As várias faces de uma Operação Urbana

Com o título “Operação Urbana – Um Olhar Conceitual”, SPObras realizou, na quinta-feira (31), no auditório da Secretaria de Cultura, mais um encontro do Programa de Aprimoramento Técnico, criado para dar ao seu corpo profissional maior conhecimento das áreas que se relacionam com o seu trabalho. Apresentando e fazendo a mediação entre público e palestrantes, Ricardo Pereira, diretor de Desenvolvimento de Projetos de SPObras conduziu o evento. Dividido em cinco apresentações, coube a Antonio Carlos Cintra do Amaral, diretor de Gestão e Finanças da SP-Urbanismo abrir o evento, com o tema “Arrecadação e utilização de recursos”.

Ricardo Pereira, anfitrião do evento apresentou os palestrantes

Colaboradores de SPObras compareceram em peso

Tomando como exemplo o caso da Operação Urbana Consorciada Água Branca, cujo substitutivo do Projeto de Lei foi aprovado pela Câmara Municipal e será sancionado pelo prefeito Fernando Haddad nesta quarta-feira (06), o diretor abordou de forma clara a natureza e os requisitos das operações urbanas, explicando-os à luz da legislação, especialmente do Estatuto da Cidade. Entre os benefícios que a nova lei traz para a região da Zona Oeste, podemos citar: a elevação do gabarito dos prédios de 42 m para 80 m; o aumento de um para dois subsolos de garagem e a ampliação do perímetro da operação até Pirituba, para inclusão da ponte na Av. Raimundo de Magalhães, que irá ligar o bairro à Lapa, antiga reivindicação dos moradores. Comentou sobre os ganhos que as operações trazem para a cidade - desde a valorização da área à melhora da vida urbana -, sobre vantagens e desvantagens do Cepac, sobre os riscos e oportunidades que representam para os empreendedores, entre outras questões. Ao final, chamou atenção para um dado importante das operações urbanas: “Hoje, o governo está investindo bastante no aspecto social, focando na construção de HIS” (Habitação de Interesse Social). Ficou evidente, também, a direção de uma política pública que fomenta a construção de empreendimentos de uso misto (residências e comércios num mesmo prédio), que atraem moradores e valorizam a infraestrutura já existente. Outro ganho significativo para a OUCAB é a ampliação dos investimentos para bairros que estão além dos limites do rio Tietê, como Freguesia do Ó e Limão, na Zona Norte, em áreas onde há favelas.

Antônio Carlos Amaral, palestrante convidado da SP-Urbanismo

Nilson Roberto Barros Carneiro, gerente de Estudos Especiais da Diretoria de Planejamento da CET, palestrou sobre “Formas de captação de recursos e ações mitigadoras”, elucidando de que forma o poder público administra o trânsito da megalópole: “É importante saber o que se faz na Prefeitura, como é exatamente nosso trabalho”. Falou sobre as Áreas Especiais de Tráfego, sobre as vias estruturais, como procedem à análise dos polos geradores de tráfego que são gerados pelas operações urbanas e as medidas tomadas para reduzi-los: “No processo de aprovação de edificações, cabe à SMT, através da CET o estabelecimento das diretrizes e a emissão de Certidão de Diretrizes, documento que garante a construção de obras e serviços de sinalização, como medidas mitigadoras”. Carneiro frisou, também, que os valores que grandes empreendimentos trazem como contrapartida para a cidade são vultosos, e são empregados em obras que reduzem e controlam seus impactos.

Nilson Roberto Carneiro: interface entre CET e Operações Urbanas

A terceira palestra foi feita pelo arquiteto Gustavo Partezani Rodrigues, diretor de Desenvolvimento da SP-Urbanismo. Abordou “O que é possível fazer com os recursos financeiros obtidos”. “A SP-Urbanismo é o nascedouro das ideias que depois serão realizadas pela SPObras”, disse logo no início. Falou sobre a OUCAB, sobre como é um território estratégico para a cidade, para a região do Parque Antártica e Barra Funda: “A operação vai transformar o território, sistematizar o seu funcionamento estrutural e melhorar a vida da população. Queremos investimentos no parâmetro expandido. O plano urbanístico de uma operação urbana hoje é mais do que técnico, é também um plano visando o social, do transporte coletivo à geração de emprego, melhorias ambiental, adequação do adensamento, melhorando o território ao longo do tempo”.

Gustavo Partizani ilustrou as transformações urbanísticas das operações

Depois do coffee break, o arquiteto Eduardo Della Manna, diretor de Legislação Urbana do Secovi falou sobre “O interesse da iniciativa privada nas Operações urbanas”. Usando Power point detalhado sobre projetos em Osasco, ilustrou sua palestra com exemplos, dos quais pinçava aspectos benéficos das operações, sempre apoiado por opinião crítica, apontando possíveis formas de melhorar o desempenho do poder público. Citou a necessidade de indução do comércio e serviços locais, de incentivar mais unidades por empreendimento, incentivar polos de empregos, o uso misto, induzir a ocupação de glebas subutilizadas, o aproveitamento dos terrenos públicos e a criação de parques lineares.

Eduardo Della Manna: a participação dos empreendedores nas operações

Antonio Carlos Rea representou a Câmara Municipal, com o tema: “A Operação Urbana no olhar do Legislativo”. Não menos útil que as abordagens anteriores, sua longa experiência na Câmara contribuiu para uma exposição didática, em que jogou luz sobre a relevância das

leis sobre o tema, especialmente no âmbito Municipal, sobre aspectos nem sempre bem compreendidos por técnicos de outras áreas. Foi interessante ouvir sobre as sete comissões permanentes da Câmara, seu trabalho, as atribuições exclusivas do prefeito etc. Novamente, na finalização de mais um encontro do Programa de Aprimoramento Técnico a constatação de que conhecer melhor as partes é importante para o desempenho de todos.

Antonio Carlos Rea, as Operações Urbanas sob o olhar do Legislativo