as três mortes das estrelas

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As três mortes das estrelas As estrelas parecem ser eternas mas não são. Elas nascem, vivem e morrem. Até mesmo o Sol, que é uma estrela ( e não das maiores), um dia também vai acabar. Um dia, daqui a dez milhões de anos ... Com telescópios poderosos e a ajuda de observatórios espaciais, os astrônomos conseguem ver as transformações das estrelas. E descobriram, entre outras coisas, que, quando olhamos para o céu, uma parte das estrelas que vemos já morreram há muito tempo. A sua distância de nós era tão grande que, quando a luz que emitiram chega até aqui, elas mesmas já não existem. As estrelas 'nascem', ou seja, formam-se quando uma enorme nuvem de gás começa a se concentrar, ficando cada vez menor e mais quente. As partes mais externas da nuvem começam, então, a cair em direção ao centro. Esse 'nascimento' pode levar um milhão de anos, o que não é muito tempo quando se fala em estrelas. Depois disso, a parte interna da nuvem fica tão quente que se transforma num enorme reator nuclear, uma verdadeira fábrica de luz, composta principalmente de hidrogênio, responsável pela produção de energia. Começa aí a parte mais longa da vida da estrela. É um período que pode durar muitos bilhões de anos. Depois desse tempo, o combustível acaba e a estrela começa a 'morrer'. Ela ainda pode usar outros combustíveis, como o hélio, aquele gás que faz os balões ficarem bem leves. Mas isso só aumenta um pouquinho a vida das estrelas. As estrelas não 'morrem' todas do mesmo jeito, nem a duração da 'vida' é a mesma para todas elas. As maiores e mais pesadas gastam mais rapidamente seu combustível e por isso duram muito menos, apenas alguns milhões de anos. 'Desligado o reator' ( quando acaba o hidrogênio), a estrela não consegue suportar mais o peso das camadas que estão perto do centro. Essas camadas começam a desabar sobre o centro, aumentando a temperatura e empurrando para fora as camadas externas da estrela, que fica inchada e menos quente na superfície. Se a estrela for das mais 'magrinhas', como o Sol, ela começa a tremer, até expulsar de uma só vez a sua camada externa, que se espalha pelo espaço. A parte interna vai ficando cada vez menor e mais fria, virando uma espécie de cinza de estrelas. Se a estrela for mais 'gordinha', oito vezes mais pesada que o Sol, sua morte é mais violenta e espetacular. Ela também começa a tremer, mas a matéria é tanta que a queda sobre o núcleo é muito violenta. A estrela pode até acabar explodindo, formando uma supernova. Se a estrela for muito maior, trinta vezes mais pesada que o Sol, quando acaba o combustível as partes externas caem sobre o núcleo de uma forma violentíssima. A atração é tão grande, que nada consegue escapar, nem mesmo a luz. Como a luz não escapa, esse corpo é escuro. Por isso recebe o nome de buraco negro. (Versão resumida de texto de Walter Junqueira Maciel, Revista Ciência Hoje das Crianças, nº 20) As três mortes das estrelas As estrelas parecem ser eternas mas não são. Elas nascem, vivem e morrem. Até mesmo o Sol, que é uma estrela ( e não das maiores), um dia também vai acabar. Um dia, daqui a dez milhões de anos ... Com telescópios poderosos e a ajuda de observatórios espaciais, os astrônomos conseguem ver as transformações das estrelas. E descobriram, entre outras coisas, que, quando olhamos para o céu, uma parte das estrelas que vemos já morreram há muito tempo. A sua distância de nós era tão grande que, quando a luz que emitiram chega até aqui, elas mesmas já não existem. As estrelas 'nascem', ou seja, formam-se quando uma enorme nuvem de gás começa a se concentrar, ficando cada vez menor e mais quente. As partes mais externas da nuvem começam, então, a cair em direção ao centro. Esse 'nascimento' pode levar um milhão de anos, o que não é muito tempo quando se fala em estrelas. Depois disso, a parte interna da nuvem fica tão quente que se transforma num enorme reator nuclear, uma verdadeira fábrica de luz, composta principalmente de hidrogênio, responsável pela produção de energia.

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As três mortes das estrelas

As estrelas parecem ser eternas mas não são. Elas nascem, vivem e morrem. Até mesmo o Sol, que é uma estrela ( e não das maiores), um dia também vai acabar. Um dia, daqui a dez milhões de anos ...

Com telescópios poderosos e a ajuda de observatórios espaciais, os astrônomos conseguem ver as transformações das estrelas. E descobriram, entre outras coisas, que, quando olhamos para o céu, uma parte das estrelas que vemos já morreram há muito tempo. A sua distância de nós era tão grande que, quando a luz que emitiram chega até aqui, elas mesmas já não existem.

As estrelas 'nascem', ou seja, formam-se quando uma enorme nuvem de gás começa a se concentrar, ficando cada vez menor e mais quente. As partes mais externas da nuvem começam, então, a cair em direção ao centro. Esse 'nascimento' pode levar um milhão de anos, o que não é muito tempo quando se fala em estrelas.

Depois disso, a parte interna da nuvem fica tão quente que se transforma num enorme reator nuclear, uma verdadeira fábrica de luz, composta principalmente de hidrogênio, responsável pela produção de energia.

Começa aí a parte mais longa da vida da estrela. É um período que pode durar muitos bilhões de anos. Depois desse tempo, o combustível acaba e a estrela começa a 'morrer'. Ela ainda pode usar outros combustíveis, como o hélio, aquele gás que faz os balões ficarem bem leves. Mas isso só aumenta um pouquinho a vida das estrelas.

As estrelas não 'morrem' todas do mesmo jeito, nem a duração da 'vida' é a mesma para todas elas. As maiores e mais pesadas gastam mais rapidamente seu combustível e por isso duram muito menos, apenas alguns milhões de anos. 'Desligado o reator' ( quando acaba o hidrogênio), a estrela não consegue suportar mais o peso das camadas que estão perto do centro. Essas camadas começam a desabar sobre o centro, aumentando a temperatura e empurrando para fora as camadas externas da estrela, que fica inchada e menos quente na superfície.

Se a estrela for das mais 'magrinhas', como o Sol, ela começa a tremer, até expulsar de uma só vez a sua camada externa, que se espalha pelo espaço. A parte interna vai ficando cada vez menor e mais fria, virando uma espécie de cinza de estrelas.

Se a estrela for mais 'gordinha', oito vezes mais pesada que o Sol, sua morte é mais violenta e espetacular. Ela também começa a tremer, mas a matéria é tanta que a queda sobre o núcleo é muito violenta. A estrela pode até acabar explodindo, formando uma supernova.

Se a estrela for muito maior, trinta vezes mais pesada que o Sol, quando acaba o combustível as partes externas caem sobre o núcleo de uma forma violentíssima. A atração é tão grande, que nada consegue escapar, nem mesmo a luz. Como a luz não escapa, esse corpo é escuro. Por isso recebe o nome de buraco negro.

(Versão resumida de texto de Walter Junqueira Maciel, Revista Ciência Hoje das Crianças, nº 20)

As três mortes das estrelas

As estrelas parecem ser eternas mas não são. Elas nascem, vivem e morrem. Até mesmo o Sol, que é uma estrela ( e não das maiores), um dia também vai acabar. Um dia, daqui a dez milhões de anos ...

Com telescópios poderosos e a ajuda de observatórios espaciais, os astrônomos conseguem ver as transformações das estrelas. E descobriram, entre outras coisas, que, quando olhamos para o céu, uma parte das estrelas que vemos já morreram há muito tempo. A sua distância de nós era tão grande que, quando a luz que emitiram chega até aqui, elas mesmas já não existem.

As estrelas 'nascem', ou seja, formam-se quando uma enorme nuvem de gás começa a se concentrar, ficando cada vez menor e mais quente. As partes mais externas da nuvem começam, então, a cair em direção ao centro. Esse 'nascimento' pode levar um milhão de anos, o que não é muito tempo quando se fala em estrelas.

Depois disso, a parte interna da nuvem fica tão quente que se transforma num enorme reator nuclear, uma verdadeira fábrica de luz, composta principalmente de hidrogênio, responsável pela produção de energia.

Começa aí a parte mais longa da vida da estrela. É um período que pode durar muitos bilhões de anos. Depois desse tempo, o combustível acaba e a estrela começa a 'morrer'. Ela ainda pode usar outros combustíveis, como o hélio, aquele gás que faz os balões ficarem bem leves. Mas isso só aumenta um pouquinho a vida das estrelas.

As estrelas não 'morrem' todas do mesmo jeito, nem a duração da 'vida' é a mesma para todas elas. As maiores e mais pesadas gastam mais rapidamente seu combustível e por isso duram muito menos, apenas alguns milhões de anos. 'Desligado o reator' ( quando acaba o hidrogênio), a estrela não consegue suportar mais o peso das camadas que estão perto do centro. Essas camadas começam a desabar sobre o centro, aumentando a temperatura e empurrando para fora as camadas externas da estrela, que fica inchada e menos quente na superfície.

Se a estrela for das mais 'magrinhas', como o Sol, ela começa a tremer, até expulsar de uma só vez a sua camada externa, que se espalha pelo espaço. A parte interna vai ficando cada vez menor e mais fria, virando uma espécie de cinza de estrelas.

Se a estrela for mais 'gordinha', oito vezes mais pesada que o Sol, sua morte é mais violenta e espetacular. Ela também começa a tremer, mas a matéria é tanta que a queda sobre o núcleo é muito violenta. A estrela pode até acabar explodindo, formando uma supernova.

Se a estrela for muito maior, trinta vezes mais pesada que o Sol, quando acaba o combustível as partes externas caem sobre o núcleo de uma forma violentíssima. A atração é tão grande, que nada consegue escapar, nem mesmo a luz. Como a luz não escapa, esse corpo é escuro. Por isso recebe o nome de buraco negro.

(Versão resumida de texto de Walter Junqueira Maciel, Revista Ciência Hoje das Crianças, nº 20)