as novas tecnologias e a prÁtica do professor · 2014. 4. 22. · as novas tecnologias e a...
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AS NOVAS TECNOLOGIAS E A PRÁTICA DO PROFESSOR
Autor: Elaine Teresinha Klock Ernzen1
Orientadora: Manuela Pires WeissböckEckstein2
Resumo
Este artigo objetiva a investigação do papel das novas tecnologias na educação e sua influência no processo de construção do conhecimento, bem como, analisar a inserção das novas tecnologias na escola e como utilizá-las na produção de material didático. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de campo, a fim de verificar o conhecimento dos docentes sobre as novas tecnologias e sua utilização em práticas pedagógicas. Em seguida, foram organizadas oficinas de formação para professores, utilizando algumas ferramentas do Google (Doc’s, books e download de imagens), o Youtube e o Blog. Partindo dessas experiências, verificou-se que os professores não utilizavam as novas tecnologias, por falta de prática no seu manuseio. Contudo, após a formação nas oficinas, a maioria modificou sua forma de trabalho e aplicou as informações no planejamento de suas aulas, tornando-as mais interativas.
Palavras - chave: Educação; Novas tecnologias; Prática pedagógica.
1 Introdução
O presente estudo buscou construir uma proposta pedagógica, fundamentada
no uso das novas tecnologias, para a construção de um conhecimento dinâmico e
comunicativo em sala de aula. As atividades foram desenvolvidas com professores
1 Especialista em Supervisão Escolar, Arte e Educação e Educação a Distância. Graduada em
Pedagogia. Professora PDE 2010 da rede pública do Estado do Paraná, lotada no Colégio Estadual Nestor de Castro-EFM. E-mail: [email protected] 2 Professora do Departamento de Pedagogia da Unicentro – Universidade Estadual do Centro-Oeste.
2
que atuam no Ensino Médio, do Colégio Estadual Nestor de Castro-EFM, de Sulina,
no Paraná, em forma de oficinas temáticas, visando auxiliar o professor no preparo
de suas aulas, dinamizando conteúdos, com a utilização das ferramentas da Web
2.0.
A primeira parte do trabalho aborda questões referentes à função da escola e
os objetivos da educação, utilizando como suporte teórico, Dermeval Saviani, Pierre
Levy, Vani Kenski e José Manuel Moran. Em seguida, apresenta-se um breve
histórico sobre o surgimento das TIC’s (Tecnologias de Comunicação e informação),
da Web 1.0, suas características e as principais modificações que ocorreram na Web
2.0.
A segunda parte do trabalho apresenta as informações coletadas por meio de
questionário, sobre o interesse dos professores, com relação às novas tecnologias e
seu uso pedagógico. A partir dos dados coletados, foram organizadas oito oficinas
de formação. Nestas, foram trabalhadas as ferramentas do Google books e Google
doc’s, Youtube e o Blog. Por fim, são apresentadas as vivências realizadas em cada
uma das oficinas, juntamente com depoimentos dos participantes.
2 Pensando sobre a relação das novas tecnologias e a educação
A escola é uma instituição que tem como função a socialização do saber
sistematizado e a formação do cidadão em todas as suas dimensões. Há, portanto,
a necessidade da compreensão das determinações hodiernas3, exigindo a formação
de um homem novo, bem como, uma educação pautada na construção democrática
de uma sociedade solidária.
Nesta acepção, Saviani diz que:
[...] O trabalho educativo é o ato de produzir, direta ou intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e
3Hodierna - que se refere aos dias de hoje, atual. (Dicionário Barsa da Língua Portuguesa, 2010,
p.521).
3
coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objetivo da educação diz respeito, de um lado, a identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esses objetivos (SAVIANI, 2008, p.13).
Há uma expectativa para que a educação se posicione na linha de frente da
luta contra a exclusão de todos os cidadãos, como uma prática efetiva. A sociedade
brasileira demanda uma educação de qualidade, que possa garantir a aprendizagem
necessária para a formação de um cidadão, capaz de atuar com competência,
dignidade e responsabilidade no meio em que vive, para que sejam atendidas suas
necessidades individuais, sociais políticas e econômicas.
Neste sentido, se diz que a escola é vista como meio favorável à educação, à
troca de experiências, atendendo aos interesses e necessidades dos educandos.
Por muito tempo, a escola esteve desvinculada do seu real objetivo. Portanto, foi
preciso transformá-la em um espaço em que o sujeito pudesse agregar sentido ao
que ele aprendesse. De acordo com Colom (apud Libâneo, 1994, p.78), a escola é:
[...] um espaço onde seja possível, em uma sociedade culturalizada pela informação das multimídias e pela intervenção educativa urbana, realizar a necessária síntese doadora de sentido e de razão critica de todas as mensagens-informação acumuladas de forma diversa e autônoma através dos meios tecnológicos. Síntese e significado enquanto re-ordenação e re-estruturação da cultura recebida em mosaico. Desta forma, conceber a escola como espaço de síntese é acreditar nela como estrutura possibilitadora de significado mais do que como estrutura possibilitadora de informação.
Isso significa que a escola tornou-se, hoje, uma exigência para que as futuras
gerações se apropriem do conhecimento sistematizado. “A escola representa na
sociedade moderna, o espaço de formação, não apenas das gerações jovens, mas
de todas as pessoas” (KENSKI, 2007, p.19).
Quando o professor conseguir entender este processo, será capaz de
transformar sua prática pedagógica, levando seus alunos a mudar conceitos e
comportamentos.
De acordo com Moran:
4
As mudanças na educação dependem também dos alunos. Alunos curiosos e motivados facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-educador. Alunos motivados aprendem e ensinam, avançam mais, ajudam o professor a ajudá-los melhor. Alunos que provêm de famílias abertas, que apoiam as mudanças, que estimulam afetivamente os filhos, que desenvolvem ambientes culturalmente ricos, aprendem mais rapidamente, crescem mais confiantes e se tornam pessoas mais produtivas (2000 p.17-18).
Diante disso, constatamos que o grande desafio está em ajudar o aluno a
transformar as informações que recebe em algo significativo e nisso consiste a
tarefa da educação escolar, como um conjunto de objetivos intencionais,
sistematizados e com alto grau de organização.
Com a chegada das TIC’s (Tecnologias de Informação e Comunicação),
surgiram novos desafios. Hoje, estudamos em qualquer lugar, onde se tenha acesso
à internet, pois já temos liberdade de acessar, analisar, utilizar e reeditar
informações. E elas são processadas em tempo real trazendo, de certa forma, a
visão do mundo de seus usuários. Pode-se dizer que as TIC’s são a conjugação da
tecnologia computacional com a tecnologia das telecomunicações e que tem na
internet, a sua expressão. Quando usadas para fins educativos, podemos considerá-
las como um subdomínio da tecnologia educativa.
As tecnologias de comunicação e informação são utilizadas em atividades de ensino de uma forma bem diferente do seu uso costumeiro, como mídias. O espaço da mediação das TICs em educação é claro, as pessoas envolvidas no processo- professores e alunos- são conhecidas e os fins a que se destinam são determinados e estão diretamente articulados com os objetivos do ensino e da aprendizagem (KENSKI, 2007, p. 87).
A partir do momento em que as tecnologias de informação e comunicação se
expandiram, aconteceram mudanças nas formas de aprender e ensinar. Alunos e
professores começaram a ter contato com um mundo bem diferente do qual estavam
acostumados, sendo quase impossível pensar que as atividades educativas também
deveriam ser envolvidas nesse processo.
5
Como meios eficazes de comunicação e informação, as TIC’s são formas de
gerar, armazenar, veicular, processar e reproduzir as informações, incluindo as
mídias mais tradicionais da rede de computadores. Diante dessas descobertas, a
escola pode tornar- se uma forma de difusão das mídias, se as usar como recurso a
serviço da aprendizagem. Isso significa que as novas tecnologias permitem que o
foco da escola não se resuma na transmissão da informação, mas na orientação do
processo, ajudando a escola a abrir-se para o mundo e, consequentemente, trazer o
mundo para a escola, em tempo real, propiciando interações que combinem o virtual
e o presencial, vivenciando processos participativos de ensinar e aprender.
Historicamente, a primeira forma de comunicação virtual surgiu em meados
dos anos noventa, conhecida como Web 1.0, a qual apresentou uma gama enorme
de fontes para acesso, análise e seleção de conteúdos. Mesmo assim, não se podia
interagir com ninguém, sem autorização, pois tudo tinha dono. Nessa época, o
utilizador era mero receptor e, quem utilizava a internet, tinha um custo alto.
A Web 2.0 surgiu em outubro de 2004, durante uma “conferência de ideias”,
entre a O’Reilly Media e a Media Live International, mudando toda a concepção de
uso da internet. A internet transformou-se em uma plataforma com aplicativos
ligados em rede, para serem aproveitadas para construir coletivamente o
conhecimento. Nela, os utilizadores passaram a produzir e interagir na rede, que
deixou de ser vista como um local somente de pesquisa, e sim, como uma
plataforma de interação. Os próprios usuários começaram a fazer o controle de
dados, os serviços se tornaram independentes de pacotes de softwares e houve um
incentivo à inteligência coletiva.
Com o crescente avanço das redes, os conteúdos se apresentaram online e
foram multiplicados pelas páginas da Web, possibilitando acesso a quem desejasse.
No momento que se integraram as multimídias, sons/imagens, vídeo, textos,
animação, simulação, usou-se da comunicação, da troca e da interação.
Para Levy (1999, p.158):
Se as pessoas aprendem com atividades sociais e profissionais, se a escola e a universidade perdem progressivamente o monopólio da criação e transmissão do conhecimento, os sistemas públicos de educação podem ao menos tomar para si a nova missão de orientar os percursos individuais no saber e de contribuir para o reconhecimento dos conjuntos de saberes pertencentes às pessoas, aí incluídos os saberes não-acadêmicos. As
6
ferramentas do ciberespaço permitem pensar vastos sistemas de testes automatizados acessíveis a qualquer momento e em redes de transações entre oferta e procura de competência.
Assim, a prática pedagógica do professor deve estar centrada no estímulo ao
crescimento coletivo. Para tanto, é necessário que o educador adquira os
conhecimentos básicos sobre as novas tecnologias e de como se constituem os
processos de formação da inteligência coletiva. Assim, o ciberespaço4 tem
condições de contribuir na produção do conhecimento, tornando o sujeito em agente
transformador, capaz de refletir, questionar e, principalmente, modificar o mundo em
que vive. Segundo Levy (1999, p.167) “o ciberespaço, suas comunidades virtuais,
suas reservas de imagens, suas simulações interativas, sua irresistível proliferação
de textos e signos, será o mediador essencial da inteligência coletiva da
humanidade”.
3 Análise de campo e procedimentos metodológicos
A implementação do projeto de intervenção, no Colégio Estadual Nestor de
Castro – EFM teve início com a aplicação de questionários aos professores do
Ensino Médio, que atuam em diferentes disciplinas, como: Língua Portuguesa,
Matemática, Geografia, História, Biologia, Química, Física, Língua Inglesa, Arte,
Sociologia e Filosofia, totalizando quatorze entrevistados.
O instrumento de pesquisa teve por finalidade, levantar informações sobre as
dificuldades que o professor do ensino médio encontra no preparo de suas aulas e
se as mesmas estão relacionadas de algum modo ao uso das tecnologias ou à
insegurança dos profissionais ao utilizar os recursos de modo autônomo, crítico e
reflexivo.
As informações foram organizadas a partir de dois grupos norteadores: Grupo
1 – professores das disciplinas de Química, Física e Matemática e Grupo 2 –
4Ciberespaço para Levy (1999, p.17) a “rede” é o novo meio de comunicação que surge da
interconexão mundial de computadores.
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professores das disciplinas de Língua Portuguesa, Inglês, Geografia, História,
Educação Física, Biologia, Arte, Filosofia e Sociologia. Foram utilizadas três
categorias para a análise dos dados: a) planejamento das aulas; b) planejamento
das aulas e uso das tecnologias; c) conhecimento sobre o uso das novas
tecnologias.
A partir dos questionários, verificamos que no grupo 1, na questão
planejamento das aulas, dez, dos quatorze professores, falaram que têm dificuldade
no preparo das aulas. Dois deles, afirmaram que discutem os conteúdos com os
colegas. Um alegou que não encontra tempo para troca de materiais e, três deles,
reclamaram que as horas atividades não são suficientes para o preparo das aulas.
Os professores de Língua Inglesa, por exemplo, dizem não ter material e um deles
não tem conhecimento em informática. Outro, diz que a principal dificuldade é o
tempo, para o preparo das aulas práticas. Quanto ao planejamento das aulas e o
uso das novas tecnologias, sete deles assumiram que têm dificuldade; dois disseram
ser importante ter um instrutor na sala de informática; outros dois alegaram a falta de
capacitação na área das tecnologias. Os outros quatro disseram que não
conseguem encontrar material na internet, nem converter vídeos para serem usados
na TV Pendrive.
Quanto ao conhecimento sobre o uso das novas tecnologias, quatro
professores responderam que conhecem e sabem utilizá-los; os demais,
simplesmente, afirmaram que não sabem. Seis deles procuram usar as tecnologias
em suas aulas, mesmo muitas vezes não obtendo êxito. Um deles, falou da
importância de analisar criticamente os materiais, antes de repassar aos alunos, pois
muitos vídeos, slides e outros dispositivos didáticos, podem conter erros científicos.
Os professores do grupo 2, na questão planejamento das aulas,
responderam que não possuem dificuldade. Contudo, no que diz respeito ao uso das
tecnologias no preparo de suas aulas, dois deles, não encontram tempo para
converter vídeos. E, quanto à última categoria, quatro deles falaram da dificuldade
em usar as tecnologias por não terem muito conhecimento.
Diante dos dados coletados, entendemos que era imprescindível discutir com
os professores sobre a importância do uso das novas tecnologias no processo de
construção do conhecimento, de forma que todos pudessem refletir sobre sua
prática pedagógica. No entanto, para integrar as mídias e exercitar a prática das
novas tecnologias, por exemplo, o professor precisa estar disposto à mudanças, não
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somente pela ótica do domínio das tecnologias, mas por uma prática desafiadora,
para ele e para seus alunos.
4 Estratégias de ação
A partir dos resultados obtidos, pensamos em qual seria a melhor forma de
trabalhar com as dificuldades levantadas pelos professores e percebemos a
necessidade de fazer um estudo teórico a respeito do assunto, partindo das
tecnologias existentes no colégio e o que elas representam para os professores, no
que diz respeito à produção de material didático e pedagógico.
Achamos por bem organizar a proposta em forma de oficinas temáticas.
Preparamos oito delas, com quatro horas, perfazendo um total de trinta e duas horas
presenciais. Assim que as oficinas foram montadas, sentimos a necessidade de
realizar um projeto, para certificar aos professores participantes dessa atividade de
implementação, no Colégio Estadual Nestor de Castro- EFM. Procuramos a
UNICENTRO (Universidade Estadual do Centro-Oeste), que nos orientou como
conseguir isso, através da parceria com a PROEC e orientações da Secretaria de
Estado da Educação (SEED).
Dos quatorze entrevistados, apenas seis professores participaram da
proposta. Tal fato ocorreu, porque a maioria dos participantes que responderam ao
questionário estava apenas substituindo professores QPM (Quadro Próprio do
Magistério), os quais se encontravam em licença para estudo (PDE), no período em
que foram realizadas as entrevistas, porém retornaram à escola, antes do início das
atividades.
A proposta de implementação foi apresentada à Direção da escola e a todos
os professores, no início do ano letivo de 2011, durante a semana pedagógica, para
que todo o colegiado tomasse conhecimento do que seria trabalhado no decorrer da
aplicação do projeto, mas o início da aplicação do mesmo aconteceu somente no
mês de agosto.
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As oficinas sempre iniciaram com textos reflexivos, seguidos de discussões
sobre o uso das novas tecnologias, culminando com a prática pedagógica do
professor.
A seguir, estão descritas as experiências vivenciadas nas oito oficinas,
juntamente com o relato de alguns participantes.
O primeiro encontro aconteceu no dia vinte e sete de agosto, momento em
que foi apresentado o projeto e combinado as datas para a realização das oito
oficinas. Foi comentado sobre a importância do estudo e da oportunidade de poder
ver a escola de fora para dentro. Em seguida, foi analisado o resultado da pesquisa
realizada com os professores. Diante dos dados coletados, eles foram desafiados a
mudar a realidade do colégio, frente ao uso das ferramentas tecnológicas e o
preparo de material didático para suas aulas. Fizemos um debate sobre tudo o que
acontece no colégio, em relação ao uso das tecnologias. Foi comentado novamente
sobre a falta de tempo e a disponibilidade em buscar na web os recursos disponíveis
e também sobre a sobrecarga de trabalho e da falta de alguém para orientar, na sala
de informática, pois nem todos os professores sabem como usar essas ferramentas.
Os professores alegaram que de nada adianta termos um laboratório de informática
bem equipado, se não está sendo utilizado, por falta de técnico para auxiliar
professores e alunos, sobre o funcionamento da internet, a qual além de ter uma
velocidade lenta, devido ao uso de vários computadores simultaneamente, nem
sempre tem sinal disponível. Durante a conversa, surgiu a ideia de pedirmos à
Direção do colégio, a instalação da internet via rádio, para ser usada pelos
professores, já que existe em nosso município uma internet patrocinada pela
prefeitura, para quem quiser fazer uso, pagando somente a instalação e o aluguel do
equipamento. Após essa breve discussão, lemos o texto Sobre a natureza e
especificidade da educação, de Dermeval Saviani. Conceituamos educação, escola
e currículo, segundo a tendência pedagógica histórico crítica.
Os professores utilizaram o programa BrOffice- Impress e Power point, para
criar uma apresentação do tema estudado, em slides, para ser apresentado na aula
seguinte e postado no Google docs. No decorrer do trabalho, foi confirmado a
dificuldade de alguns professores, quanto ao uso dos computadores, no laboratório
de informática, os quais possuem o Sistema Operacional Linux. Disseram ser um
desafio fazer os trabalhos neste programa, pois estão habituados com o Sistema
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Operacional XP, mas mesmo assim, demonstraram grande expectativa e interesse
em aprender algo novo.
A segunda oficina iniciou com a apresentação dos slides preparados na aula
anterior, confirmando-se que temos dificuldades a serem sanadas, quanto ao uso
dessa ferramenta de trabalho. Em seguida, assistimos ao vídeo: Novas tecnologias,
novos modos de ensinar, novos modos de aprender5. Esse vídeo mostrou um pouco
da história da evolução tecnológica, no que diz respeito à Web 1.0 e 2.0, assim
como sua utilização.
Apresentamos o histórico da Web 1.0 e as mudanças que ocorreram para o
advento da Web 2.0. Foram mostradas algumas das ferramentas do mundo virtual e
a relação dessas com a prática pedagógica. Os professores ficaram surpresos e
disseram que nunca tiveram oportunidade de conhecer tais ferramentas. Eles
reconheceram estar um pouco aquém do que está acontecendo no mundo e a
rapidez com que as tecnologias têm sido desenvolvidas.
Constatamos que os professores ainda estão inseguros para utilizar a Web
2.0, devido à falta de conhecimento prático dessas ferramentas. Mas percebemos
que estão dispostos a aprender e aplicar as informações estudadas, em seu trabalho
pedagógico na sala de aula, modificando sua metodologia de ensino.
Na terceira oficina, trabalhamos a questão das TIC’s (Tecnologias de
Informação e Comunicação) e a relação que estas têm com o currículo, a prática
docente e a formação do professor. Para essa aula, foi selecionado o texto: Novas
tecnologias no ensino: formando professores, de Margareth de Fátima Maciel e
Lillian Faccin, que apresenta uma reflexão sobre a importância da formação
continuada do professor, decorrente das mudanças que estão acontecendo em
função da evolução tecnológica, em todos os campos. A reflexão girou em torno das
perguntas: a) Qual é o maior desafio do professor perante as novas tecnologias de
informação e comunicação? b) Como deveria ser o perfil do novo profissional da
educação? c) Como você, professor, se comporta diante das tecnologias em sua
vida e no seu trabalho? d) Quais as facilidades? E as dificuldades? Foi feito a leitura
do texto e logo em seguida, a discussão das questões, onde mais uma vez,
constatamos através dos relatos dos professores que o desafio frente às novas
tecnologias deixa o professor aflito, pois ele não está conseguindo dar conta de tudo
5 Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=1iDhagwKvp0
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o que acontece ao seu redor, sobretudo, pela rapidez com que a evolução acontece.
Em seguida, foi assistido ao vídeo: Tecnologia na escola6, o qual mostra de forma
sucinta os avanços tecnológicos realizados pela humanidade ao longo do tempo. Foi
possível observar que precisamos avançar em relação à formação dos profissionais
da educação, pois eles deixaram clara a falta de conhecimento dessas técnicas.
A quarta oficina iniciou com a apresentação das ferramentas de acesso às
informações textuais do Google (doc’s, books e download de imagens). Realizamos
inicialmente um passeio pelo ambiente do Google e os professores, como nunca
tinham ouvido falar nestas ferramentas, ficaram surpresos, principalmente, com os
recursos de utilização de um HD virtual, onde se pode criar e editar textos,
apresentações, planilhas e formulários, através dos editores virtuais, além de
compartilhá-los com outros professores e alunos online. Também gostaram de saber
que se pode salvar (Upload) documentos gravados em seu PC e acessá-los de
qualquer computador com internet.
Em seguida, os professores tiveram como tarefa, preparar um conteúdo, de
sua disciplina, para a organização de uma aula que seria aplicada aos alunos,
utilizando os recursos apresentados, incluindo ilustrações a partir de download de
imagens. Neste dia, tivemos muitas dificuldades no laboratório de informática do
Colégio:a internet era muito lenta e o sinal caía com frequência. Percebemos mais
uma vez, que se torna difícil trabalhar com alunos, uma vez que estávamos em
poucas pessoas acessando e era quase inviável.
Logo após essa oficina, realizamos uma conversa com a Direção do Colégio,
sobre o ocorrido. Oportunidade em que sugerimos que providenciasse através da
Prefeitura Municipal, a disponibilização de uma linha de internet alternativa, para o
uso dos professores, da Secretaria e sala dos pedagogos. A Direção, percebendo a
real necessidade e extrema utilidade, atendeu-nos prontamente.
Com o primeiro passo dado, uma das colegas PDE, doou o modem wireless
para a escola e a APMF patrocinou a instalação. Alguns professores já tinham
notebook e outros já pensaram em adquirir o seu. Quando a Direção percebeu o
interesse pelo aprendizado, adquiriu também um projetor multimídia, para a escola.
6 Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=V5Eep7spyq&feature=related
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Para a quinta oficina, a internet alternativa já estava funcionando. Os
professores que possuíam seu notebook, trouxeram consigo, minimizando a
sobrecarga nos computadores do laboratório. Neste dia, iniciamos os trabalhos com
a preparação de material pedagógico, utilizando o suporte do Youtube e Keepvid. Os
professores ficaram muito felizes, pois essa era uma de suas ansiedades, quando se
falava em produção de material, com o uso de vídeos. A maioria dos participantes
não sabia baixar vídeos do Youtube, para utilizá-los em sala de aula. Após a
conclusão dessa atividade, lemos o texto: Tecnologia para comunicação e
publicação, de José Manuel Moran. Este serviu como reflexão sobre as tecnologias
de comunicação, que em sua maioria são ferramentas apreciadas pelos alunos e
não pelos professores. Também assistimos aos vídeos: O que é um blog?7; A
importância do Blog na educação8e O que é um blog e para que serve9.
Nesse dia, discutimos também sobre a formatação dos textos e arquivos a
serem postados no Google Doc’s e aproveitamos para falar sobre a importância de
se trabalhar os conteúdos disciplinares fazendo uso de diversas linguagens,
oportunizadas pelas diferentes mídias, textos impressos, conteúdos web, livros
digitais, dentre outros. Acabamos discutindo a questão da inserção das novas
tecnologias na escola e como utilizá-las na produção de material didático.
Na sexta oficina, foram trabalhadas as funções e ferramentas do blog,
objetivando conhecer as potencialidades do uso da tecnologia em relação ao ensino
das disciplinas e a integração das mídias como suporte para a construção do blog
pedagógico. Visualizamos vários modelos de blogs da rede, para que cada um
pudesse escolher o layout para o seu blog. Para a criação dos blogs foi escolhido o
suporte do www.blogger.com, página que disponibiliza essa ferramenta.
A figura 01 mostra o design do blog criado pela pesquisadora, antes da
realização das oficinas temáticas. Durante o processo de montagem do mesmo,
verificaram-se as possíveis dificuldades que poderiam ocorrem durante a produção
dos blogs nas oficinas. Por esse motivo, foram postados textos, páginas, vídeos,
gadgets, imagens /sons, endereços de blogs, de textos para estudo, lembretes, etc.
A fim de explorar os recursos e sua forma de utilização.
7 Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=X5GIHTfDNa0
8 Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=bJGIhrJHjW4
9 Vídeo Disponível em: http://www.konfide.com.br/o-que-e-um-blog-e-para-que-serve
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Figura 01: Blog criado por E.E. Fonte: http://novastecnologiaspde.blogspot.com.br/, 2011.
Figura 02: Blog criado por E.R. Fonte: http://hojediadematematica.blogspot.com.br/, 2011.
A figura 02 mostra a imagem do blog criado pelo professor de matemática.
Nele observamos a postagem de vídeos, textos, gráficos, atividades pertinentes às
aulas de matemática, para serem realizadas pelos alunos, com postagem de
comentários sobre cada atividade.
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A sétima oficina foi um momento de produção do material a ser aplicado em
sala de aula, com o uso dos recursos tecnológicos: apresentação de slides, vídeos
do youtube, dicas de filmes, dicas de artigos, de outros sites e blogs, acesso ao
Google books, para aprofundamento do conteúdo e utilização do blog. Para essa
tarefa os professores utilizaram seu blog, postando atividades que foram
desenvolvidas pelos alunos.
Figura 03: Blog criado por G.C. Fonte: http://learningenglishforteachers.blogspot.com.br/, 2011.
No blog desenvolvido pela professora de inglês, prevaleceu a postagem de
áudios, atividades para alunos, em forma de texto e outras atividades, para serem
utilizadas em sala de aula. A professora também fez uma enquete com os alunos
pelo blog.
A figura 04 mostra o trabalho realizado pela professora de Artes. Nele
observamos a postagem de textos, figuras para serem utilizadas em sala de aula,
com os alunos, atividades extra classe e algumas curiosidades.
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Figura 04: Blog criado por A.D. Fonte: http://angeladonel.blogspot.com.br/, 2011.
Figura 05: Blog criado por S.D.E. Fonte: http://saladerecurso123.blogspot.com.br/, 2011.
No blog da figura 05 constatamos bastante empenho e criatividade, pois a
professora postou muitas atividades para a sala de recursos, fotos de trabalhos
realizados pelos alunos, textos, curiosidades e a proposta de trabalho, para ser
compartilhada. Nele encontramos histórias, planos de aula, cruzadinhas, material
para encaminhamento de alunos, atividades de situações problemas, dentre outros.
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Na oitava oficina foi realizada a apresentação e socialização dos materiais
didáticos produzidos. Cada participante apresentou seu blog pedagógico e contou
como foi a experiência. Os blogs criados foram muito bem organizados, com
atividades para alunos e professores. Foi gratificante perceber que os olhos dos
professores brilhavam, enquanto falavam de sua experiência. E, sobre essa
questão, uma das professoras que participou da oficina deu seu depoimento:
A possibilidade da criação de um blog com intuito educativo é muito motivadora. A dificuldade somente se apresenta quando tentamos fazer algo mais. A criação do blog foi fácil, contudo, precisamos destinar sempre um tempo para atualizá-lo e adicionar novas atividades. Com certeza, temos em nosso favor uma ferramenta importantíssima, para o processo de ensino e aprendizagem, na atualidade, a qual demanda constante atualização/capacitação (G. C., 2011)
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Ficou claro que cada pessoa que tem seu ambiente virtual, tem a
oportunidade de fazer conexões entre informações, textos, mídias, imagens,
espaços de referência e interação. Os professores também falaram da participação
dos alunos, afirmando que pareciam surpresos, pois jamais imaginavam que os
professores pudessem usar o Blog como recurso em suas aulas. Disseram que os
alunos demonstraram maior interesse para a realização das atividades e que
entregavam o trabalho solicitado no prazo determinado, o que não acontece em
atividades comuns.
Outra professora, participante das oficinas, fez questão de manifestar sua
opinião sobre a implementação da presente Unidade Didática:
Gostei muito do seu projeto de Intervenção Pedagógica, pois tecnologia é um tema que precisa ser discutido muito no meio educacional. O grande desafio no momento é que todos possam ter informações de como utilizar de modo confortável as novas tecnologias que estão em permanente evolução (S. D. E. 2011)
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Greicy Erhart Pereira da Costa, formada em Letras Português - Inglês, atua no Colégio Estadual Nestor de Castro – EFM. 11 Solange Donel Ernzen, formada em pedagogia, pós-graduação em pedagogia escolar, educação especial e formação de tutores EAD, atua no Colégio Estadual Nestor de Castro – EFM.
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É interessante observar que cada blog criado pelos professores tem
características próprias, o que comprova a autonomia e criatividade. Esse foi o
diferencial na hora de trabalhar com os alunos, pois dessa forma, os professores
perceberam que mesmo utilizando as mesmas ferramentas, a organização foi
diferente em cada blog, o que também acontece com seus alunos, no processo de
ensino aprendizagem.
5 Conclusão
Esse estudo analisou algumas características no campo tecnológico do
Colégio Estadual Nestor de Castro, onde o problema encontrado foi a dificuldade e a
resistência ao uso das novas tecnologias como ferramenta pedagógica. Percebemos
que a maioria dos professores partilha da mesma dificuldade, que é a inserção
destas no cotidiano escolar, apesar de que colocar os equipamentos nas escolas
tornou-se muito fácil para os administradores, pois eles podem ser encontrados em
todo lugar. A estrutura pode ser copiada, modificada, mas o que faz a diferença são
os profissionais da educação, capacitados para utilizar a tecnologia como suporte
para suas práticas pedagógicas e para isso, faz-se necessário um investimento em
formação continuada específica, o que ainda não ocorre.
É importante considerar o caminho que o professor está trilhando para poder
incorporar essa avalanche de novidades que aí está, principalmente, no mundo
virtual. É preciso muito estudo, trabalho, persistência, dedicação e rompimento do
comodismo, para podermos trabalhar de forma colaborativa. Não podemos nos
intimidar perante o desconhecido, nem da falta de domínio dessas ferramentas,
diante dos educandos, por medo de errar. Precisamos buscar apoio e aproveitar,
para aprender junto com eles.
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A formação continuada se fundamenta na pesquisa para descobrir, colocar o
sujeito diante de situações sempre novas e conflitantes, para provocar rupturas e
desinstalar.
Foi assim que nos percebemos durante esse estudo e implementação, onde
contatamos que não é tarefa fácil, incorporar essa evolução e trazê-la para a sala de
aula. Contudo, o primeiro ensaio foi realizado. Penso que esse trabalho deveria ser
permanente, nas escolas, pois não se consegue dar conta da solução dos
problemas em tão pouco tempo. Porém, o projeto despertou o interesse pelo
conhecimento das ferramentas disponíveis na escola, contribuindo com a formação
através do uso das tecnologias no cotidiano escolar, para tornar a escola um espaço
de troca de informações, experiências e também, de conhecimento.
Após as oficinas, percebemos algumas mudanças nos professores que
participaram da formação, pois eles já estão tendo mais facilidade no manuseio das
mídias e também estão auxiliando os colegas que precisam. E os demais
professores do colégio já estão aguardando formação nesse sentido.
Sendo assim, tenho certeza de que as tecnologias usadas nesse trabalho de
produção de material pedagógico ampliaram a possibilidade no ato do professor
ensinar, bem como, do aluno aprender, quando utilizada de forma consciente e
planejada. E, reafirmamos que o Blog também pode ser um recurso importante no
trabalho pedagógico. Verificamos alunos com maior interesse e participação, por
serem desafiados pela dinâmica utilizada. Para eles também significou inovação e
oportunidade de interação com os colegas e professores, tendo a oportunidade de
ver seus trabalhos publicados.
Diante disso, concluímos que esse estudo possibilitou a construção coletiva
de conhecimento, mediada pelas novas tecnologias e podemos afirmar que essa
prática modificou o trabalho docente dos professores que participaram das oficinas.
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Referências
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Moderna, 1996. BRITO, Glaucia da Silva, PURIFICAÇÃO Ivonélia da. Educação e novas tecnologias: um repensar CURITIBA: Ibpex,2008.
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