aspectos bÍblicos que devem fundamentar a vida cristà na vida social

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ASPECTOS BÍBLICOS QUE DEVEM FUNDAMENTAR A VIDA CRISTÃ NA VIDA SOCIAL

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Page 1: ASPECTOS BÍBLICOS QUE DEVEM FUNDAMENTAR A VIDA CRISTÃ NA VIDA SOCIAL

ASPECTOS BÍBLICOS

QUE DEVEM FUNDAMENTAR A VIDA CRISTÃ NA

VIDA SOCIAL

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O TRABALHO HUMANO

O dever de cultivar e guardar a terraO AT apresenta Deus como criador

onipotente (cf. Gn2,2; Jó 38-41; Sl 104; Sl 147), que plasma o homem à Sua imagem e o convida a cultivar a terra (cf. Gn 2,5-6) e a guardar o jardim do Éden em que o pôs (cf. Gn 2,15).

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O TRABALHO HUMANO

O dever de cultivar e guardar a terraNo desígnio do Criador, as realidades

criadas, boas em sim mesmas, existem em função do homem.

O trabalho pertence à condição originária do homem e precede a sua queda; não é, portanto, nem punição nem maldição.

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O TRABALHO HUMANO

O dever de cultivar e guardar a terra O trabalho deve ser honrado porque fonte

de riqueza ou pelo menos condições de vida decorosas e, em geral, é instrumento eficaz contra a pobreza (cf. Pr 10,4), mas não se deve ceder à tentação de idolatrá-lo, pois que nele não se pode encontrar o sentido último e definitivo da vida. O trabalho é essencial, mas é Deus — não o trabalho — a fonte da vida e o fim do homem.

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O TRABALHO HUMANO

O dever de cultivar e guardar a terraÁpice do ensinamento bíblico sobre o

trabalho é o mandamento do repouso sabático;

A memória e a experiência do sábado constituem um baluarte contra a escravização do homem ao trabalho, voluntário ou imposto, contra toda forma de exploração, encoberta ou manifesta.

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O TRABALHO HUMANO

Jesus, homem do trabalho Na Sua pregação Jesus ensina a apreciar

o trabalho. Ele mesmo, “se tornou semelhante a nós em tudo, passando a maior parte dos anos da vida sobre a terra junto de um banco de carpinteiro, dedicando-se ao trabalho manual” (Laborem exercens 6), na oficina de José (cf. Mt 13,55; Mc 6,3), a quem estava submisso (cf. Lc 2,51).

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O TRABALHO HUMANO

Jesus, homem do trabalhoNa Sua pregação, Jesus ensina aos homens a não se deixarem escravizar pelo trabalho. Eles devem preocupar-se, antes de tudo, com a sua alma; ganhar o mundo inteiro não é o escopo de sua vida (cf. Mc 8,36).

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O TRABALHO HUMANO

Jesus, homem do trabalho Durante o Seu ministério terreno, Jesus

trabalha incansavelmente, realizando obras potentes para libertar o homem da doença, do sofrimento e da morte. O sábado, que o Antigo Testamento propusera como dia de libertação e que, observado só formalmente, era esvaziado do seu autêntico conteúdo, é reafirmado por Jesus no seu valor originário: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado!” (Mc 2,27).

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O TRABALHO HUMANO

Jesus, homem do trabalho A atividade humana de enriquecimento e

de transformação do universo pode e deve fazer vir à tona as perfeições nele escondidas, que no Verbo incriado têm o seu princípio. Os escritos paulinos e joaninos ressaltam, de fato, a dimensão trinitária da criação e, em particular, o liame que intercorre entre o Filho-Verbo, o “Logos”, e a criação (cf. Jo 1,3; 1Cor 8,6; Col 1,15-17)e o seu modelo.

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O TRABALHO HUMANO

Jesus, homem do trabalho O trabalho representa uma dimensão

fundamental da existência humana como participação não só na obra da criação, como também da redenção.

Nesta perspectiva, o trabalho pode ser considerado como um meio de santificação e uma animação das realidades terrenas no Espírito de Cristo (Catecismo da Igreja Católica 2427; Laborem exercens 27).

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O TRABALHO HUMANO

O dever de trabalharA consciência da transitoriedade da

“figura deste mundo” (cf. 1Cor 7,31) não isenta de nenhum empenho histórico, muito menos do trabalho (cf. 2Ts 3,7-15), que é parte integrante da condição humana, mesmo não sendo a única razão de vida.

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O TRABALHO HUMANO

O dever de trabalhar Os Padres da Igreja nunca consideram o

trabalho como ”opus servile” ― assim era concebido, pelo contrário, na cultura a eles contemporânea ―, mas sempre como “opus humanum”, e tendem a honrar todas as suas expressões. Cada trabalhador, afirma Santo Ambrósio, é a mão de Cristo que continua a criar e a fazer o bem (cf. De obitu Valentiani consolatio, 62).

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O TRABALHO HUMANO

O dever de trabalhar Com o seu trabalho e a sua laboriosidade, o

homem, partícipe da arte e da sabedoria divina, torna mais bela a criação, o cosmos já ordenado pelo Pai (cf. Santo Irineu, Adversus haereses, 5,32,2); suscita aquelas energias sociais e comunitárias que alimentam o bem comum (cf. Teodoreto de Ciro, De Providentia, Orationes 5-7), a favor sobretudo dos mais necessitados.

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A VIDA ECONÔMICA

O homem, pobreza e riqueza No antigo Testamento se percebe uma

dupla postura em relação aos bens econômicos e a riqueza.

Por um lado, apreço em relação a disponibilidade dos bens materiais considerados necessários para a vida: por vezes a abundância ― mas não a riqueza e o luxo ― é vista como uma bênção de Deus.

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A VIDA ECONÔMICA

O homem, pobreza e riqueza Por um outro lado, os bens econômicos

e a riqueza não são condenados por si mesmo, mas pelo seu mau uso. A tradição profética estigmatiza as fraudes, a usura, a exploração, as injustiças manifestas, frequentes em relação aos mais pobres (cf. Is 58,3-11; Jr 7,4-7; Os 4,1-2; Am 2,6-7; Mq 2,1-2).

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A VIDA ECONÔMICA

O homem, pobreza e riqueza Aquele que reconhece a própria pobreza

diante de Deus, qualquer que seja a situação que esteja vivendo, é objeto de particular atenção da parte de Deus;

A pobreza, quando é aceita ou procurada com espírito religioso, predispõem ao reconhecimento e à aceitação da ordem criatural; o “rico”, nesta perspectiva, é aquele que deposita a sua confiança nas coisas que possui mais que em Deus.

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A VIDA ECONÔMICA

O homem, pobreza e riqueza Jesus assume toda a tradição do Antigo

Testamento também sobre os bens econômicos, sobre a riqueza e sobre a pobreza, conferindo-lhe uma definitiva clareza e plenitude (cf. Mt 6,24 e 13,22; Lc 6,20-24 e 12,15-21; Rm 14,6-8 e 1Tm 4,4). Ele, doando o Seu Espírito e mudando o coração, vem instaurar o “Reino de Deus”, de modo a tornar possível uma nova convivência na justiça, na fraternidade, na solidariedade e na partilha.

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A VIDA ECONÔMICA

O homem, pobreza e riqueza À luz da Revelação, a atividade

econômica deve ser considerada e desenvolvida como resposta reconhecida à vocação que Deus reserva a cada homem. Ele é colocado no jardim para cultivá-lo e guardá-lo, usando-o dentro de limites bem precisos (cf. Gn 2,16-17), no esforço de aperfeiçoamento (cf. Gn 1,26-30; 2,15-16; Sab 9,2-3).

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A VIDA ECONÔMICA

O homem, pobreza e riqueza Uma boa administração dos dons

recebidos, também dos dons materiais, é obra de justiça para consigo mesmo e para com os outros homens: aquilo que se recebe deve ser bem utilizado, conservado, acrescido, tal como ensina a parábola dos talentos (cf. Mt 25,14-31; Lc 19,12-27).

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A VIDA ECONÔMICA

O homem, pobreza e riquezaA atividade econômica e o progresso

material devem ser colocados a serviço do homem e da sociedade; se a eles nos dedicarmos com a fé, a esperança e a caridade dos discípulos de Cristo, a própria economia e o progresso podem ser transformados em lugares de salvação e de santificação.

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A VIDA ECONÔMICA

O homem, pobreza e riquezaA fé em Jesus Cristo consente uma correta compreensão do progresso social, no contexto de um humanismo integral e solidário.

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A VIDA ECONÔMICA

As riquezas existem para serem partilhadasOs bens, ainda que legitimamente

possuídos, mantêm sempre uma destinação universal: é imoral toda a forma de acumulação indébita, porque em aberto contraste com a destinação universal consignada por Deus Criador a todos os bens.

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A VIDA ECONÔMICA

As riquezas existem para serem partilhadas As riquezas realizam a sua função de serviço

ao homem quando destinadas a produzir benefícios para os outros e a sociedade: ”Como poderíamos fazer o bem ao próximo ― interroga-se Clemente de Alexandria ― se todos não possuíssem nada?”. Na visão de São João Crisóstomo, as riquezas pertencem a alguns, para que estes possam adquirir mérito partilhando com os outros.

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A COMUNIDADE POLÍTICA

O senhorio de Deus O povo de Israel, na fase inicial da sua

história, não tem reis, como os demais povos, porque reconhece tão-somente o senhorio de Iahweh. É Deus que intervém na história através de homens carismáticos;

O protótipo de rei escolhido por Iahweh é Davi, cuja condição humilde o relato bíblico ressalta com complacência (cf. 1Sam 16,1-13).

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A COMUNIDADE POLÍTICA

O senhorio de Deus O fracasso, no plano histórico, da realeza

não ocasionará o desaparecimento do ideal de um rei que, em fidelidade a Iahweh, governe com sabedoria e exerça a justiça. Esta esperança reaparece repetidas vezes nos Salmos (cf. Sl 2; 18; 20; 21; 72).

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A COMUNIDADE POLÍTICA

Jesus e a autoridade política Jesus rejeita o poder opressivo e

despótico dos grandes sobre nações (cf. Mc 10,42) e suas pretensões de fazerem-se chamar benfeitores (cf. Lc 21,25), mas nunca contesta diretamente as autoridades de seu tempo.

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A COMUNIDADE POLÍTICA

Jesus e a autoridade política Na diatribe sobre o tributo a ser pago a

César (cf. Mc 12,13-17; Mt 22,15-22; Lc 20,20-26), Ele afirma que se deve dar a Deus o que é de Deus, condenando implicitamente toda tentativa de divinizar e de absolutizar o poder temporal: somente Deus pode exigir tudo do homem. Ao mesmo tempo o poder temporal tem o direito àquilo que lhe é devido: Jesus não considera injusto o tributo a César.

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A COMUNIDADE POLÍTICA

Jesus e a autoridade política Jesus, o Messias prometido, combateu e desbaratou

a tentação de um messianismo político, caracterizado pelo domínio sobre as nações (cf. Mt 4,8-11; Lc 4,5-8). Ele é o Filho do Homem que veio “para servir e entregar a própria vida” (Mc 10,45; cf. Mt 20,24-28; Lc 22,24-27). Aos discípulos que discutem sobre qual é o maior, Jesus ensina a fazer-se último e a servir a todos (cf. Mc 9,33-35), indicando aos filhos de Zebedeu, Tiago e João, que ambicionam sentar-se à Sua direita, o caminho da cruz (cf. Mc 10,35-40; Mt 20,20-23).

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A COMUNIDADE POLÍTICA

As primeiras comunidades cristãs A submissão, não passiva, mas por razões de

consciência (cf. Rm 13, 5) ao poder constituído corresponde à ordem estabelecida por Deus.

São Pedro exorta os cristãos a submeter-se “a toda autoridade humana por amor a Deus” (1Pd 2,13). O rei e os seus governadores têm a função de “punir os malfeitores e premiar os bons” (cf. 1Pd 2,14). A sua autoridade deve ser “honrada”, isto é, reconhecida, porque Deus exige um comportamento reto, que “emudeça a ignorância dos insensatos” (1Pd 2,15).

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A COMUNIDADE POLÍTICA

As primeiras comunidades cristãs A oração pelos governantes, recomendada por São

Paulo durante as perseguições, indica explicitamente o que a autoridade política deve garantir: uma vida calma e tranquila a transcorrer com toda a piedade e dignidade (cf. 1Tm 2,1-2).

Quando o poder humano sai dos limites da vontade de Deus, se autodiviniza e exige submissão absoluta, torna-se a Besta do Apocalipse, imagem do poder imperial perseguidor, ébrio “do sangue dos santos e dos mártires de Jesus” (Ap 17,6).

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A COMUNIDADE POLÍTICA

As primeiras comunidades cristãs A Igreja proclama que Cristo, vencedor da

morte, reina sobre o universo que Ele mesmo resgatou. O Seu reino se estende a todo o tempo presente e terá fim somente quando tudo for entregue ao Pai e a história humana se consumar com o juízo final (cf. 1Cor 15,20-28).

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A COMUNIDADE POLÍTICA

As primeiras comunidades cristãs A mensagem bíblica inspira

incessantemente o pensamento cristão sobre o poder político, recordando que esse tem sua origem em Deus e, como tal, é parte integrante da ordem por Ele criada. Tal ordem é percebida pelas consciências e se realiza na vida social mediante a verdade, a justiça e a solidariedade, que conduzem à paz (cf. São João XXIII, Pacem in terris, 266-267).

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A COMUNIDADE INTERNACIONAL

A unidade da família humana Os relatos bíblicos sobre as origens demonstram

a unidade do gênero humano e ensinam que o Deus de Israel é o Senhor da história e do cosmos: a Sua ação abraça todo o mundo e a família humana inteira, à qual é destinada a obra da criação.

A decisão de Deus de fazer o homem à Sua imagem e semelhança (cf. Gn 1,26-27) confere à criatura humana uma dignidade única, que se estende a todas as gerações (cf. Gn 5) e sobre toda a terra (cf. Gn 10).

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A COMUNIDADE INTERNACIONAL

A unidade da família humana O Livro do Gênesis mostra, além disso, que

o ser humano não foi criado isolado, mas no seio de um contexto do qual fazem parte integral, o espaço vital que lhe assegura a liberdade (o jardim), a disponibilidade de alimentos (as árvores do jardim), o trabalho (o mandato para cultivar) e sobretudo a comunidade (o dom de um colaborador semelhante a ele) (cf. Gn 2,8-24).

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A COMUNIDADE INTERNACIONAL

A unidade da família humana A aliança de Deus com Noé (cf. Gn 9,1-

17), e nele com toda a humanidade, após a destruição causada pelo dilúvio, manifesta que Deus quer manter para a comunidade humana a bênção de fecundidade.

A aliança estabelecida por Deus com Abraão, eleito “pai de uma multidão de povos” (Gn 17,4), abre o caminho para reunião da família humana ao seu Criador.

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A COMUNIDADE INTERNACIONAL

Jesus Cristo, protótipo e fundamento da nova humanidade N´Ele, verdadeira “imagem de Deus” (2Cor 4,4),

o homem, criado por Deus a Sua imagem e a Sua semelhança, encontra sua realização. No testemunho definitivo de amor que Deus manifestou na cruz de Cristo, todas as barreiras de inimizade já foram derrubadas (cf. Ef 2,12-18) e para quantos vivem a vida nova em Cristo as diferenças raciais e culturais não são mais motivo de divisão (cf. Rm 10,12; Gal 3,26-28; Col 3,11).

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A COMUNIDADE INTERNACIONAL

Jesus Cristo, protótipo e fundamento da nova humanidade Graças ao Espírito, a Igreja conhece o desígnio

divino que abrange todo o gênero humano(cf. At 17,26) e que tem por fim reunir, no mistério de uma salvação realizada sob o senhorio de Cristo (cf. Ef 1,8-10), toda a realidade criatural fragmentada e dispersa.

Desde o dia de Pentecostes, quando a Ressurreição é anunciada aos diversos povos e entendida por cada qual na sua própria língua (cf. At 2,6), a Igreja dedica-se à própria tarefa de restaurar e testemunhar a unidade perdida em Babel.

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A COMUNIDADE INTERNACIONAL

A vocação universal do cristianismo A mensagem cristã oferece uma visão universal

da vida dos homens e dos povos sobre a terra, que leva a compreender a unidade da família humana.

Tal unidade não se deve construir com a força das armas, do terror ou da opressão, mas é antes o êxito daquele “supremo modelo de unidade, reflexo da vida íntima de Deus, uno em três Pessoas, é o que nós cristãos designamos com a palavra comunhão”e uma conquista da força moral e cultural da liberdade.

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SALVAGUARDAR O AMBIENTE

A experiência viva da presença divina na história é o fundamento da fé do povo de Deus: “Éramos escravos do Faraó no Egito, e o Senhor nos tirou do Egito com mão forte” (Dt 6,21).

A fé de Israel vive no tempo e no espaço deste mundo, visto não como um ambiente hostil ou um mal da qual libertar-se, mas frequentemente como o próprio dom de Deus, o lugar e o projeto que Ele confia à responsável direção e operosidade do homem. A natureza, obra da criação divina, não é uma perigosa concorrente.

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SALVAGUARDAR O AMBIENTE

A relação do homem com o mundo é um elemento constitutivo da identidade humana. Trata-se de uma relação que nasce como fruto da relação, ainda mais profunda, do homem com Deus.

A criação é sempre objeto do louvor na oração de Israel: “Como são numerosas, Senhor, tuas obras! Tudo fizeste com sabedoria” (Sl 104,24).

A salvação definitiva, que Deus oferece a toda a humanidade mediante o Seu próprio Filho, não se atua fora deste mundo.

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SALVAGUARDAR O AMBIENTE

No Seu ministério público Jesus valoriza os elementos naturais.

Longe de se tornar escravo das coisas, o discípulo de Cristo deve saber servir-se delas para criar partilha e fraternidade (cf. Lc 16,9-13).

O ingresso de Jesus Cristo na história do mundo culmina na Páscoa, onde a mesma natureza participa do drama do Filho de Deus rejeitado e da vitória da Ressurreição (cf. Mt 27,45.51; 28,2).

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A PROMOÇÃO DA PAZ

Antes de ser um dom de Deus ao homem e um projeto humano conforme o desígnio divino, a paz é antes de tudo, um atributo especial essencial de Deus: ”Senhor – Paz” (Jz 6,24). A criação, que é um reflexo da glória divina, almeja a paz. Deus cria todas as coisas e toda a criação forma um conjunto harmônico, bom em todas as suas partes (cf. Gn 1,4.10.12.18.21.25.31).

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A PROMOÇÃO DA PAZ

Na Revelação bíblica, a paz é muito mais do que a simples ausência de guerra: ela representa a plenitude da vida (cf. Mt 2,5).

A paz é a meta da convivência social, como aparece de modo extraordinário na visão messiânica da paz: quando todos os povos forem para a casa do Senhor e Ele indicará a eles os seus caminhos, estes poderão caminhar ao longo das veredas da paz (cf. Is 2,2-5).

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A PROMOÇÃO DA PAZ

A promessa de paz, que percorre todo o Antigo Testamento, encontra o seu cumprimento na Pessoa mesma de Jesus.

A paz de Cristo é antes de tudo a reconciliação com o Pai, que se atua mediante o missão apostólica confiada por Jesus aos Seus discípulos; esta tem início com um anúncio de paz: ”Em toda a casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz a esta casa!” (Lc 10,5; cf. Rm 1, 7). A paz é pois reconciliação com os irmãos, porque Jesus, na oração que nos ensinou, o “Pai Nosso”, associa o perdão pedido à Deus ao oferecido aos irmãos: “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam” (Mt 6,12).

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A PROMOÇÃO DA PAZ

A ação pela paz nunca é dissociada do anúncio do Evangelho, que é precisamente ”a boa nova da paz” (At 10,36; cf. Ef 6,15), dirigida a todos os homens. 

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EVANGELII GAUDIUMCapítulo IV: A dimensão social da

evangelização

EVANGELII GAUDIUM 179 A Palavra de Deus ensina que, no irmão, está

o prolongamento permanente da Encarnação para cada um de nós: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes” (Mt 25,40). O que fizermos aos outros, tem uma dimensão transcendente: “Com a medida com que medirdes, assim sereis medidos” (Mt 7,2); e corresponde à misericórdia divina para conosco:

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EVANGELII GAUDIUMCapítulo IV: A dimensão social da

evangelização

EVANGELII GAUDIUM 179 “Sede misericordiosos como o vosso Pai é

misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. Dai e ser-vos-á dado (...). A medida que usardes com os outros será usada convosco” (Lc 6,36-38). Nestes textos, exprime-se a absoluta prioridade da “saída de si próprio para o irmão”.

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REFERÊNCIAS FRANCISCO. Exortação Apostólica

Evangelii gaudium do Sumo Pontífice ao episcopado, ao clero, às pessoas consagradas e aos fieis leigos sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual.

PONTIFÍCIO CONSELHO “JUSTIÇA E PAZ”. Compêndio da Doutrina Social da Igreja.

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PARA PENSAR E DISCUTIR

A partir do conteúdo refletido, quais as implicações em nova vida cristã na vida social?

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FIM