ashley montagu - introdução a antropologia - ano 1952

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  • INTRODUOANTROPOLOGIAAshley Montagu

    Cultrix

  • Ttu lo do original:M AN: H IS F IR ST TWO M ILLION YEARS

    A BRIEF INTRODUCTION TO ANTHROPOLOGY

    Publicado por Columbia U niversity Press,New Y ork and London. Copyright 1957, 1962 under

    the title Man: His First Million Years by Ashley M ontagu. C opyright (c) 1969 by Ashley M ontagu.

    2? edio

    M C M L X X V II

    D ireitos Reservados

    EDITORA CULTRIX LTDA.R ua Conselheiro F urtado , 648, fone 278-4811, S. Paulo

    Im presso no B rasilP rin ted in Brazil

  • A S H L E Y M O N T A G U

    INTRODUO

    A N T R O PO L O G IA

    Traduo de O c t a v i o M e n d e s C a j a d o

    E D I T O R A C U L T R I XSO PAULO

  • A ASCENDNCIA DO HOMEM

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    OS PROVVEIS ANTEPASSADOS DO HOMEM

    muitssimo provvel que os antepassados imediatos dos primeiros homens no fossem to especializados, isto , no tivessem realizado quaisquer adaptaes irreversveis especiais a um habitat ou a um modo de vida determinado, como os grandes antropides, e conservassem muitos traos primitivos, sendo, em inmeros sentidos, muito mais semelhantes aos homens do que aos macacos. Tais criaturas teriam preservado uma tendncia vigorosa para no criarem caninos em forma de presas, para no se tornarem demasiado pesados, para no adquirirem cristas sagitais no topo da cabea, onde se prendem os msculos temporais, que movem a mandbula inferior para baixo e para cima, nem para quaisquer outras especializaes desse tipo, mas teriam mantido uma tendncia um tanto conservadora para ampliar os dotes que j possuam. Por exemplo, a tendncia, na evoluo dos primatas, tem sido a de aumento do tamanho do crebro. Qualquer grupo de primatas que evol- vesse no sentido de aumentar o tamanho do crebro, a fim de adaptar-se s solicitaes do meio, sobretudo atravs de respostas artificialmente desenvolvidas, acabaria tendo, com o correr do tempo, boa oportunidade de adquirir atributos que o levariam a alcanar o status humano. Os indivduos capazes de usar eficazmente o crebro para responder s solicitaes do meio, capazes de responder da maneira mais apropriada a essas solicitaes, teriam maiores probabilidades de perpetuar a espcie do que os que no o conseguissem.

    Tais criaturas adquiririam, em primeiro lugar, a postura erecta, numa adaptao s exigncias da caa. Em segundo

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  • lugar, merc da sua dependncia cada vez maior dos instrumentos, nunca se teriam desenvol^do nelas os grandes caninos, superespecializados, desnecessrias a criaturas onvoras; e, nessas condies, no teriam precisai o de tanto osso nas man- dbulas superior e inferior, e a rej io do focinho, reduzida, teria concorrido para a humaniza:> do rosto. Em terceiro lugar, em razo da necessidade de i m armazm suficientemente amplo para guardar as informaes requeridas, o crebro teria sido aumentado, mudando a forma do crnio, no sentido de imprimir ao topo da cabea um feitio mais abobadado e de ampliar a testa. O remaneio dos ossos faciais e a verticalizao da frente da cabea produziriam uma elevao e uma projeo frontal dos ossos nasais que nos macacos continuam achatados culminando na estrutura nica, a pennsula feita de osso, cartilagem e tecidos moles, que conhecemos como o nariz do homem.

    muito provvel que os antepassados imediatos do homem, como grupo, j tivessem perdido parte considervel do pelame que caracteriza todos os antropides e, na realidade, todos os primatas. Qual fosse a cor da pele no podemos saber com certeza mas, visto que os ascendentes do homem foram quase certamente animais tropicais de origem africana, bem possvel que tivessem a pele negra.

    Falariam eles? No o sabemos. Talvez possussem os rudimentos da fala. Fabricavam instrumentos? provvel. Em vrias partes da frica se encontram, em quantidades considerveis, instrumentos feitos de seixos, hoje em dia atribudos aos australopitecneos.

    OS PRIMEIROS HOMENS OS AUSTRALOPITECOS?

    Na frica do Sul e na frica Oriental foi desenterrado grande nmero de esqueletos de macacos antropides fsseis, que receberam o nome de australopitecos ( australis = sul, pitbecus = macaco). O fato notvel a respeito dos australopitecos que so, em quase todos os sentidos, parecidos com macacos, exceto na capacidade do crebro, maior que a dos antropides, e na forma dos ossos ilacos, da coxa (fm ur), da perna (tbia e pernio), e dos ps, parecidos com os do homem.

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  • Da estrutura dos ossos do quadril e das pernas, se depreende, manifestamente, que os australopitecneos caminhavam em posio erecta, ou quase. Dessa maneira, pela primeira vez, temos uma prova clara da ordem da evoluo funcional de algumas partes do corpo humano. A postura erecta foi atingida antes que o crebro se desenvolvesse e assumisse grandes propores. Algumas autoridades costumavam pensar que ocorrera o inverso. Agora sabemos com certeza que os antecessores do homem assumiram uma postura erecta antes que o seu crebro aumentasse de tamanho.

    H quanto tempo viveram os australopitecos? No o sabemos com exatido porque a geologia (estudo da terra) das regies da frica, em que se encontram os restos dos australopitecneos, ainda no bem conhecida. A maioria das autoridades, todavia, de opinio que esses restos fsseis datam dos limites entre o Plioceno e o Plistoceno, ou seja, h muito mais de 2 milhes de anos. Eles podem ter morrido na frica h uns 250 mil anos, ou mesmo depois, mas isso no quer dizer que no pudessem ser os ancestrais do homem ou que no estivessem estreitamente relacionados com o grupo de antigos antropides que foram os antepassados direitos do homem.

    O que pode ter sido perfeitamente um australopiteco foi descoberto em 1965 em sedimentos do Plistoceno primitivo na bacia do Kanapoi, suleste de Turkana (noroeste de Qunia). O achado consistia na extremidade inferior de um mero esquerdo notavelmente semelhante ao do homem e facilmente distinguvel do mesmo osso do chimpanz e do gorila. Deu-se ao fssil o nome de Homindeo de Kanapoi I. Os sedimentos em que o osso foi encontrado remontavam, segundo o mtodo do potssio-argnio, a 2,5 milhes de anos. No se descobriram artefatos de espcie alguma.

    Os australopitecneos possuam um crebro de tamanho mdio inferior a 600 cc; o tamanho mdio do crebro dos homens que vivem hoje , mais ou menos, de 1 350 cc. Em vista disso, poder-se- supor que tivessem ainda um longo trajeto a percorrer antes de alcanarem o status humano. Teriam de acrescentar, aproximadamente, uns 400 cc ao volume do seu crebro para chegarem ao tamanho do crebro do Homo erectus erectus. Ora, um salto rpido de 400 cc inconcebvel.

    Alm disso, a forma do crnio de todos os australopitecneos semelha extremamente a dos macacos. A abbada craniana baixa e, em certas formas, como o Australopithecus ( Pa-

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  • ranthropus) crassidens, encontrado em Kromdraai, na frica do Sul, uma crista bem desenvolvida, semelhante do gorila macho, percorre o topo da cabea, de uma ponta a outra. (Esta crista sagital, como chamada, se destina insero dos msculos macios dos lados da cabea, que movem a man- dbula inferior para cima e para baixo.) Em outras, como no Australopithecus robustus, encontrado em Swartkrans, na frica do Sul, a mandbula inferior tem grande espessura. Mas o fato que os australopitecos ostentam muitos traos parecidos

    Crnio de um Australopithecus ajricanus juvenil (lado direito invertido). As reas sombreadas diagonalmente foram reconstrudas

    com os do homem, que, sem dvida, os colocam no gnero do homem. Os dentes, por exemplo, semelham muito mais os de seres humanos que os de qualquer outra criatura conhecida. O mesmo acontece com os ossos da extremidade inferior e dos quadris. Os austrapolitecneos tambm utilizavam os ossos dos membros dos antlopes como instrumentos. O fato de muitos crnios de babunos terem sido encontrados associados a restos de australopitecos, em situao que nos leva a crer que foram abatidos com uma pancada na cabea, induziu o Professor

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  • Raymond Dart, da frica do Sul, a concluir ter sido isso obra dos australopitecneos. E embora algumas autoridades abundem nesse parecer, outras no concordam com ele.

    A FORMA MAIS PRIMITIVA DO HOMEM, QUE SE CONHECE

    A forma mais primitiva de homem, se bem no seja a mais antiga, que se conhece, a de um membro da subfamlia dos australopitecneos. Trata-se do Zinjanthropus boisei, descoberto em julho de 1959 pelo Dr. L. S. B. Leakey e sua esposa, na Garganta de Olduvai, no Territrio de Tanganhica, na frica Oriental. Zinj significa, em rabe clssico, frica Oriental e anthropus , naturalmente, quer dizer homem. O nome especfico foi dado em honra ao benfeitor ingls da expedio que fez o descobrimento.

    O Zinjanthropus boisei, ou homem de Oldoway, representado por um crnio quase completo e parte de um osso da perna. O crnio o de um jovem entre dezesseis e dezoito anos de idade, com uma capacidade de 530 cc. O rosto comprido e largo, h uma crista sagital, a testa quase no existe,

    Vista lateral (lado esquerdo) de ossos plvicos do chimpanz ( e squerda) , do Australopithecus prometheus (no centro)

    e de um boximane ( direita)

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  • os pr-molares e molares so grandes, mas os caninos e incisivos so pequenos. O crnio foi encontrado num complexo cristalino vivo, associado com instrumentos de pedra de um tipo primitivo, conhecido pelo nome de oldovnico. Feitos de quart- zito e lava, esses instrumentos caracterizam-se por ser mal des- bastados numa ou nas duas direes de ambas as faces; o resultado um instrumento singelo de corte, afiado, porm irregular, de cada lado da pedra. Utenslios semelhantes, feitos de seixos polidos pelas guas, foram encontrados, em associao com trs dentes, em Sterkfontein, na frica do Sul. Atribudos, a princpio, ao Zinjanthropus, Leakey hoje acredita sejam esses artefatos obra de outro homem primitivo, que ser

    Reconstruo de um australopiteco tpico

  • descrito mais adiante (veja a pgina 59). Como no existe pedra no nvel do Olduvai I, onde os artefatos foram achados, os materiais de que se fizeram os instrumentos devem ter sido trazidos de outro lugar. A presena de 176 lascas de pedra indica que os petrechos foram manufaturados ali mesmo.

    De acordo com a datao pelo processo do potssio-argnio (veja a pgina 105), levada a cabo pelos Drs. G. H. Curtis e J. Evernden, da Universidade da Califrnia, o Zinjanthropus tem 1,75 milhes de anos.

    A maior parte das autoridades concorda hoje em que o Zinjanthropus um australopitecneo do mesmo tipo do Pa- ranthropus, encontrado em dois lugares da frica do Sul, Kromdraai e Swartkrans, e em Java ( Meganthropus).

    h o m o h a b i l i s

    Em dezembro de 1960, Leakey anunciou novos descobrimentos feitos no mesmo local onde topou com o primeiro Zinjanthropus. Os novos descobrimentos consistiam em alguns fragmentos de crnio, juntamente com um pr-molar inferior e um molar superior, muito mais semelhantes aos do homem que os do Zinjanthropus, uma tbia e um pernio.

    A uns 300 metros do local da descoberta do Zinjanthropus, e a uns 60 centmetros abaixo do nvel do Estrato I, os Lea- keys depararam, no vero de 1960, os sobejos de pelo menos dois indivduos, um juvenil e outro adulto. Os restos do jovem consistiam em pores dos ossos parietais, parte de um osso ocipital e outros fragmentos cranianos, um maxilar inferior, um molar superior e partes do esqueleto da mo. Os do indivduo adulto eram representados por uma clavcula, alguns ossos das mos e um esqueleto quase completo do p esquerdo. Os remanescentes do primeiro eram os de uma criana de mais ou menos 12 anos. Os ossos do crnio, finos, no apresentam crista sagital nem linhas temporais acentuadas para a insero dos msculos temporais. Os ossos da mo e do p semelham muito os do homem, e os do p revelam que o seu dono caminhava e corria de maneira quase idntica do homem moderno.

    Associados a esses restos esqueletais havia um sem-nmero de artefatos oldovnicos tpicos, entre os quais um instrumento de osso, de forma interessantssima, que Leakey interpreta como

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  • sendo uma espcie de lissoir, isto , um utenslio usado para trabalhar e polir as peles dos animais e transform-las em couro utilizvel. A ser correta a interpretao do significado desse instrumento, ela supe , como observa Leakey, um modo de vida mais evoludo do que espervamos dos fautores da cultura oldovnica . Grandes quantidades de sobras de tartarugas, bagres e aves aquticas, de apresamento relativamente fcil, foram encontradas nesse nvel, dando a entender que,

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  • Instrumentos oldovnicos de seixos ( lava ) , Estrato I, G argan ta de Olduvai, Territrio de Tanganhica , frica Oriental

    nessa fase, os homens primitivos ainda no haviam progredido tanto que soubessem arrebanhar e matar filhotes de animais de maior porte. Se isto era assim, como explicar, ento, a presena do lissoir ? Um lissoir seria empregado na preparao de peles de grandes animais, alisando-lhes as asperezas. Essa preparao especial de peles s poderia significar que elas eram usadas para propsitos domsticos, como roupas e esteiras, e at como coberturas de habitaes.

    Se esses homens primitivos no caavam caa grossa, como se explica que conseguissem as peles dos animais? O mais provvel que as obtivessem das carcaas de animais mortos de morte natural ou mortos por outro animal. muito possvel tambm que conseguissem o seu alimento animal como seres carniceiros. Os abutres indicariam aos homens primitivos o lugar onde um carnvoro, provavelmente, fizera uma matana ou onde um animal morrera de outra maneira qualquer. este o processo de obteno de carne posto em prtica at hoje por muitos povos africanos, entre os quais alguns hotentotes.

    O fato de no se terem encontrado ossos de grandes animais nos estratos em que se acharam os primeiros vestgios da cultura oldovnica d a entender que, se eles agiam, s vezes, como animais necrfagos, comiam a carne do animal morto onde quer que o encontrassem, como ainda fazem muitos povos africanos, sobretudo quando o animal grande, como o elefante ou o rinoceronte. Se alguma carne houvesse sido transportada para o territrio deles, teria sido levada com a menor quantidade possvel de ossos e, provavelmente, cortada em pe

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  • dacinhos. Isso explicaria a ausncia dos ossos de grandes animais nos complexos cristalinos oldovnicos.

    A capacidade craniana da criana pr-zinj de 12 anos foi estimada, aproximadamente, em 680 cc, talvez mais, e a idade dos ossos, calculada pelo mtodo do potssio-argnio, em 1,85 milhes de anos.

    Em outubro de 1963, toparam os Leakeys com fragmentos de um crnio de adolescente, do mesmo tipo fsico da criana pr-zinj. Os restos da criana pr-zinj foram descobertos no Estrato I, ao passo que os do adolescente apareceram na parte inferior do Estrato II. Depararam-se ainda aos investigadores, nos Estratos I e II , remanescentes, quase todos constitudos por dentes, de mais cinco representantes desse tipo. Algumas descobertas ocorreram no complexo cristalino vivo do Zinjanthropus. A tbia e o pernio talvez pertencessem forma mais adiantada.

    Os pedaos do adolescente consistiam em quase todo o osso ocipital, os dois parietais, partes dos ossos frontal e temporais, partes do maxilar superior, e uma mandbula virtualmente completa, com todos os dentes no lugar. Nas caractersticas fsicas, esses restos semelham muitssimo os da criana pr-zinj encontrada no Estrato I.

    Em virtude do tamanho e da forma dos dentes, do tamanho do crebro, da forma do crnio, das especializaes das extremidades superiores e inferiores, e da associao dos artefatos de pedra manufaturados, descreveram-se tais restos como representativos de ntido progresso em relao aos australopi- tecneos, deu-se-lhes o nome de Homo habilis ( habilis no sentido de capaz, hbil, vigoroso, mentalmente habilidoso), mas a maioria das autoridades cr que os remanescentes pertenam a australopitecneos.

    Os fragmentos de um crnio encontrados, m 1949, em Swartkrans, na frica do Sul, provavelmente oriundos do Plis- toceno Mdio, e chamados Telanthropus, e alguns descobertos em 1960 no Lago Chade, em Koro Toro, no norte da frica Central, provenientes do fim do Plistoceno Inferior ou do incio do Plistoceno Mdio, talvez pertenam ao Homo habilis mas, enquanto no se fizerem os estudos comparativos necessrios, o seu verdadeiro status permanecer incerto.

    Em janeiro de 1964, Leakey descobriu uma mandbula de Zinjanthropus quase completa, com todos os dentes no lugar,

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  • em novo local, perto do Lago Natron, a nordeste de Olduvai. O depsito da mesma idade do stio em que se encontrou o primeiro Zinjanthropus.

    A forma mais antiga de homem, at agora descoberta, o australopitecneo Homo babilis, conquanto, morfologicamente, o mais antigo seja o australopitecneo Zinjanthropus. O fato de se haver descoberto uma forma mais desenvolvida de homem num estrato mais antigo deve-se, por certo, ao vezo que tem a Arqueologia de premiar inesperadamente os seus cultores. Alguns instrumentos de tipo oldovnico foram encontrados em Sterkfontein e em Swartkrans em associao com australopitecneos. Acredita Raymond Dart que a maioria dos instru- mentos utilizados pelos australopitecneos fossem adaptaes de restos esquelticos de antlopes e animais semelhantes, e consistissem em ossos, dentes e chifres. Da o nome que lhes deu de cultura osteodontocertica.

    Dart descreveu diversos instrumentos notveis, que se supem feitos de ossos de animais pelos australopitecneos. Um deles um descaroador de mas , encontrado em associao com o Australopithecus prometheus, em Makapansgat, na frica do Sul. Outro um lissoir, descoberto em 1958 na brecha vermelho-castanha de Sterkfontein, na frica do Sul. Os australopitecneos talvez tenham aprendido a utilizar produtos naturais, como ossos, dentes e chifres, na produo de instrumentos de trabalho para escavar, cortar, serrar, raspar e alisar.

    O descobrimento de um crculo grosseiro de pedras soltas amontoadas no complexo cristalino, na parte inferior do Estrato I (inferior e anterior ao local em .que foi encontrado o Zinjanthropus), com centenas de instrumentos de pedra sua volta, numa regio em que as pedras no ocorrem naturalmente, indica que o Homo habilis pode ter construdo abrigos. Dessa maneira, alm de serem, possivelmente, os primeiros fazedores habituais de instrumentos de pedra, muito provvel que tenham sido tambm os primeiros construtores de habitaes domsticas.

    Num terceiro local em Olduvai, no Estrato I, cerca de6 metros acima dos outros dois complexos, encontrou-se notvel reunio de ossos fsseis de animais, muitos dos quais novos para a Cincia. Todos os ossos de animais grandes haviam sido quebrados e a medula, extrada. Os crnios e as mand-

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  • bulas tinham sido esmagados. A maioria eram ossos de animais imaturos.

    diferena dos seus ascendentes mais semelhantes aos macacos, tanto o Zinjanthropus quanto o Homo habilis comiam carne. Leakey sugeriu que eles, possivelmente, obtinham a carne atraindo manadas de animais aos pntanos e sacrificando ali mesmo os que fossem apanhados com maior facilidade.

    O DESENVOLVIMENTO DA CAA E AS SUAS CONSEQNCIAS

    Os descobrimentos de Olduvai nos permitem acompanhar, virtualmente passo a passo, a evoluo dos hbitos alimentares do homem e os seus mtodos de arrecadar alimento. Podem distinguir-se trs fases principais: (1 ) a extenso do hbito de colher alimentos, que consistiam quase inteiramente de vegetais, colheita de alimentos animais, obtidos de animais vagarosos, facilmente capturveis, entre os quais se incluam as tartarugas, os bagres e as aves aquticas, seguida pela extenso dessa colheita ao (2 ) arrebanhamento de animais jovens, maiores, e, finalmente, (3 ) caa de animais de maior porte do que eles.

    A passagem do regime vegetariano para o regime de carne assinalou um passo na evoluo cultural que, provavelmente, teve importante influncia sobre a evoluo fsica do homem. A carne requer muito menor mastigao do que as plantas fibrosas. Os grandes caninos so teis quando se quer romper a casca mais grossa de muitas plantas comestveis, e as cristas sseas so necessrias insero de msculos volumosos, capazes de mover o maxilar inferior do primata herbvoro. Para o carnvoro, os grandes caninos, as grandes mandbulas e as cristas sseas so dispensveis. Por conseguinte, as mudanas imprescindveis consistem no desenvolvimento de uma cabea mais parecida com a do homem, com espao suficiente para a expanso do crebro.

    um fato interessante que os carnvoros tenham adquirido muito mais amplas capacidades de comportamento do que os herbvoros, presumivelmente por serem obrigados a resolver um nmero muito maior de problemas e enfrentar os desafios lanados por toda a sorte de situaes, que no se deparam

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  • aos herbvoros. Para estes, na floresta, por assim dizer, a mesa est posta: s lhes resta comer. A passagem do arrebanhamento ou da caa de pequenos animais caa de animais maiores deve ter constitudo um processo de desenvolvimento gradual. Nas atividades venatrias, a vantagem pertenceria aos que pudessem aproximar-se furtivamente da caa, fazendo-o em posio erecta. O caminhar sem esforo foi provavelmente conseguido aps a aprendizagem da corrida e serviu, quase certamente, para exercer presso seletiva sobre os detentores das possibilidades genticas adequadas ao desenvolvimento da postura bpede erecta e da locomoo. A postura erecta libera os membros anteriores para outras finalidades alm da locomoo, no s para a feitura de instrumentos, mas tambm para o seu emprego mais eficiente em conexo com a caa.

    A caa de animais pequenos pe mais em destaque a soluo de problemas do que as reaes ou instintos automticos biologicamente predeterminados. Num ambiente de savana seriam mais favorecidos os indivduos que dessem com maior freqncia as respostas apropriadas s solicitaes do meio, do que os outros. As reaes e instintos automticos estariam em situao desvantajosa, ao passo que a soluo de problemas, que outro nome da inteligncia, se veria em situao privilegiada. proporo que essas criaturas afeioassem os seus instrumentos, engenhassem as suas armadilhas e cavassem os fossos para que nelas casse a sua presa, a inteligncia assumiria um valor cada vez maior para a sobrevivncia. Dessa maneira, no novo meio, por seleo natural, os primeiros homens teriam continuado a crescer e a desenvolver a inteligncia.

    Uma criatura que perde os instintos e se v obrigada a fiar-se cada vez mais da inteligncia para sobreviver, precisa fazer duas coisas: (1 ) passar por um perodo maior de dependncia, a fim de aprender os elementos essenciais bsicos que lhe permitiro funcionar como ser humano, e (2) desenvolver um depsito grande e suficientemente complicado de armazenagem e recuperao, isto , um crebro bastante grande para abrigar os muitos bilhes de clulas e seus circuitos, necessrios a uma inteligncia dessa natureza.

    Como conseqncia da perda dos instintos que ela, um dia, possa ter possudo, uma criatura assim precisar aprender tudo o que tiver de fazer e saber, como ser humano, de outros seres humanos. Da que passe por um prolongado perodo de dependncia, durante o qual ocorre a parte fundamental da

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  • aprendizagem. O armazm necessrio aprendizagem, armazenagem e recuperao de todas essas informaes precisa ser grande. Preparando-se, portanto, para aprender, o crebro do feto humano, no derradeiro ms de gestao, cresce em ritmo acelerado, de sorte que, no momento em que ele atinge um volume de 350 a 400 cc, a criana precisa nascer pois, de outro modo, a sua cabea, grande demais, no lhe permitiria nascer de maneira alguma. E, assim, 266 dias e meio, em mdia, a partir da concepo, nasce a criana em condies de imaturidade extrema. Nesse momento, de fato, ela mal completou a metade da sua gestao. A parte que passou em desenvolvimento no ventre materno chamada gestao uterina. A outra metade da gestao se completa fora do ventre, na continuada relao simbitica da criana com a me. Essa segunda metade da gestao denomina-se gestao externa. A gestao externa dura quase tanto quanto a uterina, ou seja, cerca de dez meses, idade em que a criana, por via de regra, principia a engatinhar sozinha.

    A imaturidade do recm-nascido humano valorizou consideravelmente as mulheres mais capazes de prover s necessidades da criana dependente. E, assim, teriam sido naturalmente selecionadas as que possussem tal capacidade, ou amor materno, ao passo que as que dela carecessem no teriam sido to bem sucedidas na procriao. Tambm seriam grandemente valorizados os homens que patenteassem qualidades cooperativas na caa e na vida social, ao passo que os indivduos egostas, no cooperativos, j se teriam dado menos bem.

    Parece provvel, portanto, que as presses da mudana ambiental primeiro conduziram ao desenvolvimento dos atributos adaptativos, que transformaram em homem uma criatura semelhante ao macaco. Os mais importantes desses atributos no so os fsicos, seno os funcionais, os de comportamento, e as caractersticas incorpreas que conhecemos como cultura a parte do meio feita pelo homem, os principais recursos humanos de adaptao ao meio.

    Os atributos funcionais que evolveram interdependentes na espcie humana, alm da adoo da postura erecta e do desenvolvimento de um crebro volumoso, foram a perda de quanto possa ter sobrado dos instintos, a substituio da forma reativa de comportamento pelo comportamento de respostas, de soluo de problemas, elevado ao mximo, isto , inteligente, o desenvolvimento de um crebro grande e complexo, o nasci

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  • mento em estado imaturo e de total dependncia, uma longa infncia de sujeio, durante a qual a criana cava os alicerces dos conhecimentos que lhe so necessrios para vir a ser um membro atuante da sociedade, e o desenvolvimento do comportamento altrusta ou cooperativo.

    Em outras palavras, a perda dos instintos, a dependncia e a interdependncia, o altrusmo e a cooperao, a educabi- lidade e a inteligncia evoluram inter-relacionadas para produzir a espcie humana. E singular e altamente dotada dessas possibilidades que nasce a criana humana.

    Tornando-se onvoro, o homem aumentou sobremodo a sua capacidade de sobrevivncia em todos os meios. Inclui-se entre os poucos animais onvoros. Como tal, capaz de comer e digerir, virtualmente, tudo o que comestvel ou que se pode tornar comestvel. Essa uma das razes por que veio a ser a mais amplamente distribuda de todas as criaturas sobre a Terra.

    Com o advento dos australopitecneos e de suas atividades de fabricantes de instrumentos, o grupo dos primatas, do qual, finalmente, promanou o homem moderno, transferiu-se para uma zona completamente nova de adaptao, a dimenso da cultura. Com essa transio surge, pela primeira vez, o atributo essencial e caracteristicamente humano: a mente humana, que se caracteriza por uma capacidade cada vez maior de utilizao de smbolos complexos, de aplicao desses smbolos na criao de coisas novas, e de soluo de problemas complexos. Acrescente-se a isto o aumento da facilidade e da habilidade com que se utilizam os smbolos e tudo o que eles pretendem representar, e se ver como, pela primeira vez, de maneira substantiva, um animal transcende as prprias limitaes fsicas e o inarticulado da natureza, para tornar-se crtico, analtico, e controlar cada vez mais a crtica e a anlise.

    A RECONSTRUO DO CURSO DA EVOLUO HUMANA

    Existem indcios de que, durante o Plioceno (que durou, aproximadamente, 10 milhes de anos), se modificou, aos poucos, o clima da frica. Essa mudana consistiu, principalmente, no deslocamento das precipitaes pluviais do sul para o equa

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  • dor. Em resultado disso, a parte coberta de densas florestas que, na frica, se situava abaixo do equador, desflorestou-se gradativamente e transformou-se em plancies abertas ou savanas. Os membros do tronco de que proveio o homem, antigos habitantes das florestas, viram-se, dessa maneira, pouco a pouco, solicitados a adaptar-se ao meio, que se alterava, e aos novos problemas que ele apresentava.

    Na floresta, o alimento vegetal, abundante, exigia parcos esforos para a sua obteno. Nos descampados, todavia, esse mesmo alimento escasseava cada vez mais. No novo ambiente a vegetao no bastava ao sustento da vida. Por isso mesmo, os precursores imediatos do homem teriam sido forados a completar a sua dieta arrebanhando animais pequenos, ainda novos, e vagarosos. Simples comedores de plantas, viram-se obrigados a incluir animais em sua alimentao e, assim, adotar um regime onvoro.

    UM ANTROPIDE CHINS SEMELHANTE AO HOMEM:

    O Gigantopithecus blacki

    Tem sido na China costume tradicional desenterrar os chamados ossos do drago , que so, na realidade, ossos fsseis de muitas espcies diferentes de animais, e vend-los, inteiros ou modos, aos boticrios, que, por sua vez, os vendem aos compradores vidos, como poderosos elixires, capazes de curar praticamente quaisquer mazelas ou molstias. Talvez parea estranho que um gelogo se julgue na obrigao de investigar o contedo das farmcias chinesas em busca de material fssil mas, quando ficamos sabendo que foi assim que o gelogo holands G. H. R. von Koenigswald descobriu o dente de uma das mais primitivas formas homnidas que os cientistas conhecem, o nosso espanto perder a sua razo de ser. Na realidade, o Dr. Koenigswald descobriu trs dentes molares semelhantes aos do homem. Tratava-se de molares inferiores, direito e esquerdo, pertencentes a indivduos diferentes, e um molar superior que, provavelmente, provinha de um terceiro indivduo. O que h de mais notvel nesses dentes o seu tamanho. So enormes. O volume da coroa do terceiro molar inferior cerca de seis vezes maior que a do mesmo dente do homem moderno, e quase duas vezes maior que o dente correspondente do gorila.

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  • Autoridades como o falecido Professor Weidenreich consideravam o Gigantopithecus um homem agigantado. Mas tanto o gigantismo quanto a atribuio dos dentes a um homem foram contestados. Com o descobrimento, em 1957, de uma mandbula de Gigantopithecus, com a maioria dos dentes in situ, num depsito do Plistoceno Mdio numa alta caverna aberta num rochedo, na Provncia de Kwangsi, sul da China, ficou esclarecido que o Gigantopithecus era um macaco antropide, um antropide adiantado, sem dvida, mas no era um homem- -macaco nem se inclua na genealogia do homem.

    Na verdade, as criaturas a que pertenceram esses restos eram antropides robustssimos, mas no h razo para se acreditar que fossem gigantes ou, como sugeriram algumas autoridades, que estivessem relacionados aos australopitecneos da frica. Von Koenigswald, contudo, acredita que eles tenham maiores afinidades com o homem do que qualquer outro macaco antropide conhecido, vivo ou extinto.

    UMA FORMA JAVANESA SEMELHANTE AO HOMEM:

    Meganthropus palaeojavanicus

    Uma das mais antigas formas semelhantes ao homem, que se conhecem ( Meganthropus palaeojavanicus), foi descoberta em 1941 pelo Dr. von Koenigswald, representada por fragmentos de dois maxilares inferiores, em estratos do Plistoceno Inferior do distrito de Sangiran, na regio central de

    Fragmento do lado direito do maxilar inferior do chamado M eganthropus palaeojavanicus, mas que , claramente, membro da subfase Paranthropus dos australopitecneos, do Plistoceno Inferior de Sangiran (Java central) (Cortesia do Professor

    G. H. R. von Koenigswald)

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  • Java. Em 1952, o Dr. Pieter Marks descobriu um maxilar de Meganthropus mais completo, porm terrivelmente esmagado, em Sangiran. Os maxilares do Meganthropus eram extraordinariamente macios, atingindo as propores do maxilar de um gorila macho adulto. No obstante, a sua forma distintamente humana. O Dr. von Koenigswald considera esse gnero antepassado do Homo erectus.

    O homo erectus erectus

    Durante os anos que mediaram entre 1890 e 1897, um jovem mdico holands, chamado Eugene Dubois, que fora a Java em busca do elo perdido , descobriu em Trinil, no centro de Java, a calota de um crnio, um osso de coxa, o fragmento de um maxilar inferior e trs dentes. Eram todos notavelmente semelhantes aos ossos correspondentes do homem, muito embora a calota craniana parecesse assaz primitiva. O osso da coxa, quase igual ao do homem moderno, sugeria que a criatura a que ele pertenceu caminhava erecta. Essa combi-

    Crnio de H om o erectus erectus do Plistoceno Mdio de Trin il ( Java cen tra l) . As reas sombreadas diagonalmente so reconstitudas

    67

  • nao de calota craniana simiesca e osso da coxa parecido com o do homem inspirou o nome o homem-macaco que caminhava erecto ; por conseguinte, em sua forma latina, Pithe- canthropus erectus, hoje mais conhecido como Homo erectus erectus.

    Calculou-se que o crebro do Homo erectus erectus possua um volume que oscilava entre 775 e 940 cc. Isso j est, realmente, dentro dos limites do homem moderno. Conhecem-se casos de homens europeus modernos, inteligentes, cujo volume cerebral no excedia 850 cc. O crebro do grande escritor francs Anatole France possua um volume pouco superior a 1 000 cc.

    S muitos anos depois, em 1937, o Dr. von Koenigswald descobriu vrios outros espcimes de Homo erectus erectus no distrito de Sangiran, na regio central de Java. Todos os restos do Homo erectus erectus remontam ao Plistoceno Mdio.

    O Homo erectus robustus

    Um dos descobrimentos mais importantes do Dr. von Koenigswald, em 1939, foi o de uma forma robustssima de Homo erectus e, por isso mesmo, cognominada Homo erectus robustus. Consistia o achado na parte posterior e na base de um crnio e num maxilar superior com os dentes nos alvolos. Os dentes so essencialmente humanos na forma, com uma exceo: os caninos se projetam alm do nvel dos outros dentes, e existe um espao sseo entre o canino e o incisivo lateral, para acolher a ponta do canino inferior, exatamente como nos antro- pides. No Homo erectus erectus esse espao desapareceu.

    Os indcios, portanto, apontam para essa ordem evolutiva das mudanas na regio do maxilar, a saber: primeiro, o canino sofreu reduo, como vemos no Homo erectus robstus; a isso seguiu-se, volvido algum tempo, o desaparecimento do diastema pr-maxilar, como chamado o espao entre o canino e o incisivo lateral. Dessa maneira, reduziu-se a projeo da mandbula superior, dando lugar forma mais ou menos reta, caracterstica do homem moderno.

    No princpio de dezembro de 1960, o Dr. L. S. B. Leakey descobriu, a uns 4 ou 6 metros abaixo do topo do Estrato II, em Olduvai, o calvarium (crnio sem os ossos faciais ou maxilares) de um pitecantropo do tipo Homo erectus erectus. A importncia desse descobrimento reside, primeiro, em que assim

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  • se ampliam os limites dos pitecantropneos e, segundo, em que a presena do pitecantropo em Olduvai d a entender que esse tipo de homem talvez represente uma forma mais evoluda do Hotno habilis. A uns 100 metros do local do descobrimento, no mesmo nvel, se encontraram numerosos machados de fabricao cheleana, bem como ossos de grandes animais, que parecem ter sido quebrados para a extrao do tutano. Ostestes de potssio-argnio do a esses restos 490 000 anos de idade. No complexo cristalino cheleano de Olduvai se encontra-

    Instrumentos chcleanos de pedra

  • ram muitas pedras grandes de boleadeiras. A boleadeira uma arma de caa muito engenhosa, que consiste em trs pedras forradas de couro e ligadas por trs correias, que so amarradas no topo, deixando livres as correias e as pedras. O caador faz girar a boleadeira sobre a cabea e, em seguida, a arremessa na direo das pernas da presa, em torno das quais, com o peso das pedras, as correias se enrolam e apertam, derrubando-a. um dispositivo usado, at hoje, pelos gachos da Amrica do Sul e por alguns esquims. O tamanho das pedras das boleadeiras cheleanas indica que o pitecantropo de Ol- duvai possua um fsico poderosssimo. Certas quantidades de ocre vermelho encontradas no mesmo estrato lhe assinalamo interesse pela cor, com alguma finalidade especial, pois o ocre deve ter sido trazido de uma distncia considervel.

    Sinanthropus pekinensis: O Homo erectus pekinensis

    Sinanthropus pekinensis quer dizer homem chins de Pequim . Esse nome foi dado, ao que ele supunha ser uma nova forma de homem, pelo Professor Davidson Black, que ento

    Crnio de Sinanthropus (H om o erectus pekinensis)

    70

  • pertencia ao Union Medicai Collcge de Pequim, baseado no descobrimento de um nico dente em Choukoutien, uns sessenta quilmetros a sudoeste de Pequim. Isso foi em 1927. Por volta de 1939, os restos de mais de quarenta indivduos haviam sido recuperados, e novas escavaes, iniciadas em 1943, no local original do Plistoceno Mdio, conseguiram desvelar os remanescentes de outras partes esquelticas. Descobriu-se que os remanescentes representavam uma forma chinesa do Homo erectus, hoje conhecida como Homo erectus pekinensis.

    Instrumentos do Sinanthropus

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  • Infelizmente, os restos esquelticos originais do homem de Pequim se perderam ao serem transportados para um lugar seguro, ao qual no chegaram, durante a invaso japonesa da China. Existem, porm, moldes da maior parte do material original, assim como boas fotografias e desenhos.

    O volume mdio do crebro do homem de Pequim de1 075 cc, sendo o tamanho do crebro cerca de 20% maiorque o do homem de Java. A regio da testa pouco maisdesenvolvida no homem de Pequim do que no homem de Java. Os dentes tm forma humana, e no existe espao entre o canino e o incisivo lateral no maxilar superior mas, como os pitecantropneos, o homem de Pequim no possui queixo desenvolvido.

    Muitos instrumentos de talho e corte se acharam associados ao homem de Pequim.

    Afirmou-se que o homem de Pequim era canibal porque se encontraram quebradas as bases de todos os crnios, e muitos ossos compridos partidos longitudinalmente por meios humanos. E da se inferiu que o Sinanthropus tirava o crebroe comia-o, como tambm chupava os ossos longos, para extrair- -lhes o tutano. Isto possvel, mas no est provado e, como quer que fosse, no implicaria necessariamente que o Homo erectus pekinensis praticasse habitualmente a antropofagia. Em condies de fome extrema, a maior parte dos seres humanos capaz de canibalismo. Mas, exceto em casos aberrantes, muito pouco provvel que o homem, alguma vez, tenha recorrido prtica de devorar os seus semelhantes, seno in extremis ou com finalidades rituais.

    As analogias entre o homem de Java e o de Pequim so notveis e, de um modo geral, parece justificar-se a concluso de que o ltimo representa uma variedade geogrfica um pouco mais adiantada do primeiro, e deve ser includo entre os pitecantropneos.

    Homo erectus mauritanicus

    Em junho de 1954, o Professor C. Arambourg, do Museu Nacional de Histria Natural de Paris, descobriu dois maxilares inferiores humanos num fosso em Ternifine, na Arglia. Esses maxilares procediam de um horizonte plistocnico inferior mdio (indstria camasiana), a que o Professor Aram-

    7 2

  • bourg atribui a idade aproximada de meio milho de anos. Robustissimamente construdos, os maxilares carecem de queixos desenvolvidos e se parecem muito com os dos pitecantrop- neos, mas diferem deles o suficiente talvez para justificar a sua identificao com uma variedade mauritana do mesmo tipo, o Homo erectus mauritanicus, melhor do que Atlanthropus mauritanicus, nome dado pelo Professor Arambourg.

    Os dentes do mauritanicus so inequivocamente humanos e muitssimo semelhantes aos dos pitecantropneos. Associadas a esses maxilares se acharam sobras de muitos animais extintos e inmeros instrumentos de pedra toscamente trabalhados feitos de quartzito, pedra calcria e slex, representantes do tipo mais antigo de artefatos ( abeviliano-acheuliano).

    Uma poro de maxilar inferior humano, tambm encontrado em 1954, num depsito do Plistoceno Mdio em Sidi Abderrahman, perto de Casablanca, no Marrocos, associada a instrumentos de indstria acheuliana mdia, parece pertencer ao mesmo tipo mauritanicus. Assim, pela primeira vez, temos provas concretas da presena de tipos pitecantropneos na frica. Antes disso, em 1943, os fragmentos de trs crnios descobertos num depsito Paleoltico Superior, a noroeste do Lago Eyassi, na frica Oriental, haviam sido considerados por algumas autoridades pertencentes ao tipo pitecantropneo. Conferiu-se ao tipo representado por esses fragmentos de crnio o nome de Africanthropus. Os novos descobrimentos na frica do Norte reforam algum tanto a pretenso do Africanthropus ao status de pitecantropo.

    O HOMEM DE SOLO

    Perto de Ngandong, no centro de Java, em 1931, na regio do Rio Solo, encontraram-se onze crnios fsseis. Faltavam os rostos e os dentes, mas os crnios, extraordinariamente espessos, revelavam ntidas semelhana? com o do Homo erectus, de um lado, e com as formas ulteriores do homem conhecido como de Neandertal, de outro. O volume mdio do crebro era de 1 100 cc.

    Com os remanescentes do homjm de Solo encontraram-se amostras dos seus artefatos, em forma de vrios instrumentos de osso formosamente afeioados, um machado feito de armao de veado, uma ponta de lana farpada, e umas tantas pedras toscamente modeladas. O homem de Solo, portanto, pa-

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  • Crnio do homem de Solo, do Plistoceno Superior, de Ngandong(Java central)

    rece ter sido uma forma culturalmente adiantada, pertencendo a algum ponto do Paleoltico Superior ou Antiga Idade da Pedra Superior (veja a Tabela 4).

    Nunca ficou demonstrada a associao direta de tais implementos com o Homo erectus, mas em toda a regio sino- -malaia se descobriu uma variedade de instrumentos de talho, que pode ter sido obra dos pitecantropneos.

    O HOMEM DE WADJAK

    Interessantssima descoberta foi feita por van Rietschoten em Wadjak, a uns noventa e seis quilmetros a sudeste de Tri- nil, na regio central de Java, de dois crnios humanos, durante os anos de 1889 e 1890. O descobrimento desses crnios s foi divulgado em 1922, por Dubois. Dubois afirmava que ambos pertenciam ao Plistoceno. O volume do crebro de um deles era de 1 550 cc e o do outro, de 1 650 cc. Os crnios

  • so, provavelmente, do fim do Plistoceno e pertencem, evidentemente, ao tipo sapiens.

    O mais interessante em relao a esses crnios a notvel semelhana que oferecem com o crnio do aborgine australiano tpico de hoje, com uma diferena: o crnio do aborgine australiano atual tem um volume menor, de aproximadamente1 300 cc. muito possvel que alguns membros da populao de Wadjak chegassem Austrlia durante o Plistoceno. J se sugeriu que possumos agora uma linha evolutiva quase contnua, que comea no Homo erectus, passa pelo homem de Solo e pelo homem de Wadjak, chega ao aborgine australiano.

    O HOMEM DE HEIDELBERG

    Numa pedreira de Mauer, a uns dez quilmetros a sudeste de Heidelberg, na Alemanha, um operrio, em 1907, encontrou um maxilar inferior macio, de um tipo primitivo de homem, com todos os dentes no lugar. Esse maxilar pertence ao Plistoceno Inferior Mdio. E isso faz do homem de

    O crnio de Steinheim, do Plistoceno Mdio de Steinheim-am-Murr. O primeiro exemplo do tipo neandertalide

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  • O maxilar de Heidelberg

    Heidelberg um dos mais velhos fsseis humanos autenticados que conhecemos.

    Os dentes so um pouquinho maiores que os do homem comum de hoje, mas incluem-se perfeitamente entre os limites normais de variao do homem moderno. O lado do maxilar (ramo montante) muito largo, e o queixo no desenvolvido. O homem de Heidelberg pode ser precursor do homem de Neandertal e parente do homem de Solo.

    O HOMEM DA RODSIA

    Um crnio completo, com exceo do maxilar inferior, e mais alguns ossos do corpo, alm de um parietal e um maxilar superior de outro indivduo, todos do Plistoceno Superior, de um tipo primitivo de homem, foram achados numa caverna em Broken Hill, na Rodsia do Norte, hoje conhecida como Zmbia, em 1921. Combinando traos neandertalides com traos semelhantes aos do homem moderno, o homem da Rodsia tinha um volume cerebral de 1 280 cc, macias protu- berncias frontais, um grande e saliente maxilar superior, e um palato desmesurado. Os dentes se parecem muito com os do homem contemporneo, e um fato curioso estarem todos muito estragados, o que prova que os maus dentes no so privilgio dos tempos atuais. A presena de traos que ostentam semelhana com os do homem de Solo, os do homem de Neandertal, e os do homem moderno contribui para emprestar grande interesse ao crnio rodesiano. E d a entender que o homem da Rodsia pode ser, na realidade, um produto evolutivo da mistura, entre outras coisas, desses tipos.

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  • Crnio do homem da Rodsia

    Encontraram-se, ao lado dos restos, implementos de n- dulos de slex e quartzo, da cultura africana de lascas, conhecida como Stillbay e Proto-Stillbay da Idade da Pedra Mdia.

    Em 1953, descobriu-se outro crnio de homem da Rodsia, juntamente com artefatos (objetos feitos pelo homem), a uns vinte e quatro quilmetros da Baa de Saldanha, a quase cem quilmetros ao norte da Cidade do Cabo, na frica do Sul, e a uns dois mil e quatrocentos quilmetros de Broken Hill, onde foi achado o primeiro crnio. Isto prova que o homem da Rodsia percorria extensamente a frica.

    No crnio faltam apenas a base, o rosto e o maxilar inferior, mas a calota, com as suas partes laterais e posterior e a grande protuberncia frontal, mostra, de maneira concludente, que estamos aqui diante da mesma mistura de traos do homem de Solo, do homem de Neandertal e do homem moderno, que caracterizou o homem da Rodsia I.

    No homem da Rodsia, portanto, talvez tenhamos um elo entre o homem de Solo de Java, o homem de Neandertal de muitas partes do mundo, e o tipo de homem moderno, ou neantrpico, como, s vezes, chamado.

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  • Instrumentos encontrados em associao com o homem da Rodsia (Cortesia do Museu Britnico [Histria Natural])

    O HOMEM DE NEANDERTAL

    Quase toda a gente j ouviu falar no homem de Neander- tal. Esse tipo de homem conhecido atravs dos restos de mais de uma centena de indivduos, e sabemos que houve muitas variedades diferentes dele. O homem de Neandertal um tipo do Plistoceno Superior.

    A primeira coisa interessante que se pode dizer a seu respeito que o crebro, em mdia, era maior que o do homem

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  • moderno. O crebro de Neandertal tinha um volume mdio de 1 550 cc, ao passo que o do homem contemporneo de cerca de 350 cc. Visto que o homem de Neandertal floresceu h cerca de 150 000 anos e cessou de florescer, como tipo, h uns 40 000, mais ou menos, somos levados a presumir que o tamanho menor do crebro humano moderno resulta de uma tendncia evolutiva ou que o crebro avantajado do homem de Neandertal era um atributo peculiar a esse tipo. Em face dos indcios fornecidos por outros tipos primitivos de homem

    Crnio do homem de Neandertal, de La ChapclIe-aux-Saints. As reas sombreadas diagonalmente so reconstrudas

    temos razes para acreditar que o crebro humano realmente diminuiu de tamanho e estabilizou-se, h coisa de 50 000 anos, no tamanho atual. A despeito dos prognsticos dos colaboradores dos suplementos dominicais dos jornais, pouqussimo provvel que o crebro humano venha a evoluir no sentido de aumentar em volume. Nem preciso que o faa. Pode

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  • aumentar em complexidade sem aumentar em tamanho. Pode ampliar a sua rea superficial sem acrscimo de volume, pelo simples aumento e aprofundamento das circunvolues.

    O homem de Neandertal propendia a ter uma testa um tanto fugidia, com protuberncias frontais bem desenvolvidas, pesada mandbula sem queixo e a parte posterior da cabea (occipcio) proeminente. Por carecerem dos mais rudimentares conhecimentos de Anatomia, algumas autoridades , que se meteram a reconstruir o homem de Neandertal, figuraram- -no com o pescoo taurino, traos grotescos, andar curvado, durante o qual, diziam, os joelhos se chocavam! Asseverou-se tambm, amiudadas vezes, que o homem de Neandertal devia ser pouco inteligente porque tinha a testa curta. Todas essas alegaes so totalmente indefensveis. O homem de Neandertal caminhava to erecto quanto qualquer homem moderno, no tinha pescoo taurino, nem joelhos chocalhantes. E faz muito tempo que inmeros investigadores cientficos independentes provaram que nem a forma da testa nem a da cabea tem qualquer relao com a inteligncia. Na realidade, a testa do homem de Neandertal era muito bem desenvolvida. Fazia-a parecer curta a presena de macias protuberncias frontais (bossas supra-orbitais). Sobejam, na verdade, razes para se acreditar que o homem de Neandertal fosse to inteligente quanto o homem contemporneo. Foi ele quem fez os belos instrumentos que se atribuem cultura musteriana (em homenagem a Le Moustier, no sul da Frana, onde foram encontrados pela primeira vez). Fazia bolas de slex, perfuradores, discos, raspadeiras, facas de pedra, e desenvolveu o uso de pigmentos minerais, como o ocre vermelho, em cerimnias e, provavelmente, para outras finalidades. O homem de Neandertal tambm introduziu o sepultamento cerimonial dos mortos, dando assim a entender que possua um sistema religioso altamente desenvolvido.

    Durante muito tempo se acreditou que o homem de Neandertal tivesse sido exterminado por homens do nosso tipo. No havia fundamento algum para essa crena, seno o tipo de teorizao que caracterizou os pensadores do sculo XIX da escola da sobrevivncia do mais apto , que acreditavam fosse a guerra to velha quanto o homem e o processo pelo qual uma raa sujeitava e exterminava outra. Visto que os remanescentes do homem de Neandertal so conhecidos em quase todas as partes da terra onde se encontraram fsseis hu-

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  • Instrumentos da indstria musteriana

    manos, no lcito supor que ele tivesse sido exterminado em toda parte. muito para duvidar at que tenha sido exterminado em algum lugar. A verdade, ao que tudo indica, que se deve ter misturado a todas as populaes que encontrou, sendo, com o correr do tempo, absorvido por elas. Foi isso, sem dvida, o que aconteceu no Oriente Mdio e na Europa,

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  • onde se vem ainda muitas pessoas que exibem traos da sua remota ascendncia neandertalense. Esses traos podem ser observados nas pesadas protuberncias frontais, nas rbitas oculares fundas, nas testas fugidias e nas regies mentonianas pouco desenvolvidas.

    1

    Crnio neandertalense de M a-pa, China

    PRIMEIRAS MISTURAS DE DIFERENTES TIPOS DE HOMEM

    Conquanto as populaes de homens primitivos fossem muito reduzidas, h boas razes para se acreditar que, ao se encontrarem, essas populaes faziam exatamente o que fazem as populaes modernas quando se encontram: cruzavam-se. Os indcios reais desse cruzamento, at h pouco tempo, eram conjeturais mas, no correr dos anos de 1931 e 1932, as provas se robusteceram. Durante esse perodo, descobriu-se uma co-

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  • T a b u n I. Crnio do tipo neandertalense de M onte Carmelo, em Israel. As reas sombreadas diagonalmente so reconstitudas

    leo de fsseis neandertalides em cavernas, nas encostas do Monte Carmelo, na Palestina.

    Aqui se depararam dois tipos, um claramente neandertals, nas cavernas de Tabun, e outro muito prximo do homem moderno, nas cavernas de Skhul, a poucos metros de distncia. Entre os dois tipos havia toda a sorte de formas intermedirias. Os indcios revelam que os restos das duas cavernas, de um modo geral, eram contemporneos. O processo do radio- carbnio indica-lhes uma idade de 45 000 anos a. p. (antes do presente). provvel que tenha havido cruzamento entre uma forma semelhante do homem moderno e o homem de Neandertal e que a populao do Monte Carmelo fosse o produto desse cruzamento.

    Sobram razes para se acreditar que um cruzamento semelhante ( hibridizao) tenha ocorrido entre as populaes durante toda a longa pr-histria do homem.

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  • Skhul V (lado direito invertido). Crnio de um tipo misto, de N eanderta l e do tipo moderno de homem

    0 HOMEM DE CRO-MAGNON

    Os homens de Cro-Magnon so os apoios do mundo pr- -histrico. O homem de Cro-Magnon foi descoberto em 1868, na aldeiazinha de Les Eyzies, no sul da Frana central, num abrigo rochoso chamado Cro-Magnon. Encontraram-se os restos de treze outros indivduos, entre 1872 e 1902, nas cavernas das Rochas Vermelhas da Costa Azul, a uns quarenta minutos a p de Mentone, na Riviera italiana. Um esqueleto sem cabea, incompleto, achado na Caverna de Paviland, no sudoeste do Pas de Gales, em 1832, pertence, quase certamente, variedade cro-magnnica.

    Os cro-magnons tinham cerca de 1,78 m de altura, um volume cerebral que chegava, nos espcimes maiores, a 1 660

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  • Crnio de um espcime masculino de Cro-Magnon

    cc, rosto reto, nariz bem desenvolvido, proeminente, testa alta e mandbula forte. Fizeram belssimos implementos de osso, ligados a uma indstria conhecida pelo nome de aurigna- ciana (nome que vem de Aurignac, na Frana, onde foram encontrados pela primeira vez).

    O homem de Cro-Magnon um homem moderno em todos os sentidos, mas no temos ainda a menor idia de onde veio nem de como apareceu.

    Confronto entre os maxilares inferiores do homem de Heidelberg, do chimpanz e do homem moderno

  • 86

  • Molde do crebro do gibo

    Molde do crebro do chimpanz

    Molde do crebro do gorila

    Molde do crebro do Pitecantropo

    Molde do crebro d j Homem de N e a n d c t;!

    La Chapelle-Aux-Saint.

    Molde do crebro do homem moderno

    Com parao entre as dos crnios c os

    Seo do crnio do chimpanz

    w MMaxiiar inferior do chimpanz

    Maxilar inferior do orangotango

    Seo do crmo Maxilar jnfer!ord neandertal.de

    Face restaurada primitivo deEhringsdorf

    Seo do crnio do Homem de Neandertal

    La Chapelle-Aux-Salnts

    Maxilar inferior do Homem de Heidelberg

    Maxilar inferior do Homem de Neandertal

    La Chapelle-Aux-Saints

    Maxilar inferior do Homem de Cro-Magnon

    Seo do crnio do Homem de Cro-Magnon

    Maxilar inferior do homem branco moderno

    formas dos ccrebros, as seces sagitais mdias aspectos internos dos maxilares inferiores

    e antropides e do homem

  • Homem de Neandertal

    Homem moderno

    Homo sapietts fossilis

    Sinanthropus

    Homo erectus erectus

    Chimpanz

    Confronto entre os tamanhos de crebro: Chimpanz, 400 cc, Hom o erectus erectus, 860 cc, Sinanthropus, 1 075 cc, H om o sapiens

    fossilis, 1 300 cc, homem moderno, 1 400 cc, homem de Neandertal, 1 550 cc

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  • INTRODUO A ANTROPOLOGIA

    Ashley Montagu

    Uma lcida apresentao das conquistas da antropologia, descrevendo a histria fundamental do desenvolvimento fsico e cultural do homem. Escrito em estilo direto e focalizando de maneira sistemtica e progressiva uma ampla gama de temas, centrados em torno da ascendncia primata do homem, sua diferenciao nos variados grupos tnicos que hoje conhecemos e suas diversas respostas culturais ao meio- -ambiente, este livro constitui um excelente manual para os cursos introdutrios de antropologia em nvel superior.

    E D I T O R A C U L T R I X