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21/01/13 As recentes alterações na Lei das Sociedades Anônimas - Patrícia Freitas Borges - JurisWay www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5483 1/44 Cursos Certificados Concursos OAB Vídeos Modelos Perguntas Notícias Fale Conosco Mais... Email Senha Ok Esqueceu a senha? Não tem cadastro? 1 Ok powered by Google Sala dos Doutrinadores - Monografias Autoria: Patrícia Freitas Borges Advogada inscrita na OAB-DF sob o n. 34.756. Advocacia de apoio no sul de Minas Gerais. envie um e-mail para este autor Outros artigos do mesmo autor INFRAÇÕES PENAIS VIRTUAIS: competência jurisdicional do julgamento Direito de Informática Outros artigos da mesma área Ação de regresso no contrato de fomento mercantil O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDE LIMITADA- EIRELI Quais são as sociedades não possuidoras de personalidade jurídica? A exigência de certidão negativa de débito na recuperação judicial CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA COMO ESTRUTURA DE CONSERVAÇÃO DOS RELACIONAMENTOS CONTRATUAIS O CHEQUE E A INOPONIBILIDADE AO TERCEIRO DE BOA FÉ EIRELI - EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA Comentários sobre o Endosso Como Constituir uma Franquia de Sucesso PARTICIPAÇÃO DE SOCIEDADE ESTRANGEIRA NO CAPITAL SOCIAL DE SOCIEDADE NACIONAL Mais artigos da área... Monografias Direito Empresarial Sociedade As recentes alterações na Lei das Sociedades Anônimas Na última década, a Lei das Sociedades Anônimas sofreu diversas alterações, operadas pelas leis n. 10.303/01, 11.638/07 e 11.941/09. Tais modificações devem ser analisadas, eis que inseriram ou reformularam diversos dispositivos importantes naquela. Texto enviado ao JurisWay em 24/2/2011. Indique aos amigos Quer disponibilizar seu artigo no JurisWay? Saiba como... RESUMO BORGES, Patrícia Freitas. As recentes alterações na Lei das Sociedades Anônimas . Universidade José do Rosário Vellano-UNIFENAS, 2010. Monografia (Graduação em Direito). As sociedades, no Direito Empresarial, podem ser simples ou empresárias. Estas estão previstas no Código de Processo Civil e são classificadas em: sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade em comandita por ações, sociedade limitada e sociedade anônima. As sociedades anônimas são criadas com o intuito de desenvolver atividade econômica organizada para a produção e/ou circulação de bens ou serviços. Sua peculiaridade é a divisão do capital em ações, que podem ser negociadas no mercado de capitais. Tal espécie societária é regulada pela Lei n. 6.404/76, conhecida por Lei das Sociedades Anônimas. Nos dias atuais, com a popularização do mercado de valores mobiliários – pois cada vez mais buscam-se formas de multiplicar o patrimônio por meio desta forma de investimento – é muito útil o estudo desse tipo de sociedade, para sua melhor compreensão e, consequentemente, obtenção de sucesso nas operação financeiras. Na última década, a mencionada Lei sofreu diversas alterações, operadas pelas leis n. 10.303/01, 11.638/07 e 11.941/09. Tais modificações devem ser analisadas, eis que inseriram ou reformularam diversos dispositivos importantes daquela Lei. Palavras-chave: Sociedades anônimas; Lei n. 6.404/76; Recentes alterações.

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Borges

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As recentes alterações na Lei dasSociedades Anônimas

Na última década, a Lei das Sociedades Anônimassofreu diversas alterações, operadas pelas leis n.10.303/01, 11.638/07 e 11.941/09. Tais modificaçõesdevem ser analisadas, eis que inseriram oureformularam diversos dispositivos importantesnaquela.

Texto enviado ao JurisWay em 24/2/2011.

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RESUMO

BORGES, Patrícia Freitas. As recentes alterações na Lei das Sociedades Anônimas. Universidade José

do Rosário Vellano-UNIFENAS, 2010. Monografia (Graduação em Direito).

As sociedades, no Direito Empresarial, podem ser simples ou empresárias. Estas estão previstas no Código

de Processo Civil e são classificadas em: sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples,

sociedade em comandita por ações, sociedade limitada e sociedade anônima. As sociedades anônimas são

criadas com o intuito de desenvolver atividade econômica organizada para a produção e/ou circulação de bens

ou serviços. Sua peculiaridade é a divisão do capital em ações, que podem ser negociadas no mercado de

capitais. Tal espécie societária é regulada pela Lei n. 6.404/76, conhecida por Lei das Sociedades Anônimas.

Nos dias atuais, com a popularização do mercado de valores mobiliários – pois cada vez mais buscam-se

formas de multiplicar o patrimônio por meio desta forma de investimento – é muito útil o estudo desse tipo de

sociedade, para sua melhor compreensão e, consequentemente, obtenção de sucesso nas operação

financeiras. Na última década, a mencionada Lei sofreu diversas alterações, operadas pelas leis n. 10.303/01,

11.638/07 e 11.941/09. Tais modificações devem ser analisadas, eis que inseriram ou reformularam diversos

dispositivos importantes daquela Lei.

Palavras-chave: Sociedades anônimas; Lei n. 6.404/76; Recentes alterações.

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ABSTRACT

BORGES, Patrícia Freitas. Recent changes in the Corporations Law. Universidade José do Rosário Vellano-

UNIFENAS, 2010. Monograph (Graduation in Law).

Companies, in Corporate Law, can be simple or entrepreneurs. These are in the Code of Civil Procedure and are

classified as: general partnership, limited partnership, partnership limited by shares, limited partnership and

corporation. Corporations are created with the aim of developing economic activity organized for the production

and / or circulation of goods or services. Its peculiarity is the division of capital stock that can be traded in capital

markets. This species is regulated by the Corporate Law n. 6.404/76, known as the Corporations Law. Nowadays,

with the popularization of the securities market - as more ways are sought to multiply their heritage through this form

of investment - it is very useful to study this kind of society, for better understanding and hence achieving success in

the financial transaction. In the last decade, the aforementioned Law has undergone several changes, operated by

laws n. 10.303/01, 11.638/07 and 11.941/09. Such changes should be analyzed, since it inserted or revised several

important provisions of that Law.

Keywords: Corporations, Law n. 6404/76; Recent changes.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

art. - artigo

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

LSA – Lei das Sociedades Anônimas

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10

2 SOCIEDADES EMPRESÁRIAS ................................................................................... 12

2.1 Conceito .......................................................................................................................... 12

2.2 Espécies de sociedades empresárias .............................................................................. 14

2.2.1 Sociedade em nome coletivo ........................................................................................ 14

2.2.2 Sociedade em comandita simples.................................................................................. 17

2.2.3 Sociedade em comandita por ações .............................................................................. 20

2.2.4 Sociedade limitada ....................................................................................................... 21

2.2.5 Sociedade anônima ....................................................................................................... 24

3 A LEI DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS COM AS ALTERAÇÕES DA LEI N. 10.303/01 27

3.1 A Lei n. 10.303/01........................................................................................................... 27

3.2 Constituição da sociedade anônima............................................................................... 27

3.3 Características da sociedade anônima .......................................................................... 29

3.4 Objeto social da sociedade anônima ............................................................................. 30

3.5 Nome empresarial da sociedade anônima .................................................................... 32

3.6 Espécies de sociedade anônima ..................................................................................... 33

3.6.1 Mercado de valores mobiliários .................................................................................... 37

3.7 Capital social da sociedade anônima ............................................................................ 39

3.8 Órgãos da sociedade anônima ....................................................................................... 42

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3.8.1 Assembleia Geral .......................................................................................................... 43

3.8.2 Conselho de Administração .......................................................................................... 46

3.8.3 Diretoria......................................................................................................................... 47

3.8.4 Conselho Fiscal ............................................................................................................. 47

3.9 Valores mobiliários ........................................................................................................ 48

3.9.1 Debêntures .................................................................................................................... 49

3.9.2 Partes beneficiárias ....................................................................................................... 53

3.9.3 Bônus de subscrição ..................................................................................................... 53

3.9.4 Ações ............................................................................................................................ 54

3.10 Acionistas ...................................................................................................................... 56

3.11 Elaboração e divulgação de demonstrações financeiras ........................................... 60

4 OUTRAS ALTERAÇÕES .............................................................................................. 64

4.1 Alterações da Lei n. 11.638/07 ...................................................................................... 64

4.2 Alterações da Lei n. 11.941/09 ...................................................................................... 66

5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 69

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 71

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende contribuir para o estudo da sociedade anônima,

verificando as recentes alterações operadas no diploma legal que a regulamenta - a Lei n.

6.404/76 – e, consequentemente, suas implicações para os acionistas, bem como para os

investidores.

A novidade deste trabalho consiste em se examinar as modificações inseridas

na Lei das Sociedades Anônimas na última década, por meio das leis n. 10.303/01,

11.638/07 e 11.941/09, uma vez que essas desencadearam significativas mudanças no

âmbito das companhias. Assim, foi possível indicar as mais contemporâneas normas

jurídicas editadas com a finalidade de tratar da presente espécie societária.

O principal objetivo enfocado é a análise das alterações promovidas na Lei n.

6.404/76 pela Lei 10.303/01, uma vez que esta foi a que mais trouxe dispositivos que

afetaram os acionistas e o mercado de investidores.

No mundo capitalista em que vivemos, cada vez mais as pessoas buscam e

descobrem diferentes formas de investimento, a fim de melhorar sua capacidade financeira.

Consequentemente, o investimento em sociedades de ações tem se popularizado, já

fazendo parte do cotidiano de milhares de brasileiros. Assim, o interesse que motiva esta

pesquisa é o conhecimento, estudo e compreensão mais apurados daquelas e da Lei que

as regula, eis que demonstrada sua enorme interferência na vida das pessoas.

Embora haja vários estudos disponíveis a respeito do mercado de capitais,

justifica-se a presente pesquisa para demonstrar o aspecto jurídico da questão.

Normas jurídicas que são, as leis em comento serviram para regular as relações

interpessoais efetuadas no âmbito do Direito Empresarial, mais especificamente no que

concerne à participação e realização de transações com sociedades anônimas. Com

efeito, deram maior segurança aos negócios jurídicos, por meio de garantias legais

dispostas a todos os acionistas, bem como tornaram mais transparentes as atividades das

companhias, facilitando não só a estes, mas também ao público em geral o acesso às sua

informações, o que garante a segurança adequada aos investimentos privados.

Foi utilizado o método dedutivo para a realização desta pesquisa, que é do tipo exploratória e

bibliográfica, pois consistiu na interpretação sistemática da Lei n. 6.404/76, à luz da nova redação obtida com

o advento das Lei n. 10.303/01, 11.638/07 e 11.941/09, bem como na compreensão e interpretação de demais

normas jurídicas e teorias (doutrinas, artigos científicos e publicações de interesse geral).

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2 SOCIEDADES EMPRESÁRIAS

2.1 Conceito

Ab initio, para melhor compreensão do conceito de sociedade empresária, vale

trazer à baila o conceito de sociedade, formulado por Nogueira:

Sociedade é o contrato celebrado entre pessoas físicas e/ou jurídicas, ou somente

entre pessoas físicas (art. 1.039), por meio do qual estas se obrigam

reciprocamente a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade

econômica e a partilhar, entre si, os resultados (NOGUEIRA, 2010, p. 269).

No Direito Empresarial, as sociedades recebem diversas classificações. Uma

delas distingue as sociedades simples e as sociedades empresárias.

O Código Civil, em seu artigo 982, revela tal diferenciação:

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que

tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art.

967); e, simples, as demais.

Essa divisão leva em conta a forma de organização que a sociedade assume, ou

seja, é feita de acordo com o exercício ou não de atividade econômica organizada para a

produção ou circulação de bens ou serviços (BERTOLDI; RIBEIRO, 2009, p. 146).

A sociedade simples pratica uma atividade econômica. Entretanto, tal atividade

não é organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços (NOGUEIRA, 2010,

p. 273).

Ainda citando Nogueira (2010, p. 270), “o objeto da sociedade simples poderá

incluir a prestação de serviços intelectuais, artísticos, científicos ou literários”.

Deve-se esclarecer que essa classificação decorre do conceito de empresário,

que é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a

produção ou circulação de bens ou serviços.

Com efeito, a sociedade empresária é aquela que tem por objeto o exercício de

atividade própria de empresário, consoante prevê o já mencionado artigo 982 do Código

Civil.

Consequentemente, é caracterizada pela economicidade - criação de riquezas;

pela organização - uma estrutura visível, de fatores objetivos e subjetivos de produção; e

pela profissionalidade - habitualidade de seu exercício (NOGUEIRA, 2010, p. 270).

Conceituando a sociedade empresária, Fazzio Júnior leciona:

Identifica-se como sociedade empresária a pessoa jurídica de direito privado,

implementada por um contrato, cujo objeto social é a exploração de atividade

empresarial, ou que, independente de seu objeto, adota a forma societária por

ações. [...] ...é uma sociedade contratual, cuja personalidade jurídica surge quando

devidamente registrada na Junta Comercial (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 108).

No mesmo sentido, Bertoldi e Ribeiro (2009, p. 146) conceituam sociedades

empresárias como “organizações econômicas, dotadas de personalidade jurídica e

patrimônio próprio, constituídas ordinariamente por mais de uma pessoa, que têm como

objetivo a produção ou a troca de bens ou serviços com fins lucrativos”.

Dessarte, basicamente, o que caracteriza uma sociedade empresária é o

desenvolvimento de uma atividade econômica organizada para a produção e/ou circulação

de bens e/ou serviços, cuja finalidade é a aferição de lucro.

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2.2 Espécies de sociedades empresárias

As espécies de sociedades empresárias possíveis no Brasil são: sociedade em

nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade em comandita por ações,

sociedade limitada e sociedade anônima.

Bertoldi e Ribeiro, de forma mais completa, lecionam:

O Código Comercial de 1850 possibilitava a criação de algumas formas de

sociedade. Eram elas: sociedade em comandita (arts. 311 a 314), sociedade em

nome coletivo (arts. 315 e 316), sociedade de capital e indústria (arts. 317 a 324) e

sociedade em conta de participação (arts. 325 a 328). Outras três formas eram

concebidas por leis esparsas: sociedade por cotas de responsabilidade limitada

(Dec. 3.708/19), sociedade anônima (Lei 6.404/76) e sociedade em comandita por

ações (Lei 6.404/76). Com a edição do Código Civil de 2002, permanecem em

nosso ordenamento jurídico as seguintes sociedade empresariais: sociedade em

nome coletivo (arts. 1.039 a 1.044), sociedade em comandita simples (arts. 1.045 a

10.051), sociedade limitada (arts. 1.052 a 1.087), sociedade anônima (arts. 1.088 e

1.089) e sociedade em comandita por ações (arts. 1.090 a 1.092). Quanto à

sociedade anônima e à comandita por ações, o Código Civil remete seu regramento

à lei especial, neste caso, à Lei 6.404/76. (BERTOLDI; RIBEIRO, 2009, p. 175)

(grifo no original)

A seguir, inicia-se uma breve exposição acerca de cada tipo societário, a fim de

possibilitar a distinção entre eles.

2.2.1 Sociedade em nome coletivo

A sociedade em nome coletivo está prevista no artigo 1.039 e seguintes do

Código Civil. O artigo 1.040 prevê a aplicação subsidiária, em caso de omissão, das

normas da sociedade simples.

Discorrendo sobre a origem desse tipo societário, o autor Nogueira contribui

para a melhor compreensão:

As sociedades em nome coletivo – também chamadas solidárias ou, ainda, livres ou

gerais, como faz o decreto francês de 1673 – têm sua origem na compagnia,

sociedade familiar, assim identificada pelo próprio nome: com pão (cum panis), isto

é, entre aqueles que compartilham o alimento cotidiano (NOGUEIRA, 2010, p. 375).

No magistério de Bertoldi e Ribeiro (2009, p. 182), a sociedade em nome

coletivo, “originada na Idade Média, teve seu surgimento do fato de que os irmãos que

recebiam, por herança, os negócios do seu ancestral os mantinham em nome coletivo - era,

portanto, sociedade composta essencialmente por familiares” (grifo no original).

Assim, ainda que sócios não pertençam à mesma família, sua característica é

sempre familiar, vinculando-os por um contrato social.

O primeiro artigo do Código Civil que trata da sociedade em nome coletivo

(artigo 1.039) traz marcantes características desta:

A sociedade somente pode ser constituída por pessoas físicas. Ademais, seus

sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. Entretanto,

consoante preconiza o artigo 1.043 do Código Civil, essa responsabilidade é subsidiária,

ou seja, os sócios só podem ser obrigados após a execução de todos os bens sociais.

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Ressalte-se, como bem o faz Nogueira (2010), que a referida solidariedade entre

os sócios significa que não se deve obedecer a qualquer ordem de prioridade quando da

cobrança:

Esgotados os bens sociais, os credores poderão acionar um, alguns ou todos os

sócios indistintamente, sem obedecer a qualquer ordem de prioridade na cobrança,

pois a solidariedade se contrapõe ao beneficium ordinis et excussionis entre os

sócios. Essa solidariedade é característica distintiva da sociedade em nome

coletivo, desde sua origem, abraçada não só pelo Código Comercial (art. 317) como

também pela nova legislação civil (art. 1.039) (NOGUEIRA, 2010, p. 377).

Lado outro, o parágrafo único do artigo 1.039 do Código Civil permite aos sócios

limitar, entre si, a responsabilidade de cada um.

Após o pagamento dos credores sociais, os sócios poderão fazer uso da

convenção limitativa de sua responsabilidade, exercendo o direito de regresso uns contra

os outros (NOGUEIRA, 2010, p. 379).

Outra particularidade da sociedade em nome coletivo é que, conforme determina

o artigo 1.042 do Código Civil, sua administração compete exclusivamente a sócios, “(...)

mas é possível que o sócio administrador outorgue mandado a terceiros em situações

específicas, com preposto, sem, contudo, assumir a condição de órgão gerencial”

(NOGUEIRA, 2010, p. 380).

Consoante se extrai do mesmo dispositivo, o nome empresarial da sociedade

em questão é uma firma social, devendo-se adotar as seguintes regras:

(...) o nome da sociedade pode somente ser composto pelo nome de um ou alguns

dos sócios, por extenso ou abreviadamente, acrescidos da expressão “e

companhia”, de forma abreviada ou por extenso. Se todos os nomes dos sócios que

a compõem forem utilizados, nenhum acréscimo poderá ser usado, em obediência

ao princípio da veracidade, previsto no art. 34 da Lei n. 8.934/94 (NOGUEIRA, 2010.

p. 379).

Por último, deve-se ater ao artigo 1.043 do Código Civil, o qual trata da execução

realizada por credor particular.

Segundo tal artigo, o credor particular de sócio de sociedade em nome coletivo

não pode pretender a liquidação da quota deste, enquanto não dissolvida a sociedade.

Nogueira explica esta regra com bastante didática:

Em regra, os credores particulares dos sócios solidários não podem pretender a

liquidação da quota que seu devedor possuir em sociedade em nome coletivo, ou

mesmo comanditado, em sociedade em comandita simples, porque a qualidade de

sócio é pessoal, não podendo outra pessoa estranha ingressar no quadro social

para substituir a retirada dos fundos do sócio executado, e, ainda porque essa

retirada implica redução do capital social, com grave prejuízo à empresa e aos

sócios remanescentes (NOGUEIRA, 2010. p. 378).

Logo, tal execução apenas é possível na liquidação da sociedade. Todavia, o

dispositivo, em seu parágrafo único, incisos primeiro e segundo, prevê duas possibilidades

para a execução do sócio por seu credor particular. Vejamos:

Art. 1.043, parágrafo único. I - a sociedade houver sido prorrogada tacitamente;

II - tendo ocorrido prorrogação contratual, for acolhida judicialmente oposição do

credor, levantada no prazo de noventa dias, contado da publicação do ato dilatório.

Portanto, nestas hipóteses poderá o credor pretender a liquidação da quota do

devedor, anteriormente à dissolução da sociedade.

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2.2.2 Sociedade em comandita simples

A sociedade em comandita simples tem previsão no artigo 1.045 e seguintes do

Código Civil. Pelo artigo 1.046 do mesmo diploma, aplicam-se a ela as normas da

sociedade em nome coletivo, em caso de compatibilidade com os demais dispositivos que

a regem.

A origem da sociedade em comandita simples remonta ao século X:

Este tipo de sociedade surgiu a partir dos séculos X-XI no quadro de comércio

marítimo, no Mediterrâneo. Deriva do empréstimo marítimo (ou empréstimo de

grande risco), no qual um financiador empresta dinheiro a um capitão de navio por

uma ou várias viagens determinadas. Na commenda (de commendare = confiar,

emprestar), o financiador (comanditário) associa-se ao capitão de navio

(comanditado); partilha com ele os lucros, mas não suporta as perdas senão até ao

limite do seu contributo em capital. Este tipo de contrato permitia escapar mais

facilmente à proibição do juro que o empréstimo marítimo; a procura de meios para

fazer frutificar os capitais, não obstante a proibição canônica, contribuiu para o

nascer da ideia duma responsabilidade limitada ao capital investido (JOHN

GILISSEN apud NOGUEIRA, 2010, p. 380).

Entretanto, segundo leciona Borges apud Nogueira, tal tipo societário se encontra

em desuso:

Reduzido à situação de meros prestadores de capital, sem poderem tomar parte na

administração da sociedade, os comanditários cujo capital é considerado precioso

no início da sociedade, ou em seus momentos de dificuldade, passam a ser vistos

com má vontade, logo que a empresa entra em fase de franca prosperidade. Se são

grandes os lucros, ou por pouco que superem as taxas bancárias, começam logo

os comanditados a achar que o comanditário não passa de peso morto a ser alijado

na primeira oportunidade, que fazem aparecer sem demora, esquecidos de que sem

o apoio do capital comanditário a sociedade não teria se constituído (BORGES

apud NOGUEIRA, 2010, p.381).

A principal característica da sociedade em comandita simples é que nela existem

duas categorias de sócios. Consoante se depreende do artigo 1.045 do Código Civil, há os

sócios comanditados e os sócios comanditários.

Os sócios comanditados devem ser pessoas físicas e respondem solidária e

ilimitadamente pelas obrigações sociais. Já os sócios comanditários se obrigam apenas

pelo valor de suas quotas, ou seja, respondem limitadamente ao capital investido na

sociedade.

Pela leitura do artigo 1.047 do Código Civil, verifica-se que o sócio comanditário

não pode praticar atos de gestão, nem tampouco utilizar seu nome na composição do nome

empresarial. Caso contrário, ficará sujeito às responsabilidades de sócio comanditado.

Contudo, o mesmo dispositivo permite ao sócio comanditário participar das

deliberações da sociedade, fiscalizar as operações e ser constituído procurador da

sociedade, para negócio determinado e com poderes especiais.

O ato constitutivo da sociedade em comandita simples é o contrato social, de

acordo com o artigo 997 do Código Civil, aplicável, como já mencionado, por força do

artigo 1.046 do mesmo diploma, devendo haver discriminação dos comanditados e dos

comanditários.

O artigo 1.048 do Código Civil trata da responsabilidade em caso de redução do

capital, positivando que, em caso de redução da quota do sócio comanditário, este

responde pela integralização de sua parte no capital então existente somente em relação

aos credores preexistentes.

Em caso de recebimento de lucros de boa-fé e de acordo com o balanço, o sócio

comanditário é isento de responsabilidade, não sendo obrigado à reposição daqueles

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(artigo 1.049 do Código Civil), exceto se perdas supervenientes fizerem diminuir o capital

social.

Outra regra do modelo societário em questão está contida no artigo 1.050 do

Código Civil, in verbis: “No caso de morte de sócio comanditário, a sociedade, salvo

disposição do contrato, continuará com os seus sucessores, que designarão quem os

represente”. Em outras palavras, a morte de algum sócio comanditário não acarreta a

dissolução da sociedade.

Derradeiramente, no que concerne à dissolução da sociedade em comandita

simples, aduz o artigo 1.051 do Código Civil que tal fato pode ocorrer por qualquer das

causas previstas no art. 1.044 do mesmo Código, o qual faz remição ao artigo 1.033.

Vejamos o citado artigo 1.033:

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de

sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo

indeterminado;

II - o consenso unânime dos sócios;

III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo

indeterminado;

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta

dias;

V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente,

inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua

titularidade, requeira no Registro Público de Empresas Mercantis a transformação

do registro da sociedade para empresário individual, observado, no que couber, o

disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.

Acrescente-se que o artigo 1.044 também permite a dissolução em caso de

declaração da falência.

O parágrafo único do artigo 1.051 do Código Civil permite que, na falta de sócio

comanditado, os comanditários nomeiem um administrador provisório para praticar, durante

o período de cento e oitenta dias e sem assumir a condição de sócio, os atos de

administração.

2.2.3 Sociedade em comandita por ações

A sociedade em comandita por ações está prevista nos artigos 1.090 a 1.092 do

Código Civil e na Lei n. 6.404/76 - a qual trata das sociedades anônimas -, mais

especificamente nos artigos 280 a 284.

“Praticamente todas as disposições referentes à sociedade anônima aplicam-se

a esse tipo de sociedade, com exceção do que se refere às disposições relativas à

responsabilidade de alguns acionistas, forma de administração e denominação”

(BERTOLDI; RIBEIRO, 2009, p. 421).

Essa sociedade tem a mesma origem da sociedade em comandita simples. A

partir da necessidade de restringir a responsabilidade de alguns sócios, surgiu a pessoa do

sócio comanditário (NOGUEIRA, 2010, p. 421).

Segundo o artigo 1.090 do Código Civil, a sociedade em comandita por ações

tem seu capital social dividido em ações e opera sob firma ou denominação.

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Comentando tal dispositivo, lecionam Bertoldi e Ribeiro:

A sociedade em comandita por ações também tem seu capital social dividido em

ações, podendo adotar como nome uma firma ou denominação, sempre seguida

das palavras “comandita por ações”, por extenso ou abreviadamente. Caso adote

como nome a forma de firma, ela necessariamente deverá conter tão-somente os

nomes dos sócios diretores ou gerentes (BERTOLDI; RIBEIRO, 2009, p. 183).

Aqueles sócios-diretores ou gerentes que figurarem, por seus nomes, na firma ou

razão social, ficam responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais

(SUZUKI, 2008, p. 152).

Pelo artigo 1.091 do Código Civil, somente o acionista tem qualidade para

administrar a sociedade e, como diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas

obrigações da sociedade.

Lado outro, caso exista mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis,

depois de esgotados os bens sociais.

No que tange à nomeação dos diretores, ocorrerá no ato constitutivo da

sociedade, sem limitação de tempo, e os nomeados somente poderão ser destituídos por

deliberação de acionistas que representem no mínimo dois terços do capital social.

Caso o diretor seja destituído ou exonerado, ele deve continuar, pelo prazo de

dois anos, responsável pelas obrigações sociais contraídas sob sua administração.

Assevera o artigo 1.092 do Código Civil que a assembleia geral não pode, sem o

consentimento dos diretores, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo

de duração, aumentar ou diminuir o capital social e criar debêntures ou partes beneficiárias.

Sobre a sociedade comandita por ações, resta dizer, diferentemente das

companhias, ela não conta com conselho de administração, não pode ter capital autorizado

e não pode emitir bônus de subscrição (BERTOLDI; RIBEIRO, 2009, p. 184).

2.2.4 Sociedade limitada

A sociedade limitada é de origem alemã e data do século XIX. Assim informam

Bertoldi e Ribeiro:

Esse tipo de sociedade surgiu em 1892, na Alemanha, com a criação da chamada

sociedade de responsabilidade limitada. Logo o novo modelo serviu de inspiração

para que outros países adotassem aquele formato de sociedade, que tinha como

vantagem a simplicidade de sua constituição, se comparada com as sociedades

anônimas, além do fato de seus sócios não responderem de forma ilimitada pelas

dívidas da sociedade, com ocorria com os demais tipos de sociedades então

existentes. Uma vez integralizado o capital da sociedade limitada, estarão os

sócios desonerados de responsabilidade no que se refere às dívidas assumidas

pela sociedade (BERTOLDI; RIBEIRO, 2009, p. 189).

Atualmente, no Brasil, a sociedade limitada é regida pelo Código Civil, em seu

artigo 1.052 e seguintes.

Vale ressaltar que o termo “limitada”, contido em seu nome, significa uma

limitação de responsabilidade somente em relação aos sócios, e não à sociedade como

um todo, a qual deve responder integral e ilimitadamente pelas dívidas em seu nome

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(BERTOLDI; RIBEIRO, 2009, p. 189).

Com efeito, como reza o artigo 1.052 do Código Civil, na sociedade limitada a

responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas. No entanto, todos

respondem solidariamente pela integralização do capital social.

O artigo 1.053 do Código Civil estabelece que esta sociedade deve adotar as

normas da sociedade simples, em caso de omissão do Capítulo que a regulamenta.

Ademais, seu parágrafo único permite a adoção supletiva das normas da sociedade

anônima, caso haja previsão no contrato social.

Pelo artigo 1.054 do Código Civil, o ato constitutivo da sociedade limitada, que é

um contrato social, deve mencionar, no que couber, as indicações do artigo 997 do mesmo

diploma e, se for o caso, a firma social.

No que diz respeito ao ingresso de incapazes na sociedade limitada, ensina

Nogueira:

No novo Código Civil parece não existir dúvidas quanto à possibilidade de o menor

poder prosseguir na qualidade de sócio, em virtude de sucessão por morte do titular

da quota, mediante suprimento judicial e por meio de representante, devidamente

assistido (art. 974). Se a lei autoriza o prosseguimento da atividade empresarial,

não há qualquer restrição ao exercício do direito de sócio (NOGUEIRA, 2010, p.

398).

Relativamente ao nome empresarial, consoante prevê o artigo 1.158 do Código

Civil, a sociedade limitada pode adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final

“limitada” ou a sua abreviatura.

Quanto ao capital social da sociedade limitada, este é dividido em quotas, iguais

ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio (artigo 1.055 do Código Civil).

Bertoldi e Ribeiro explicam, de forma majestosa, como isso se dá:

O capital social é fracionado em quotas, iguais ou desiguais. Cabe aos sócios

determinar quantas quotas representarão o total do capital social e qual o seu valor

unitário. Usualmente e de molde a facilitar a sua divisão e representação, cada

quota corresponde a uma unidade monetária. Assim, imaginemos uma sociedade

composta por quatro sócios que resolvem dividir o capital social em partes iguais,

ou seja, 25% para cada um deles, tendo como capital social o valor de R$

100.000,00. Cada quota valerá R$ 1,00, a sociedade terá 100.000 quotas e os

sócios serão titulares de 25.000 quotas cada um. No entanto, nada impede que

essa mesma sociedade, por determinação de seus componentes, estabeleça que

seu capital social se dividirá em apenas quatro quotas no valor de R$ 25.000,00

cada uma, distribuídas uma para cada sócio (BERTOLDI; RIBEIRO, 2009, p. 205).

Do artigo 1.060 ao artigo 1.065 do Código Civil se encontram referências à

forma de administração da sociedade limitada.

Há determinação de que o administrador seja designado no contrato social ou

em ato separado, bem como permissão de que pessoas que não os sócios exerçam tal

função.

Nos dispositivos que regulamentam a sociedade limitada, também há previsão

para que esta possa, em seu contrato social, contemplar a existência de um conselho fiscal.

Ao conselho fiscal cabe acompanhar e fiscalizar os atos de administração da

sociedade, dentre as atribuições que estão previstas no artigo 1.069 do Código Civil e

outras que podem estar no contrato social e em lei.

Finalmente, resta dizer que a sociedade limitada pode ser dissolvida, de pleno

direito, por qualquer das hipóteses previstas no artigo 1.044 do Código Civil, o qual

menciona a falência e faz remição ao artigo 1.033.

Vejamos o artigo 1.033:

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

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I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de

sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo

indeterminado;

II - o consenso unânime dos sócios;

III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo

indeterminado;

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta

dias;

V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente,

inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua

titularidade, requeira no Registro Público de Empresas Mercantis a transformação

do registro da sociedade para empresário individual, observado, no que couber, o

disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.

2.2.5 Sociedade anônima

A sociedade anônima teve origem na Idade Média. Podem-se citar dois empreendimentos

surgidos nesta época, que foram um esboço do modelo atual desta espécie societária: o

Banco de São Jorge e a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (BERTOLDI;

RIBEIRO, 2009, p. 219).

O Banco de São Jorge nasceu a partir dos empréstimos que eram realizados pelos

particulares ao Estado, a fim de que este cobrisse despesas com obras públicas e guerras

(BERTOLDI; RIBEIRO, 2009, p. 219).

Borges apud Nogueira (2010, p. 419) explica como funcionava o Banco de São Jorge:

“Contraindo empréstimos vultosos, a república de Gênova cedia a seus credores, para

garantia de seu reembolso, o direito à percepção de determinados tributos. Denominava-se

compera a aquisição de tal direito e, por isso, os débitos públicos tomavam o nome de

compere”.

Com efeito, formaram-se associações de credores, cujos créditos representavam parcela

do capital social. Nelas, o capital era divido em ações, os credores recebiam dividendos

obtidos com as transações bancárias, havia estatutos e a responsabilidade dos sócios era

limitada ao capital investido (BERTOLDI; RIBEIRO, 2209, p. 218).

As Companhias Holandesas das Índias foram criadas em 1604, com o intuito de explorar o

Novo Mundo. O Estado, necessitando de investir nas expedições de exploração, reunia

capital privado, abrindo aos particulares oportunidade de investimento no negócio. A eles

era dado o direito de ter da companhia os lucros e parcela no patrimônio (BERTOLDI;

RIBEIRO, 2009, p. 218).

Nogueira exemplifica tal situação:

O custo dessas operações era altíssimo, exigindo a cooperação de muitosinvestidores. Para atraí-los os fundadores empregavam nomes emocionantes, como“Mistério e Companhia dos Aventureiros Mercadores para a Descoberta de Regiões,Domínios, Ilhas e Lugares Desconhecidos”, sociedade que veio a contar comduzentos e quarenta acionistas, subscritores de um total de 6.000 libras de capitalsocial, valor considerável na época (NOGUEIRA, 2010, p. 418).

No evoluir da história, as sociedades anônimas desvencilharam-se do Estado e, a partir da

Revolução Francesa, passaram a depender apenas de autorização legal (NOGUEIRA,

2010, p. 419).

Nos dias atuais, a previsão legal da sociedade anônima - também chamada de sociedade

por ações e de companhia -, encontra-se, no ordenamento jurídico brasileiro, no artigo

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1.088 do Código Civil. O artigo 1.089 do mesmo diploma determinou sua regulamentação

em lei especial e utilização de suas disposições em casos omissos.

A lei que rege a sociedade anônima é a Lei n. 6.404/76, conhecida por Lei das Sociedades

Anônimas (LSA). Desde sua entrada em vigor, ela sofreu várias alterações. As mais

contemporâneas foram operadas pela Lei n. 10.303/01, pela Lei n. 11.638/07 e pela Lei n.

11.941/09.

As sociedades anônimas são, geralmente, sociedades que executam grandes

operações e por isso necessitam de grandes investimentos, que buscam no mercado, em

geral, com a oferta de títulos de crédito como ações e valores mobiliários, capitalizando-se

para atingir seu objetivo social (SUZUKI, 2008, p. 99).

Fazzio Júnior, de forma mais ampla, conceitua a sociedade anônima:

É a pessoa jurídica de direito privado, empresária por força de lei, regida por um

estatuto e identificada por uma denominação, criada com o objetivo de auferir lucro

mediante o exercício da empresa, cujo capital é dividido em frações transmissíveis,

composta por sócios de responsabilidade limitada ao pagamento das ações

subscritas (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 175).

Dessa forma, verificados os aspectos gerais da sociedade anônima, passa-se a

seu estudo aprofundado no capítulo seguinte.

3 A LEI DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS COM AS ALTERAÇÕES DA LEI N. 10.303/01

3.1 A Lei n. 10.303/01

A Lei n. 10.303 foi sancionada em 31 de outubro de 2001, para alterar e

acrescentar dispositivos na Lei n. 6.404/76.

Barbosa Filho tece comentários acerca do tema:

Nesse sentido, a Lei 10.303 nasceu da necessidade de entronizar novas práticas

no âmbito das S/As., alterando, minimamente, seu sistema de gestão e

conformando regras novas e capazes de garantir a presença da segurança

adequada aos investimentos privados (BARBOSA FILHO, 2004, p. 13 e 14).

Abaixo serão verificadas tais alterações.

3.2 Constituição da sociedade anônima

De acordo com o artigo 80 da LSA, a constituição da companhia depende do

cumprimento de três requisitos preliminares, a saber:

Art. 80. I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que

se divide o capital social fixado no estatuto;

II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de

emissão das ações subscritas em dinheiro;

III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário

autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em

dinheiro.

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Prevê o parágrafo único do artigo subsequente a devolução dos valores

depositados, diretamente aos subscritores, caso a companhia não seja constituída em seis

meses, contados a partir da data do depósito.

Do artigo 82 ao artigo 93 vislumbra-se que a sociedade anônima pode ser

constituída por subscrição particular (hipótese de constituição simultânea) ou por subscrição

pública (hipótese de constituição sucessiva).

No primeiro caso, no ato de fundação da sociedade, os interessados - que já

conhecem seu projeto – pagam o valor da subscrição e assinam a ata da assembleia ou a

escritura pública. Já, na subscrição pública, há um chamamento público de investidores

(NOGUEIRA, 2010, p. 424 e 425).

Nogueira explica os passos necessários à constituição sucessiva:

a) pedido prévio de registro de emissão de ações na Comissão de Valores

Mobiliários (CVM), que se fará acompanhar de um estudo de viabilidade econômica

e financeira do empreendimento, de projeto de estatuto e de prospecto, documento

assinado pelos fundadores e por instituição financeira que intermediará a operação,

no qual constarão as bases da nova companhia e os motivos que justificam a

expectativa de bom êxito do empreendimento; b) subscrição das ações pelos

interessados, mediante pagamento e assinatura da lista ou do boletim de entrada;

c) realização de assembleia geral visando à avaliação de eventuais bens outorgados

durante o período de subscrição e à constituição da sociedade (NOGUEIRA, 2010,

p. 425).

Constituída a sociedade anônima, ela somente poderá funcionar se seus atos

constitutivos forem arquivados e publicados, consoante determina o artigo 94 da LSA.

O artigo 96 da LSA informa, in verbis: “se a companhia tiver sido constituída por

escritura pública, bastará o arquivamento de certidão do instrumento”.

No entanto, determina o artigo 95 da LSA que, caso a companhia seja constituída

por deliberação em assembleia-geral, deverão ser arquivados um exemplar ou original do

estatuto social, a relação completa dos subscritores do capital social, o recibo do depósito,

duplicatas das atas das assembleias realizadas para a avaliação de bens e duplicata da

ata da assembleia-geral dos subscritores que houver deliberado a constituição da

companhia.

Fazzio Júnior ensina: “A ata da Assembleia Geral traduz a manifestação de

vontade dos subscritores de constituir a companhia. O estatuto é a lei interna que rege a

vida da sociedade anônima. O recibo de depósito da entrada comprova a subscrição do

capital social” (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p.203).

Por último, resta mencionar que a certidão dos atos constitutivos arquivados será

o documento hábil para a transferência, por transcrição no registro público competente, dos

bens com que o subscritor tiver contribuído para a formação do capital social (artigo 98,

parágrafo segundo, da LSA).

3.3 Características da sociedade anônima

O artigo primeiro da LSA prescreve que o capital da sociedade anônima seja

dividido em ações.

As ações são a menor parte do capital social. Também representam direitos dos

acionistas e podem até ser consideradas títulos de crédito (NOGUEIRA, 2010, p. 452). Elas

são de titularidade móvel e impessoal. Senão, vejamos:

É uma sociedade de capital constituída por frações com titularidade móvel e

impessoal, ou seja, seu capital é dividido em ações suscetíveis de transferência,

não interessando a pessoa de seus detentores. Transferem-se as participações, a

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sociedade não tem face, a dinâmica do capital substitui o personalismo estático,

mobilizam-se economias de vastos contingentes populares (FAZZIO JÚNIOR, 2009,

p. 177) (grifo no original).

Uma característica própria da sociedade anônima diz respeito à

responsabilidade limitada dos acionistas.

Ainda no citado artigo primeiro, verifica-se que a responsabilidade dos acionistas

é limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Isto significa que o

acionista responde somente pelo valor das ações que adquire, não se obrigando pelas

dívidas da sociedade (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 176).

Dessa forma, pelo pagamento das ações subscritas, o acionista responde

ilimitadamente, perante a sociedade, até que as integralize, quando nada deverá

nem à sociedade nem a terceiros que com ela negociem. A companhia é que

responderá com todo o seu patrimônio (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 176).

Estas são as peculiaridades da sociedade anônima, em relação às demais modalidades

de sociedades empresárias.

3.4 Objeto social da sociedade anônima

Aduz o artigo segundo da LSA que o objeto da companhia pode ser qualquer

empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes.

Sabe-se que empresa é a atividade econômica organizada para a produção e/ou

circulação de bens e/ou serviços e que, entretanto, nem toda sociedade tem por objetivo o

lucro.

Portanto, pela análise do referido dispositivo legal, verifica-se que “a produção de

riqueza sem busca de ganho patrimonial é incompatível com a sociedade anônima”

(FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 183). Ainda:

Ao preceituar que “pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim

lucrativo...”, o legislador diz que seu objeto é a empresa e seu objetivo é o lucro. Por

isso, a realização de lucros é integrante essencial de seu perfil, é seu fim social, a

ratio essendi de sua existência no universo real e uma de suas marcas distintivas

no plano jurídico (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 183).

O mesmo dispositivo proíbe que a sociedade anônima tenha por objeto atividade

ilícita e moralmente inadequada.

Fazzio Júnior comenta tal disposição:

Nem pode ser diferente. O direito não pode reconhecer, abrigar e conferir

personalidade jurídica a qualquer atividade que o renegue ou a suas finalidades

maiores. Por mais que se admita a plasticidade do mundo negocial, o contexto

jurídico é de submissão à lei e subsunção ao ditames morais (FAZZIO JÚNIOR,

2009, p. 179).

Deve-se dizer também que sociedade anônima pode ter por objeto participar de

outras sociedades (artigo segundo, parágrafo terceiro, da LSA).

O parágrafo segundo do artigo segundo, da LSA determina que o estatuto da

companhia defina seu objeto de modo preciso e completo. De acordo com Nogueira (2010,

p. 431), “os estatutos sociais devem conter os elementos essenciais comuns a qualquer

contrato de constituição de sociedade, tais como sede, nome empresarial e objeto social”.

No entanto, o estatuto da sociedade anônima deve também “delimitar integral e

cabalmente a espécie e a extensão da atividade empresarial que se vai exercitar, ou seja, a

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definição da empresa” (FAZZIO JÚNIOR, 2010, p. 180).

A despeito disso, o estatuto pode ser alterado, consoante ensina Fazzio Júnior:

Pode parecer, numa primeira abordagem, que a rigidez da normação em tela

favorece a paralisia empresarial, máxime num contexto complexo, em que os

negócios andam mais rápidos que sua regulamentação legal. As constantes

metamorfoses do mundo econômico sugerem flexibilidade e, às vezes, até

compelem à diversificação da atividade empresarial. Bem por isso, a LSA consente

na alteração do objeto social da companhia, mas, nesse caso (art. 136, VI),

assegura ao acionista dissidente o direito de recesso mediante o reembolso dos

valores que titulariza (art. 137, caput) (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 180).

Na verdade, as exceções em foco não traduzem tranformação do objeto social, mas

adequação terapêutica adotada para conduzir a sociedade ao cumprimento do

programa que serviu de esteio a sua constituição, sem necessidade de deformação

formal de seu espectro objetivo. O estatuto da companhia é programático, mas não

predestinado. Definidor, não redutor (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 183).

Portanto, o objeto da companhia, que é qualquer atividade econômica lucrativa, deve

constar de seu estatuto, o qual pode ser devidamente alterado, sem que isso prejudique o

acionista ou configure transformação daquele.

3.5 Nome empresarial da sociedade anônima

O nome empresarial da sociedade anônima está previsto no artigo 1.160 do

Código Civil, in verbis:

Art. 1.1160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto

social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por

extenso ou abreviadamente.

Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou

pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa.

O artigo terceiro da LSA também dispõe acerca deste tema:

Art. 3º. A sociedade será designada por denominação acompanhada das

expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou

abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final.

§ 1º. O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha

concorrido para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação.

§ 2º. Se a denominação for idêntica ou semelhante a de companhia já existente,

assistirá à prejudicada o direito de requerer a modificação, por via administrativa

(artigo 97) ou em juízo, e demandar as perdas e danos resultantes.

Fazzio Júnior comenta tais dispositivos:

Como a companhia não vive em função das pessoas que a integram, seu nome

empresarial não pode ser uma razão social com os patronímicos dos acionistas.

Depois, a circulabilidade de suas ações impõe o anonimato, porque não possui

quadro social estável. Os sócios mudam, à medida que se transmite a titularidade

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de suas frações-capital. Daí por que sua identificação se faz por meio de uma

denominação (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 184) (grifo no original).

Assim, verifica-se que a sociedade anônima deve se utilizar de denominação,

possuindo toda a proteção que o Código Civil dispensa aos nomes empresariais.

3.6 Espécies de sociedade anônima

O artigo quarto da LSA trata de fazer esta diferenciação. Senão, vejamos: “Para

os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de

sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários”.

Importante também a prescrição de seu parágrafo primeiro: “Somente os valores

mobiliários de emissão de companhia registrada na Comissão de Valores Mobiliários

podem ser negociados no mercado de valores mobiliários”.

O direito brasileiro adotou o modelo norte-americano de controle estatal do

mercado de capitais, de acordo com o qual toda a atividade de distribuição ao público e

posterior negociação de valores mobiliários é submetida à fiscalização de um órgão estatal

(BARBOSA FILHO, 2004, p. 21).

No mesmo sentido, o parágrafo segundo do referido artigo quarto proíbe a

distribuição pública de valores mobiliários no mercado sem prévio registro na Comissão de

Valores Mobiliários (CVM).

Dessarte, a companhia aberta é a sociedade anônima cujo capital pode ser

disseminado pelo público, negociado em bolsa de valores ou por meio de instituições

financeiras, após registro na Comissão de Valores Mobiliários (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p.

186).

De acordo com o parágrafo terceiro do artigo quarto presente, “a Comissão de

Valores Mobiliários poderá classificar as companhias abertas em categorias, segundo as

espécies e classes dos valores mobiliários por ela emitidos negociados no mercado, e

especificará as normas sobre companhias abertas aplicáveis a cada categoria”.

Barbosa Filho opina acerca de referida inovação na LSA:

A possibilidade de realizar uma classificação das companhias abertas constitui

uma inovação sensível da Lei 10.303/01 e deriva da própria realidade das coisas.

A CVM pode, agora, emitir normas distintas de acordo com o relacionamento da

companhia com o mercado e com as necessidades de proteção dos particulares

perante esta mesma sociedade. As relações internas às sociedades por ações são

diferenciadas e merecem tratamento mais tópico e adequado a cada hipótese

(BARBOSA FILHO, 2004, p. 26).

Já Fazzio Júnior expõe o caráter institucional da companhia aberta:

É interessante atentar para outra opção distintiva das sociedades anônimas: o

caráter institucional da companhia aberta, como segmento de política econômica,

vinculado à vigilância e controle governamental, por oposição ao contratualismo

intuitu personae detectado na sociedade anônima fechada, ainda atada à fidelidade

e à mútua confiança, ingredientes tipificadores da affectio societatis (FAZZIO

JÚNIOR, 2009, p. 186) (grifo no original).

A companhia fechada é no sentido contrário, em que “prevalece o caráter

contratual atado à liberdade dos sócios e seus desígnios privados” (FAZZIO JÚNIOR, 2009,

p. 186).

Assim, conforme preleciona Barbosa Filho (2004, p. 19), “a distinção legal entre

as duas categorias de companhias realiza-se a partir da aplicação de um critério puramente

formal, estabelecido pelo caput do presente artigo 4º” (grifo no original).

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Tratando, ainda, das companhias abertas, o parágrafo quarto daquele artigo

determina a realização de oferta pública para aquisição das ações em circulação no

mercado em caso de cancelamento do registro da companhia na CVM.

Sobre este parágrafo, incluído pela Lei n. 10.303/01 na LSA, Barbosa Filho

leciona:

Quando do advento da Lei 10.303/01, uma das preocupações principais se

concretizou no estabelecimento de uma maior proteção para as minorias frente ao

cancelamento do registro de uma companhia aberta, convertendo-a em fechada,

operação impropriamente chamada de “fechamento de capital”, que desabilita todos

os valores mobiliários emitidos por uma S/A a serem distribuídos ou negociados no

mercado de capitais.

O cancelamento do registro da companhia aberta resultará numa grave e abrupta

perda da liquidez e do valor de negociação das ações, gerando claro prejuízo

econômico-financeiro para o acionista minoritário, visto que, na maior parte das

ocasiões, o controlador figurará como seu único potencial adquirente, assumindo

um poder de barganha extremamente pronunciado.

[...]

O presente parágrafo exige, por isso, em consonância com antecedente

normatização administrativa (mais recentemente constante da Instrução CVM 229,

de 16 de janeiro de 1995), a realização de oferta pública para adquirir a totalidade

das ações em circulação no mercado, como pressuposto necessário ao próprio

cancelamento do registro, só podendo este ser efetuado caso, inicialmente, já

tenha sido salvaguardada a possibilidade de os minoritários alienarem suas ações

e anteciparem as perdas potencializadas pela operação (BARBOSA FILHO, 2004,

p. 27).

O parágrafo quinto prevê, quando remanescerem em circulação menos de cinco

por cento do total de ações emitidas pela companhia e não resgatadas após a oferta

pública descrita no parágrafo anterior, o resgate das ações faltantes, mediante depósito do

valor da oferta anterior, em estabelecimento bancário, à disposição dos titulares. Vejamos:

§ 5o. Terminado o prazo da oferta pública fixado na regulamentação expedida pela

Comissão de Valores Mobiliários, se remanescerem em circulação menos de 5%

(cinco por cento) do total das ações emitidas pela companhia, a assembléia-geral

poderá deliberar o resgate dessas ações pelo valor da oferta de que trata o § 4o,

desde que deposite em estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de

Valores Mobiliários, à disposição dos seus titulares , o valor de resgate, não se

aplicando, nesse caso, o disposto no § 6o do art. 44.

Oportuno colacionar a explicação de Barbosa Filho:

Com o advento da Lei 10.303, acrescentado o presente § 5º ao artigo 4º, foi

estabelecido, porém, um limite quantitativo, com o fim de tornar compulsória a

aceitação da oferta de aquisição.

Assim, quando sobrarem, concluída a oferta, menos que cinco por cento do total

das ações emitidas em circulação no mercado, isto é, excluído, deste âmbito, o

grupo de controle, viabiliza-se deliberação da assembléia geral, convocada

extraordinariamente, no sentido do resgate das ações faltantes, mecanismo

previsto no § 1º do artigo 44 da Lei n. 6.404/76, viabilizando, plenamente, o

desejado “fechamento de capital”.

Ocorre, neste caso, uma redução do número de ações em que está dividido o

capital social, com ou sem redução de seu próprio valor. A companhia reembolsa

os acionistas recalcitrantes e os exclui do quadro social, devendo depositar o valor

correspondente, derivado do preço justo praticado quando da oferta pública

terminada, junto a um banco autorizado pela CVM (BARBOSA FILHO, 2004, p. 31).

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O último parágrafo do artigo quarto da Lei n. 6.404/76 – parágrafo sexto -

também prevê a realização de oferta pública para fechamento de capital quando da

ocorrência de aumento de participação:

§ 6o. O acionista controlador ou a sociedade controladora que adquirir ações da

companhia aberta sob seu controle que elevem sua participação, direta ou indireta,

em determinada espécie e classe de ações à porcentagem que, segundo normas

gerais expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, impeça a liquidez de

mercado das ações remanescentes, será obrigado a fazer oferta pública, por preço

determinado nos termos do § 4o, para aquisição da totalidade das ações

remanescentes no mercado.

Barbosa Filho esclarece o conteúdo de tal dispositivo:

A obrigatoriedade da realização de oferta pública, no presente caso, deriva da

redução substancial da liquidez das ações negociadas em mercado de capitais,

considerada, isoladamente, cada uma de suas espécies e respectivas classes.

O texto legal foi bem redigido e prevê, inclusive, a aquisição indireta das ações, o

que, em geral, se materializa por meio de holding ou controlada, mas também, por

interposta pessoa, com a qual o controlador atue coordenadamente. Pretende-se,

assim, salvaguardar o acionista minoritário, possibilitando a recuperação de seu

investimento, caso reste este, na prática, “ilhado”, eis que bastante dificultada a

negociação e reduzido o valor de mercado das ações de sua titularidade

(BARBOSA FILHO, 2004, p. 33 e 34) (grifo no original).

Por último, imperioso transcrever o artigo quarto A - também inserido na Lei n.

6.404/76 pela Lei n. 10.303/01 -, o qual prevê a possibilidade de revisão forçada do valor

da oferta pública destinada ao cancelamento do registro da companhia aberta:

Art. 4o-A. Na companhia aberta, os titulares de, no mínimo, 10% (dez por cento)

das ações em circulação no mercado poderão requerer aos administradores da

companhia que convoquem assembléia especial dos acionistas titulares de ações

em circulação no mercado, para deliberar sobre a realização de nova avaliação pelo

mesmo ou por outro critério, para efeito de determinação do valor de avaliação da

companhia, referido no § 4o do art. 4o.

Os parágrafos deste artigo informam como deve ser requerida e realizada tal

revisão. Vejamos:

§ 1o. O requerimento deverá ser apresentado no prazo de 15 (quinze) dias da

divulgação do valor da oferta pública, devidamente fundamentado e acompanhado

de elementos de convicção que demonstrem a falha ou imprecisão no emprego da

metodologia de cálculo ou no critério de avaliação adotado, podendo os acionistas

referidos no caput convocar a assembléia quando os administradores não

atenderem, no prazo de 8 (oito) dias, ao pedido de convocação.

§ 2o Consideram-se ações em circulação no mercado todas as ações do capital da

companhia aberta menos as de propriedade do acionista controlador, de diretores,

de conselheiros de administração e as em tesouraria.

§ 3o Os acionistas que requererem a realização de nova avaliação e aqueles que

votarem a seu favor deverão ressarcir a companhia pelos custos incorridos, caso o

novo valor seja inferior ou igual ao valor inicial da oferta pública.

§ 4o Caberá à Comissão de Valores Mobiliários disciplinar o disposto no art. 4o e

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neste artigo, e fixar prazos para a eficácia desta revisão.

Destarte, mais uma vez, por meio da revisão da oferta pública, a Lei n. 10.303/01

buscou proteger o acionista minoritário.

3.6.1 Mercado de valores mobiliários

O mercado de valores mobiliários ou mercado de capitais é o conjunto de

instituições e instrumentos por meio dos quais aplicadores de recursos e empresas

tomadoras realizam operações financeiras (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 187).

Importante também conhecer os significados dos institutos “bolsas de valores”,

“mercado de balcão” e “CVM”.

Bolsa de valores é a associação de sociedades corretoras que operam no

mercado secundário de capitais; é um ente autônomo que exerce atividade normativa-

fiscalizatória de seus membros, em cooperação com o poder público, pois é órgão auxiliar

da CVM (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 188).

Para melhor compreensão deste conceito, vale transcrever a lição de Nogueira:

As bolsas de valores mantêm um local para negociação de valores mobiliários, em

mercado livre e aberto, organizado e fiscalizado pelos próprios corretores e pelas

autoridades monetárias, sendo exatamente esses seus dois principais objetivos: a)

manter local para a realização de venda e compra de títulos e valores mobiliários,

destinados a seus membros; b) fiscalizar o cumprimento das disposições legais e

regulamentares de seus membros – corretoras – e das sociedades emissoras de

títulos (NOGUEIRA, 2010, p. 438).

O mercado de balcão é o conjunto de operações realizadas fora das bolsas de

valores, por meio de instituições financeiras ou agentes autônomos (FAZZIO JÚNIOR, 2009,

p. 189).

Já a CVM é uma “entidade autárquica vinculada ao Ministério da Fazenda e

administrada por um presidente e quatro diretores, nomeados pelo Presidente da

República, dentre pessoas de ilibada reputação e reconhecida competência em matéria de

mercado de capitais” (NOGUEIRA, 2010, p. 437).

Fazzio Júnior também discorre acerca da CVM:

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é órgão oficial, governamental, ou seja,

uma autarquia administrativa jungida ao Ministério da Fazenda, nos termos do art.

5º da Lei n. 6.385/76. Sua função primordial concentra-se na fiscalização das

atividades do mercado de valores mobiliários.

[...]

No tocante à aplicação de penalidades, a CVM deve promover processo

administrativo para investigar a ocorrência de irregularidades no mercado, ensejando

aos acusados amplo direito de defesa, vigente o princípio do devido processo legal

na esfera administrativa. As sanções para quem descumpre as regras legais do

mercado de valores mobiliários, sobretudo as normas editadas pela CVM, são:

advertência, multa, suspensão ou inabilitação para o exercício do cargo, ou

cassação da autorização ou do registro, bem como a proibição por prazo

determinado para o exercício de atividades e operações do sistema de distribuição.

Também o investidor pode ser proibido temporariamente de atuar, direta ou

indiretamente, no mercado (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 189-190).

Derradeiramente, oportuno colacionar trecho da obra de Bertoldi e Ribeiro,

acerca do tema:

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Diante desse quadro, foram criadas várias instituições que têm como função regular

e fiscalizar a vida da sociedade anônima, de maneira a proteger o público contra

possíveis fraudes. Isso se dá mediante uma série de exigências, como é o caso

dos requisitos para sua criação e a obrigatoriedade de publicação das informações

fundamentais da companhia, tais como seus atos constitutivos, balanços, atas de

assembléia etc. Entre referidas instituições destacam-se a Comissão de Valores

Mobiliários – CVM e as bolsas de valores. (BERTOLDI; RIBEIRO, 2009, p. 225)

Verifica-se, então, que, basicamente, o mercado de capitais é o conjunto de instituições que

movimentam e trabalham com os valores mobiliários, como, por exemplo, as ações da

companhias.

3.7 Capital social da sociedade anônima

Segundo Fazzio Júnior (2009, p. 205), “capital social é a soma da contribuição

dos acionistas, o conjunto de valores (dinheiro e bens suscetíveis de avaliação em dinheiro)

que constitui o montante inicial da sociedade”.

Assim, pela análise do artigo sétimo da LSA, depreende-se que o acionista pode

transferir à sociedade bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos. Nesse caso,

deve haver uma avaliação destes, nos moldes do artigo subsequente.

“A algumas sociedades, contudo, exige-se a realização de seu capital inicial

sempre em dinheiro, como é o caso das instituições financeiras públicas e privadas (art. 26

da Lei n. 4.595/65)” (NOGUEIRA, 2010, p. 433).

Deve-se ressaltar que os bens são transferidos à sociedade a título de

propriedade (artigo nono da LSA), bem como que a responsabilidade do subscritor é

idêntica à responsabilidade prevista na legislação civil.

De acordo com o artigo quinto da LSA, o valor do capital social, expresso em

moeda nacional, dever ser fixado no estatuto da companhia.

Não há capital mínimo obrigatório previsto em lei, tampouco uma faixa de valores

para cada tipo societário (NOGUEIRA, 2010, p. 432).

Vale distinguir os termos surgidos a partir do conceito de capital social,

consoante o faz Nogueira:

A expressão “capital subscrito” é usada para expressar o total que consta nos

estatutos da sociedade, tenha sido ou não efetivamente pago pelos acionistas

subscritores das ações. “Capital realizado” corresponde à soma do que efetivamente

ingressou na sociedade, isto é, a parte que os acionistas subscritores realmente

efetivaram. “Capital a realizar” é o valor que falta a ser integralizado pelos acionistas

(NOGUEIRA, 2010, p. 432).

Também é importante diferenciar capital social de patrimônio da companhia, uma

vez que, enquanto aquele é caracterizado pela estabilidade, este aumenta ou diminui

conforme os resultados das operações realizadas pela companhia (FAZZIO JÚNIOR, 2009,

p. 205).

Todavia não se deve confundir estabilidade com imutabilidade, pois o capital

social é apenas intangível, podendo ser reduzido ou alterado por previsão legal (FAZZIO

JÚNIOR, 2009, p. 206).

O artigo sexto da LSA assevera que o capital social somente poderá ser

modificado com observância dos preceitos da própria lei e do estatuto social da

companhia.

Fazzio Júnior (2009, p. 209) sintetiza as formas de modificação do capital social:

“por reforma estatutária, via Assembleia Geral; ou sem reforma dos estatutos, quando estes

já trouxerem autorização para aumento, mediante deliberação assemblear ou do Conselho

de Administração”.

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Nesta última opção, caso das companhias de capital autorizado, o aumento do

capital é automático (NOGUEIRA, 2010, p. 433).

O aumento de capital também pode ocorrer nas seguintes hipóteses, segundo o

artigo 166 da LSA, in verbis:

Art. 166. I - por deliberação da assembléia-geral ordinária, para correção da

expressão monetária do seu valor (artigo 167);

II - por deliberação da assembléia-geral ou do conselho de administração, observado

o que a respeito dispuser o estatuto, nos casos de emissão de ações dentro do

limite autorizado no estatuto (artigo 168);

III - por conversão, em ações, de debêntures ou parte beneficiárias e pelo exercício

de direitos conferidos por bônus de subscrição, ou de opção de compra de ações;

IV - por deliberação da assembléia-geral extraordinária convocada para decidir sobre

reforma do estatuto social, no caso de inexistir autorização de aumento, ou de estar

a mesma esgotada.

Os artigos 169 e 170 da LSA preveem o aumento do capital mediante,

respectivamente, captação de lucros ou de reservas e emissão de novas ações (subscrição

de ações).

Vale mencionar que os acionistas terão preferência para a subscrição do

aumento de capital, na proporção do número de ações que possuírem (artigo 171 da LSA).

“O direito de preferência tem por fito proteger os primitivos acionistas, em face do

aumento de capital, permitindo-lhes conservar a mesma proporção de participação no

capital da companhia” (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 214).

Quanto à redução do capital social, esta está prevista nos artigos 44, 45 e 173 da

LSA.

A LSA permite a redução do capital social em quatro hipóteses: prejuízo da

companhia; excesso de capital – retirada de circulação de certo número de ações,

por meio do resgate; reembolso dos acionistas dissidentes sem substituição –

quando acionistas decidem, unilateralmente, retirar-se da companhia; pagamento de

acionista remisso – quando há a devolução das importâncias integralizadas pelo

acionista que não pagou, no prazo e forma acordados, a totalidade da importância

subscrita (NOGUEIRA, 2010, p. 435 e 436).

A Lei n. 10.303/01 introduziu no referido artigo 44 o parágrafo sexto, in verbis:

§ 6o. Salvo disposição em contrário do estatuto social, o resgate de ações de uma

ou mais classes só será efetuado se, em assembléia especial convocada para

deliberar essa matéria específica, for aprovado por acionistas que representem, no

mínimo, a metade das ações da(s) classe(s) atingida(s).

Vale reproduzir os comentários de Barbosa Filho sobre este dispositivo:

A introdução do presente dispositivo, ocorrida quando da edição da Lei 10.303, teve

a finalidade clara de impedir a realização de operações de resgate de ações à

revelia e em prejuízo dos próprios acionistas atingidos.

O resgate constitui, naturalmente, um ato unilateral de autoria da companhia, por

meio do qual acionistas se vêem excluídos do quadro social, mediante o reembolso

do valor de sua participação patrimonial no capital. A operação pode, devido a seu

caráter compulsório e forçado, conjugar traços de violência e profunda discórdia e,

por isso, quando realizada, requer um máximo de cuidado na salvaguarda dos

direitos das minorias.

Nesse sentido, a fim de amenizar a gravidade da conjuntura gerada pelo instituto

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analisado, estabeleceu-se, explicitamente, como requisito fundamental à validade

da deliberação autorizadora da operação de resgate, a realização de assembléia

geral especial, convocada para autorizar a operação (BARBOSA FILHO, 2004, p.

87 e 88).

Desta feita, observa-se mais uma inovação da Lei 10.303/01, no sentido de amparar os

interesses dos acionistas minoritários.

3.8 Órgãos da sociedade anônima

A partir do artigo 121 da LSA, têm-se os órgãos sociais da sociedade anônima,

quais sejam: Assembleia Geral, Diretoria e/ou Conselho de Administração e Conselho

Fiscal.

3.8.1 Assembleia Geral

A Assembleia Geral, de acordo com o artigo 121 da LSA, tem poderes para

decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que

julgar convenientes a sua defesa e desenvolvimento.

As decisões mais importantes da companhia são tomadas pela Assembléia

Geral, com esteio na vontade da maioria. À minoria, em contraposição, é assegurado o

direito de recesso, nas hipóteses definidas em lei (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 217).

A competência privativa da Assembleia Geral está elencada no artigo 122 da

LSA. Vejamos:

Art. 122. Compete privativamente à assembléia-geral: I - reformar o estatuto social; II

- eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da companhia,

ressalvado o disposto no inciso II do art. 142; III - tomar, anualmente, as contas dos

administradores e deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles

apresentadas; IV - autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o disposto no §

1o do art. 59; V - suspender o exercício dos direitos do acionista (art. 120); VI -

deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a formação

do capital social; VII - autorizar a emissão de partes beneficiárias; VIII - deliberar

sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e

liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e IX - autorizar os

administradores a confessar falência e pedir concordata.

Depreende-se do artigo 131 que existem dois tipos de Assembleia Geral:

ordinária e extraordinária.

A Assembleia Geral Ordinária é realizada anualmente, nos quatro primeiros

meses seguintes ao término do exercício social, com o fim de: tomar as contas dos

administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras; deliberar sobre a

destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos; eleger os

administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso; e, aprovar a correção

da expressão monetária do capital social (artigo 132 da LSA).

“Vê-se, portanto, que a época de sua realização e seus objetivos são fixados por

lei, fatos que explicam a razão de sua denominação ordinária, no sentido de ser obrigatória

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e comum a todas as sociedades por ações” (NOGUEIRA, 2010, p. 486).

De acordo com o artigo 133 da LSA, os administradores devem comunicar, até

um mês antes da data marcada para a realização da assembléia-geral ordinária que se

acham à disposição dos acionistas determinados documentos, quais sejam: relatório da

administração sobre os negócios sociais e os principais fatos administrativos do exercício

findo; cópia das demonstrações financeiras; parecer dos auditores independentes, se

houver; parecer do conselho fiscal, inclusive votos dissidentes, se houver; e demais

documentos pertinentes a assuntos incluídos na ordem do dia.

A necessidade de disponibilização do parecer do conselho fiscal e demais documentos foi

acrescida pela Lei n. 10.303/01, com o fim de aumentar as informações disponíveis aos

acionistas para a correta tomada de decisões por meio do voto (BARBOSA FILHO, 2004,

p. 149).

“O conselho fiscal opina sobre o relatório anual da administração, emitindo

parecer, do qual devem constar as informações complementares tidas como necessárias

ou úteis à deliberação da assembléia-geral (art. 163, inciso II)” (BARBOSA FILHO, 2004, p.

149).

A Assembleia Geral Extraordinária é realizada nos demais casos, como explica

Nogueira: “As matérias que não forem objeto de deliberação da assembleia geral ordinária

– numerus clausus previsto no art. 132 – serão objeto de decisão em assembleia geral

extraordinária, convocada sempre que necessário” (NOGUEIRA, 2010, p. 486).

O modo de convocação da Assembleia Geral está previsto no artigo 124 da LSA.

Vejamos:

Art. 124. A convocação far-se-á mediante anúncio publicado por 3 (três) vezes, no

mínimo, contendo, além do local, data e hora da assembléia, a ordem do dia, e, no

caso de reforma do estatuto, a indicação da matéria.

§ 1o. A primeira convocação da assembléia-geral deverá ser feita:

I - na companhia fechada, com 8 (oito) dias de antecedência, no mínimo, contado o

prazo da publicação do primeiro anúncio; não se realizando a assembléia, será

publicado novo anúncio, de segunda convocação, com antecedência mínima de 5

(cinco) dias;

II - na companhia aberta, o prazo de antecedência da primeira convocação será de

15 (quinze) dias e o da segunda convocação de 8 (oito) dias.

Barbosa Filho (2004, p. 143) explica que, anteriormente, o prazo de oito dias

valia para todos os casos. No entanto, a Lei n. 10.303/01 estabeleceu prazo maior para as

companhias abertas, com o intuito de garantir maior segurança às minorias.

Há, aqui, a clara intenção do legislador de possibilitar maior mobilização e acesso

dos acionistas à informação. Numa S/A aberta, persistem, evidentemente, uma

dispersão maior das ações e, para que sejam conjugados interesses comuns, uma

dificuldade prática maior, de maneira que o alargamento dos prazos, tornando-os

diferenciados, materializa o reconhecimento de uma necessidade (BARBOSA

FILHO, 2004, p. 144).

Os parágrafos quinto e sexto do artigo 124 também foram acrescidos pela Lei n.

10.303/01. Vejamos:

§ 5o. A Comissão de Valores Mobiliários poderá, a seu exclusivo critério, mediante

decisão fundamentada de seu Colegiado, a pedido de qualquer acionista, e ouvida a

companhia:

I - aumentar, para até 30 (trinta) dias, a contar da data em que os documentos

relativos às matérias a serem deliberadas forem colocados à disposição dos

acionistas, o prazo de antecedência de publicação do primeiro anúncio de

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convocação da assembléia-geral de companhia aberta, quando esta tiver por objeto

operações que, por sua complexidade, exijam maior prazo para que possam ser

conhecidas e analisadas pelos acionistas;

II - interromper, por até 15 (quinze) dias, o curso do prazo de antecedência da

convocação de assembléia-geral extraordinária de companhia aberta, a fim de

conhecer e analisar as propostas a serem submetidas à assembléia e, se for o

caso, informar à companhia, até o término da interrupção, as razões pelas quais

entende que a deliberação proposta à assembléia viola dispositivos legais ou

regulamentares.

§ 6o. As companhias abertas com ações admitidas à negociação em bolsa de

valores deverão remeter, na data da publicação do anúncio de convocação da

assembléia, à bolsa de valores em que suas ações forem mais negociadas, os

documentos postos à disposição dos acionistas para deliberação na assembléia-

geral.

Segundo anota Barbosa Filho, com esse acréscimo, foi aberta à CVM a

possibilidade de estabelecer condições especiais de realização da assembleia geral

(BARBOSA FILHO, 2004, p. 145).

“Tais condições especiais só podem ser fruto de decisão fundamentada,

lastreada na necessidade de melhor proteger as minorias e de viabilizar exame adequado e

detido das matérias componentes da pauta” (BARBOSA FILHO, 2004, p. 145).

Já a regra do parágrafo sexto serve para facilitar o acesso de acionistas

minoritários a informações mais minuciosas da companhia (BARBOSA FILHO, 2004, p.

147).

3.8.2 Conselho de Administração

De acordo com o artigo 138 da LSA, a administração da companhia competirá,

conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente a

esta.

Toledo apud Nogueira informa a origem do Conselho de Administração: “a partir

do momento em que o porte destas tornou impossível o exercício da gestão por todos os

sócios, passou a ser imperativo que a direção fosse exercida somente por alguns deles, ou

mesmo por pessoas estranhas à composição do capital” (TOLEDO apud NOGUEIRA,

2010, p. 494).

Assim, o Conselho de Administração é um órgão colegiado que atua

representando a sociedade e desempenhando poderes de gestão (FAZZIO JÚNIOR, 2009,

p. 226).

As atribuições do Conselho de Administração se encontram no artigo 142 da

LSA. Vejamos:

Art. 142. I - fixar a orientação geral dos negócios da companhia;

II - eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições,

observado o que a respeito dispuser o estatuto;

III - fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e papéis

da companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em via de

celebração, e quaisquer outros atos;

IV - convocar a assembléia-geral quando julgar conveniente, ou no caso do artigo

132;

V - manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria;

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VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o

exigir;

VII - deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou de

bônus de subscrição;

VIII – autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens do

ativo não circulante, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias a

obrigações de terceiros; IX - escolher e destituir os auditores independentes, se

houver.

3.8.3 Diretoria

A Diretoria é órgão, ao mesmo tempo, executivo e representativo, eleito pelo

Conselho de Administração ou, se este não existir, pela Assembléia Geral (FAZZIO

JÚNIOR, 2009, p. 227).

Dispõe o artigo 143 da LSA que a Diretoria será composta por dois ou mais

diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tempo.

Segundo Nogueira, a Diretoria também tem por função representar judicial e

extrajudicialmente a companhia (NOGUEIRA, 2010, p. 497).

3.8.4 Conselho Fiscal

A competência do Conselho Fiscal está elencada no artigo 163 da LSA, in

verbis:

Art. 163. I - fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos administradores

e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários;

II - opinar sobre o relatório anual da administração, fazendo constar do seu parecer

as informações complementares que julgar necessárias ou úteis à deliberação da

assembléia-geral;

III - opinar sobre as propostas dos órgãos da administração, a serem submetidas à

assembléia-geral, relativas a modificação do capital social, emissão de debêntures

ou bônus de subscrição, planos de investimento ou orçamentos de capital,

distribuição de dividendos, transformação, incorporação, fusão ou cisão;

IV - denunciar, por qualquer de seus membros, aos órgãos de administração e, se

estes não tomarem as providências necessárias para a proteção dos interesses da

companhia, à assembléia-geral, os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, e

sugerir providências úteis à companhia;

V - convocar a assembléia-geral ordinária, se os órgãos da administração

retardarem por mais de 1 (um) mês essa convocação, e a extraordinária, sempre

que ocorrerem motivos graves ou urgentes, incluindo na agenda das assembléias as

matérias que considerarem necessárias;

VI - analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais demonstrações

financeiras elaboradas periodicamente pela companhia;

VII - examinar as demonstrações financeiras do exercício social e sobre elas opinar;

VIII - exercer essas atribuições, durante a liquidação, tendo em vista as disposições

especiais que a regulam.

Fazzio Júnior resume a função do Conselho Fiscal:

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O papel nuclear do Conselho Fiscal é o de exercer permanente fiscalização sobre

os órgãos de administração da companhia, especificamente em relação às contas,

e à legalidade e regularidade dos atos de gestão. Sua função é instrumental, já que

disponibiliza aos acionistas as informações necessárias para o exercício dos

direitos de fiscalizar e votar (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 230).

Pelo exposto, nota-se que, com sua constante atividade fiscalizatória, o Conselho Fiscal

exerce importante papel na manutenção da sociedade.

3.9 Valores mobiliários

Coelho conceitua valores mobiliários:

São títulos de investimento que a sociedade anônima emite para obtenção dos

recursos de que necessita. Além da ação, valor mobiliário representativo de unidade

do capital social, a companhia poderá emitir os seguintes principais valores

mobiliários: a) debêntures (arts. 52 a 74); b) partes beneficiárias (arts. 46 a 51); c)

bônus de subscrição (arts. 75 a 79); d) nota promissória (Inst. CVM n. 134/90)

(COELHO, 2009, p. 192).

Requião elenca outras espécies de valores mobiliários:

A Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que cria a Comissão de Valores

Mobiliários, alterada pela Lei nº 10.303/2001, apresenta um elenco de títulos que

considera, para seus efeitos, como “valores mobiliários”. São eles: ações,

debêntures e bônus de subscrição e certificados de desdobramento, relativos às

ações e debêntures e bônus de subscrição; certificados de depósitos de valores

mobiliários; cédulas de debêntures; notas comerciais; contratos futuros, de opções

e outros derivativos, cujos ativos subjacentes sejam valores mobiliários; outros

contratos de derivativos; quaisquer outros títulos ou contratos de investimento

coletivo, quando ofertados publicamente (REQUIÃO, 2009, p. 72).

Vejamos alguns desses valores mobiliários.

3.9.1 Debêntures

As debêntures estão previstas no artigo 52 da LSA, segundo o qual elas poderão

ser emitidas pela companhia, conferindo aos seus titulares direito de crédito contra esta,

nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado.

Coelho leciona acerca das debêntures:

As debêntures são definidas, pela doutrina, como títulos representativos de um

contrato de mútuo, em que a companhia é a mutuária e o debenturista o mutuante.

Os titulares de debêntures têm direito de crédito, perante a companhia, nas

condições fixadas por um instrumento elaborado por esta, que se chama “escritura

de emissão”. Tal instrumento estabelece se o crédito é monetariamente corrigido ou

não, as garantias desfrutadas pelos debenturistas, as épocas de vencimento da

obrigação e demais requisitos determinados por lei (LSA, art. 59) (COELHO, 2009,

p. 192).

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Requião acrescenta: “A fim de evitar inconvenientes de pequenos e constantes

financiamentos a curto prazo e a altos juros, no mercado financeiro, as sociedades por

ações têm a faculdade exclusiva de obter empréstimos, tomados ao público a longo prazo e

a juros mais compensadores” (REQUIÃO, 2009, p. 111).

Barbosa Filho discorre:

A Lei 10.303/01 introduziu, no texto original do presente artigo, a ressalva relativa à

possibilidade de deixar de ser elaborado certificado relativo à debênture emitida. Tal

hipótese deriva da criação de debênture escritural, emitida a partir de simples

lançamento em contas mantidas por instituição depositária, na forma do artigo 35

(BARBOSA FILHO, 2004, p. 93).

As debêntures podem ser de quatro espécies, conforme explica Coelho:

As debêntures, de acordo com a garantia oferecida aos seus titulares, podem ser

de quatro espécies: a) com garantia real, em que um bem, pertencente ou não à

companhia, é onerado (hipoteca de um imóvel, por exemplo); b) com garantia

flutuante, que confere aos debenturistas um privilégio geral sobre o ativo da

companhia, pelo qual terão preferência sobre os credores quirografários, em caso de

falência da companhia emissora; c) quirografária, cujo titular concorre com os

demais credores sem garantia, na massa falida; d) subordinada (ou

subquirografária), em que o titular tem preferência apenas sobre os acionistas, em

caso de falência da sociedade devedora (COELHO, 2009, p. 193).

As debêntures também podem ser simples ou conversíveis em ações. Tal

conversibilidade é explicada por Requião:

Na tentativa de popularizar as debêntures no mercado, que lhe tem sido refratário, a

Lei de Mercado de Capitais instituiu a possibilidade de sua conversão em ações da

companhia emissora. A Resolução nº 109, de 4 de fevereiro de 1969, regulamentou

sua emissão e a forma de conversibilidade.

A lei atual, no art. 57, estabelece que a debênture poderá ser conversível em ações

nas condições constantes da escritura de emissão, que especificará: I – as bases

da conversão, seja em número de ações em que poderá ser convertida cada

debênture, seja como relação entre o valor nominal da debênture e o preço de

emissão das ações; II – a espécie e a classe das ações em que poderá ser

convertida; III – o prazo ou época para o exercício do direito à conversão; IV – as

demais condições a que a conversão acaso fique sujeita. (REQUIÃO, 2009, p. 117 e

118).

De acordo com o parágrafo primeiro do artigo 54 da LSA, “a debênture poderá

conter cláusula de correção monetária, com base nos coeficientes fixados para correção de

títulos da dívida pública, na variação da taxa cambial ou em outros referenciais não

expressamente vedados em lei”.

Oportuna a lição de Barbosa Filho:

O dispositivo legal enfocado disciplina a introdução de cláusula de correção

monetária ou escala móvel em debênture, tendo sido renumerado com o advento da

Lei 10.303, quando foi acrescida a menção autorizativa da utilização de “outros

referenciais não expressamente vedados em lei”, o que conferiu maior liberdade às

sociedades emissoras, que poderão escolher um entre os vários índices de

aferição da perda de valor do padrão monetário em uso no Brasil” (BARBOSA

FILHO, 2004, p. 96).

Com isso, “pretende-se, portanto, evitar a assunção de prejuízo por parte dos

debenturistas, salvaguardando-os de eventual surto inflacionário” (BARBOSA FILHO, 2004,

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p. 95).

Outra inovação introduzida pela Lei n. 10.303/01 foi o parágrafo segundo do

artigo supracitado:

§ 2o. A escritura de debênture poderá assegurar ao debenturista a opção de

escolher receber o pagamento do principal e acessórios, quando do vencimento,

amortização ou resgate, em moeda ou em bens avaliados nos termos do art. 8o.

Elucida Barbosa Filho:

Desde que haja específica disposição, incluída na escritura destinada à criação de

determinada série de debêntures, a obrigação vinculada a tais títulos passa a

ostentar natureza facultativa, assumindo os credores o direito à escolha do dinheiro

ou de bens de valor equivalente e submetidos a uma prévia e formal avaliação

(BARBOSA FILHO, 204, p. 96).

O parágrafo primeiro do artigo 59 da LSA também foi editado pela Lei n.

10.303/01, que “conferiu, ao conselho de administração, nas companhias abertas, a

atribuição de decidir realizar a emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações

e sem garantia real” (BARBOSA FILHO, 2004, p. 99).

Vejamos a nova redação do citado dispositivo:

§ 1o. Na companhia aberta, o conselho de administração poderá deliberar sobre a

emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações e sem garantia real, e

a assembléia-geral pode delegar ao conselho de administração a deliberação sobre

as condições de que tratam os incisos VI a VIII deste artigo e sobre a oportunidade

da emissão.

Tal regra, segundo Barbosa Filho, “atendeu à finalidade de dar maior agilidade à

realização de operações no âmbito do mercado de capitais, evitando a convocação e a

reunião do órgão colegiado de maior envergadura, o que não pode ser feito com rapidez”

(BARBOSA FILHO, 2004, p. 99).

A Lei n. 10.303/01 também alterou a redação dos inciso primeiro e segundo do

artigo 62 da LSA, relativo ao registro da emissão de debêntures. Vejamos:

Art. 62. Nenhuma emissão de debêntures será feita sem que tenham sido

satisfeitos os seguintes requisitos:

I - arquivamento, no registro do comércio, e publicação da ata da assembléia-geral,

ou do conselho de administração, que deliberou sobre a emissão;

II - inscrição da escritura de emissão no registro do comércio;

Barbosa Filho comenta:

Tal artigo fixa todos os requisitos imprescindíveis à regularidade formal de uma

emissão de debêntures, visando não possa surgir qualquer dúvida ou incerteza

sobre o conteúdo de toda operação creditícia, o que visa proteger tanto os

debenturistas, quanto a própria companhia (devedora), evitando litígios (BARBOSA

FILHO, 2004, p. 101).

Logo, vislumbra-se que as alterações referentes ao presente valor mobiliário contribuíram

para melhor administração e ampliação de seu conteúdo.

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3.9.2 Partes beneficiárias

Coelho define partes beneficiárias como “títulos negociáveis, sem valor nominal e

estranhos ao capital social, que conferem aos seus titulares direito de crédito eventual,

consistente na participação dos lucros da companhia emissora” (COELHO, 2009, p. 193).

As partes beneficiárias podem ser atribuídas gratuitamente aos fundadores,

acionistas ou terceiros, como remuneração por serviços prestados à companhia

(REQUIÃO, 2009, p. 109).

Requião também informa que as partes beneficiárias, assim como as

debêntures, podem ser convertidas em ações:

As partes beneficiárias poderão ser conversíveis em ações, se assim for previsto no

estatuto, mediante capitalização de reserva para esse fim. A conversão depende de

deliberação da assembléia geral ou do conselho de administração, e importará em

aumento do capital (art. 166, II). Na liquidação da companhia, solvido o passivo, os

titulares das partes beneficiárias terão direito de preferência sobre o que restar do

ativo até a importância da reserva para resgate ou conversão (REQUIÃO, 2009, p.

109 e 110).

O parágrafo único do artigo 47 da Lei n. 6.404/76, veda às companhias abertas

emitir partes beneficiárias. Tal dispositivo foi introduzido pela Lei 10.303/01.

3.9.3 Bônus de subscrição

De acordo com Coelho, os bônus de subscrição “conferem aos seus titulares o

direito de subscreverem ações da companhia emissora, quando de futuro aumento de

capital social desta (COELHO, 2009, p. 194).

“Esse bônus poderá ser útil à companhia na captação de recursos financeiros em

certas conjunturas do mercado; e, como diz a “Exposição de Motivos”, atribuído com

vantagem na subscrição de outros valores mobiliários, poderá ajudar na sua colocação”

(REQUIÃO, 2009, p. 122).

Como se verifica dos artigos 171 e 172 da LSA, os acionistas da companhia

gozam de preferência para a subscrição dos bônus.

3.9.4 Ações

As ações, já anteriormente conceituadas, são classificadas em três espécies:

a) Ordinárias – aquelas que conferem aos seus titulares os direitos que a lei reserva

ao acionista comum. São ações de emissão obrigatória. Não há sociedade anônima

sem ações desta espécie. O estatuto não precisará disciplinar esta espécie de

ação, uma vez que dela decorrem, apenas, os direitos normalmente concedidos ao

sócio da sociedade anônima.

b) Preferenciais – ações que conferem aos seus titulares um complexo de direitos

diferenciado, como, por exemplo, a prioridade na distribuição de dividendos ou no

reembolso do capital, com ou sem prêmio etc. As ações preferenciais podem ou

não conferir o direito de voto aos seus titulares. Para serem negociadas no mercado

de capitais (bolsa de valores ou mercado de balcão), os direitos diferenciados das

preferenciais devem ser pelo menos um de três definidos na LSA (art. 17, § 1º).

c) De fruição – são aquelas atribuídas aos acionistas cujas ações foram totalmente

amortizadas. O seu titular estará sujeito às mesmas restrições ou desfrutará das

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mesmas vantagens da ação ordinária ou preferencial amortizada, salvo se os

estatutos ou a assembléia geral que autorizar a amortização dispuserem em outro

sentido (COELHO, 2009, p. 194 e 195) (grifos no original).

Mister aqui destacar o parágrafo segundo do artigo 15 da LSA, eis que,

consoante a lição de Barbosa Filho (2004, p. 46) “a redução da proporção máxima de

participação das ações preferenciais no capital social de cada companhia constituiu uma

das mais importantes alterações trazidas pela Lei 10.303”.

§ 2o. O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no

exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total

das ações emitidas.

O antigo limite era de dois terços, o que viabilizava o exercício de controle

majoritário com apenas dezenove por cento do capital social, criando, assim, grande

conforto ao exercício do controle, uma vez que o risco patrimonial era bem reduzido

(BARBOSA FILHO, 2004, p. 45).

“O novo limite reflete a tendência a conjugar ao controle majoritário maior risco

patrimonial e a desincentivar tal forma de exercício do poder na administração da

sociedade por ações, onerando o controlador do grupo de controle que deseja mantê-la”

(BARBOSA FILHO, 2004, p. 45).

As ações também podem ser nominativas ou escriturais, explica Coelho:

O critério de diferenciação entre uma forma e outra leva em conta o ato jurídico que

opera a transferência de titularidade da ação, ou seja, a maneira pela qual são

transmissíveis. As nominativas circulam mediante registro no livro próprio da

sociedade emissora. Já as ações escriturais são mantidas, por autorização ou

determinação dos estatutos, em contas de depósito em nome de seu titular. Essas

ações são desprovidas de certificado e sua circulação se opera por lançamento da

operação nos registros próprios da instituição financeira depositária, a débito da

conta de depósito do alienante e a crédito conta de depósito do adquirente

(COELHO, 2009, p. 196).

“As ações nominativas são as que inscrevem em seu texto o nome do titular, e

constam de registro mantido na sociedade” (REQUIÃO, 2009, p. 95).

De acordo com o artigo 31 da Lei n. 6.404/76, “a propriedade das ações

nominativas presume-se pela inscrição do nome do acionista no livro de "Registro de Ações

Nominativas" ou pelo extrato que seja fornecido pela instituição custodiante, na qualidade

de proprietária fiduciária das ações”.

“O caput do presente artigo 31 foi, com a edição da Lei 10.303, objeto de

acréscimo, delimitando ele hipóteses em que se apresenta, até a constatação em sentido

contrário, como verdadeira, a muito provável titularidade da propriedade de ações”

(BARBOSA FILHO, 2004, p. 75) (grifo no original).

“A ação escritural dispensa corporificação do título em certificado emitido pela

companhia, e por isso não deve ser considerada título de crédito. Impõe-se apenas pelo

registro em livro especial, de instituição financeira autorizada a manter esse serviço”

(REQUIÃO, 2009, p. 98).

Requião detalha o funcionamento das ações escriturais:

Como se vê, as ações ficam em depósito a cargo da instituição financeira. E a

propriedade da ação se presume pelo registro na conta de depósito das ações,

aberta em nome do acionista nos livros da instituição depositária. A transferência

far-se-á à vista de ordem escrita do alienante, ou de autorização ou ordem judicial,

em documento que ficará arquivado na instituição, com o respectivo lançamento a

débito da conta de ações do alienante e a crédito da conta do adquirente. O custo

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do serviço de transferência poderá ser cobrado, observados os limites traçado pela

Comissão de Valores Mobiliários (REQUIÃO, 2009, p. 98).

As ações escriturais estão previstas no artigo 34 e seguintes da LSA.

3.10 Acionistas

Os acionistas, por serem sócios da companhia, observam um sistema jurídico

próprio de direitos e deveres estabelecido pela LSA, pelo estatuto e pela vontade da

maioria em Assembleia Geral (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 241).

De acordo com o artigo 106 da LSA, o acionista é obrigado a realizar, nas

condições previstas no estatuto ou no boletim de subscrição, a prestação correspondente

às ações subscritas ou adquiridas.

O acionista que não fizer o pagamento nas condições previstas no estatuto ou

boletim, ou na chamada, ficará de pleno direito constituído em mora, sujeitando-se ao

pagamento dos juros, da correção monetária e da multa que o estatuto determinar, esta não

superior a 10% (dez por cento) do valor da prestação (parágrafo segundo, art. 106, da

LSA).

Já o artigo 120 da LSA assenta que os acionistas podem ter o exercício de

direitos suspenso, caso deixem de cumprir obrigação imposta pela lei ou pelo estatuto.

Os direitos essenciais dos acionistas estão previstos no artigo 109 da LSA.

Vejamos:

Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista

dos direitos de:

I - participar dos lucros sociais;

II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;

III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais;

IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em

ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o

disposto nos artigos 171 e 172;

V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei.

“Entende-se como direito aos resultados sociais tanto o direito de auferir

dividendo (parcela nos lucros sociais) como o de participar do acervo remanescente da

companhia, em caso de liquidação” (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p. 242).

“Esse dividendo é chamado de obrigatório (art. 202), e é de tal forma protegido

que cabe à Comissão de Valores Mobiliários, no exercício de seus atos de fiscalização,

verificar o cumprimento desse dispositivo, por parte das companhias de capital aberto”

(NOGUEIRA, 2010, p. 467).

O direito à fiscalização significa ter direito à informação sobre o andamento dos

negócios, de requerer esclarecimentos dos administradores, convocar a Assembleia Geral,

acionar diretores por prejuízos e requerer a liquidação judicial (FAZZIO JÚNIOR, 2009, p.

242).

Nogueira explica o direito de preferência na subscrição de valores mobiliários:

Esse direito visa à conservação da posição do acionista no quadro social em

relação aos demais sócios. O possuidor de vinte por cento das ações de uma

companhia que não seja consultado sobre a emissão de grande número de

debêntures conversíveis em ações pode perder sua participação acionária se não

exercer o direito de aquisição. Essas debêntures posteriormente convertidas em

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ações podem corresponder, por exemplo, a um aumento de cem por cento do

capital social. Para conservar sua posição, esse acionista deveria ter adquirido vinte

por cento dessas debêntures (e por conseqüência dessas novas ações), sob pena

de ver sua proporção cair de vinte para dez por cento do capital social (NOGUEIRA,

2010, p. 468).

O direito de retirada ou de recesso é próprio do chamado acionista dissidente,

que, “inconformado com as deliberações tomadas pelos órgãos administradores, por ato

unilateral, retira-se da sociedade, levando consigo os fundos sociais” (NOGUEIRA, 2010, p.

465).

Machado apud Fazzio Júnior cita as hipóteses de recesso expressas na LSA:

Criação de ações preferenciais ou aumento de classe de ações preferenciais

existentes, sem guardar proporção com as demais classes de ações preferenciais,

salvo se já previstos ou autorizados pelo estatuto; Alteração nas preferências,

vantagens e condições de resgate ou amortização de uma ou mais classes de

ações preferenciais, ou criação de nova classe mais favorecida; Fusão da

companhia, ou sua incorporação em outra; Participação em grupo de sociedades;

Cessação do estado de liquidação da companhia; Transformação da sociedade;

Incorporação, fusão ou cisão; Redução do capital; Sociedade de economia mista,

desapropriação;

Subsidiária integral; Compra de companhia aberta; Incorporação de companhia

controlada; Participação em companhia de grupo de sociedade; Fixação de

dividendo em condições que não satisfaçam aos requisitos do § 1º do art. 202;

Transformação em sociedade por quotas (MACHADO apud FAZZIO JÚNIOR, 2009,

p. 243).

Os acionistas também têm o direito de voto. Todavia, este não é um direito

essencial, pois nem todas as ações o possuem. Assim informa o artigo 111 da LSA: “O

estatuto poderá deixar de conferir às ações preferenciais algum ou alguns dos direitos

reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-lo com restrições,

observado o disposto no artigo 109”.

De acordo com o parágrafo terceiro do artigo 109, o estatuto da sociedade

também pode estabelecer que as divergências entre os acionistas e a companhia, ou entre

os acionistas controladores e os acionistas minoritários, poderão ser solucionadas

mediante arbitragem, nos termos em que especificar.

Tal dispositivo foi introduzido pela Lei n. 10.303/01 na LSA e não possuía

correspondência no texto original (BARBOSA FILHO, 2004, p. 110).

Barbosa Filho ainda comenta:

O legislador, agora, teve a clara intenção de incentivar o uso da arbitragem,

estabelecendo a possibilidade de ser ela veiculada em cláusula estatutária, cujo

conteúdo, com respeito, por exemplo, à eleição do árbitro e à definição dos limites

de sua atuação, fica em aberto, devendo ser especificados quando da elaboração da

norma (BARBOSA FILHO, 2004, p. 109 e 110).

Já o parágrafo primeiro do artigo 110 da LSA também revela que o estatuto pode

estabelecer limitação ao número de votos de cada acionista.

Por último, deve-se mencionar sobre o acionista controlador. Nogueira o

conceitua:

Acionista controlador ou majoritário é a pessoa natural ou jurídica ou o grupo de

pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: é titular de

direitos de sócios que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos

nas deliberações da assembleia geral e a capacidade de eleger a maioria dos

administradores da companhia (NOGUEIRA, 2010, p. 465).

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Consoante informa o artigo 116 da LSA, o acionista controlador usa efetivamente

seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da

companhia.

O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia

realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para

com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade

em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender.

Ainda, consoante determina o artigo 116-A, o acionista controlador da companhia

aberta e os acionistas, ou grupo de acionistas, têm o dever de informação. Senão, vejamos:

Art. 116-A. O acionista controlador da companhia aberta e os acionistas, ou grupo

de acionistas, que elegerem membro do conselho de administração ou membro do

conselho fiscal, deverão informar imediatamente as modificações em sua posição

acionária na companhia à Comissão de Valores Mobiliários e às Bolsas de Valores

ou entidades do mercado de balcão organizado nas quais os valores mobiliários de

emissão da companhia estejam admitidos à negociação, nas condições e na forma

determinadas pela Comissão de Valores Mobiliários.

Ensina Barbosa Filho:

O presente artigo foi acrescido pela Lei 10.303, com o firme propósito de

estabelecer, no âmbito das companhias abertas, um mínimo de transparência com

respeito às mutações da participação societária de todos os acionistas que

influenciam a composição dos conselhos de administração e fiscal, mostrando-se

atuantes no âmbito interno da companhia, figurando estes como controladores ou

não.

[...] Os destinatários foram escolhidos acertadamente, considerada, não

simplesmente, a possibilidade de contínuas flutuações influenciarem os rumos da

administração da companhia e, por conseqüência, a tomada de decisões dos

investidores, mas, simultaneamente, a conjugação entre tais flutuações e o advento

de fatos relevantes à S/A, em especial com a utilização de informações de acesso

privilegiado, exclusivas e sigilosas, desconhecidas do grande público (BARBOSA

FILHO, 2004, p. 117 e 118).

Evidente, então, que os acionistas não somente possuem direitos, mas também deveres,

necessários ao bom andamento da sociedade e à atuação dos demais acionistas.

3.11 Elaboração e divulgação de demonstrações financeiras

Requião explica o que são as demonstrações financeiras:

As demonstrações financeiras constituem, pois, claras peças que retratam a real

situação econômico-financeira da sociedade, para informação dos seus próprios

órgãos, dos acionistas, dos credores e do público em geral. Por isso, serão elas

complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou

demonstrações contábeis necessárias para esclarecimento da situação patrimonial

e dos resultados do exercício (REQUIÃO, 2009, p. 249).

Coelho também as conceitua:

A legislação do anonimato estabelece a obrigação de a companhia levantar, ao

término do exercício social, um conjunto de demonstrações contábeis, com vistas a

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possibilitar o conhecimento, pelos acionistas e por terceiros, de sua situação

patrimonial, econômica e financeira, bem como dos resultados positivos ou

negativos alcançados pela empresa (COELHO, 2009, p. 213).

Tal obrigação está prevista no artigo 176 da LSA, in verbis:

Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na

escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que

deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as

mutações ocorridas no exercício:

I - balanço patrimonial;

II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;

III - demonstração do resultado do exercício; e

IV – demonstração dos fluxos de caixa; e

V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.

De acordo com Coelho, exercício social é o período de um ano definido pelos

estatutos (LSA, art. 175), podendo-se optar por qualquer lapso anual. Este período poderá

ser maior ou menor quando da constituição da companhia ou da alteração do estatuto

(COELHO, 2009, p. 214).

Obtém-se melhor visão do significado de exercício social, a partir da lição de

Requião:

O exercício social é, entre nós, em princípio, de doze meses. Não necessita,

obrigatoriamente, coincidir com o ano solar ou civil, que transcorre regularmente de

1º de janeiro a 31 de dezembro. É possível, pois, o estatuto fixar o término do

exercício social de modo diferente, fazendo-o recair em qualquer mês do ano. A

companhia, de acordo com o seu critério e atividade, determina a época de seu

início e encerramento. As obrigações fiscais, sobretudo o levantamento do balanço

para efeito do recolhimento do imposto de renda, dita a determinação do início e fim

do exercício. Os inconvenientes do término do exercício no fim do ano, devido ao

acúmulo de movimento e dos feriados das festas natalinas, levaram as empresas a

preferir o encerramento no fim do mês de junho. O estatuto, entretanto, pode fixá-lo,

repetimos, em qualquer época do ano (REQUIÃO, 2009, p. 244).

O parágrafo quinto do artigo 176 da LSA indica o que devem conter e indicar as

notas explicativas:

Art. 176. I – informações sobre a base de preparação das demonstrações

financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para

negócios e eventos significativos;

II – informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não

estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras;

III – informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e

consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e

IV – indicar:

a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente

estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de

provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na

realização de elementos do ativo;

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b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (art. 247, parágrafo

único);

c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações (art.

182, § 3o );

d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a

terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes;

e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo

prazo;

f) o número, espécies e classes das ações do capital social;

g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;

h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1o); e

i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou

possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros

da companhia.

Para Fernandes, “em sentido estrito, o balanço é um processo de determinação

do estado de um patrimônio, tendo por fim fixar, em certo instante, o valor monetariamente

apreciável, da massa dos bens e das obrigações pertencentes ou vinculadas a uma pessoa

ou a uma entidade de direito” (FERNANDES apud REQUIÃO, 2009, p. 250).

Coelho ressalva que o balanço é aproximativo, pois há subjetividade na definição

de algumas contas e na classificação de certos valores (COELHO, 2009, p. 215).

Segundo Coelho, a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados “é

instrumento de grande importância para a definição da política empresarial de

investimentos, a ser adotada na sociedade” (COELHO, 2009, p. 215).

Requião descreve o conteúdo dessa demonstração:

A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará o saldo do início

do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do saldo

inicial; as reversões de reservas e os lucros líquidos do exercício; as transferências

para reservas, os dividendos, a parcela de lucros incorporada ao capital e o saldo do

fim do período. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o

montante do dividendo por ação do capital social (REQUIÃO, 2009, p. 251).

Já a demonstração do resultado do exercício “apresenta dados sobre o

desempenho da companhia durante o último exercício e possibilita ao acionista avaliar não

somente o grau de retorno de seu investimento, como a eficiência dos atos da

administração” (COELHO, 2009, p. 215).

A demonstração dos fluxos de caixa “visa a evidenciar os ingressos e

desembolsos do caixa da sociedade anônima, isto é, suas disponibilidades líquidas”

(COELHO, 2009, p. 215).

Por último, a demonstração de valor adicionado “é a medida contábil da riqueza

gerada pela companhia” (COELHO, 2009, p. 216).

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4 OUTRAS ALTERAÇÕES

4.1 Alterações da Lei n. 11.638/07

A Lei n. 11.638, elaborada com base no Projeto de Lei n. 3.740/00, foi

sancionada em 28 de dezembro de 2007 e, segundo se extrai de sua própria ementa, ela

alterou e revogou dispositivos da Lei n. 6.404/76 e da Lei n. 6.385/76, bem como estendeu

às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de

demonstrações financeiras.

No entanto, interessa-nos somente as modificações introduzidas na Lei das

Sociedades Anônimas.

Cunha, Lavarda e Regel narram os motivos que ensejaram a elaboração da Lei n.

11.638/07:

À medida que o mercado de ações foi evoluindo em todo o mundo, surgiram novas

situações, que precisaram ser normatizadas para esse tipo de mercado,

principalmente no que diz respeito ao aspecto informacional das companhias com

ações negociadas em bolsas de valores, que no Brasil são as sociedades anônimas

de capital aberto. Nos países desenvolvidos, em particular os Estados Unidos e

também no Continente Europeu, entidades responsáveis pela normatização

contábil, como o FASB (Financial Accounting Standards Board) e IASB

(International Accounting Standards Board), acompanharam a demanda pela

modernização do poder informacional da contabilidade. No Brasil, essa tarefa

coube, principalmente à Comissão de Valores Mobiliários, que procurou avançar,

em termos normativos, sem extrapolar o âmbito da legalidade representado pela Lei

6.404/76. A Lei das S/A, por sua vez, a cada dia ficava mais distante dos padrões

contábeis considerados “mais modernos” e que já vinham sendo largamente

utilizados fora do Brasil, com destaque para as normas internacionais editadas pelo

IASB (CUNHA; LAVARDA; REGEL, 2009).

No mesmo sentido, Pereira:

Há cerca de uma década, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vêm propondo

alterações significativas na escrituração e na forma de apresentação das

demonstrações financeiras, ou demonstrações contábeis como também são

intituladas. Este último projeto de lei se arrastou por um bom tempo, mas em fim,

foi sancionado.

Essa nova alteração na lei 6.404/76, embora possa parecer aos olhares de um leigo

como sendo de pouca significância, trouxe na opinião dos especialistas, profundas

mudanças na escrituração contábil, na elaboração das demonstrações financeiras,

estendeu essa obrigatoriedade às demais formas societárias, atingindo em cheio,

todas as entidades de grande porte e talvez o mais importante, abriu definitivamente

as "portas" para a penetração das normas internacionais de contabilidade no

mercado brasileiro (PEREIRA, 2008).

Os autores Cunha, Lavarda e Regel também indicam o conteúdo da referida Lei:

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Em dezembro de 2007 foi publicada a Lei nº 11.638, que alterou uma série de

dispositivos da Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/76), todos relativos às

obrigações contábeis das companhias. Essas alterações introduzidas na lei das

S/A visam à convergência das regras de contabilidade das sociedades brasileiras

aos padrões internacionais. Dessa forma, a partir da vigência da Lei 11.638/07, a Lei

das S/A (Lei 6.404/76) passou a conter no Brasil dispositivos equivalentes às

normas internacionais (CUNHA; LAVARDA; REGEL, 2009).

Da mesma forma, Dias comenta a função da Lei n. 11.638/07 e elenca alguns de

seus pontos positivos:

Um aspecto importante da nova lei é a maior transparência e melhor compreensão

pelos principais mercados de valores mobiliários. Alguns efeitos positivos da nova

lei: menor risco para o investidor; estímulo ao ingresso de capital estrangeiro no

País; e mais facilidade de acesso de empresas brasileiras no mercado externo

(DIAS, 2008).

Segundo se extrai dos artigos primeiro e segundo da Lei n. 11.638/07, ela deu

nova redação aos artigos 176 a 179, 181 a 184, 187, 188, 197, 199, 226 e 248 da Lei n.

6.404/76, bem como acrescentou o artigo 195-A.

Dias aborda, sinteticamente, tais alterações:

Alterações significativas são a substituição da Demonstração de Origens e

Aplicações de Recursos (DOAR) pela Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). A

DOAR é considerada pelos especialistas uma demonstração mais rica em termos

de informação, mas seus conceitos não são facilmente aprendidos. A DFC possui

linguagens e conceitos mais simples e melhor comunicação com a maioria dos

usuários das demonstrações contábeis. Para as companhias abertas, há a

introdução da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), que expõe a riqueza

gerada pela empresa e sua distribuição (empregados, financiadores, acionistas,

governo etc) e a parcela não distribuída. Esta prática é muito utilizada no exterior e,

inclusive, é um tipo de demonstração financeira recomendada pela Organização das

Nações Unidas (ONU) (DIAS, 2008).

Destarte, verifica-se que as alterações inseridas na Lei das Sociedades

Anônimas pela Lei n. 11.638/07 atingem, primordialmente, a área contábil, responsável

pelas demonstrações financeiras das pessoas jurídicas e das companhias.

4.2 Alterações da Lei n. 11.941/09

A Lei n. 11.941 foi sancionada em 27 de maio de 2009 e alterou alguns

dispositivos da Lei n. 6.404/76, concernentes aos registros contábeis.

Hauer e Mazeto comentam referida Lei:

É muito amplo o leque de abrangência do mesmo diploma legal que instituiu o novo

“Refis” e, dentre as novidades, a partir do seu Art. 37, trata de obrigações e

faculdades para as sociedades anônimas. O objetivo é a publicidade dos registros

contábeis, clareando-os para o participante de seu capital social e para a CVM –

Comissão de Valores Mobiliários (HAUER; MAZETO, 2009).

Vale também colacionar o seguinte comentário de Souza:

A Lei 11.941/09 de 27.05.2009 (MP 449/8) traz nos artigos 37 e 38 melhorias

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relativas à regulação contábil trazida pela Lei 11.638/07, inclusive aperfeiçoando a

redação de alguns artigos com o objetivo de tornar mais claro o entendimento dos

dispositivos introduzidos pela referida Lei e aproximar a qualidade da informação

contábil brasileira aos padrões internacionais (SOUZA, 2009).

Oliveira explica o motivo da edição da Lei n. 11.941/09:

Porém, como o projeto de Lei 3740/00 ficou praticamente (7) sete anos para ser

efetivamente analisado e votado pelo Congresso Nacional Brasileiro; enquanto isso,

o mundo estava em constante movimento, o que fez com esse projeto se tornasse

em parte obsoleto. Mesmo assim, o projeto foi convertido em lei, o que trouxe

divergências no âmbito contábil, tributário e fiscal. As duvidas não eram sobre as

novas estruturas das demonstrações, mas sobre os critérios que a Lei 11638/07

definia e determinava que fosse executada a contabilidade no Brasil, ou seja, de

acordo com os padrões internacionais de contabilidade e o mais interessante: a

contabilidade nesse critério não seria base calculo para tributação. Para conter as

curiosidades, as especulações, dúvidas gerais e ajustar o tempo em que o projeto

de lei 3740/00 ficou parado no Congresso, o governo federal, por força de um ato

unipessoal do presidente da Republica, com indicações do ministro da fazendo Sr.

Guido Mantega, sancionou a MP. 449/08. Nesta norma, foram diminuídas as

dúvidas, criadas outras situações técnicas a serem seguidas, mas o ponto principal

foi a criação do Regime Transitório de Tributação – RTT. Após cumprir seu prazo

legal e analisada pelo Congresso Nacional, a MP 449/08 foi convertida na Lei

11941/09, com algumas mudanças, porém trouxe em sua estrutura o RTT de forma

literal (OLIVEIRA, 2009).

Posteriormente, o mesmo autor aclara as alterações desta Lei em relação às

sociedades:

O RTT – Regime Tributário de Transição – nada mais é que uma opção em que as

pessoas jurídicas, indiferentes da sua forma societária, se sociedade limitada,

sociedade simples, etc, mas desde que esteja na forma de tributação Lucro

Presumido ou Lucro Real, poderá escolher se deseja ou não optar pelo RTT nos

anos de 2008-2009. Essa opção ao RTT, só deverá ser efetivada se o contabilista

responsável desenvolveu a contabilidade dessas pessoas jurídicas com base nos

critérios da Lei 11638/07 e Pronunciamentos emitidos pelo Comitê de

Pronunciamentos Contábeis, além de aplicar o critério da essência da primazia

sobre a forma. Se assim o fez, o contabilista responsável deverá na entrega da DIPJ

– Declaração das Informações econômico-fiscais da pessoa jurídica - clicar na

opção RTT. Se porventura o contabilista não tenha usado os critérios de

contabilização determinados pela nova lei e normas correlatas, entendemos que não

há a necessidade de optar ao RTT nos anos calendário 2008-2009. Ressalta-se que,

uma vez optado ao RTT no ato da entrega da DIPJ em 2009, que cita os fatos de

2008, a pessoa jurídica não poderá desistir no exercício seguinte da opção

escolhida. No ano de 2010, todas as pessoas jurídicas optantes pelo regime

tributário denominado Lucro Presumido e Lucro Real, são obrigadas a optarem ao

RTT, pois é a partir desse ano que a Comissão de Valores Mobiliários, o Banco

Central do Brasil, a Receita Federal e outras entidades, por força normativa,

determinam a convergência final para as normas internacionais de contabilidade, ou

seja, todas as pessoas jurídicas deverão estar em 2010 dentro dos critérios e

regras estabelecidas pelas leis e normas em vigência, além de seguirem as

Resoluções do Conselho Federal de Contabilidade efetivamente.

[...]

O RTT não é uma forma de diminuição de tributos e nem tampouco uma nova

contabilidade tributária, apenas é uma forma encontrada pelo fisco de não haver

divergências contábeis e fiscais (OLIVEIRA, 2009).

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Assim, nota-se que a Lei n. 11.941/09 também efetuou mudanças na Lei das

Sociedades Anônimas no que pertine às demonstrações contábeis das companhias, que

se adaptaram ao padrão internacional e proporcionaram mais transparência e melhor

compreensão dos dados empresariais.

No entanto, não cabem aqui discussões além deste ponto, eis que atingem,

efetivamente, a área contábil.

5 CONCLUSÃO

Procurou-se ao longo deste trabalho fazer uma análise das principais alterações

sofridas pela Lei n. 6.404/76 na última década. A nova redação desta Lei se deu por meio

das leis n. 10.303/01, 11.638/07 e 11.941/09, que em poucos trabalhos foram

conjuntamente verificadas. Buscou-se demonstrar quais os dispositivos legais modificados

ou inseridos na LSA e sua repercussão dentro e fora da companhia.

Vemos que foram inseridas na LSA novas regras em relação às companhias

abertas, no claro intuito de garantir ao acionista minoritário a segurança de seu

investimento. Nesse mesmo sentido, também foram trabalhados na referida Lei dispositivos

referentes a uma das formas de investimentos em sociedades anônimas, que são as

debêntures.

Entendemos que se buscou, com a edição da Lei n. 10.303/01, criar um

equilíbrio entre os acionistas majoritários e os minoritários, salvaguardando estes de

possíveis prejuízos. Também se tentou facilitar a resolução dos conflitos internos às

companhias, com a inserção da arbitragem, mediante previsão estatutária.

A partir do estudo das leis n. 11.638/07 e 11.491/09, compreendemos que o

legislador intencionou adequar as regras já existentes à realidade do atual mercado

financeiro, proporcionando aos investidores maior e melhor acesso às informações

mercantis, por meio da inovação quanto à forma de divulgação das demonstrações

financeiras das companhias.

Assim, concluímos que as estudadas inovações são fruto tão-somente da

necessidade de adequação da norma regulamentadora das sociedades anônimas ao novo

cenário financeiro do país, que a cada dia mais se populariza, devido à constante busca por

novas forma de investimentos. Ainda, são o resultado da interferência do Direito nas

relações e negócios efetivados entre pessoas físicas e/ou jurídicas, fato necessário para a

convivência do ser humano em harmonia.

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estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de

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especifica; institui regime tributário de transição, alterando o Decreto no 70.235, de 6 de

março de 1972, as Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991,

8.218, de 29 de agosto de 1991, 9.249, de 26 de dezembro de 1995, 9.430, de 27 de

dezembro de 1996, 9.469, de 10 de julho de 1997, 9.532, de 10 de dezembro de 1997,

10.426, de 24 de abril de 2002, 10.480, de 2 de julho de 2002, 10.522, de 19 de julho de

2002, 10.887, de 18 de junho de 2004, e 6.404, de 15 de dezembro de 1976, o Decreto-Lei

no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e as Leis nos 8.981, de 20 de janeiro de 1995,

10.925, de 23 de julho de 2004, 10.637, de 30 de dezembro de 2002, 10.833, de 29 de

dezembro de 2003, 11.116, de 18 de maio de 2005, 11.732, de 30 de junho de 2008,

10.260, de 12 de julho de 2001, 9.873, de 23 de novembro de 1999, 11.171, de 2 de

setembro de 2005, 11.345, de 14 de setembro de 2006; prorroga a vigência da Lei no

8.989, de 24 de fevereiro de 1995; revoga dispositivos das Leis nos 8.383, de 30 de

dezembro de 1991, e 8.620, de 5 de janeiro de 1993, do Decreto-Lei no 73, de 21 de

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partir da instalação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, os Decretos nos

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