as revoluções como mudanças na concepção do mundo

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As Revoluções como mudanças na concepção do mundo Thomas Kuhn observa que há uma alteração na visão do mundo pelos cientistas, após uma nova descoberta, uma aceitação de um paradigma, ainda que o mundo, essencialmente, se mantenha o mesmo. Pois a tradição científica determina a forma visual de ver as coisas, todas as vezes que acontece uma revolução científica, é necessário se reeducar para ver a nova forma. Porém, as experiências de formas visuais dizem somente a respeito das transformações perceptivas, embora não digam absolutamente nada a respeito sobre o papel do paradigma ou da experiencia previamente assimilada. Para exemplificar, Thomas Kuhn conta a experiência de um homem que passa a usar lentes inversoras para enxergar o mundo. Inicialmente ele vê tudo de cabeça para baixo, deixa o desorientado. porém, num determinado estágio, quando ele passa a aprender a lidar com o seu mundo, ele passa a ver os objectos novamente como via antes. Nesta metáfora, o homem passou por uma transformação revolucionária da visão. Conforme ele coloca no texto, o homem somente vê as coisas que a sua experiência visual conceitual prévia lhe ensinou a ver. O sujeito até tem consciência que no seu meio ambiente nada mudou, contudo a sua percepção ficou alterada. Como por exemplo, um sujeito pega um papel que está desenhado e vê um pato nele. Após uma análise mais cuidadosa, ele não vê um pato, mas uma série de linhas coloridas em determinados pontos que fazem a figura de um pato. Sabe que a sua percepção foi alterada e até podemos analisa-la deste modo, mas veja que não há um padrão exterior.

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Page 1: As Revoluções como mudanças na concepção do mundo

As Revoluções como mudanças na concepção do mundo

Thomas Kuhn observa que há uma alteração na visão do mundo pelos cientistas, após uma nova descoberta, uma aceitação de um paradigma, ainda que o mundo, essencialmente, se mantenha o mesmo. Pois a tradição científica determina a forma visual de ver as coisas, todas as vezes que acontece uma revolução científica, é necessário se reeducar para ver a nova forma. Porém, as experiências de formas visuais dizem somente a respeito das transformações perceptivas, embora não digam absolutamente nada a respeito sobre o papel do paradigma ou da experiencia previamente assimilada.

Para exemplificar, Thomas Kuhn conta a experiência de um homem que passa a usar lentes inversoras para enxergar o mundo. Inicialmente ele vê tudo de cabeça para baixo, deixa o desorientado. porém, num determinado estágio, quando ele passa a aprender a lidar com o seu mundo, ele passa a ver os objectos novamente como via antes. Nesta metáfora, o homem passou por uma transformação revolucionária da visão. Conforme ele coloca no texto, o homem somente vê as coisas que a sua experiência visual conceitual prévia lhe ensinou a ver.

O sujeito até tem consciência que no seu meio ambiente nada mudou, contudo a sua percepção ficou alterada. Como por exemplo, um sujeito pega um papel que está desenhado e vê um pato nele. Após uma análise mais cuidadosa, ele não vê um pato, mas uma série de linhas coloridas em determinados pontos que fazem a figura de um pato. Sabe que a sua percepção foi alterada e até podemos analisa-la deste modo, mas veja que não há um padrão exterior.

Um exemplo bem clássico, é uma refutação de Aristóteles por Galileu. O primeiro diz que, ao pegar num objecto, como uma pedra, e a prender a uma linha e balança-lo segurando pela linha, o objecto irá parar porque o objecto está em queda. A linha só está a distorcer a queda, que é eminente. Galileu, observando a mesma coisa, descobriu uma série de novas propriedades que seriam a base para o seu argumento que fala sobre a autonomia do peso de um objecto com relação à velocidade da queda, basicamente afirmando que o peso vertical não tem nada a ver com a velocidade final. Vejam que os dois tinham pontos de percepção bastante aperfeiçoados. Aristóteles observou uma coisa e descreveu-a conforme o seu ponto. Galileu, muitos anos depois, também fez isto. Talvez Galileu só tenha dado um novo de ponto de vista porque ele não teve formação aristotélica.

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Na visão científica, se houvesse uma autoridade para perguntar como a visão foi alterada (novo paradigma) seria considerada fonte de dados, quanto ao comportamento da visão, seria considerado fonte de problemas. A espécie de problemas da visão científica é a mesma da visão de experiência psicológica. Nas ciências, as alterações perceptivas acompanham as mudanças de paradigmas. Por exemplo: depois de Copérnico, podemos afirmar que o que pensávamos que era um planeta é na verdade um satélite (Lua). Antes de Copérnico, não se pensava assim. Novamente vemos uma mudança de visão dado um novo paradigma.

Até à idade media, os cientistas não viam pêndulos mas apenas pedras oscilantes.

Galileu, aparece na época do renascimento com uma nova visão, defendia a existência dos pêndulos, surge também uma grande mudança de pensamento da concepção do universo. Mudança esta não só a nível cognitivo mas também a nível da formula. A indução cientifica ganha grande importância e torna-se o método mais utilizado pelos cientistas.

Cada observação quer Aristotélica quer Galilaica pressupunha o paradigma. Estas divergiam devido a descoberta do pêndulo por parte de Galileu, ainda assim o ambiente aristotélico e galilaico era comum, a nível da visão da pedra oscilante.

Quando nos referimos ao ambiente estamos a frisar a natureza, o ambiente natural e as concepções diferentes da época.

Com Aristóteles, no caso da pedra retardada, discutiam o peso da pedra, altura na vertical e o tempo decorrido até ao seu estado de repouso. Isto era resultado de uma experiencia imediata, a que chama-mos discussão “ das pedras em queda livre”. Ou seja medição do movimento, a distância total percorrida e o tempo total decorrido.

De forma diferente, Galileu media o peso, o raio, o deslocamento angolar e o tempo por oscilação. Havia assim uma maior precisão comparando com as experiencias Aristotélicas.

Galileu comprovou que o período do pêndulo era independente de amplitude para amplitude até 90º, isto diferencia-o do paradigma de Aristóteles, que defendia, o movimento continuado de um corpo pesado deve-se a um poder interno implantado nesse mesmo corpo, através do motor( força matriz) que o pôs em movimento.

Os cientistas dedicam-se a diferentes paradigmas e diferentes manipulações laboratoriais consoante a época em que vivem, o desenvolvimento social e mesmo os meios disponíveis para a investigação.

Épocas diferentes levam a paradigmas diferentes, só assim temos possibilidade de evoluir.

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Nenhuma linguagem é capaz de nos oferecer uma visão totalmente delineada do universo. A investigação filosófica ainda não nos deu uma “pista” sobre o que será uma linguagem capaz de desempenhar essa tarefa, porque a linguagem tem vários significados, logo nunca poderá ser una sobre o mesmo aspecto.

O que Tomas Kuhn protesta é que os cientistas não podem ter nenhuma experiência imediata mais elementar do que a própria visão do objecto, sendo que a alternativa dos mesmos é criar uma "visão" através dos paradigmas que transforme o objecto em alguma coisa.É através do paradigma que grandes áreas da experiência são determinadas, sendo que, na sequência, filósofos e cientistas buscam uma definição operacional destas experiências. Podemos, então, dizer que uma questão só pode ser formulada assumindo um paradigma, e que a resposta será formulada assumindo um outro paradigma. Logo, para paradigmas diferentes, respostas diferentes. Não existe um método científico que determina as práticas da investigação científica, mas sim um conjunto de regras que são relativas, cada uma, a diferentes paradigmas. Enquanto houver problemas cujas soluções se encaixam no que prevê o paradigma, a ciência normal funciona adequadamente.

Novamente, Thomas Kuhn frisa que nenhuma mudança é total. Não existe estabilidade nem na descoberta, nem em nenhuma revolução científica. E por mais que se criem teorias e procurem respostas, o mundo continua exactamente o mesmo. Além disto, após uma nova descoberta, quase tudo o que havia sido descoberto até então é abandonado. O que vale é sempre a última descoberta.Porém, dentro destes novos paradigmas que são criados, também encontramos aqueles cientistas que, dentro de um paradigma, acabam por descobrir um problema onde não havia nenhum, e que não conseguem adoptar uma solução, como no caso de Dalton, que dizia que se o oxigénio e o nitrogénio fossem misturados e não combinados na atmosfera então o gás mais pesado - no caso o oxigénio deveria manter-se no fundo, contudo, ele nunca conseguiu demonstrar porque o oxigénio não se comportava desta maneira.Enfim, sempre que os cientistas descobrem novos paradigmas, passam a ver e a viver num mundo totalmente novo.