística

- Projetos de fixação de dunas - Estudos detalhados sobre a dinâmica das dunas em cada região

Diminuição na tarifa de energia - Empresas eólicas não têm acesso às tarifas de energia da União, pois estão todas integradas no SIN.

Alteração das atividades pesqueiras

- Alteração da organização sócio-cultural e política da região.

- Não haverá restrição para as atividades tradicionais de pesca na região.

Fonte: Elaborado pelo autor (2014).

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7 CONCLUSÕES

A possibilidade de esgotamento das fontes energéticas tradicionais, aliada à

preocupação com a preservação do meio ambiente e das condições favoráveis à sobrevivência

humana, está transformando paulatinamente as políticas públicas de energia no mundo inteiro.

Nesse panorama que se descortina para o futuro, com incentivos do governo federal, o

Ceará vem procurando posicionar-se adequadamente. Apesar de entraves pontuais, o estado foi o

primeiro a lançar o Atlas Eólico, documento que revela um cenário propício à instalação de

investimentos privados na área da energia dos ventos.

Dessa forma, apesar do alto potencial eólico da região litorânea do estado do Ceará, a

faixa atualmente ocupada pelas usinas é um geossistema dinâmico e frágil. Por esse motivo,

constata-se que a adoção de alternativas locacionais é de extrema importância para a manutenção

do desenvolvimento econômico do estado, juntamente com a proteção ambiental, aliando, assim,

as novas tecnologias de instalação de parques.

Reconhece-se a dificuldade em definir, a priori, o que seja impacto ambiental de

pequeno porte, sem uma análise dos estudos ambientais que subsidiem o processo de

licenciamento ambiental, pois são muitas as diversidades e peculiaridades regionais.

Conclui-se, então, que a apresentação do RAS para a obtenção da Licença Prévia, a

fim de habilitar a participação de empreendimentos eólicos em leilões de contratação de energia, é

um instrumento facilitador, porém – ressalte-se - não deve ser o único estudo a ser apresentado

para a obtenção da licença ambiental. A licença ambiental para instalação e operação de parques

eólicos está condicionada às exigências normais da legislação ambiental como elaboração de EIA-

RIMA, realização de audiência pública, análise e vistoria técnicas, além da aprovação no

Conselho Estadual do Meio Ambiente - COEMA.

Uma usina eólica causa impactos à região onde se encontra instalada, no entanto, os

impactos sociais são encurtados quando comparados a outras fontes de energia também

renováveis, como as usinas hidrelétricas. A energia eólica não gera qualquer tipo de resíduo, seja

sólido, líquido ou gasoso. Além disso, o principal impacto negativo é a modificação da paisagem

natural, sendo, por isso, considerado impacto de pequeno porte, pois os parques eólicos ocupam

uma baixa porcentagem da área referida.

O licenciamento ambiental é o mais efetivo instrumento de defesa do meio ambiente à

disposição da sociedade e do poder público. O desenvolvimento sustentável é o modelo que

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procura coadunar os aspectos ambiental, econômico e social, buscando um ponto de equilíbrio

entre a utilização dos recursos naturais, o crescimento econômico e a equidade social.

Desse modo, mesmo que o litoral cearense apresente as melhores características para a

geração e o alto aproveitamento de energia eólica, a questão ambiental e a proteção de

ecossistemas frágeis devem ser prioridade. Tornando-se um grande desafio construir o equilíbrio a

partir da lógica humana.

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ANEXO A – RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, DE 23 DE JANEIRO DE 1986

Dispõe sobre procedimentos relativos a Estudo de Impacto Ambiental O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 48 do Decreto no 88.351, de 01 de junho de 1983, para efetivo exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo art. 18 do mesmo decreto, e Considerando a necessidade de se estabelecerem as definições, das responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para o uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental com um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, resolve: Art. 1º. Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I. a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II. as atividades sociais e econômicas; III. a biota; IV. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V. a qualidade dos recursos ambientais. Art. 2º. Dependerá de elaboração de Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e da SEMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: I. estradas de rodagem com 2 (duas) ou mais faixas de rolamento; II. ferrovias; III. portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; IV. aeroportos, conforme definidos pelo inciso I, art. 48, do Decreto Lei no 32, de 18 de novembro de 1966; V. oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; VI. linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 Kw; VII. obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para quaisquer fins hidrelétricos, acima de 10 MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII. extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); IX. extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração; X. aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; XI. usina de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10 MW; XII. complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hidróbios; XIII. distritos industriais e Zonas Estritamente Industriais - ZEI; XIV. exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100ha (cem hectares) ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; XV. projetos urbanísticos, acima de 100ha (cem hectares) ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI. qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares, em

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quantidade superior a dez toneladas por dia ; (1) XVII. projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000ha, ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental;(2) Art. 3o . Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo RIMA, a serem submetidos à aprovação da SEMA, o licenciamento de atividades que, por lei, seja de competência federal. Art. 4o . Os Órgãos ambientais competentes e os órgãos setoriais do SISNAMA deverão compatibilizar os processos de licenciamento com as etapas de planejamento e implantação das atividades modificadoras do meio ambiente, respeitados os critérios e diretrizes estabelecidos por esta Resolução e tendo por base a natureza, o porte e as peculiaridade de cada atividade. Art. 5o . O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação, em especial os princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais: I. contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto; II. identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade; III. definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetados pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; IV. considerar os planos e programas governamentais propostos e em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade; Parágrafo único . Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental, o órgão estadual competente, ou a SEMA ou, no que couber, ao município, fixará as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área, forem julgadas necessárias, inclusive os prazos para conclusão e análise dos estudos. Art. 6o . O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas: I. diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; c) o meio sócio econômico - o uso e a ocupação do solo, os usos da água e a sócio economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. II. análises de impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos,

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imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade, suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais; III. definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas; IV. elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados; Parágrafo único . Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental, o órgão estadual competente, ou o SEMA ou, quando couber, o Município fornecerá as instruções adicionais que se fizerem necessárias, pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área. Art. 7o . O estudo de impacto ambiental será realizado por equipe multidisciplinar habilitada, não dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto e que será responsável tecnicamente pelos resultados apresentados. Art. 8o . Correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental, tais como: coleta e aquisição de dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, estudos técnicos e científicos e acompanhamento e monitoramento dos impactos, elaboração do RIMA e o fornecimento de pelo menos 5 (cinco) cópias. Art. 9o . O Relatório de Impacto Ambiental - RIMA refletirá as conclusões de estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo: I. os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais; II. a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias- primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnicas operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos e perdas de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; III. a síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da área de influência do projeto; IV. a descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação; V. a caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações de adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização; VI. a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderem ser evitados, e o grau de alteração esperado; VII. o programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; VIII. recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral). Parágrafo único. O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada à sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação.

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Art. 10 . O órgão estadual competente, ou a SEMA ou, quando couber, o Município terá um prazo para se manifestar de forma conclusiva sob o RIMA apresentado. Parágrafo único. O prazo a que se refere o "caput" deste artigo terá o seu termo inicial na data do recebimento pelo órgão estadual competente ou pela SEMA do estudo do impacto ambiental e seu respectivo RIMA. Art. 11 . Respeitado o sigilo industrial, assim solicitando e demonstrando pelo interesse o RIMA será acessível ao público. Suas cópias permanecerão à disposição dos interessados, nos centros de documentação ou bibliotecas da SEMA e do órgão estadual de controle ambiental correspondente, inclusive durante o período de análise técnica. Parágrafo 1º . Os órgãos públicos que manifestarem interesse, ou tiverem relação direta com o projeto, receberão cópia da RIMA, para conhecimento e manifestação. Parágrafo 2o . Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental e apresentação do RIMA, o órgão estadual competente ou a SEMA ou, quando couber o Município, determinará o prazo para conhecimento dos comentários a serem feitos pelos órgãos públicos e demais interessados e, sempre que julgar necessário, promoverá a realização de audiência pública para informação sobre o projeto e seus impactos ambientais e discussão do RIMA. Art. 12. Esta Resolução entre em vigor na data de sua publicação. Publicado no D.O.U. de 17.02.86 - págs. 2548 e 2549

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ANEXO B - RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1997

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições e competências que lhe são conferidas pela Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentadas pelo Decreto no 99.274, de 06 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, e Considerando a necessidade de revisão dos procedimentos e critérios utilizados no licenciamento ambiental, de forma a efetivar a utilização do sistema de licenciamento como instrumento de gestão ambiental, instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente; Considerando a necessidade de se incorporar ao sistema de licenciamento ambiental os instrumentos de gestão ambiental, visando o desenvolvimento sustentável e a melhoria contínua; Considerando as diretrizes estabelecidas na Resolução CONAMA no 011/94, que determina a necessidade de revisão no sistema de licenciamento ambiental; Considerando a necessidade de regulamentação de aspectos do licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional de Meio Ambiente que ainda não foram definidos; Considerando a necessidade de ser estabelecido critério para exercício da competência para o licenciamento a que se refere o artigo 10 da Lei n 6.938, de 31 de agosto de 1981; Considerando a necessidade de se integrar a atuação dos órgãos competentes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA na execução da Política Nacional do Meio Ambiente, em conformidade com as respectivas competências, resolve: Art. 1o - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais , consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. IV – Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados. Art. 2o- A localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis. § 1o- Estão sujeitos ao licenciamento ambiental os empreendimentos e as atividades relacionadas no Anexo 1, parte integrante desta Resolução. § 2o – Caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios de exigibilidade, o detalhamento

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e a complementação do Anexo 1, levando em consideração as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras características do empreendimento ou atividade. Art. 3o- A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação. Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento. Art. 4o - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber: I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União. II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados; III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou mais Estados; IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN; V- bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação específica. § 1o - O IBAMA fará o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento. § 2o - O IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá delegar aos Estados o licenciamento de atividade com significativo impacto ambiental de âmbito regional, uniformizando, quando possível, as exigências. Art. 5o - Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades: I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal; II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2o da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais; III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais Municípios; IV – delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento legal ou convênio. Parágrafo único. O órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal fará o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

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Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento. Art. 6o - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio. Art. 7o - Os empreendimentos e atividades serão licenciados em um único nível de competência, conforme estabelecido nos artigos anteriores. Art. 8o - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças: I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade. Art. 9o - O CONAMA definirá, quando necessário, licenças ambientais específicas, observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação. Art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas: I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida; II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade; III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA , dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias; IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente; VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico; VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade.

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§ 1o - No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes. § 2o - No caso de empreendimentos e atividades sujeitos ao estudo de impacto ambiental - EIA, se verificada a necessidade de nova complementação em decorrência de esclarecimentos já prestados, conforme incisos IV e VI, o órgão ambiental competente, mediante decisão motivada e com a participação do empreendedor, poderá formular novo pedido de complementação. Art. 11 - Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor. Parágrafo único - O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais. Art. 12 - O órgão ambiental competente definirá, se necessário, procedimentos específicos para as licenças ambientais, observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação. § 1o - Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente. § 2o - Poderá ser admitido um único processo de licenciamento ambiental para pequenos empreendimentos e atividades similares e vizinhos ou para aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados, previamente, pelo órgão governamental competente, desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou atividades. § 3o - Deverão ser estabelecidos critérios para agilizar e simplificar os procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e empreendimentos que implementem planos e programas voluntários de gestão ambiental, visando a melhoria contínua e o aprimoramento do desempenho ambiental. Art. 13 - O custo de análise para a obtenção da licença ambiental deverá ser estabelecido por dispositivo legal, visando o ressarcimento, pelo empreendedor, das despesas realizadas pelo órgão ambiental competente. Parágrafo único. Facultar-se-á ao empreendedor acesso à planilha de custos realizados pelo órgão ambiental para a análise da licença. Art. 14 - O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de análise diferenciados para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em função das peculiaridades da atividade ou empreendimento, bem como para a formulação de exigências complementares, desde que observado o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos em que houver EIA/RIMA e/ou audiência pública, quando o prazo será de até 12 (doze) meses. § 1o - A contagem do prazo previsto no caput deste artigo será suspensa durante a elaboração dos estudos ambientais complementares ou preparação de esclarecimentos pelo empreendedor. § 2o - Os prazos estipulados no caput poderão ser alterados, desde que justificados e com a concordância do empreendedor e do órgão ambiental competente.

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Art. 15 - O empreendedor deverá atender à solicitação de esclarecimentos e complementações, formuladas pelo órgão ambiental competente, dentro do prazo máximo de 4 (quatro) meses, a contar do recebimento da respectiva notificação Parágrafo Único - O prazo estipulado no caput poderá ser prorrogado, desde que justificado e com a concordância do empreendedor e do órgão ambiental competente. Art. 16 - O não cumprimento dos prazos estipulados nos artigos 14 e 15, respectivamente, sujeitará o licenciamento à ação do órgão que detenha competência para atuar supletivamente e o empreendedor ao arquivamento de seu pedido de licença. Art. 17 - O arquivamento do processo de licenciamento não impedirá a apresentação de novo requerimento de licença, que deverá obedecer aos procedimentos estabelecidos no artigo 10, mediante novo pagamento de custo de análise. Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo documento, levando em consideração os seguintes aspectos: I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos. II - O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos. III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos. § 1o - A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão ter os prazos de validade prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos máximos estabelecidos nos incisos I e II. § 2o - O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de validade específicos para a Licença de Operação (LO) de empreendimentos ou atividades que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a encerramento ou modificação em prazos inferiores. § 3o - Na renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento, o órgão ambiental competente poderá, mediante decisão motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após avaliação do desempenho ambiental da atividade ou empreendimento no período de vigência anterior, respeitados os limites estabelecidos no inciso III. § 4o - A renovação da Licença de Operação(LO) de uma atividade ou empreendimento deverá ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente. Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais. II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença. III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. Art. 20 - Os entes federados, para exercerem suas competências licenciatórias, deverão ter implementados os Conselhos de Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação social e, ainda, possuir em seus quadros ou a sua disposição profissionais legalmente habilitados.

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Art. 21 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, aplicando seus efeitos aos processos de licenciamento em tramitação nos órgãos ambientais competentes, revogadas as disposições em contrário, em especial os artigos 3 e 7o da Resolução CONAMA no 001, de 23 de janeiro de 1986.

ANEXO 1 ATIVIDADES OU EMPREENDIMENTOS

SUJEITAS AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Extração e tratamento de minerais - pesquisa mineral com guia de utilização - lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento - lavra subterrânea com ou sem beneficiamento - lavra garimpeira - perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural Indústria de produtos minerais não metálicos - beneficiamento de minerais não metálicos, não associados à extração - fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos tais como: produção de material cerâmico, cimento, gesso, amianto e vidro, entre outros. Indústria metalúrgica - fabricação de aço e de produtos siderúrgicos - produção de fundidos de ferro e aço / forjados / arames / relaminados com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia - metalurgia dos metais não-ferrosos, em formas primárias e secundárias, inclusive ouro - produção de laminados / ligas / artefatos de metais não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia - relaminação de metais não-ferrosos , inclusive ligas - produção de soldas e anodos - metalurgia de metais preciosos - metalurgia do pó, inclusive peças moldadas - fabricação de estruturas metálicas com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia - fabricação de artefatos de ferro / aço e de metais não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia - têmpera e cementação de aço, recozimento de arames, tratamento de superfície Indústria mecânica - fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessórios com e sem tratamento térmico e/ou de superfície Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações - fabricação de pilhas, baterias e outros acumuladores - fabricação de material elétrico, eletrônico e equipamentos para telecomunicação e informática - fabricação de aparelhos elétricos e eletrodomésticos Indústria de material de transporte - fabricação e montagem de veículos rodoviários e ferroviários, peças e acessórios - fabricação e montagem de aeronaves - fabricação e reparo de embarcações e estruturas flutuantes Indústria de madeira - serraria e desdobramento de madeira

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- preservação de madeira - fabricação de chapas, placas de madeira aglomerada, prensada e compensada - fabricação de estruturas de madeira e de móveis Indústria de papel e celulose - fabricação de celulose e pasta mecânica - fabricação de papel e papelão - fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e fibra prensada Indústria de borracha - beneficiamento de borracha natural - fabricação de câmara de ar e fabricação e recondicionamento de pneumáticos - fabricação de laminados e fios de borracha - fabricação de espuma de borracha e de artefatos de espuma de borracha , inclusive látex Indústria de couros e peles - secagem e salga de couros e peles - curtimento e outras preparações de couros e peles - fabricação de artefatos diversos de couros e peles - fabricação de cola animal Indústria química - produção de substâncias e fabricação de produtos químicos - fabricação de produtos derivados do processamento de petróleo, de rochas betuminosas e da madeira - fabricação de combustíveis não derivados de petróleo - produção de óleos/gorduras/ceras vegetais-animais/óleos essenciais vegetais e outros produtos da destilação da madeira - fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais e sintéticos e de borracha e látex sintéticos - fabricação de pólvora/explosivos/detonantes/munição para caça-desporto, fósforo de segurança e artigos pirotécnicos - recuperação e refino de solventes, óleos minerais, vegetais e animais - fabricação de concentrados aromáticos naturais, artificiais e sintéticos - fabricação de preparados para limpeza e polimento, desinfetantes, inseticidas, germicidas e fungicidas - fabricação de tintas, esmaltes, lacas , vernizes, impermeabilizantes, solventes e secantes - fabricação de fertilizantes e agroquímicos - fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários - fabricação de sabões, detergentes e velas - fabricação de perfumarias e cosméticos - produção de álcool etílico, metanol e similares Indústria de produtos de matéria plástica - fabricação de laminados plásticos - fabricação de artefatos de material plástico Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos - beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de origem animal e sintéticos - fabricação e acabamento de fios e tecidos - tingimento, estamparia e outros acabamentos em peças do vestuário e artigos diversos de tecidos - fabricação de calçados e componentes para calçados Indústria de produtos alimentares e bebidas - beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação de produtos alimentares - matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas e derivados de origem animal - fabricação de conservas

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- preparação de pescados e fabricação de conservas de pescados - preparação , beneficiamento e industrialização de leite e derivados - fabricação e refinação de açúcar - refino / preparação de óleo e gorduras vegetais - produção de manteiga, cacau, gorduras de origem animal para alimentação - fabricação de fermentos e leveduras - fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados para animais - fabricação de vinhos e vinagre - fabricação de cervejas, chopes e maltes - fabricação de bebidas não alcoólicas, bem como engarrafamento e gaseificação de águas minerais - fabricação de bebidas alcoólicas Indústria de fumo - fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras atividades de beneficiamento do fumo Indústrias diversas - usinas de produção de concreto - usinas de asfalto - serviços de galvanoplastia Obras civis - rodovias, ferrovias, hidrovias , metropolitanos - barragens e diques - canais para drenagem - retificação de curso de água - abertura de barras, embocaduras e canais - transposição de bacias hidrográficas - outras obras de arte Serviços de utilidade - produção de energia termoelétrica -transmissão de energia elétrica - estações de tratamento de água - interceptores, emissários, estação elevatória e tratamento de esgoto sanitário - tratamento e destinação de resíduos industriais (líquidos e sólidos) - tratamento/disposição de resíduos especiais tais como: de agroquímicos e suas embalagens usadas e de serviço de saúde, entre outros - tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos, inclusive aqueles provenientes de fossas - dragagem e derrocamentos em corpos d’água - recuperação de áreas contaminadas ou degradadas Transporte, terminais e depósitos - transporte de cargas perigosas - transporte por dutos - marinas, portos e aeroportos - terminais de minério, petróleo e derivados e produtos químicos - depósitos de produtos químicos e produtos perigosos Turismo - complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e autódromos Atividades diversas - parcelamento do solo - distrito e pólo industrial Atividades agropecuárias

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- projeto agrícola - criação de animais - projetos de assentamentos e de colonização Uso de recursos naturais - silvicultura - exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais - atividade de manejo de fauna exótica e criadouro de fauna silvestre - utilização do patrimônio genético natural - manejo de recursos aquáticos vivos - introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente modificadas - uso da diversidade biológica pela biotec

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ANEXO C – RESOLUÇÃO CONAMA Nº 279, DE 27 DE JUNHO DE 2001

O Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, no uso das competências que lhe são conferidas pela Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto n° 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto no seu Regimento Interno, e

Considerando a necessidade de estabelecer procedimento simplificado para o licenciamento ambiental, com prazo máximo de sessenta dias de tramitação, dos empreendimentos com impacto ambiental de pequeno porte, necessários ao incremento da oferta de energia elétrica no País, nos termos do Art. 8o, § 3º, da Medida Provisória nº 2.152-2, de 1º de junho de 2001;

Considerando a crise de energia elétrica e a necessidade de atender a celeridade estabelecida pela Medida Provisória nº 2.152-2, de 1° de junho de 2001;

Considerando a dificuldade de definir-se, a priori, impacto ambiental de pequeno porte, antes da análise dos estudos ambientais que subsidiam o processo de licenciamento ambiental e, tendo em vista as diversidades e peculiaridades regionais, bem como as complexidades de avaliação dos efeitos sobre o meio ambiente decorrentes da implantação de projetos de energia elétrica;

Considerando as situações de restrição, previstas em leis e regulamentos, tais como, unidades de conservação de uso indireto, terras indígenas, questões de saúde pública, espécies ameaçadas de extinção, sítios de ocorrência de patrimônio histórico e arqueológico, entre outras, e a necessidade de cumprimento das exigências que regulamentam outras atividades correlatas com o processo de licenciamento ambiental;

Considerando os dispositivos constitucionais, em especial o Artigo 225, relativos à garantia de um ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as gerações futuras;

Considerando os princípios da eficiência, publicidade, participação e precaução;

Considerando que os procedimentos de licenciamento ambiental atuais são estabelecidos nas

Resoluções CONAMA nos 001, de 23 de janeiro de 1986, e 237, de 19 de dezembro de 1997 e, para empreendimentos do setor elétrico, de forma complementar, na Resolução CONAMA nº 006, de 16 de setembro de 1987, resolve:

Art. 1º Os procedimentos e prazos estabelecidos nesta Resolução, aplicam-se, em qualquer nível de competência, ao licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental, aí incluídos:

I - Usinas hidrelétricas e sistemas associados; II - Usinas termelétricas e sistemas associados; III - Sistemas de transmissão de energia elétrica (linhas de transmissão e subestações). IV - Usinas Eólicas e outras fontes alternativas de energia. Parágrafo único. Para fins de aplicação desta Resolução, os sistemas associados serão analisados conjuntamente aos empreendimentos principais.

Art. 2º Para os fins desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:

I - Relatório Ambiental Simplificado RAS: os estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentados como subsídio para a concessão da licença prévia requerida, que

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conterá, dentre outras, as informações relativas ao diagnóstico ambiental da região de inserção do empreendimento, sua caracterização, a identificação dos impactos ambientais e das medidas de controle, de mitigação e de compensação.

II - Relatório de Detalhamento dos Programas Ambientais: é o documento que apresenta, detalhadamente, todas as medidas mitigatórias e compensatórias e os programas ambientais propostos no RAS.

III - Reunião Técnica Informativa: Reunião promovida pelo órgão ambiental competente, às expensas do empreendedor, para apresentação e discussão do Relatório Ambiental Simplificado, Relatório de Detalhamento dos Programas Ambientais e demais informações, garantidas a consulta e participação pública.

IV - Sistemas Associados aos Empreendimentos Elétricos: sistemas elétricos, pequenos ramais de gasodutos e outras obras de infraestrutura comprovadamente necessárias à implantação e operação dos empreendimentos.

Art. 3º Ao requerer a Licença Prévia ao órgão ambiental competente, na forma desta Resolução, o empreendedor apresentará o Relatório Ambiental Simplificado, atendendo, no mínimo, o conteúdo do Anexo I desta Resolução, bem como o registro na Agência Nacional de Energia - ANEEL, quando couber, e as manifestações cabíveis dos órgãos envolvidos.

§ 1º O requerimento de licença conterá, dentre outros requisitos, a declaração de enquadramento do empreendimento a essa Resolução, firmada pelo responsável técnico pelo RAS e pelo responsável principal do empreendimento, bem como apresentação do cronograma físico-financeiro a partir da Concessão da Licença e Instalação, com destaque para a data de início das obras.

§ 2º A Licença Prévia somente será expedida, mediante apresentação, quando couber, da outorga de direito dos recursos hídricos ou da reserva de disponibilidade hídrica.

Art. 4º O órgão ambiental competente definirá, com base no Relatório Ambiental Simplificado, o enquadramento do empreendimento elétrico no procedimento de licenciamento ambiental simplificado, mediante decisão fundamentada em parecer técnico.

§ 1º Os empreendimentos que, após análise do órgão ambiental competente, não atenderem ao disposto no caput ficarão sujeitos ao licenciamento não simplificado, na forma da legislação vigente, o que será comunicado, no prazo de até dez dias úteis, ao empreendedor. § 2º Os estudos e documentos juntados ao RAS poderão ser utilizados no Estudo Prévio de Impacto Ambiental, com ou sem complementação, após manifestação favorável do órgão ambiental.

Art. 5º Ao requerer a Licença de Instalação ao órgão ambiental competente, na forma desta Resolução, o empreendedor apresentará a comprovação do atendimento das condicionantes da Licença Prévia, o Relatório de Detalhamento dos Programas Ambientais, e outras informações, quando couber.

Parágrafo único. A Licença de Instalação somente será expedida mediante a comprovação, quando couber, da Declaração de Utilidade Pública do empreendimento, pelo empreendedor.

Art. 6º O prazo para emissão da Licença Prévia e da Licença de Instalação será de, no máximo,

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sessenta dias, contados a partir da data de protocolização do requerimento das respectivas licenças.

§ 1º Quando for necessária, a critério do órgão ambiental competente, mediante justificativa técnica, a realização de estudos complementares, a contagem do prazo será suspensa até a sua entrega.

§ 2º O prazo de suspensão será de até sessenta dias, podendo ser prorrogado pelo órgão ambiental mediante solicitação fundamentada do empreendedor.

§ 3º A não apresentação dos estudos complementares no prazo final previsto no parágrafo anterior acarretará o cancelamento do processo de licenciamento.

§ 4º A Licença de Instalação perderá sua eficácia caso o empreendimento não inicie sua implementação no prazo indicado pelo empreendedor conforme cronograma apresentado, facultada sua prorrogação pelo órgão ambiental mediante provocação justificada.

Art. 7º Aos empreendimentos que já se encontrarem em processo de licenciamento ambiental na data da publicação desta Resolução e se enquadrarem nos seus pressupostos, poderá ser aplicado o licenciamento ambiental simplificado, desde que requerido pelo empreendedor.

Art. 8º Sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por cinquenta pessoas maiores de dezoito anos, o órgão de meio ambiente promoverá Reunião Técnica Informativa.

§ 1º A solicitação para realização da Reunião Técnica Informativa deverá ocorrer no prazo de até vinte dias após a data de publicação do requerimento das licenças pelo empreendedor. § 2º A Reunião Técnica Informativa será realizada em até vinte dias a contar da data de solicitação de sua realização e deverá ser divulgada pelo empreendedor. § 3º Na Reunião Técnica Informativa será obrigatório o comparecimento do empreendedor, das equipes responsáveis pela elaboração do Relatório Ambiental Simplificado e do Relatório de Detalhamento dos Programas Ambientais, e de representantes do órgão ambiental competente. § 4º Qualquer pessoa poderá se manifestar por escrito no prazo de quarenta dias da publicação do requerimento de licença nos termos desta Resolução cabendo o órgão ambiental juntar as manifestações ao processo de licenciamento ambiental e considerá-las na fundamentação da emissão da licença ambiental.

Art. 9º A Licença de Operação será emitida pelo órgão ambiental competente no prazo máximo de sessenta dias após seu requerimento, desde que tenham sido cumpridas todas as condicionantes da Licença de Instalação, no momento exigíveis, antes da entrada em operação do empreendimento, verificando-se, inclusive, quando for o caso, por meio da realização de testes pré-operacionais necessários, previamente autorizados.

Art. 10º As exigências e as condicionantes estritamente técnicas das licenças ambientais constituem obrigação de relevante interesse ambiental.

Art. 11º O empreendedor, durante a implantação e operação do empreendimento comunicará ao órgão ambiental competente a identificação de impactos ambientais não descritos no Relatório Ambiental Simplificado e no Relatório de Detalhamento dos Programas Ambientais, para as providências que se fizerem necessárias.

Art. 12º O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, assegurado o princípio do

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contraditório, ressalvadas as situações de emergência ou urgência poderá, a qualquer tempo, modificar as condicionantes e as medidas de controle e adequação do empreendimento, suspender ou cancelar a licença expedida, quando ocorrer:

I - violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou infração a normas legais; ou II - superveniência de graves riscos ambientais ou à saúde.

Parágrafo único. É nula de pleno direito a licença expedida com base em informações ou dados falsos, enganosos ou capazes de induzir a erro, não gerando a nulidade qualquer responsabilidade civil para o Poder Público em favor do empreendedor.

Art. 13º As publicações de que trata esta Resolução deverão ser feitas em Diário Oficial e em jornal de grande circulação ou outro meio de comunicação amplamente utilizado na região onde se pretende instalar o empreendimento devendo constar a identificação do empreendedor, o local de abrangência e o tipo de empreendimento, assim como o endereço e telefone do órgão ambiental competente.

§ 1º O empreendedor deverá encaminhar cópia da publicação de que trata o caput deste artigo ao Conselho de Meio Ambiente competente.

§ 2º A divulgação por meio de rádio, quando determinada pelo órgão ambiental competente ou a critério do empreendedor, deverá ocorrer por no mínimo três vezes ao dia durante três dias consecutivos em horário das 6:00 às 20:00.

Art. 14º A aplicação desta Resolução será avaliada pelo Plenário do CONAMA um 1 ano após a sua publicação.

Art. 15º Esta Resolução entra em vigor na data da sua publicação.

JOSÉ SARNEY FILHO Presidente do CONAMA

ANEXO I

PROPOSTA DE CONTEÚDO MÍNIMO PARA O RELATÓRIO AMBIENTAL SIMPLIFICADO

A - Descrição do Projeto

Objetivos e justificativas, em relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais;

Descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, considerando a hipótese de não realização, especificando a área de influência;

B - Diagnóstico e Prognóstico Ambiental

Diagnóstico ambiental;

Descrição dos prováveis impactos ambientais e sócio-econômicos da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios para sua identificação, quantificação e interpretação;

Caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, considerando a interação dos diferentes fatores ambientais;

C - Medidas Mitigadoras e Compensatórias

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Medidas mitigadoras e compensatórias, identificando os impactos que não possam ser evitados;

Recomendação quanto à alternativa mais favorável;

Programa de acompanhamento, monitoramento e controle.

(Of. El. nº 814/2001)

Publicada DOU 29/06/2001

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ANEXO D - RESOLUÇÃO COEMA Nº 04, DE 12 DE ABRIL DE 2012

Dispõe sobre a atualização dos procedimentos, critérios, parâmetros e custos aplicados aos processos de licenciamento e autorização ambiental no âmbito da Superintendência Estadual do Meio Ambiente-SEMACE. O Conselho Estadual do Meio Ambiente – COEMA, no uso das atribuições que lhe confere o art.2o, itens 2, 6 e 7, da Lei Estadual no11.411, de 28 de dezembro de 1987, bem como o art.2o, inciso VII, do Decreto Estadual no23.157, de 08 de abril de 1994; CONSIDERANDO as disposições do Decreto Federal no. 99.274, de 06 de junho de 1990, que regulamenta a Lei Federal no. 6.938, de 31 de agosto de 1981, com as modificações posteriores, a qual define a Política Nacional do Meio Ambiente e dá outras providências; CONSIDERANDO que as atividades, obras ou empreendimentos potencialmente utilizadores de recursos ambientais no Estado do Ceará estão sujeitos ao licenciamento ambiental gerido pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE, conforme disposição da Lei Estadual no. 11.411, de 28 de abril de 1987 e suas modificações posteriores; CONSIDERANDO os dispositivos da Lei Estadual no. 12.488, de 13 de setembro de 1995, que dispõe sobre a Política Florestal do Ceará, regulamentada pelo Decreto Estadual no. 24.221, de 12 de setembro de 1996; CONSIDERANDO a Lei Complementar no140, de 8 de dezembro de 2011, que fixa normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e CONSIDERANDO a necessidade de revisão dos procedimentos, critérios e parâmetros outrora aplicados aos processos de licenciamento e autorização ambiental no Estado do Ceará, e ainda, a atualização de valores dos custos e das análises dos estudos solicitados pela SEMACE para obtenção da licença e autorização ambiental; Resolve estabelecer critérios, parâmetros e custos aplicados aos processos de licenciamento e autorização ambiental: Art.1º. Serão disciplinados nesta Resolução os critérios, parâmetros e custos operacionais de concessão de licença/ autorização e de análise de estudos ambientais, referentes ao licenciamento ambiental das obras e atividades modificadoras do meio ambiente no território do Estado do Ceará conforme dispostos nos anexos desta Resolução. Art.2º. Estão sujeitos ao licenciamento ambiental a localização, construção, instalação, ampliação, modificação e funcionamento de estabelecimentos, empreendimentos, obras e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e/ou potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, sem prejuízo de outras licenças exigíveis, conforme previsão do Anexo I desta Resolução - Lista de Atividades Passíveis de Licenciamento Ambiental no Estado do Ceará, com classificação pelo Potencial Poluidor-Degradador – PPD, sem prejuízo de outras atividades estabelecidas em normatização específica.

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§1º O Licenciamento Ambiental no Estado do Ceará será regulamentado por meio de Resoluções expedidas pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente – COEMA, mediante Instruções Normativas e Portarias editadas pela SEMACE. §2o. A lista de atividades passíveis de licenciamento ambiental no Estado do Ceará, classificadas pelo Potencial Poluidor-Degradador – PPD, bem como pela classificação do porte dos empreendimentos, estão catalogadas nos Anexos I, II e III desta Resolução. Art.3o. As licenças ambientais serão expedidas pela SEMACE, com observância dos critérios e padrões estabelecidos nos anexos desta resolução e, no que couber, das normas e padrões estabelecidos pela legislação federal e estadual pertinentes. Parágrafo único. A requerimento do interessado, a SEMACE poderá emitir 2a via de licença ambiental, mediante o pagamento do respectivo valor correspondente. Art.4º. Conforme Anexo III desta Resolução, algumas atividades possuem limite mínimo para início da classificação como porte micro, a partir do qual o empreendedor deverá licenciar seu empreendimento. §1º. Não será exigida licença/ autorização ambiental para a obra ou atividade que se enquadre abaixo do valor apontado como limite mínimo para respectiva obra ou atividade, sendo classificada como porte menor que micro (<Mc); § 2o. Caso a obra ou atividade esteja enquadrada em mais de um parâmetro, o limite mínimo se dará por um deles, independentemente dos outros, os quais poderão assumir qualquer enquadramento. § 3o. A SEMACE disponibilizará em sítio eletrônico sistema de consulta dos limites mínimos para início da classificação como porte micro, conforme a respectiva atividade. § 4o. Nos empreendimentos enquadrados abaixo do limite mínimo, havendo necessidade de ser emitido algum documento atestando a dispensa, o empreendedor poderá gerar declaração de conformidade no sítio eletrônico da SEMACE. Art. 5o. O licenciamento ambiental de que trata esta Resolução compreende as seguintes licenças: I – Licença Prévia (LP), concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação. O prazo de validade da Licença deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 4 (quatro) anos. II – Licença de Instalação (LI), autoriza o início da instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos executivos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante. O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos.

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III – Licença de Operação (LO), autoriza a operação da atividade, obra ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento das exigências das licenças anteriores (LP e LI), bem como do adequado funcionamento das medidas de controle ambiental, equipamentos de controle de poluição e demais condicionantes determinados para a operação. O prazo de validade da Licença de Operação (LO) será de, no mínimo, 3 (três) anos e, no máximo, 7 (sete) anos, sendo fixado com base no Potencial Poluidor-Degradador – PPD da atividade e considerando os planos de controle ambiental. IV - A Licença de Instalação e Operação (LIO) será concedida para implantação de projetos de assentamento de reforma agrária, bem como para projetos agrícolas, de irrigação, floricultura, cultivo de plantas, reflorestamento, piscicultura de produção em tanque–rede e carcinicultura de pequeno porte nos termos da Resolução COEMA no 12/2002, conforme previsto no Anexo III desta Resolução. O prazo de validade da licença será estabelecido no cronograma operacional, não ultrapassando o período de 4 (quatro) anos. V – A Licença Simplificada (LS), será concedida quando se tratar da localização, implantação e operação de empreendimentos ou atividades de porte micro e pequeno, com Potencial Poluidor-Degradador – PPD baixo e cujo enquadramento de cobrança de custos situe-se nos intervalos de A, B, C, D ou E constantes da Tabela no 01 do Anexo III desta Resolução. O prazo de validade ou renovação desta licença será estabelecido no cronograma operacional, não extrapolando o período de 02 (dois) anos. VI - Poderão, ainda, ser objeto de Licença Simplificada (LS) outras obras e atividades, conforme as situações previstas no Anexo III desta Resolução. § 1o. Para o exercício de atividade-meio voltada à consecução finalística da licença ambiental, bem como para a atividade temporária ou para aquela que, pela própria natureza, seja exauriente, a SEMACE poderá conferir, a requerimento do interessado, Autorização Ambiental (AA), a qual deverá ter o seu prazo estabelecido em cronograma operacional, não excedendo o período de 01 (um) ano. § 2o. Caso o empreendimento, atividade, pesquisa, serviço ou obra de caráter temporário requeira sucessivas Autorizações Ambientais, de modo a configurar situação permanente ou não eventual, serão exigidas as licenças ambientais correspondentes, em substituição à Autorização Ambiental expedida. § 3o. A fixação da validade da licença observará, além do Potencial Poluidor-Degradador – PPD da obra ou atividade, o cumprimento das medidas de controle ambiental obrigatórias previstas na legislação. § 4o. Para fixação dos prazos das licenças também serão observadas a adoção espontânea, no empreendimento licenciado, de medidas de proteção, conservação e melhoria da qualidade do meio ambiente. Art. 6o. Os valores dos custos operacionais a serem pagos pelo interessado para a realização dos serviços concernentes à análise e expedição de Licença Prévia (LP), de Instalação (LI), de Operação (LO), de Instalação e Operação (LIO), Licença Simplificada (LS) e Autorização Ambiental (AA) serão fixados em função do Porte e do Potencial Poluidor-Degradador – PPD do

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empreendimento ou atividade disposto no Anexo III desta Resolução, correspondendo ao resultado da multiplicação dos respectivos coeficientes pelo valor da Unidade Fiscal de Referência – UFIRCE, ou outro índice que venha a substituí-la. § 1o. Havendo necessidade da solicitação de licença ambiental contemplando mais de uma atividade, seus custos serão cobrados cumulativamente. § 2o. No caso das atividades agropecuárias, serão exigidas as licenças e os custos relacionados às atividades-fim e às atividades-meio especificadas nesta resolução, ficando as demais atividades-meio isentas da necessidade de licenciamento e respectivos custos. § 3o. Sempre que solicitados estudos ambientais, a remuneração de análise será calculada conforme disposto no item 09 do Anexo III desta Resolução. § 4o. O Potencial Poluidor-Degradador – PPD do empreendimento, obra ou atividade objeto do licenciamento ou autorização ambiental classifica-se como Baixo(B), Médio(M) ou Alto(A). § 5o. A classificação do porte dos empreendimentos, obras ou atividades será determinada em 6 (seis) grupos distintos, conforme critérios estabelecidos nos Anexos II e III desta Resolução, a saber: a) Menor que Micro (<Mc); b) Micro (Mc); c) Pequeno (Pe): d) Médio (Me); e) Grande (Gr); e f) Excepcional (Ex). § 6°. O enquadramento do empreendimento, obra ou atividade, segundo o porte, referido no parágrafo anterior, para efeito de cobrança de custos, far-se-á a partir dos critérios de classificação constantes dos Anexos II e III desta Resolução. § 7o. Conforme disposto no Anexo III, alguns empreendimentos poderão ter classificação do porte em menor quantidade de grupos. § 8o. Nos empreendimentos em que o Anexo III não estabelecer critério especifico para classificação do porte, aplicam-se os critérios gerais previstos no Anexo II. § 9°. A cobrança dos custos de análise técnica de licenciamento pela SEMACE varia no intervalo fechado [A – P], e no intervalo [A – U] no caso de autorizações, conforme a tabela do Anexo III desta Resolução, ficando sujeita a acréscimos por deslocamento conforme o caso. § 10. Verificadas divergências de ordem técnica nas informações prestadas pelo requerente do licenciamento ou autorização que importem na elevação dos custos correlatos, deve a diferença constatada ser quitada antes da emissão da licença/autorização pela SEMACE referente ao pedido formulado. § 11. A comunicação da diferença será feita pela SEMACE através do envio de ofício ao interessado, com aviso de recebimento – AR, na qual constará o prazo para a quitação da

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diferença, o que se fará através de boleto bancário expedido pela Gerência de Atendimento e Protocolo da SEMACE. § 12. Eventual reprovação de estudo ambiental mediante parecer fundamentado, bem como indeferimento do pedido de licença, por parte da SEMACE, não implicará, em nenhuma hipótese, na devolução da importância recolhida. § 13. O interessado terá 60 (sessenta) dias, a contar da comunicação do disposto no parágrafo anterior, para manifestar seu interesse na continuidade do feito, propondo-se, de acordo com o caso, à apresentação de novos estudos, sob pena de arquivamento. Art. 7º. O pedido de licença deverá ser encaminhado à SEMACE mediante requerimento padrão preenchido e assinado pela parte diretamente interessada ou seu representante legal, exigido o instrumento procuratório com firma reconhecida, acompanhado da documentação discriminada na Lista de Documentos-Check List, fornecida pela SEMACE e o comprovante de recolhimento do custo relacionado à solicitação de Licenças e Serviços, sem prejuízo de outras exigências a critério da SEMACE, desde que legalmente justificadas. § 1º. Será exigida alteração da Licença, observando o seu respectivo prazo de validade, quando porventura ocorrer modificação no contrato social da empresa, empreendimento, atividade ou obra, ou qualificação de pessoa física. § 2º. Será igualmente exigida a alteração da Licença, nos termos do parágrafo anterior, no caso de ampliação ou alteração do empreendimento, obra ou atividade, obedecendo à compatibilidade do processo de licenciamento em suas etapas e instrumentos de planejamento, implantação e operação (roteiros de caracterização, plantas, normas, memoriais, portarias de lavra), conforme exigência legal. § 3º. Na hipótese de empreendimentos a serem instalados em áreas parceladas que possuam licenciamento prévio, caso não se verifique mudança no projeto apresentado para obtenção da licença original, o licenciamento será iniciado a partir da licença de instalação. § 4º. A modificação da atividade ou do empreendimento, inclusive no que se refere a seu estado jurídico, onde se inclui, dentre outros aspectos, porte, tamanho, tipo de atividade, titularidade, controle societário, capital social e domicílio, deverá ser solicitada à SEMACE, obedecendo a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação. § 5º. Nos empreendimentos que, por sua natureza, dispensem a Licença de Operação, a Licença de Instalação respectiva será renovada enquanto o empreendimento estiver sendo implantado, observados os limites constantes da legislação federal. Art. 8°. As Licenças Prévia (LP), de Instalação (LI) e de Instalação e Operação (LIO) terão validade pelo prazo nela fixado, podendo ser renovada, a requerimento do interessado, protocolizado em até 60 (sessenta) dias antes do término de sua validade, e a Licença de Operação (LO) 120 (cento e vinte) dias antes da expiração do seu prazo de validade. § 1º. Protocolado o pedido de renovação nos respectivos prazos previstos no caput deste artigo, a validade da licença objeto de renovação ficará automaticamente prorrogada até a manifestação definitiva da SEMACE.

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§ 2º. Caso o interessado protocole o pedido de renovação antes do vencimento da licença, porém após o prazo previsto no caput deste artigo, não terá direito à prorrogação automática de validade a que se refere o parágrafo anterior. § 3º. Expirado o prazo de validade da licença sem que seja requerida a sua renovação ficará caracterizada infração ambiental, estando sujeito o infrator às penas previstas em lei, observados o contraditório e a ampla defesa. Art. 9º. Os pedidos de licenciamento protocolizados no órgão ambiental competente deverão ser analisados à luz da legislação vigente à época da concessão, renovação ou regularização da respectiva licença. § 1º. Nos casos de renovação de licença de instalação para empreendimentos com implantação iniciada, os mesmos serão analisados à luz da legislação vigente à época da concessão de primeira licença de instalação. § 2º. Caso pretenda garantir a continuidade de empreendimentos desenvolvidos em várias etapas, o interessado deverá obter Licença Prévia (LP) para a concepção geral do empreendimento, prevendo cronograma físico de execução das etapas e empreendimentos individuais e respectivos prazos. § 3º. Enquanto estiver sendo cumprido o cronograma de execução, os empreendimentos individuais a serem licenciados terão seus pedidos de licença de instalação analisados à luz da legislação vigente à época da concessão da Licença Prévia (LP) para a concepção geral do empreendimento. § 4º. Descumprido o cronograma de execução, aplica-se o disposto no parágrafo 1º deste artigo apenas aos empreendimentos individuais licenciados e com implantação iniciada, sujeitando-se os demais à regra constante no caput deste artigo. § 5º. Para alterar o cronograma de execução, o interessado deverá solicitar nova Licença Prévia (LP) para concepção geral do empreendimento com o novo cronograma de execução, a qual será analisada à luz da legislação vigente, conforme regra prevista no caput deste artigo. § 6º. Os procedimentos previstos nos parágrafos anteriores poderão ser reavaliados, a critério do órgão ambiental competente, caso surjam fatos supervenientes que possam acarretar graves prejuízos ambientais e de saúde, desde que comprovados por estudos técnicos adequados. Art. 10. Para renovação de licença ambiental será cobrado o valor do custo operacional de concessão da respectiva licença. § 1º. Vencida a licença ambiental sem o respectivo pedido de renovação, o interessado deverá requerer regularização da licença ambiental, cuja cobrança custo operacional obedecerá os seguintes critérios: I – será cobrado o valor do custo operacional da respectiva licença acrescido de 10% (dez por cento), caso o requerimento de regularização seja protocolado até 30 (trinta) dias após vencida a licença;

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II – será cobrado o valor do custo operacional da respectiva licença acrescido de 30% (trinta por cento), caso o requerimento de regularização seja protocolado até 60 (sessenta) dias após vencida a licença; III – passados mais de 60 (sessenta) dias do vencimento da licença, aplicam-se os critérios de regularização de licença ambiental previstos nos incisos do caput do art. 11 desta Resolução. § 2º. Para fins do disposto neste artigo, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. § 3º. Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que o expediente administrativo da SEMACE encerrado antes da hora normal § 4º. Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após o vencimento. Art. 11. A definição do valor do custo operacional que será cobrado para expedição de licença ambiental para regularização de obras e atividades sem licença obedecerá os seguintes critérios: I - Para regularização de empreendimentos ou atividades em operação sem licença, o valor cobrado a título de licenciamento corresponderá à soma algébrica do valor correspondente ao requerimento de Licença Prévia – LP, Licença de Instalação – LI e Licença de Operação – LO. II - Em caso de expedição de licença ambiental para regularização de empreendimentos ou atividades em instalação sem licença, o valor cobrado a título de licenciamento corresponderá à soma algébrica do valor correspondente ao requerimento de Licença Prévia – LP e Licença de Instalação – LI. III - Para regularização de empreendimentos e atividades sujeitos à Licença Simplificada (LS), será cobrado o valor do custo operacional da respectiva licença acrescido de 50% (cinquenta por cento). IV - Para regularização de empreendimentos e atividades que, por sua natureza, exijam a expedição apenas de LI ou de LO, será cobrado o valor do custo operacional da respectiva licença acrescido de 50% (cinquenta por cento). Art. 12. Durante o procedimento de licenciamento ambiental, os interessados deverão apresentar para aprovação do órgão ambiental competente os planos e programas de gestão ambiental a serem implementados de acordo com os respectivos estudos ambientais, visando a melhoria contínua e o aprimoramento do desempenho ambiental das atividades, obras ou empreendimentos potencialmente utilizadores de recursos ambientais sujeitos ao licenciamento ambiental. § 1º. O interessado deverá apresentar a cada ano, a contar da data de expedição da respectiva Licença Ambiental (LP, LI e LO), um Relatório de Acompanhamento e Monitoramento Ambiental-RAMA dos planos e programas de gestão ambiental das atividades, obras ou empreendimentos potencialmente utilizadores de recursos ambientais licenciados, constantes do cronograma aprovado, mediante o pagamento do respectivo custos de análise devido ao órgão ambiental competente. § 2º. Procedimentos para realização de automonitoramento e apresentação de Relatório de Acompanhamento e Monitoramento Ambiental-RAMA, bem como a definição das atividades sujeitas a este último, serão regulados através de instrução normativa expedida pelo órgão ambiental competente. § 3º. Sem prejuízo das sanções cabíveis, a não apresentação anual do Relatório de

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Acompanhamento e Monitoramento Ambiental-RAMA, bem como o não cumprimento total ou parcial do cronograma aprovado, poderá implicar na suspensão da respectiva Licença Ambiental, a critério do órgão ambiental competente, mediante análise de justificativa do não cumprimento do previsto no parágrafo §1º a ser apresentada pelo empreendedor. § 4º. A não renovação da Licença Ambiental, na forma do parágrafo anterior, somente será aplicada após a análise e indeferimento pelo órgão ambiental competente da eventual justificativa apresentada pelo empreendedor. Art. 13. Serão cassados ou suspensos os efeitos da licença/autorização plenamente vigente, quando for constatada a reforma, ampliação, mudança de endereço, modificação no contrato social da empresa, alteração na natureza da atividade, empreendimento ou obra, bem como alteração da qualificação de pessoa física ou jurídica sem prévia comunicação à SEMACE, caracterizando-se, conforme o caso, infração ambiental. § 1º. Observados o contraditório e a ampla defesa, a cassação e a suspensão da licença/autorização e os respectivos efeitos, se dará de acordo com os critérios estabelecidos em instrução normativa instituída pela SEMACE. § 2º. Da mesma forma, será cassada ou suspensa a licença/autorização quando o exercício da atividade, empreendimento ou obra estiver em desacordo com as normas e padrões ambientais, seguida a orientação constante de parecer, relatório técnico, termo de referência ou qualquer outro documento informativo que a SEMACE oficialize ao conhecimento do interessado. Art. 14. Os interessados na obtenção de quaisquer das licenças ou autorizações ambientais, ou mesmo de eventuais renovações, deverão apresentar Certidão Negativa de Débitos Fiscais Ambientais - CNDFA no âmbito estadual. Art. 15. Caberá ao Conselho Estadual do Meio Ambiente - COEMA, por proposta da SEMACE, a apreciação do parecer técnico da SEMACE, acerca da viabilidade de atividades ou empreendimentos causadores de significativa degradação ambiental para os quais for exigido Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório – EIA/RIMA. Art. 16. A concessão de Licença Prévia será condicionada à apresentação, pelo interessado, de certidão expedida pelo Município, declarando que o local e o tipo de empreendimento estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo. Art. 17. No licenciamento de atividades que dependam da realização do EIA/RIMA ou de outros estudos ambientais, além dos custos devidos para obtenção das respectivas licenças, caberá ao empreendedor arcar com os custos operacionais referentes à realização de audiências públicas, análises e vistorias técnicas complementares, além de outros serviços oficiados pela SEMACE que se fizerem necessários. Art. 18. Serão também objeto de cobrança: a) Os serviços técnicos referentes à consulta prévia, a qual consiste na emissão de diretrizes ambientais através de Parecer ou Relatório, exigível na fase de planejamento do projeto ou decorrente da liberalidade do interessado;

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b) Outros serviços constantes no Anexo IV desta Resolução. Art. 19. As microempresas e os microempreendedores individuais estão isentos do pagamento dos custos operacionais ora instituídos. Parágrafo único. Para os fins desta Resolução, considera-se microempresas e microempreendedores individuais os assim inscritos nos bancos de dados da Receita Federal do Brasil ou da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará – SEFAZ/CE. Art. 20. O art. 3º da Resolução COEMA nº 02, de 27 de março de 2002, passa a vigora com a seguinte redação: “Art. 3º. .............................................................. § 1º. Os empreendimentos de porte pequeno são aqueles com áreas ocupadas inferiores ou iguais a 5 (cinco) hectares, que poderão, a critério da SEMACE, ter os seus processos de licenciamento simplificados. § 2º. Os empreendimentos de porte médio são aqueles com áreas ocupadas maiores que 5 (cinco) e menores ou iguais a 10 (dez) hectares, devendo comprovar sua viabilidade ambiental no processo de licenciamento. § 3º. Os empreendimentos de porte grande são aqueles com áreas ocupadas maiores que 10 (dez) e menores ou iguais a 50 (cinquenta) hectares, devendo comprovar sua viabilidade ambiental no processo de licenciamento. § 4º. Os empreendimentos de porte excepcional são aqueles com áreas ocupadas maiores que 50 (cinqüenta) hectares, devendo apresentar obrigatoriamente Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental no processo de licenciamento. § 5º. Na ampliação dos projetos de carcinicultura os estudos ambientais solicitados serão referentes ao novo porte em que será classificado o empreendimento. § 6º. A SEMACE poderá determinar a elaboração de estudos ambientais mais restritivos dependendo da fragilidade da área onde serão implantados os empreendimentos de carcinicultura.” Art. 21. O art. 2º da Resolução COEMA nº 12, de 29 de agosto de 2002, passa a vigora com a seguinte redação: “Art. 2°. .............................................................. I - Empreendimentos de carcinicultura de pequeno porte: são aqueles com áreas ocupadas inferiores ou iguais a 5 (cinco) hectares, de acordo com a Resolução COEMA nº 02, de 27 de março de 2002. .............................................................................. ” (NR) Art. 22. Aplicam-se os prazos previstos no art. 5º aos processos de licenciamento em trâmite na SEMACE cuja licença não tenha sido emitida antes da publicação desta Resolução. Art. 23. O disposto no art. 8º somente se aplica aos pedidos de renovação das licenças concedidas

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após a publicação desta Resolução, mantido para os demais casos o entendimento anterior consolidado no âmbito da SEMACE. Art. 24. Revogam-se as disposições em contrário, em especial as Resoluções nº 08, de 16 de abril de 2004 e nº 27, de 02 de setembro de 2011, ambas do Conselho Estadual do Meio Ambiente-COEMA. Art. 25. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, em Fortaleza, 12 de abril de 2012. Paulo Henrique Ellery Lustosa da Costa PRESIDENTE DO COEMA