as transformações do facebook e o impacto para as organizações

Upload: espaco-experiencia

Post on 04-Apr-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/31/2019 As transformaes do Facebook e o impacto para as organizaes

    1/12

    IntercomSociedadeBrasileiradeEstudosInterdisciplinaresdaComunicao

    XXXVCongressoBrasileirodeCinciasdaComunicaoFortaleza,CE3a7/9/2012

    1

    As transformaes do Facebook e o impacto para as organizaes1

    Felipe NOGUEIRA2

    Luiza MENEZES3

    Silvana Maria SANDINI4

    Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS

    RESUMO

    O artigo apresenta inicialmente um breve levantamento bibliogrfico e documental, com oobjetivo de investigar como as transformaes impostas pelo Facebook influenciam no

    posicionamento das organizaes na Web, alm de evidenciar mudanas do site que

    impactaram nesse contexto. O resgate terico foi complementado por entrevistas realizadascom profissionais da rea, a fim de aprofundar o tema e saber a opinio dos mesmos. Destaforma, observa-se que, com frequncia, transformaes impostas pelo site em anliseimpactam as organizaes. As questes mais evidentes referem-se aos termos de uso;

    possibilidades para publicao de contedo e de novas interaes; design dos contedos napgina, entre outras que so evidenciadas ao longo do estudo.

    PALAVRAS-CHAVE: cibercultura, comunicao digital corporativa, contedos digitais,sites de redes sociais, Facebook.

    No relato a seguir, o objeto de estudo o site de redes sociais Facebook. A escolha

    foi motivada pelas mudanas propostas pelo site nos meses que antecederam a pesquisa,

    assunto que foi identificado pelo grupo de autores deste artigo nas atividades de iniciao

    cientfica, realizadas no Espao Experincia, laboratrio experimental da Faculdade de

    Comunicao Social da PUCRS. O objetivo das atividades de pesquisa a melhor

    compreenso do atual contexto social para o desenvolvimento de aes e estratgias de

    comunicao, que visam ao posicionamento das organizaes na Web.

    Assim, o estudo foi realizado entre os meses de maro e junho de 2012, com o

    objetivo de investigar como as transformaes impostas pelo Facebook influenciam no

    posicionamento das organizaes na Web, alm de evidenciar mudanas do site que

    impactaram nesse contexto. Para tanto, foram utilizadas pesquisas bibliogrfica e

    documental, alm de entrevistas com profissionais, a partir de questionrios estruturados

    1 Trabalho apresentado na Diviso Temtica Comunicao Multimdia, da Intercom Jnior VII Jornada de IniciaoCientfica em Comunicao, evento componente do XXXV Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao.2 Estudante de Graduao 2. semestre do Curso de Comunicao Social Jornalismo da PUCRS,email: [email protected] Estudante de Graduao 5. semestre do Curso de Comunicao Social Jornalismo PUCRS,

    email: [email protected] Orientador do trabalho. Professora do Curso de Comunicao Social Publicidade e Propaganda e Relaes Pblicas daPUCRS, email: [email protected].

  • 7/31/2019 As transformaes do Facebook e o impacto para as organizaes

    2/12

    IntercomSociedadeBrasileiradeEstudosInterdisciplinaresdaComunicao

    XXXVCongressoBrasileirodeCinciasdaComunicaoFortaleza,CE3a7/9/2012

    2

    com perguntas abertas, que foram analisadas de forma qualitativa, conforme o contexto

    scio-histrico identificado no levantamento terico.

    A tcnica faz parte do ser humano, atravs dela que ele evolui. Segundo Lemos

    (2002), todo o sistema tcnico s faz sentido em meio a um determinado corpo social. O

    homem, para chegar aonde chegou, fez o uso de invenes e de inovaes para a sua

    sobrevivncia e o seu progresso. Na sua origem pr-histrica, a tcnica advm da potncia

    de Deus e da imitao da natureza sendo uma atividade prtica de procedncia divina.

    Mas, quando se torna uma imitao da natureza, o homem passa a ser um inventor. A partir

    desse momento, a religio e a tcnica se separam, mesmo mantendo um forte elo de

    recorrncia.

    Assim a tcnica ser um instrumento profano (transgresso da ordem da natureza)e potncia mgica e simblica (transformao do mundo) (LEMOS, 2002, p.43). Os

    fundamentos das primeiras tcnicas so o oposto do que entendemos como razo

    instrumental moderna, mas a transgresso sempre ser um medo e um fascnio, o que

    vivemos na cibercultura, uma mistura de temor e deslumbramento pelos objetos tcnicos

    (LEMOS, 2002, p.43).

    Lemos (2002) destaca que, na segunda metade do sculo XIX, a sociedade estava

    baseada no sistema tcnico eletricidade, petrleo e motor. Junto a isso, floresceu, tambm, adiversificao dos novos meios de comunicao. A primeira Guerra Mundial e a crise

    econmica de 1929 compes um dos principais pontos de partida para um novo progresso

    da tcnica. Nesse perodo, vivemos em uma idade tcnica onde o par cincia-tcnica

    determinante para a disseminao da ideia de progresso (LEMOS, 2002, p.51). Para o

    autor, a tcnica e a cincia daqui por diante se constroem sob ideologias na modernidade.

    Mente e corpo so separados e a razo se torna independente tcnica. Essa vista com um

    olhar de coragem e fascinao, de domnio e de explorao.Com o passar do tempo, a tcnica se desenvolveu e finalmente chegamos ao

    surgimento da tecnologia digital, onde o tempo linear e o espao geogrfico do incio

    globalizao. Essas novas tecnologias da informtica potencializaram as interaes, os

    computadores foram diminuindo de tamanho e a tecnologia digital, bem como a internet,

    alavancaram a interao via rede. Aps os anos 80, a internet conectou computadores que

    estavam do outro lado do mundo criando a possibilidade das pessoas se conhecerem e se

    comunicarem. Foi criado, ento, um ambiente onde nada descartado, nem o certo, nem o

    errado. Para Lemos (2002),

  • 7/31/2019 As transformaes do Facebook e o impacto para as organizaes

    3/12

    IntercomSociedadeBrasileiradeEstudosInterdisciplinaresdaComunicao

    XXXVCongressoBrasileirodeCinciasdaComunicaoFortaleza,CE3a7/9/2012

    3

    A internet um espao de comunicao propriamente surrealista, do qualnada excludo, nem o bem, nem o mal, nem suas mltiplas definies,nem a discusso que tende a separ-los sem jamais conseguir. A internetencarna a presena da humanidade a ela prpria, j que todas as culturas,todas as disciplinas, todas as paixes a se entrelaam. J que tudo possvel, ela manifesta a conexo do homem com a sua prpria essncia,que a aspirao liberdade (LEMOS, 2002 p.14).

    Com essa troca de informaes e entrelaamento, a linguagem e a cultura do homem

    se tornaram mais potentes, evoludas, criativas e rpidas. Lemos (2002) conclui que, a partir

    desse momento, criou-se uma nova cultura, denominada cibercultura.

    Acompanhando o progresso das mdias, os espaos culturais multiplicaram-se e enriqueceram-se: novas formas artsticas, divinas, tcnicas, revoluesindustriais, revolues polticas. O ciberespao representa o mais recentedesenvolvimento da evoluo da linguagem. Os signos da cultura, texto,msicas, imagens, mundos virtuais, simulaes, softwares, moedas,atingem o ltimo estgio da digitalizao (LEMOS, 2002, p.13-14).

    Maeda (2012) corrobora com Lemos (2002), ao prever que a cibercultura poder ser

    conhecida, no futuro, como o elemento responsvel pelo fim da dicotomia, que a

    percepo de que toda histria tem dois lados e que existem maneiras de entender as

    questes relevantes para a sociedade - a certa e a errada. Para ele,

    Essa dicotomia, reforada pela forma como se constituram as sociedadesdesde as grandes guerras mundiais e pela tendncia simplificadora (ou

    simplria) da educao formal e ideolgica ainda predominante, no suficiente para entender e analisar as dinmicas sociais que se do noambiente virtual das redes sociais, caracterizado especialmente pelamultiplicidade de pontos de vista, que enriquece debates e permite apontarcaminhos diferentes do usuais (MAEDA, 2012, p.23-24).

    Portanto, para Lemos (2002), no podemos falar de lgica de substituio nem de

    simples transposio, mas um fenmeno global de mudanas socioculturais complexas: As

    novas tecnologias tornam-se onipresentes ao ponto de no podermos discernir claramente

    onde comeam onde terminam (LEMOS, 2002, p.279).

    Esse entrelaamento entre as pessoas no espao virtual faz com que os grupos de

    pessoas se organizem em redes, geradas a partir da tomada de conscincia de uma

    comunidade com interesses e valores comitativos entre si. Segundo Colonomos (1995, apud

    MARTELETO, 2001) so diversas as motivaes para o desenvolvimento das redes, que se

    relacionam com os nveis de organizao social global, nacional, regional, estadual, local,

    comunitrio. Essas redes no tem um centro hierrquico ou uma organizao vertical. So

    definidas pela multiplicidade quantitativa e qualitativa dos elos entre os seus mais diversos

    membros orientados por uma lgica associativa.

  • 7/31/2019 As transformaes do Facebook e o impacto para as organizaes

    4/12

    IntercomSociedadeBrasileiradeEstudosInterdisciplinaresdaComunicao

    XXXVCongressoBrasileirodeCinciasdaComunicaoFortaleza,CE3a7/9/2012

    4

    Neste estudo, compreende-se que, em geral, a comunidade criada pelo

    agrupamento de indivduos que se assemelham em uma mesma identidade cultural, na qual

    os seres se encontram dentro do parmetro chamado de cotidiano. Essa relao necessria

    para o ser humano, pois ele pode dividir seus desejos e satisfazer suas necessidades,

    partilhando tambm sentimentos comuns nas redes. Logo, essa comunidade passa a

    compartilhar gostos, vontades, desejos e, por fim, seus integrantes interagem entre si,

    construindo um agrupamento de pessoas que detm pontos coincidentes.

    Recuero (2009) observa que as relaes sociais advindas geram laos sociais. No

    caso de pessoas com pessoas chamado de relacional. J a conexo entre um indivduo e

    uma instituio ou grupo, de uma outra ordem, o usurio passa a ter um sentimento de

    pertencimento, chamado de lao associativo.Costa (2005) salienta que todo tipo de grupo, comunidade, sociedade fruto de uma

    rdua e constante negociao entre preferncias individuais. Exatamente por essa razo, o

    fato de estarmos cada vez mais interconectados uns aos outros implica que tenhamos de nos

    confrontar, de algum modo, com nossas prprias preferncias e sua relao com aquelas de

    outras pessoas.

    No podemos esquecer que tal negociao no nem evidente nemtampouco fcil. Alm disso, o que chamamos de preferncias individuais

    so, na verdade, fruto de uma autntica construo coletiva, num jogoconstante de sugestes e indues que constitui a prpria dinmica dasociedade (COSTA, 2005, p.248).

    nesse cenrio de constantes transformaes sociais que encontram-se as

    organizaes contemporneas. Neste estudo, as organizaes so compreendidas como

    estruturas complexas, que podem ser definidas conforme a proposta de Nassar (2008): um

    sistema social e histrico, formal, que obrigatoriamente se comunica e relaciona, de forma

    endgena, com seus integrantes e, de forma exgena, com outros sistemas sociais e com a

    sociedade (NASSAR, 2008, p. 62).

    O autor (2008) aponta algumas caractersticas que so comuns a todas as

    organizaes: a) so sistemas sociais construdos por relacionamentos entre pessoas; b) so

    complexas e aplicam a diviso do trabalho; c) tm histria e memria (ao longo de sua

    histria, que vai alm da histria de seus fundadores, constitui uma cultura; cria, consolida e

    inova tecnologias; forma pessoas); d) devem enfrentar o desafio das mudanas (para se

    adequar s inmeras mudanas acontecidas nos mbitos mercadolgico, econmico, social,

    histrico, ambiental, cultural, comportamental, entre outros); e) tm identidade (que

  • 7/31/2019 As transformaes do Facebook e o impacto para as organizaes

    5/12

    IntercomSociedadeBrasileiradeEstudosInterdisciplinaresdaComunicao

    XXXVCongressoBrasileirodeCinciasdaComunicaoFortaleza,CE3a7/9/2012

    5

    expressa a sua cultura); f) querem resultados (que devem ser obtidos a partir de mtodos

    que no produzam, nem minimizem, impactos sociais, econmicos e ambientais).

    Dessa forma, destaca-se que, em relao aos pblicos, uma organizao composta

    por diversos atores que podem ser geridos em sua particularidade. No so apenas os

    funcionrios, mas todos os agentes que interagem com a organizao podem ser mapeados

    e includos no planejamento da comunicao. Grunig (2009) relata que as organizaes

    mantm relacionamentos com a sua famlia de colaboradores, com as comunidades, com

    os governos, consumidores, investidores, financistas, patrocinadores, grupos de presso e

    com muitos outros pblicos (GRUNIG, 2009, p.27).

    Segundo Grunig (2009), os pblicos tm interesses nas organizaes e podem tanto

    influenciar suas misses e seus objetivos, como se constituir visando a control-las, quandono esto satisfeitos com elas. Frana (2009) enfatiza que os relacionamentos corporativos

    no acontecem de forma isolada a organizao precisa interagir com todas as partes

    interessadas de maneira simultnea e contnua" (FRANA, 2009, p. 222).

    Atravs da internet, as organizaes tiveram um estreitamento das relaes com

    seus diversos pblicos, pois, atravs dos sites e outros canais, elas se tornam 'visveis',

    disponibilizam seu prprio contedo e tambm a planejam a forma como ele apresentado.

    Tudo contribui para que a organizao se torne mais relevante para o usurio, "a localizaodos links, a posio da logomarca, a utilizao de slogan, a seleo das cores e as formas de

    interatividade disponibilizadas assumem relevncia nesse meio de comunicao

    (SCROFERNEKER, 2005, p.3).

    Hoje, as possibilidades para uma organizao se fazer presente neste meio so

    incontveis e os resultados dependem, em grande parte, da forma como esta organizao se

    apropria dos espaos disponveis e da resposta dos usurios aos estmulos recebidos. Para

    uma melhor compreenso, acreditamos ser possvel transpor os modelos de territriosgeogrficos propostos por Fischer (1994) para a realidade do espao virtual.

    De acordo com Fischer (1994), a psicologia ambiental utiliza o conceito de territrio

    para designar um lugar ou uma rea geogrfica ocupada por uma pessoa ou um grupo: o

    territrio , nessas condies, a propriedade de uma pessoa ou de um grupo que se torna de

    certa maneira proprietria dele (FISCHER, 1994, p.84). O autor concebe que a noo de

    territrio representa uma dimenso interativa do comportamento humano em dado contexto,

    pois considera que os territrios podem ser evidenciados atravs de trs diferentes tipos:

  • 7/31/2019 As transformaes do Facebook e o impacto para as organizaes

    6/12

    IntercomSociedadeBrasileiradeEstudosInterdisciplinaresdaComunicao

    XXXVCongressoBrasileirodeCinciasdaComunicaoFortaleza,CE3a7/9/2012

    6

    territrio primrio: local ocupado, utilizado de maneira estvel e claramente

    reconhecido como seu, que pode ser personalizado e defendido contra qualquer

    intruso;

    territrio secundrio: local semipblico ou semiprivado, regido por regras mais ou

    menos claramente definidas quanto ao seu acesso e uso;

    territrio pblico: local ocupado temporariamente, onde, a princpio, qualquer

    pessoa pode entrar e onde os comportamentos so regidos pelas instituies, pelas

    normas, pelos costumes e pela arrumao do espao.

    Com isso, considera-se que a Web patrocina diferentes tipos de territrios, sobre os

    quais as organizaes podem exercer influncia e controle, atravs da apropriao que, emltima instncia, as definem no mundo virtual. Se a casa um exemplo de territrio

    primrio, o bar de territrio secundrio e a cabine telefnica de territrio pblico, a Intranet

    de uma empresa, um determinado site de redes sociais e o site Reclame Aqui seriam,

    metaforicamente, os respectivos exemplos de territrios, transpostos para o espao virtual.

    Altman (1980), a partir de uma classificao semelhante, destaca que os territrios

    secundrios (classificao na qual inclumos o Facebook) apresentam caractersticas que lhe

    conferem um papel no muito claro, em relao ao uso dos espaos, e a consequente

    predisposio a conflitos sociais na utilizao dos mesmos.

    Nos espaos informais, as redes so iniciadas a partir da tomada de conscincia de

    uma comunidade de interesses e/ou de valores entre seus participantes. Independentemente

    das questes que se busca resolver, muitas vezes a participao em redes sociais envolve

    direitos, responsabilidades e vrios nveis de tomada de decises. Colonomos (1995, apud

    MARTELETO, 2001) expe que, diferentemente das instituies, as redes no supem

    necessariamente um centro hierrquico e uma organizao vertical, sendo definidas pela

    multiplicidade quantitativa e qualitativa dos elos entre os seus diferentes membros,

    orientada por uma lgica associativa. Sua estrutura extensa e horizontal no exclui a

    existncia de relaes de poder e dependncia nas associaes internas e nas relaes com

    unidades externas.

    Maeda (2012) acredita que a construo de uma nova cultura e as novas formas de

    agir e pensar, que j esto postas, so evidentes em nossa sociedade.

    Vdeos publicitrios vendem marcas e produtos a grupos que, alm de

    consumir, defendem as companhias fabricantes, que por sua vez gastammontantes crescentes em verbas para uma nova rea corporativa

  • 7/31/2019 As transformaes do Facebook e o impacto para as organizaes

    7/12

    IntercomSociedadeBrasileiradeEstudosInterdisciplinaresdaComunicao

    XXXVCongressoBrasileirodeCinciasdaComunicaoFortaleza,CE3a7/9/2012

    7

    comumente chamada de e-marketing, responsvel pelas estratgias decomunicao e interao com o pblico online (MAEDA, 2012, p.23).

    Maeda (2012) enfatiza que, atualmente, os usurios tm o costume de publicar tudo

    e qualquer coisa na internet. Isso se d atravs dos sites de redes sociais, que tmpossibilitado aos usurios dividirem experincias de vida: desde um resfriado at o

    nascimento do primeiro filho. Os usurios esto dividindo qualquer acontecimento:

    reflexes, alegrias e angstias, criando um novo hbito que tem se disseminado nas redes.

    Como se verificou, entre os tipos de territrios transpostos metaforicamente para Web, h

    diversas possibilidades para que as organizaes possam traar suas estratgias de

    posicionamento. tambm atravs dos sites de redes sociais que ocorrem as interaes e o

    relacionamento entre organizaes e usurios.Os sites de redes sociais so locais onde se pode afirmar e/ou concretizar os laos

    entre os usurios. So os espaos utilizados para a expresso das redes sociais na internet

    (RECUERO, 2009, p.102), uma aplicao direta da comunicao mediada pelo

    computador. O seu grande diferencial que permite uma visualizao, articulao e

    manuteno dos laos sociais que j foram feitos no espao off-line. possvel que um

    mesmo usurio utilize diversos sites de redes sociais com objetivos diferentes. O Twitter e o

    Facebook so sites de redes sociais, mas as suas finalidades so diferentes com relao aos

    seus usurios. Contudo as pessoas, os grupos ou as empresas, que esto interagindo nesses

    canais, possuem o mesmo objetivo, reafirmar seus laos.

    O Facebook foi o site escolhido para o desenvolvimento desse estudo no apenas em

    funo das demandas do grupo de pesquisadores, mas tambm por ser um site de redes

    sociais notoriamente difundido em todo mundo. Trata-se de uma plataforma que aproveita o

    contexto de redes sociais para priorizar os relacionamentos dos usurios e que evolui

    cotidianamente, propondo a eles novidades e transformaes constantes.

    Atualmente, a plataforma possui trs tipos de espaos: perfil, pginas e grupos, que

    formam, de alguma maneira, as redes sociais dentro do site. Toda e qualquer pessoa que

    deseja estar no Facebook precisa ter um perfil. Cada pessoa tem grande controle das

    informaes que se encontram nesse espao.

    Pginas permitem que organizaes, empresas, celebridades e marcas reaisse comuniquem amplamente com pessoas que as curtem. As pginas podemser criadas e gerenciadas somente pelos representantes oficiais. Gruposoferecem um espao fechado para pequenos grupos de pessoas se

    comunicarem sobre interesses em comum. Os grupos podem ser criados porqualquer pessoa ([FACEBOOK, 2012d]).

  • 7/31/2019 As transformaes do Facebook e o impacto para as organizaes

    8/12

    IntercomSociedadeBrasileiradeEstudosInterdisciplinaresdaComunicao

    XXXVCongressoBrasileirodeCinciasdaComunicaoFortaleza,CE3a7/9/2012

    8

    As pginas so gerenciadas pelos administradores que tm perfis pessoais no

    Facebook e podem ser curtidas por usurios, que passam a ter seus perfis relacionados s

    pginas em questo. Elas no tm as informaes de login separadas do perfil dos usurios.

    Elas so apenas diferentes entidades no site, semelhantes aos grupos. Depois de criar uma

    pgina dentro do perfil, o usurio pode adicionar outros administradores para ajudar no

    gerenciamento dessa pgina. As pessoas que escolherem curtir a pgina no podem ver

    quem o administrador, nem possuem qualquer acesso conta pessoal do responsveis

    pelo canal ([FACEBOOK, 2012d]).

    Ainda de acordo com o Facebook (2012a), a plataforma disponibiliza medies

    sobre o desempenho das pginas. Ao monitorar quando as pessoas curtem uma pgina,

    interagem com as publicaes ou criam suas prprias publicaes, possvel compreender aquais publicaes as pessoas respondem melhor. Somente os administradores de pgina,

    desenvolvedores e administradores de domnio podem ver os dados das informaes dessas

    entidades.

    Os administradores tm total controle sobre as pginas vinculadas aos seus perfis. O

    site (2012b) aconselha que elas sejam gerenciadas da forma mais natural possvel, embora

    indique a remoo de comentrios difamatrios ou spams. Tambm possvel adicionar

    palavras-chave lista de bloqueio de moderao, para evitar que elas apaream na pgina.Dessa forma, quando as pessoas incluem as palavras-chave que esto na lista negra, em

    uma publicao ou em um comentrio na pgina, o contedo ser marcado

    automaticamente como spam (FACEBOOK, 2012c). Contudo, aconselha-se que as

    interaes devem ser consideradas conversas e os comentrios negativos gerenciados de

    forma honesta e aberta.

    A partir de novembro de 2011, foram percebidas mudanas que culminaram no atual

    formato. Inicialmente, destaca-se a maneira como as informaes foram distribudas dentrodo prprio perfil dos usurios. J no se trata mais de uma grande pgina com informaes

    organizadas. Agora, o Facebook trabalha com uma Linha do Tempo, onde so exibidos os

    resumos das informaes bsicas, organizadas por datas e destacadas conforme a vontade

    do usurio. Essa funcionalidade tambm contempla as pginas de organizaes e marcas do

    Facebook, que agora podem adicionar "marcos histricos", destacando algumas de suas

    publicaes na linha do tempo.

    As informaes so dispostas em uma linha vertical, com fotos que realam os

    eventos mais importantes em duas colunas e posts menores para relembrar atividades, como

  • 7/31/2019 As transformaes do Facebook e o impacto para as organizaes

    9/12

    IntercomSociedadeBrasileiradeEstudosInterdisciplinaresdaComunicao

    XXXVCongressoBrasileirodeCinciasdaComunicaoFortaleza,CE3a7/9/2012

    9

    pginas curtidas ou locais visitados. A partir dessa interface possvel ver quando um

    amigo postou um vdeo ou quais foram as mensagens de aniversrio recebidas h dois anos.

    Tambm no perfil, h um mapa para organizar fotos e visitas, de acordo com a localizao

    geogrfica, num mapa-mundi.

    De acordo com a Info (2011), a possibilidade de resgatar a histria do usurio

    interessante para que as companhias possam estudar quem so seus consumidores e assim

    oferecer produtos mais especficos, dando margem para uma relao mais profunda

    (INFO, 2011, p.74). Contudo, diferentemente do antigo layout, h menos acesso s

    informaes pessoais dos usurios que curtem determinada pgina. Segundo o Facebook

    (2012e), "as pginas no podem ver os perfis (linhas do tempo) das pessoas que se

    conectam a elas, apenas a foto e o nome do seu perfil. Tambm no h acesso ao Feeddenotcias com as atualizaes dos usurios" (FACEBOOK, 2012e).

    Com objetivo de aprofundar a pesquisa e conhecer a opinio de especialistas, foi

    aplicado um questionrio com profissionais que trabalham ativamente no desenvolvimento

    de estratgias de organizaes que participam das redes sociais. As perguntas foram

    realizadas com base nos objetivos do presente estudo. Ao total foram elaboradas sete

    questes, enviadas por e-mail aos entrevistados, durante o ms de junho de 2012. A partir

    das questes, pretendeu-se descobrir a opinio desses especialistas, com relao salteraes do Facebook, que causam impactos na atuao das organizaes junto s redes

    sociais. As perguntas foram abertas. Por se tratarem de opinies sobre um mesmo tema,

    cada entrevistado ficou livre para dar o seu parecer, sem respostas pr-estabelecidas ou

    qualquer outra limitao.

    O entrevistado A, trabalha com planejamento e novos negcios, acredita que o

    Facebook uma ferramenta de total interao entre as organizaes e seus pblicos.

    Menciona que a implementao da Timeline (linha do tempo) foi a transformao que maisimpactou porque mudou a forma de atualizao de contedo. Alm disso, o novo design

    possibilitou explorar outras formas de exibio dos dados. A Cover Photo (foto de capa),

    grande foto principal em destaque no cabealho das pginas, uma ferramenta interessante

    que permite s organizaes melhorar sua visibilidade, destacando aes especficas.

    Quanto ao acompanhamento das modificaes dos Termos de Uso do site, ele afirma que h

    pouca preocupao. De acordo com o entrevistado, difcil algum consultar

    cotidianamente os Termos de Uso. Considerando a agilidade das organizaes em agregar

  • 7/31/2019 As transformaes do Facebook e o impacto para as organizaes

    10/12

    IntercomSociedadeBrasileiradeEstudosInterdisciplinaresdaComunicao

    XXXVCongressoBrasileirodeCinciasdaComunicaoFortaleza,CE3a7/9/2012

    10

    as novidades, ele afirma que as empresas que trabalham com internet esto acostumadas a

    aderir rapidamente.

    O entrevistado B responsvel pelas estratgias de comunicao de uma agncia.

    Para ele, as alteraes do Facebook geraram grande impacto nas organizaes. Elas afetam

    diretamente os executivos e os marqueteiros, pois o to desprezado contato direto com o

    pblico se mostra relevante. H uma interao mais visvel entre a organizao e o pblico.

    Como consequncia disso, as organizaes e as agncias comearam a entender como o

    processo funcionava e comearam a investir mais nessa rea. Na viso do profissional, a

    implementao da Timeline transformou o visual dos canais das organizaes tornando-as

    mais atraentes e proporcionando algo chamado de design de contedo, no qual preciso

    estudar como feita a distribuio do contedo para que o aspecto visual ajude no alcance,no compartilhamento e na absoro das mensagens. As alteraes fizeram com que as

    organizaes se adaptassem para conseguir continuar com uma performance atraente. Ele

    afirma, tambm, que a no existncia de uma limitao imposta pelo Facebook, com

    relao ao nmero de posts, faz com que as organizaes pensem em uma linguagem

    inovadora e em formatos diferentes para continuar crescendo. Os Termos de Uso para o

    entrevistado B possuem pouco impacto no dia a dia, mas ele acredita que importante ficar

    atualizado. Com relao rapidez das organizaes em absorverem as mudanas, ele afirmaque a adaptao feita aos poucos e que a velocidade depende, principalmente, da

    importncia que a empresa d ao digital.

    O entrevistado C diretor de planejamento e considera que o Facebook umaferramenta que pode legitimar organizaes se utilizada com planejamento e criatividade.

    Para ele, a partir das transformaes, as organizaes utilizam a rede social para inovar e se

    comunicar de maneira interativa com os seus pblicos. O novo design do Facebook leva a

    uma criao de nmeros ilimitados de peas e campanhas criativas. Com isso, asmensagens precisam ser trabalhadas para chegar at ao pblico desejado. Em seu ambiente

    de trabalho h um constante mapeamento das mudanas e das novas regras do Facebook.

    Para ele, a agilidade das organizaes para aderir s alteraes depende de cada caso e do

    quanto a organizao disponibiliza para o investimento em comunicao e marketing.

    Portanto, os entrevistados foram unnimes ao considerar o Facebook como interface

    das organizaes, acreditam que a plataforma serve como espao de interao das empresas

    com seus pblicos desde que a utilizem com um bom planejamento e criatividade. De igual

    maneira, as transformaes geradas pelo Facebook impactaram a produo de contedo

  • 7/31/2019 As transformaes do Facebook e o impacto para as organizaes

    11/12

    IntercomSociedadeBrasileiradeEstudosInterdisciplinaresdaComunicao

    XXXVCongressoBrasileirodeCinciasdaComunicaoFortaleza,CE3a7/9/2012

    11

    segundo os entrevistados, no precisando necessariamente alter-lo, mas sim, produzi-lo de

    modo criativo e instigante, interagindo e inovando com o pblico.

    As mudanas so facilmente percebidas na plataforma, a maior delas ocorreu com a

    criao da linha do tempo que, segundo os entrevistados, proporcionou maior interao

    atravs dos destaques nos contedos, diferenciando-se do Twitter. O planejamento

    estratgico se faz necessrio a partir do momento que percebida a importncia da

    organizao desses contedos sendo necessrio, a partir dessas mudanas, se aprofundar nas

    estratgias para que o aspecto visual tambm seja aproveitado e valorizado, aumentando o

    alcance, os compartilhamentos dos contedos e a absoro do mesmo.

    Por fim o acompanhamento das mudanas nos termos de uso recomendvel,

    embora alguns entrevistados no sigam essa prtica. O mau uso da plataforma podeacarretar em cancelamento dos servios, perdas de dados e aes judiciais.

    As mudanas do Facebook, que impactaram diretamente no posicionamento das

    organizaes, so amplas e evidentes. Dizem respeito aos termos de uso, possibilidades

    para contedos, interface e novas interaes alm de outras que foram evidenciadas ao

    longo do estudo.

    Com isso, foi possvel observar que as constantes transformaes so caractersticas

    relacionadas ao prprio contexto da cibercultura e, portanto, devem ser acompanhadasconstantemente pelas organizaes. Por sua vez, estas devem considerar as dinmicas de

    cada ferramenta j na fase de planejamento das aes, com objetivo de agilizar a adaptao

    das instituies s possveis mudanas.

    REFERNCIAS

    ALTMAN, Irwin, CHEMERS, Martin M. Culture and Environment California: Wadsworth,Inc., 1980. In GRAA, Maurcio Sanches. A Relao Entre o Ambiente Construdo e o Indivduona Empresa: Consideraes a Respeito da Psicologia Ambiental

    BARRETO, Juliano; . et al. Um Novo Facebook. In: Info Exame, So Paulo. 2011. n.309, p.71-79.

    COLONOMOS, Ariel (org.) Sociologie des rseaux transnationaux; communauts, entreprises etindividus : lien social et systme international. Paris : l'Harmattan, 1995. In MARTELETO, ReginaMaria. Anlise das redes sociais: aplicao nos estudos de transferncia de informao. Braslia:Ci. Inf. v. 3, n 1, p. 71-81, jan./abril, 2001.

    FACEBOOK. Central de Ajuda: como posso saber se as publicaes da minha pgina so

    cativantes? 2012a. Disponvel em:

  • 7/31/2019 As transformaes do Facebook e o impacto para as organizaes

    12/12

    IntercomSociedadeBrasileiradeEstudosInterdisciplinaresdaComunicao

    XXXVCongressoBrasileirodeCinciasdaComunicaoFortaleza,CE3a7/9/2012

    12

    o-posso-saber-se-as-publica%C3%A7%C3%B5es-da-minha-p%C3%A1gina-s%C3%A3o-cativantes?>. Acesso em: 20 jun. 2012.

    ______________. Central de Ajuda: qual a melhor maneira de lidar com uma publicaonegativa de algum na minha pgina? 2012b. Disponvel em: . Acessoem: 20 jun. 2012.

    ______________. Central de Ajuda: como posso moderar, de forma proativa, o contedopublicado em minha pgina? 2012c. Disponvel em: . Acesso em: 20 jun. 2012.

    ______________. Central de Ajuda: de que forma as pginas so diferentes dos grupos? Qualdevo criar. 2012d. Disponvel em: . Acesso em:

    20 jun. 2012.

    ______________. Central de Ajuda: uma pgina poder ver minhas informaes caso eu curta apgina? 2012e. Disponvel em: . Acesso em: 20 jun. 2012.

    FISCHER, Gustave-Nicolas. Espao, identidade e organizao. TRRES, Oflia de Lanna Sette. In:O indivduo na organizao. v. 2. So Paulo: Editora Atlas S.A. 1994.

    FRANA, Fbio. Gesto de relacionamentos corporativos. In: GRUNIG, James; FERRARI, MariaAparecida, FRANA, Fbio. Relaes pblicas: teoria, contexto e relacionamentos. So Caetano

    do Sul: Difuso Editora, 2009.

    LEMOS, Andr. Cibercultura: tecnologia e Vida Social na Cultura Contempornea. Porto Alegre,Editora Sulinas, 2002.

    NASSAR, Paulo. Conceitos e processos de comunicao organizacional. In: KUNSCH, MargaridaMaria Krohling (Org.). Gesto estratgica em comunicao organizacional e relaes pblicas.So Caetano do Sul: Difuso Editora, 2008.

    SCROFERNEKER, Cleusa Maria Andrade. As organizaes na Internet: um estudo comparativo.Revista da Associao Nacional dos Programas de Ps-Graduao em Comunicao, 2005.

    MAEDA, Danilo. O Fim da Dicotomia?. Revista Cincias Sociais, So Paulo Bauru. n.1, p. 20-26, 2012.

    MARTELETO, Regina Maria. Anlise das redes sociais: aplicao nos estudos de transferncia deinformao. Braslia: Ci. Inf. v. 3, n 1, p. 71-81, jan./abril, 2001.

    RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet, 2009.Porto alegre, Editora Meridional, 2009.

    SODR, Muniz. O ethos midiatizado. In: Antropolgica do Espelho: por uma teoria dacomunicaco linear e em rede. Petrpolis, RJ, 2002.