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Alargamento COMPREENDER AS POLÍTICAS DA UNIÃO EUROPEIA «A política de alargamento da União Europeia reforça a segurança e a estabilidade da Europa. Permite-nos ser mais fortes, promover os nossos valores e assumir o papel de protagonista global na cena mundial.» Štefan Füle, comissário europeu responsável pelo Alargamento Valores e princípios europeus para mais países

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AlargamentoC o m p r e e n d e r A s p o l í t i C A s

d A U n i ã o e U r o p e i A

«A pol í t ica de alargamento da União Europeia reforça a segurança e a estabi l idade da Europa. Permite-nos ser mais fortes , promover os nossos valores e assumir o papel de protagonista global na cena mundial .»

Štefan Füle , comissár io europeu responsável pelo Alargamento

Valores e princípios

europeus para mais países

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ÍNDICE

razões do alargamento da União europeia . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Como funciona o processo de alargamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Benefícios do alargamento . . . . . . . 10

perspetivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

mais informações . . . . . . . . . . . . . . . 12

Compreender as políticas da União Europeia: Alargamento

Comissão EuropeiaDireção-Geral da ComunicaçãoPublicações1049 BruxelasBÉLGICA

Manuscrito concluído em agosto de 2013

Capa e imagem na página 2: © Digital Vision/Getty Images

12 p. — 21 × 29,7 cmISBN 978-92-79-24058-4doi:10.2775/55008

Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia, 2014

© União Europeia, 2014Reprodução autorizada. As fotografias só podem ser utilizadas ou reproduzidas mediante autorização prévia dos titulares dos direitos de autor.

A presente publicação faz parte de uma coleção que descreve a ação da União Europeia em vários domínios,

as razões da sua intervenção e os resultados obtidos.

Outros títulos disponíveis para descarregamento em linha:

http://europa.eu/pol/index_pt.htm

COMPREENDER AS POLÍTICAS

DA UNIÃO EUROPEIA

Como funciona a União Europeia«Europa 2020»: a estratégia europeia de crescimento

Os pais fundadores da União Europeia

Ação climáticaAgenda digital

AgriculturaAjuda humanit ária e proteção civil

Alargamento Alfândegas

Ambiente A União Económica e Monetária e o euro

Comércio Concorrência

Consumidores Cultura e audiovisual

Desenvolvimento e cooperação Educação, formação, juventude e desporto

Emprego e assuntos sociais Empresas

Energia Fiscalidade

Fronteiras e segurança Investigação e inovação

Justiça, cidadania e direitos fundamentais Luta contra a fraude

Mercado internoMigração e asilo

Orçamento Pescas e assuntos marítimos

Política externa e de segurança comum Política regional

Saúde pública Segurança dos alimentos

Transportes

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3A l A r g A m e n t o

A União Europeia (UE) foi criada na década de 1950 para promover a paz, a prosperidade e os valores europeus. Muitos anos depois, este objetivo mantém a sua atualidade.

A União Europeia está aberta a todos os países europeus democráticos que pretendam aderir. A política de alargamento da UE é a política que acompanha este processo.

A União Europeia passou de seis a 28 membros, estendendo-se do Atlântico ao mar Negro. Na UE vivem mais de 500 milhões de pessoas.

Vantagens para todos

O alargamento vai ao encontro dos interesses tanto dos Estados-Membros como dos países em vias de adesão. Torna a Europa mais segura e próspera, nomeadamente através da promoção da democracia e das liberdades fundamentais, do Estado de direito e do mercado único.

As vantagens do mercado único são consideráveis: crescimento económico e, consequentemente, um nível de vida mais elevado, bens de consumo mais seguros, preços mais baixos e um maior leque de escolha em setores como as telecomunicações, a banca e as viagens aéreas. Com o alargamento da União Europeia, um número crescente de pessoas beneficia destas vantagens.

A União Europeia é, sobretudo, uma comunidade de valores. Somos uma família de países europeus democráticos que assumiram o compromisso de trabalhar em conjunto em prol da paz e da liberdade, da prosperidade e da justiça social. Estes são os valores que defende. A União Europeia procura fomentar a cooperação entre as populações europeias, respeitando e preservando simultaneamente a nossa diversidade.

o alargamento é uma fonte de crescimento

Comércio entre os «antigos» Estados‑Membros da União Europeia (15 países) e os «novos» Estados‑Membros da União Europeia (12 países que aderiram à União em 2004 e 2007):

1999 175 000 milhões de euros2007 500 000 milhões de euros

Crescimento do comércio entre os «novos» Estados‑Membros da União Europeia:

1999 15 000 milhões de euros2007 77 000 milhões de euros

Razões do alargamento da União Europeia©

UE

A Croácia, que aderiu à União Europeia em 2013,

é famosa pelas suas cidades costeiras históricas,

como a cidade de Split.

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4C o m p r e e n d e r a s p o l í t i C a s d a U n i ã o e U r o p e i a

Alargamentos sucessivos

A Comunidade Económica Europeia, fundada em 1950 e atualmente conhecida como União Europeia, tinha inicialmente seis membros: Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos.

Em 1973, a Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido tornaram‑se Estados‑Membros. A Grécia aderiu à União Europeia em 1981, Espanha e Portugal em 1986 e a Áustria, a Finlândia e a Suécia em 1995.

Em 2004, teve lugar o maior alargamento de sempre com a adesão dos seguintes países: Chipre, República Checa, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia, Eslováquia e Eslovénia. Três anos mais tarde, em 2007, a Bulgária e a Roménia aderiram à União Europeia.

A Croácia aderiu à União Europeia, em 1 de julho de 2013, elevando o número total dos seus membros a 28.

Países candidatos e candidatos potenciais

1952 1973 1981 1986 1995 2004 2007 2013

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5A l A r g A m e n t o

A partir de 1950, os dirigentes de seis países, ainda em fase de reconstrução depois de longos anos de guerra, iniciaram o projeto que é hoje conhecido como a «União Europeia».

Um facto sem precedentes, que ficou a dever-se à grande coragem e visão desses dirigentes políticos. Países, que foram inimigos durante séculos, decidiram agir em conjunto no que respeita a algumas questões essenciais, tendo em vista um futuro comum.

Esses países decidiram transferir algumas das suas competências para um novo nível de decisão, denominado hoje simplesmente União Europeia.

A União Europeia é um caso de sucesso. Proporcionou às suas populações um longo período de paz e níveis de prosperidade nunca vistos. O que começou como uma associação de seis países já engloba 28 países com uma população de mais de 500 milhões de pessoas. Logo desde o início, estava prevista a integração de novos membros. Os fundadores tinham a visão de uma Europa integrada e aberta a outros países europeus democráticos. Nos últimos 50 anos, a União Europeia tem-se empenhado em ajudar os países candidatos e aptos à adesão, promovendo o crescimento económico e a solidariedade e apoiando as forças democráticas em países que saíram de um período de ditadura.

Quem pode aderir?

No seu artigo 49.°, o Tratado da União Europeia estabelece que qualquer país europeu se pode candidatar à adesão, desde que respeite os valores democráticos da União e se comprometa a promovê-los.

Um país só pode tornar-se membro da União Europeia se preencher os critérios e as condições de adesão definidos pelos dirigentes da UE na cimeira de Copenhaga de 1993 e por uma série de decisões subsequentes da União Europeia. Os chamados critérios de Copenhaga são os seguintes:

1 . Critérios políticos: instituições estáveis que garantam a democracia, o Estado de direito e os direitos humanos, bem como o respeito e proteção das minorias.

2 . Critérios económicos: existência de uma economia de mercado e capacidade de fazer frente à concorrência e forças de mercado da União Europeia.

3 . Capacidade para assumir as suas obrigações, nomeadamente, para aderir aos objetivos da união política, económica e monetária.

Por outro lado, a União Europeia deve estar em condições de integrar novos membros, pelo que se reserva o direito de determinar o momento em que está preparada para os receber.

São aplicáveis condições adicionais relacionadas com a cooperação regional e as boas relações com os países vizinhos aos países dos Balcãs Ocidentais (no âmbito do chamado «Processo de Estabilização e Associação»).

Artigo 2 .° do tratado da União europeia

«A União funda‑se nos valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, do Estado de direito e do respeito dos direitos, incluindo dos direitos das pessoas pertencentes a minorias. Estes valores são comuns aos Estados‑Membros…»

Artigo 49 .° do tratado da União europeia

«Qualquer Estado europeu que respeite os valores referidos no artigo 2.° e esteja empenhado em promovê‑los pode pedir para se tornar membro da União.»

Como funciona o processo de alargamento

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6C o m p r e e n d e r a s p o l í t i C a s d a U n i ã o e U r o p e i a

Quem decide?

Os novos membros são admitidos por aprovação unânime dos Estados-Membros da União Europeia.

Quando um país se candidata à adesão à União Europeia, os governos dos Estados-Membros representados no Conselho decidem se aceitam ou não o pedido de adesão. Os Estados-Membros decidem, com base num parecer da Comissão Europeia, se concedem o estatuto de candidato ao país requerente e se as negociações de adesão podem começar. Do mesmo modo, os Estados-Membros decidem quando e em que condições são encetadas e encerradas

Qual é a situação atual?

A agenda de alargamento da União Europeia abrange atualmente os países dos Balcãs Ocidentais, a Islândia e a Turquia. Cada um destes países está numa fase de alargamento diferente.

A antiga República jugoslava da Macedónia, a Islândia, o Montenegro, a Sérvia e a Turquia são países candidatos. Estão em curso negociações de adesão com o Montenegro, a Sérvia e a Turquia. A Comissão recomendou também que fosse dado início às negociações de adesão com a antiga República jugoslava da Macedónia. As negociações de adesão com

a Islândia foram suspensas em 2013 a pedido do próprio país.

A Albânia, a Bósnia e Herzegovina e o Kosovo são candidatos potenciais. A Comissão recomendou ao Conselho que concedesse o estatuto de país candidato à Albânia sob reserva do cumprimento de uma série de condições.

1. Islândia2. Bósnia e Herzegovina3. Sérvia4. Kosovo5. Montenegro6. Albânia7. Antiga República jugoslava da Macedónia8. Turquia

1

2 3

4455

6677

88

as negociações de adesão com os países candidatos sobre os vários domínios de intervenção, à luz das recomendações da Comissão.

Depois do encerramento das negociações, um Tratado de Adesão é redigido e assinado pelos Estados-Membros e pelos países candidatos em causa. O Parlamento Europeu, cujos membros são eleitos diretamente pelos cidadãos europeus, deve igualmente dar o seu consentimento. O Tratado tem de ser então ratificado por todos os Estados-Membros e pelo país em vias de adesão no cumprimento dos respetivos procedimentos constitucionais.

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7A l A r g A m e n t o

Para que o alargamento proporcione um máximo de benefícios tanto para a UE como para os países em vias de adesão, o processo de adesão tem de ser cuidadosamente gerido. Os candidatos devem demonstrar que estão em condições de desempenhar plenamente o seu papel de Estados-Membros. Para o efeito, têm de contar com o apoio dos seus cidadãos e cumprir as normas e as regras europeias tanto a nível técnico como político. Ao longo de todo o processo, a União Europeia estabelece condições para a transição dos países para a fase seguinte.

negociações de adesão

As negociações de adesão centram-se na aptidão dos candidatos para assumirem as obrigações decorrentes da adesão. As negociações de adesão incidem, nomeadamente, nas condições e no calendário da adesão e na transposição e aplicação da regulamentação da União Europeia em vigor (cerca de 100 000 páginas). Essa regulamentação (também conhecida por «acervo comunitário») não é negociável. As negociações incidem fundamentalmente sobre como e quando o candidato irá adotar e aplicar efetivamente as regras e os procedimentos da União Europeia.

As negociações são conduzidas entre os Estados-Membros da União Europeia e cada um dos países candidatos. O seu

ritmo depende, sobretudo, dos progressos realizados pelo país candidato no cumprimento dos requisitos. Por conseguinte, os países candidatos terão um incentivo para aplicar as reformas necessárias de forma rápida e eficaz. Algumas destas reformas exigem alterações consideráveis e, por vezes, difíceis das estruturas económicas e políticas do país. Como tal, é essencial que os governos comuniquem aos seus cidadãos, de forma clara e convincente, os motivos que levam a estas reformas. O apoio da sociedade civil é fundamental neste processo.

O início das negociações de adesão é decidido pelo Conselho Europeu com base numa recomendação da Comissão, logo que o país candidato respeite suficientemente os critérios políticos de Copenhaga e, eventualmente, outras condições.

exame analítico

Para facilitar as negociações, o corpo legislativo da União Europeia é dividido em capítulos, correspondendo cada um a um domínio político. O primeiro passo nas negociações é o chamado «exame analítico». O seu objetivo é explicar o acervo aos países candidatos e identificar áreas onde a legislação e as instituições ou práticas devem ser alinhadas à legislação da União Europeia.

Como base para o lançamento do processo de negociação, a Comissão elabora um relatório sobre o exame analítico de cada capítulo Estes relatórios são apresentados ao Conselho. A Comissão formula uma recomendação se se pode dar início às negociações sobre um determinado capítulo ou se é necessário exigir primeiro o cumprimento de certas condições (ou parâmetros de referência).

Logo que os Estados-Membros decidam, com base numa avaliação da Comissão, que estão preenchidos os parâmetros de referência, o país candidato apresenta uma posição de negociação. O Conselho adota então uma posição comum da União Europeia com base numa proposta da Comissão que permite dar início às negociações sobre esse capítulo. A posição comum da União inclui também as condições (parâmetros de referências) para o encerramento do capítulo.

A famosa ponte de Mostar na Bósnia e Herzegovina foi reconstruída depois da sua destruição durante a guerra em 1993.

© iStockphoto.com

/santirf

países em números

Países candidatos e países candidatos potenciais

Superfície(1 000 km)

População(milhões)

PIB por habitante (PPS) (1)

Albânia 27 3,2 7 300 (2)

Bósnia e Herzegovina (BH) 51 3,8 7 300 (2)

Antiga República jugoslava da Macedónia 25 2,1 9 200

Islândia 100 0,3 29 500

Kosovo (*) 11 2,2

Montenegro 13 0,6 10 500 (2)

Sérvia 77 7,3 8 400 (2)

Turquia 770 73,7 13 600

Os 28 países da União Europeia em conjunto 4 290 508 25 700

Dados de 2012. Fonte: Eurostat.

(*) Esta designação não prejudica as posições relativas ao estatuto e está em conformidade com a Resolução 1 244/99 do CSNU e com o parecer do TIJ sobre a declaração de independência do Kosovo.(1) O produto interno bruto (PIB) representa o valor total dos bens e serviços produzidos durante um ano num país e é frequentemente utilizado para medir o nível de vida. O padrão de poder de compra (PPC) é uma unidade que representa um volume idêntico de bens e serviços em cada país, independentemente do nível dos preços.(2) 2011.

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8C o m p r e e n d e r a s p o l í t i C a s d a U n i ã o e U r o p e i a

Logo que os parâmetros de referência para o encerramento tenham sido cumpridos, os Estados-Membros adotam uma nova posição comum (sempre com base em projetos da Comissão), que indica que o capítulo pode ser encerrado, embora apenas a título provisório. As negociações de adesão à União Europeia regem-se pelo princípio de que «nada está acordado até tudo estar acordado» e, como tal, o encerramento definitivo dos capítulos só terá lugar no final de todo o processo de negociação.

Comunicação e supervisão

A Comissão mantém o Parlamento Europeu e o Conselho devidamente informados dos progressos dos países candidatos através de documentos estratégicos anuais e relatórios individuais intercalares sobre cada país. Além disso, supervisiona o respeito por parte do país candidato dos compromissos assumidos durante as negociações.

A supervisão mantém-se até ao momento da adesão. Isso permite fornecer uma orientação adicional aos países que vão assumir as responsabilidades associadas à adesão e garante ainda aos atuais Estados-Membros que os novos membros cumprem as condições de adesão.

tratado de Adesão

Uma vez concluídas as negociações sobre todos os capítulos de forma satisfatória para ambas as partes, as conclusões são integradas num projeto de Tratado de Adesão. A Comissão é consultada e o Parlamento Europeu tem de dar o seu consentimento. O Tratado é então assinado e ratificado pelo país candidato e por todos os Estados-Membros.

da assinatura do tratado de Adesão à adesão

Após a assinatura do Tratado de Adesão, o país em vias de adesão tem direito transitoriamente a certos privilégios.

Adquire o «estatuto de observador ativo» em organismos e agências da União Europeia, tendo direito a exprimir o seu ponto de vista mas não a votar. Pode dar o seu parecer sobre projetos de propostas, comunicações, recomendações ou iniciativas. Após a conclusão do processo de ratificação, o Tratado de Adesão entra em vigor na data prevista e o país em vias de adesão adquire o estatuto de Estado-Membro.

Ajudar os países nos preparativos para a adesão: a estratégia de pré‑adesão

Os progressos de um país no processo de adesão dependem dos progressos que realizam a nível das reformas necessárias para o cumprimento dos critérios de adesão à União Europeia. A UE apoia os países nos seus preparativos para a adesão.

Para ajudar os países a prepararem a futura adesão, a União Europeia recorre a uma estratégia de pré-adesão. Os elementos principais desta estratégia são os acordos de associação (acordos de estabilização e de associação, no caso dos países dos Balcãs Ocidentais), a assistência financeira da União e a participação em programas da UE.

O quadro contratual dos países candidatos para as suas relações com a União Europeia é estabelecido através de acordos de associação. Por exemplo, as relações formais com da Turquia com a União assentam num acordo de associação assinado em 1963 (Acordo de Ancara) e numa união aduaneira acordada em 1995. Para os países dos Balcãs Ocidentais, foi instituído em 1999 um processo especial, denominado processo de estabilização e associação (PEA). O processo de estabilização e associação e os acordos de estabilização e associação (AEA) visam assegurar a estabilização da região, na sequência de uma década de conflitos, apoiar a transição para a democracia e a economia de mercado, facilitar a integração gradual dos países na União Europeia, na perspetiva da adesão, e promover a cooperação regional e as relações de boa vizinhança.

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Montenegro significa «montanha negra».

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9A l A r g A m e n t o

Os países candidatos estão autorizados a participar em programas da União, por exemplo, nos domínios da saúde pública, da investigação ou da educação. Esta experiência permite-lhes aprender a lidar com o tipo de financiamento a que terão acesso após a adesão, ajudando-os igualmente a familiarizar-se com as políticas e os instrumentos da União Europeia.

Apoio da União europeia

A assistência financeira da União Europeia ajuda os países da região a desenvolverem as suas capacidades para adotar e aplicar as normas europeias. De 1991 a 2011, a União Europeia disponibilizou cerca de 16 mil milhões de euros em assistência aos países dos Balcãs Ocidentais, um dos montantes de ajuda per capita mais elevados à escala mundial. Desde 2007, os países candidatos e potenciais candidatos têm vindo a receber financiamento e apoio da União Europeia através do Instrumento de Assistência de Pré‑adesão (IPA).

Os projetos apoiados pelo IPA visam reforçar as instituições democráticas e o Estado de direito, reformar a administração pública, realizar reformas económicas, promover o respeito pelos direitos humanos, bem como o respeito pelos direitos das minorias e pela igualdade entre os sexos, apoiar o desenvolvimento da sociedade civil e a cooperação regional e contribuir para o desenvolvimento sustentável e a redução da pobreza. O financiamento do IPA apoia, por conseguinte, a adoção e aplicação dos requisitos aplicáveis à adesão.

O total dos fundos de pré-adesão aplicáveis ao período de 2014-2020 deverá ascender a cerca de 12 mil milhões de euros, sendo estabelecidas todos os anos dotações específicas para o efeito.

Assistência de pré‑adesão da União europeia em 2013 (milhões de euros)Albânia 95,3

Bósnia e Herzegovina (BH) 108,8

Croácia 93,5

Antiga República jugoslava da Macedónia 113,2

Islândia 5,8

Kosovo 71,4

Montenegro 34,5

Sérvia 208,3

Turquia 902,9

Programa multibeneficiários 177,2

Os países candidatos devem realizar reformas para garantir que a regulamentação da União Europeia é adotada e corretamente aplicada. Poderão ter de criar novos organismos, como uma autoridade independente para a concorrência ou uma agência de qualidade alimentar. Ou poderão ter de reestruturar instituições já existentes: desmilitarizar as forças policiais, modernizar a vigilância ambiental ou conferir maior autonomia ao Ministério Público no combate à corrupção.

Estas reformas implicam grandes investimentos em termos financeiros e de conhecimentos técnicos. A União Europeia disponibiliza uma vasta gama de programas e mecanismos complementares com o intuito de fornecer assistência técnica e financeira à execução destas reformas. Consciente dos desafios que as reformas podem colocar aos cidadãos dos países em causa, a União Europeia também promove a sensibilização do público para o processo de adesão. Por exemplo, através de diálogos com a sociedade civil (por exemplo, sindicatos, associações de consumidores e outras organizações não governamentais).

Um aspeto importante da assistência da União Europeia é o reforço das «capacidades institucionais». Concretamente, trata-se de apoiar o setor público do país candidato a lidar na prática com as questões europeias e a trabalhar de forma eficaz e democrática. A União Europeia contribui para o desenvolvimento de estruturas ou a formação do pessoal responsável pela aplicação da regulamentação da União Europeia. O aconselhamento sobre a aplicação do acervo assume frequentemente a forma de seminários de curta duração ou mecanismos de «geminação», nos quais participam técnicos dos Estados-Membros da União Europeia.

Preparar estes países para a adesão significa também ajudar a modernizar as suas infraestruturas, como a construção de instalações de eliminação de resíduos sólidos, ou melhorar as redes de transportes através da combinação de subvenções da União Europeia e empréstimos de instituições financeiras internacionais.

A União Europeia ajuda a lutar contra a criminalidade na região dos Balcãs.

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Benefícios do alargamento

A União Europeia oferece benefícios económicos e sociais consideráveis, tanto para os Estados-Membros atuais como para os novos Estados-Membros. Em 1999, o comércio entre os 15 Estados-Membros da altura e os 12 países candidatos representava 175 mil milhões de euros. Em 2007, três anos após o maior alargamento de sempre da União Europeia, esse valor tinha aumentado para 500 000 milhões de euros.

Os Estados-Membros que aderiram em 2004 beneficiaram de um crescimento mais rápido, que fez com que o produto interno bruto (PIB) per capita passasse de 40% da média da EU-15, em 1999, para 52% em 2008. Ao longo do mesmo período, estima-se que a adesão tenha incentivado o crescimento económico dos novos Estados-Membros cerca de 1,75 pontos percentuais por ano, tendo o crescimento passado de 3,5%, em média, em 1999-2003, para 5,5%, em 2004-2008.

Além de uma maior prosperidade, o processo de alargamento proporciona igualmente estabilidade e segurança e garante o Estado de direito aos países que aderem à União Europeia.

A política de alargamento desempenhou um papel muito importante na conversão dos antigos países comunistas, que aderiram à União Europeia em 2004, em Estados-Membros com economias de mercado e instituições políticas democráticas. Este processo foi a concretização de um compromisso assumido pela União no final da guerra fria para com os antigos países comunistas da Europa Central e Oriental de que iria ajudá-los a reformar os seus sistemas políticos e economias, criando, assim, as condições para que pudessem aderir à União Europeia.

A assistência dada pela Comissão Europeia e por outras instituições, bem como as competências institucionais e jurídicas veiculadas pelos Estados-Membros já existentes, contribuíram para que estes países pudessem beneficiar de um dos mais rápidos processos de modernização da história.

estudar no estrangeiro é uma experiência única

Piroska Beke é uma cidadã húngara de 24 anos. Ensina alemão numa escola primária na Hungria. Estudou na Áustria durante um ano ao abrigo do programa EdTWIN, que é financiado pela União Europeia e gerido por quatro países (Áustria, República Checa, Hungria e Eslováquia).

O programa permitiu-lhe ficar com uma perspetiva diferente da profissão de professora e tudo isto graças à adesão da Hungria à União Europeia. Os cursos na Áustria também incluíram estágios de formação, o que permitiu a Piroska melhorar as suas competências pedagógicas também a nível teórico.

«Ensinar e estudar fora do meu país foi muito bom tanto a nível profissional como pessoal. Aprendi muito sobre a Áustria e sobre a sua cultura e, o que é ainda mais importante, fiz bons amigos com quem partilho interesses comuns e em quem posso confiar».

O facto de a Hungria pertencer à União Europeia tem sido muito importante para a carreira profissional de Piroska. Deu-lhe acesso a uma grande variedade de programas através dos quais pôde melhorar os seus conhecimentos. «Se a Hungria não tivesse aderido à União Europeia, duvido que tivesse podido estudar na Áustria. Provavelmente, teria tido de esperar alguns anos para conseguir aprender o que aprendi na Áustria e seria certamente uma pessoa diferente», adiantou.

A mobilidade profissional melhora as perspetivas de carreira e alarga os horizontes

Petar é um cidadão búlgaro de 37 anos e vive em Chipre, Para onde se mudou em 2008 para melhorar as suas perspetivas de carreira. Trabalha para uma das principais empresas de comunicação do país.

Em 2008, no início da crise económica, tornou-se cada vez mais difícil proporcionar à sua família um nível de vida aceitável na sua cidade natal, Sliven, na Bulgária. Recorreu ao EURES, o portal de mobilidade da União Europeia em matéria de emprego, que oferece aos candidatos a emprego a oportunidade de consultar ofertas de emprego publicadas por serviços de emprego de toda a Europa. Quando questionado sobre a sua vida na Bulgária antes da adesão à União Europeia, Petar franze o sobrolho: «Viajar pela Europa até era mais ou menos fácil, mas a situação

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Os países que pretendem aderir à União Europeia devem dispor de uma imprensa livre e independente.

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11A l A r g A m e n t o

em termos profissionais era muito difícil. Os búlgaros que queriam trabalhar no estrangeiro só conseguiam arranjar trabalho sazonal ou não legalmente registado, o que para mim estava fora de questão».

Alguns meses depois de se ter registado no portal EURES, Petar foi convidado para uma entrevista em Nicósia por uma importante empresa de publicidade, que acabou por lhe oferecer um emprego. Após vários anos na empresa e graças à ajuda dos colegas que facilitaram a aprendizagem da língua e a integração no seu novo trabalho, Petar declara que se sente um verdadeira membro da equipa e que deixou de se sentir «estrangeiro».

de uma pequena exploração agrícola a uma empresa em linha, graças ao apoio da União europeia

Quando a Polónia aderiu à União Europeia, em 2004, muitos receavam que as explorações familiares de pequena ou média dimensão não sobrevivessem à concorrência mundial. Porém, estas empresas mantêm-se de pé e provavelmente mais sólidas do que nunca. Tomasz Obszański tem uma exploração agrícola de 21 hectares em Tarnogród, perto da fronteira com a Ucrânia.

Tomasz descreve o seu percurso desde a adesão da Polónia à União Europeia: «Não estava de facto seguro de que a adesão viesse a ter um impacto real no meu quotidiano…» «Porém, após alguns meses, comecei a ver as vantagens da adesão, especialmente quando percebi que podia beneficiar de fundos para ajudar a expandir a minha exploração.»

Tomasz utilizou esses fundos com prudência para converter sua exploração numa empresa próspera. A sua produção e rendimentos aumentaram graças a duas grandes mudanças. Tomasz participou num programa da União Europeia, em 2010, que lhe permitiu criar uma nova empresa de produção de cereais e de óleos biológicos.

«Graças a este fundo, pude adquirir uma prensa de cereais para produzir este tipo de óleo em conformidade com as normas europeias em matéria de agricultura biológica» explica Tomasz.» Esta oportunidade deu-me força e ânimo para enfrentar o desafio de uma economia aberta». Com as vendas a aumentar, passou a vender os seus produtos biológicos em feiras, mercados e farmácias regionais, tendo até começado a vender os seus produtos pela Internet.

«Tudo isto permitiu-me oferecer à minha família um bom nível de vida», afirma. «Em última análise, gostaria de criar uma verdadeira empresa familiar, onde os meus filhos possam trabalhar no futuro, uma vez que a exploração continuará a crescer e a tirar partido de novas ideias e tecnologias».

procuradores em parceria: luta contra a criminalidade organizada e a corrupção

A criminalidade organizada é um problema à escala mundial. Para lutar contra este fenómeno, é necessária uma estreita cooperação internacional. Nos Balcãs Ocidentais, os países têm necessidade de adquirir as estruturas e a experiência adequadas para investigar e levar à justiça grupos criminosos complexos num contexto internacional.

Em resposta a esta situação, a União Europeia está a ajudar os países dos Balcãs Ocidentais a tomar as medidas necessárias a começar pela realização de inquéritos conjuntos. O projeto «Luta contra a criminalidade organizada e a corrupção: reforço da Rede de Procuradores» contribui para promover a cooperação entre os magistrados do Ministério Público dos países dos Balcãs Ocidentais.

Os magistrados do Ministério Público dos Estados-Membros da União Europeia são destacados para a região a fim de oferecer aos seus homólogos serviços de consultoria. As organizações criminosas internacionais têm redes transfronteiras bem organizadas e flexíveis que podem transmitir as informações muito rapidamente. «Em geral, estamos sempre um passo atrás dos criminosos, mas com redes bem estruturadas e eficientes podemos reduzir este atraso», adianta um representante do serviço austríaco de informação criminal.

O impacto do projeto fez-se sentir nos Balcãs Ocidentais em abril de 2013, quando as forças policiais especiais da Bósnia e Herzegovina, da Croácia e da Sérvia realizaram a operação «Šetač’» («The Walker»), Que permitiu combater eficazmente a máfia da droga ativa nestes países. Foram intercetadas dezenas de suspeitos, tendo sido apreendida uma grande quantidade de armas e explosivos.

Este projeto irá não só beneficiar os magistrados do Ministério Público dos países dos Balcãs Ocidentais mas protegerá também os cidadãos vítimas da criminalidade organizada. Dada a natureza da moderna criminalidade organizada, estas operações são igualmente positivas quer para os países vizinhos quer para os países ligados a práticas criminosas.

Para saber mais sobre as pessoas que testemunharam nesta brochura, ver vídeo: «A UE — O que significa para mim?»

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NA-70-12-019-PT-C

Mais informações

ISBN 978-92-79-24058-4doi:10.2775/55008

X sítio da Comissão europeia sobre o alargamento: http://ec.europa.eu/enlargement/. X impacto da adesão à União europeia no quotidiano:

http://ec.europa.eu/enlargement/pdf/publication/the_eu_what_would_it_mean_for-me.pdf. X perguntas sobre a União europeia? o serviço europe direct pode ajudá‑lo: 00 800 6 7 8 9 10 11 ―

http://europedirect.europa.eu.

Perspetivas

Os alargamentos sucessivos têm desempenhado um papel fundamental na salvaguarda da democracia e na estabilidade do continente europeu. Este facto foi sublinhado nas razões invocadas para a atribuição, em 2012, do prémio Nobel da Paz à União Europeia. Hoje em dia, a política de alargamento continua a ter um efeito estabilizador nos Balcãs Ocidentais, sendo um elemento de referência fundamental para as reformas democráticas na Turquia. Esta transformação política implica mudanças reais no terreno. A adesão da Croácia é um bom exemplo disso. Assolado por conflitos há duas décadas, o país é agora uma democracia estável e é capaz de assumir as obrigações decorrentes da adesão à União Europeia, nomeadamente no que diz respeito ao cumprimento das normas da União Europeia.

A adesão à União Europeia não é automática. O processo assenta em condições estritas, dependendo cada etapa dos progressos reais realizados no terreno e aprovados por todos os intervenientes. As reformas associadas à UE não se limitam ao alinhamento das legislações nacionais pelas normas da União. O respeito pelo Estado de direito, pelos princípios democráticos e pelos direitos humanos continua a ser o ponto fulcral do processo de alargamento.

A União Europeia dá apoia a economia nos países candidatos e potenciais candidatos.

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