ascidiacea (chordata tunicata)

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Dissertação da biodiversidade de Ascídias no Brasil

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  • 1Tito Monteiro da Cruz Lotufo

    Ascidiacea (Chordata: Tunicata)

    do litoral tropical brasileiro

    So Paulo

    2002

  • 2Tito Monteiro da Cruz Lotufo

    Ascidiacea (Chordata: Tunicata)

    do litoral tropical brasileiro

    Tese apresentada ao Insituto de Biocinciasda Universidade de So Paulo, paraobteno do Ttulo de Doutor em Cincias,na rea de Zoologia.

    Oridentador: Prof. Dr. Srgio de AlmeidaRodrigues

    So Paulo

    2002

  • 3Ficha Catalogrfica

    Lotufo, Tito Monteiro da CruzAscidiacea (Chordata: Tunicata) do litoral

    tropical brasileiro183 pp.

    Tese (Doutorado) - Instituto de Biocinciasda Universidade de So Paulo. Departamento deZoologia.

    1. Ascidiacea 2. Tunicata 3. Ascdias I.Universidade de So Paulo. Instituto de Biocincias.Zoologia.

    Comisso Julgadora

    ______________________________ _______________________________

    Prof. Dr. Edmundo Ferraz Nonato Profa. Dra. Rosana Moreira da Rocha

    ______________________________ _______________________________

    Profa. Dra. Antonia Cecilia Z. Amaral Prof. Dr. Alvaro Esteves Migotto

    _________________________________

    Prof. Dr. Srgio de Almeida RodiguesOrientador

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  • 5Se voc deseja avanar para o infinito,explore o finito em todas as direes.

    Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)

  • 6Agradecimentos

    Os resultados apresentados nesta tese no foram fruto unicamente do meu trabalho, mas deum grande nmero de colaboradores, como se esperaria de um projeto com esta abrangncia. Destaforma, tomo a liberdade de estender-me um pouco neste item. Esta uma tentativa de se fazerjustia a algumas das pessoas que contriburam de uma forma ou de outra para a realizao desteprojeto. Assim sendo, desejo expressar meus mais sinceros agradecimentos :

    Ao Prof. Dr. Srgio de Almeida Rodrigues, meu orientador e amigo, que sempre me apoiou sejacom seu estmulo , seja trabalhando diretamente nos projetos, ajudando em absolutamente todas asetapas. Srgio, desnecessrio dizer que se esta tese tem algo de positivo, o mrito tambm seu.

    minha esposa, Letcia, por seu apoio e pacincia sentido durante todos estes anos de trabalho.

    Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo, pelo auxlio financeiro sem o qual teriasido impossvel levar adiante este projeto.

    Profa. Dra. Gisela Yuka Shimizu, pelos inmeros galhos quebrados e pelas conversas sempreagradveis e produtivas.

    Aos Profs. Drs. Erika Schlenz e Fbio Lang da Silveira, coordenadores de ps-graduao doDepartamento de Zoologia do IB-USP, pelo pronto auxlio sempre que solicitado.

    Aos Professores do Departamento de Zoologia do IB USP, pelos ensinamentos aprendidos duranteas disciplinas.

    Ao Centro de Biologia Marinha da USP, na figura de seu diretor durante a execuo do projeto,Prof. Dr. Jos Carlos de Freitas, pelo apoio logstico no uso das suas instalaes e equipamentos.

    Aos Profs. Drs. Paulo e Helena Cascon da Universidade Federal do Cear, que me receberam debraos abertos em sua instituio e sempre me ajudaram durante minha estada no Cear. No hpalavras para agradec-los por tudo.

    Profa. Dra. Priscila Grohmann, por ter-me recebido de forma to atenciosa e prestativa quandodo exame da coleo da UFRJ, sob sua curadoria.

    Sra. Linda Cole por me receber, por todo o auxlio e pelas discusses a respeito dos animais noNational Museum of Natural History.

    Sandra Farrington , Dr. Mark Leiby e Dr. Ramn Ruiz-Caros por me receberem e por toda ajudano Florida Marine Research Institute.

    Ao Dr. David Camp pela extrema gentileza de levar-me e auxiliar-me na coletas em St. Petersburg,destinando um pouco do seu precioso tempo no intenso trabalho como editor do Journal of CrustaceanBiology.

    Ao Dr. Mark Siddall e Elizabeth Borda por me receberem e pelo auxlio quando do exame dosexemplares do American Museum of Natural History. Devo ainda um agradecimento especial aoDr. Siddall por me doar uma cpia original da monografia de Van Name (1945).

  • 7Ao Sr. Fbio Fabiano, administrador da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, pelalicena de coleta naquela regio.

    Ao Dr. Eduardo Hajdu, pelo emprstimo do material do Museu Nacional, sob seus cuidados.

    Pigeon Key Foundation, por permitir a utilizao de suas instalaes durante as coletas nasFlorida Keys.

    Ao Prof. Dr. Petrnio Alves Coelho, da UFPE, por me receber quando do exame do materialdepositado na coleo do Departamento de Ocenografia.

    Ao ContraAlmirante Guilherme Franco Moreira, pelo apoio nas coletas da Baa de Angra dosReis.

    Ao Oceangrafo Marcelo Scaf, na poca diretor do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, pelaajuda oferecida.

    Ao Sr. Daniel Rodrigues, que me recebeu em sua casa e ofereceu sua embarcao para as coletas naBaa de Todos os Santos.

    Ao Eng. de Pesca Marcelo Torres, diretor do Parque Estadual da Pedra da Risca do Meio, pelapermisso de coleta.

    Ao Departamento de Ecologia Geral do IBUSP, por abrigar o Laboratrio de Ecologia e Sistemticade Ascidiacea e sempre permitir o uso de suas instalaes e equipamentos.

    Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Marques pelas sugestes e discusses que ajudaram neste trabalho.

    Ao Departamento de Biologia da Universidade Federal do Cear, por permitir o uso de suasinstalaes e equipamentos.

    Ao Sr. Wagney M. Costa e demais funcinrios do CEBIMAR - USP por toda a ajuda oferecidadurante a realizao do projeto.

    A Darcio da Costa Magalhes, pelo auxlio no uso do microscpio eletrnico de varredura.

    Aos secretrios e secretrias do Departamento de Zoologia e da Secretaria de Ps-graduao doIBUSP, pela boa vontade e pelos auxlios durante todo o perodo do doutoramento.

  • 8ndice

    ndice Taxonmico .................................................................................................. 9

    I- Introduo ................................................................................................................................ 11

    II - Objetivos ................................................................................................................................ 16

    III - Material e Mtodos .............................................................................................................. 17

    III-1 Coleta e Fixao dos Animais ........................................................................................... 17III-2 Locais de Coleta dos Animais ........................................................................................... 18III-3 Exame dos Animais ........................................................................................................... 24III-4 - Organizao do Material Bibliogrfico ............................................................................. 25III-5 Registro Fotogrfico ............................................................................................................. 26III-6 Organizao do Material Depositado na Coleo ................................................................ 26III-7- Exame de Colees Mantidas por Outras Instituies ........................................................ 26III-8 - Anlise de Agrupamento .................................................................................................... 29III-9 - Anlise de Endemicidade por Parcimnia ......................................................................... 30IV - Resultados e Discusses ....................................................................................................... 31

    IV-1 Resultados da Campanha Rio de Janeiro .......................................................................... 31IV-2 Resultados da Campanha Esprito Santo ........................................................................... 31IV-3- Resultados da Campanha Bahia .......................................................................................... 32IV-4- Resultados da Campanha Alagoas-Pernambuco ................................................................. 34IV-5- Resultados da Campanha Paraba-Cear. ............................................................................ 34IV-6- Resultado Geral por Estados ............................................................................................... 35IV-7- Chaves e Descries das Espcies Estudadas ..................................................................... 37IV-8 - Anlise de Agrupamento .................................................................................................. 159IV-9 - Anlise de Endemicidade por Parcimnia ....................................................................... 161V Consideraes Finais .......................................................................................................... 163

    VI - Resumo ............................................................................................................................... 171

    VII - Abstract ............................................................................................................................. 172

    VIII - Referncias Bibliogrficas .............................................................................................. 173

  • 9ndice Taxonmico

    A

    Aplidium 96

    lobatum 96

    sp. n. 98

    traustedti 100

    APLOUSOBRANCHIA 38Ascidia 108

    curvata 108

    interrupta 109

    sp. n. 111

    Ascidiidae 107

    B

    Botryllinae 133Botrylloides 134

    giganteum 135

    nigrum 136

    Botryllus 138

    planus 138

    schlosseri 140

    tabori 141

    tuberatus 143

    C

    Ciona 74

    intestinalis 74

    Cionidae 73Clavelina 76

    oblonga 76

    Clavelinidae 75Corellidae 120Cystodytes 89

    dellechiajei 87

    D

    Didemnidae 40, 42Didemnum 41

    ahu 41

    apersum 42

    granulatum 44

    ligulum 45

    perlucidum 47

    psammatodes 49

    rodriguesi 50

    sp. n. 52

    speciosum 54

    vanderhorsti 56

    Diplosoma 57

    macdonaldi 57

    sp. n. 60

    Distaplia 81

    bermudensis 81

    bursata 83

    E

    Ecteinascidia 114

    conklini 115

    minuta 116

    ENTEROGONA 38Eudistoma 89

    carolinense 90

    recifense 91

    saldanhai 91

    sp. n. 94

    vannamei 93

    Euherdmania 78

    sp. n. 78

    EUHERDMANIIDAE 77Eusynstyela 145

    sp. n. 145

    tincta 146

    H

    Herdmania 127

    momus 127

    HOLOZOIDAE 80

    L

    Lissoclinum 61

    fragile 62

    perforatum 63

    M

    Microcosmus 129

    exasperatus 129

    Molgula 124

    braziliensis 126

    Molgulidae 123

    P

    Perophora 118

    multiclathrata 118

    viridis 119

    Perophoridae 114Phallusia 112

    nigra 112

    PHLEBOBRANCHIA 106PLEUROGONA 122Polyandrocarpa 147

    anguinea 148

    zorritensis 149

    Polycarpa 154

    spongiabilis 154

    Polycitoridae 86POLYCLINIDAE 95Polyclinum 101

    constellatum 101

  • 10Polysyncraton 65

    sp. n. 66

    sp. n. 1 67

    Polyzoinae 144Pyura 131

    vittata 131

    Pyuridae 126

    R

    Rhodosoma 120

    turcicum 121

    Rhodosomatinae 120

    S

    STOLIDOBRANCHIA 122Stomozoa 104

    gigantea 104Stomozoidae 103Styela 155

    canopus 156

    plicata 157Styelidae 133Styelinae 153Symplegma 150

    brakenhielmi 152

    rubra 150

    T

    Trididemnum 68

    orbiculatum 69

    solidum 70

    sp. n. 72

  • 11

    I- Introduo

    Desde o nascimento da zoologia, no velho mundo, um dos principais desafios para

    os homens de cincia tem sido o conhecimento das diferentes formas de vida animal do

    nosso planeta. Da a necessidade de desenvolvimento no somente de um sistema para

    ordenao e catalogao das novas espcies que eram descritas, mas de museus, onde se

    podia depositar espcimes de referncia. Para os zologos, a necessidade desse conhecimento

    era evidente, pois sua curiosidade era direcionada para isso, mas grande parte da populao

    ignorava a importncia desse tipo de trabalho e os museus eram vistos como meros gabinetes

    de curiosidades (Asma, 2001). Na primeira metade do sculo XX ainda se explorava e

    inventariava as regies cuja fauna e flora ainda era desconhecida mas ,mesmo durante esse

    perodo, esse trabalho foi perdendo o interesse popular e grande parte das geraes que

    foram sendo formadas tinham um nmero decrescente de novos pesquisadores dedicados a

    essas tarefas. As grandes revolues tecnolgicas tiveram - e ainda tm - seu impacto sobre

    as cincias biolgicas, e o interesse se focalizou nos ramos nascentes da biologia, na

    bioqumica, gentica e biologia molecular, que ainda inquietam o mundo com suas

    descobertas e com suas possibilidades.

    O surgimento dos movimentos ambientalistas na dcada de 70 do sculo passado

    abriu as portas para um caminho importante que, apesar das inevitveis distores, permitiu

    o amadurecimento de uma conscincia popular dos problemas e da relevncia dos estudos

    em outras reas das cincias biolgicas. A reunio de Estocolmo, e sua reedio no Rio de

    Janeiro em 1992, trouxeram baila diversas questes e ento, como resultado da presso

    popular, os governos da maioria dos pases do mundo passaram a consider-las. Dentre os

    resultados positivos dessa reunio possvel destacar a ateno que os ecossistemas tropicais

    receberam e, mais que isso, a constatao pela sociedade da falta de informao que se tem

    a respeito deles.

    So diversos os projetos que surgiram a partir de ento para inventariar e tentar

    compreender essa biodiversidade - esse ltimo termo conquistou o vocabulrio popular

    tambm a partir de 1992, mas seu significado tcnico ainda controvertido.

    Embora bem conhecidas em regies como a Amrica do Norte e Europa, no Brasil as

    ascdias foram muito pouco estudadas. Van Name em seu trabalho de 1945, intitulado The

    North and South American Ascidians, menciona numa breve reviso histrica da literatura:

    Information on the ascidians of the east coast of South America is very scanty until we

    reach the Magellanic region, which includes both the east and west coasts of southern South

    America. De fato, o primeiro relato sobre Ascidiacea na costa brasileira foi feito por Gould

    em 1852, onde o autor descreveu duas espcies, encontradas durante a campanha da United

    States Exploring Expedition na Baa da Guanabara, ainda incluindo os animais entre o que

  • 12

    era ento concebido como filo Mollusca. Todavia, as descries so to incompletas que at

    hoje no foi possvel classific-las adequadamente. A segunda informao deve-se tambm

    a uma das mais importantes expedies oceanogrficas, a Challenger (Herdman, 1880;

    1886). Posteriormente, alguns autores trataram esporadicamente de algumas espcies de

    ocorrncia incerta ou com a procedncia indicada simplesmente Brasil (Traustedt, 1882;

    1883. Michaelsen, 1907; 1923. Hartmeyer 1912). Lderwaldt (1929) coletou algumas

    espcies na Ilha de So Sebastio, enviadas ao United States National Museum (atual National

    Museum of Natural History - Smithsonian Institution) e posteriormente registradas no

    trabalho de Van Name (1945). Oliveira (1947, 1950) apenas listou algumas poucas espcies

    como componentes da fauna da Baa da Guanabara, mas com os nomes claramente incorretos.

    Seguem-se os trabalhos de Moure et al. (1954), Bjrnberg (1956), Millar (1958, 1961,

    1977), Rodrigues (1962, 1964, 1966, 1977), Monniot C.(1969b), Simes (1981), Rocha

    (1988), Aron & Sole Cava (1991), Rocha & Monniot (1993, 1995), Rodrigues & Rocha

    (1993), Monniot C. (1994), Lotufo (1997), Rocha & Nasser (1998), Rocha et al. (1999), e

    Rocha & Moreno (2000). Muitos dentre estes trabalhos so levantamentos de espcies, de

    cunho quase que exclusivamente taxonmico, com alguns comentrios a respeito do hbitat

    e distribuio geogrfica. No foram includas na listagem acima as notas publicadas por

    Henrique Rodrigues da Costa (1964, 1969a,b,c,d,e,f), pois a identificao dos exemplares

    claramente imprecisa, os desenhos apresentados foram copiados do trabalho de Van Name

    (1945) e os animais coletados no esto depositados em nenhuma instituio.

    Dentre estes trabalhos listados, a grande maioria est restrita regio sudeste, mais

    especificamente ao estado de So Paulo, onde se formou todo o grupo de especialistas em

    Ascidiacea atualmente em atividade no Brasil. Para o estado de So Paulo, o conhecimento

    da fauna de ascdias bastante bom, tendo originado o Guia Ilustrado para a Identificao

    das Ascdias do Estado de So Paulo (Rodrigues et al., 1998).

    Os litoral sul do pas vem sendo atualmente estudado pelo grupo formado

    recentemente pela Profa. Dra. Rosana Moreira da Rocha na Universidade Federal do Paran,

    sendo que alguns resultados j foram publicados. Resta ainda uma lacuna muito grande que

    compreende o norte da regio sudeste, ou seja, norte do Rio de Janeiro e Esprito Santo,

    alm de todo o litoral nordeste e norte do pas. Claude Monniot examinou o material coletado

    pelo Calypso em sua viagem costa do Atlntico Sul-Americano, publicando em 1969(b)

    a relao das espcies encontradas. Tambm neste caso as coletas foram muito pontuais.

    Millar (1977) identificou amostras da plataforma continental norte e nordeste do Brasil,

    enviadas a ele pelo Dr. Marc Kempf do Laboratrio de Cincias do Mar de Recife,

    encontrando uma srie de espcies novas, principalmente do gnero Eudistoma. Mais

    recentemente, Monniot (1994) publicou um artigo com as espcies coletadas pelo M.S.

    Marion-Dufresne, incluindo duas espcies coletadas ao largo do Rio de Janeiro e Esprito

  • 13

    Santo.

    A taxonomia animal, de maneira geral, vem enfrentando h tempos problemas cuja

    soluo consensual ainda no foi encontrada. Os problemas so inmeros e abrangem desde

    a tipologia classificao, sem deixar de lado a velha questo sobre os conceitos de espcie

    (Wheeler & Meier, 2000).

    Com relao tipologia, um dos problemas mais srios est relacionado com as

    descries e os tipos de espcies apresentadas h mais de um sculo. evidente que a

    preservao dos tipos, quando existem, no se d de forma perfeita, sendo que muito material,

    principalmente invertebrados sem nenhum tipo de esqueleto rgido, j no se encontra em

    condies de serem reanalisados. No caso das ascdias h ainda um outro problema, no

    exclusivo desta classe, que surge a partir da designao de exemplares imaturos como tipos.

    Ainda mais complexa a questo que envolve um sistema de classificao que possa

    refletir as relaes filogenticas entre os txons (Panchen, 1992). Este um assunto recorrente,

    debatido em todo e qualquer foro de discusso da sistemtica. Na raiz deste problema, est

    a hierarquizao do sistema lineano, utilizada de forma unnime e que se converteu h

    muito em paradigma dentro das Cincias Biolgicas. Como qualquer paradigma, seu uso

    traz vantagens e desvantagens para o desenvolvimento do conhecimento humano. Como

    vantagem bvia temos a uniformizao da linguagem, fazendo com que o nome de um

    organismo e sua classificao sejam os mesmos em todo o mundo. Por outro lado, a solidez

    oriunda da sua aceitao obrigatria impede que haja qualquer progresso considervel que

    questione a sua validade. A resposta para isso no ser encontrada de forma fcil nem rpida,

    pois o volume de informaes e de grupos de pesquisa que seriam afetados incalculvel.

    Uma soluo vivel no foi encontrada, apesar de j existirem algumas propostas.

    Lidando com estas questes, os pesquisadores na rea da sistemtica vm empregando

    uma soluo provisria, elaborando filogenias e adaptando-as hierarquizao lineana.

    Infelizmente, isso ainda faz com que as idias transmitidas aos jovens estudantes do ensino

    fundamental e mdio no traduzam adequadamente as hipteses atuais sobre a histria da

    diversificao biolgica.

    O objetivo deste trabalho no conhecer as relaes filogenticas entre os txons

    includos na Classe Ascidiacea, mas dar subsdios para que tais anlises possam ser realizadas.

    No h ainda trabalhos com filogenia de Ascidiacea em quantidade suficiente para fornecer

    evidncias fortes da validade e dos relacionamentos entre seus txons. Filogenias, por outro

    lado, do subsdios a anlises biogeogrficas mais completas, permitindo uma abordagem

    dos aspectos histricos que determinaram as distribuies atuais.

    O ambiente marinho sempre representou um desafio para a zoogeografia,

    essencialmente pelo fato de tratar-se de um grande contnuo, perfazendo um total de 2/3 da

    superfcie do planeta. As propriedades fsicas dos oceanos e mares e os diferentes hbitats e

  • 14

    modos de vida dos organismos marinhos fazem com que cada compartimento seja tratado

    de maneira diferente. Da mesma forma que para as provncias nertica e ocenica, por

    exemplo, o plncton, ncton e o bentos merecem uma abordagem particularizada pois o

    balano dos processos que atuam em cada uma destas divises muito diferente (Brown &

    Lomolino, 1998).

    Ao longo de toda a sua linha costeira, o Brasil mostra uma grande diversidade

    fisiogrfica, fruto tambm de sua grande extenso. Partindo do seu extremo sul comea

    uma longa praia de alta energia, interrompida por um primeiro ponto de formaes rochosas,

    no municpio de Torres, Rio Grande do Sul. Est a, portanto, o limite isolado de um tipo de

    ambiente que passa a se tornar cada vez mais comum quando se vai chegando no litoral

    catarinense: o costo rochoso. Os costes rochosos concentram-se, no Brasil, na regio que

    vai de Laguna (SC) at Maca (RJ), e vo rareando at encontrar o seu limite norte no Cabo

    de Santo Agostinho (PE). Os costes formam o tipo de substrato ideal para o desenvolvimento

    de uma comunidade na qual as ascdias tm grande importncia, sendo um de seus

    componentes fundamentais. A partir de Maca comea um outro domnio, o Domnio dos

    Depsitos Sedimentares, marcado pela presena de falsias, paleofalsias e praias. A unidade

    dos Tabuleiros Costeiros acompanha ento, de maneira descontnua, o litoral at o estado

    do Cear (AbSber, 2001). Ainda que porventura existam alguns pontos expressivos de

    substrato cristalino, a maior parte do substrato duro disponvel para o recrutamento de ascdias

    passa a ser constituda de arenitos, no to favorveis ao desenvolvimento da fauna incrustante

    tpica, por exemplo, dos costes rochosos. Ainda assim, algumas espcies de ascdias parecem

    ocorrer apenas nesse substrato, principalmente aquelas do gnero Eudistoma Caullery, 1909.

    Desta forma, j comeam a se delimitar as zonas biogeogrficas; a partir destes eventos

    correlacionados. Quando se tratam de organismos marinhos incrustantes, a anlise

    biogeogrfica fica bastante dificultada por no se processar unicamente por meio de eventos

    histricos, pois as barreiras que existiam no passado hoje possuem brechas cada vez maiores,

    principalmente quando estamos lidando com o meio lquido.

    As ascdias destacam-se entre os organismos bentnicos como excelentes candidatas

    para utilizao em inferncias de ordem biogeogrfica, isto porque so animais ssseis e

    com larvas lecitotrficas, o que reduz sobremaneira sua capacidade de disperso (Naranjo

    et al., 1998). Apesar disso, no foram muito utilizadas devido ao pouco conhecimento que

    se tem do grupo em vrias regies do globo.

    O litoral brasileiro constitui uma dessas lacunas, principalmente no que diz respeito

    s regies norte e nordeste, compreendendo a maior parte do litoral Atlntico tropical sul-

    americano. Assim sendo, sero apresentados e discutidos dados que ampliaram o

    conhecimento sobre a composio e distribuio da fauna de ascdias no litoral tropical

    brasileiro.

  • 15

    Com respeito biogeografia do grupo, Van Name (1945) estabelece uma nica regio

    faunstica, a das ndias Ocidentais ou Regio Tropical do Leste Americano, que se estende

    da costa da Carolina do Norte at a latitude de Santos, estado de So Paulo. Sem dvida, o

    limite sul foi ali estabelecido pois no se conhecia nada em latitudes maiores at prximo

    regio magelnica. Rodrigues, em 1962, estendeu o limite sul da regio das ndias Ocidentais

    at Florianpolis, em Santa Catarina, por ter encontrado ali algumas espcies que co-ocorriam

    no litoral de So Paulo. Em 1966, Rodrigues registra no litoral paulista a presena de espcies

    antiboreais de guas frias, ocorrendo em profundidades maiores muito provavelmente devido

    gua Central do Atlntico Sul (ACAS). No seu trabalho de 1969b, Claude Monniot

    apresenta a diviso da costa atlntica ocidental feita por Forest (1966), identificando 3 regies

    distintas: a primeira at 20oS, separando uma fauna caribenha de uma fauna estritamente

    local, que ocorreria at o Rio da Prata marcando a diviso de uma regio subantrtica ou

    magelnica. Entretanto, Monniot comenta: La sparation note par Forest au niveau 20o

    Sud napparat pas justifie par les Ascidies. Il faut seulement noter que la faune situe au

    Sud parat, peut-tre, un peu plus cosmopolite. Millar (1977) confirma em seu trabalho

    sobre as ascdias da plataforma continental norte e nordeste do Brasil a unidade zoogeogrfica

    da rea compreendida pelas Bermudas a sudoeste dos E.U.A., Mar do Caribe e guas

    brasileiras at 11oS.

    Particularmente no ambiente marinho, divises biogeogrficas so bastante extensas,

    fazendo com que a maior parte do litoral brasileiro tenha sido includo por vrios autores na

    Regio das ndias Ocidentais, ou do Atlntico Tropical Americano. Assim, grande parte da

    biodiversidade dessa regio estaria concentrada no Mar do Caribe, com suas guas claras e

    quentes, de maneira que se considera que a nossa fauna , basicamente, uma fauna caribenha

    empobrecida (Rodrigues & Rocha, 1993). Ainda assim, existem vrios casos de endemismo,

    espalhados por diversos grupos animais e revises mais recentes tm proposto novas divises

    para o Atlntico Sul-Americano.

    Em uma srie de artigos sobre a distribuio dos crustceos marinhos, Coelho et al.

    (1977/78, 1980) propem uma diviso maior da costa brasileira em 4 provncias: uma

    Provncia Guianense, que compreende a regio de influncia do Rio Amazonas; a Provncia

    Brasileira, que iria desde o Piau at o sul do Esprito Santo; uma Provncia Paulista

    estendendo-se at Santa Catarina; e ainda uma Provncia Argentina, que incluiria o litoral

    gacho. Palacio (1982) faz uma reviso bastante abrangente das distribuies de diversos

    grupos de organismos na regio sul do Brasil e amplia a provncia paulista at o extremo sul

    do pas.

    A ltima grande reviso sobre zoogeografia marinha em nvel mundial foi realizada

    por Briggs (1974). Neste trabalho o autor prope para o Atlntico tropical americano 3

    provncias: Provncia Caribenha, incluindo as costas continentais da Amrica desde o Rio

  • 16

    Orenoco at a poro sul do Golfo do Mxico, incluindo tambm o sul da Flrida; Provncia

    das ndias Ocidentais, contendo as Antilhas (grandes e pequenas) e as Bermudas e por fim

    uma Provncia Brasileira estendendo-se desde o delta do Orenoco at o Esprito Santo.

    A coleta de material em diferentes pontos do litoral brasileiro, somada a uma reviso

    de todas as ocorrncias registradas anteriormente tornaram possvel uma comparao entre

    a distribuio das espcies de ascdias e as propostas de divises biogeogrficas. As

    informaes recolhidas e discutidas durante a realizao do projeto encontram-se a seguir.

    II - Objetivos

    - Organizar o conhecimento sobre a classe Ascidiacea no Brasil, por meio da informatizao

    dos dados, tombamento da coleo existente no Departamento de Ecologia Geral do IBUSP

    e atualizao dos registros e etiquetas de materiais depositados em instituies com colees

    importantes.

    - Coletar exemplares em pontos especficos do litoral brasileiro, em reas onde h carncia

    de conhecimento, como norte do Rio de Janeiro, Esprito Santo e Estados da costa nordeste

    do Brasil.

    - Obter de um panorama global das ocorrncias de espcies no litoral tropical brasileiro.

    - Identificar o padro de distribuio das espcies de ascdias ao longo da costa tropical

    brasileira.

    - Disponibilizar listagens de espcies e chaves de classificao adequadas para o uso nas

    regies abrangidas pelo projeto.

  • 17

    III - Material e Mtodos

    III-1 Coleta e Fixao dos Animais

    As coletas foram realizadas de duas maneiras distintas, para duas zonas diferentes

    do litoral. Para a zona entremars, as coletas foram realizadas durante cerca de duas horas

    em torno dos horrios das baixa-mares de sizgia, considerando-se este tempo suficiente

    para a realizao das coletas em baixa-mares de at 0,3m. Dado o hbito crptico das ascdias,

    as mesmas foram encontradas com maior freqncia sob pedras nos costes rochosos, ou

    em fendas ao abrigo do sol e do vento. Para remoo dos animais de seus substratos foram

    utilizadas duas esptulas, uma metlica e outra plstica que eram empregadas conforme a

    fragilidade dos organismos. Eventualmente a remoo do animal exigiu que parte do substrato

    fosse tambm removida, de maneira a no danific-lo. Para animais muito delicados foi

    utilizada tambm uma lmina descartvel para barbeadores (tipo Gillette).

    Aps a remoo, a maioria dos exemplares coloniais eram fixados imediatamente

    em uma soluo de formaldedo a 4% em gua do mar, quando ento eram anotadas

    caractersticas como colorao e aspecto geral da colnia. Os espcimes solitrios e algumas

    espcies coloniais eram anestesiados por meio de cristais de mentol purssimo, adicionados

    gua do mar contida nos sacos plsticos utilizados para sua manuteno provisria e, aps

    evidenciada a anestesia, fixados da mesma maneira que os demais.

    Eventualmente outros dois anestsicos de efeito mais imediato podem ser usados. O

    mais prtico sem dvida o MS-222 (M-aminobenzoato de etila) ou equivalente (Finquel,

    Argent Chemical Lab.), pois o produto solvel em gua e utilizado em quantidades muito

    pequenas, mostrando um efeito relaxante muito rpido. A benzocana, um ismero do MS-

    222 deve funcionar da mesma maneira, mas apresenta o inconveniente de no ser

    imediatamente solvel em gua, necessitando uma dissoluo prvia em acetona. O 2-

    Fenoxietanol tambm no imediatamente solvel, necessitando aquecimento e agitao

    constante durante pelo menos 15min para a sua utilizao. Este ltimo anestsico porm

    possui a vantagem de poder ser reutilizado, bastando filtrar a soluo aps o uso e guard-

    la em um recipiente tampado. A anestesia se processa tambm de forma bastante rpida,

    bastando cerca de 15 min para se perceber o efeito nos animais.

    Para as coletas no infralitoral foi necessria a utilizao de escafandro autnomo, ou

    SCUBA (Self Contained Underwater Breathing Apparatus), em mergulhos realizados a partir

    de embarcaes contratadas para esse fim. Nesses casos, o nico aspecto diferente era o

    fato de que os animais permaneciam por algum tempo no interior de sacos plsticos

    etiquetados com nmeros, utilizados para identificar as descries anotadas em lminas de

    PVC durante a coleta. Aps o retorno embarcao, o procedimento de anestesia e fixao

  • 18

    era o mesmo.

    Aps a coleta os exemplares foram etiquetados e mantidos em sacos plsticos at o

    exame.

    Na coleo mantida pelo DEG-IBUSP e no material coletado durante este projeto,

    os animais foram mantidos em soluo salina de formol a 4%. Nas colees do Florida

    Marine Research Institute, Smithsonian Institution e do American Museum of Natural History,

    a maior parte dos animais mantida em lcool a 70%. O melhor resultado parece ser obtido

    com a fixao os animais em formol salino a 4% por pelo menos 48h, transferindo-os para

    lcool isoproplico a 40% por 24h e finalmente para o lcool a 70%. Este processo foi

    utilizado durante as campanhas dos Hourglass Cruises (Joyce & Williams, 1969), entre

    1965 e 1968 ao largo da Baa de Tampa, na Flrida (E.U.A.), e preservou excepcionalmente

    bem os animais ento coletados. Ao contrrio do que se imaginava a princpio, o lcool

    conserva muito bem os animais, sendo que foram analisados exemplares coletados em meados

    do sculo XIX, que mantiveram em bom estado suas caractersticas anatmicas. Os animais

    sofrem uma leve desidratao em lcool, que muitas vezes at mesmo auxilia o processo de

    disseco e visualizao das diferentes estruturas. Por fim, o trabalho com lcool no requer

    a utilizao de equipamento de proteo, como luvas e mscaras, artigos exigidos quando

    se trabalha com formol, devido a sua toxidez. A manuteno dos animais em lcool,

    entretanto, requer cuidados redobrados pois o mesmo extremamente voltil, de forma que

    uma boa vedao e inspees constantes devem ser a norma para uma boa conservao.

    A fixao direta em lcool 70% s deve ser feita caso se tenha a pretenso de trabalhar

    com material gentico. Nestes casos os animais no devem passar de forma alguma por

    solues contendo formaldedo, o qual degrada as molculas de ADN.

    III-2 Locais de Coleta dos Animais

    Foram realizadas 61 coletas organizadas em campanhas que cobriram pontos da

    costa brasileira compreendidos entre os estados do Rio de Janeiro e Cear. Os pontos de

    coleta foram determinados com base em critrios que levaram em conta a probabilidade de

    ocorrncia de ascdias, bem como o aspecto prtico e financeiro das empreitadas. Na maioria

    dos casos, diversos pontos eram visitados previamente, sendo selecionadas localidades

    abrigadas e com predominncia de substrato duro, tipo de ambiente favorvel colonizao

    pelas ascdias. Quando possvel, outros pesquisadores com conhecimento sobre as diferentes

    regies eram consultados, sugerindo os pontos de coleta. Eventualmente se utilizou ainda

    as cartas nuticas das regies, de maneira a se otimizar a busca por pontos favorveis.

    A maioria das coletas foi realizada na zona entremars, pela facilidade de acesso e

    baixo custo, uma vez que coletas no infralitoral via de regra exigiam a contratao de servios

  • 19

    de operadoras de mergulho. Alm disso, tais operaes so realizadas em pontos com valor

    turstico, mas que muitas vezes no so os ideais para a coleta das ascdias.

    Os locais, datas e numerao das coletas encontram-se listados abaixo:

    CAMPANHA RIO DE JANEIRO

    Etapa Arraial do Cabo, Bzios e Cabo Frio (06/10/98 a 13/10/98)

    Coleta 1 06/10/98 Forte So Mateus, Cabo Frio, RJEntremars

    Coleta 2 - 07/10/98 Praia da Ferradura, Costo N, Bzios, RJEntremars

    Coleta 3 07/10/98 Praia das Conchas, Cabo Frio, RJEntremars

    Coleta 4 09/10/98 Ilha de ncora, ponta sul, Bzios, RJInfralitoral 15m

    Coleta 5 10/10/98 Saco do Cherne, Arraial do Cabo, RJInfralitoral 7m

    Coleta 6 10/10/98 Ponta dgua, Arraial do Cabo, RJInfralitoral 7m

    Coleta 7 11/10/98 Ponta da Jararaca, Arraial do Cabo, RJInfralitoral 20m

    Coleta 8 11/10/98 Mariamut, Arraial do Cabo, RJInfralitoral 10m

    Coleta 9 12/10/98 Ilha do Papagaio, Cabo Frio, RJInfralitoral 8m

    Coleta 10 12/10/98 Ilha do Papagaio, Cabo Frio, RJInfralitoral 10m

    Etapa Angra dos Reis e Ilha Grande (15/10/98 a 21/10/98)

    Coleta 11 16/10/98 Entre Anil e Bonfim, Angra dos Reis, RJEntremars

    Coleta 12 16/10/98 Costo aps Bonfim, Angra dos Reis, RJEntremars

    Coleta 13 17/10/98 Ilha Redonda, Angra dos Reis, RJInfralitoral 8m

  • 20

    Coleta 14 17/10/98 Ilha Brando, Angra dos Reis, RJInfralitoral 10m

    Coleta 15 18/10/98 Ilhote dos Porcos, Angra dos Reis, RJInfralitoral 10m

    Coleta 16 20/10/98 Crena e Abraozinho, Ilha Grande, RJEntremars

    Coleta 17 20/10/98 Pier do Abrao, Ilha Grande, RJEntremars

    Etapa Baa da Guanabara (07/12/98 a 11/12/98)

    Coleta 18 08/12/98 Praia Vermelha, Rio de Janeiro, RJInfralitoral mergulho livre 5m

    Coleta 19 08/12/98 Urca, Rio de Janeiro, RJInfralitoral e entremars mergulho livre 1,5m

    Coleta 20 08/12/98 Urca, Rio de Janeiro, RJInfralitoral e entremars mergulho livre 1,5m

    Coleta 21- 09/12/98 Ilha da Boa Viagem, Niteri, RJNo realizada devido a condies sanitrias imprprias

    Coleta 22 09/12/98 Itaipu, Niteri, RJInfralitoral mergulho livre 3m

    CAMPANHA ESPRITO SANTO

    Coleta 23 11/05/1999 Praia do Agh, Pima, ES.Entremars.

    Coleta 24 12/05/1999 Ilha do Gamb, Pima, ES.Entremars.

    Coleta 25 13/05/1999 Ilha do Gamb, Pima, ES.Entremars.

    Coleta 26 15/05/1999 Camburi, Vitria, ES.Entremars.

    Coleta 27 16/05/1999 Camburi, Vitria, ES.Entremars.

    Coleta 28 17/05/1999 Camburi, Vitria, ES.Entremars.

  • 21

    Coleta 38 11/10/1999 Ilha Escalvada, Guarapari, ES.Infralitoral, 10m profundidade.

    CAMPANHA BAHIA

    Etapa Sul da Bahia Abrolhos

    No foi possvel, at o momento, coletar nessa regio devido ao constante mau tempo, quepredominou no outono e inverno. Diversas tentativas de coleta foram feitas durante a campanha.

    Etapa Baa de Todos os Santos

    Coleta 29 10/08/1999 Mar Grande, Itaparica, BA.Entremars.

    Coleta 30 11/08/1999 Amaralinha, Salvador, BA.Entremars.

    Coleta 31 12/08/1999 Monte Serrat, Salvador, BA.Entremars.

    Coleta 32 13/08/1999 Monte Serrat, Salvador. BA.Entremars.

    Coleta 33 13/08/1999 Marina Aratu, Simes Filho, BA.Infralitoral, 7,0m de profundidade.

    Coleta 34 14/08/1999 Ilha do Frade, Baa de Todos os Santos, BA.Infralitoral, 4,0m de profundidade.

    Coleta 35 14/08/1999 Ilha da Mar, Baa de Todos os Santos, BA.Infralitoral, 3,0m de profundidade.

    Coleta 36 15/08/1999 Marina de Aratu, Simes Filho, BA.Infralitoral, 2,0m de profundidade.

    Coleta 37 15/08/1999 Marina da Vitria, Salvador, BA.Infralitoral, 3,0m de profundidade.

    CAMPANHA ALAGOAS-PERNAMBUCO

    Etapa Alagoas

    Coleta 42 24/11/1999 Recifes das Gals, Maragogi, AL.Infralitoral, nos recifes. 1,0m de profundidade, mergulho livre.

    Coleta 43 25/11/1999 Refgio, Macei, AL.Infralitoral, em recifes. 26,0m de profundidade.

  • 22

    Coleta 44 25/11/1999 Ponta Verde, Macei, AL.Entremars, nos arrecifes.

    Coleta 45 25/11/1999 Porto de Macei, Macei, AL.Infralitoral. Profundidade 3,0m , mergulho livre.

    Coleta 46 26/11/1999 Praia do Francs, Marechal Deodoro, AL.Infralitoral/Entremars.Profundidade mx. 2,0m, mergulho livre.

    Etapa Pernambuco

    Coleta 39 22/11/1999 Praia de Boa Viagem, Recife, PE.Entremars, nos arrecifes.

    Coleta 40 23/11/1999 Praia do Paraso, Cabo de Santo Agostinho, PE.Entremars, sob pedras.

    Coleta 41 23/11/1999 Pedra do Xaru, Cabo de Santo Agostinho, PE.Entremars, em gretas.

    Coleta 47 27/11/1999 Porto de Galinhas, PE.Infralitoral, nos arrecifes. 13,0m de profundidade.

    Coleta 48 28/11/1999 Naufrgio Areeiro, Recife, PE.Infralitoral, em naufrgio e pedras. 12,0m de profundidade.

    Coleta 49 - 02/02/2001 - Pontas de Pedra, PE.Entremars e Infralitoral raso. 1,5m de profundidade.

    Coleta 50 - 03/02/2001 - Pontas de Pedra, PE.Entremars e Infralitoral raso. 1,5m de profundidade.

    CAMPANHA PARABA - CEAR

    Etapa Paraba

    Coleta 51 - 06/02/2001 - Cabo Branco, Joo Pessoa, PB.Entremars.

    Coleta 52 - 07/02/2001 - Picozinho, Joo Pessoa, PB.Infralitoral. 2,0m de profundidade.

    Coleta 53 - 08/02/2001 - Entre Tambaba e Coqueirinhos, Conde, PB.Entremars.

    Etapa Rio Grande do Norte

    Coleta 55 - 06/03/2001 - Parraxos de Maracaja, RN.Infralitoral em recifes. 2,0m de profundidade.

  • 23

    Coleta 56 - 06/03/2001 - Graandu, Extremoz, RN.Entremars, noturno.

    Coleta 57 - 07/03/2001 - Praia do Meio, Natal, RN.Entremars, barreira de arenito.

    Etapa Cear

    Coleta 54 - 09/02/2001 - Pecm, CE.Entremars, em beach rocks.

    Coleta 58 - 08/03/2001 - Canoa Quebrada, Aracati, CE.Entremars, em beach rocks.

    Coleta 59 - 10/03/2001 - Fleixeiras, Trairi, CE.Entremars, em poas de mar e beach rocks.

    Coleta 60 - 11/03/2001 - Fleixeiras, Trairi, CE.Entremars, em poas de mar e beach rocks.

    Coleta 61 - 25/03/2001 - Pedra do Mar, Pq. Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, CE.Infralitoral, em recifes. 22,0m de profundidade.

    A figura 1 mostra os pontos de coleta ao longo da rea abrangida pelo projeto.

  • 24

    Figura 1 - Mapa da regio de estudo. Pontos vermelhos indicam locais de coleta

    III-3 Exame dos Animais

    Os exemplares coletados durante o projeto e aqueles mantidos em colees diversas

    foram examinados como descrito em Monniot & Monniot (1972) e Rodrigues et al. (1998).

  • 25

    Eventualmente os animais foram corados com hemalun de Masson, corante preparado da

    seguinte maneira:

    - Saturar a frio uma soluo de Almen de Potssio (Sulfato de alumnio e potssio);

    - Dissolver 0,2g de Hematena em 100ml da soluo de almen de potssio em

    ebulio;

    - Filtrar e manter em frasco opaco sob refrigerao.

    Esse corante tem afinidade pelo material nuclear das clulas dos tecidos do animal,

    conferindo uma colorao purprea preparao e acentuando o contraste, permitindo assim

    uma melhor visualizao do contorno e volume das estruturas.

    Nos animais da famlia Didemnidae, foram obtidas algumas imagens por meio de

    um microscpio eletrnico de varredura (MEV) modelo Philips XL-30. A preparao de

    material para observao no MEV muito simples e rpida, consistindo da remoo de um

    pedao da tnica contendo as espculas que ento incinerado de maneira a se eliminar toda

    a matria orgnica. Os resduos da incinerao so ento resuspendidos em uma pequena

    quantidade de lcool etlico e gotejados em uma fita adesiva dupla-face.

    Este material colocado ento nos stubs e metalizado. O processo de metalizao

    utilizado foi por meio de fios de carbono. Este processo, alm de muito menos oneroso do

    que a metalizao com ouro ou prata, gerou imagens muito boas das espculas.

    III-4 - Organizao do Material Bibliogrfico

    Para a organizao do material bibliogrfico foi elaborado um banco de dados, por

    meio do software Access for Windows 95 verso 7.0 (Microsoft Office Professional for

    Windows 95), baseado em tabelas para armazenagem dos dados, com entrada atravs de

    formulrio. Foram registrados, alm das informaes bibliogrficas e palavras-chave, todos

    os txons includos em cada artigo, de maneira a se poder pesquisar os trabalhos por txons.

    O banco de dados foi convertido posteriormente para o software FileMaker Pro 5.5

    (Filemaker inc., 2001), devido estrutura mais simples de funcionamento, alm do fato de

    ser atualmente o melhor software para microcomputadores do tipo Apple Macintosh,

    possuindo verso compatvel com IBM/PC (Microsoft Windows). Este banco de dados

    dever ficar disponvel online pela Internet para toda a comunidade acadmica.

  • 26

    III-5 Registro Fotogrfico

    Os animais coletados foram fotografados in loco, quando possvel, utilizando o

    seguinte conjunto de equipamentos:

    -Nikonos III com tubos de aproximao 1:2 e 1:1, com lente 35mm e Flash Sea &

    Sea SB50.

    -Nikonos V com tubo de aproximao 1:2 ou 1:1 e lente 35mm, flash Ikelite 50.

    -Canon EOS Elan II, com lente 28-80.

    -Nikon Coolpix 995.

    III-6 Organizao do Material Depositado na Coleo

    Os lotes com os exemplares depositados no Departamento de Ecologia Geral - IBUSP,

    bem como aqueles com registro no Museu de Zoologia da USP, esto sendo devidamente

    tombados e identificados, sendo que o material em mau estado de conservao ou sem

    procedncia est sendo separado e alijado da coleo. O material vem sendo tombado em

    livro e em banco de dados digital, da mesma maneira que o material bibliogrfico. Desta

    forma, a coleo depositada no DEG-IBUSP torna-se alm da mais representativa, aquela

    com melhor organizao. O software utilizado o j citado File Maker Pro 5.5(Filemaker

    Inc., 2001).

    Em breve, o banco de dados com esse material estar tambm disponibilizado para

    consulta via internet (WWW). Testes j realizados mostraram a convenincia do software

    escolhido para publicao automtica dos dados.

    III-7- Exame de Colees Mantidas por Outras Instituies

    Com o intuito de complementar o levantamento realizado a partir de coletas, foram

    visitadas algumas instituies brasileiras que mantinham espcimes de ascdias. Ao material

    examinado destas colees foi adicionada uma nova etiqueta, quando necessrio, atualizando

    a informao taxonmica. Tais visitas permitiram ainda um conhecimento a respeito do que

    se tem depositado em carter nacional nas instituies mais importantes do pas.

    Foram visitadas tambm trs instituies nos Estados Unidos da Amrica, nas quais

    se procurou examinar tipos e exemplares provenientes de diferentes regies do mundo, de

    forma a se tentar resolver alguns problemas taxonmicos relacionados a espcies do Atlntico

    tropical.

    Todo o material examinado encontra-se listado nas descries das espcies, exceto o

    material da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A seguir so apresentadas breves

    descries das colees visitadas.

  • 27

    Coleo do Museu Nacional do Rio de Janeiro

    A coleo de Ascidiacea mantida pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro

    pequena e pouco representativa, contando com 7 lotes provenientes de diferentes regies

    do pas.

    Coleo da Universidade Federal do Rio de Janeiro

    O exame da coleo compreendeu todos os cerca de 1300 lotes tombados,

    alm de algumas centenas de outros no tombados ou insuficientemente etiquetados. O

    livro de tombo foi devidamente preenchido, corrigido e atualizado. A coleo , sem dvida,

    uma das maiores colees organizadas do pas, ainda que no esteja entre as mais

    representativas, pois possui principalmente material proveniente do Rio de Janeiro e Esprito

    Santo. H ainda alguns lotes coletados em campanhas oceanogrficas de material de grande

    profundidade, que foi rapidamente examinado e no ser apresentado aqui por no estar na

    regio litoral.

    Coleo do Departamento de Oceanografia da UFPE.

    O material depositado no Departamento de Oceanografia da Universidade Federal

    de Pernambuco consiste basicamente dos espcimes estudados por Millar em sua publicao

    de 1977. Foram encontrados praticamente todos os holtipos das novas espcies descritas,

    que segundo o autor estariam depositadas no British Museum. Os frascos possuem inclusive

    etiquetas com os nmeros de tombo do British Museum. No se sabe ao certo o que ocorreu

    mas uma soluo est sendo tentada junto curadoria do material, para que estes tipos

    sejam enviados a um museu de forma a torn-los disponveis para a comunidade acadmica.

    A maior parte dos frascos contm Didemnidae identificados apenas como Didemnum

    speciosum (Herdman, 1886) por Millar, mas com certeza incluindo vrias espcies diferentes

    sob uma mesma denominao. Este fato foi inclusive comentado por Millar em seu artigo:

    In collections of preserved didemnids it is very difficult to decide the limits of specific

    variation and therefore whether only one species is present. I have grouped many specimens

    into one species, despite variations in spicules and colony appearance.... O autor menciona

    ainda que procedeu desta maneira devido semelhana entre as larvas, fato atualmente

    considerado insuficiente pois o padro de 3 papilas adesivas e 4 pares de ampolas o mais

    comum entre os Didemnidae, inclusive entre gneros diferentes. A maior parte destes

    didemndeos encontra-se em mau estado de preservao e suspeita-se que este material

    tenha ressecado e sido posteriormente recolocado em lcool. Dadas estas condies, este

    material no pode ser devidamente identificado.

  • 28

    Alguns exemplares possuem etiquetas que parecem ter sido includas posteriormente,

    confundindo as estaes de coleta. Todas estas etiquetas trazem a estao como sendo Recife

    120, mas as estaes originais com suas coordenadas podem ser encontradas no trabalho

    de Millar (1977).

    H tambm nesta coleo algum material coletado em campanhas posteriores e

    anteriores, mas que no foram includos no trabalho de

    Millar, incluindo material coletado pelo Calypso.

    Coleo do Florida Marine Research Institute

    Por ocasio da visita ao Florida Marine Research Insitute, foram examinados todos

    os lotes coletados durante os cruzeiros Hourglass. Estes cruzeiros foram realizados entre

    os anos de 1965 e 1970, com coletas mensais entre 1965 e 1968, cobrindo sempre as mesmas

    estaes no Golfo do Mxico, ao largo da Baa de Tampa e Fort Myers. O traado das

    estaes forma um desenho semelhante a uma ampulheta, o que conferiu aos cruzeiros o

    nome Hourglass. O material foi dragado e triado, tendo sido inicialmente fixado em

    formaldedo e posteriormente transferido para frascos com lcool 70%. Maiores detalhes

    sobre os cruzeiros e as posies das estaes podem ser obtidos no volume publicado por

    Joyce & Williams (1969).

    Oportunamente ser publicada a descrio ilustrada de todas as espcies, em volume

    da srie Memoirs of the Hourglass Cruises.

    O estudo desta coleo ajudou no esclarecimento de diversas dvidas sobre a fauna

    atlntica e em especial aumentou consideravelmente o nmero de espcies registradas no

    Golfo do Mxico.

    Coleo do National Museum of Natural History - Smithsonian Institution

    Foram examinados vrios espcimes e tipos mantidos naquela instituio. A coleo

    do National Museum of Natural History (NMNH) sem dvida alguma a maior e mais

    completa das Amricas, com exemplares coletados em vrias regies do mundo e em

    diferentes profundidades. L esto depositados vrios tipos de espcies americanas. A Sra.

    Linda Cole, nica taxonomista a trabalhar com ascdias na costa leste dos EUA, a reponsvel

    por esta seo.

    Coleo do American Museum of Natural History - New York, NY

    O American Museum of Natural History (AMNH) foi por muitos anos o local de

    trabalho do Dr. Willard Van Name, um dos maiores taxonomistas que j estudaram os

  • 29

    Ascidiacea. A coleo do AMNH no muito grande, restringindo-se praticamente s

    Amricas, mas possui diversos tipos de espcies descritas por Van Name.

    III-8 - Anlise de Agrupamento

    Com a finalidade de compreender melhor o padro de distribuio das espcies no

    litoral brasileiro, foi realizada uma anlise de agrupamento (clustering) com os dados obtidos

    pelo projeto, assim como de outras localidades no Atlntico tropical, compilados a partir da

    literatura disponvel. Foram reunidos os dados das coletas realizadas da seguinte maneira:

    Coletas 1-10 = Cabo Frio

    Coletas 11-17= Baa da Ilha Grande (Ilha Grande)

    Coletas 18-22= Baa da Guanabara (Guanabara)

    Coletas 23-28, 38= Esprito Santo (ES)

    Coletas 29-37=Baa de Todos os Santos (B T Santos)

    Coletas 42-46= Alagoas (AL)

    Coletas 39-50=Pernambuco (PE)

    Coletas 51-53= Paraba (PB)

    Coletas 55-57=Rio Grande do Norte (RN)

    Coletas 54, 58-61= Cear (CE)

    Os dados foram assim reunidos para agregar um nmero similar de coletas, de maneira

    a adequarem-se s anlises. Embora a diviso em estados tenha um carter poltico e

    geogrfico sem muita significao em termos biolgicos, os locais de coletas foram

    concentrados, na maioria dos casos, nas capitais e seus arredores conforme mencionado

    anteriormente. Desta forma, a desagregao de pontos dentro de uma mesma etapa de coleta

    geraria regies com menos espcies que as demais, tornando tambm os esforos de coleta

    muito desiguais. Os pontos localizados no litoral fluminense foram reunidos em 3 regies,

    pois foi foram realizadas mais coletas nestas campanhas, permitindo a organizao de maneira

    a equilibrar as regies comparadas.

    Foram levantados a partir da literatura os registros j feitos para as seguintes

    localidades: So Paulo (Rodrigues et al., 1998), Belize (Goodbody, 2000), Bemudas (Van

    Name, 1945; Monniot C., 1972a-b; Monniot F., 1972) e Guadalupe (Monniot C., 1983a-c;

    Monniot F., 1983 a-c; Monniot & Monniot, 1984). A lista de material analisado proveniente

    dos Hourglass Cruises foi includa como a localidade Golfo do Mxico.

    Foram montadas tabelas espcie/localidade com os dados levantados, das quais foram

    removidas as espcies com ocorrncia em um nico local, pois tal informao irrelevante

    para este tipo de anlise. Foram removidas tambm espcies com ocorrncia muito ampla

    ou incerta, ou seja: Aplidium traustedti, Didemnum psammatodes, Diplosoma listerianum,

  • 30

    Eudistoma recifense, Phallusia nigra, Styela canopus, Styela plicata, Symplegma

    brakenhielmi, Herdmania momus e Microcosmus exasperatus. A matriz final inclua assim

    102 espcies e 15 regies.

    As listas de espcies foram submetidas a uma anlise de agrupamento incluindo dados

    de outras localidades no Atlntico tropical, utilizando-se o ndice de similaridade qualitativa

    de Srensen/Dice (presena/ausncia).

    Utilizou-se a estratgia de amalgamento por UPGMA (unweighted pair-group

    average). Com esses dados foram construdos dendrogramas que mostram os grupos formados

    e o nvel de similaridade para os agrupamentos. Este tratamento foi realizado tanto no modo

    Q como no modo R, permitindo identificar a similaridade em termos da composio faunstica

    dos locais, assim como os grupos de espcies associadas por co-ocorrncia.

    III-9 - Anlise de Endemicidade por Parcimnia

    Paralelamente anlise de agrupamento foi feita uma anlise de endemicidade por

    parcimnia (Parsimony analysis of endemicity - PAE). Para tal foi utilizada a mesma tabela

    de dados obtida para a anlise de agrupamento, submetida por meio do software PAUP* 4

    (Swofford, 2001) a uma anlise utilizando o critrio da parcimnia mxima, da mesma

    forma que uma anlise cladstica, com as localidades substituindo as espcies e as espcies

    funcionando como caracteres, de forma que as sinapomorfias neste caso so as co-

    ocorrncias de espcies. Utilizou-se para se chegar arvore mais parcimoniosa um algoritmo

    de busca por procedimentos que aceleram transformaes (ACCTRAN).

    Foi utilizado como grupo externo uma regio hipottica sem ocorrncias de qualquer

    espcie (todo zero).

  • 31

    IV - Resultados e Discusses

    IV-1 Resultados da Campanha Rio de Janeiro

    A partir das coletas realizadas ao longo do litoral do Estado do Rio de Janeiro pudemoselaborar uma lista com 33 espcies. A seguir esto apresentados na Tabela 1 os pontos deocorrncia de cada espcie, na qual se pode notar que espcies como Didemnum perlucidum,

    Phallusia nigra, Botrylloides nigrum e Herdmania momus esto presentes na maioria dos

    pontos de coleta.

    Tabela 1 - Espcies coletadas durante a campanha Rio de Janeiro, por ponto de coleta.1 2 3 4 5 6 7 8 9 01 11 21 31 41 51 61 71 81 91 02 12 22

    .n.psmuidilpA X

    mutalletsnocmunilcyloP X

    mulugilmunmediD X

    .n.psmunmediD X

    mudiculrepmunmediD X X X X X X X X X X X X X X

    sedotammaspmunmediD X X X

    iseugirdormunmediD X X X

    1.psmunmediD X

    musoicepsmunmediD X

    itsrohrednavmunmediD X X X X

    idlanodcamamosolpiD X X X X X X X X X X X X

    eligarfmunilcossiL XmutarofrepmunilcossiL X

    .n.psnotarcnysyloP X X

    1.n.psnotarcnysyloP X X

    mutalucibromunmedidirT X X X

    agnolboanilevalC X X X X

    sisnedumrebailpatsiD X X

    arginaisullahP X X X X X X X X X X X X

    muetnagigsediollyrtoB X X X X X X X

    murginsediollyrtoB X X X X X X X X X X

    irobatsullyrtoB X X X

    .n.psaleytsnysuE X X

    atcnitaleytsnysuE X X

    sisnetirrozapracordnayloP X X

    suponacaleytS X X X X X X

    atacilpaleytS X X X X X

    arburamgelpmyS X X X X X X X

    imleihnekarbamgelpmyS X X X X X X X X

    sumomainamdreH X X X X X X X X X X X X

    sutarepsaxesumsocorciM X X X X X X

    IV-2 Resultados da Campanha Esprito Santo

    Passam a ser apresentados os resultados da campanha realizada no Estado do Esprito

  • 32

    Santo. Esto listadas, at o momento, 35 espcies para o Estado do Esprito Santo, masalgumas poucas espcies cuja identificao at o momento no foi concluda, no foramincludas. Praticamente todas estas espcies foram coletadas na praia de Camburi, em Vitria.

    Tabela 2 - Espcies coletadas durante a campanha Esprito Santo, por ponto de coleta.32 42 52 62 72 82 83

    mutalletsnocmunilcyloP XmulugilmunmediD X

    .n.psmunmediD X XmudiculrepmunmediD X X X X

    sedotammaspmunmediD X XitsrohrednavmunmediD X

    idlanodcamamosolpiD X X.n.psnotarcnysyloP X X X

    agnolboanilevalC XsisnedumrebailpatsiD X X

    atasrubailpatsiD XesneniloracamotsiduE X X

    atavrucaidicsA X.n.psaidicsA X X

    atunimaidicsanietcE XatarhtalcitlumarohporeP X X

    muetnagigsediollyrtoB XmurginsediollyrtoB X

    sunegimirpsullyrtoB XirobatsullyrtoB X X

    atcnitaleytsnysuE X XaeniugnaapracordnayloP X

    sisnetirrozapracordnayloP XimleihnekarbamgelpmyS X X

    arburamgelpmyS XsutarepsaxesumsocorciM X

    IV-3- Resultados da Campanha Bahia

    Da mesma forma que apresentado para as outras campanhas, a tabela 3 mostra as

    espcies coletadas e seus locais de origem. No Estado da Bahia, foram contabilizadas at o

    momento 41 espcies. Deve ser lembrado que no puderam ser realizadas coletas no litoral

  • 33

    sul da Bahia, que incluiria espcies de recifes de coral. Entretanto, h um trabalho em

    preparao com a relao de espcies de ascdias encontradas em recifes de coral no sul da

    Bahia (Francisco Kelmo, Universtity of Plymouth, comunicao pessoal) e assim que o

    mesmo estiver disponvel as informaes sero adicionadas de forma a completar esta lacuna.

    Tabela 3 - Espcies coletadas durante a campanha Bahia, por ponto de coleta.92 03 13 23 33 43 53 63 73

    uhamunmediD X X

    musrepamunmediD X

    mutalunargmunmediD X

    mulugilmunmediD X

    .n.psmunmediD X X

    mudiculrepmunmediD X

    sedotammaspmunmediD X X X

    musoicepsmunmediD X

    itsrohrednavmunmediD X X

    idlanodcamamosolpiD X X

    .n.psamosolpiD X

    .n.psnotarcnysyloP X

    1.n.psnotarcnysyloP X

    mutalucibromunmedidirT X X

    .n.psmunmedidirT X X

    iejaihcelledsetydotsyC X XsisnedumrebailpatsiD X X

    .n.psamotsiduE X X X X

    esneniloracamotsiduE X

    iemannavamotsiduE X X

    mutabolmuidilpA X

    atavrucaidicsA X X

    atpurretniaidicsA X

    .n.psaidicsA X

    arginaisullahP X X

    inilknocaidicsanietcE X

    sidirivarohporeP X

    mucicrutamosodohR X X

    murginsediollyrtoB X X

    sunalpsullyrtoB X X X X

    iressolhcssullyrtoB X

    irobatsullyrtoB X

    atcnitaleytsnysuE X X

    sisnetirrozapracordnayloP X X

    suponacaleytS X X X

    atacilpaleytS X X

    imleihnekarbamgelpmyS X X

    sumomainamdreH X X

    sutarepsaxesumsocorciM X X X X

    atattivaruyP X X

  • 34

    IV-4- Resultados da Campanha Alagoas-Pernambuco

    A tabela 4 mostra a distribuio das espcies, da mesma maneira que nos itens

    anteriores. No Estado de Alagoas foram encontradas 24 espcies, enquanto que em

    Pernambuco esto listadas 33 espcies. Apesar da proximidade geogrfica, pode-se notar

    que h vrias espcies que no so comuns aos dois Estados.

    Tabela 4 - Espcies coletadas durante a campanha Alagoas-Pernambuco, por ponto de coleta93 04 14 24 34 44 54 64 74 84

    mutabolmuidilpA XmutalletsnocmunilcyloP X

    uhamunmediD XmulugilmunmediD X

    sedotammaspmunmediD X X X2.psmunmediD X.n.psmunmediD X X

    musoicepsmunmediD XitsrohrednavmunmediD X X

    idlanodcamamosolpiD X X1.pssedinilcotpeL XeligarfmunilcossiL X

    1.psmunilcossiL X.n.psnotarcnysyloP X X

    1.n.psnotarcnysyloP X XiejaihcelledsetydotsyC XesneniloracamotsiduE X

    esneficeramotsiduE XiemannavamotsiduE X X X

    .n.psamotsiduE X XaetnagigaozomotS X

    atavrucaidicsA XarginaisullahP X

    atarhtalcitlumarohporeP XmurginsediollyrtoB X XiressolhcssullyrtoB X

    irobatsullyrtoB XsutarebutsullyrtoB X X

    atcnitaleytsnysuE X X XasovinapracyloP X

    silibaignopsapracyloP XsuponacaleytS X

    imleihnekarbamgelpmyS X X XsumomainamdreH X X

    sutarepsaxesumsocorciM X XatattivaruyP X X X

    IV-5- Resultados da Campanha Paraba-Cear.

    Na regio compreendida entre os estados da Paraba e Cear, 3 espcies destacam-se

    pela frequencia com que foram coletadas, so elas: Didemnum sp. n., Polysyncraton sp. n.

    e Eudistoma vannamei, como pode ser observado na tabela 5.

  • 35

    Tabela 5 - Espcies coletadas durante a campanha Paraba-Cear, por ponto de coleta15 25 35 45 55 65 75 85 95 06 16

    itdetsuartmuidilpA X

    mutalletsnocmunilcyloP X

    mutalunargmunmediD X X X

    mulugilmunmediD X X X

    .n.psmunmediD X X X X X X

    sedotammaspmunmediD X X X X

    itsrohrednavmunmediD X

    idlanodcamamosolpiD X

    eligarfmunilcossiL X

    mutarofrepmunilcossiL X

    .n.psnotarcnysyloP X X X X X X X

    mutalucibromunmedidirT X X

    mudilosmunmedidirT X

    .n.psmunmedidirT X X X

    aetnagigaozomotS X

    iejaihcelledsetydotsyC X X X

    esneniloracamotsiduE X

    iahnadlasamotsiduE X

    iemannavamotsiduE X X X X X

    .n.psamotsiduE X X

    .n.psainamdrehuE X

    inilknocaidicsanietcE X

    atunimaidicsanietcE X

    sutarebutsullyrtoB X

    atcnitaleytsnysuE X

    suponacaleytS X

    retsagyruealeytS X

    imleihnekarbamgelpmyS X

    IV-6- Resultado Geral por Estados

    Esto apresentadas na tabela 6 os dados combinados dos pontos de coleta por unidades

    da federao, de forma a permitir uma visualizao das ocorrncias em escala mais ampla.

  • 36

    Tabela 6 - Distribuio das espcies coletadas durante o projeto, por Estado da federao.JR SE AB LA EP BP NR EC

    mutabolmuidilpA X X

    .n.psmuidilpA X

    itdetsuartmuidilpA X

    mutalletsnocmunilcyloP X X X

    uhamunmediD X X

    musrepamunmediD X

    mutalunargmunmediD X X X X

    mulugilmunmediD X X X X X X

    mudiculrepmunmediD X X X

    sedotammaspmunmediD X X X X X X X

    iseugirdormunmediD X

    1.psmunmediD X

    2.psmunmediD X

    .n.psmunmediD X X X X X X X

    musoicepsmunmediD X X X

    itsrohrednavmunmediD X X X X X X

    idlanodcamamosolpiD X X X X X X

    .n.psamosolpiD X X

    1.pssedinilcotpeL X

    eligarfmunilcossiL X X XmutarofrepmunilcossiL X X

    1psmunilcossiL X

    .n.psnotarcnysyloP X X X X X X X

    1.n.psnotarcnysyloP X X

    mutalucibromunmedidirT X X X

    mudilosmunmedidirT X

    .n.psmunmedidirT X X X

    .n.psainamdrehuE X

    agnolboanilevalC X X

    iejaihcelledsetydotsyC X X XsisnedumrebailpatsiD X X X

    atasrubailpatsiD X

    .n.psamotsiduE X X X

    esneniloracamotsiduE X X X X

    esneficeramotsiduE XiemannavamotsiduE X X X X X X

    1.psamotsiduE X X X

    aetnagigaozomotS X X

    atavrucaidicsA X X X

    atpurretniaidicsA X X

    .n.psaidicsA X X

    arginaisullahP X X X

    inilknocaidicsanietcE X X X

    atunimaidicsanietcE X X

    atarhtalcitlumarohporeP X X

    sidirivarohporeP X

    mucicrutamosodohR X

    muetnagigsediollyrtoB X X

    murginsediollyrtoB X X X X X

    sunalpsullyrtoB X

    iressolhcssullyrtoB X X X

    irobatsullyrtoB X X X X

    sutarebutsullyrtoB X X X

    .n.psaleytsnysuE X

    atcnitaleytsnysuE X X X X X X

    aeniugnaapracordnayloP X

    sisnetirrozapracordnayloP X X X

    asovinapracyloP X

    silibaignopsapracyloP X

    suponacaleytS X X X X

    retsagyruealeytS X

    atacilpaleytS X X

    imleihnekarbamgelpmyS X X X X X X

    arburamgelpmyS X X

    sumomainamdreH X X X

    sutarepsaxesumsocorciM X X X X

    atattivaruyP X X

  • 37

    IV-7- Chaves e Descries das Espcies Estudadas

    Neste item so apresentadas as chaves e descries de espcies estudadas durante o

    projeto, com comentrios sobre a sua distribuio, histrico e problemas taxonmicos.

    Desde os primeiros trabalhos publicados sobre a fauna brasileira de ascdias, os autores

    vem empregando a classificao proposta por Van Name (1945), com algumas modificaes

    referentes a sinonmias e revises na categoria de gnero. Este sistema atualizado vem

    sendo utilizado por grande parte dos taxonomistas, com algumas excees. Do ponto de

    vista filogentico, o embasamento para organizao dos txons sempre foi considerado

    auto-evidente (Van Name, 1945) e poucos so os autores que deram um tratamento mais

    objetivo para estas questes. Patricia Kott (1985,1990,1992, 2001) publicou uma srie de

    extensas monografias sobre as ascdias da Austrlia, onde rev cada uma das categorias e

    apresenta uma argumentao narrativa mais coerente e respaldada em critrios mais naturais.

    Ainda que estas revises no tenham sido feitas sob a luz da sistemtica filogentica moderna,

    a classificao melhor embasada, com um nmero maior de caracteres includos nas

    anlises. Alm disso a autora examinou uma quantidade muito grande de material proveniente

    da regio de maior biodiversidade marinha do planeta, podendo comparar uma ampla gama

    de variaes em cada carter estudado. Por conta destes fatores se decidiu seguir neste

    trabalho a classificao proposta por Kott.

    As chaves includas aqui so dicotmicas e, para as categorias supraespecficas

    compreendem todos os txons conhecidos. Estas chaves foram construdas segundo Kott

    (op. cit.) ou baseadas naquelas presentes em suas monografias, com pequenas modificaes.

    Os nmeros entre parnteses indicam o item que o remeteu at ali.

    As chaves para identificao das espcies incluem apenas as espcies tratadas aqui,

    abrangendo o litoral tropical brasileiro.

    As listas sinonmicas apresentadas so incompletas, indicando no caso as fontes

    onde se poder obter um rol completo e adicionando lista trabalhos no includos nas

    referncias indicadas. Foram listados apenas trabalhos que contenham alguma descrio

    das espcies referidas, alm de todos os trabalhos em taxonomia da costa brasileira que

    faam meno espcie. No foram includas dissertaes, teses e resumos de congressos.

    Os termos utilizados nas chaves e descries apresentadas a seguir esto de acordo

    com o glossrio publicado por Rodrigues et al. (1998). As abreviaturas indicadas nas listas

    de material examinado encontram-se abaixo:

    AMNH: American Museum of Natural History, New York, NY, EUA.

    BMNH:The Natural History Museum, London, Inglaterra.

    DO - UFPE: Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco,

    Recife, PE.

  • 38

    FMRI: Florida Marine Research Institute, St. Petersburg, FL, EUA.

    MNRJ: Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.

    NMNH: National Museum of Natural History, Washington, DC, EUA.

    UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.

    Chave para as ordens e subordens de Ascidiacea

    1. Cesta branquial sem pregas; gnadas associadas ao trato digestivo ou em ps-abdome;tentculos orais simples.......................................Ordem ENTEROGONA - 2- Cesta branquial com pregas e/ou vasos longitudinais; gnadas aderidas ao manto; tentculosgeralmente ramificados....Ordem PLEUROGONA; Subordem STOLIDOBRANCHIA

    2(1). Corpo dividido ao menos em trax e abdome; gnadas no abdome ou ps-abdome...................................................... Subordem APLOUSOBRANCHIA- Corpo indiviso; trato digestivo e gnadas ao lado da cestabranquial.......................................................Subordem PHLEBOBRANCHIA

    Ordem ENTEROGONA Perrier, 1898

    A ordem Enterogona a maior dentre as duas classe Ascidiacea, compreendendo

    duas grandes subordens: Aplousobranchia e Phlebobranchia. A sinapomorfia que d o nome

    ordem diz respeito associao do tecido gonadal com o trato digestivo. Alm disso, a

    estrutura branquial dos representantes desta ordem mais simples, sem a presena de dobras

    internas ou vasos longitudinais, e os tentculos orais filiformes, sem ramificaes. Nos animais

    desta ordem a cavidade atrial formada a partir de expanses originadas da linha mediano-

    ventral, durante os desenvolvimento embrionrio, no visveis no animal adulto. A validade

    desta ordem ainda discutida pois no h um bom conhecimento de suas relaes filogenticas

    com os demais txons prximos.

    Subordem APLOUSOBRANCHIA Lahille, 1887

    Compreende quase que unicamente espcies coloniais, que mostram em alguns casos

    um alto grau de associao entre os zoides, formando sistemas bastante complexos. O

    corpo geralmente dividido em trax e abdome, possuindo em algumas famlias um ps-

    abdome que consiste de uma extenso posterior ao abdome que contm o corao e as

    gnadas.

    Kott (1990) incluiu as famlias Cionidae e Diazonidae em Aplousobranchia, tirando-

    as de sua classificao habitual dentro de Phlebobranchia. A autora argumenta que a presena

    e o papel regenerativo dos sacos epicardiais, assim como a presena de vandio IV nas

    clulas sanguneas em Cionidae as aproximariam dos Aplousobranchia. Nos Phlebobranchia

  • 39

    o tecido epicardial possui funo excretora e a forma de vandio presente nas clulas

    sanguneas a forma mais reduzida (III). Contudo a autora despreza uma grande quantidade

    de caracteres que permitiriam a incluso destas famlias em Phlebobranchia, considerando-

    os simplesiomorfias. Wada et al. (1992) comparando sequencias de bases da regio central

    de ADNr 18S mostram uma afinidade maior de Ciona com representantes de Phlebobanchia,

    embora no tenha includo nenhum representante de Aplousobranchia na anlise. Um estudo

    mais objetivo e criterioso precisa ser levado a termo para que se chegue a uma concluso

    satisfatria. Infelizmente o Brasil possui apenas um representante de cada uma destas duas

    famlias, registrados em trabalhos anteriores e encontrados tambm em colees.

    A subordem Aplousobranchia representa atualmente um dos maiores problemas de

    cunho filogentico, sendo incerta a sua posio dentro dos Tunicata.

    Chave para as famlias de Aplousobranchia

    1. Coloniais.....................................................................................................2- Solitrias......................................................................................CIONIDAE

    2(1). Sem vestgios de vasos longitudinais............................................................3- Com vestgios de vasos longitudinais..................................DIAZONIDAE

    3(2). Sifo branquial liso, sem lobos.........................................................................4- Sifo branquial lobado..............................................................................5

    4(3). Abdome mais de 2X maior que o trax; larvas desenvolvendo-se na base doo v i d u t o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P Y C N O C L AV E L L I D A E-Abdome at 2X maior que o trax; larvas desenvolvendo-se not r a x . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . C L AV E L I N I D A E

    5(3). Brotamento por vasos na base da colnia....................................................6- Brotamento por diviso do zoide..............................................................7

    6(5). Lobos do sifo lisos..............................................................HOLOZOIDAE- Lobos do sifo denticulados...............................................STOMOZOIDAE

    7(5). Brotamento a partir do pednculo esofgico-retal................DIDEMNIDAE- Brotamento no esofgico............................................................................8

    8(7). Gnadas no abdome.......................................................POLYCITORIDAE- Gnadas no ps-abdome..........................................................................9

    9(8). 3 fileiras de fendas..............................................PSEUDODISTOMIDAE- >3 fileiras de fendas.............................................................................10

    10(9). Estmago na extremidade distal de um longo abdome.....EUHERDMANIIDAE- Estmago em posio mediana; abdome curto.............................................11

    11(10). Corao no abdome...................................................PLACENTELIDAE- Corao no ps-abdome.........................................................................12

    12(11). Colnias com cloacas comuns........................................POLYCLINIDAE- Colnias sem cloacas comuns.............................................................13

    13(12). Ps-abdome separado por uma constrio.........PROTOPOLYCLINIDAE- Ps-abdome em continuao direta do abdome......RITTERELLIDAE

  • 40

    Famlia Didemnidae Verrill, 1871

    As espcies desta famlia so todas coloniais, geralmente incrustantes e pouco

    espessas. A maioria dos gneros de Didemnidae possui pequenas espculas calcrias cujo

    formato varia de um mais comum estrelado at o padro fusiforme. As colnias mostram

    um grau de complexidade e associao dos zoides dificilmente encontrado em outra famlia,

    com os sifes atriais modificados de maneira que comunicam-se por meio de canais cloacais

    que desembocam em uma abertura comum, formando sistemas complexos.

    Os zoides so muito pequenos, com tamanho entre 1 e 3mm, possuindo 3 ou 4

    fileiras de fendas branquiais e o corpo dividido em trax e abdome. A reproduo clonal por

    brotamento d-se a partir da regio do pednculo esofgico-retal, evidenciada pela constrio

    que separa o trax do abdome.

    sempre considerada uma das famlias de taxonomia mais difcil devido

    principalmente ao tamanho reduzido dos zoides. As variaes de certos caracteres dentro

    do mesmo gnero so muitas vezes sutis e no raro necessitam de uma abordagem mais

    detalhada, utilizando microscopia eletrnica e outras tcnicas de observao de caractersticas

    ultra-estruturais.Chave para os gneros de Didemnidae

    1. Espermiduto em espiral.................................................................................2-Espermiduto reto..........................................................................................6

    2(1). 3 fileiras de fendas..................................................................Trididemnum- 4 fileiras de fendas...............................................................................3

    3(2). Sifo atrial presente, dirigido posteriormente; sem apndice fixador........4- Abertura atrial sem sifo; com apndice fixador............................5

    4(3). Sifo atrial trax; cloaca comum em cmara contnua.....Atriolum- Sifo atrial < trax.............................................................Leptoclinides

    5(3). Testculo dividido em mais de 3 folculos, espiral do espermiduto com poucasv o l t a s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . P o l y s y n c r a t o n- Testculo com 1 ou 2 folculos, espermiduto com muitas voltas.......Didemnum

    6(1). Tnica geralmente com espculas; testculos s vezes com mais de 2 folculos....7- Espculas ausentes; nunca mais de 2 folculos no testculo....Diplosoma

    7(6). Papilas adesivas presentes.............................................................Lissoclinum- Papilas adesivas ausentes....................................................................Clitella

  • 41

    Gnero Didemnum Savigny, 1816

    Trata-se do gnero mais diversificado da famlia Didemnidae, com um grande nmero

    de espcies dotadas de poucos caracteres que permitem fazer a distino entre elas. Como

    caractersticas para diagose do gnero tem-se a cesta branquial com 4 fileiras de fendas,

    testculo com 1 ou 2 folculos e espermiduto em espiral, abertura atrial ampla e espculas na

    tnica da maioria das espcies.

    Chave para as espcies de Didemnum do litoral tropical brasileiro

    1. Espculas em densidade muito baixa ou ausentes.........................................2Espculas presentes em quantidade na tnica....................................3

    2(1). Pelotas fecais acumuladas no interior da colnia; cor desedimento................................................................Didemnum psammatodesSem pelotas fecais acumuladas em grande quantidade..Didemnum vanderhorsti

    3(1). Superfcie da colnia spera, com papilas ou projees......................4Superfcie da colnia lisa..........................................................................5

    4(3). Superfcie da colnia repleta de pequenas papilas baixas earredondadas..............................................................Didemnum granulatumSuperfcie da colnia com uma expanso triangular no bordo de cada sifobranquial.........................................................................Didemnum apersum

    5(3). Zoides amarelados ou alaranjados.............................................................6Zoides transparentes ou esbranquiados..............................................7

    6(5). Zoides alaranjados; cloaca com o bordo denteado...Didemnum ligulumZoides amarelados; cloaca com o bordo liso................Didemnum rodriguesi

    7(5). Espculas muito abundantes em toda a tnica; colnias com consistncia quabradia....8Espculas restritas a pores da tnica; consistncia no quebradia....9

    8(7). Colnias pequenas; testculo com 1 folculo...........Didemnum speciosumColnias grandes; testculo com 2 folculos......................Didemnum sp.n.

    9(7). Canais cloacais visveis na superfcia da colnia; cor branca..Didemnum perlucidumCor bege ou amarelada; espculas restritas camada superfcial da tnica..Didemnum ahu

    Didemnum ahu Monniot & Monniot, 1987

    Didemnum ahu Monniot & Monniot, 1987: 25, Polinsia; Rocha & Monniot, 1995: 640, Brasil;Rodrigues et al., 1998: 61, Brasil.

    Material examinado:1 lote de Amaralina, Salvador, BA; 1 lote da Marina da Vitria, Salvador, BA; 1 lote de Praia doParaso, Cabo de Santo Agostinho, PE.

    Aspecto externo:Colnias incrustantes, pequenas, com dimetro ao redor de 2 cm e espessura de 1

    mm. Colorao amarelada ou bege, tnica macia e com poucas espculas. Espculas medindo

    entre 8 e 60m, restritas a uma camada superficial da tnica, podendo ser de dois tipos:

    estreladas, com raios grossos e cnicos ou esfricas, com grande nmero de raios cilndricos

  • 42

    compridos e sem ponta.Estrutura interna:

    Zoides de cor esbranquiada, retirados com facilidade da tnica, pequenos, medindo

    menos de 1mm. Sifo branquial curto, com 6 lobos, abertura atrial ampla, especialmente

    em zoides pouco contrados. Apndice fixador longo, rgos torcicos laterais pequenos,

    posicionados prximos margem ventral da abertura atrial. Tubo digestivo grande, com

    alas tpicas do gnero, estmago globular. Testculo com um nico folculo, coberto por

    espermiduto espiralado com 6 a 8 voltas.

    Larvas pequenas, medindo entre 0,3 e 0,4mm, no gemparas, com 3 papilas adesivas

    com pednculos longos, 4 pares de ampolas.Comentrios:

    Esta espcie foi descrita originalmente para a Polinsia, tendo sido encontrada tambm

    na Nova Calednia. No Brasil, o primeiro registro foi feito por Rocha & Monniot (1995).

    Estas autoras comentam em seu artigo que a espcie bastante semelhante a Didemnum

    conchyliatum, encontrado no Caribe, com algumas diferenas relacionadas cor da larva, e

    forma geral do zoide. Por encontrarem mais afinidade com a espcie descrita para o Pacfico,

    somado ao fato de terem encontrado outras espcies com distribuio semelhante, atriburam

    os exemplares brasileiros espcie Didemnum ahu. A incluso de alguns exemplares

    encontrados neste trabalho se faz pelo mesmo motivo, mas comparaes com amostras do

    Pacfico so necessrias para uma confirmao definitiva. Deve ser mencionado ainda que

    Rocha & Monniot (op. cit.) encontraram algumas diferenas ecolgicas, pois no Brasil os

    espcimes foram encontrados na zona entremars, existindo algumas diferenas morfolgicas

    atribudas por estas autoras justamente a esta diferena de hbitat.Distribuio:Litoral brasileiro, Polinsia e Nova Calednia.

    Didemnum apersum Tokioka, 1953

    Didemnum apersum Tokioka, 1953: 190, pr. XIX, figs. 1-7, Japo.

    Material examinado:

    1 lote de Ilha das Palmas, Guaruj, SP e 1 lote de Ilha do Frade, Baa de Todos os Santos, BA.UFRJ:1 lote de Praia da Urca, Rio de Janeiro, RJ

  • 43

    Figura 2 - Aspecto externo de Didemnum apersum.

    Aspecto Externo:Colnias incrustantes brancas, medindo cerca de 5cm, com espessura entre 1,5 e

    2,0mm. Superfcie da colnia com projees triangulares no bordo de cada sifo branquial.

    Canais cloacais visveis, conferindo aspecto marmreo. Espculas estreladas, com tamanho

    variando entre 40 e 50m.Estrutura interna:

    Zoides brancos, medindo entre 0,8 e 1,0mm. Trax e abdome de igual tamanho.

    Sifo branquial com 6 lobos, atrial modificado em abertura ampla, expondo parte da cesta

    branquial, entre a 1a e 3a fileira de fendas. Apndice fixador curto, o maior do mesmo

    comprimento do trax. Tubo digestivo tpico, com as dobras caractersticas do gnero.

    Estmago globular. Observado apenas 1 vulo por zoide, testculo com 1 folculo, coberto

    por espermiduto espiralado com 6 a 10 voltas.

    No foram encontradas larvas nas colnias examinadas.Comentrios:

    Esta espcie foi descrita por Tokioka (1953), a partir de exemplares coletados na

    Baa de Sagami por Sua Majestade o Imperador do Japo. So poucas as espcies de

    Didemnum que possuem alguma forma de estrutura projetando-se da superfcie da tnica.

    O material brasileiro assemelha-se no aspecto externo, estrutura e tamanho dos zoides e

    formato das espculas, diferindo ligeiramente no tamanho das espculas, um pouco menores

    nos espcimes japoneses. Tokioka (op. cit.) levantou a hiptese de ser esta apenas uma

    forma variante de D. moseleyi, mas preferiu trat-la como espcie nova. As colnias

    brasileiras, num primeiro momento, chagaram a ser confundidas com D. perlucidum, devido

    ao aspecto marmreo dado pelos canais cloacais. A sua distribuio pouco provvel levanta

    dvidas quanto a esta afinidade, mas j foram relatados casos de espcies com distribuio

    semelhante, como Didemnum rodriguesi (Nova Caleddia e Brasil). Kott (2001) descreve a

    espcie Didemnum cygnuus, que apresenta as mesmas caractersticas encontradas em D.

    apersum, sem que a autora faa meno espcie. As nicas diferenas notadas dizem

  • 44

    respeito ao comprimento do sifo branquial, mais longo nos exemplares da Austrlia, de

    forma que um exame mais detalhado dos tipos de ambas as espcies talvez possa indicar

    uma sinonmia. Como os exemplares no estavam incubando larvas e pelo fato de no

    terem sido encontradas diferenas importantes, optou-se por design-los como Didemnum

    apersum.Distribuio:Japo e Brasil.

    Didemnum granulatum Tokioka, 1954

    Didemnum granulatum Tokioka, 1954: 244, Japo; Rocha & Monniot, 1995: 641, fig. 2 A-C, pr.IB e sinonmia, Brasil; Rocha & Nasser, 1998: 633, Brasil; Rodrigues et al., 1998: 64, fig. 7,Brasil; Kott, 2001: 188, fig. 89 D-F, 171F, pr. 9 E-F, Austrlia.

    Material examinado:1 lote de Ilha do Frade, Baa de Todos os Santos, BA; 1 lote de Cabo Branco, Joo Pessoa, PB; 1lote de Praia do Coqueirinho, Conde, PB; 1 lote de Praia do Meio, Natal, RN; 2 lotes de Pecm,So Gonalo do Amarante, CE; 1 lote de Fleixeiras, Trairi, CE.UFPE:Calypso 1798 (Ubatuba, SP).Cond./SUAPE Est. 17 (Gaibu, PE)FMRI:EJ-65: 223, 312.EJ-66: 41, 43, 107B, 107C, 124, 400.EJ-67: 41, 76, 89, 125, 172.

    Figura 3 - Aspecto externo de Didemnum granulatum.

    Aspecto externo:Colnias incrustantes com at 20cm de comprimento e 2mm de espessura. Cor

  • 45

    alaranjada uniforme ou cor de tijolo. Superfcie da tnica repleta de pequenas protuberncias

    arredondadas visveis sob lupa, conferindo aspecto granulado. Espculas estreladas, com

    tamanho variando entre 10 e 35m, abundantes em toda a tnica. Vrias cloacas arredondadas

    visveis em cada colnia.Estrutura interna:

    Zoides alaranjados medindo ao redor de 1mm. Sifo branquial curto e largo, com 6

    lobos, atrial muito amplo, expondo grande parte da cesta branquial. Apndice fixador curto,

    menor ou igual ao trax. Cesta branquial com 6 fendas de cada lado na 1a fileira e 4 na

    ltima. Trato digestivo com alas em ngulos fechados. Ovrio com um nico ocito

    desenvolvido, testculo com 1 folculo recoberto por espermiduto em espiral anti-horria

    com 6 a 7 voltas.

    Larvas medindo cerca de 0,4mm, com 3 papilas adesivas e 4 pares de ampolas.

    Cauda envolvendo 3/4 do tronco da larva.Comentrios:

    O primeiro registro da espcie no Atlntico foi feito por Monniot & Monniot (1994),

    relatando a chagada de espcies cosmopolitas costa oeste africana. Posteriormente Rocha

    & Monniot (1995) assinalaram a sua ocorrncia em So Sebastio (SP). Kott (2001) contestou

    a presena da espcie no Atlntico, baseando-se na distncia geogrfica e sem apontar

    diferenas morfolgicas. Curiosamente a mesma autora sugere uma sinonmia entre os

    exemplares brasileiros identificados por Rocha & Monniot (op. cit.) e a espcie nova

    Didemnum perplexum, sem colocar qualquer empecilho quanto distncia entre as

    populaes.

    As caractersticas observadas at o momento no permitem a separao dos animais

    das diferentes localidades onde foi registrada a espcie e mesmo a descrio fornecida por

    Kott (2001) idntica quela aqui apresentada. Recentemente a espcie foi apontada como

    importante colonizador em recifes artificiais no Mar Vermelho (Oren & Benayahu, 1998)Distribuio:Pantropical.

    Didemnum ligulum Monniot F., 1983

    Didemnum ligulum Monniot F., 1983a:27, Guadalupe; Monniot & Monniot, 1987:34, Polinsia;Rocha & Monniot, 1995: 642, fig.3, Brasil; Rodrigues et al., 1998:66, fig.8, Brasil.

    Material examinado:1 lote de Ponta da Jararaca, Arraial do Cabo, RJ; 1 lote de Monte Serrat, Salvador, BA; 1 lote dePraia do Francs, Marechal Deodoro, AL; 1 lote de Cabo Branco, Joo Pessoa, PB; 1 lote dePicozinho, Joo Pessoa, PB; 1 lote de Praia do Pecm, CE; 1 lote de So Gonalo do Amarante,CE; 1 lote de Praia do Meio, Natal, RN; 1 lote de Praia de Fleixeiras, Trairi, CE.

  • 46

    Figura 4 - Aspecto externo de Didemnum ligulum.

    Aspecto externo:Colnias incrustantes, em geral grandes, medindo 10 a 15cm no maior comprimento,

    com 2 a 3mm de espessura. Cor alaranjada, no uniforme, mais intensa na regio das cloacas

    comuns, desaparecendo lentamente aps fixao. Vrias cloacas comuns por colnia, com

    a borda rodeada internamente por indentaes de cor branca. Superfcie da colnia pontilhada

    pelos sifes branquiais dos zoides. Espiculas variando entre 10 e 50m, abundantes em

    toda a tnica, arredondadas, com raios curtos e pontudos, eventualmente com raios sem

    pontas.Estrutura interna:

    Zoides alaranjados mesmo aps fixao, medindo cerca de 1,5mm (trax, 0,5mm;

    abdome, 1,0mm). Sifo branquial com 6 lobos, de comprimento mediano, abertura atrial

    grande, com lingueta na borda dorsal. Cerca de 8 fendas em cada fileira, quarta fileira sempre

    difcil de observar. Apndice muscular variando de 0,5 a 1,0mm.Abdome com pigmento

    concentrado na regio das gnadas. Estmago globular