as redes socias e o novo consumidor de noticias

3
As redes socias e o novo consumidor de notícias Eloy Santos Vieira * Aquele espectador que fica na poltrona esperando que as notícias cheguem até ele está ficando cada vez mais raro. As mídias digitais só reafirmam o 'novo consumidor de notícias', é o que traz um estudo norte-americano divulgado no começo do último mês de março pelo Project for Excellence in Journalism que entrevistou mais de 2000 adultos. Segundo o estudo, mais de um terço dos internautas norte-americanos contribuem na construção e na difusão de notícias através de redes como o Facebook e o Twitter. A pesquisa ainda constata que, na era digital, a relação entre a onipresença das notícias e as relações interpessoais fica cada vez mais intensa por meio das redes sociais (ou rede sócio-virtuais), pois, é através delas que o novo consumidor de notícias filtra, acessa, reage e até participa da notícia, endossando o dado de que a grande maioria dos internautas norte- americanos dizem que consomem notícias porque simplesmente gostam de discutí-las com familiares, amigos e colegas de trabalho. A rede social que mais faz sucesso no Brasil é, de longe, o Orkut, praticamente dominado pelos brasileiros. Apesar de bastante usado para perfis pessoais, empresas e assessorias de comunicação já notaram o potencial comunicacional da rede e começam a investir cada vez mais no relacionamento com pessoas comuns. Atualmente o Facebook vem caindo no gosto do Brasil, mas ainda somos minoria. No Twitter não é muito diferente, embora 10% de todos os tweets sejam nossos, o site ainda nem disponibiliza uma versão em português. Mesmo não tão famosos assim por aqui, perfis corporativos são cada vez mais comuns no Facebook e no Twitter, empresas e até jornais, revistas e veículos de comunicação de diversas plataformas entram de cabeça no mundo

Upload: eloy-vieira

Post on 12-Mar-2016

212 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Eloy Santos Vieira* * Acadêmico de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal de Sergipe.

TRANSCRIPT

As redes socias e o novo consumidor de notícias

Eloy Santos Vieira*

            Aquele espectador que fica na poltrona esperando que as notícias cheguem até ele está ficando cada vez mais raro. As mídias digitais só reafirmam o 'novo consumidor de notícias', é o que traz um estudo norte-americano divulgado no começo do último mês de março pelo Project for Excellence in Journalism que entrevistou mais de 2000 adultos. Segundo o estudo, mais de um terço dos internautas norte-americanos contribuem na construção e na difusão de notícias através de redes como o Facebook e o Twitter. A pesquisa ainda constata que, na era digital, a relação entre a onipresença das notícias e as relações interpessoais fica cada vez mais intensa por meio das redes sociais (ou rede sócio-virtuais), pois, é através delas que o novo consumidor de notícias filtra, acessa, reage e até participa da notícia, endossando o dado de que a grande maioria dos internautas norte-americanos dizem que consomem notícias porque simplesmente gostam de discutí-las com familiares, amigos e colegas de trabalho.

            A rede social que mais faz sucesso no Brasil é, de longe, o Orkut, praticamente dominado pelos brasileiros. Apesar de bastante usado para perfis pessoais, empresas e assessorias de comunicação já notaram o potencial comunicacional da rede e começam a investir cada vez mais no relacionamento com pessoas comuns. Atualmente o Facebook vem caindo no gosto do Brasil, mas ainda somos minoria. No Twitter não é muito diferente, embora 10% de todos os tweets sejam nossos, o site ainda nem disponibiliza uma versão em português.

            Mesmo não tão famosos assim por aqui, perfis corporativos são cada vez mais comuns no Facebook e no Twitter, empresas e até jornais, revistas e veículos de comunicação de diversas plataformas entram de cabeça no mundo das redes sociais. No caso do Facebook os usuários comuns podem compartilhar as notícias, ou seja, divulgar a notícia em meio a sua rede de contatos, além de ainda poder comentar e discutir o assunto com usuários de qualquer lugar do mundo que possua um perfil no site. Já o Twitter, muito mais recente, conciso e objetivo, permite que até pessoas fora da rede tenham acesso às notícias, já os usuários tem liberdade para divulgar notícias de qualquer natureza para seus seguidores, seja 'retuitando' as notícias de suas timelines ou mesmo enviando links direto dos sites de onde são obtidas as informações, além disso, é possível até comentar, mas os prolixos não tem vez, notícias e comentários devem dividir os míseros 140 caracteres disponíveis.

            Hoje o acesso à internet é cada vez mais comum, segundo a pesquisa dos Estados Unidos, a internet só perde para a televisão (local, cabo ou nacional) como principal fonte de notícias. No Brasil,  o instituto Vox Populi realizou pesquisa encomendada pelo grupo Máquina no ano passado entrevistando cerca de 2500 pessoas em oito grandes cidades, o resultado foi semelhante ao constatado nos Estados Unidos, ou seja, a internet também só perde para a televisão, ficando com pouco mais de 20% da preferência do público enquanto a TV é a plataforma preferida por mais da metade da audiência brasileira. Mas a pesquisa mostra que as redes sociais como fonte de notícia ainda não caíram no gosto dos brasileiros, pois o índice de pessoas que procuram as redes sociais como principal fonte de notícias não chega nem a 3%. Um dado interessante da mesma pesquisa é que o Rádio assume a ponta quando o quesito é a confiabilidade do meio de comunicação, logo depois, com uma diferença ínfima, vem a internet e a TV só aparece em terceiro, seguida pela mídia impressa e, na lanterninha aparecem as redes sociais.               Há estimativas de que ainda este ano, cerca de 100 milhões de brasileiros tenham acesso à rede mundial de computadores, reforçando o fenômeno que o filósofo Manuel Castells chama de 'Sociedade em Rede', reflexão trazida por ele desde a década de 70, mas, que só nos últimos anos tem tomado forma e se concretizado, inclusive aqui no Brasil, um país que, apesar de não estar no 1º mundo, está sempre acompanhando as novidades tecnológicas além de ter indiscutíveis traços de sociabilidade fazendo com que as redes sócio-virtuais só intensifiquem as relações interpessoais. Já podemos afirmar que nosso país já está bastante engajado nessa tendência global liderada pelos Estados Unidos.   * Acadêmico de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal de Sergipe.