as lucernas romanas de scallabis

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AS LUCERNAS ROMANAS DE SCALLABIS CARLOS PEREIRA

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AS LUCERNAS ROMANAS

DE

SCALLABIS

CARLOS PEREIRA

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O presente trabalho teve como objectivo o estudo da totalidade

dos ragmentos de lucernas recohidos na Alcáçova de Santarém, prove-

nientes de 12 das 18 campanhas de trabalhos arqueológicos realizadosneste local. O conjunto conta com 393 ragmentos, dos quais correspon-

dem 71 a exemplares decorados, e 16 contendo marca e/ou inscrição. A

totalidade da amostra encontrava-se inédita, embora, nos relatórios das

intervenções arqueológicas das várias campanhas, se tenha eito reer-

ência a alguns exemplares. Três das peças encontram-se já divulgadas

no catálogo da exposição “De Scallabis a Santarém” (Arruda e Viegas,

2002b; AAVV 2002). Dado o elevado estado de ragmentação do con-

 junto, não resultou ácil a sua classicação e interpretação. Foi possível,

ainda assim, integrar, tipologicamente, 123 exemplares.

Cronologicamente, o conjunto de cerâmicas de iluminação da

Alcáçova de Santarém poder-se-á enquadrar entre nais do século II a.C.

e início da centúria seguinte, tendo perdurado até nais do século IV e

inícios do século V d.C. No entanto, é durante o século I d.C. que apre-

senta o maior volume de importações, acompanhando os restantes ma-

teriais característicos desse período, como é o caso da terra sigillata e dasânoras. A partir de inícios do século II d.C., Scallabis parece sorer uma

quebra signicativa na importação de produtos manuacturados que

poderá dever-se a vários actores, situação que o estudo deste conjunto

também refete.

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Versão original disponivel no repositório da Faculdade de Letras da Universidade de LisboaLocalização: http://repositorio.ul.pt/handle/10451/429

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AS LUCERNAS ROMANAS

DESCALLABIS

CARLOS PEREIRADissertação de mestrado em Pré-História e Arqueologia, apresentada e deendida

na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa no ano de 2008.Versão melhorada

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 Aos meus pais:

Por me ensinarem o que é a vida;

Por me terem educado excelentemente;

Por permitirem a realização de um sonho;

Por terem feito de mim, aquilo que hoje sou.

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Índice

 Agradecimentos 8 

1. Introdução 102. As lucernas romanas 142.1. Problemáticas de estudo 142.2. Origem e produção/fabrico 173. Alcáçova de Santarém 223.1. Enquadramento geográco e arqueológico 223.2. Scallabis Praesidium Iulium no seu tempo 254. Lucernas romanas na Alcáçova de Santarém  304.1. Composição, metodologia e questões prévias 304.2. Pastas e grupos de fabrico 334.2.1. Produções Itálicas 334.2.2. Produções Hispânicas 344.2.3. Produções Africanas 35

4.2.4. Grupos de fabrico 364.2.5. Discussão 394.3. As formas 444.3.1. Lucernas de inuência helenística 514.3.1.1. Ricci E 514.3.1.2. Ricci H 524.3.2. Lucernas tardo-republicanas 544.3.2.1. Dressel 1/Ricci-Dressel 1 544.3.2.2. Dressel 1/Ricci-Dressel 1B 554.3.2.3. Dressel 2/Ricci-Dressel 2/Ponsich 1 B/Deneauve I 554.3.2.4. Dressel 2/Ricci-Dressel 2A 57

4.3.2.5. Dressel 2/Ricci-Dressel 2/3 584.3.2.6. Dressel 3/Ricci-Dressel 3/ Walters 73-74/Ponsich IC/Deneauve III 584.3.2.7. Dressel 3/Ricci-Dressel 3A 594.3.3. Lucernas imperiais de volutas 604.3.3.1. Dressel 9/Loeschcke I/Ponsich II-A1/Deneauve IV 604.3.3.2. Dressel-Lamboglia 9A/Loeschcke IA/Ponsich II-A1/Deneauve IVA 614.3.3.3. Dressel-Lamboglia 9B/Loeschcke IB/Ponsich II-A1/Deneauve IVA/Walters 78 624.3.3.4. Dressel 11/Loeschcke IV/Ponsich II-B1/Deneauve VA/Walters 81/84 634.3.3.5. Dressel 12/Loeschcke III/Ponsich II-B1/Deneauve VB/Walters 87 654.3.3.6. Dressel 14/Loeschcke V/Ponsich II-B2/Deneauve VD 664.3.3.7. Dressel 15/16/Loeschcke V/Ponsich II-B2/Deneauve VD/Walters 85 67

4.3.4. Lucernas imperiais de disco 694.3.4.1. Dressel 17/Loeschcke VIIIA/Deneauve VIID 694.3.4.2. Dressel 19/Loeschcke VIIIR/Ponsich III – B1/Deneauve VIIA 704.3.4.3. Dressel 20/Ponsich III – B1, 2/Deneauve VIIA/Walters 95 714.3.4.4. Dressel 27/Loeschcke VIIIH/Ponsich III – C/Deneauve VIIIA 724.3.5. Lucernas paleocristãs 734.3.5.1. Hayes I/Atlante VIII 74

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4.3.5.2. Hayes IIA/Atlante X 754.3.6. Fragmentos de difícil classicação 764.3.7. Discussão 774.4. Iconograa 814.4.1. Religião e mito 84

4.4.1.1. Divindades Olímpicas 844.4.1.2. Divindades Menores 854.4.2. Vida quotidiana 874.4.2.1. Cenas de trabalho 874.4.2.2. Cenas de anteatro 874.4.2.3. Cenas eróticas 884.4.2.4. Máscaras 894.4.2.5. Simbólicas 894.4.3. Fauna 904.4.4. Flora 914.4.5. Motivos geométricos 92

4.4.6. Decoração na orla 934.4.7. Decoração na asa 944.4.8. Discussão 944.5. Marcas e inscrições epigrácas 954.5.1. Signos anepígrafos 1014.5.2. Letras isoladas 1034.5.3. Marcas nominais 1034.5.4. Inscrições no disco 1054.5.5. Discussão 1065. As lucernas romanas da Alcáçova de Santarém; conclusões e reexões  1106. Bibliograa 120

Documentação gráca 132Catálogo 194

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Agradecimentos 

 A realização deste trabalho foi possível graças ao auxílio de várias pessoas, a

quem expresso o meu profundo agradecimento.

Gostaria de agradecer em primeiro lugar à Prof. Doutora Ana Margarida Arruda

por me ter conado o conjunto de Lucernas da Alcáçova de Santarém e aceite a orienta-ção cientíca desta dissertação, bem como a pronta disponibilidade, acompanhamento,

revisão e esclarecimentos que dedicou.

À Prof. Dr.ª Catarina Viegas, pela cedência de alguma da bibliograa que se rev-

elou de extrema importância para a continuidade deste trabalho, assim como sugestões

e revisões efectuadas a alguns dos capítulos.

Ao Prof. Doutor Amílcar Guerra pelos esclarecimentos que prestou sobre as mar -

cas e inscrições das lucernas que se revelaram bastante problemáticas na hora da sua

transcrição, e para o qual muito ajudaram os seus ponderados conselhos.

Não poderia ainda deixar de agradecer a um restrito grupo de amigos que, tam-

bém arqueólogos, sempre me compreenderam, apoiaram e incentivaram quando surgiaum obstáculo de mais difícil transposição. Assim, a eles, Patrícia Bargão, João Araújo

Gomes, Patrícia Magalhães, deixo expresso o meu mais sincero agradecimento.

Agradeço ainda à Elisa de Sousa a ajuda prestada na elaboração de grupos de

fabrico, bem como todas as discussões que, certamente, me encaminharam sempre a

esclarecimentos.

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1. Introdução As cerâmicas de iluminação romanas constituem um dos tipos de materiais que

datações mais precisas podem oferecer, paralelamente a outros materiais. Não obstante

tal realidade, as lucernas correspondem também ao tipo de materiais que mais dúvidas

e problemas de classicação podem originar. Além de ser um tipo de material bastanterico em formas e morfologias, é-o também nas tipologias que foram sendo elaboradas

ao longo de todo o século XX. No entanto, este grande manancial de informação e de

critérios tipológicos para as lucernas imperiais contrasta fortemente com o panorama do

estado da investigação para as de cronologia republicana.

Os motivos que transformaram as lucernas romanas num dos denominados “fós-

seis directores” parecem dever-se ao facto de corresponder a um tipo de material que es-

teve sujeito a uma grande circulação e mutação morfológica num curto espaço temporal,

impulsionada pelo gosto e exigências da sociedade romana.

 A cópia de lucernas era uma prática bastante comum pela sua facilidade de

reprodução, permitindo um acesso mais generalizado. No entanto, esta prática vem di-

cultar e conturbar o estudo destes materiais. O processo de sobremoldagem seria de-

masiado fácil de realizar, sendo possível de se efectuar por um qualquer proprietário de

uma pequena olaria familiar (Caetano, 2001, p. 22), ou por oleiros de centros produtores

de maiores dimensões.

 Assim sendo, as cópias de lucernas vão alterar em muito o mapa de dispersão

de produção dos distintos oleiros individualizados até ao momento. Se nos depararmos

com uma mancha mais acentuada de pontos numa determinada área geográca de uma

assinatura, poderemos pensar tratar-se do âmbito de produção desse mesmo oleiro,

o que nem sempre poderá ser o caso. Veja-se o caso de Caius Oppius Restitutus queapresentava uma dispersão bastante alargada no norte de África, mas que, ainda assim,

os investigadores estão em consenso em relação à sua produção na Península Itálica

( Apud in Caetano, 2001, p. 23).

O uso mais frequente e habitual das lucernas era, sem dúvida alguma, a ilu-

minação doméstica e pública. Exemplo deste último caso é a realidade documentada

nas áreas exteriores de Pompeia, junto às tabernae (Amare Tafalla, 1987, p. 20 e 21).

Temos também conhecimento da realização de espectáculos teatrais e da organização

de festividades nocturnas que, decerto, conheceram, no seu espaço, o tipo de materiais

de iluminação aqui alvo de estudo. Os “Ludi gladiatores” foram uma das varias represen-

tações nocturnas que Calígula e Domiciano elaboraram e apresentaram à luz de lucer -nas suspensas ou aplicadas em suportes, mas que, certamente, eram ricas em motivos

iconográcos (Walters, 1914, p. xiv). Seguramente que, para além de teatros, as lucernas

se encontrariam de igual forma presentes em templos, anteatros, circos, termas, acam-

pamentos e minas, entre outros.

No que concerne à vida religiosa, as lucernas não puderam deixar de estar pre-

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sentes nos locais de culto, acompanhando os diversos deuses aí cultuados, iluminando

o seu espaço ou constituindo simples dedicações. É no mundo funerário que elas mais

parecem estar presentes, depositadas enquanto simples oferendas ou ocultando um

qualquer signicado mais profundo. Esta prática evidencia, de igual forma, uma larga

inuência helenística (Walters, 1914, p. xv).As lucernas assumem, por vezes, variados papéis rituais nos diferentes ns vo-

tivos e práticas religiosas de grande complexidade. Por um lado, assumiam um carácter 

simbólico nos locais de culto das divindades (Almeida, 1952, p. 90) e, por outro, eram

depositadas lado a lado com aqueles que pereciam, sendo um dos materiais que se pre-

sumia ser necessário para a continuação da vida além-túmulo. Assim, estas não só as-

sumiram um carácter preponderante nas cerimónias funerárias como também no próprio

mundo “subterrâneo”.

As lucernas assumem também papéis mais abstractos, e em circunstâncias bas-

tante diferentes. Estas decerto se encontravam relacionadas com algumas superstições

em que a direcção e oscilação da chama poderia ser interpretada como sendo um bom

ou mau augúrio. Curioso ainda é o facto de termos conhecimento de ofertas pessoais

deste tipo de peças, com pequenas mensagens epigrafadas na área do disco (Caetano,

2001, p. 31).

Eram ainda utilizadas como “cronometradoras” de tempo, entre as várias funções

que tinham, servindo para medir o tempo de trabalho dos mineiros (Plinio, N.H. XXXIII,

21, 5). De facto, as lucernas encontram-se perfeitamente documentadas em contextos

mineiros, apresentando aí diferenças formais substanciais, nomeadamente as suas di-

mensões. A necessidade de peças com a presença de um depósito de maiores capacid-

ades evitaria, assim, a constante urgência de manutenção das mesmas, e a presença deum rostrum mais aberto e alongado possibilitaria uma maior iluminação.

Não obstante, talvez devamos ser ponderados na hora de atribuir tal nomencla-

tura a uma lucerna. Lembramos que a denição de “lucerna mineira” talvez deva advir do

contexto em que esta é utilizada. Veja-se o caso das lucernas de tipo Rio-tinto/Aljustrel

que apresentam uma vasta disseminação geográca, sendo utilizadas em claros contex-

tos de habitat.

Posto isto, é agora mais perceptível a razão pela qual as lucernas romanas con-

stituem um dos marcos no estudo e investigação da sociedade romana.

Este corresponde, com efeito, a um dos objectivos deste estudo. Através da

análise das cerâmicas de iluminação romanas recolhidas na Alcáçova de Santarém,pretendemos reconhecer, suportando-nos de igual forma nos estudos de outros mate-

riais deste sítio já publicados, a importância deste material na actividade comercial de

Scallabis. Sempre que possível, procurámos estabelecer paralelos com outros sítios que

ofereceram conjuntos análogos deste tipo de materiais, o que não resultou fácil devido

ao facto de não reconhecermos uma sistemática publicação das lucernas no território ac-

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tualmente português. No entanto, cremos que esta é uma realidade que tende a mudar.

Reconhecemos que o estudo das cerâmicas de iluminação é árduo e, quer pelos

vários motivos que fomos enunciando ao longo deste trabalho, quer devido ao facto de

frequentemente lidarmos com fragmentos de reduzidas dimensões, desmotiva à elabora-

ção de um estudo. No entanto, e infelizmente, esta diculdade resulta na não publicaçãodos dados que estes materiais oferecem e que permitem um conhecimento mais pro-

fundo dos sítios onde são recolhidos.

Este estudo inicia-se com um breve enquadramento histórico-geográco da Al -

cáçova de Santarém, seguido de uma exposição do estado actual da investigação das

cerâmicas de iluminação.

Segue-se a análise do conjunto de lucernas da Alcáçova de Santarém, dividida

por aspectos formais, iconográcos e epigrácos. Por vezes, nem sempre é possível atri-

buir uma forma especíca a determinados fragmentos. Por um lado, a reduzida dimensão

dos mesmos não o permite, por outro, por não apresentarem o bico conservado. De fac-

to, algumas tipologias efectuam uma divisão de formas com base nos bicos (Deneauve,

1969). Contudo, estando nós frequentemente perante asas, orlas e parte do disco, estes

elementos poderão enquadrar-se em diferentes formas. Por este motivo, e com base nas

várias tipologias elaboradas até ao momento, efectuamos uma proposta morfológica das

orlas, que consistem nos fragmentos mais frequentes, associada a morfologias e, conse-

quentemente, a cronologias.

Na análise tipológica, não poderíamos deixar de caracterizar a morfologia dos

tipos, seguindo-se uma exposição dos dados cronológicos auferidos por outros autores.

Posteriormente, fazemos referência aos paralelos obtidos para o território actualmente

português, não esquecendo, no entanto, a capital da Lusitânia, embora esta não se local-ize na área geográca designada. Segue-se o tratamento dos exemplares da Alcáçova

de Santarém, analisando a sua morfologia e características, referindo a realidade con-

textual de recolha dos mesmos, quando possível. No entanto, esta análise contextual

revelou-se, na maioria dos casos, infundada devido à extensa continuidade ocupacional

de Scallabis, que afectou profundamente a estratigraa pré-existente.

Tratamos ainda a iconograa presente em alguns exemplares, sopurtando-nos

na distinção efetuada pela investigadora Amaré Taffala (1985), separada pelos diferen-

tes temas. Nesta análise, começamos por descrever as cenas presentes nos diferentes

fragmentos, referindo, posteriormente, a parte que se encontra conservada nos exem-

plares de Santarém.Após a análise iconográca, analisamos a epigraa que se divide entre signos

anepígrafos, letras isoladas, marcas e inscrições no disco. Também aqui, após o es -

tudo de cada marca, fazemos referência à cronologia proposta pelos diferentes autores,

tentando, desta forma, conrmar as datações obtidas pelos exemplares passíveis de

classicação formal.

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Embora este constitua um tema não muito frequente nos diferentes estudos

deste tipo de materiais, não poderíamos esquecer a análise de pastas. Infelizmente, as

cerâmicas de iluminação constituem um tipo de material cujas produções são ainda mal

conhecidas. Efectivamente, temos conhecimento da existência de alguns centros produ-

tores de lucernas, mas o mesmo não se pode dizer em relação às pastas e característi -cas gerais das lucernas que neles se produziram. Por este motivo, salientamos que tal

estudo corresponde a uma proposta e ensaio, o qual carece de conrmação efectuada

através de análises químicas.

Finalmente, procuramos sintetizar os dados obtidos com este estudo e as dife-

rentes ilações que permitiram formular, integrando-os no quadro do comércio de Scal-

labis.

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2. As lucernas romanas

2.1. Problemáticas de estudoO estudo de lucernas de época romana não resulta fácil, uma vez que é grande

a diversidade formal, sendo igualmente numerosas as tipologias disponíveis, que foramsendo elaboradas ao longo do século XX. Contudo, o pioneiro a elaborar a primeira tipo-

logia foi precisamente Dressel, ainda na última década do século XIX.

A primeira das diculdades é justamente a escolha da tipologia a utilizar, uma

vez que após a primeira sistematização de formas, feita, como já se disse, por Dressel,

em 1899, têm sido publicadas inúmeras tipologias que seguem diferentes critérios de

elaboração. Umas centram-se unicamente nos aspectos morfológicos, outras têm em

consideração a cronologia, e outras ainda tentam conjugar os dois critérios. Existem

ainda tipologias que se baseiam em critérios tecnológicos ou decorativos.

Por outro lado, parece importante referir, ainda, o facto de as tipologias terem

sido elaboradas com base em peças de colecções privadas ou de museus, as quais

apresentam a desvantagem de advir dos mais diversos locais, estando assim desprovi-

das de qualquer contexto arqueológico ou cronológico (Caetano, 2001, p. 36). Não ob-

stante, não é de todo em vão que as lucernas romanas ganharam a denominação, tal

como a Terra Sigillata, de “fosseis directores”. De facto, quando se trata de peças com-

pletas, estas permitem obter informações mais detalhadas, quer a nível cronológico, quer 

morfológico.

Apesar do vasto manancial de tipologias, os investigadores têm-se deparado

frequentemente com peças que não se enquadram em nenhuma delas, obrigando à cria-

ção de variantes das formas tradicionais. Na Península Ibérica, temos, entre outras, aslucernas de bico redondo de Braga, variantes da Dressel 20, as variantes alto-imperiais

da Dressel 3, produzidas em Andújar, o tipo bem conhecido de Riotinto-Aljustrel.

Das tipologias elaboradas com base em colecções ou museus, destacamos os

estudos de Besnier e Blanchet (1900), que ao estudarem a Colecção Forges, tomam

como critérios a presença ou ausência de asa, complexicando, em nosso entender, o

factor cronológico. Também Fink, no mesmo ano, adopta como critério a forma do bico,

esquecendo a distinção entre os tipos de bico redondo dos séculos II e III. Sobre as lu-

cernas do British Museum, Walters elaborou um vasto estudo, dando preferência ao bico,

distinguindo quatro formas e, multiplicando excessivamente cada uma delas (Walters,

1914).Na Península Ibérica, o primeiro trabalho deste tipo foi concluído por Alvarez

Ossorio (1942), que através das lucernas do Museu Arqueológico Nacional de Madrid,

estabelece quatro tipos, consoante a sua origem e técnicas de produção, subdivididas

em variados grupos. Bailey criou um vasto catálogo, também das lucernas do British

Museum, publicado em quatro volumes, baseando-se na forma e evolução do bico. No

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volume II (1980), Bailey dedica-se às produções itálicas, tendo-se dedicado, no terceiro

volume (1988), às peças de produção provincial.

Das tipologias elaboradas sobre uma determinada área geográca, destacamos

os trabalhos de Ponsich (1961) sobre os materiais da Mauritânia Tingitana, de Amaré

Tafalla, que publicou, mais tarde, estudos sobre lucernas da região de La Rioja (1987a)e de Aragão (1988). Também Deneauve (1969) e Amante Sánchez, mais recentemente

(1993), publicaram trabalhos deste tipo, o primeiro sobre as lucernas de Cartago, en-

quanto o segundo se debruçou sobre as peças da região de Múrcia.

Finalmente, e de forma sucinta, as tipologias elaboradas com base em sítios

arqueológicos ou escavações foram iniciadas com Dressel (1899), que fez uma primeira

sistematização das peças provenientes das suas escavações em Roma, sendo pos-

teriormente publicada na secção Instrumentum Domesticum do CIL XV . Segue-se-lhe

Loeshchcke (1919), que fez um estudo sobre as lucernas de Vindonissa, com uma clas-

sicação baseada na morfologia, não esquecendo, no entanto, a estratigraa.

Mais tarde, Broneer (1930) efectuou o estudo das lucernas de Corinto, seguindo,

em certa medida, os critérios de Loeschcke, incorporando as produções características

do mundo grego e distinguindo as formas do Mediterrâneo Oriental das importações do

Ocidente (Caetano, 2001, p. 43). A Broneer vários investigadores se lhe seguiram, não

parecendo, contudo, relevante expor, exaustivamente, aqui, a totalidade dos estudos

tipológicos.

Não poderíamos ainda deixar de fazer referência a trabalhos mais actuais e de

carácter mais geral, os quais se destacam pela transcendência das questões generica-

mente associadas à evolução e cronologia das lucernas republicanas, ao funcionamento

interno das ocinas ou relativas à relação entre produção e marcas de oleiro.É neste âmbito que surge o estudo de M. Ricci (1974) sobre a cronologia das lu-

cernas republicanas, ensaio de extrema importância pelo estabelecimento de um marco

temporal para materiais até então bastante mal conhecidos.

Outra questão que se prende com as lucernas republicanas remete para a

evolução das Vogelkopampen, desde a forma básica até à bem conhecida Dressel 22

(Colini, 1966-68; Pisani, 1969-70; Pavolini, 1976-77 e 1981). Pavolini é, precisamente,

um dos investigadores que dedica grande parte dos seus esforços a descortinar a rede

produtiva de lucernas da Itália tardo-republicana e imperial (Pavolini, 1976-77; 1981;

1982; 1987; 1990; 1993).

Não deixaríamos de fazer também referência aos trabalhos de William Harrissobre a economia e a indústria em momento tardo-republicano (Harris, 2007). Este in-

vestigador desenvolveu importantes avanços na compreensão das redes produtivas de

produtos manufacturados em época romana, nos quais se inserem as lucernas.

Sublinhamos, contudo, que estes escassos parágrafos não fazem jus ao estado

da arte sobre o estudo das lucernas romanas, nem esse foi o objectivo principal. Preten-

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demos apenas traçar um panorama geral sobre tal temática. Cremos que há já trabalhos

sucientes que efectuam tal análise de uma forma mais exaustiva e mais precisa que

aquela que poderíamos aqui fazer.

Para além do vasto leque de tipologias, algo excessivo, com que é forçoso li-

dar, é necessário ter ainda em consideração a prática, bastante comum, da cópia delucernas, facto que se deveu à facilidade de reprodução, o que permitia um acesso mais

generalizado a estes artefactos. De facto, qualquer pequena olaria familiar (Caetano,

2001, p. 22), ou oleiros de centros produtores de maiores dimensões, podia, facilmente,

através do processo de sobremoldagem, reproduzir uma lucerna adquirida num determi-

nado centro produtor.

De facto, o comércio de cópias deste tipo de materiais é algo que de momento se

encontra perfeitamente atestado, comprovando, de igual forma, que este não se efecti-

vava apenas a uma escala local, como é costume pensar-se, quando se trata de réplicas.

Esta realidade foi já apontada por outros investigadores (Caetano, 2001; Morais, 2005).

Se as cópias de lucernas de Augusta Emerita chegaram a Scallabis, devemo-nos ques-

tionar acerca do comércio local desta prática.

Não obstante, é possível fazer uma devida distinção entre peças originais e có-

pias, desde logo pelas dimensões entre as peças que tratamos e os paralelos. De facto,

as peças sobremoldadas são, regra geral, de dimensões reduzidas, comparativamente

com os originais, devido ao processo de secagem (Caetano, 2001, p. 24). Por outro lado,

as cópias são de má qualidade, demonstrando bastantes imperfeições nos acabamen-

tos, e, por vezes ainda, não se verica um ajustamento adequado entre as duas partes

da lucerna, dando um aspecto irregular à peça.

Quanto à decoração, também se verica uma clara diminuição da qualidade,encontrando-se os relevos bastante empastados, menos nítidos e grosseiros, chegando

mesmo, em casos extremos, a tornar-se ilegíveis.

Finalmente, os engobes apresentam-se também bastante esbatidos qualitativa-

mente, aparentando-se, na maioria dos casos, mais a aguadas do que propriamente a

engobes. Exemplo deste caso são as cópias originárias da área de Mérida, presentes

na Alcáçova de Santarém, que apresentam uma espécie de aguada, pouco espessa e

alaranjada aplicada sobre as típicas pastas esbranquiçadas.

 As cerâmicas de iluminação conheceram diferentes áreas de proveniência, após

os protótipos genuinamente romanos, proveniência que é de difícil identicação, ainda

que, neste trabalho, se tente efectuar um ensaio de reconhecimento. Somente um estudoalargado e elaborado das pastas dos diferentes sítios arqueológicos poderiam dissipar 

tal problemática, suportado pela composição de uma base de dados internacional (Mo-

rillo Cerdán, 1999, p. 278), ainda que, mais recentemente, se tenham vericado alguns

trabalhos que tentam solucionar esta lacuna (Pavolini, 1992; Ceci e Schneider, 1994).

Não obstante, tal estudo não se demonstraria devidamente ecaz, pois para tal

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teríamos que ter conhecimento dos diferentes centros produtores deste tipo de materiais

e deles obter o mesmo tipo de análises.

O conhecimento actual dos centros produtores encontra-se ainda em fase em-

brionária, pois da mesma forma que as lucernas constituíam uma carga parasitária nas

embarcações marítimas a m de serem comercializadas, também no seu fabrico, aslucernas, bem como outro tipo de materiais, constituiriam, por vezes, um tipo de material

que era produzido de forma marginal. Ainda assim, não poderíamos deixar de referir que

esta produção parasitária tem-se associado mais a pequenas produções de qualidade

inferior, pois os exemplares de melhor qualidade parecem evidenciar produções mais

especializadas, como seria o caso do centro produtor de Herrera de Pisuerga (Morillo

Cerdán, 1992).

De facto, esta seria uma realidade bastante frequente durante a época romana:

produções marginais e/ou pequenas ocinas familiares abastecedoras de um pequeno

comércio não muito alargado, como é o caso do centro produtor de Fos (Rivet, 2003).

Não obstante, temos de igual modo conhecimento de centros produtores que parecem

ultrapassar o mero comércio de âmbito local/regional, como é o caso da marca COP-

PIRES.

2.2. Origem e produção/fabricoAtribuir uma cronologia ou uma origem geográca a este tipo de material, des-

tinado à iluminação, é uma questão que se revela problemática. O estado actual do

conhecimento permite apenas saber, no entanto, que se encontra presente em variadas

formas e em várias civilizações (Amare Tafalla, 1987, p. 16).Aquilo em que os autores sempre pareceram estar de acordo foi no facto de

que as lucernas romanas derivavam dos protótipos helenísticos. As evidências desta

situação são abundantes, e têm sido explicadas através das relações comerciais entre

o Lácio e as cidades helenísticas da Campânia (Broneer, 1930). De facto, até Augusto,

Roma importou um variado número de produtos gregos, que, quando a Península Itálica

passa a ser o principal centro produtor e exportador no Mediterrâneo, acabariam por 

deixar também a sua marca e inuência. As primeiras produções de lucernas em Roma

limitar-se-iam, por esta razão, a imitar os modelos helenísticos, bem conhecidos pelos

estudos da investigadora Marina Ricci (1973).

Desta forma, é a lucerna romana que acabaria por se impor, substituindo osmodelos anteriores, por se denotar naquelas claras vantagens práticas, funcionais e es-

téticas. Não resulta, contudo, fácil a distinção entre algumas lucernas helenísticas e as

primeiras produções romanas, dada a variedade formal, que, aliás, já existia nos mod-

elos de tradição helenística e em certas características comuns aos dois modelos. É, por 

exemplo, o caso da asa plástica, que parece ter assomado inicialmente nas “lâmpadas”

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de bronze de tipo helenístico (Broneer, 1930; Almeida, 1952, p. 37). O mesmo terá acon-

tecido com as saliências laterais (aletas), ainda presentes em lucernas romanas de tipo

Ricci e nas formas iniciais tardo-republicanas de tipo Dressel. Também os típicos bicos

triangulares e redondos denunciam tais inuências. O primeiro terá aparecido em formas

helenísticas, ainda, durante época de Augusto.No que concerne aos pequenos orifícios funcionais, presentes, pontualmente, na

orla (entre o disco e o bico), evidenciam igualmente inuências helenísticas. Já a sua uti-

lidade provocou grande discussão entre os especialistas. Alguns autores supuseram que

estes mais não seriam do que um qualquer resultado esporádico decorrente do processo

de fabrico, posição que se tornou insustentável dada a presença dos mesmos orifícios

em “lâmpadas” de bronze de tipo helenístico (Almeida, 1952, p 38). Outros, ainda, alvit -

raram que o referido orifício se destinaria a puxar a mecha com a ajuda de uma pequena

agulha, avivando ou regulando a chama da lucerna.

De facto, esta inovação parece ter aparecido quando o orifício de combustão e alimenta-

ção sofreu uma redução considerável, não permitindo um fácil manejamento da mecha.

Porém, a mesma conjectura fundamenta uma outra proposta. Se o orifício de

alimentação se encontrasse tapado pelo óleo, a combustão não se efectuava de forma

ecaz, havendo necessidade de abrir um orifício na parte mais alta da peça para que

assim se pudesse dar a passagem do ar necessário para uma combustão ecaz (Amare

Tafalla, 1987, p. 31). É inegável que, regra geral, este orifício se encontra na parte mais

alta, especialmente em lucernas de disco côncavo, pelo que esta proposta fará todo o

sentido. No entanto, não deveremos excluir de todo a possibilidade de que o mesmo

orifício pudesse conjugar estas duas funcionalidades: por um lado permitia o arejamento

da combustão aquando a obstrução do orifício de alimentação, e, por outro, permitia umfácil manejar da mecha com o auxílio de um pequeno instrumento.

Outra característica das lucernas romanas que deixa transparecer estreitas rela-

ções com os protótipos helenísticos são as volutas. Estas aparecem em modelos nais

helenísticos (Broneer, 1930; Almeida, 1952, p. 40), reaparecendo novamente nas primei-

ras cerâmicas de iluminação imperiais.

Mas uma das marcantes diferenças a destacar entre as “lâmpadas” de tipo

helenístico e as lucernas romanas centra-se em torno do disco. As peças de iluminação

helenísticas evidenciam um disco pequeno e liso, em que a decoração se limita unica -

mente à orla, com padrões convencionais ou simples elementos orais (Broneer, 1930;

 Almeida, 1952, p. 42). Já nas lucernas romanas, o disco é, maioritariamente, côncavocontendo o elemento decorativo principal em relevo. Nas últimas, a orla mais não parece

ser do que uma simples moldura que pretende valorizar a decoração central.

Tratando agora o tema de produção deste tipo de peças, a técnica utilizada pelos

oleiros não parece ter sofrido grandes inovações, mantendo-se constante durante um

longo período de tempo (Deneauve, 1969, p. 79). Variados são os tipos de matérias-pri-

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mas utilizadas para a realização de tal labor. Contudo, iremos cingir-nos ao fabrico de lu-

cernas que têm por base a utilização de cerâmica. Temos conhecimento de dois métodos

essenciais de laboração e fabrico de lucernas: moldadas manualmente ou prensadas, de

igual forma à mão, em moldes previamente tratados, também eles em argila ou gesso.

Relativamente ao primeiro método, parece estar, até ao momento, escassa-mente documentado (Amare Tafalla, 1987, p. 22). No que respeita ao fabrico de lucernas

através desta técnica, cabe salientar que se trata de um método extremamente simples

a nível técnico, consistindo no manuseamento da pasta cerâmica até que esta ganhe a

forma pretendida.

O segundo método parece ter-se iniciado no primeiro quartel do século III a.C.,

generalizando-se no século seguinte e atingindo o seu auge em plena época imperial

(Amare Tafalla, 1987, p. 22). Contudo, é durante o período augustano que a qualidade e

acabamento deste tipo de materiais atingem o seu ponto mais elevado.

Não obstante, a partir do século I d.C., as ocinas locais que imitavam os produ-

tos itálicos parecem ter-se generalizado um pouco pelo restante Império, quebrando-se

desta forma a exclusividade da produção itálica. Aceitando anteriores propostas devida-

mente fundamentadas, é evidente a clara separação da produção de lucernas em molde

em várias fases (Amare Tafalla, 1987, p. 23).

 A fase inicial é constituída pela elaboração de um protótipo maciço análogo ao

produto nal, o qual apresenta todos os detalhes, incluindo a asa, necessários à desig-

nada produção. A decoração poderá, ou não, estar presente no referido protótipo, a qual

estando presente na alusiva peça, se esbaterá até que o produto nal esteja concluído.

 A segunda fase caracteriza-se pela produção de um ou mais moldes bivalves so-

bre o protótipo inicial. Estes, depois de previamente preparados, seriam lubricados comalgum tipo de líquido oleoso, que iria, posteriormente, facilitar a extracção do produto

nal aí moldado.

Por último, dá-se a formação do produto nal propriamente dito. A lucerna é

obtida através de argila, que é pressionada manualmente nos respectivos moldes, deno-

tando-se, por vezes, claras digitações do oleiro nas paredes internas destes materiais,

sendo depois unidos os dois moldes constituintes da lucerna, utilizando-se, na junção,

argila líquida, denominada de “barbotina”, a qual é utilizada também na aplicação da asa.

 Após este complexo processo o produto é deixado a secar naturalmente, favorecendo

a extracção dos moldes, e permitindo ao oleiro realizar outras operações, que só são

possíveis enquanto a argila estiver moldável e aperfeiçoar a sua decoração. Com isto,seguir-se-ia a formação da asa e consequente união da mesma à lucerna, quando esta

não estivesse presente no molde, perfuração dos orifícios de alimentação, combustão,

arejamento, e, nalmente, a aplicação da marca. Esta poderia ser anteriormente aplicada

no molde, cando em relevo, ou directamente na peça, cando em baixo relevo (Walters,

1914, pxvii).

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Uma outra fase é característica da aplicação do engobe, que dá à peça cor e

impermeabilidade. É o referido engobe que irá atribuir à lucerna diferentes tons e, por 

vezes, brilhos metálicos. Finalmente, a cozedura é a conclusão do produto nal, sendo

efectuada em fornos que não parecem seguir uma padronização.

Figura 1 – Partes constituintes

de uma lucerna (In Amaré Taalla 1987):

  1 - Infundibulum ou depósito

  2 - Rostrum ou bico

  3 - Oriício de combustão

  4 - Orla

  5 - Moldura

  6 - Discus ou disco

  7 - Oriício de alimentação

  8 - Oriício de arejamento

9 - Base ou undo

  10 -  Ansa ou asa

  11 - Aletas

12 - Apêndices13 - Volutas

  14 - Canal

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3. Alcáçova de Santarém

3.1. Enquadramento geográco e arqueológico

A área tradicionalmente

designada de Alcáçova de San-tarém encontra-se, geograca-

mente, situada na margem dire-

ita do Tejo, a cerca de 80 km da

sua foz (gura 2).

Geologicamente, encon-

tra-se localizado no denominado

Maciço Calcário Estremenho,

dominando uma grande exten-

são da planície aluvial do Tejo

(Arruda, 2000, p.6-69; Viegas,

2003, p. 17).

O sítio arqueológico da

 Alcáçova de Santarém encon-

tra-se implantado num planalto

elevado, com o máximo de 106

metros de altitude (gura 2), pos-

sibilitando um amplo domínio vi-

sual sobre o território envolvente

e, espe cialmente, sobre o rio Tejo (Arruda 2000, p. 6-69). Estas condições favoreceram,desde o Bronze Final, e particularmente a partir da Idade do Ferro (Arruda e Viegas,

2002a, p. 77), a xação de populações e o desenvolvimento económico do sítio, intrin-

secamente relacionado com as vias uvio-marítimas, dada a excelente capacidade de

controlo do tráco do rio.

Possuía, tal como foi mencionado, em épocas remotas, uma boa situação estra-

tégica, possibilitando uma navegação favorável aos contactos comerciais, sendo, muito

provavelmente, um porto com acesso directo ao oceano e, indirectamente, ao interior.

Estes contactos comerciais parecem ter-se intensicado durante a ocupação tardo-

republicana, sendo abundantes as importações de produtos alimentares e manufactu-

rados. O vinho proveniente de Itália, os preparados de peixe gaditanos, bem como osnorte-africanos, o azeite e o vinho do Guadalquivir parecem ter sido consumidos em lar-

gas quantidades (Arruda e Almeida, 1999, 2000). Tal realidade encontra-se documentada

na abundante recolha de contentores anfóricos deste sítio arqueológico. Durante a di-

nastia Júlio-Claudia, é ainda evidente a importância de Scallabis, patente na quantidade

de produtos importados, bem como nas renovações urbanísticas efectuadas (Arruda e

Figura 2 – Localização de Santarém.

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Viegas, 2002a).

Entre nais da república e início do império, é construído em Scallabis um tem-

plo, que indicia uma dinâmica económica e social considerável desta cidade com um

estatuto jurídico bastante elevado (Arruda e Viegas, 2002b). Assim, apesar de a cidade

ter perdido alguma da importância económica da qual era detentora, a partir do nal doreinado dos Flávios, manteve, no entanto, uma ocupação constante e contínua, acom-

panhada por ritmos de importação que autenticam uma incontestável actividade humana

e de consumo de bens.

Não obstante, os dados existentes indicam que as relações económicas e políti-

cas de Scallabis privilegiaram sempre Olisipo e  Augusta Emerita, embora esta última

mais em segundo plano. Tais relações encontram-se documentadas não só pela epigra-

a (Guerra, 2002, p. 182), como pela rede viária, a qual tinha ligação terrestre directa

com ambas as cidades, através de duas das maiores vias da Lusitânia (Mantas 2002, p.

108) e, com Olisipo, ainda, por via uvial.

  Scallabis era um centro viário de grande importância e interesse, não apenas

pelo estatuto e funções de que era detentora, mas também por controlar, como foi men-

cionado, um importante ponto de travessia e tráfego do Tejo, o qual foi abundantemente

utilizado em conjugação com as redes viárias. Era esta excelente localização geográca

estratégica que lhe permitia auferir um estatuto simultâneo de centro armazenador e re-

distribuidor.

É através do célebre Itinerário de Antonino, bem como das fontes arqueológicas,

que encontramos fundamentação para o percurso do traçado viário em torno de San-

tarém. Este anuncia Scallabis como ponto convergente de duas estradas principais, cujo

traçado é coincidente entre Olisipo e Scallabis, passando por  Ierabriga (Mantas, 2002,p. 108). Uma das vias dirige-se à capital da província, Augusta Emerita, a qual, correndo

ao longo do Tejo até mais a montante de Santarém, parece relacionada com um eixo

anterior à fundação de Mérida (Mantas, 2002, p. 108). A segunda via, coincidente até

Scallabis, dirige-se para norte, mais concretamente para Bracara Augusta.

Pela margem esquerda do Tejo, existe outra via, esta em direcção a Mérida, que

o Itinerário de Antonino indica apenas a partir de um ponto situado a 38 milhas de Aritium 

Praetorium. No que concerne a vias secundárias que tinham Scallabis como ponto de

partida, duas dirigiam-se para Collipo, enquanto outra corria entre Scallabis e os limites

do território de Eburobritium (Óbidos). Para sul, a partir de Santarém seguia a estrada

para o sítio de Coruche e daí para Ebora, continuando depois pela margem direita doSorraia em direcção à zona de Montargil, encontrando a via que se dirigia para Mérida

(Mantas, 2002, p. 110).

Os acessos a Santarém, nomeadamente à área da Alcáçova, efectuavam-se

através de ramais. Scallabis contava com um núcleo junto ao rio, por onde passava a

estrada que vinha de Olisipo, partindo dela um ramal que seguia depois para a zona de

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 Alcáçova (Mantas, 2002).

Assim, e devido à sua privilegiada localização geográca, bem como à intensa

rede viária que passava nas suas imediações, Scallabis recebia, por via marítima, um

vasto repertório de importações manufacturadas e alimentares, parte do qual seria, pos-

teriormente, redistribuído pelos núcleos urbanos secundários, mais interiores, e pelasvillae. Convém ainda salientar que o abastecimento de Scallabis se tornava mais rentável

 justamente por ser concretizado através do Tejo. E esta é, talvez, a explicação mais plau-

sível para a escassez de produtos de Mérida, quando comparados com as importações

Béticas e Itálicas, o que foi já comprovado pelo estudo da terra sigillata (Viegas, 2003),

e das cerâmicas de paredes nas (Arruda e Sousa, 2003), conjuntos onde as produções

emeritenses são em número reduzido. O transporte destas últimas até Scallabis, pelo

principal traçado de comunicação entre estas duas cidades, seria demasiado dispendio-

so para compensar algum rendimento. De facto, e tal como foi já referido, as importações

por via marítima eram consideravelmente mais fáceis e rentáveis, permitindo, depois,

uma redistribuição pelos aglomerados mais próximos. Esse facto não está, contudo, su-

cientemente documentado, uma vez que as intervenções arqueológicas no entorno de

Scallabis permanecem, maioritariamente, inéditas.

 A primeira intervenção arqueológica efectuada na Alcáçova de Santarém data de

1979, e foi realizada por uma associação local de defesa do património histórico-cultural

(Arruda, 2000). Desde então, os trabalhos foram-se sucedendo sistematicamente (gura

3), dando a conhecer parte da história local, da qual, temos, actualmente, um vasto

repertório de informação, bens móveis e imóveis, que permitem olhar para a cidade de

Santarém e ver mais do que a actual malha urbana.

 As escavações arqueológicas na Alcáçova de Santarém incidiram, principal-mente, sobre a área ocupada pelo jardim das Portas do Sol, mas também decorreram no

Largo da Alcáçova, no interior da Igreja de Santa Maria, na Avenida 5 de Outubro.

Foi, no entanto, em 1983 que se iniciaram os primeiros trabalhos sistemáticos, dirigidos

pela Doutora Ana Margarida Arruda, que tinham como objectivo mais do que a simples

protecção ou defesa do património. Efectivamente, tais trabalhos perseveraram até 1989

tendo permitido a detecção de estratos conservados desde a Idade do Ferro até à época

islâmica e, inclusivamente, ocupações posteriores, as quais afectaram de forma irrever-

sível os estratos das ocupações mais antigas.

Em 1992, a Dr.ª Catarina Viegas efectua uma intervenção arqueológica na con-

tinuidade das obras que decorriam na Igreja de Santa Maria da Alcáçova. Os objectivosda intervenção visavam a vericação da potência estratigráca no local e constatação de

níveis arqueológicos preservados.

Os trabalhos arqueológicos decorridos no Largo da Alcáçova 3-5 (1994 a 1996)

tiveram, inicialmente, um carácter somente preventivo. Após se ter documentado uma

estrutura identicada como um  podium de um templo, rapidamente se alterou o objec-

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tivo da intervenção, tendo-se posto a descoberto as fachadas Sul, Oeste, Norte e Este

do podium (Arruda, 2000, p. 6-III, Arruda e Viegas 2002b). Não poderíamos deixar de

referir que a referida intervenção permitiu detectar importantes depósitos sedimentares

de época romana republicana e imperial.

As escavações no largo da Alcáçova, em 1997, tiveram um carácter preventivo,destinando-se à abertura de uma vala de instalação de canalizações de saneamento.

Relativamente às escavações efectuadas na Avenida 5 de Outubro, realizadas no ano

seguinte (1998), estas tiveram como objectivo a escavação da área na qual iria ser im -

plantada a cave de um edifício destinado para o local, tendo-se procedido à abertura de

uma área total de 214m2. Apesar de este trabalho se ter adequado aos ritmos e condi-

cionantes da intervenção construtiva, foi possível detectar contextos áveis conservados

de uma densa ocupação Romana Republicana com abundante espólio arqueológico as-

sociado (Arruda et al., 1999, p. 4-5; Bargão 2006, p. 14).

A área mais amplamente intervencionada, não só com o objectivo preventivo,

mas também com um objectivo cientíco, foi a que estava então ocupada pelos viveiros

do jardim, e abrangeu uma superfície de cerca de

350m2 (Arruda, 2000, p. 6-71). Foi nesta interven-

ção que a Alcáçova de Santarém vê a sua primeira

escavação efectuada com uma nova metodolo-

gia, em “open area”, permitindo uma noção mais

clarividente da contemporaneidade das estruturas

e estratos, como uma visão alargada do plano ur-

banístico. Infelizmente, como acontece frequent-

emente neste sítio, as ocupações subsequentesafectaram fortemente a preservação dos estratos

romanos e da Idade do Ferro.

Finalmente, no ano de 2001 interveio-se

numa zona anexa ao restaurante do Jardim das

Portas do Sol, área para a qual estava prevista a

construção de uma cozinha. A novidade desta es-

cavação foi a identicação de estratos correspon-

dentes a uma ocupação humana do Bronze Final

(Arruda e Viegas, 2001), engrossando a longa di-

acronia ocupacional da Alcáçova de Santarém.

3.2. Scallabis Praesidium Iulium no seu tempoConhecemos hoje um vasto manancial de informação sobre o sítio arqueológico

da Alcáçova de Santarém que permite ter um conhecimento alargado de Scallabis du-

Figura 3 – Identicação e localização das

intervenções na Alcáçova de Santarém.

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rante a época romana. De facto, a associação da Alcáçova de Santarém a Scallabis,

referida por autores clássicos como Plínio (IV, 117), Ptolomeu (2,5 e 6), assim como no

Itinerário de Antonino, é hoje aceite sem qualquer tipo de relutância.

Colocando um pouco de parte a discussão cronológica (Alarcão, 1988, p. 26; Ar-

ruda, 1993, p. 208; Bargão, 2006, p. 16/17) da instalação do praesidium e tendo mais emconta a sua xação, é a actual área correspondente à Alcáçova que mais se enquadra

nesse âmbito. Os dados arqueológicos que parecem comprovar tal realidade, patentes

na quantidade/qualidade das construções muitas vezes associados a materiais (Almeida,

2006, p. 8), e que se enquadram cronologicamente num período coevo, são demasiada-

mente abundantes para que não os possamos ter em conta.

Com efeito, e tendo em consideração a informação actualmente disponível, Scal-

labis parece ter estado em todo o seu esplendor durante o período republicano. Os dados

são abundantes quer no que respeita a espaço edicado, quer na presença de materiais

arqueológicos enquadráveis neste período.

Certamente que o processo de romanização decorreu em diferentes ritmos e

fases (Bargão, 2006, p. 15), para o qual Scallabis terá contribuído de forma relevante. É

consensual que, e a julgar pelos elementos dos vários sítios arqueológicos ao longo do

território actualmente português, o processo de conquista decorreu tendencialmente do

Sul para o Norte e do litoral para o interior (Alarcão, 1988b). Assim sendo, e durante o

período em questão, este local terá constituído um ponto-chave de ligação entre o litoral,

através do Tejo, e o interior.

Consideramos que mais do que um tradicional acampamento militar romano,

com um domínio visual considerável do vale do Tejo, este local terá funcionado enquanto

entreposto de trocas de bens manufacturados para o interior e matéria-prima para o lito-ral (Viegas, 2003), principalmente após a campanha de Decimus Junius Brutus, realizada

em 138 a.C. Não obstante, certamente que serviu também enquanto ponto de apoio a

incursões efectuadas mais a Norte, quiçá enquanto reconhecimento de território. É esta

posição que atribui a Scallabis uma grande importância, a qual se mantém, particular-

mente, durante o período alto-imperial.

No que respeita ao cunho político-administrativo de Scallabis, mais uma vez não

há actualmente qualquer tipo de dúvida persistente, sabendo-se que foi uma das cinco

colónias da província da Lusitânia, de origem claramente militar (Viegas, 2003, p. 18), as-

sim como sede de um dos três conventus jurídicos (Guerra, 1995, p. 35; Almeida, 2006,

p. 8). Ainda assim, e apesar de algumas problemáticas envolverem a discussão an-

teriormente referida (Alarcão, 1988; Mantas, 1993 e 1994; Ribeiro, 1994; Viegas, 2003;

 Almeida, 2006; Bargão, 2006), é consensual que a posição geográca, claramente es-

tratégica, que Scallabis possuía lhe auferiu, automaticamente, uma posição político-

económica, também ela estratégica. Atrevemo-nos a armar, “não tivesse Scallabis uma

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origem militar”, pois os locais ocupados pelos militares romanos denotam sempre uma

selecção estratégica do local, com boa visibilidade e defensibilidade.

Efectivamente, tal posição atribuiu a Scallabis um prestígio acrescido que se

espelha arqueogracamente nos dados recolhidos e obtidos ao longo de pouco mais

de vinte anos de trabalhos de campo. A grande quantidade de cerâmicas recolhidas eos vários estudos efectuados sobre as mesmas (Diogo, 1984; Antunes, 2000; Arruda e

 Almeida, 1998, 1999; Arruda e Viegas, 2002a; Arruda e Sousa, 2003; Arruda, Viegas

e Bargão, 2005; Arruda, 2000; Viegas, 2003; Almeida, 2006; Bargão, 2006) permitiram

obter um vasto conjunto de ilações pertinentes, das quais é nosso objectivo sublinhar a

grande percentagem de cerâmicas importadas de boa qualidade, quer de consumo ou

transporte, desde a chegada dos primeiros contingentes militares, à área geográca em

questão, até nais do século I d.C. e inícios da centúria seguinte.

No que respeita à chegada dos primeiros contingentes, Olisipo parece corre-

sponder ao local que uma cronologia mais recuada pode oferecer, entre o [terceiro quar-

tel do século II a.C. (150-125 a.C.), mais precisamente entre 140-130a.C.] (op. cit. Pi-

menta, 2005, p. 129).

Com isto constatamos uma elevada capacidade aquisitiva de bens e produtos

que terá permitido a Scallabis manter um ritmo evolutivo considerável.

Com efeito, também os dados arquitectónicos apontam uma grande vivacidade,

ainda que notemos que as primeiras estruturas pertencentes ao período romano sejam

um pouco mais tardias que os materiais mais antigos do período romano republicano.

Ou seja, pensamos que a presença de materiais mais antigos neste local, sem qualquer 

tipo de estruturas associadas aos mesmos, possa ser representativo de uma primeira

ocupação característica de construções efectuadas quase exclusivamente em materiaisperecíveis.

Já a partir do século I a.C., o espaço edicado demonstra uma grande profusão

de edifícios particulares, de considerável empenho construtivo, aparentemente erguidos

respeitando uma disposição de elementos viários (Almeida, 2006, p. 11).

Desta forma, poderemos supor que, durante este período, Scallabis manifes-

taria um índice populacional considerável, realidade esta que terá mudado substancial-

mente após inícios do século II d.C., como comprova o decréscimo das percentagens de

cerâmicas importadas, sendo exemplo o caso da terra sigillata (Viegas, 2003) e das pare-

des nas (Arruda e Sousa, 2003), ainda que no último caso se trate de um tipo cerâmico

tendencialmente suprido pela introdução dos vidros. Não obstante, mesmo a presençadeste tipo de material seria de supor que fosse superior à real (Antunes, 2000). Mais uma

vez também a arquitectura comprova tal facto através da inferioridade qualitativa das

remodelações nas estruturas e abandono ou inactividade de alguns compartimentos ou

mesmo edifícios (Almeida, 2006, p. 11-12).

Não devemos esquecer, contudo, que estamos a tratar dados relativos à área

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ocupada no topo do cabeço onde se localiza a Alcáçova de Santarém. Assim, este indício

de redução da taxa populacional pode não passar disso mesmo, um indício. Tal realidade

poder-se-á dever a uma qualquer reorganização do espaço ocupado, redesenho urbano

(Mantas, 1996) ou mesmo mobilidade populacional.

Reconhecemos que o nal do século I d.C. e a centúria seguinte marcam umamudança signicativa na reorganização do espaço ocupado e principais critérios de se-

lecção desses mesmos espaços, pelo menos na zona Centro e Sul do território actual-

mente português. Desde logo reparamos na necessidade de deslocar os centros urbanos

de locais em altura para locais mais baixos e aplanados, realidade que se deve à neces-

sidade cada vez mais emergente de abastecimento de recursos hídricos em contrapar -

tida da visibilidade e defensabilidade.

Com isto, e em jeito de reexão, reparamos também numa maior dissemina-

ção dos aglomerados e sua consecutiva diversidade, quer funcional, quer populacio-

nal. Durante e após momentos de conitos, a reacção humana é a de concentração.

 As comunidades tendem a concentrar-se em poucos mas densos aglomerados. A partir 

do momento em que se generaliza um crescente sentimento de segurança, a reacção

é, precisamente, a oposta. Os aglomerados populacionais tendem a espalhar-se numa

área mais ampla, com a consequente redução de habitantes por cada um deles.

Tendo em conta a grande tradição ocupacional de Santarém, a qual parece ser 

praticamente contínua até aos nossos dias, poderemos estar perante uma destas pos-

sibilidades. Com efeito, não devemos esquecer o estatuto que a cidade romana de Scal-

labis deteve.

Não poderíamos deixar de referir que a realidade arquitectónica contrastante en-

tre o período republicano e imperial resulta também da contínua ocupação da alcáçova.De facto, a preservação das estruturas do período imperial encontra-se bastante afecta-

da pelas ocupações humanas ulteriores, dicultando uma interpretação mais precisa e

obrigando a uma análise mais detalhada e cuidada dos materiais. Apesar disso, e até ao

momento, tais estudos têm vindo a conrmar que Scallabis detém o seu auge de cresci-

mento e desenvolvimento entre o início do século I a.C. e os nais do século I/inícios do

II d.C.

Sublinhamos novamente, contudo, que muitas das ilações obtidas neste estudo

têm por base e argumento os dados recolhidos até ao momento, auferindo às conclusões

um suporte cientíco. É altamente arriscado entrar por campos do foro especulativo para

suster teorias, na medida em que sem que tenham dados sólidos de base facilmentepodem ser rebatidos.

Efectivamente, os registos arqueológicos obtidos na Alcáçova de Santarém com-

provam que a partir de início do século II d.C. este núcleo urbano perdeu progressiva -

mente a sua importância em detrimento da cidade de Olisipo, que começava a ganhar 

uma acrescida importância enquanto principal centro marítimo da Lusitânia (Almeida,

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2006; Arruda e Viegas 1999; Pimenta 2004), não descurando, no entanto, que Scallabis 

tivesse perdido as suas funções enquanto centro administrativo-político (Ribeiro, 1994,

p. 60).

 A partir do século II d.C. parece evidente um decremento no registo presencial de

materiais arqueológicos e, principalmente, do ponto de vista arquitectural, realidade quese parece manter até ao século V d.C. Não obstante, Scallabis continua a receber produ-

tos tardios importados, ainda que em menor escala comparativamente com as centúrias

anteriores, com origem no Norte de África e da própria Península Ibérica (Viegas, 2003,

p. 22).

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4. Lucernas romanas da Alcáçova de Santarém

4.1. Composição, metodologia e questões préviasOs materiais em estudo neste trabalho são provenientes de 12 das 18 cam-

panhas de trabalhos arqueológicos realizados na Alcáçova de Santarém, constituindo atotalidade de fragmentos de lucernas deste sítio arqueológico. Além destas intervenções,

foi também efectuado um trabalho, no ano de 1979, promovido pela Associação de Def-

esa do Património Histórico e Cultural de Santarém, encontrando-se os materiais já devi-

damente publicados (Diogo, 1984). Por este motivo, e pela impossibilidade de estarmos

perante as peças, não serão aqui incluídos.

 A totalidade do conjunto conta com 393 fragmentos, correspondentes a 60 fun-

dos, 142 orlas, 79 fragmentos de disco, 38 asas, 48 fragmentos de bico e seis aletas.

Convém referir, neste âmbito, que muitos dos fragmentos que se encontram na contabili-

zação de fragmentos de orlas, por exemplo, constam também na contabilização dos frag-

mentos de disco. Certamente que ao se quebrarem, e dado a fragilidade deste tipo de

materiais, não se separariam pelas suas partes constituintes. Desta forma, é frequente

existirem fragmentos que apresentam, simultaneamente, parte da orla e parte do disco.

Não poderíamos ainda deixar de fazer referência à totalidade de exemplares

decorados, 71 fragmentos, apresentado 16 deles, marcas.

A exposição dos materiais em análise encontra-se organizada por tipo de lu-

cernas. Lembramos que a elevada fragmentação do conjunto impossibilitou a classi-

cação de grande parte dos fragmentos, não permitindo outros, classicação segura.

 Assim, pareceu pertinente expor este conjunto artefactual por tipos (lucernas de tradição

helenística, tardo-republicanas, de volutas, de disco, paleocristãs), o que permite ummanuseamento mais fácil dos dados quantitativos.

Os materiais que permitiram representação gráca foram desenhados à escala

de 1/1 e tintados à mesma escala, tendo sido agrupados em estampas de acordo com

o tipo e a forma. Na maioria dos casos, a representação gráca dos fragmentos obrigou

também a uma projecção, que surge em desenho ou fotograa. Para uma melhor ilust-

ração do conjunto em estudo, é apresentada também uma descrição mais detalhada no

catálogo.

A totalidade da amostra encontrava-se inédita, embora, nos relatórios de inter-

venções arqueológicas das várias campanhas da Alcáçova de Santarém, se tenha feito

referência a alguns exemplares. Três das peças, contudo, foram já divulgadas no ca-tálogo da exposição “De Scallabis a Santarém” (Arruda e Viegas, 2002b; AAVV 2002).

Correspondem às peças mais completas do conjunto, com os números 2183, 2184 e

2185.

Este estudo passou por diversas fases de tratamento, nomeadamente a análise

das pastas, o desenho e a tintagem, a classicação dos fragmentos representados (ai-

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nda que alguns que não permitiram representação, tenham possibilitado, no entanto,

a sua classicação) e a quanticação. O estudo e descrição das pastas foi efectuado

macroscopicamente, recorrendo-se à utilização de uma lupa de 15 aumentos, para iden-

ticação e caracterização dos elementos não plásticos, tendo incidido sobre a totalidade

do conjunto. A descrição dos grupos de fabrico foi feita com base no seguinte conjuntode critérios descritores: tipo de argila; natureza; forma e frequência de elementos não

plásticos; textura; dureza; cor; engobe/verniz e sua tonalidade e cozedura.

Deste modo, a análise macroscópica dos elementos petrográcos foi efectuada

tendo em consideração as características da pasta e engobe de cada exemplar, tendo

sido criados grupos e subgrupos, sempre que existissem elementos diferenciadores que

tal o permitissem. Os critérios seguidos nas suas descrições foram os propostos por 

Stienstra (1986). Na referência das tonalidades dos mesmos utilizámos o código de Mun-

sell, Soil Color Charts (1998).

No que diz respeito à classicação dos materiais, não resulta fácil eleger a mel-

hor tipologia a utilizar. Como foi já referido em capítulo anterior (videm 2.1), o vasto

manancial de tipologias de lucernas diculta a sua caracterização morfológica, aliada ao

facto de estas tomarem diferentes critérios de individualização. Não obstante, e ainda

que corresponda à primeira obra a ser elaborada sobre este tipo especíco de materi-

ais, cremos que a tipologia de Dressel (1899) continua a ser um trabalho incontornável,

ainda que com as condicionantes que impõe na análise deste tipo de materiais. Por 

outro lado, o conjunto lucernário aqui apresentado não demonstra uma variedade formal

demasiadamente vasta, podendo ser, genericamente, incluível nesta tipologia. Também

não poderíamos deixar de nos apoiar na tipologia de Loeshchcke (1919), uma vez que

baseia a sua ordenação com base na estratigraa de Vindonissa, classicando as suaspeças segundo a sua forma geral.

Assim, suportamo-nos na tipologia de Ricci (1973) para os exemplares de

tradição helenística, autora que mantém também os tipos tardo-republicanos de Dressel,

dando-lhes um novo alento cronológico baseado em escavações entretanto realizadas

e na tipologia de Dressel (1899), posteriormente revista por Lamboglia (Lamboglia e

Beltrán, 1952), para as lucernas tardo-republicanas e imperiais. Parece relevante ainda

referir, neste contexto, que efectuámos também equivalências entre as várias tipologias

existentes, quer para as formas identicadas na Alcáçova de Santarém, quer na gener -

alidade das formas existentes deste tipo de material (videm tabela 3 e 4).

No entanto, e sempre que necessário, recorremos às restantes tipologias paramelhor classicar exemplares que ultrapassem as características morfológicas das for -

mas da tipologia deste último autor. Tendo constituído uma das maiores diculdades

deste estudo, sentimos por vezes necessidade de recorrer a outros trabalhos que pos-

sibilitassem a classicação de fragmentos de reduzidas dimensões. Certo é que, das

tipologias elaboradas, nem todas seguem um critério morfológico generalista da peça,

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reportando-se, na maioria das vezes, às características do bico ou outra parte constitu-

inte da lucerna.

Uma outra problemática que se colocou na selecção das tipologias a utilizar 

relaciona-se com a legitimidade geográca e/ou cronológica. Questionamo-nos até que

ponto se pode extrapolar, para um estudo deste tipo de materiais no extremo ocidentepeninsular, cronologias de uma tipologia elaborada com base nos exemplares, como é o

caso, de Corinto (Broneer, 1930), sem que nos deparemos com grandes discordâncias

cronológicas.

Reconhecemos que, frequentemente, nos deparámos com peças, de morfologia

especíca, características de uma região que não encontram paralelos nas tipologias

tradicionais, como podemos observar com os tipos Riotinto-Aljustrel (Bernal Casasola,

1995).

Por outro lado, deveremos ter sempre em consideração o factor produção/distri-

buição/consumo. Relembramos que, infelizmente, o estado actual do conhecimento de

centros produtores se encontra ainda em fase preambular, embora propenso a mudança.

Não obstante, a produção de lucernas e a sua distribuição apresentam, regra geral, um

desfasamento cronológico directamente proporcional à escala da sua rede de comercial-

ização.

Tomemos como exemplo as lucernas de tipo Dressel 12-13 (Loeshchcke III) car -

acterísticas de asa plástica, bem reconhecidas e datadas em Haltern entre 11 e 9 a.C.

(Loeshchcke, 1919, p. 35). A sua chegada ao ocidente peninsular parece ter ocorrido

somente no segundo quartel do Século I d.C., a julgar pela informação obtida em Herrera

de Pisuerga (Morilo Cerdán, 1992, p. 92) ou em Conímbriga (Alarcão et al., 1976, p. 96).

Já no Norte de África este tipo parece estar documentado ainda durante toda a épocaaviana (Ponsich, 1961, p. 25; Deneauve, 1969, p. 149), rejeitando o nal deste tipo en-

quadrado no início desta dinastia.

Posto isto, ganha importância acrescida associar os conjuntos artefactuais em

análise a contextos estratigrácos que permitam corroborar as cronologias propostas,

ainda que as lucernas tenham sido sucessivamente denominadas de “fosseis directores”.

No que respeita à análise e quanticação do número mínimo de indivíduos (NMI), não

é apresentado qualquer tipo de resultados. Efectivamente, não pretendemos com isso

dizer que não foi efectuado qualquer tipo de ensaio. Simplesmente, e dada a fragmenta-

ção do conjunto, esses ensaios demonstraram-se inválidos na obtenção de ilações.

Com efeito, as lucernas não constituem o melhor tipo de materiais arqueológicospara a obtenção de conclusões dessa natureza. Para que se possa adquirir o número

mínimo de indivíduos, segundo o protocolo estabelecido na mesa redonda realizada em

Mont Beauvray (Arcelin e Tuffreau-Libre, 1998), devemos reger-nos por uma das partes

constituintes da peça analisada, quer no seu contexto (unidade estratigráca), quer no

grupo de fabrico em que se insere. Assim, o bordo parece ser a parte da peça que melhor 

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poderá fornecer dados nesse sentido. No entanto, qual a parte constituinte da lucerna

que permite obter o número mínimo de indivíduos?

Os bojos, ou fragmentos do reservatório, não parecem ser a opção mais ad-

equada, pois o NMI seria excessivamente elevado. Por outro lado, os bicos, ou rostrum,

e as asas apresentariam um NMI bastante escasso. Pensámos também que as volutaspoderiam ser um critério a ter em conta, contudo, reparámos que poderíamos cometer o

erro de contabilizar as volutas da mesma lucerna, de ambos os lados do rostrum.

Desta forma, não resulta fácil efectuar uma quanticação de NMI com um con-

 junto de cerâmicas de iluminação, principalmente se o seu estado de fragmentação for 

elevado. Tal análise não é impraticável, simplesmente, e dadas as condições do conjunto

em estudo neste trabalho, optámos por não arriscar a apresentação de resultados que

possam ser, em nosso entender, desacertados. Reconhecemos, contudo, que a pesa-

gem possa ser o caminho no estabelecimento do NMI. Mas também aí deveremos ter em

conta que nem todas as lucernas apresentam o mesmo peso, mesmo as do mesmo tipo.

O facto de não se apresentarem os dados relativos ao NMI, não inviabilizou

o tratamento de outras quanticações que serão avaliadas, nomeadamente as que se

referem à análise quantitativa entre diferentes contextos, campanhas ou entre diferentes

locais arqueológicos.

Os dados correspondentes ao conjunto foram ainda introduzidos em base de

dados informática Filemaker , tendo sido criada uma cha descritiva para cada fragmento.

Cada cha contém quatro campos que caracterizam, genericamente, as peças corre-

spondentes, encontrando-se no primeiro campo os dados relativos ao contexto de cam-

po e no segundo os dados identicativos. No terceiro campo, encontram-se os dados

mais especícos da produção correspondente, fabrico e cronologia. No quarto campo,mostram-se os dados descritivos relativos a dimensões, tipo de decoração, forma e ob-

servações relevantes, não esquecendo de referir se o fragmento corresponde a uma

sobremoldagem.

4.2. Pastas e grupos de fabrico

4.2.1. Produções ItálicasO mercado hispânico esteve dominado, entre os primórdios do período de ocu-

pação romana e o século I d.C., pelos produtos itálicos, os quais eram importados por viamarítima através do Mediterrâneo, seguindo depois toda a costa peninsular. No entanto,

não pretendemos armar com isto que as referidas importações cessaram neste momen-

to. Tudo indica que a Península Itálica se manteve como principal centro abastecedor 

deste tipo de produtos nos séculos que se seguiram. Por outro lado, sublinhamos que

também não é nossa intenção armar que durante a República e o reinado dos Julio-

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Claudios não se vericam produções hispânicas marginais. Temos, actualmente, con-

hecimento de locais onde a produção de lucernas, originais ou cópias, ganhou especial

relevância. Contudo, não deveremos olvidar que por se recolherem peças sobremolda-

das num determinado sítio arqueológico, elas tenham sido aí produzidas, contrariamente

ao que por vezes se observa. Veja-se o caso da peça sobremoldada identicada nestetrabalho, proveniente de Mérida.

Efectivamente, não constitui hoje qualquer tipo de dúvida a existência de peque-

nos centros produtores de lucernas na Hispânia, como é o caso de Herrera de Pisu-

erga, um dos mais antigos conhecidos até hoje (Morillo Cerdán, 1993). Não podería-

mos deixar ainda de referir que as produções locais/regionais constituem uma realidade

bem documentada, que tem por objectivo, na maioria dos casos, reproduzir protótipos

pré-existentes, numa tentativa de satisfazer a procura por parte de populações menos

abonadas. As lucernas não constituíram uma excepção, pois sendo um material de fácil

reprodução, é frequente a existência de produções marginais que alteram o panorama

geral do quadro das importações. Infelizmente, a identicação de produções locais é ex-

tremamente difícil, senão impossível, na medida em que os vestígios deixados por essa

produção podem não ser sucientemente esclarecedores.

Ainda assim, as produções itálicas constituem, de facto, aquelas que mais abun-

dam nos sítios arqueológicos que tenham uma ocupação característica deste período.

Não poderíamos deixar de sublinhar que a individualização de produções que efectuá-

mos neste estudo, bem como as propostas de proveniências, só poderão ser conrma-

das ou refutadas com análises químicas. Contudo, a impossibilidade de recorrer a estas

análises permitiu efectuar esta separação preliminar, sem contudo tomá-la como certa,

pois constitui apenas uma proposta.Neste conjunto artefactual, foi possível identicar alguns grupos em que as pas-

tas apresentam características que nos permitem presumir que se trata de produções

itálicas. Referimo-nos aos grupos IA, IB, IIA, IIB, IIIA, IIIB, V, VI, VIIA e VIIB. Os exem-

plares dos diferentes grupos apresentam pastas muito bem depuradas e compactas, nas

quais os desengordurantes, quando identicáveis, são de dimensões muito reduzidas

não sendo perceptíveis macroscopicamente. O engobe é de muito boa qualidade e bem

aderente às peças, assumindo frequentemente fortes reexos metálicos, característica,

aliás, das produções itálicas. Desta forma, as produções itálicas constituem 50,4% do

total das peças estudadas neste trabalho.

4.2.2. Produções HispânicasA existência de produção de lucernas na Península Ibérica, como foi referido

anteriormente, não constitui actualmente um enigma por determinar. Os crescentes

achados de fornos destinados a esta produção, bem como a exumação de moldes e

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exemplares com defeitos de produção, conrmam a presença de várias manufacturas

lucernárias na referida região (Morillo Cerdán, 1993; Bernal Casasola e García Giménez,

1995; Morais, 2005).

Não obstante, do estudo dos dados referentes às infra-estruturas das ocinas

não transparece uma especialização produtiva, unicamente, de lucernas. O fabrico destetipo de materiais surge, na sua maioria e a título de exemplo, associado à produção

de Terra Sigillata ou de cerâmica comum, passando a produção de lucernas para se-

gundo plano, limitando assim a sua produção. Exemplo desta realidade parecem ser as

produções da área de Cádis, que estão associadas às produções de cerâmica comum,

e assumem, geralmente, as mesmas características de pastas. Grande parte destas o-

cinas corresponde a instalações de pequenas dimensões familiares ou supra-familiares

mas que demonstram uma evidente importância comprovada pelo seu cunho no registo

arqueológico. Caso similar parece ser o de Braga, ainda que não pareça alcançar o

mesmo grau de disseminação de produtos (Morais, 2005, p. 390).

Este facto permite levantar algumas questões pertinentes sem resposta fácil.

Certo é que este tipo de realidade permite falar em produções hispânicas, nas quais as

produções locais/regionais também podem ser inseridas. No entanto, pensamos que as

lucernas fabricadas localmente aqui identicadas não são sucientemente notáveis para

que possamos falar de produção, e menos ainda de centro produtor. São sim fabricações

esporádicas efectuadas por um qualquer indivíduo.

 Apesar dessa realidade incluímos as fabricações locais/regionais identicadas

na alcáçova de Santarém nesta produção. Pesou nesta decisão a pouca expressividade

de referidas fabricações que se inserem, como é evidente, na área geográca dita his-

pânica. Contudo, sublinhamos que não se tratam de produções.Para a Alcáçova de Santarém, pudemos identicar grupos que se podem inserir 

nas produções hispânicas, com base na análise de outro tipo de materiais que se encon-

tram perfeitamente documentados, como é o caso das ânforas e da cerâmica comum.

Foi ainda possível diferenciar os centros produtores emeritenses e os béticos. Contudo,

relembramos mais uma vez que esta separação preliminar só poderá ser conrmada

com análises químicas. As pastas apresentam-se depuradas e compactas, com elemen-

tos não plásticos de reduzidas dimensões. O engobe é de boa e média qualidade em

algumas peças, com uma aderência mediana. Os grupos identicados com este tipo de

produção são os grupos VIIIA e VIIIB, que corresponderam a produções da Bética, e o

grupo IX, que corresponderá, por sua vez, a uma produção emeritense. A produção his-pânica encontra-se assim representada por 44% dos exemplares totais.

4.2.3. Produções AfricanasAs produções africanas acabariam por se impor na Península Ibérica, paralela-

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mente à Terra Sigillata Clara, sendo uma realidade documentada em vários sítios. A sua

pouca expressividade percentual em S antarém poderá, facilmente, ser explicada pelo

facto de constituir um tipo de importações mais tardias, mal representadas na Alcáçova

de Santarém, como já foi anteriormente referido.

Os grupos identicados enquanto importações africanas correspondem ao grupoX, XIA e XIB, característicos de pastas escassamente depuradas e mediamente compac-

tas, com abundantes elementos não plásticos, dos quais destacamos as calcites. Apre-

sentam uma aguada na pouco aderente à peça. Demonstram, por vezes, decorações

gurativas estilizadas, características das produções africanas. Este tipo de produção

corresponde a 3,1% do total dos exemplares analisados neste trabalho.

4.2.4. Grupos de fabricoGRUPO IA

O grupo IA engloba pastas pouco depuradas e compactas. Apresentam colo-

rações que variam entre o bege acinzentado (Munsell 10YR 7/2) e o bege (Munsell

10YR 8/2). O engobe é no e aderente, apresentando uma tonalidade predominante -

mente acastanhada (Munsell 7.5YR 4/3), adquirindo, por vezes, uma coloração castanha

alaranjada (Munsell 5YR 5/6). Os elementos não plásticos são de reduzidas dimensões,

compondo-se, no essencial, por algumas micas, quartzo e grog. Neste grupo, é ainda

frequente a presença de escorrimentos de engobe. Aqui foram integrados vinte e quatro

fragmentos, o que corresponde a 6.1% do conjunto total.

GRUPO IBO grupo IB engloba pastas pouco depuradas e compactas. Apresentam colora-

ção bege alaranjadas (Munsell 7.5YR 7/3), frequentemente com um núcleo enegrecido.

O engobe é no e aderente, apresentando uma tonalidade, predominantemente, acas-

tanhada (Munsell 7.5YR 4/3), adquirindo, por vezes, uma coloração castanha alaranjada

(Munsell 5YR 5/6). Os elementos não plásticos são de reduzidas dimensões, compondo-

se, no essencial, por algumas micas, quartzo e grog. Aqui foram integrados treze frag-

mentos, que correspondem a 3.3% do conjunto total.

GRUPO IIA

O grupo IIA inclui pastas depuradas e compactas, cujas tonalidades variam entreo cinzento amarelado (Munsell 2.5Y 8/2) e o cinzento (Munsell 2.5Y 7/1). O engobe é,

relativamente espesso e de tonalidade escura, variando entre o castanho (Munsell 10YR

4/2) e o negro (Munsell 10YR 2/1). As reduzidas dimensões dos desengordurantes não

permitiram a sua distinção, somente, com uma lupa de 15 aumentos. Aqui foram integra-

dos nove fragmentos, que correspondem a 2.3% da totalidade do conjunto.

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GRUPO IIB

O grupo IIB inclui pastas depuradas e compactas, de tonalidade bege (Munsell

10YR 8/2). O engobe é relativamente espesso e de tonalidade escura, variando entre o

castanho (Munsell 10YR 4/2) e o castanho avermelhado (Munsell 2.5YR 4/4). As redu-zidas dimensões dos desengordurantes não permitiram a sua distinção, somente, com

uma lupa de 15 aumentos. Aqui foi integrado um fragmento, que corresponde a 0.3% da

totalidade do conjunto.

GRUPO IIIA

O grupo IIIA inclui pastas depuradas e compactas, de tonalidade acinzentada

(Munsell 2.5Y 7/1). O engobe é espesso e de tonalidade negra (Munsell 10YR 2/1). As

reduzidas dimensões dos desengordurantes não permitiram a sua distinção. Aqui foram

integrados dois fragmentos, que correspondem a 0.5% da totalidade do conjunto.

GRUPO IIIB

O grupo IIIB inclui pastas, medianamente, depuradas, de tonalidade bege

acinzentada pouco homogénea (Munsell 10YR 7/2). O engobe é relativamente espesso

e de tonalidade acastanhada escura, (Munsell 10YR 4/2). Os elementos não plásticos

são de reduzidas dimensões, compondo-se, no essencial, por algumas micas, quartzo

e grog. Aqui foi integrado um fragmento, que corresponde a 0.3% da totalidade do con-

 junto.

GRUPO IVO grupo IV inclui pastas porosas de tonalidade laranja homogénea (Munsell

2.5YR 5/6) sem qualquer tipo de revestimento. Os elementos não plásticos são de redu-

zidas dimensões, compondo-se, no essencial, por algumas micas, quartzo de médias di-

mensões e grog. Aqui foi integrado um fragmento, que corresponde a 0.3% da totalidade

do conjunto.

GRUPO V

O grupo V inclui pastas, medianamente, depuradas, de tonalidade negra homo-

génea (Munsell 2.5Y 3/1), sem presença de qualquer tipo de revestimento. Os elementos

não plásticos são de reduzidas dimensões, não sendo possível a sua identicação. Aquifoi integrado um fragmento, que corresponde a 0.3% da totalidade do conjunto.

GRUPO VI

O grupo VI inclui pastas bem depuradas, de tonalidade bege amarelada homo-

génea (Munsell 7.5YR 8/2). O engobe é relativamente espesso e de tonalidade acas-

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tanhada escura, (Munsell 10YR 4/2). Não foi possível a identicação dos elementos não

plásticos devido às suas reduzidas dimensões. Aqui foi integrado um fragmento, que

corresponde a 0.3% da totalidade do conjunto.

GRUPO VIIAO grupo VIIA inclui pastas depuradas e compactas, cujas tonalidades variam

entre o cinzento amarelado (Munsell 2.5Y 8/2) e o cinzento (Munsell 2.5Y 7/1). O engobe

é relativamente espesso e de tonalidade escura com presença frequente de manchas

descoloradas e vestígios de dedadas do oleiro, variando entre o castanho (Munsell 10YR

4/2) e o castanho enegrecido (Munsell 10YR 2/1). Mais uma vez, as reduzidas dimen-

sões dos desengordurantes não permitiram a sua distinção somente com uma pequena

lupa. Aqui foram integrados 96 fragmentos, que correspondem a 24.4% da totalidade do

conjunto.

GRUPO VIIB

O grupo VIIB inclui pastas depuradas e compactas, de tonalidade bege alaran-

 jada (Munsell 5YR 7/4). O engobe é relativamente espesso e de tonalidade acastanhada

(Munsell 5YR 4/6). Mais uma vez, as reduzidas dimensões dos desengordurantes não

permitiram a sua distinção. Aqui foram integrados 51 fragmentos, que correspondem a 13

% da totalidade do conjunto.

GRUPO VIIIA

O grupo VIIIA inclui pastas medianamente depuradas, sem elementos não plásti-

cos visíveis a olho nu, e muito compactas, de tonalidade bege (Munsell 10YR 8/1). Oengobe é no e aderente, sendo de cor alaranjada (Munsell 5YR 6/6. Os elementos não

plásticos deste grupo, por serem de dimensões demasiado reduzidas, não foram pos-

síveis de enumerar. Aqui foram integrados 22 fragmentos, que correspondem a 5.6% do

conjunto total.

GRUPO VIIIB

O grupo VIIIB inclui pastas muito depuradas, sem elementos não plásticos vi-

síveis a olho nu, e muito compactas, de tonalidade bege amarelada (Munsell 10YR 8/2).

O engobe é no e aderente, sendo de cor amarelada com reexos metálicos (Munsell

10YR 7/6) ou castanha alaranjada (Munsell 5Y/R 4/6). Os elementos não plásticos destegrupo, por serem de dimensões demasiado reduzidas, não foram possíveis de enumerar.

 Aqui foram integrados 128 fragmentos, que correspondem a 32.5% do conjunto total.

GRUPO IX

Este grupo é composto por exemplares que apresentam pastas muito depura-

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das, sem elementos não plásticos visíveis a olho nu, e muito compactas, de tonalidade

bege esbranquiçada (Munsell 10YR 8/1). O engobe é no e apresenta uma tonalidade

alaranjada (Munsell 5YR 7/8) estando aqui presentes marcas de escorrimentos. Os de-

sengordurantes neste grupo, são de reduzidas dimensões e compõem-se por algumas

micas, elementos ferroginosos e grog. Aqui foram integrados dezoito fragmentos, quecorrespondem a 4.6% da totalidade do conjunto.

GRUPO X

O grupo X inclui pastas escassamente depuradas, com elementos de calcário vi-

síveis macroscopicamente, de textura ligeiramente esponjosa. Apresenta uma tonalidade

laranja avermelhada (Munsell 2.5YR 6/6). A superfície está coberta por uma aguada na

de cor castanha avermelhada (Munsell 2.5YR 4/4). Neste grupo foi possível identicar 

elementos não plásticos de reduzidas dimensões, dos quais identicámos calcites em

quantidades consideráveis e alguns quartzos. Aqui foram integrados quatro fragmentos,

que correspondem a 1% da totalidade do conjunto.

GRUPO XIA

O grupo XIA inclui pastas bem depuradas, de tonalidade alaranjada homogénea

(Munsell 5YR 6/6). O engobe é muito no, assemelhando-se em alguns dos casos a

aguadas, e de tonalidade também alaranjada, (Munsell 5YR 5/8). As reduzidas dimen-

sões dos desengordurantes não permitiram a sua distinção. Aqui foram integrados seis

fragmentos, que correspondem a 1.5% da totalidade do conjunto.

GRUPO XIBO grupo XIB inclui pastas, medianamente, depuradas, de tonalidade castanha

avermelhada homogénea (Munsell 2.5YR 4/6). O engobe é muito no e de tonalidade

castanha alaranjada, (Munsell 5YR 5/6). As reduzidas dimensões dos desengordurantes

não permitiram a sua distinção. Aqui foi integrado um fragmento, que corresponde a 0.3%

da totalidade do conjunto.

4.2.5. DiscussãoAntes de mais, convém referir que os grupos de fabrico descritos foram basea-

dos, genericamente, na análise macroscópica recorrendo a uma lupa de quinze aumen-tos, procurando identicar elementos geológicos caracterizantes. Ainda assim, foi a sua

análise geral (pasta, desengordurantes, tonalidade, engobe, porosidade) que, associada

à análise macroscópica, permitiu a identicação de diferentes produções.

Infelizmente, as cerâmicas de iluminação constituem um tipo de material, cujas

produções são ainda mal conhecidas. Efectivamente, temos conhecimento da existência

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de alguns centros produtores de lucernas, mas o mesmo não se pode dizer em relação

às pastas e características gerais das lucernas que neles se produziram.

Com efeito, frequentemente nos deparamos com trabalhos que descrevem ge-

nericamente as pastas, e atribuem uma proveniência às diferentes peças. No entanto, e

na prática, o investigador que tente equiparar as pastas dos exemplares com que trab -alha com as de conjuntos publicados, verica a diculdade e o alto risco de equívoco ou

de atribuição de proveniências erróneas.

 Ainda assim, tais publicações encontram-se frequentemente sujeitas a uma série de

condicionantes, em que o factor espaço obriga a uma cuidada selecção do conteúdo.

Contudo, problemáticas à parte, constituem uma mais-valia no estudo e análise das pas-

tas das cerâmicas de iluminação, na hora de associar grupos de fabrico a produções e

produções a proveniências.

A associação dos diferentes grupos individualizados neste estudo a produções é

um tema que foi já abordado anteriormente, motivo pelo qual não voltaremos a referi-lo.

 Ainda assim, não poderíamos deixar de dizer que nem todos se reportam a importações.

 Ainda que em número reduzido, foi possível identicar alguns exemplares de produção

local/regional, e outros ainda mostram pastas de difícil atribuição a uma área produtiva

concreta.

Quando pensamos nas lucernas de tradição helenística ou tardo-republicanas,

frequentemente lhes atribuímos, automaticamente, uma proveniência itálica. No entanto,

curioso é observar, neste conjunto artefactual, que nem sempre isso poderá acontecer.

Com efeito, pudemos identicar um fragmento de lucerna de tradição helenística (Ricci

H, gura 10, nº 3), que apresenta uma pasta tipicamente local. Desconhecemos, con -

tudo, se esta peça foi de facto fabricada localmente ou se foi produzida numa outra áreageográca. Na verdade, pensamos que os dados aqui presentes não permitem falar 

numa produção local/regional.

Durante o período romano republicano, a Península Itálica assume-se, justa-

mente, enquanto o principal centro produtor e exportador deste tipo de materiais. Ainda

assim, deveremos ter sempre em mente que o domínio romano atravessa um período

de expansão, estando o Senado talvez mais preocupado com o reconhecimento territo-

rial e seu jugo, do que com o crescimento do mercado. Por outro lado, as cerâmicas de

iluminação não constituíam, no conjunto das importações, o material de eleição. Por este

motivo, nos inventários de sítios arqueológicos de cronologia enquadrável no período

romano-republicano, estes materiais estão sempre em número reduzidos comparativa-mente com as restantes cerâmicas.

Não obstante, as lucernas encontram-se, maioritariamente, em sítios arqueológi-

cos de índole, iminentemente, militar ou em locais precocemente romanizados com uma

presença elevada de indivíduos genuinamente romanos, os quais apelam aos hábitos

romanizantes.

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Não poderemos esquecer ainda, que os contingentes militares que desembar-

cam na Península Ibérica são acompanhados por toda uma panóplia de realidades que

sobrevivem às suas custas, entre eles os oleiros. Trazem consigo o conhecimento produ-

tivo manufactural, muitas vezes de auto-consumo. Com efeito, este pode ser o motivo de

Scallabis apresentar um exemplar de tradição helenística fabricado localmente. Sendoassim, tratar-se-ia de uma peça produzida por agentes itálicos, com técnicas e conheci-

mento itálico, mas com matéria-prima local/regional.

 A análise comparativa entre as percentagens das diferentes produções das

lucernas da Alcáçova de Santarém (gráco 1) determina uma presença predominante

das produções itálicas, caracterizadas por exemplares de muito boa qualidade técnica e

produtiva, expondo um gosto maioritário pelos produtos desta proveniência. Certamente

que esta maior preferência poder-se-á dever a dois principais factores, por um lado a

conquista do território e consequente imposição dos produtos do conquistador. Por outro

lado, uma crescente presença de indivíduos genuinamente romanos.

Ainda assim, o

conjunto artefactual em

estudo apresenta, de

igual forma, um elevado

número de produtos de

fabrico hispânico, ainda

que estes não suplan-

tem os exemplares itáli-

cos. Esta elevada per-

centagem de produtoshispânicos, sobretudo

os que são provenientes da Bética, dever-se-á não tanto á sua qualidade técnica, ainda

que tenhamos analisado peças de boa qualidade produtiva, mas sim ao facto de consti-

tuírem produtos de valor mais reduzido comparativamente com os produtos itálicos, o

que se deveria, por um lado, à sua menor qualidade, e, por outro, aos menores custos no

seu transporte.

Com efeito, a chegada dos produtos à Alcáçova de Santarém efectuar-se-ia por 

mar e, pela sua navegabilidade, pelo rio Tejo. Quer as lucernas itálicas, quer as lucernas

de produção hispânicas da Bética facilmente acederiam a este local por mar, facilitando

o seu transporte em custo e em número. O número reduzido de exemplares emeritenses,que acederiam a Scallabis por terra, justicar-se-á pelas diculdades de transporte, que

não permitia uma auência tão elevada de produtos e podia ainda ser sujeito a pilhagens.

No conjunto lucernário da Alcáçova de Santarém, existem, ainda que de forma muito

diminuta, exemplares de produção africana. Efectivamente, os produtos Norte Africanos

também constam da lista de produtos manufacturados importados pelos scallabitanos.

Gráfco 1 – Distribuição percentual pelas produções identicadas.

Prod. Itálicas

Prod. Hispânicas

Prod. Africanas

Prod. Locais/Regionais

Prod. Indeterminadas

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Não obstante, a sua fraca expressão terá a sua justicação não nas rotas ou custos, mas

sim, em na cronologia da ocupação do sítio.

O conjunto em estudo demonstra-se relativamente variado e expressivo, a nível

formal, sensivelmente até meados do século II d.C. No entanto, e a partir deste período,

vericamos uma quebra signicativa dos produtos importados, o que explicará a pou-ca expressão das lucernas Norte Africanas, que são, consideravelmente, mais tardias.

Como já foi dito, esta aparente quebra poder-se-á dever a vários factores que não se

prendam com a redução populacional ou perda de poder aquisitivo.

Finalmente, não poderíamos deixar de referir que, durante a análise deste con-

 junto, nos deparámos com alguns fragmentos de difícil integração nos grupos de fabrico

atribuíveis a áreas de produção concreta. Trata-se de fragmentos que não se enquadra-

ram em nenhum dos grupos individualizados, nem permitiram a sua inclusão em nen-

huma das produções, pelo que foram por nós integrados no grupo que designamos por 

«Produções indeterminadas». No entanto, estas correspondem a uma pequena percent-

agem do conjunto analisado, não sendo representativo na totalidade do mesmo.

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Prod. Itálicas

Prod. Hispânicas

Prod. AricanasÁrea de Cádiz Área de Mérida

Locais/Region-ais

Ricci E 2

Ricci H 1

Ricci-Dressel 1 1

Ricci-Dressel1B

1

Ricci-Dressel 2 11

Ricci-Dressel2A

11

Ricci-Dressel2/3

2

Ricci-Dressel 3 2

Ricci-Dressel3A

3

Dressel 9 13 28 1

Dressel-Lam-boglia 9A

3 4

Dressel-Lam-boglia 9B

1 4

Dressel-Lam-boglia 11

3 1

Dressel-Lam-

boglia 12

2 1

Dressel-Lam-boglia 14

2

Dressel-Lam-boglia 15/16

2 1

Dressel-Lam-boglia 17

1

Dressel-Lam-boglia 19

1 1

Dressel-Lam-boglia 20

10 5 2

Dressel-Lam-boglia 27

2 1

Hayes IB 1

Hayes IIA 1

Indeterminadas 132 102 15 2 5

 Tabela 1 – Distribuição quantitativa das produções por orma.

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4.3. As formasNão poderíamos iniciar a análise morfológica do conjunto artefactual da Alcáço-

va de Santarém sem que se façam breves comentários respeitantes ao tipo de material

aqui em estudo, quer no que respeita à sua morfologia evolutiva, quer à sua produção.

Convém sublinhar, antes de mais, que o processo evolutivo não é linear na distinta mor-fologia das lucernas. Muitos dos diferentes tipos existentes certamente se relacionaram

mutuamente, convivendo, nas fases de transição, num mesmo espaço geográco e cro-

nológico, embora cada forma apresente características diferenciáveis.

Com efeito, os dados obtidos em trabalhos de campo com contextos seguros,

como é o caso do sítio arqueológico da Lomba do Canho, Arganil (Nunes et al., 1990),

permitem actualmente vericar que os últimos tipos de lucernas de tradição helenística

conviveram com as primeiras formas de lucernas tardo-republicanas. Da mesma forma,

reparamos que a convivência entre exemplares imperiais de volutas e de disco abarca

um período temporal amplo, realidade que, aliás, já E. Dressel havia constatado e docu-

mentado (1899).

No que respeita aos critérios que têm sido utilizados para a denição e clas -

sicação das lucernas, estes resumem-se, essencialmente, a dois: forma e cronologia.

No entanto, outras características (dimensões da lucerna, forma do bico, diâmetro do

disco, entre outros) assinalam-se como determinantes no estabelecimento dos princi-

pais grupos e subgrupos. A segunda norma citada utiliza a cronologia como critério de

classicação, estando, contudo, sempre associada à forma para assim materializar uma

sequência evolutiva (Morillo Cerdán, 1999, p. 54). Não podemos deixar de referir, nova-

mente, que, nem sempre, podemos aplicar os mesmos critérios de denição tipológica,

visto que também as peças se podem mostrar distintas na sua morfologia. Estas podemvariar conforme a norma geográca, tanto na essência da sua forma como na sua crono-

logia. Não é aceitável que se apliquem os mesmos dados de um sítio arqueológico, quer 

cronológicos quer contextuais, num outro de características totalmente distintas com o

objectivo de analisar este tipo de materiais.

As lucernas republicanas são, em nosso entender, aquelas que melhor caracter-

izam a evolução técnica e formal deste tipo de materiais, na medida em que se modi-

cam, no seu essencial, num curto espaço temporal, quer a nível formal, como estético.

 Além do que foi mencionado, são as lucernas republicanas que marcam a transição dos

protótipos de tradição helenística para as peças genuinamente romanas (Beltrán Lloris,

1990).A tipologia elaborada pela investigadora Marina Ricci (Ricci, 1973, p. 207 – 227)

constitui uma das mais bem elaboradas para as lucernas de inuência helenística, concili-

ando a evolução morfológica e a cronológica. Esta tipologia (Ricci A a H) concentra peças

de orifício de alimentação bastante alargado e todas elas de depósito arredondado. Ap-

enas os tipos E e G da referida investigadora apresentam um elemento de preensão car-

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acterístico, que consiste numa asa circular na parte contrária ao bico de combustão da

peça. As formas B, D e H de Ricci apresentam características subdesenvolvidas daquilo

que virá a ser reconhecido como aletas. As restantes formas não evidenciam quaisquer 

elementos de preensão.

 Apesar de o conhecimento actual sobre as lucernas tardo-republicanas ser bas-tante restrito no território actualmente português, pensamos que futuramente este possa

vir a mudar com novos achados ou com novos estudos. Não obstante, esta diferença de

conhecimento entre as lucernas tardo-republicanas e as imperiais poderá ser dever-se

ao maior interesse, por parte dos investigadores, pelos conjuntos de lucernas decoradas

com volutas, gurações e marcas de oleiro, que terão alcançado uma maior dispersão

geográca. Por esta razão encontramos uma amálgama de tipologias para as lucernas

imperiais, em contradição com as tardo-republicanas que são meramente referidas por 

alguns autores.

E. Dressel (1899) foi o primeiro investigador a elaborar uma evolução tipológica

das lucernas tardo-republicanas, mais tarde revisto por N. Lamboglia (1952) e, mais re-

centemente, pela investigadora M. Ricci (1973).

O grupo de lucernas caracterizadas pela peculiaridade de possuírem volutas

constitui a produção imperial primordial por excelência. Todos os tipos de lucernas de

volutas se evidenciam pela sua elevada qualidade técnica e artística. Esta realidade

conduziu a um requinte e cuidadosa escolha dos motivos que decoravam o disco, para

o qual também o emprego do molde, na sua produção, muito contribuiu para este re -

namento e consequente difusão deste tipo de lucernas, impulsionada pela prosperidade

económica do período augustano (Morillo Cerdán, 1999, p. 67).

As lucernas de volutas documentam-se em todos os locais arqueológicos queabarquem um período cronológico balizado entre o reinado de Augusto até meados do

século II d.C., nos quais assumem, muitas vezes, um papel de fóssil director. Dentro do

vasto repertório de lucernas romanas, são aquelas que são melhor conhecidas e docu-

mentadas, constituindo o tipo de cerâmica de iluminação do alto Império por excelência.

Relativamente à sua morfologia, transparecem uma mudança profunda com-

parativamente às últimas produções tardo-republicanas. A utilização do molde permitiu

tirar o máximo partido do disco, cujas dimensões aumentaram signicativamente. Este

denota agora uma forma bastante côncava e um vasto repertório ornamental, com rep-

resentações que variam entre gurações humanas, animais, vegetais ou simplesmente

geométricas (Morillo Cerdán, 1999, p. 67). A orla encontra-se separada do disco pela pre-sença de duas ou mais molduras, que culminou num estreitar evidente da mesma, desa-

parecendo quase por completo em alguns casos, principalmente na forma 9 de Dressel

(1899) ou Loeschcke I (1919). Contudo, a característica que denomina estas peças é a

presença de elementos decorativos em forma de volutas ladeando o rostrum.

 A morfologia do bico pode variar entre bico triangular e redondo, em que cada

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uma destas particularidades tem uma diacronia temporal especíca, a qual foi bem den-

ida pelo investigador S. Loeschcke (1919). Este investigador estabeleceu cinco grupos

essenciais de lucernas de volutas, Loeschcke I, III, IV, V e VI, assim como o investigador 

Dressel, forma 9 a 16, sobre o qual, aliás, S. Loeschcke se inspirou.

 A existência de uma produção de lucernas na Península Ibérica não apresen-ta hoje qualquer tipo de dúvidas. Os crescentes achados de fornos destinados a esta

produção, bem como a exumação de moldes e exemplares com defeitos de produção,

conrmam a presença de várias manufacturas lucernárias (Morillo Cerdán, 1999, p. 99).

Destacamos os dados obtidos em  Asturica Augusta (Amaré Tafalla e García Marcos,

1994), em Tricio (Solovera San Juan, Amaré Tafalla e Garabito Gómez, 1993), em Her -

rera de Pisuerga (Morillo Cerdán, 1992), e em Colonia Patricia (García Giménez e Bernal

Casasola, 1995).

Não obstante, o estudo dos dados referentes às infra-estruturas das ocinas não

transparece uma especialização produtiva, unicamente, de lucernas. Este tipo de mate-

riais surge, na sua maioria, associado à produção de outros tipos cerâmicos, passando

o fabrico de lucernas para segundo plano, limitando assim a sua manufactura. Grande

parte destas ocinas correspondem a instalações de pequenas dimensões familiares ou

supra-familiares.

O início da produção de lucernas na Península Ibérica parece estar documen-

tado nos primórdios do período imperial, pela ocina militar de Herrera de Pisuerga, con-

stituindo, sem dúvida, um dos mais antigos centros produtores de lucernas nesta área

geográca (Morillo Cerdán, 1992).

Os tipos mais comuns no alto Império integram as peças derivadas da forma

Dressel 3, da forma Dressel 9, também conhecidas como “Lucernas Mineiras”, e imita-ções da forma Dressel 11-14, com o “Minotauro” representado no disco (Beltrán Lloris,

1990, p. 266-267; Morillo Cerdán, 1999, p. 99).

As lucernas de disco marcam uma nova espécie de recipientes de iluminação

bastante distinta a nível morfológico. Contudo, deparamo-nos com algumas semelhan-

ças com os exemplares mais tardios de volutas (Morillo Cerdán, 1999, p. 107), os quais

coincidem cronologicamente. A produção deste tipo de materiais parece ter-se iniciado

nas mesmas ocinas itálicas que fabricavam, paralelamente, exemplares de volutas.

Apesar de as lucernas de disco terem constituído o grupo menos estudado, com-

parativamente com as lucernas de volutas e de canal, esta é actualmente uma realidade

que mudou signicativamente. É um conjunto de peças bastante complexas e de difícildenição tipológica e cronológica, existindo exemplares bastante individualizados e tipos

de várias proveniências (Morillo Cerdán, 1999, p. 107).

No que respeita à morfologia deste tipo de peças, apresentam um corpo circular 

com uma ampla orla convexa inclinada para o interior, disco de reduzidas dimensões e

bico curto e arredondado. A orla poder-se-á apresentar lisa ou decorada, com elementos

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geométricos ou vegetais. Também a decoração do disco muda substancialmente, apre-

sentando-se em gurações maiores e mais toscas. Em alguns tipos, a ornamentação do

disco acaba mesmo por desaparecer.

 A diversidade do conjunto de lucernas de disco foi estabelecida através da estru-

tura do bico, bem como pela sua junção ao corpo da lucerna. Mais uma vez, foi o investi-gador E. Dressel (1899) quem estabeleceu, inicialmente, os grupos principais deste tipo

de materiais, conrmados e ampliados por S. Loeschcke (1919). Ainda assim, a tipologia

elaborada por E. Dressel apresenta uma organização mais completa, ainda que simples,

bem como uma clareza evidente.

Não obstante, a crescente evolução deste tipo de peças encontra-se bem docu-

mentada não apenas pelas mudanças morfológicas do bico, mas também por mudanças

da decoração. O aumento progressivo das peças permitiu a introdução de decoração na

orla, contrariamente ao disco. A asa aumenta de tamanho paralelamente ao corpo da

peça, com tendência para a verticalidade, acabando por se transformar numa espécie de

apêndice maciço, característica vericada num período já bastante mais tardio (Morillo

Cerdán, 1999, p. 108).

A produção de lucernas de disco apresenta uma signicativa qualidade técnica,

transparecendo pastas de diferentes tonalidades e características, demonstrando ainda

a presença de vernizes e/ou engobes de tonalidade clara. No entanto, esta qualidade

técnica desfalece continuamente a partir do século II d.C.

A região central de Itália parece ter constituído a área de produção por excelên-

cia, pelo menos na face inicial. Rapidamente, os modelos de disco viriam a ser imitados

pelas pequenas ocinas da África Proconsular que, progressivamente, vão elaborando o

seu próprio repertório formal e decorativo, criando, desta forma, uma produção individu-alizada e totalmente distinta (Deneauve, 1969).

Posto isto, apoiando-nos em trabalhos já existentes e contextos de campo de

recentes trabalhos arqueológicos, foi possível, neste estudo, propor uma evolução for -

mal das cerâmicas de iluminação alto-imperiais de Scallabis com base na morfologia

do bico e orla. Relembramos que o vasto manancial de tipologias existentes aborda já

esta temática, sendo, na nossa opinião, o trabalho de A. Leibundgut o melhor elaborado

(1977). Contudo, a evolução da orla das lucernas romanas é ainda algo problemática,

pois as tipologias elaboradas até ao momento baseiam-se em exemplares completos, o

que permite uma caracterização geral sobre o bico da peça e corpo.

Não obstante, o panorama das lucernas recolhidas na maioria dos sítios arque-ológicos corresponde a pequenos fragmentos de difícil classicação, o que nem sempre

permite um enquadramento cronológico minimamente ável, facto com que, aliás, nós

próprios nos deparámos. Assim, cremos que esta decomposição e proposta, que mais

uma vez relembramos não constituir uma absoluta novidade, poderá elucidar as cronolo-

gias propostas para os pequenos fragmentos com os quais lidamos frequentemente. Pre-

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tendemos, apenas auxiliar a análise do con-

 junto artefactual de Scallabis, principalmente

a nível cronológico, e não complexicar o es-

tudo das cerâmicas de iluminação romanas.

Actualmente, as lucernas de volutascorrespondem, sem dúvida alguma, ao tipo de

lucernas mais bem caracterizadas, podendo

ser divididas em cinco grupos distintos, apre-

sentando diferentes tipos de orlas.

No grupo I, distinguimos peças de

bico triangular ornado com volutas simples,

orlas curtas e planas, horizontais ou ligeira-

mente inclinadas para o interior, apresentan-

do três ou mais molduras. Correspondem, na

sua maioria, à forma 9 de Dressel, Loeschcke

I, Ponsich II, Deneauve IV, Provoost IV, Lei-

bundgut V e Szentleleky b – 4, enquadrando-

se cronologicamente entre o reinado de Au-

gusto e o período ávio.

No grupo II, incluímos peças de bico

triangular ornado com volutas simples, orlas

curtas ligeiramente convexas com uma ou

duas molduras. Correspondem, na sua maio-

ria, à forma 9 de Dressel, Loeschcke I, Pon-sich II, Deneauve IV, Provoost IV, Leibundgut

V e Szentleleky b – 4, enquadrando-se crono-

logicamente entre o reinado de Tibério e o de

Trajano.

No grupo III, distinguimos peças de

bico redondo ornado com volutas duplas. As

orlas podem ser curtas e planas, ligeiramente

inclinadas para o interior, ou convexas, apre-

sentando duas ou mais molduras. Correspondem, na sua maioria, à forma 11-14 de Dres-

sel, Loeschcke IV-V, Ponsich II-B1 e B2, Deneauve V e Provoost IV, enquadrando-secronologicamente entre o reinado de Cláudio e Trajano.

No grupo IV, incluímos peças de bico redondo ornado com volutas duplas, orlas

bastante largas e convexas com uma ou mais molduras. Correspondem, na sua maioria,

à forma 11-14 de Dressel, Loeschcke IV-V, Ponsich II-B1 e B2, Deneauve V e Provoost

IV, enquadrando-se, cronologicamente, entre o reinado de Cláudio e o de Antonino.

Figura 4 – Proposta evolutiva das orlas das

lucernas alto-imperiais em Scallabis.

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No grupo V, distinguimos peças de bico redondo ornado com volutas duplas

viradas para o lado do bico. As orlas são, geralmente, bastante largas e convexas, apre-

sentando uma ou mais molduras. Correspondem, na sua maioria, à forma 15-16 de Dres-

sel, Loeschcke V, Ponsich II-B2, Deneauve VD, Szentleleky b – 8, Walters 85 e Provoost

IV, enquadrando-se, cronologicamente, entre nais do reinado de Cláudio e o de Trajano.Para as lucernas de disco, distinguimos três grupos. No grupo VI, incluímos

peças de bico redondo e curto, orlas bastante largas e convexas com duas ou mais

molduras. Correspondem, na sua maioria, à forma 17-18 de Dressel, Loeschcke VIIIK,

Ponsich II-B1, Deneauve VII, Provoost IV e Leibundgut XX, enquadrando-se, cronologi-

camente, entre o reinado de Trajano e o de Antonino.

No grupo VII, diferenciamos peças de bico redondo, delimitado por uma pequena

moldura com duas depressões circulares de cada lado do bico. As orlas são bastante lar-

gas e convexas, apresentando uma ou mais molduras. Correspondem, na sua maioria, à

forma 20 de Dressel, Ponsich III, B-1,2, Deneauve VII A, Provoost IV – 3,3,1, Leibundgut

XXI – XXII, Szentleleky b – 11 e Walters 95, enquadrando-se, cronologicamente, entre

nais do reinado de Adriano e nais do reinado de Antonino.

Finalmente, no grupo VIII, incluímos peças de bico redondo e curto em forma

de coração, orlas, geralmente, largas e convexas, com duas ou mais molduras. Cor -

respondem, na sua maioria, à forma 27-28 de Dressel, Loeschcke VIIIH, Ponsich III C,

Deneauve VIII, Provoost IV – 3,5 e Leibundgut XX, enquadrando-se, cronologicamente,

entre nais do reinado de Antonino e o de Severo.

Esta temática merece ainda alguns comentários no que respeita à análise das

orlas. Observando a tabela (gura 4), reparamos que é nas lucernas de volutas que

parece haver uma maior diversidade de orlas, permitindo uma fácil identicação do tipo.Contudo, com o último tipo de volutas aparece uma variante da orla que se mantém nos

tipos subsequentes. Tal realidade diculta uma fácil identicação da forma a que os frag-

mentos corresponderão, diculdade com a qual também nos deparámos neste trabalho.

Relativamente aos fundos não é possível, infelizmente, propor uma evolução

morfológica. Por um lado, a sua variedade é demasiadamente limitada, restringindo-se

a fundos planos ou de pé destacado. Por outro, deparamo-nos com a sua presença nas

várias formas já identicadas.

Ainda assim, arriscamos armar que parece haver uma maior tendência de fun-

dos de pé destacado nas lucernas de volutas, e fundos planos, com um sulco ou moldura

que o delimita, nas lucernas de disco. Os fundos com várias molduras parecem relacio-nar-se já com as lucernas de bico em forma de coração (Dressel 27 ou 28).

Não obstante, sublinhamos que aparecem indiscriminadamente ambos tipos de

fundo nos dois tipos de lucernas pelo que não deveremos arriscar a sua inclusão num

tipo ou no outro, quando confrontados apenas com essa parte do exemplar.

Cronologicamente, analisando a evolução proposta para este tipo de materiais

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(g. 6), desde logo reparamos que há uma clara diferenciação entre os tipos de volutas

e de disco. Os primeiros parecem ter sido produzidos, maioritariamente, no decorrer do

século I d.C. e primeira metade da centúria seguinte, enquanto os protótipos de disco

predominam durante todo o século II e primeira metade do século III d.C. Convém referir,

neste contexto, que a análise efectuada se reporta, somente, à cerâmica de iluminaçãocompreendida entre os séculos I e III d.C.

Creio que poderemos dizer, sem qualquer tipo de reserva, que as lucernas de

volutas de bico triangular vingaram ao longo de todo o século I d.C. Ainda assim, depa-

ramo-nos com produções subsidiárias, que acreditamos não apresentarem uma longa

diacronia temporal de uso, mas que introduzem uma novidade, os bicos redondos e

as orlas largas e convexas. Os inventários de sítios arqueológicos com uma cronologia

limite até meados do século II d.C., apresentam, geralmente, todo o repertório das lucer-

nas de volutas, evidenciando poucos exemplares das lucernas de disco.

Esta realidade encontra-se perfeitamente atestada no sítio arqueológico doMonte Molião com uma cronologia de nal da ocupação romana balizada em meados

do século II d.C. (Arruda et al., 2008), e, apesar de as cerâmicas de iluminação não se

encontrarem ainda publicadas, foi-nos possível analisar o conjunto, com cerca de 104

fragmentos, constatando que este apresenta todo o repertório das lucernas de volutas e

apenas dois exemplares de lucernas de disco. Este constituiu um factor de peso para as

Gráfco 2 – A cronologia dos dierentes tipos.

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cronologias propostas, comprovadas pelos contextos arqueológicos, principalmente no

que se refere à transição dos tipos de volutas para os protótipos de disco.

Efectivamente, são estas novas características que acabam por se impor no gos-

to da sociedade romana, alcançando o seu auge máximo com os referidos protótipos de

disco. Reparamos que os tipos VI e VII têm uma produção relativamente paralela, talvezdevido à elevada semelhança dos mesmos. No entanto, o tipo VII poder-se-á estender 

cronologicamente até início do século III d.C., ainda que não esteja patente no gráco

apresentado (gráco 2).

No entanto, deveremos ser ponderados na cronologia a atribuir aos diferentes

exemplares. Temos de ter em conta que, neste período, existem já produções de cerâmi-

cas de iluminação na Península Ibérica, quer imitações dos protótipos itálicos, quer 

produções aproximadas que mereceram uma diferenciação. Nestes casos, cremos que

a cronologia atribuída deverá, obrigatoriamente, apresentar um período de amortização

mais alongado. Certamente que as produções itálicas não se iniciaram paralelamente ao

fabrico das imitações, sendo estas últimas mais tardias.

O aparecimento crescente de centros produtores tem vindo a mudar o panorama

mercante das lucernas em período romano imperial, como é o caso de ocinas docu-

mentadas em Bracara Augusta (Morais, 2005), em Tarragona, em Herrera de Pisuerga,

em Augusta Emerita (Morillo Cerdán, 1999, p. 69), em Asturica Augusta (Amaré Tafalla e

García Marcos, 1994), em Tricio (Solovera San Juan, Amaré Tafalla e Garabito Gómez,

1993), e em Colonia Patricia (García Giménez e Bernal Casasola, 1995).

4.3.1. Lucernas de inuência helenística

4.3.1.1. Ricci EEste tipo formal corresponde a lucernas elaboradas a torno, de características

que transparecem ascendência dos protótipos helenísticos. Possuem corpo tronco-cóni-

co, disco circular amplo e profundo e uma base plana circular com uma depressão local-

izada na parte inferior do corpo. O orifício de combustão agura-se bastante alargado,

característica que também se encontra nos exemplares helenísticos. O rostrum é curto

e alargado na ponta, formando um pequeno bico de cada lado. Este tipo de peças apre-

senta ainda um elemento de preensão, característica bastante escassa nas lucernas

de inuência helenística, que se traduz numa pequena asa anelar, com duas caneluraspouco acentuadas.

Esta forma parece estar bem documentada e difundida no Mediterrâneo, acom-

panhando os contingentes militares romanos. Deparamo-nos com a presença deste tipo

de peças nos naufrágios de Madrague de Montredon (Ricci, 2002, p. 325-326), datado da

segunda metade do século II a.C., e no naufrágio Chrétienne A (Ricci, 2002, p. 329-330),

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datado de nais do século II a.C., inícios da centúria seguinte. De igual importância para

a obtenção de uma cronologia ável, são a necrópole de St. Rémy ( Apud in Ricci, 1973,

p. 216), que permitiu a datação de um exemplar desta forma no século II a.C., bem como

 Albintimilium ( Apud in Ricci, 1973), onde se obteve uma datação balizada entre 170 e 50

a.C.No território actualmente português, as publicações de lucernas deste tipo são

bastante escassas, impossibilitando-nos estabelecer paralelos com os materiais de

tradição helenística. Ainda assim, poderemos encontrar alguns exemplares desta forma

em Cabeça de Vaiamonte (Fabião, 1998, p. 432).

Em Scallabis, foi possível a recolha de dois fragmentos deste tipo formal (gura

10, nº 1 e 2). O primeiro exemplar (nº 1) apresenta o fundo plano com a saliência na parte

inferior do corpo, e o arranque da asa. Este apresenta uma pasta acinzentada depurada,

com linhas de oleiro bastante visíveis, e a presença de um engobe negro em toda a su -

perfície externa. Importante de referir é também a peculiaridade de pasta do fragmento

apresentar pequenos grãos de areia de origem vulcânica, facto que, reforça a origem

itálica. Esta é, como se sabe, uma característica bastante comum nas ânforas vinárias de

idêntica proveniência. A inclusão deste fragmento neste tipo formal foi possível devido às

suas características morfológicas, mas, principalmente, às especicidades macroscópi-

cas da pasta e à técnica de fabrico utilizada para a sua produção.

O segundo exemplar incluído nesta forma (nº 2) corresponde a uma orla ampla

e convexa, e disco profundo com uma pequena moldura.

Convém ainda referir que apenas as formas E e G de Ricci se reportam a lucernas que

ostentam asas, sendo que o fragmento aqui em questão não se incluía na forma G, da-

das as suas características.O primeiro exemplar referido foi recolhido numa unidade datável do século I a.C.,

em contexto primário de ocupação, associado, essencialmente, a ânforas de tipo Dressel

1. No entanto, e tendo em conta os exemplares com os quais nos foi possível estabelecer 

paralelos, parece-nos evidente atribuir uma cronologia a esta forma balizada entre nais

do século II a.C. e primeira metade da centúria seguinte.

4.3.1.2. Ricci HEsta forma corresponde à última produção de lucernas de tradição helenística,

também produzidas a torno. Apresenta um corpo cilíndrico de paredes altas, disco amploe côncavo e bico ligeiramente alongado, terminando de forma arredondada e arrematada

nas extremidades. A base é plana e sem qualquer tipo de pé. Característica desta forma

é também a presença de uma pequena aleta lateral subdesenvolvida, que aparecerá,

novamente, e de forma mais evidente, nas lucernas tardo-republicanas.

Exemplares desta forma foram recolhidos em Albintimilium (apud in Ricci, 1973,

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p. 225), os quais permitiram uma precisa datação entre 80 e 70 a.C. Mais precisa ainda

foram as datações obtidas em Roma, no forum cesariano, datado entre 48 e 46 a.C.

(apud in Ricci, 1973). O naufrágio da Colónia de Sant Jordi, Maiorca, datado do primeiro

quartel do século I a.C. corresponde a uma das embarcações que transportava peças

deste tipo (Cerda Juan, 1980; Colls, 1987).Em Espanha foi possível identicar exemplares desta forma depositados no Mu-

seu Arqueológico de Sevilha (Garcia de Leaniz, 1991) e em Cáceres el Viejo (Hubert,

1984). Neste último sítio, Ulbert propõe, dada a elevada semelhança da decoração fálica

entre os vários exemplares recolhidos, que este tipo foi produzido localmente mediante

a técnica de molde (Ulbert, 1984, p. 157, nºs 485 a 491). Não obstante, deveremos ser 

cuidadosos com esta informação. Não questionamos a veracidade da armação, mas

sim a sua interpretação.

 Admitimos que as peças de Cáceres el Viejo possam ter sido produzidas a molde

e apresentem elevadas semelhanças entre si. No entanto, cremos que esta realidade

poder-se-á não dever a uma produção local/regional mas sim a uma fabricação de có-

pias. Ainda assim não colocamos de lado a possibilidade de este tipo ter sido produzido

também a molde.

Devemos ser ponderados na hora de interpretar estes dados como uma produção

de lucernas. De facto, os indícios de uma pequena fabricação de cópias sobremoldadas

facilmente se poderão confundir com uma produção de lucernas.

No território actualmente português, podemos encontrar esta forma no sítio ar -

queológico de Alcácer do Sal (Almeida, 1953, p. 149), Cabeça de Vaiamonte (Fabião,

1998, p. 431) e da Lomba do Canho, onde foram recolhidos dois exemplares incluídos

nesta forma (Nunes et al., 1990, p. 74-75, nº 1 e 2). Contrariamente ao exemplar de San-tarém, apresentam vestígios de engobe e digitações internas que obrigou os autores a

referir a sua produção mediante molde (Nunes et al., 1990, p. 81).

Na Alcáçova de Santarém foi recolhido um exemplar desta forma (gura 10, nº

3). Apresenta um bico ligeiramente alongado, com abundantes vestígios de combustão/

uso, arredondado e rematado. Este fragmento foi possível de classicar por ser de fácil

identicação, tendo-se documentado na tipologia de Ricci (1973, p. 225) um exemplar 

análogo. Apresenta uma pasta alaranjada e bastante depurada, sem vestígios aparentes

de qualquer tipo de engobe.

De facto, é esta característica, associada ao tipo de pasta que apresenta, que

permite propor uma produção deste exemplar de âmbito local/regional. Actualmente, nãose parece impor qualquer tipo de hesitação em referir que os contingentes militares ro-

manos traziam consigo todos os meios e conhecimentos de fabrico de produtos manufac-

turados. Com efeito, esta peça parece constituir um desses casos, em que, localmente,

são produzidos os bens necessários à permanência dos contingentes militares romanos

no território peninsular.

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Com o tipo H de Ricci parecem ter cessado as produções de inuência helenísti-

ca. Deparamo-nos então, com as primeiras peças de fabrico genuinamente romano,

as denominadas produções tardo-republicanas. A introdução da técnica de fabrico em

molde bivalve neste tipo de materiais permite fazer a distinção entre as lucernas tardo-re-

publicanas e as lucernas de tradição helenística, produzidas sobre torno (Morillo Cerdán,1999, p. 57).

Este exemplar foi recolhido num estrato romano de difícil interpretação, onde

existem, em associação, alguns materiais da Idade do Ferro, bem como outros, de cro -

nologia coeva da lucerna, dos quais se destacam a cerâmica campaniense B (Lamboglia

1), campaniense A e ânforas de tipo Dressel 1.

4.3.2. Lucernas tardo-republicanas

4.3.2.1. Dressel 1/Ricci-Dressel 1Esta forma tem corpo bi-cónico, com uma aleta lateral estilizada, assemelhando-

se mais a um pequeno apêndice. Na orla, apresenta, regra geral, decoração em relevo

linear e em glóbulos. Nesta forma, é possível encontrar também, por vezes, decoração

em forma de coração na mesma área da lucerna. O disco é distintivo por um orifício

de alimentação de reduzidas dimensões, delimitado por pequenas molduras, sendo a

mais afastada a este, geralmente, em glóbulos. O bico é alongado, com decoração es-

tilizada nos seus lados, formando um pequeno canal. Esta decoração é, segundo M.

Ricci (1973), a antecedente da forma Dressel 4 (tipo “cabeça de ave”). A parte inferior do

corpo deste tipo é lisa, podendo apresentar vários tipos de fundo, variando entre fundoplano e convexo, ou apresentando um pequeno pé destacado. Desta forma, e estando

somente perante um fragmento de fundo, é extremamente difícil classicar exemplares

nesta forma. A asa é anelar apresentando duas ou mais molduras verticais.

Este tipo encontra-se documentado na sepultura VII da necrópole de Saint-Re-

my, num contexto que permitiu centrar a datação no século II / I a.C. (apud in Ricci, 1973,

p. 174). Também os naufrágios permitiram a recolha deste tipo formal, sendo bem conhe-

cido o Grand-Congloué 2, datado de 170 – 150 a.C., o qual ofereceu exemplares deste

tipo formal (apud in Ricci, 1973, p. 174). Com os contextos apresentados por M. Ricci,

os quais contam de igual forma com um exemplar de  Albintimilium (apud in Ricci, 1973,

p. 176), a autora não hesita em datar a produção desta forma entre meados do século IIa.C. e meados da centúria seguinte.

Na Alcáçova de Santarém, foi possível identicar um fragmento desta forma (que

infelizmente não permitiu a sua representação gráca), ainda que a classicação seja

feita com algumas reservas. Corresponde a um fragmento de orla e disco, apresentando

a típica decoração linear em relevo, bem como os óvulos que lhe são característicos.

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No entanto, apresenta uma fractura na área onde estaria a moldura principal, no nosso

entender, demasiadamente espessa. Ainda assim, demonstra, claramente, a presença

de uma moldura em óvulos, que nos permitiu a inclusão deste fragmento na forma 1 de

Dressel.

Infelizmente, o contexto de recolha deste fragmento não possibilitou adquirir qualquer tipo de ilações.

4.3.2.2. Dressel 1/Ricci-Dressel 1BEste tipo formal corresponde a uma variante da forma 1 de Dressel, apresentan-

do, como seria de esperar, as linhas gerais da forma anteriormente descrita. A diferença

entre as duas formas centra-se na decoração. Na forma anterior, como foi visto, cor-

respondia à disposição de óvulos no espaço correspondente à orla. Nesta variante, a

decoração poder-se-á descrever como pequenas estrias dispostas ao longo de toda a

orla, dando-lhe um aspecto de “raiado”. O disco mantém-se com um diâmetro reduzido,

e com um pequeno orifício de alimentação.

A variante B da forma 1 de Dressel não parece corresponder a um tipo muito

comum. Não obstante, os exemplares, e seus contextos, apresentados por M. Ricci per -

mitiram-lhe propor uma produção que começa não muito depois da forma antecedente,

em meados do século II a.C., mas que se amplia a todo o século seguinte, durante o qual

atinge o auge da sua produção.

No território actualmente português, foi possível reconhecer um fragmento desta

forma no sítio arqueológico da urbanização do Monte Moleão (Lagos), proveniente das

escavações efectuadas nas imediações do referido sítio, por Elisa de Sousa, a quemagradecemos a informação. Esta intervenção permitiu concluir uma cronologia para o

local, balizada entre nais do século II a.C. e início da centúria seguinte (Sousa e Alves,

2006), o que corrobora a cronologia que se tem vericado para esta variante.

Na Alcáçova de Santarém, identicámos um fragmento deste tipo correspon-

dente à orla e parte do disco (gura 11, nº 7). Apesar de o fragmento ser de reduzidas

dimensões, apresenta a típica decoração em estrias e uma orla bastante inclinada, de-

nunciando uma forma bi-cónica.

No que respeita ao contexto, a vasta quantidade de materiais recolhidos neste

estrato apresenta uma grande diversidade quer no que respeita ao tipo de espólio, quer à

cronologia que estes oferecem, motivo pelo qual não favorece uma datação mais precisapara este exemplar, além da que se tem proposto para esta forma.

4.3.2.3. Dressel 2/Ricci-Dressel 2/Ponsich 1 B/Deneauve I

A forma 2 de Dressel apresenta como características formais, um corpo bicónico,

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denunciando a presença de uma aleta lateral. As aletas, pouco funcionais enquanto el-

ementos de preensão, constituíam, no seu essencial, elementos decorativos. Na parte

superior do amplo disco, existe uma moldura concêntrica em torno do orifício de ali-

mentação. O bico é amplo, prolongando-se para os lados. A base é circular, denotando,

regra geral, a presença de um pequeno pé, pouco acentuado. A principal característicadesta forma consiste na presença de decoração em relevo, na parte superior e inferior 

do corpo, que se traduz em pequenos glóbulos. A asa anelar denota, na sua maioria, a

comparência de duas depressões ou molduras verticais. Esta forma apresenta, espora-

dicamente, decoração abstracta ou gurativa entre a moldura do disco e o bico.

Esta forma parece estar bastante difundida por todo o Mediterrâneo, denunci-

ando uma comercialização bastante intensa, comprovada pela presença deste tipo de

peças em bastantes naufrágios, entre os quais destacamos Madrague di Giens, datado

do segundo quartel do século I a.C., Fos 2, com a mesma cronologia, Plane A, datado

de 50 a.C., Planier 3, com uma cronologia balizada entre os anos 57 e 40 a.C., Dramont

 A, datado entre o ano 50 e 47 a.C., San Ferreol, datado entre os anos de 40 e 20 a.C. e,

nalmente, o naufrágio de Valle Ponti, datado de nais do século I a.C. e inícios do século

seguinte (Ricci, 2002, p. 337-346). No entanto, convém referir que os achados de Albin-

timilium e do forum de César, em Roma, conrmaram e permitiram anar a cronologia

desta forma (apud in Ricci, 1973, p. 185-187).

No território actualmente português deparamo-nos com a presença deste tipo no

sítio arqueológico da Lomba do Canho, onde foram recolhidos três exemplares (Nunes

et al., 1990, g. 3, 4 e 7). Um deles apresenta decoração gurativa entre o disco e o bico,

daquilo que aparenta ser uma rã estilizada. Contudo, o facto de esse exemplar parecer 

constituir uma sobremoldagem não permitiu aos autores uma armação segura sobre taltemática (Nunes et al., 1990, p. 82, g. 3). Ainda no museu de Torres Vedras, encontra-

mos um exemplar desta forma, (Sepúlveda e Sousa, 2000, p. 43, nº 1). Este fragmento

foi datado pelos autores entre meados do século I a.C. e o primeiro decénio do século

seguinte.

Em Scallabis, foi possível recolher onze fragmentos passíveis desta classica-

ção. Contudo, dois deles não permitiram a sua representação gráca dada as suas re-

duzidas dimensões. Seis correspondem a bicos ligeiramente alongados e engrossados

(gura 11, nº 8 e gura 12, nºs 9 e 10), um corresponde à orla, um ao fundo, com os

glóbulos bem representados (gura 12, nº 11), e, nalmente, um exemplar também cor -

respondente ao fundo, reservatório e arranque de asa (gura 12, nº 12). Este último apre-senta também glóbulos, embora bastante esbatidos, o que nos leva a pensar estarmos

perante uma sobremoldagem. Esta é uma realidade com a qual deveremos ter bastante

precaução, pois uma peça sobremoldada poderá não corresponder à proveniência do

original. As pastas variam entre o alaranjado e o rosado, e o engobe está presente em

todos os fragmentos mencionados, variando entre o avermelhado e o negro. Somam a

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estes fragmentos o exemplar publicado por Dias Diogo da campanha de 1979 (Diogo,

1984, p. 116, Est. I, nº 5).

Relativamente à tonalidade dos engobes ou vernizes, deveremos ser bastante

ponderados quando denominamos algumas das peças de tradição helenística ou tardo-

republicanas como campaniense. Ainda que vários autores caracterizem peças de en-gobe negro enquanto campaniense, as pastas não correspondem à categoria cerâmica

correspondente.

 As cerâmicas de tipo campaniense características deste período apresentam

pastas bem depuradas, de tonalidades avermelhadas, rosadas ou amareladas. As lucer-

nas de engobe negro, por sua vez, apresentam pastas de tonalidade acinzentada, dife-

rentes a nível de composição. Se as lucernas com tais características fossem produzidas

nos mesmos centros produtores da cerâmica de tipo campaniense, certamente apresen-

tariam as mesmas pastas. Cremos que esta é uma questão pertinente, e de temática

ainda demasiadamente tumultuosa, motivo pelo qual optámos por não denominar os

exemplares de Scallabis de verniz negro de “lucernas de campaniense”.

No que diz respeito aos contextos de recolha, mais uma vez nos encontramos

impossibilitados de retirar deles qualquer tipo de ilação. Com efeito, grande parte do ma-

terial recolhido encontra-se em estratos revolvidos de períodos posteriores.

4.3.2.4. Dressel 2/Ricci-Dressel 2AComo variante da forma 2 de Dressel, Ricci apresenta a forma 2A, que tem em

comum com a forma 2 a presença da típica decoração em glóbulos, os quais se dis -

tribuem apenas na parte superior do corpo (orla). Em comum possui ainda a aleta, ascaracterísticas da pasta e o engobe/verniz. A principal diferenciação reside na presença

de um canal amplo, que efectua a ligação entre o disco e o bico (Ricci, 1973, p. 187).

Este tipo formal encontra-se atestado apenas em  Albintimilium (apud in Ricci,

1973, p. 389-390), onde está datado de 30 a.C. Infelizmente, também este tipo de peças

não está atestado em naufrágios, o que permitiria corroborar a cronologia proposta.

No território actualmente português, deparamo-nos com a presença de um pos-

sível exemplar desta forma no acampamento militar da Lomba do Canho. Os próprios au-

tores classicam com alguma cautela o exemplar, referindo que esse fragmento poderá

inserir-se na forma 2 ou 2A de Dressel (Nunes et al., 1990, p. 77, nº 6).

Na Alcáçova de Santarém, foi possível recolher onze fragmentos desta variante,dos quais somente nove se puderam representar gracamente (gura 14 e 15). Destes,

dois parecem pertencer à mesma peça pelas suas características morfológicas e mac-

roscópicas, embora não tenham permitido a sua colagem (gura 15, nº 21), correspon -

dendo ao fundo, reservatório e bico. O bico conserva ainda vestígios de combustão. Os

exemplares referidos não apresentam, na parte inferior do corpo, a presença de deco-

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ração em glóbulos, característica que permitiu individualizar esta variante. Os restantes

fragmentos correspondem a seis bases, que denotam também a total ausência de deco-

ração em relevo (guras 14 e 15, nºs 19, 20 e 22 a 24), e uma base que conserva ainda

o reservatório e a aleta (gura 14, nº 18). Ainda de referir é um fragmento de orla com

decoração de óvulos, decoração que termina aquando a passagem para o reservatórioda lucerna (gura 15, nº 25).

4.3.2.5. Dressel 2/Ricci-Dressel 2/3Esta forma corresponde à transição entre as formas 2 e 3 de Dressel. Apresenta,

em comum com a forma 2, a característica decoração em glóbulos e, com a forma 3, a

presença de duas aletas laterais (Ricci, 1973, p. 193). O bico apresenta a parte superior 

plana, alargando à medida que se vai aproximando do reservatório.

Esta forma encontra-se presente no naufrágio de Fos 1, datado de nais do

período republicano (Ricci, 2002, p. 346).

No território actualmente português, não constatamos a presença deste tipo for -

mal nos diferentes sítios com os quais decidimos estabelecer paralelos.

Em Scallabis, foi possível a recolha de dois exemplares desta forma, um dos

quais passível de representação gráca (gura 16, nº 27), correspondentes, um à parte

do bico e disco, o outro à aleta. O primeiro apresenta a parte superior do bico aplanada,

alargando consoante se aproxima do reservatório. Uma das principais características

desta forma é o facto de apresentar um disco de reduzidas dimensões, não facilitando

a presença de decoração. A referida característica é bastante visível no fragmento aqui

tratado, o qual apresenta somente duas caneluras e, imediatamente no centro das mes-mas, encontra-se o orifício de alimentação.

Nos contextos em que estes fragmentos foram exumados, encontram-se acom-

panhados por uma considerável quantidade de cerâmica de tipo campaniense A e de

Cales, ânforas Tripolitanas Antigas e uma elevada quantidade de ânforas de tipo Dressel

1. Tendo em conta a completa ausência de ânforas Greco-Itálicas, que poderia atribuir 

uma datação mais antiga ao estrato, parece evidente uma cronologia centrada no século

I a.C., comprovando a cronologia proposta para esta forma.

4.3.2.6. Dressel 3/Ricci-Dressel 3/ Walters 73-74/Ponsich IC/Deneauve III

Este tipo formal caracteriza-se pela presença de duas aletas laterais, espessas

e decoradas. O bico termina de forma alargada nas extremidades laterais e o disco é

bastante amplo e côncavo. Apesar de esta forma apresentar as aletas que lhe são carac-

terísticas, mostra também a presença de asa anelar, oposta ao bico. Por esta razão, as

aletas constituem-se mais como elementos decorativos do que de preensão.

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Esta forma encontra-se documentada no naufrágio de Madrague di Giens, data-

do do segundo quartel do século I a.C., no naufrágio de Fos 2, com a mesma cronologia,

no naufrágio de Titan datado de 50 a.C. e no naufrágio de Valle Ponti datado de nais do

século I a.C., início do século seguinte (Ricci, 2002, p. 337-347). A cronologia proposta

para esta forma encontra-se perfeitamente atestada pelos naufrágios que foram referi-dos, sendo esta enquadrável no século I a.C.

No território actualmente português, vericamos a presença de um exemplar 

deste tipo no acampamento militar da Lomba do Canho, apresentando características

bastante similares aos de Santarém (Nunes et al., 1990, p. 78, nº 8).

Em Alcáçova de Santarém, exumaram-se dois fragmentos deste tipo (gura 16,

nºs 28 e 29), ambos correspondentes à aleta lateral. A parte superior da aleta apresenta

decoração bastante simples, traduzindo-se em pequenas folhas estilizadas nas extremi-

dades. Uma das aletas (nº 28) tem no meio um semi-círculo sulcado. No centro de cada

bico das aletas, encontra-se um pequeno sulco ou moldura.

Este fragmento foi recolhido num estrato no qual é acompanhado por ânforas de

tipo Dressel 1, coevas da cronologia que se tem atribuído a esta forma.

4.3.2.7. Dressel 3/Ricci-Dressel 3AEste tipo formal corresponde a uma variante da forma 3 de Dressel, na qual, M.

Ricci se suportou na presença de volutas estilizadas entre o bico e o disco para a sua

individualização (Ricci, 1973, p. 199). É com esta forma que encontramos as primeiras

peças com a presença de volutas. Apresenta um disco bastante amplo, por vezes con-

tendo decoração, ou uma simples moldura radial. A orla é, praticamente, inexistente,denotando-se a presença de uma espessa moldura em relevo que separa o disco do

corpo da lucerna. Outra característica deste tipo, que se encontrará nos exemplares alto-

imperiais de forma bastante frequente, é a presença pontual do orifício de arejamento.

Nesta forma, poderemos deparar-nos ainda com a presença de círculos impressos na

base.

Segundo a investigadora italiana, este é o tipo que marca a transição dos pro-

tótipos tardo-republicanos para as peças imperiais (Ricci, 1973, p. 200). Os exemplares

que a mesma apresenta são, principalmente, de  Albintimilium tendo sido recolhidos em

estratos datados de 90-30 a.C. Ainda assim, M. Ricci centra a produção deste tipo no

decurso de todo o século I a.C.Também os naufrágios que têm sido identicados ofereceram exemplares in-

cluíveis nesta variante, dos quais damos especial destaque ao naufrágio de Madrague de

Giens, datado do segundo quartel do século I a.C., o naufrágio Fos 2, com a mesma cro-

nologia, e o naufrágio Titan, datado de meados do mesmo século (apud in Ricci, 2002).

Em Scallabis, foi possível a recolha de três exemplares que apresentam a mes-

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mas características formais da variante A da forma 3 de Dressel. Dois deles (gura 17,

nºs 30 e 31) apresentam a típica moldura grosseira que separa o disco do corpo da peça,

e também decoração, a qual, infelizmente, não foi possível descortinar. O exemplar nº

30, além do mencionado, denota de igual forma a presença da moldura radial no disco.

 Ainda nesta variante, integrámos um outro fragmento, que, contudo, não permitiu a suarepresentação gráca. Apesar de se encontrar bastante degradado, pensamos que apre-

senta parte da aleta e da voluta estilizada junto do bico, razão pela qual este foi integrado

nesta forma.

Mais uma vez, são as ânforas de tipo Dressel 1 que acompanham os exemplares

desta forma, coevas no que respeita à cronologia.

4.3.3. Lucernas imperiais de volutas

4.3.3.1. Dressel 9/Loeschcke I/Ponsich II-A1/Deneauve IV

Este tipo formal corresponde a lucernas de bico triangular, ladeado por volutas,

onde se denota a ausência de asa, sendo a orla curta e horizontal ou ligeiramente incli -

nada para o interior, separada do disco por uma quantidade variável de molduras.

Cronologicamente, é evidente uma certa evolução das variantes deste tipo, como aliás

 já foi estabelecido por S. Loeschcke (1919), ainda que dados posteriores tenham vindo

a alterar um pouco essa realidade. De facto, e a título de exemplo, a variante C deste

mesmo autor apresenta uma cronologia balizada entre Nero e Vespasiano. No entanto, a

recolha deste tipo, em contextos datados de início do século II d.C. permite actualmente

prolongar a datação desta variante (Bisi, 1977, p. 81).Como vários outros autores indicaram (Morillo Cerdán, 1999), não resulta fácil

a distinção entre as três variantes da forma 9 de Dressel ou tipo I de Loeschcke, espe -

cialmente se nos encontrarmos perante um conjunto artefactual bastante fragmentado,

como é o caso. É por este motivo que decidimos propor uma evolução das orlas das

lucernas imperiais, temática tratada anteriormente, não com o objectivo de permitir uma

classicação precisa, mas sim de possibilitar obter um âmbito cronológico do conjunto

mais ável e concreto.

 A forma 9 de Dressel parece constituir um dos tipos mais difundido por toda a

Península Ibérica no período alto-imperial. Efectivamente, raro é o sítio arqueológico,

de cronologia coeva a este tipo, que não o apresente no seu inventário. De igual forma,na Alcáçova de Santarém encontramos uma quantidade considerável de lucernas deste

tipo, as quais, não sendo possível concluir qual a variante a que pertencem, são generi-

camente contidas na forma 9 de Dressel.

 Assim, esta forma conta com 41 exemplares, na sua maioria, correspondentes

a fragmentos de orla, apresentando características morfológicas que permitem a sua

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inclusão na forma 9 de Dressel (guras 18 a 23). Não poderíamos, no entanto, deixar de

referir que as orlas horizontais com três molduras poderão também surgir nas lucernas

de volutas de bico redondo, ainda que nestas, as orlas comecem a ganhar uma ligeira,

mas evidente, convexidade.

 Ainda nesta forma, foram incluídos alguns fragmentos de volutas ou bicos, que,dada a impossibilidade de conhecer as suas reais dimensões, não permitiram uma clas-

sicação mais especíca dentro de uma das variantes desta forma.

4.3.3.2. Dressel-Lamboglia 9A/Loeschcke IA/Ponsich II-A1/Deneauve IVA

Esta forma é caracterizada por possuir um bico triangular, que ostenta duas volu-

tas que o ladeiam. Apresenta um amplo disco, côncavo e profundo, obrigando a um evi-

dente retrocesso da orla, a qual perde a sua amplitude. Frequentemente nos deparamos,

nesta variante, com um pequeno canal entre o disco e o bico, traduzindo-se na interrup-

ção das molduras.

Esta característica tem sido interpretada do ponto de vista funcional, e corre -

sponderia à canalização do combustível das lucernas, que, expelido pelo bico, voltaria,

novamente, para o orifício de alimentação (Morillo Cerdán, 1999, p. 72). Não obstante,

a pouca funcionalidade deste canal provoca a sua conversão num elemento meramente

decorativo e, mais tarde, o seu desaparecimento. Efectivamente, os diversos autores

parecem estar de acordo sobre o facto de este elemento demonstrar uma evolução clara,

sendo mais antigas as lucernas com o pequeno canal totalmente aberto (Bailey, 1980, p.

128; Fitch-Goldman, 1994, p. 99).

Ainda no que se refere às suas características morfológicas, não apresentaqualquer tipo de elemento de preensão, ostentando um vasto repertório iconográco,

entre decoração gurativa, geométrica e vegetalista. Relativamente à cronologia desta

forma, os diferentes autores frequentemente a datam da primeira metade do século I d.C.

Esta variante não parece ter sido amplamente difundida, comparativamente com

variantes B e C, precedentes (Morillo Cerdán, 1999, p. 72). Não poderíamos, no entanto,

deixar de referir que este tipo se encontra presente nos naufrágios de Dramont D, datado

da primeira metade do século I d.C. (Ricci, 2002, p. 354 e 355), e também no naufrágio

de Grand Bassin (Ricci, 2002, p. 365 e 366).

No território actualmente português, constatamos a presença deste tipo em San-

ta Bárbara de Padrões (Maia e Maia, 1997, p. 32. Lu 186, 245 e 190), representado por três exemplares, bem como em Braga (Morais, 2005, p. 319, nºs 3 a 11). Também em

Mérida, embora não se encontre localizada no território actualmente português, existem

lucernas deste tipo (Rodriguez Martín, 2002, p. 23, Lám. I nº 1, 2 e 3). No entanto, o

referido autor não faz referência ao contexto de recolha. Em Conímbriga, foram também

recuperadas lucernas de tipo Dressel 9A, em estratos relacionados com a construção do

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forum aviano e com a pavimentação das ruas em seu redor (Caetano, 2001, p. 78, nº 2).

O exemplar deste local foi datado de época de Augusto - Tibério. Em Lisboa, constata-

mos a presença de três fragmentos deste tipo e também das variantes B e C de Dressel,

provenientes das escavações do teatro romano, datados da segunda metade do século

I (Diogo e Sepúlveda, 2001, p. 228, nº 11, 12 e 13).Em Scallabis, foi possível a recolha de sete fragmentos desta forma, correspon-

dendo três deles (gura 24, nº 64 e gura 25, nºs 65 e 67) à parte do bico, outro à parte

do bico, disco e reservatório (gura 25, nº 66), outro ao disco (gura 25, nº 68) e dois a

parte da voluta e da orla (gura 24, nºs 62 e 63). Os três primeiros conservam apenas

parte da voluta direita ou esquerda, apresentando pastas acinzentadas. O fragmento nº

66 transparece claramente as características volutas desta forma, com duas molduras

presentes na orla. O disco, ligeiramente côncavo, denota a presença de decoração gu-

rativa, a qual será devidamente tratada no capítulo que lhe compete. Curioso é observar 

que este exemplar constitui uma sobremoldagem. Não obstante, aparenta ser uma cópia

de média qualidade, em que o fragmento evidencia algumas falhas no seu processo de

fabrico, mas ainda assim a sua decoração e ornamentação encontra-se bem delimitada.

 A pasta é de tonalidade bege avermelhada e o engobe, bem aderente à peça, é de to-

nalidade laranja avermelhada. O exemplar correspondente ao disco (nº 68) apresenta

decoração geométrica rodeada por molduras na parte exterior e interior. A pasta é de

tonalidade bege e o engobe, de boa qualidade, é baço e de tonalidade alaranjada.

Não poderíamos, ainda, deixar de nos pronunciar relativamente aos fragmentos

correspondentes ao espaço localizado entre o bico e o disco. Ainda que estes sejam de

muito reduzidas dimensões, permitiram constatar a presença de um pequeno canal ab-

erto que liga as duas partes da lucerna anteriormente referida. Com efeito, e tendo emconta aquilo que os vários investigadores escreveram sobre este assunto, tema que já

referimos na descrição desta forma, estes dois fragmentos correspondem a peças em

que a sua cronologia será um pouco mais recuada, sendo consensual, para estes casos,

uma cronologia de Augusto-Tibério.

Relativamente aos contextos de recolha destes últimos fragmentos, é de salien-

tar a sua associação a uma considerável quantidade de terra sigillata itálica.

4.3.3.3. Dressel-Lamboglia 9B/Loeschcke IB/Ponsich II-A1/Deneauve IVA/Walters

78Esta variante da forma 9 de Dressel apresenta, como diferenças em relação à

forma antecedente, um bico mais amplo e largo, estrangulando à medida que se aproxi-

ma do corpo da peça, assemelhando-se nas restantes características.

No que respeita à cronologia desta variante da forma 9 de Dressel, os investi-

gadores parecem estar de acordo. Tendo-se atribuído ao reinado de Tibério o início da

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produção, tudo indica que alcançou o seu auge em meados do século I d.C., momento

em que vai sendo, progressivamente, substituída pela variante C.

Com efeito, encontramos abundantemente esta forma na primeira fase de Hof-

heim, a qual foi atribuída à época de Cláudio (Ritterling, 1912, p. 81), tal como, aliás, em

Vindonissa (Loeschcke, 1919, p. 30). Esta forma é, de facto, abundante em qualquer sítioque acuse ocupação do século I d.C., ainda que, nos sítios arqueológicos de Pompeia e

Herculano, a sua presença pareça ser meramente residual (Bisi, 1977, p. 53), o que não

invalida, contudo, a cronologia que tem sido atribuída a esta variante. De sublinhar ainda,

o facto de em Panonia terem sido recolhidos exemplares desta forma em contextos de

início do século II d.C. (Szentleleky, 1969, p. 71).

O tipo 9B de Dressel parece ter alcançado uma difusão maior, comparativamente

com o tipo 9A, introduzindo-se nas províncias orientais e ocidentais do império. Por este

motivo, suscitou mais rapidamente a sua sobremoldagem em pequenos centros produ-

tores, como parece ser o caso de Montans (Berges, 1989).

Não obstante, também na Península Ibérica podemos constatar esta realidade

nos centros produtores de Mérida (Rodríguez Martín, 1996), Tarraco (Tarrats, 1993) e de

Herrera de Pisuerga (Morrilo Cerdán, 1992, p. 168; 1999, p. 76), ainda que, para o último,

o próprio autor demonstre as suas reservas.

Na Alcáçova de Santarém, foi possível recolher quatro fragmentos característi-

cos desta forma, correspondentes a dois bicos (gura 26, nº 69 e gura 27, nº 70), um

disco, parte do reservatório e base (gura 27, nº 71) e ainda a um fragmento correspon-

dente à base, orla e parte do disco e bico (nº 72). Os exemplares nº 69 e 70 transparecem

um bico alargado, com volutas de dimensões consideráveis e, na parte conservada do

disco, apresentam três molduras. O restante fragmento incluído nesta forma (nº 71) apre-senta o disco ligeiramente côncavo com decoração gurativa. Relativamente às pastas,

os dois primeiros fragmentos apresentam uma pasta bastante homogénea, de tonalidade

bege acinzentada. O outro fragmento apresenta uma pasta de tonalidade amarelada. Os

engobes variam entre o laranja avermelhado e o castanho-escuro.

O fragmento nº 72, correspondente a uma produção de Cádis, apresenta de

igual forma um bico bastante largo, orla horizontal com três molduras mal delimitadas e

disco côncavo relativamente profundo. Na superfície exterior, denota a aplicação de uma

simples aguada de tonalidade alaranjada.

4.3.3.4. Dressel 11/Loeschcke IV/Ponsich II-B1/Deneauve VA/Walters 81/84

Este tipo formal apresenta volutas salientes no bico redondo, característica que,

aliás, as distingue das lucernas de bico triangular. Esta forma não apresenta asa, apesar 

de ser, do ponto de vista morfológico, em tudo idêntica ao tipo Dressel 14, que ostenta

essa característica. De facto, os tipos 11 e 14 são quase rigorosamente iguais, distinguin-

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

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do-se apenas pela existência ou ausência da asa.

Convém por isto referir desde já, que os exemplares de Santarém podem corre-

sponder quer à forma 11, quer à forma 14. As reduzidas dimensões dos fragmentos não

permitiram constatar se tratava de exemplares com ou sem asa. Somente um fragmento

se pôde incluir, indiscutivelmente, na forma 14 de Dressel, devendo-se tal classicaçãomais à iconograa do que à morfologia.

Nesta forma, a morfologia do bico não pode ser tomada como critério cronológi-

co, contrariamente às formas de bico triangular, nas quais se denota uma considerável

redução do mesmo, dos exemplares mais antigos para os mais recentes (Bailey, 1980, p.

153).

O disco é côncavo e rodeado por várias molduras. A orla apresenta um perl es-

treito e horizontal, evolucionando rapidamente para um perl ligeiramente convexo, um

pouco como acontece com os exemplares de bico triangular.

A evolução deste tipo tem-se demonstrado algo problemática, devido, talvez, às

elevadas semelhanças morfológicas e cronológicas que apresenta com a Dressel 12,13

e 14. Ainda assim, alguns autores defendem duas produções distintas, caracterizando-se

a primeira por uma orla estreita e moldurada, com o bico anqueado por duas molduras

nas e largas, apresentando, por vezes, um pequeno canal semelhante aos exemplares

augustanos de bico triangular (Loeschcke, 1919, Bailey 1980). Para esta é apresen-

tada uma cronologia augustana, mas, segundo vários autores, os exemplares são, neste

período, minoritários.

Mais tarde, surgem peças ligeiramente distintas, de bico mais curto, volutas re-

duzidas e compactas e orla simplicada (Belchior, 1969; Lamboglia-Beltrán, 1952). Para

estas é apresentada uma cronologia correspondente ao segundo e terceiro quartel doséculo I d.C., podendo-se estender até ao período ávio.

Efectivamente, poderemos efectuar uma clara distinção entre as duas variantes,

apesar de parecer um pouco arriscado atribuir uma cronologia tão recuada aos primeiros

exemplares, colocando-os a par dos primeiros protótipos de bico triangular. Não obstante,

admitimos que a peculiar característica do canal entre o bico e o disco, quando presente,

possa apontar para uma cronologia mais recuada. Não poderemos ainda esquecer que

este tipo foi exumado em sítios arqueológicos como o acampamento de Haltern (Stieren,

1943) ou em Oberaden (Albrecht, 1943).

 Apesar de frequentemente nos depararmos com autores que atribuem a esta for-

ma uma diferente cronologia de início de produção, é consensual que o auge da mesmaparece ter ocorrido em meados do século I d.C., assim como parece seguro que o nal

desta produção se vericou no nal do mesmo século e início da centúria seguinte.

Não poderíamos deixar de referir que, ainda que nem sempre os vários autores

façam qualquer alusão a essa realidade, esta distinção não parece ter passado desper-

cebida a E. Dressel. Com efeito, ao analisar mais pormenorizadamente as formas 11 e

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14 deste mesmo autor, reparamos que as suas semelhanças e desigualdades poderão

corresponder às duas distintas produções que têm sido defendidas.

Na Alcáçova de Santarém, reconheceram-se quatro exemplares desta forma,

três correspondentes a fragmentos de disco e um fragmento de parte do disco e de

volutas. A classicação dos referidos fragmentos foi possível devido às característicasdecorações que ostentam. No entanto, não poderíamos deixar de fazer uma ressalva,

dizendo que tais características iconográcas, sobre as quais nos suportamos para as

classicações, implicam um elevado risco de equívoco. A iconograa será devidamente

tratada no capítulo que lhe compete.

O fragmento nº 118 (gura 51), como foi mencionado acima, foi incluído nes-

ta forma também devido às características da orla. As orlas horizontais correspondem,

regra geral, aos exemplares mais antigos e, como tal, à forma 11 de Dressel. Um dos

exemplares referidos, corresponde a uma sobre moldagem emeritense, tal como, aliás, a

maioria dos exemplares desta proveniência.

4.3.3.5. Dressel 12/Loeschcke III/Ponsich II-B1/Deneauve VB/Walters 87

As principais diferenças desta forma, comparativamente com as anteriormente

tratadas, residem nas volutas, bico e no elemento de preensão (asa). As volutas deste

tipo apresentam-se agora redobradas nas duas extremidades, junto ao disco e junto ao

orifício de combustão. A asa, podendo ainda manter as características de uma asa ane-

lar, ostenta nesta forma um reector (asa plástica). Apesar da denominação desta asa,

a sua presença nas cerâmicas de iluminação poderia ser meramente estética, embora

o engobe de reexos metálicos, que por vezes exibe, constituísse uma mais-valia parao seu carácter funcional. Finalmente, o bico perde a sua característica forma triangular,

sendo agora arredondado. Contudo, recorde-se, esta característica encontrava-se já na

forma 11 de Dressel.

A raridade desta forma, com a presença desta asa peculiar, não permitiu, até aos

dias de hoje, a atribuição de uma cronologia com um espaço temporal curto. Como já foi

referido neste trabalho, o seu aparecimento em diferentes sítios arqueológicos, e conse-

quentemente, em diferentes contextos, tem demonstrado uma ampla baliza cronológica

de uso. Ainda assim, os diferentes autores não hesitam em atribuir-lhe uma datação do

século I d.C., conrmada pelos contextos arqueológicos.

Efectivamente, não é de todo estranho a ampla cronologia de uso desta forma,se tivermos em consideração que a característica única que apresenta alcançou uma

grande notoriedade no seio da sociedade romana.

Em Mérida, constatamos a presença deste tipo de peças com asa plástica (Ro-

driguez Martín, 2002, p.27, Lám. I nº 10 e 11). Infelizmente, os exemplares deste local

não conservam a totalidade da asa. No território actualmente português, encontramos

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exemplares deste tipo em Braga (Morais, 2005, p. 322. nºs 13 a 18) datados da primeira

metade do século I d.C., alguns deles de produção local/regional. Em fundos de museus,

constatamos a existência de alguns exemplares de asa plástica, correspondentes à for -

ma 13 de Dressel e não à forma 12, como é o caso do exemplar da colecção do Museu

Municipal de Torres Vedras (Sepúlveda e Sousa, 2000, p. 57 e 62, nº 11 e 14).Nesta forma foi possível incluir três fragmentos recolhidos em Scallabis, corre-

spondendo à parte da asa e “reector”, ou somente a parte do reector (gura 28). No ex-

emplar nº 74, a asa, localizada na parte inferior do reector, apresenta uma forma anelar 

e o reector é triangular, com as extremidades arredondadas, tal como os restantes dois

fragmentos.

Somente três fragmentos correspondentes a asas plásticas foram passíveis de

integrar neste tipo, como facilmente se poderá compreender, devido à grande fragmenta-

ção do conjunto. Com efeito, não é impossível que alguns fragmentos que classicámos

como Dressel 11, 14 ou mesmo 9, possam ter pertencido a lucernas do tipo que agora

discutimos. De facto, a asa plástica enquanto critério de classicação, certamente per -

mite várias classicações, quando, como é o caso, nos encontramos perante um con-

 junto artefactual bastante fragmentado. A elevada semelhança desta forma com outras já

referidas, não permite a sua fácil identicação quando o “reector” não está conservado.

4.3.3.6. Dressel 14/Loeschcke V/Ponsich II-B2/Deneauve VD

No que respeita às características morfológicas desta forma, pensamos que não

deveremos alongar-nos mais sobre tal temática, uma vez que a analisamos no trata-

mento do tipo Dressel 11. Neste, tratamos simultaneamente a forma 14 do mesmo autor,dadas as similitudes morfológicas e cronológicas. Na decisão de separar neste trabalho

as formas 11 e 14 pesou o facto de dois fragmentos da Alcáçova de Santarém permitirem

uma integração na forma 14. Ainda assim, sublinhamos, uma vez mais, que a classica-

ção de um deles se deveu à iconograa, tendo em conta que as dimensões do mesmo

não permitiam uma incorporação segura quer numa forma, quer na outra.

O restante exemplar (gura 29, nº 75) corresponde a um fragmento de disco.

 Apesar de, frequentemente, os diferentes investigadores destes materiais associarem

este tipo de decoração do disco à forma 14 de Dressel, estranhamos que o fragmento

aqui tratado apresente uma orla com três molduras, aparentemente horizontal. Sendo

esse o caso, poderemos encontrar-nos perante um fragmento correspondente à forma11 e não à forma 14, pois tais características da orla permitem conjecturar tratar-se de

um exemplar mais antigo. No entanto, e tendo em conta as reduzidas dimensões do

fragmento, a orla poder-se-á desenvolver de forma ligeiramente convexa, equivalendo,

assim, sem dúvida, à forma presentemente tratada.

Já o exemplar nº 76 transparece, em nosso entender, todas as características

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da forma 14. Apresenta uma orla fortemente convexa, com uma única moldura que, as -

sociada ao arranque de uma voluta, permite tal classicação.

4.3.3.7. Dressel 15/16/Loeschcke V/Ponsich II-B2/Deneauve VD/Walters 85Este tipo formal, que, frequentemente, os autores sugerem derivar do tipo 11/14,

caracteriza-se pela presença de volutas, as quais apresentam uma diferença substancial

comparativamente com as formas anteriormente tratadas. As das lucernas Dressel 15/16

são redobradas apenas na parte mais próxima ao bico. Na parte do disco, prolongam-se

até às molduras, formando um pequeno canal que liga o mesmo ao bico. Geralmente,

esta forma possui uma pequena asa anelar de secção triangular. Contudo, tal caracter-

ística não parece constituir uma obrigatoriedade. Com frequência, apresentam decora-

ção na orla, característica, aliás, que permitiu a Dressel individualizar a forma 16, sendo

a forma 15 análoga, mas sem qualquer tipo de decoração na orla.

Tratando fragmentos de reduzidas dimensões, como é o caso, e na impossibilidade de

uma classicação segura, deveremo-nos reportar à forma 15/16 de Dressel. Nestes ca-

sos, parece, com efeito, a atitude mais correcta, uma vez que morfologicamente am-

bas as formas não apresentam quaisquer diferenças, estando estas patentes apenas na

iconograa da orla.

Os dados de Vindonissa permitiram a S. Loeschcke balizar cronologicamente

esta forma no segundo e terceiro quartel do século I d.C. (Loeschcke, 1919, p. 43-44),

datação que parece ter-se mantido durante alguns anos (Menzel, 1954). No entanto,

Bailey acabaria por alterar tal proposta, atribuindo-lhe uma cronologia centrada entre o

reinado de Cláudio e Trajano ou Adriano (Bailey, 1980, p. 184-185), contrariando outrosinvestigadores que atribuíram à mesma forma uma cronologia da segunda metade do

mesmo século e início da centúria seguinte (Ivanyi, 1935; Broneer, 1930).

A recolha deste tipo em contextos da segunda metade do século I d.C. exubera,

entre os quais Neuss (Vegas, 1966, p. 118, nº 224-227) e Cosa (Fitch-Goldman, 1994,

p. 130-132, nº 653-662). Na Ágora de Atenas, esta forma encontra-se representada em

estratos da segunda metade do século I d.C. e primeira metade da centúria seguinte

(Perlzweig, 1961, p. 117), comprovando a sua longevidade cronológica. Contrariamente

ao que seria de esperar, em Pompeia esta forma encontra-se representada apenas por 

um exemplar (Cerulli, 1977, p. 60, nº25), o que tem levado a pensar que este tipo de

lucernas começava, neste período, a ser introduzido no gosto da sociedade romana.Também esta forma parece ter sido amplamente difundida para a área ociden-

tal e oriental do Império. No entanto, observando o trabalho de Palanqués (1992), que

efectuou uma lista dos principais sítios onde a forma aparece e seu reportório, aos quais

podemos juntar outros estudos, como Montans (Berges, 1989), Cosa (Fitch-Goldman,

1994) e o golfe de Fos (Rivet, 2003), deparamo-nos com uma considerável discrepância,

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quando comparamos a rede de difusão com a quantidade de peças disseminadas.

Também a sobremoldagem desta forma, contrariamente ao que pensavam al-

guns investigadores (Morillo Cerdán, 1999, p. 92), se encontra perfeitamente atestada

na Península Ibérica. Com efeito, o conjunto da Alcáçova de Santarém conta com um

exemplar completo correspondente a uma cópia emeritense.No território actualmente português, existem lucernas deste tipo em Santa Bár -

bara de Padrões (Maia e Maia, 1997, p. 34, Lu 4 e 514), em Conímbriga (Alarcão et al.,

1976) e em Braga (Morais, 2005, p. 322, nºs 58 a 67) onde o autor identica exemplares

de produção local.

Em Mérida, a forma está representada por dois exemplares (Rodriguez Martín,

2002, p. 29, Lám. I nº12 e 13).

Nos inventários de Scallabis, contam-se três exemplares desta forma, corre-

spondendo um deles a um exemplar bem conservado, que está quase completo (gura

30, nº 79). Trata-se, justamente, da lucerna a que já se fez atrás referência, e que con-

stitui uma sobremoldagem de má qualidade na qual as características da peça não são

perceptíveis à primeira vista. Não apresenta qualquer tipo de asa, mas, as deformações

que evidencia na parede do reservatório, na parte oposta ao bico, indiciam que, aquando

a sobremoldagem, a asa não foi inserida neste processo, tendo sido elaborado o molde

e posteriormente alisado na parte em que se encontraria a asa. A má qualidade desta

cópia não permite perceber se o original tinha molduras ou outros pormenores, mas,

ainda assim, exibe decoração gurativa. Quanto às volutas, embora não sejam muito

perceptíveis, encontram-se presentes, mas bastante esbatidas. O bico é arredondado e

encorpado, transparecendo vestígios de combustão. A pasta é homogénea e de tonali-

dade cinzento esbranquiçado, estando também presente uma aguada de má qualidadede tonalidade alaranjada. As características da pasta e engobe evidenciam tratar-se de

uma produção emeritense.

É curioso observar que o exemplar de Santarém constitui uma peça exactamente

análoga ao exemplar de Augusta Emerita (gura 44), mencionado anteriormente. Desta

forma, é possível propor que o exemplar de Scallabis constitui uma cópia do exemplar de

Mérida, ainda que somente uma análise mais detalhada dos dois exemplares possa con-

rmá-lo. A peça aqui tratada apresenta a mesma deformação característica da supressão

da asa, efectuada no molde, e a decoração do disco e as volutas encontram-se bem mais

esbatidas. O autor (Rodríguez Martín, 2002) consegue descrever perfeitamente o motivo

presente no disco, enquanto o exemplar de Santarém permite apenas perceber que setrata de uma guração. Infelizmente, o autor não apresenta, na sua obra, as dimensões

do exemplar de Mérida, através das quais poderíamos, mais facilmente, argumentar a

razão de estarmos perante uma cópia da referida peça. Não obstante, pensamos que é

evidente tal possibilidade. O esbatimento da decoração, a deformação da extracção da

asa, conjuntamente com o facto de os orifícios de combustão e, especialmente o de ali-

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mentação, se localizarem na mesma área, são argumentos áveis para esta armação.

Além de este exemplar, foi ainda possível incluir dois fragmentos de orla nesta

forma. O fragmento nº 78 (gura 29) não permite grandes dúvidas, dada a presença de

decoração em forma de coração na orla, seguida por uma moldura em relevo destacada,

a qual, e dadas as características iconográcas, poderá corresponder à forma 16. Maisdiculdades suscitou o fragmento nº 77, que apesar da presença de uma moldura em

relevo e orla curta, características associadas ao motivo iconográco, permitirem incluí-lo

na mesma forma.

4.3.4. Lucernas imperiais de disco

4.3.4.1. Dressel 17/Loeschcke VIIIA/Deneauve VIID

A forma 17 de Dressel apresenta um corpo perfeitamente circular, de orla ampla,

larga e convexa. Geralmente, esta forma não apresenta qualquer tipo de decoração, nem

na orla, nem no disco. O disco é côncavo, com o orifício de alimentação separado da orla

por uma ou duas molduras. O bico é curto e redondo, separado do corpo da lucerna por 

uma pequena linha curva incisa. Finalmente, a asa caracteriza-se por ser elevada, com-

parativamente ao corpo da lucerna, e na. Uma característica, geralmente, associada a

esta forma é a sua limitada difusão.

Efectivamente, tal realidade tem dicultado um melhor enquadramento cronológi-

co das lucernas deste tipo. Ainda assim, alguns autores opinam acerca desta temática,

atribuindo-lhes uma cronologia balizada na segunda metade do século I d.C. (Loeschcke,

1919, p. 51). Contudo, a inexistência destes materiais nos sítios arqueológicos de Pom-peia (Cerulli, 1977) ou Herculano (Bisi, 1977) tem levado a uma ponderação da crono-

logia atribuída, recuando-a para a primeira metade da centúria seguinte (Bailey, 1980,

p. 293 e 294). De facto, se o início de produção desta forma se localizasse na segunda

metade do século I, certamente que se teria documentado nos locais anteriormente refe-

ridos, parecendo-nos, assim, mais verosímil, a datação mais recente.

No território actualmente português, a forma está documentada em Faro (Lyster,

1958, p. 174 e 175, nº 39 e 40) e Conímbriga (Belchior, 1969, p. 52 e 53, nº 109, lam. XIII;

 Alarcão et al., 1976, p. 99, nº 57 e 58, lam. XXVI). Deparando-nos ainda com a presença

deste tipo de lucernas depositadas no Palácio Ducal de Vila Viçosa (Alarcão, 1976a, p.

82, nº 15, lam. II).Na Alcáçova de Santarém, foi possível recolher um fragmento deste tipo formal

(gura 31), de corpo redondo e orla convexa, separada do disco por um conjunto de

molduras. O disco não apresenta qualquer tipo de decoração, característica que também

permitiu a classicação proposta. O fragmento apresenta ainda conservada a asa, que é

circular e de secção ligeiramente triangular, com um conjunto de três molduras no topo.

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4.3.4.2. Dressel 19/Loeschcke VIIIR/Ponsich III – B1/Deneauve VIIA

As lucernas Dressel 19 têm corpo circular, de orla ampla, larga e convexa. Ger -

almente, apresentam decoração na orla, com motivos vegetalistas ou simplesmente geo-métricos. O disco é côncavo, com o orifício de alimentação separado da orla por uma

ou duas molduras. O bico é curto e redondo, separado do corpo da lucerna por uma

pequena linha recta resultante da diferença de orientação do bico e da orla, caracter-

ística, que, aliás, permitiu aos diversos autores diferenciá-la da forma seguinte, 20 de

Dressel, na qual esta mesma linha é incisa. Com efeito, as elevadas semelhanças per-

mitem frequentemente a desordem no momento de classicação das lucernas de disco,

e mais uma vez, principalmente, se estivermos perante um conjunto artefactual bastante

fragmentado.

Cronologicamente, a forma parece ser coeva das 17 e 18 de Dressel (Loeschcke,

1919, p. 51; Broneer, 1930, p. 83-87; Bisi, 1977, p. 88-95). No entanto, Bailey atrasa o

seu aparecimento para o período aviano (Bailey, 1980, p. 303), enquanto Deneauve

amplia a sua perduração até meados do século II d.C. (Deneauve, 1969, p. 165).

A forma 19 de Dressel, paralelamente à forma 20 do mesmo investigador, parece

ter alcançado uma maior difusão, comparativamente com as formas 17 e 18, difusão que,

ainda assim, se verica de forma mais evidente na costa mediterrânea e atlântica, certa-

mente acompanhando as rotas comerciais marítimas.

Os centros produtores iniciais estão relativamente bem documentados na

Campânia ou no centro da Península Itálica (Pavolini, 1977, p. 38; Cerulli, 1977, p. 62

e 63). No entanto, também foram atestados centros produtores provinciais, como por exemplo Montans (Berges, 1989, p. 46). Também em Braga foi possível identicar um

exemplar deste tipo correspondente a uma importação itálica (Morais, 2005, p. 330, nº

74).

Na Alcáçova de Santarém, reconheceram-se dois exemplares completos, con-

tendo todas as características típicas do protótipo (guras 32 e 33), nas quais se incluem

a orla decorada com motivos geométricos circulares. É curioso observar que se trata de

duas peças sobremoldadas, uma delas (nº 81) de boa qualidade, tendo sido a completa

ausência de engobe ou verniz que nos indiciou tal possibilidade, além de apresentar a

marca de oleiro praticamente ilegível.

O outro exemplar, embora mostre a aplicação de uma aguada de tonalidadealaranjada, apresenta bastantes defeitos de fabrico, resultantes da técnica de cópia por 

molde. Além destas características, possui uma inscrição epigráca no disco, que, infe-

lizmente, não permite qualquer leitura ou interpretação.

Estes exemplares são ambos provenientes do mesmo estrato, o qual permite

algumas conjecturas. Desde logo, chamamos a atenção para o facto de terem sido re-

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colhidos nas campanhas de 1994/1995, logo durante os trabalhos que permitiram pôr a

descoberto o templo de Scallabis. Por outro lado, o seu elevado estado de conservação

e os poucos indícios de uso que apresentam permitem pressupor que possa tratar de

algum tipo de ex-votos (gura 19). Ainda assim, estas correspondem a problemáticas que

serão abordadas e discutidas no capítulo que lhes compete.No entanto, não poderíamos deixar de referir que este contexto permite também

propor uma cronologia mais precisa para os exemplares nele recolhidos. A associação

destas duas peças a um exemplar com bico em forma de coração (Dressel 27), de crono-

logia um pouco mais tardia, torna evidente a coexistência de ambos os tipos. Com efeito,

e tendo em conta que os dois exemplares da forma 19 de Dressel correspondem a peças

sobremoldadas, é possível defender que possuem uma cronologia mais tardia, e, como

tal, coeva do exemplar da forma 27 da mesma tipologia recolhido no mesmo estrato.

Posto isto, parece sensato avançar com uma datação centrada na segunda

metade do século II d.C. para os exemplares recolhidos neste contexto, momento no

qual se têm documentado as formas com bico em forma de coração, perdurando ainda

as imitações das formas de disco dos tipos 17 e 18 de Dressel.

4.3.4.3. Dressel 20/Ponsich III – B1, 2/Deneauve VIIA/Walters 95

Esta forma caracteriza-se por um bico curto e plano na parte superior, arredon-

dado e ligeiramente oblíquo, geralmente separado do corpo tronco-cónico da lucerna por 

uma linha recta em cima e por linhas oblíquas dos lados. A principal característica que

diferencia esta forma das restantes formas de lucernas de disco é o facto de o bico se

encontrar a um nível ligeiramente inferior, face à orla e às molduras. Transparece, ainda,uma pequena asa anelar e uma ou duas molduras, que separam o disco da orla, que se

apresenta agora bastante alargada. A decoração do disco é de menores dimensões e de

qualidade inferior, comparativamente aos tipos de volutas.

Os autores parecem estar de acordo sobre o aparecimento deste tipo de peças

em nais do século I, cronologia atestada em Pompeia e Vindonissa (Denauve, 1969, p.

165), havendo também consenso relativamente ao nal da sua produção, na segunda

metade do século seguinte. Não obstante, na Península Ibérica, parece constatar-se

apenas a partir de início do século II d.C., sendo a forma mais frequente das lucernas de

disco.

No território actualmente português, vericou-se a presença deste tipo formalem Santa Bárbara de Padrões (Maia e Maia, 1997, p. 37 – 36, Lu 574, 538 e 580), em

Conímbriga, onde lhes foi atribuída uma datação de meados do século I (Alarcão et al.,

1976, p. 99, nº 57 e 58) e em Braga onde se pode reconhecer uma produção local/re -

gional deste tipo (Morais, 2005.p. 330, 336 e 337). Em Mérida, a forma encontra-se docu-

mentada através de dois exemplares (Rodriguez Martín, 2002, p. 33, Lám. II nº 22 e 23).

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Mas, mais uma vez, a proposta de datação não incide sobre os contextos, limitando-se o

investigador a apresentar e compilar as cronologias das diferentes tipologias que outros

autores atribuem a esta forma.

No inventário das campanhas da Alcáçova de Santarém, existem 17 fragmentos

passíveis desta classicação (guras 34 a 36). Trata-se de cinco peças que conservamainda a asa anelar ou o seu arranque, das quais três conservam também o disco e o

reservatório (gura 34), uma apresenta parte do bico, disco e orla (nº 83), sendo as res-

tantes dez correspondentes a fragmentos de orla. Todas possuem uma ou duas moldu-

ras, mais ou menos profundas, que separam o disco da orla, a qual é bastante convexa e

larga. Dos cinco fragmentos que conservam ainda parte do disco, quatro deles apresen-

tam decoração gurativa.

No que respeita à classicação atribuída aos fragmentos aqui em análise,

aqueles que conservam ainda o bico e/ou asa não ofereceram dúvidas no momento

da sua inclusão na forma 20 de Dressel, até porque, é nestas partes das lucernas que,

frequentemente, encontramos as suas principais características. Já no que se refere aos

fragmentos de orla, admitimos que nem sempre estivemos seguros quanto à forma. Não

obstante, tais fragmentos apresentam uma acentuada convexidade que, associada às

molduras profundas e bem delimitadas e à sua largura, permitem propor tal classicação.

4.3.4.4. Dressel 27/Loeschcke VIIIH/Ponsich III – C/Deneauve VIIIA

As lucernas deste tipo apresentam, geralmente, um corpo perfeitamente circular,

de orla larga e convexa, contendo uma decoração bastante elaborada. O disco é cônca-

vo, separado da orla por uma ou duas molduras, que reduzem o seu tamanho, obrigandoao desaparecimento da decoração neste. A característica mais peculiar desta forma é a

separação entre o bico e o corpo da peça ser concretizada mediante duas linhas curvas,

o que lhe dá a forma de um pequeno coração.

Para as lucernas com estas características, E. Dressel estabeleceu duas vari-

antes, a forma 27 e a forma 28, que se distinguem, essencialmente, pela presença de

decoração na orla, especialmente no segundo caso. Não obstante, este foi o único cri-

tério utilizado para diferenciar as duas variantes morfológicas, estando, ainda hoje, por 

esclarecer se também haverá diferenças entre elas a nível cronológico. Ainda assim,

parece evidente que ambas iniciam uma segunda geração dentro das lucernas de disco

(Morillo Cerdán, 1999, p. 119 e 120).De igual forma, não resulta fácil identicar a produção nos exemplares das for -

mas 27 e 28 de Dressel. Efectivamente, a sua origem parece estar na Itália Central

(Morillo Cerdán, 1999, p. 119 e 120), mas rapidamente assistimos ao surgimento de

imitações do Norte de África e, inclusivamente, produções locais/regionais, ao nível pen-

insular. As sobremoldagens são, de facto, uma realidade bem documentada para perío-

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dos mais tardios, especialmente em regiões que se encontrem mais afastadas das rotas

comerciais e onde os produtos que chegam atingem, certamente, custos mais elevados.

No que respeita à cronologia, parece evidente a sua frequente documentação

em contextos da segunda metade do século II d.C., estando, contudo, ainda por escla-

recer qual o término desta produção. Provoost estabelece uma cronologia que abarcatambém todo o século III d.C. (Provoost, 1976, p. 557), mas Bailey propõe para o seu

limite inferior os meados do mesmo século (Bailey, 1980, p. 336-376). Já Ponsich apre -

senta unicamente a referida centúria enquanto marco temporal destes exemplares (Pon-

sich, 1961, p. 35).

Em Scallabis, foi possível identicar três fragmentos desta forma, dos quais se

apresentam dois (gura 37 e 38).

4.3.5. Lucernas paleocristãsAs lucernas paleocristãs, também denominadas de lucernas tardo-antigas

de produção africana, constituem o último grande grupo de lucernas romanas (Moril-

lo Cerdán, 1999, p. 146). A principal diferença deste grupo reside na origem da sua

produção, a qual se verica no Norte de África, caracterizando-se pela sua fabricação em

terra sigillata africana idêntica aos fabricos C e D.

Este tipo de peças é caracterizado pelo seu corpo ovóide de perl tronco-cóni -

co e grandes dimensões. O bico é bastante largo e rematado de forma arredondada,

diferenciando-se assim do corpo da lucerna, e, geralmente, está unido ao disco por um

amplo canal aberto. O disco é de reduzidas dimensões e côncavo, podendo ostentar por 

vezes decoração. A orla é ampla e horizontal ou ligeiramente convexa, apresentandotambém frequentemente decoração, constituindo um dos principais elementos de dife-

renciação tipológica deste tipo de lucernas. As asas são maciças e projectadas para trás.

 A base é plana ou ligeiramente anelar.

Do reportório ornamental, presente no disco, que estas peças fornecem, de-

stacamos os motivos geométricos e vegetalistas, podendo-se encontrar, de igual forma,

motivos gurativos (animais, leões, cavalos, coelhos e também algumas representações

humanas). Não poderíamos deixar de fazer referência à representação de motivos de

simbologia cristã, como parece ser o caso do crismon e da cruz, tão bem conhecidos

(Morillo Cerdán, 1999, p. 147).

As pastas e vernizes constituem um dos aspectos mais peculiares destas lucer-nas, parecendo corresponder, exactamente, às características dos recipientes de terra

sigillata clara C e D, de idêntica produção. A pasta é porosa e muito bem depurada, de

tonalidades vermelhas alaranjadas ou simplesmente alaranjadas. Os engobes parecem

ser bastante densos e brilhantes, de tonalidade alaranjada. Não obstante as suas em -

blemáticas características, também nos poderemos deparar, frequentemente, com imi-

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

74

tações que reproduzem de forma dedigna os exemplares africanos, dicultando a sua

identicação.

É a partir do século III d.C. que, na região anteriormente mencionada, se começa

a produzir protótipos morfologicamente distintos dos conhecidos até então. Parece con-

stituir um período de experimentação produtiva que acaba por dar lugar a novos modelosde lucernas (Morillo Cerdán, 1999, p. 147), aparecendo então, mais tarde, os primeiros

exemplares em terra sigillata. Entre os últimos tipos de disco e os exemplares de terra

sigillata encontramos alguns exemplares produzidos em cerâmica comum, já considera-

dos lucernas africanas tardo-antigas ou paleocristãs (Anselmino y Pavolini, 1981; Pavo-

lini, 1980).

 As primeiras produções de lucernas realizadas em terra sigillata aparecem na

região central de Tunis, durante as primeiras décadas do século IV d.C. (Anselmino,

1983). Ainda sobre os centros produtores deste tipo de lucernas, deveremos, de igual

forma, fazer referência ao papel bastante activo que Cartago desempenhou no quadro de

produção e comercialização das lucernas de terra sigillata, assim como o centro produtor 

identicado em El-Djem (apud in Morillo Cerdán, 1999, p. 147). Certamente que centros

produtores localizados nas proximidades de grandes portos marítimos escoariam mais

facilmente, e em maior número, os seus produtos, alcançando, desta forma, uma maior 

longevidade geográca. Com efeito, podemos constatar que as lucernas paleocristãs se

encontram abundantemente presentes por toda a costa norte africana, Península Itálica,

sul da Gália, Península Ibérica e Mediterrâneo Oriental (Pavolini, 1983, g. 1e 2).

4.3.5.1. Hayes I/Atlante VIIIEste tipo é caracterizado por um corpo oval e compacto, de perl tronco-cónico,

de rostrum curto e arredondado, separado do corpo da peça por um canal aberto entre

o orifício de combustão e o disco. O disco é côncavo, podendo apresentar um ou dois

orifícios de alimentação, e, por vezes, decoração. A orla é ampla e ligeiramente convexa,

ornamentada com palmetas estilizadas que, por vezes, parecem simplesmente incisões

oblíquas. A asa é maciça e projectada para cima, formando um simples apêndice. A base

é, regra geral, anelar.

Dentro do tipo I, Hayes diferenciou dois subtipos distintos, o tipo IA e IB, que se

distinguem pela forma da asa. Infelizmente, o fragmento recolhido na Alcáçova de San-

tarém incluído neste tipo não permitiu uma classicação mais precisa. Cronologicamenteparece haver uma certa discrepância de um tipo para o outro, correspondendo o subtipo

B aos exemplares mais tardios, correspondentes ao século V, enquadrando-se o subtipo

 A no século IV d.C.

As lucernas deste tipo são também denominadas de “Henchir el Srira”, quer pela

sua abundância neste sítio arqueológico como pelo facto de este corresponder ao local

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onde se identicou pela primeira vez esta forma (Salomonson, 1968, p. 87). Salomonson

data o aparecimento desta forma do segundo ou terceiro quartel do século IV d.C., man-

tendo-se em uso até, sensivelmente, meados da centúria seguinte (Anselmino, 1983, p.

34).

A frequente documentação de exemplares desta forma com a marca de oleiro“Navigius”, dentro do sítio arqueológico de Henchir el Srira, levou Salomonson a associar 

origem deste tipo com o referido produtor e, consequentemente, com o local em questão

(Salomonson, 1969, p. 97). Não obstante, o elevado número de variantes deste tipo que

Pavolini e Anselmino identicaram levou estes mesmos investigadores a ponderar e sus-

peitar de tal realidade (Anselmino-Pavolini, 1981, p. 195).

Este tipo encontra-se bastante disseminado por toda a costa norte africana, Sicí-

lia, Península Itálica, sul de França e também na Península Ibérica. Nesta última área

podemos encontrar lucernas desta forma em Pollentia (Palanqués, 1992, p. 45 e 46),

 Ampúrias (Palol, 1948, p. 49), Mérida (Gil Farrés, 1947, p. 48), Conímbriga (Alarcão,

1976, p.107) e La Rioja (Amaré, 1987a), entre outros.

Na Alcáçova de Santarém, foi possível a identicação de um exemplar desta for -

ma (gura 39, nº 97), ainda que, como foi já dito, não tenha permitido a sua inclusão num

dos diferentes subtipos. Com efeito, trata-se de um fragmento de pequenas dimensões,

que conserva apenas parte da orla com a típica decoração característica desta forma.

 Ainda assim, cremos que se trata de um fragmento muito análogo aos exemplares do tipo

 A de Hayes enquadrando-se cronologicamente no século IV d.C.

4.3.5.2. Hayes IIA/Atlante XEste tipo é caracterizado por um corpo ovóide e compacto, de rostrum largo e

arredondado unido ao corpo da peça por um amplo canal aberto entre o orifício de com-

bustão e o disco. A orla é ampla e plana, com uma grande moldura ornamentada com

uma vasta variedade de motivos impressos, como é o caso de ores, rosetas, quadra-

dos, triângulos, elementos cordiformes e ferraduras, entre outros. O disco é ligeiramente

côncavo, com a presença de um ou mais orifícios de alimentação, decorado com motivos

de representação cristã, como é o caso das cruzes, crismon ou peixes. A asa é maciça e

pedunculada. A base é, regra geral, anelar.

Anselmino e Pavolini distinguiram cinco variantes dentro do seu tipo X, corre-

spondente à forma IIA de Hayes (Hayes, 1972, p. 311). Dessas variantes, a mais comumparece ser a primeira, Atlante XA (Anselmino-Pavolini, 1981, p. 199 e 200). A relação

cronológica e produtiva deste tipo de lucernas com a terra sigillata clara encontra-se bem

documentada através do emprego da mesma técnica produtiva, a qual origina pastas

alaranjadas muito bem depuradas, cobertas com engobes brilhantes da mesma tonali-

dade (Morillo Cerdán, 1999, p. 151).

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Posto isto, e segundo a análise comparativa das estampilhas decorativas aplica-

das quer nas lucernas desta forma, quer na terra sigillata clara, levaram Salomonson a

datar este tipo de nais do século IV d.C. (Salomonson, 1969, p. 83). Não obstante, ac-

tualmente tem-se atribuído a estas uma cronologia centrada nos últimos anos do referido

século e início do século seguinte (Anselmino, 1983, p. 34).As lucernas da forma Hayes IIA/Atlante XA parecem corresponder às mais abun-

dantes e difundidas, comparativamente com os restantes tipos de lucernas paleocristãs.

 A sua distribuição, tal como outros autores já vericaram, encontra-se directamente rela-

cionada com a da terra sigillata clara, que, a partir do Norte de África, era distribuída por 

toda a costa norte africana, Egipto, costas do mar Egeu, Itália, Sicília, Sardenha, Sul de

França e também pela Península Ibérica.

Com efeito, na Península Ibérica, este tipo parece estar bem representado, ten-

do-se documentado em Pollentia (Palanqués, 1992, p. 46 e 47), em Tarragona (Bernal

Casasola, 1993, p. 208) e Conímbriga (Belchior, 1969, p.76 e 77), entre outros.

Em Scallabis, identicou-se um fragmento correspondente a este tipo (gura 39,

nº 98), o qual conserva parte da orla e a asa. De facto, a orla conserva ainda a típica

decoração característica desta forma e que nos facilitou a sua identicação.

4.3.6. Fragmentos de difícil classicação

Neste capítulo decidimos incluir três fragmentos de orla e disco os quais, dadas

as suas características não permitem uma classicação segura (gura 40, nºs 99 a 101).

Trata-se de fragmentos de orla larga e convexa com duas molduras pouco profundas. Na

orla apresentam decoração radial em linhas sulcadas oblíquas ou onduladas. A existência deste tipo de decoração da orla nestes fragmentos parece corrobo-

rar a sua proveniência. A análise das pastas e elaboração de grupos de fabrico permitiu

concluir que estes parecem corresponder a produções norte africanas. A decoração das

orlas parece, com efeito, constituir uma característica maioritária deste tipo de produções

lucernárias, nas quais as decorações radiais estão fortemente presentes.

Não obstante, e dada a reduzida dimensão dos fragmentos, não foi possível

concluir, com segurança, a forma na qual estes se inserem. Frequentemente nos depara-

mos com exemplares análogos, ostentando a mesma decoração, nas formas Dressel 20/

Deneauve VIIA, Dressel 28/Deneauve VIIIB ou ainda na forma Dressel 30. A parte con-

stituinte da lucerna que permite discernir uma diferenciação entre estas formas encontra-se na morfologia do bico ou da asa. Uma vez que nenhuma destas partes se encontra

presente nos fragmentos da Alcáçova de Santarém, não é possível avançar com uma

proposta morfológica mais precisa.

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4.3.7. DiscussãoNão poderíamos deixar de iniciar este capítulo sem fazer referência ao número

de fragmentos classicados, no quadro da totalidade do conjunto de lucernas romanas

exumadas na Alcáçova de Santarém. Assim, dos 393 fragmentos incluídos neste estudo,

123 foram passíveis de classicação, a qual nem sempre é segura, como foi sendo referi-do ao longo da análise morfológica de cada tipo e sempre que tal se exigia. Ainda que so-

mente 31.3% da totalidade dos materiais tenha possibilitado uma integração tipológica,

foi possível retirar deste conjunto algumas ilações que consideramos pertinentes.

Começando por fazer uma análise da distribuição formal (gráco 3), desde logo

reparamos na predominância de quatro formas. Trata-se das formas Ricci-Dressel 2 e

2A, da forma Dressel-Lamboglia 9 e da forma Dressel-Lamboglia 20. Convém salientar,

neste âmbito, que a grande predominância da forma 9 de Dressel se deve ao facto de a

maioria dos fragmentos não terem permitido a sua inclusão numa das variantes. Como

temos vindo a sublinhar ao longo deste estudo, tal realidade deve-se ao elevado estado

de fragmentação do conjunto. Não obstante, esta forma parece ser aquela que, geral -

mente, melhor se encontra representada nos sítios arqueológicos alto-imperiais.

 Apesar da grande superioridade destas formas, não poderíamos deixar de referir 

que se encontra em Scallabis uma grande variedade morfológica de lucernas romanas.

No que diz respeito às lucernas tardo-republicanas, encontram-se presentes pratica-

mente a totalidade das formas conhecidas, com excepção da forma 4 de Dressel, tam-

bém designada de “cabeça de ave”. Apesar desta ausência formal no inventário das

lucernas da Alcáçova de Santarém, foi a forma 2 de Dressel que parece ter vingado no

gosto dos scallabitanos.

Nas lucernas imperiais, destacam-se as formas 9 e 20 de Dressel que, curiosa-mente, correspondem a dois tipos distintos de lucernas, correspondendo a primeira a

lucernas de volutas e a segunda a lucernas de disco. Assim, reparamos que além de se

diferenciarem morfologicamente, também se distinguem cronologicamente, enquadran-

do-se as lucernas de volutas no século I d.C. e início da centúria seguinte, e as lucernas

de disco no século II d.C.

Com isto, desde logo reparamos que, e apesar de termos constatado já uma

grande variedade formal ao longo do período cronológico em que as cerâmicas de ilu-

minação são importadas para Scallabis, há um gosto maioritário por uma forma em con-

creto dentro de cada tipo de lucernas. Ainda assim, não poderíamos deixar de referir que

as formas que documentamos como as mais requeridas são também as mais comuns nomundo da iluminação romana durante o alto-império.

Quando efectuamos uma análise do conjunto tendo em conta os tipos de lucer -

nas (gráco 4) é possível observar ritmos de importação. Ainda que em número escasso,

estão presentes as lucernas de inuência helenística e, a partir do momento em que se

recebem estes protótipos, a importação de cerâmicas de iluminação aumentou gradual-

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- Lucernas de infuência helenística - Lucernas imperiais de disco

- Lucernas tardo-republicanas - Lucernas paleocristãs

- Lucernas imperiais de volutas

Gráfco 3 – Distribuição ormal das lucernas da Alcáçova de Santarém.

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mente até às lucernas imperiais de volutas. Este último tipo constitui o momento auge

da importação de lucernas para Scallabis, a partir do qual constatamos uma quebra na

introdução das lucernas, que reduz gradualmente em número e de forma signicativa.

Cronologicamente, o conjunto de cerâmicas de iluminação da Alcáçova de San-

tarém poder-se-á enquadrar entre nais do século II a.C. e início da centúria seguinte,tendo perdurado até nais do século IV e inícios do século V d.C.

Curioso é observar que o ritmo de importação, por tipo de lucernas (gráco 4), é

coincidente com a linha de evolução quantitativa das lucernas na Alcáçova de Santarém

(gráco 5), quando se efectua uma análise comparativa e quantitativa entre os diferentes

séculos em que se insere este conjunto. Por outro lado, não deveremos estranhar tal

realidade, se tivermos em conta que, grosso modo, cada tipo de lucerna se insere num

período cronológico bastante preciso.

 Assim, é ainda durante o século II a.C. que se inicia a importação de lucernas

para a Alcáçova de Santarém, a qual não parece ser muito signicativa, uma vez que,

como foi já comentado em outro capítulo deste trabalho, neste período as cerâmicas

de iluminação não constituem o material de importação por excelência. Até ao século I

d.C., notamos uma clara evolução contínua e estável na quantidade de lucernas que são

introduzidas em Scallabis, momento este que corresponde ao auge da plena utilizaçãodas cerâmicas de iluminação neste sítio. A partir deste momento, as lucernas parecem

perder alguma da importância na vida dos scallabitanos, uma vez que se reduz, de forma

signicativa, a sua importação. No século II d.C., vericamos que a quantidade de lucer -

nas presentes neste local é inferior, inclusive, às lucernas aí existentes durante o século I

a.C. A partir do século III d.C., as cerâmicas de iluminação já não parecem corresponder 

Gráfco 4 – Distribuição das lucernas da Alcáçova de Santarém por tipo.

0

50

100

331

64

232

   L  u  c  e  r  n  a  s

    d  e   I  n      u   ê  n  c   i  a

    h  e

    l  e  n   í  s   t   i  c  a

   L  u  c  e  r  n  a  s   t  a  r    d  o  -

  r  e   p  u

    b    l   i  c  a  n  a  s

   L  u  c  e  r  n  a  s   i  m   p  e  r   i  a   i  s    d  e

  v  o

    l  u   t  a  s

   L  u  c  e  r  n  a  s   i  m   p  e  r   i  a   i  s    d  e

    d   i  s  c  o

   L  u  c  e  r  n  a  s   p  a

    l  e  o  c  r   i  s   t   ã  s

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

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a um produto largamente utilizado na Alcáçova de Santarém.

Posto isto, vericamos que é entre o século I a.C. e o século I d.C. que se verica

o momento de máxima utilização deste tipo de materiais. Tal realidade permite que se

levantem, neste âmbito, algumas questões pertinentes.

Antes de mais, não poderíamos deixar de relacionar os materiais característicosdo século I a.C., ainda que somente os que se enquadram na primeira metade deste

mesmo século, com a presença de contingentes militares que, eventualmente, se pudes-

sem encontrar neste local. Tendo em conta que estamos a falar de um período de clara

romanização, não nos parece de todo descabido colocar esta possibilidade, até porque,

e como foi concluído na análise das pastas deste conjunto, a presença de uma lucerna de

produção claramente local/regional associada a uma boa qualidade técnica de produção

permite propor que se trataria de uma produção de âmbito militar, uma vez que os mili-

tares são também portadores do conhecimento produtivo manufactural, muitas vezes de

auto-consumo. Ainda assim, as produções locais/regionais poder-se-ão dever, de igual

forma, a um maior gosto e uma maior procura, que obriga ao surgimento de produções

marginais, as quais utilizam as peças originais, promovendo a sobremoldagem.Certo é que as lucernas de inuência helenística e tardo-republicanas se encon-

tram muitas vezes associadas à presença de contingentes militares ou sítios de índole

fortemente militar. Não obstante, poderão também corresponder a sítios precocemente

romanizados nos quais, uma elevada densidade populacional de indivíduos genuina-

mente romanos apela aos seus hábitos.

0

10

20

30

40

50

60

70

Século II a.C. Século I a.C. Século I d.C. Século I I d.C. Século II I d.C. Século IV d.C.

Gráfco 5 – Evolução da importação das lucernas para Scallabis.

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Efectuando uma análise mais atenta, quer dos materiais, quer dos níveis es-

tratigrácos onde estes foram recolhidos, nas campanhas de 1999 e 2000, podemos ob-

servar que estes aparecem em estratos, na sua maioria, associados a uma arquitectura

que poderá indiciar uma clara xação da população aí existente.

 A possibilidade de a população que se encontrava na actual Alcáçova de San-tarém durante o século I a.C. corresponder, também, ao estacionamento de um qualquer 

contingente militar levanta algumas questões de difícil resposta. Não restam dúvidas, no

entanto, que durante o século que se seguiu, Scallabis correspondia já a um pleno núcleo

urbano romanizado. Com efeito, as lucernas imperiais de volutas não se devem associar 

a uma qualquer realidade de âmbito militar. Pelo contrário, encontram-se em qualquer 

sítio arqueológico coevo dessa cronologia. Ainda que este tipo de lucernas não se encon-

tre somente documentado em núcleos habitacionais, este parece ser o caso de Scallabis 

que, exceptuando os fragmentos recolhidos no templo, corresponde claramente a um

assentamento populacional.

 A partir de nais do século II d.C. e início da centúria seguinte, Scallabis parece

perder um pouco a sua importância, realidade esta que se reecte nos produtos manu-

facturados importados, como se pode já constatar no estudo de outros materiais deste

local, como é o caso da terra sigillata (Viegas, 2003).

As cerâmicas de iluminação não constituem uma excepção à regra, demonst-

rando também a quebra de importações que, a partir desse momento, se torna evidente

podendo-se relacionar directamente com a crescente importância que Olisipo adquiria.

Esta temática foi já levemente abordada no capítulo 3.2.

Não obstante, não podemos atribuir, exclusivamente, a Olisipo a causa para o

decréscimo de importância que se denota em Scallabis. No entanto, os dados obtidosem ambos os sítios arqueológicos, quando comparados, levam a propor que a crescente

inuência de um deles, corresponde ao enfraquecimento do outro.

Por outro lado, e tendo em conta que também Olisipo demonstra uma grande

ocupação durante o período romano republicano (Pimenta, 2004), é obrigatório ponderar 

que estas duas cidades poderão ter funcionado, simultaneamente, enquanto locais de

recepção e redistribuição de produtos importados.

4.4. Iconograa

Durante a época clássica, na Grécia, a lucerna parece ter sido um objecto deíndole eminentemente funcional, onde a estética era, praticamente, inexistente. Não ob-

stante, foi a manifestação de um gosto artístico, característico da época helenística, e a

crescente evolução técnica no processo de elaboração de lucernas que levaram à sua

profunda transformação conceptual, permitindo a junção de funcionalidade com a esté-

tica ornamental (Morillo Cerdán, 1999, p. 163). É em plena época alto imperial que este

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referido processo atinge o seu auge.

Até às lucernas de tradição helenística, as peças apresentavam-se de forma ex-

tremamente simples, com o orifício de alimentação bastante alargado, não permitindo a

ornamentação do disco, a qual se deslocava, maioritariamente, para a ampla orla. A partir 

de inícios do século I a.C., a inovação do molde bivalve na produção de lucernas vai per -mitir mudanças substanciais na sua morfologia, entre as quais a redução do orifício de

alimentação, ampliação do disco, assim como a redução da orla. É com as formas tardo-

republicanas que estas transformações se começam a evidenciar e, com as lucernas de

volutas, atingem o seu auge morfológico e estético.

Com a grande aceitação das lucernas como peças de iluminação, rapidamente

se criou uma extensa rede de ocinae, bem como as suas liais (Morillo Cerdán, 1999, p.

163). As variadas ocinas produtoras deste tipo de materiais seriam, desta forma, desti-

nadas a suportar a procura das mesmas.

No que concerne à iconograa das lucernas, nos tipos de volutas mais antigos

deparamo-nos com a representação de gurações de uma ou duas personagens isola-

das ou ainda inseridas num contexto mais elaborado (Morillo Cerdán, 1999, p. 163). A

qualidade artística das representações de lucernas alcança, durante o primeiro século do

Império, a eleição de uma vasta compilação iconográca especializada. A partir do perío-

do aviano, esta qualidade artística decai, gradualmente, empobrecendo-se, de igual

forma, ao nível de variedade e tratamento dos motivos decorativos. As peças de grande

qualidade apresentam-se de forma bastante rara e pontual.

Tal decadência iconográca nas lucernas documenta-se perfeitamente pela sua

evolução geral (Morillo Cerdán, 1999, p. 163), na qual estas se convertem, novamente,

em peças de ampla orla e disco com tendência a circunscrever-se. É a partir de nais doséculo I d.C. que nos deparamos, de novo, com a ornamentação da orla, a qual perdura

ao longo dos séculos seguintes.

Já no século III d.C., denotamos a ausência de separação entre a orla e o disco

da peça, restringindo-se a ornamentação da mesma a uma terminologia breve e mera-

mente geométrica (Morillo Cerdán, 1999, 163). As produções norte africanas, mais tar-

dias, introduzem um renovado repertório iconográco, substancialmente diferenciado

daquele que foi utilizado ao longo do Alto Império (Ibidem).

Os produtores de lucernas não parecem ter sido inovadores no que diz respeito

à iconograa, parecendo beber inuências helenísticas. Não resulta fácil descobrir a ori-

gem de cada uma das variadas representações patentes nestas peças. É, no entanto,de salientar os trabalhos da investigadora Amaré Tafalla sobre este campo, que, mais do

que chegar à origem, trata das diferentes representações lucernárias (1985).

Segundo alguns autores, parece mais evidente que os produtores deste tipo de

materiais tenham tirado partido de modelos iconográcos em relevos escultóricos para

elaborarem os seus repertórios ornamentais (Morillo Cerdán, 1999, p. 164). Não obstan-

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te, não nos é permitido concluir se terá existido uma outra inspiração para a elaboração

de tal compilação temática.

É possível que tenham existido, entre os diferentes produtores, “manuais” que

constituíam a compilação das cenas destinadas a gurar nas lucernas. Tais “manuais”

destinar-se-iam a circular entre os artesãos, os quais escolhiam e recolhiam as cenasque pretendiam colocar nas suas peças. Nestes produtores, encontrar-se-iam os fabri-

cantes de lucernas. Ainda que remota, tal possibilidade não deve ser posta de lado, bem

como a possível circulação dos próprios moldes.

Aquilo que levou os investigadores deste tipo de material a pensar nesta pos-

sibilidade foi a existência de repertórios iconográcos bastante semelhantes entre as

lucernas e a típica terra sigillata romana. Algumas das representações parecem repetir-

se em ambas as produções, das quais destacamos a fauna, a ora e também algumas

cenas mitológicas e eróticas (Morillo Cerdán, 1999, p. 164). De referir, contudo, que a

representação dos ludi gladiatorii é apenas pontual na terra sigillata sudgálica, enquanto

nas lucernas estas gurações se desenvolvem de forma bastante artística.

Da mesma forma que nos deparamos com um repertório iconográco análogo

entre as representações das lucernas e as representações da terra sigillata, alguns au-

tores têm reparado que tal realidade se verica também, um pouco, com a numismática.

Estes, dos quais destacamos M. Amaré Tafalla, vericaram que o suporte circular, jun-

tamente com a técnica de ornamentação em baixo relevo, são semelhantes e comuns

aos dois materiais (Amaré Tafalla, 1986, p. 851). Contudo, tais correlações carecem de

argumentos mais ecazes, bem como de relações mais directas. Por outro lado, não de-

veremos esquecer que as emissões monetárias, um pouco à imagem dos nossos dias,

deveriam cumprir a intenção propagandista do estado.Os critérios utilizados para a escolha do repertório iconográco dos produtores

de lucernas deveriam seguir, automaticamente, os gostos das “classes” sociais médias e

baixas, às quais se destinavam este tipo de peças (Morillo Cerdán, 1999, p. 164). Desta

forma, tais temas deveriam incorporar-se numa compilação de temas e ornamentos que

variavam cronológica e geogracamente. No entanto, a inexistência de uma monograa

completa acerca da temática lucernária impede um estudo mais detalhado e profundo so-

bre a sua cronologia, bem como sobre a sua geograa correspondente. Tal investigação

poderia ainda contribuir no sentido de diferenciar centros produtores.

A classicação mais completa de temática iconográca em lucernas que conhec-

emos foi criada pela investigadora W. Deonna (1927), que a dividiu em personagens mi-tológicas e seus atributos, objectos de culto, vida laica, transposição ao mundo mitológi-

co de motivos religiosos e laicos, cenas grotescas e temas literários, que, mais tarde,

foram re-analisados por M. Amaré Taffala (1985), que acrescentou a temática histórica, a

fauna, os animais imitando acções humanas, os motivos vegetais, os objectos, os signos

celestes e os ornamentos geométricos.

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Não obstante, tal tipologia iconográca apresentava, como notou A. Morillo

Cerdán (1999, p. 166), alguns problemas de aplicação, devido ao facto de várias cenas

se poderem enquadrar nos diferentes grupos denidos por W. Deonna. Tais inter-rela-

ções vericam-se, maioritariamente, nos temas religiosos e mitológicos.

Para o investigador espanhol, a classicação apresentada por Loeschcke (1919),posteriormente actualizada por Bailey (1980, p. 88), apresenta uma divisão temática

mais vantajosa e manuseável. Além destas características, a referida tipologia mostra-se

também bem elaborada e estruturada, possuindo uma divisão mais curta e incisa.

Não obstante, não é apenas no disco da peça que nos deparamos com a pre-

sença de ornamentação, uma vez que também na orla e na asa se pode encontrar deco-

ração. A decoração da orla aparece, geralmente, enquanto esta possui fórmula ampla e

convexa, apresentando ornamentos temáticos restritos, reduzidos a elementos vegetais

e/ou geométricos, de composição simplicada.

No que concerne à asa, somente alguns tipos apresentam tais características

ornamentais guradas em relevo (Morillo Cerdán, 1999, p. 270). Este tipo de asas é

denominado de “asas plásticas” ou “reectores”, especícas dos tipos 12 e 13 de Dres-

sel, bem como do tipo III de Loeschcke e adoptam características triangulares ou em

crescente lunar, embora apareçam também em forma de vulva feminina, ainda que mais

raramente. No que diz respeito à ornamentação dos reectores triangulares, esta de-

screve-se, maioritariamente, em elementos vegetais. Não obstante, podem também ex-

istir gurações animais ou humanas.

Geralmente, nos reectores em forma de crescente lunar não se encontra deco-

ração, apresentando-se nestes apenas uma moldura interna, que acompanha a forma

do referido crescente. Exemplo desta realidade é o fragmento de asa exumado no con-celho de Torres Vedras (Sepúlveda, 2000, p. 62, g. 14), de Mérida (Rodríguez Martín,

2002, Figura XIX, nº 10) ou mesmo de Ampúrias (Casas-Genover e Soler-Fusté, 2006,

p. 119, Lámina XII, G136 e G138). Não obstante, também de Torres Vedras procede um

exemplar de asa em crescente lunar que contraria a ausência de decoração elaborada

(Sepúlveda, 2000, p. 56, g. 11).

Quanto à cronologia, os investigadores parecem ser consensuais em relação

a não existir uma diacronia temporal demasiado alargada dos ornamentos, bem como

dos diferentes reectores. Este tipo de asas, característico das lucernas de volutas, é

frequente ao longo dos reinados de Tibério e Cláudio.

4.4.1. Religião e mito

4.4.1.1. Divindades Olímpicas

JÚPITER TRIUNFANTE COM ÁGUIA (lucerna de volutas, Dressel 11)

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As representações de Júpiter, acompanhado pela águia com as asas estendidas,

constituem um tema bastante frequente na iconograa das lucernas romanas durante

todo o século I d.C. e o início do século seguinte (Morillo Cerdán, 1999, p. 168; LIMC,

1997, VIII/1, p. 428, VIII/2, Pl. 233, Zeus 324). Ainda assim, este tema pode aparecer em

duas variantes, que se distinguem pela presença ou ausência de cedro (Bailey, 1980, p.8-9).

O exemplar da Alcáçova de Santarém (gura 43), ainda que de reduzidas di -

mensões, permitiu a identicação de parte do corpo da águia, correspondente a uma das

suas patas.

MARTE (lucerna de volutas, Dressel 15/16)

Marte desnudo, virado com a cabeça para a direita e com corpo para a esquerda.

 Apresenta a perna esquerda posicionada um pouco mais à frente que a direita, dando a

entender estar em atitude de caminhar. Tem o capacete com a mão esquerda, parecendo

que o está colocar na cabeça, e, com a mão direita, segura o escudo e a lança (LIMC,

1984, vol. II/1, p. 532 e 533, vol. II/2, Pl. 401, Mars 266).

Marte, deus da guerra, constituiu um dos temas iconográcos mais aclamados

pelos oleiros romanos. Contudo, esta divindade, representada de lado, não é bastante

comum no repertório iconográco de lucernas. Ainda assim, encontra-se perfeitamente

atestado na forma VD de Deneauve e 15/16 de Dressel, documentando-se, cronologica-

mente, entre meados do século I e nais do reinado de Trajano.

O exemplar de Santarém encontra-se completo, mas o facto de constituir uma

cópia não permitiu, inicialmente, qualquer tipo de interpretação iconográca. No entanto,

o estabelecimento de um paralelo com uma peça de Mérida (gura 44) possibilitou umadescrição detalhada desta representação (Rodríguez Martín, 2002, p. 54, g. III, nº 31).

 Acreditamos que o paralelo obtido poderá constituir, inclusive, a peça que terá servido

para a sobremoldagem do exemplar da Alcáçova de Santarém. O facto de o último apre-

sentar as pastas típicas de Mérida, bem como os engobes, leva-nos a pensar tratar-se de

uma sobremoldagem de terceira geração, pois a própria lucerna de Mérida corresponde,

ela própria, a uma sobremoldagem. Curioso ainda é o facto de ambas as peças apresen-

tarem a mesma imperfeição no local onde se encontraria a asa.

 

4.4.1.2. Divindades MenoresVITÓRIA ALADA (tipo indeterminado)

Apesar de a decoração não estar bem conservada, foi possível encontrar um

paralelo iconográco análogo (gura 45) numa lucerna de León (Morillo Cerdán, 1999,

p. 183, g. 138, nº 27). Este tipo de decoração representa a Vitória alada de frente, com

as asas elevadas à altura da cabeça. Com o braço esquerdo sustem uma palma e com o

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direito, estendido, segura uma coroa de louro (LIMC, 1997, vol. VIII/1, P. 244 e 245, vol.

VIII/2, Pl. 172, Victoria 68). O fragmento de Santarém conserva apenas parte do corpo de

Vitória, e parte dos braços, os quais permitem perceber qual a sua disposição.

Deparamo-nos com este motivo decorativo representado também em denários

romanos emitidos no ano de 29 a.C. (Morillo Cerdán, 1999, p. 183). A popularidade destemotivo decorativo nas lucernas parece ter sido enorme, apresentando, contudo, frequent-

emente, pequenas variantes iconográcas que se distinguem entre si pela disposição

dos braços ou pela forma das asas.

Na Península Ibérica, esta representação encontra-se bem atestada, conhecen-

do-se exemplares em Mérida (Rodríguez Martín, 2002, p. 74, g. VI, nº 76), no Museu

Machado de Castro de Coimbra (Oleiro, 1952, p. 18, lam. 1, nº2), Alcácer do Sal (Ca -

bral, 1977), Peroguarda (Nunes, 1959, p. 81 -83, lam. I e II, nº 2 e 12), Lisboa (Diogo e

Sepúlveda, 2001) e Córdoba (Rodrígues Neila, 1978, nº 17), entre outros.

O repertório formal em que este tipo de decoração é representado está docu-

mentado, principalmente, nas formas iniciais de Loeschcke IA, B e C (Dressel 9), III

(Dressel 12/13), IV (Dressel 11) e V (Dressel 14). Cronologicamente, abarcam um perío-

do compreendido entre o início do século I a.C. e as primeiras décadas do século II d.C.

EROS (tipo indeterminado)

As representações de Eros ou cupido abundam nos repertórios iconográcos

de lucernas. A grande variedade de representação desta divindade varia entre a sua

guração enquanto criança, adolescente ou adulto em diferentes ocasiões e segurando

diferentes objectos ou animais (LIMC, 1986, vol. III/1, p. 1031).

Neste exemplar de Santarém (gura 46), deparamo-nos com Eros de frente, sen-tado sobre um bode. Com as mãos segura-se às amarras do animal.

Este tipo de representações de Eros não parece ser muito frequente, ainda que

as gurações desta divindade a sejam de facto. Não obstante, e com base nos pou-

cos paralelos que podemos identicar, uma cronologia centrada na primeira metade do

século I d.C. parece ser a mais adequada (Bailey, 1988, Q996; Bussière, 2000, nº 19;

Casas-Genover e Soler-Fusté, 2006, Lámina XXX, G436).

BACANTE (lucernas de volutas, Dressel 9)

Representação de uma bacante, também conhecidas como ménade ou thyiade 

(LIMC, 1997, vol. VIII/1, p. 23), coberta com um amplo manto, pernas ligeiramente ab-ertas, estando a esquerda ligeiramente mais à frente dando a sensação de movimento,

braços estendidos e a cabeça virada para cima. Parece dar a sensação de caminhar em

movimentos descoordenados, aparentemente, embriagada. Apresenta na mão direita o

que parece ser um pequeno animal e na esquerda uma faca ou punhal (Casas-Genover 

e Soler-Fusté, 2006, p. 19, Lámina VI, G72).

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Do fragmento da Alcáçova de Santarém (gura 47) somente se conserva parte

do corpo da bacante, e o seu braço direito que sustem o dito animal.

 As lucernas que se têm associado a este tipo de representações correspondem

sempre ao tipo de volutas, maioritariamente das formas Dressel 9/Loeschcke I, Dressel

11/Loeschcke IV e Dressel 12/13/Loeschcke III (Casas-Genover e Soler-Fusté, 2006,Lámina VI, G72; Amaré Taffala, 1988, nº 105; Bailey, 1980, Q787; Loeschcke, 1919, nº

28). Segundo estes dados, poderemos supor que este tipo de representações é bastante

frequente durante todo o século I d.C., com maior incidência na primeira metade (Casas-

Genover e Soler-Fusté, 2006, p. 19).

4.4.2. Vida quotidiana

4.4.2.1. Cenas de trabalho

ESCRAVO ROLHANDO ÂNFORA (lucerna de disco, Dressel 20)

Figura masculina barbada, virado para a direita com um barrete arredondado e

com um pequeno rebordo (gura 48). Tronco nu, pés descalços e uma espécie de saiote

pendendo da cintura. Com a mão direita toca na boca de uma ânfora que segura com a

esquerda. O exemplar de Scallabis conserva apenas a cabeça do escravo e a boca da

ânfora, tocada pelo trabalhador com a mão direita.

 Apesar de a cena não se encontrar totalmente conservada no exemplar de San-

tarém, foi possível identicar um paralelo na mesma forma em Santa Bárbara de Padrões

(Maia e Maia, 1997, p. 93 – 94, Lu 302). Também é possível encontrar este tipo de repre-

sentação em Peroguarda (Nunes, 1959), constituindo um paralelo exactamente análogoao fragmento recolhido na Alcáçova de Santarém.

Estas cenas encontram-se bem documentadas na forma 20 de Dressel e VIIA de

Deneauve, abarcando um período cronológico centrado na primeira metade do século II

d.C. (Casas-Genover e Soler-Fusté, 2006, p. 44, Lámina LX, G946).

4.4.2.2. Cenas de anteatro

GLADIADOR ARMADO (tipo indeterminado)

Gladiador de frente, com a cabeça ligeiramente virada para o lado direito, com as

pernas abertas e bem apoiadas no solo. Com a mão esquerda segura um escudo rectan-gular curvo, o parma, e com a direita uma sica, que levanta por cima da cabeça coberta

com um capacete metálico de forma arredondada. O combatente veste o subligaculum,

protege as pernas com ocreae e o antebraço direito com a manicae, protector metálico

articulado. Frequentemente, os vários autores têm interpretado este gladiador como um

trácio (Morillo Cerdán, 1999, p. 208).

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O fragmento de Santarém, ainda que de reduzidas dimensões, permitiu uma fácil

interpretação, aliada ao facto de nos depararmos com alguns paralelos iconográcos.

Este apresenta a cabeça do gladiador, o braço direito e, na mão, a sica (gura 49).

Este motivo aparece frequentemente nas lucernas romanas, podendo apresen-

tar ligeiras variações, as quais se evidenciam, principalmente, no capacete do lutador.Quanto aos paralelos, denotam-se um pouco por todo o Império nas formas IA, B e C, e

IV de Loeschcke, denindo um amplo espaço cronológico compreendido entre o início do

século I a.C. e a primeira metade do século seguinte. Na Península Ibérica, poderemos

encontrar este tipo de representação em Alcácer do Sal (Almeida, 1952, p. 113, lam.

XXX, nº 13) e em Córdoba (Moreno Jiménez, 1991, p.506, lam. CCXI, nº 1147).

GLADIADOR EM POSIÇÃO DE ATAQUE (tipo indeterminado)

Para esta representação iconográca não obtivemos qualquer tipo de paralelo,

pelo que nos restringiremos a descrever o que se conservou no exemplar de Santarém.

É visível a parte superior do corpo de um gladiador em posição de ataque. Encontra-se

virado para o lado direito, juntamente com o escudo e a lança, o que sugere uma atitude

de ataque. Na mão direita, segura o escudo arredondado, mas não sendo perceptível se

se trata de um parma, e na mão esquerda segura a lança virada para a frente e na hori-

zontal. Apresenta ainda o braço esquerdo, protegido com a manicae (gura 40, nº 104).

A representação de gladiadores e combates entre gladiadores constitui um dos

temas mais representados desde as primeiras lucernas de volutas. O facto de não ter-

mos obtido paralelos para esta representação, as reduzidas dimensões do fragmento e,

consequentemente, a impossibilidade de classicação, tornou impossível propor uma

cronologia para esta representação.

MACHADO (lucerna de volutas, tipo Dressel 9)

Deste fragmento pouco poderemos avançar (gura 20, nº 44). Na pequena área

que se conservou do disco, apenas é visível parte daquilo que parece corresponder a um

machado. É bem conhecida a representação de armas nas lucernas romanas, acompan-

hando quase sempre o repertório iconográco de gladiadores. O facto de as armas não

se terem documentado, até ao momento, noutro tipo de contexto representativo levou a

que este exemplar fosse interpretado enquanto tal.

Podemos ainda referir, neste âmbito, que o fragmento de Scallabis que contém esta rep-

resentação corresponde à forma 9 de Dressel enquadrando-se, como tal, no século I d.C.

4.4.2.3. Cenas eróticas

Representação de um casal no leito. O homem está de joelhos e atrás da mulher,

a qual se encontra também de joelhos, apoiada sobre os braços e com a cabeça virada

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para o leito (gura 50).

As cenas eróticas constituem uma das representações que mais popularidade

alcançaram durante o primeiro século após a viragem da era. Apresentam, frequent-

emente, gurações em pinturas, relevos e objectos de uso quotidiano, como é o caso das

cerâmicas de iluminação. No caso das representações em terra sigillata, principalmentena de produção itálica, alcançou uma grande variedade e qualidade excepcional (Morillo

Cerdán, 1999, p. 223).

Segundo alguns autores, durante a primeira metade do século XX o ““puritan-

ismo” de eruditos e investigadores se ha traducido incluso en la eliminación de las de-

scripciones e ilustraciones que pudieran resultar escabrosas en los catálogos…” (Op. Cit.

Ibidem). Com efeito, é na segunda metade deste século que a descrição deste tipo de

cenas nas lucernas romanas é feita mais exaustivamente do ponto de vista meramente

prossional.

Infelizmente, o fragmento da Alcáçova de Santarém não permitiu qualquer tipo

de classicação, impossibilitando-nos a inclusão e conrmação deste no quadro da

iconograa da cerâmica de iluminação do século I d.C.

4.4.2.4. MáscarasMÁSCARA CÓMICA

Máscara teatral com a boca aberta, na qual se encontra o orifício de alimentação,

ocupando o centro do disco (gura 51, nº 118).

No teatro romano as representações ligeiras e prosaicas encontram-se bem pat-

entes nas máscaras grotescas e burlonas, com as quais se ridicularizam os personagens(Morillo Cerdán, 1999, p. 221). Este tipo de máscaras parece constituir um motivo bas-

tante comum nas lucernas romanas, estando presente de forma bastante expressiva nas

lucernas de canal, ou também denominadas de Firmalampen.

No entanto, não parece ser o caso do exemplar da Alcáçova de Santarém que,

ainda que seja de reduzidas dimensões, parece corresponder à forma 11/14 de Dressel,

enquadrando-se cronologicamente na segunda metade do século I d.C.

4.4.2.5. Simbólicas

ALTAR (tipo indeterminado)Pequeno altar circular, no topo do qual de se encontra uma chama. Está ladeado

por dois arbustos estilizados. Sensivelmente a meio do corpo do altar, observa-se uma

espécie de decoração oral (gura 51, nº 119). Este pequeno altar poderá constituir a

representação de uma ara, na qual é queimado incenso e óleos às divindades locais ou

supremas.

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O fragmento de Scallabis conserva a parte superior do altar. Contudo, a nossa

interpretação desta representação foi facilitada pela presença de um exemplar de Mérida

com a mesma decoração (Rodríguez Martín, 2002, p. 120, g. XIV, nº 199).

Este motivo iconográco não é comum nas lucernas. Até ao momento, na Penín-

sula Ibérica, temos apenas conhecimento do exemplar de Mérida, referido anteriormente,o qual não permite, também, a obtenção de uma classicação. Como tal, não arriscare -

mos propor quais as formas em que este tipo de representações mais são frequentes,

nem faremos referência ao período cronológico em que este se insere.

4.4.3. FaunaCÃO (lucerna de volutas, Dressel 9)

Cão correndo para a direita, possivelmente em perseguição de um coelho ou le-

bre. Da cena, conservou-se apenas parte do cão (gura 19, nº 40). Não obstante, temos

conhecimento desta representação através de paralelos estabelecidos com lucernas do

território actualmente espanhol, (Morillo Cerdán, 1999, p. 233, g. 149, nº 125).

O exemplar nº 54 (gura 22) também exibe o mesmo animal com as mesmas

características que lhe auferem a ilusão de movimento.

Este tipo de representações aparece, geralmente, na forma IA de Loeschcke e

na forma 9A de Dressel, com cronologia augusto-tiberiana.

 As cenas de caça com cães encontram-se perfeitamente documentadas nas lu-

cernas do século I d.C. O público estava familiarizado com lutas de animais entre si,

graças às venationes do anteatro. Não obstante, as cenas de cães em ataque ou sim-

plesmente correndo constituíam um motivo de fácil reprodução sobre lucernas ou terrasigillata.

CAVALO (tipo indeterminado)

Este exemplar ostenta a representação de um cavalo, ou de um possível cavalo

alado (gura 40, nº 99). Contudo, as reduzidas dimensões do exemplar permitem apenas

perceber tratar-se desse animal. Da cena, conserva-se somente a sua parte traseira,

onde se notam as patas e a cauda. Este parece estar em atitude de galope. Este frag-

mento apresenta ainda decoração na orla, mas não permite qualquer tipo de interpreta-

ção.

Desde cedo, os cavalos constituíram um tema privilegiado nas representaçõesgurativas das lucernas, quer em cenas de anteatro quer nas do quotidiano. No entanto,

embora este motivo tenha surgido cedo, poderemos estar perante uma representação

mais tardia. Como foi tratado no capítulo dedicado às pastas, tudo indica que estamos

perante um exemplar de importação africana, o que indica uma datação mais avançada,

uma vez que a produção no norte de África apenas está documentada a partir dos inícios/

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meados do século III d.C.

URSO ou JAVALI (tipo indeterminado)

Representação de animal a correr para a direita, centrado no disco, apresentan-

do uma grande qualidade técnica que permite ver, com bastante nitidez, a pelugem emusculatura do animal. Frequentemente se poderá confundir as representações de ur-

sos com as de javalis e, com efeito, não é para nós claro perante qual destes animais

estamos. No entanto, a aparente ausência de presas nesta representação, tal como a

presença de uma pelugem, aparentemente, abundante, remetem para o animal referido

(gura 51, nº 120).

 As representações de ursos, ainda que mais escassas comparativamente com

as representações de javalis, encontram-se bastante difusas por todo o império. Na

Península Ibérica, podemos constatar a presença de este tipo de representações, quer 

de ursos ou javalis, em Ampúrias (Casas-Genover e Soler-Fusté, 2006, p. 61 e 62), em

Mérida (Gil Farrés, 1947), de ursos, em Balsa (Almeida, 1952), em Conímbriga (Belchior,

1969), em Granada (Moreno Jiménez, 1991) e em Múrcia (Moreno Jiménez, 1991).

No que respeita às formas onde este motivo se encontra, este está documentado

numa vasta variedade tipológica, desde o tipo Dressel 9/Loeschcke I até à forma 20 de

Dressel. Assim, poder-se-á enquadrar cronologicamente entre o nal do século I d.C. e

meados do século seguinte.

De todas as cenas que optámos por inserir neste campo, esta é a única que se

pode considerar, indiscutivelmente, enquanto fauna. Temos conhecimento, através dos

paralelos citados, que este animal se encontra, regra geral, isolado na peça. Quanto às

cenas anteriores, por outro lado, concordamos que poderiam fazer parte de representa-ções mais elaboradas e complexas. Por este motivo, e na possibilidade de estarem mais

conservados os fragmentos, certamente se poderiam inserir em outros campos como as

cenas do quotidiano.

4.4.4. FloraCOROA DE CARVALHO (lucerna de volutas, Dressel 14)

Representação de coroa de carvalho na qual são visíveis as folhas e uma bolota.

Este motivo encontrar-se-ia em todo o entorno do disco da lucerna (gura 29, nº 75).

 As coroas vegetais constituem um dos principais temas nas representações iconográ-cas orais. Poderemos encontrar coroas de hera, de videira, de oliveira, de loureiro ou,

como neste caso, de carvalho.

O fragmento da Alcáçova de Santarém corresponde à forma 14 de Dressel, o

que leva a considerar uma cronologia centrada na segunda metade do século I d.C. Não

obstante, este motivo parece ser característico de todo este século, como o comprova a

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sua documentação em lucernas de tipo Dressel 9A/Loeschcke IA.

COROA DE LOUREIRO (lucerna de volutas, Dressel 9)

Representação de coroa de loureiro disposta em torno ao disco da lucerna (g-

ura 21, nº 49). As reduzidas dimensões do fragmento recolhido na actual Alcáçova deSantarém não permite mais do que a identicação do motivo aí disposto.

4.4.5. Motivos geométricosROSÁCEAS

As rosáceas constituem esquemas decorativos simples, semi vegetalistas, semi

geométricos, que se adaptam bem ao formato do disco das lucernas romanas. Neste tipo

de representação são frequentes numerosas variantes.

Na Alcáçova de Santarém, foi possível identicar três fragmentos com este tipo

de decoração, apesar de a sua dimensão não ter possibilitado a determinação do número

de pétalas. Permitem, contudo, perceber que se trata de três tipos diferenciados. O frag-

mento nº 77 (gura 29) é constituído por rosáceas de pétalas arredondadas de superfície

plana, enquanto o fragmento nº 102 (gura 40) é constituído por pétalas em que a super -

fície apresenta uma moldura que acompanha a forma das pétalas.

A peça número 95 (gura 37) apresenta uma rosácea de quatro folhas denteadas

com um grande sulco no meio. Do exemplar característico desta decoração somente se

conservou uma das pétalas, No entanto, certamente que se tratava de uma disposição

em cruz, aliás, bastante frequente neste tipo de motivo.

Sobre este último fragmento, e ainda que não corresponda a um motivo bastantecomum, acreditamos que será mais tardio, comparativamente aos motivos que se têm

vericado neste estudo, uma vez que esta representação se encontra presente numa lu-

cerna quase completa, não deixando qualquer dúvida na sua classicação. Corresponde,

assim, a um exemplar de tipo 27 de Dressel enquadrando-se claramente no século III

d.C.

DECORAÇÕES GEOMÉTRICAS

Os exemplares de Santarém, com representações iconográcas geométricas,

apresentam linhas incisas que se estendem no disco entre as molduras e o orifício de

alimentação, formando uma decoração radial. No entanto, ainda que do mesmo tipo,mostram algumas diferenças consideráveis.

Os fragmentos nº 121 e 122 têm as referidas linhas incisas dispostas em grupos

de três, deixando um pequeno espaço livre entre os diferentes grupos de linhas. As refe-

ridas linhas não se prolongam até ao orifício de alimentação, encontrando-se separadas

deste por duas molduras dispostas no centro do disco. O fragmento nº 86 (gura 34)

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apresenta as mesmas linhas incisas, contudo, agora isoladas entre si com um pequeno

espaço entre elas. Também este exemplar evidencia uma moldura disposta à volta do ori-

fício de alimentação, separando este da decoração geométrica. Finalmente, o fragmento

nº 68 (gura 25) possui linhas curtas e isoladas entre si. Neste exemplar, a decoração

encontra-se separada do orifício de alimentação por duas molduras.

4.4.6. Decoração na orlaFOLHAS DE HERA (Lucerna de volutas, 15/16 de Dressel)

Representação de folhas de hera em forma de coração, impressas e dispostas

em toda a orla, imediatamente a seguir às molduras da lucerna. Também estas se encon-

tram contornadas por uma moldura da mesma forma (gura 29, nº 78).

Este motivo iconográco não parece ser muito comum nas lucernas romanas,

ainda que se conheçam alguns exemplares característicos deste tipo de decoração das

formas 20 e 27 de Dressel e também da forma 66 de Walters. Apesar disso, o frag-

mento recolhido em Scallabis parece corresponder à forma 14/15 de Dressel. Cronologi-

camente, este motivo dever-se-á balizar entre nais do século I d.C. e toda a centúria

seguinte na qual, aliás, este é preponderante.

LINHAS INCISAS (Tipo indeterminado)

A representação de linhas incisas, dispostas radialmente ao longo da orla, pa-

rece ter constituído um dos motivos decorativos da orla mais comuns. Com efeito, na

 Alcáçova de Santarém, foi possível identicar quatro exemplares com este tipo de deco-

ração na orla, variando entre linhas rectas, ligeiramente oblíquas ou simplesmente ondu-ladas (gura 40, nºs 99 a 101).

O facto de nos encontrarmos perante um motivo bastante comum, diculta um

melhor enquadramento cronológico do mesmo. Ainda assim, e tendo em conta a análise

dos fragmentos recolhidos em Scallabis, pensamos que este motivo é frequente apenas

a partir do século II d.C. Durante o século anterior, a típica orla horizontal curta não per -

mitia a elaboração de qualquer tipo de decoração nesse espaço.

CÍRCULOS IMPRESSOS (lucernas de disco, Dressel 19)

Círculos impressos de média dimensão localizados na orla em torno à totalidade

do disco. A envolver cada um destes círculos encontra-se uma pequena moldura.O exemplar de Scallabis está completo e, além de corresponder a uma produção

emeritense, corresponde também a uma sobremoldagem de má qualidade técnica. Não

obstante, este motivo não parece ser muito frequente na lucernária romana (gura 33).

Outro exemplar ostenta pequenos círculos impressos de forma irregular. Encon-

tram-se bastante concentrados junto à moldura exterior formando uma linha contínua,

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mas espessando-se na parte mais larga da orla (gura 32).

4.4.7. Decoração na asa

PALMETA COM FOLHAS DE VIDEIRA (lucerna de volutas, Dressel 12)Palmeta em relevo, com uma grande folha centralizada na asa plástica e duas

folhas de cada lado (gura 28, nº 74). Também na parte inferior parece existir uma quarta

folha de videira. Das folhas laterais saem pequenas vides que se ramicam e enrolam

nos vértices do triângulo.

 As palmetas são um motivo extremamente frequente neste tipo de asas, talvez

devido ao facto de as asas plásticas conterem uma área acrescida e plana. Cronologi-

camente, e uma vez que este tipo de asas é característica exclusiva das lucernas da

forma 12 de Dressel, estes motivos podem-se balizar no século I d.C. Este motivo está

representado em apenas um exemplar do conjunto estudado.

LINHAS INCISAS (lucerna de volutas, Dressel 12)

Representação de pequenas linhas incisas onduladas que se encontrariam dis-

postas pela totalidade da asa. Infelizmente, não encontrámos nenhum paralelo para este

tipo de decoração neste tipo peculiar de asas, estando documentado, na Alcáçova de

Santarém, em apenas um fragmento (gura 28, nº 73).

ESCAMAS (lucerna de volutas, Dressel 12)

Representação de pequenos triângulos em relevo dispostos na totalidade da

área da asa plástica e que, aparentemente, têm como objectivo a reprodução de es -camas. À volta da asa encontrar-se-ia uma pequena moldura também em relevo. Mais

uma vez não encontrámos qualquer paralelo para este motivo, que, tal como os anteri-

ores, está representado singularmente no conjunto exumado em Scallabis.

4.4.8. DiscussãoAntes de mais, pensamos que deveríamos iniciar a discussão da análise iconográ-

ca das lucernas romanas da Alcáçova de Santarém expondo os dados em bruto. Assim,

podemos identicar, neste conjunto, uma totalidade de 66 fragmentos que apresentam

decoração. No entanto, e tendo em conta a grande fragmentação do espólio, somentefoi possível a identicação iconográca em 35 desses fragmentos, correspondendo os

restantes 31 exemplares a decorações indeterminadas. Dos últimos, podemos referir que

apresentavam, regra geral, uma área decorada muito pouco conservada que impossibili-

tou a sua identicação.

Ainda assim, os fragmentos que permitiram a sua identicação temática exce-

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dem a metade da totalidade dos fragmentos decorados, tendo permitido a exposição dos

dados mediante a apresentação de um gráco (g. 11). Importa referir, neste âmbito, que

apenas expomos neste gráco os dados relativos aos motivos presentes nos discos das

lucernas, tendo, desta forma, excluído os fragmentos que apresentavam decoração na

orla ou na asa e que somam uma totalidade de dez exemplares.Observando os dados quantitativos relativos às diferentes temáticas presentes

nos discos das lucernas romanas, desde logo nos deparamos com um claro realce das

decorações características da representação do dia-a-dia da vivência romana e dos mo-

tivos geométricos. Esta realidade não é de todo surpreendente, uma vez que os motivos

geométricos constituem uma temática muito comum e abundante na iconograa das lu -

cernas romanas e, talvez também, aquela que se mantém em uso durante um período

temporal mais amplo. Certo é que as decorações presentes nas cerâmicas se encon-

tram fortemente condicionadas ao gosto da sociedade romana, nas quais as gurações

parecem ter um período de uso bastante mais curto. São, com efeito, as decorações

geométricas que se conseguem manter no gosto desta sociedade talvez por não se en-

contrarem vinculadas a nenhuma realidade concreta, como é o caso da representação

da vida quotidiana. Por outro lado, não permitem datações mais precisas.

As representações do dia-a-dia e de religião e mito, também presentes em Scal-

labis de forma signicativa, constituem temáticas que se encontram sujeitas a um maior 

critério por parte da sociedade romana, tal como foi já mencionado. No entanto, e se

analisarmos com atenção os dados que as decorações das lucernas nos fornecem, repa-

ramos que estas temáticas são também as mais requisitadas. Queremos com isto

dizer que as temáticas referidas são consumidas em larga escala, mas num período

temporal mais curto. Com efeito, e referindo-nos mais concretamente ao tema da religiãoe mito, este encontra-se presente nas lucernas de volutas, correspondendo ao tema mais

aclamado. Assim, e dada a sua supremacia nas lucernas de volutas, podemos enquadrar 

cronologicamente esta temática de forma bastante precisa no decorrer do século I d.C. e

início da centúria seguinte.

A fauna e a ora são motivos que não parecem ter sido muito comuns na Al -

cáçova de Santarém, correspondendo a uma pequena percentagem dos fragmentos que

permitiram a identicação da temática elaborada.

4.5. Marcas e inscrições epigrácas

Também no que respeita à epigraa, faremos aqui alguns comentários prévios

que entendemos serem pertinentes para contextualizar o percurso da análise que efec-

tuámos da epigraa das lucernas da Alcáçova de Santarém.

O estudo das marcas de oleiro é uma das principais linhas de investigação pri-

oritárias no estudo das lucernas romanas, uma vez que, apesar de constarem em boa

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parte do “Corpus Inscriptionum Latinarum”, que constitui um excelente ponto de partida,

não despertou um interesse tão amplo nos investigadores, como aconteceu no estudo de

outros materiais, dos quais destacamos a terra sigillata.

De facto, a prioridade supramencionada não é em vão. As marcas epigrácas

que as lucernas romanas nos facilitam, quando devidamente analisadas, fornecem

grande diversidade de dados, permitindo auferir, a partir dessas conclusões, indicado-

res cronológicos bastante áveis. Não obstante, a variada informação que as lucernas

permitem digerir, poderá ser deturpada por uma panóplia de problemáticas com que os

investigadores se deparam frequentemente.

A possibilidade de reconhecer ocinas e áreas produtoras, partindo da análiseda dispersão de determinadas marcas de oleiro de lucernas, impulsionou a determina-

ção e composição de variadas e longas listas de marcas, baseadas na componente

epigráca (Morillo Cerdán, 1999, p. 277). Dos trabalhos efectuados para a Península

Ibérica destacamos, entre outros, os de A. Balil (1968). Este autor parece ter investido

um grande esforço na sua obra, numa tentativa de assimilar marcas primárias de oleiro

com as suas respectivas ocinas produtoras.

 As vastas listas de marcas epigrácas elaboradas por A. Balil foram actualiza-

das, em nais da década de 80, pela investigadora Amaré Tafalla. Ainda assim, a obra

de Balil nunca deixa de ser uma obra de referência para qualquer estudo de marcas de

oleiro em lucernas romanas.

Os estudos recentes orientados para a análise de lucernas e baseados unica-

mente nestas recompilações de marcas têm-se mostrado inecazes (Morillo Cerdán,

1999, p. 277), uma vez que a dispersão geográca das mesmas não é factor suciente-

mente decisivo para determinar a localização dos centros produtores.

Segundo alguns autores, dos quais destacamos A. Morillo Cerdán, tem-se

Gráfco 6 – Distribuição dos motivos iconográcos das lucernas da Alcáçova de Santarém.

0

1

2

3

4

5

6

7

Religião e Mito Vida Quodiana Fauna Flora Movos Geométricos

 

0

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Religião e Mito Vida Quodiana Fauna Flora Movos Geométricos

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atribuído demasiado valor à investigação das marcas enquanto ferramenta decisiva na

distinção e denição das ocinae produtoras de regiões concretas e na distribuição e

comercialização deste tipo de materiais. Não podemos colocar de lado, contudo, as dife-

rentes problemáticas que estão por detrás desta realidade.

Sendo as lucernas um tipo de material elaborado quase exclusivamente pelaprática de moldagem, esta permite a sua reprodução, através da técnica de sobremolda-

gem de peças idênticas que incluíam a marca de oleiro da peça originalmente copiada

(Amaré Tafalla, 1987, p. 56). Esta, apesar de pertencer a uma peça elaborada numa

ocina especializada e exclusiva, poderia, desta forma, ser copiada com toda a decora-

ção e marca epigráca num local diferente por um outro indivíduo. Com isto, a dispersão

geográca de marcas poder-se-á encontrar bastante deturpada, devido à existência de

marcas sobremoldadas que não corresponderão ao seu real fabricante. A cópia de lu-

cernas é uma técnica bem menos dispendiosa, sendo aplicada sobretudo à produção

local, e destinava-se a suportar um mercado também ele local de compradores com

posses mais restritas, estando também documentada no território hoje português (Nunes

et al., 1990, p82). Alguns investigadores pensam, no entanto, que as produções locais

são produções também originais, mas de menor qualidade, as quais não apresentariam

marcas de oleiro (Balil, 1969), sendo a sobremoldagem rara.

De facto, tal possibilidade não parece ser, em nosso entender, uma realidade

de todo improvável. Da mesma forma que a cópia deste tipo de peças chegaria ao mer-

cado a preços reduzidos, também uma qualquer produção secundária ou familiar poderia

efectuar um fabrico de lucernas através de técnicas mais rudimentares, auferindo uma

baixa qualidade às peças. Não obstante, teremos que, por vezes, questionar até que

ponto uma maior ou menor qualidade de fabrico poderá ser indicador, por si só, de umaevidente sobremoldagem.

Tal problemática levou alguns investigadores, dos quais destacamos os de na-

cionalidade francesa, entre os quais J. Bonnet (1988), a correlacionar não só marcas e

forma, mas também decoração. No entanto, outros ainda armam que não devemos atri-

buir demasiado valor à inovação atalhada pelos investigadores franceses, pois somente

uma elaborada análise química e física de pastas, efectuada nos diferentes sítios ar -

queológicos, bem como a concretização de uma base de dados internacional, poderiam

resolver a questão (Morillo Cerdán, 1999, p278). Além disto, não poderíamos colocar de

lado a problemática relacionada com as marcas de oleiro dentro da evolução geral das

lucernas. Porém, não é, por enquanto, fácil a criação da referida base de dados, pelo quetais objectivos são ainda difíceis de atingir.

Desta forma, deveremos interpretar os dados relativos à dispersão de marcas

de lucernas romanas somente para orientar as conclusões que deveremos aludir, sem

apontar, no entanto, propostas demasiado dedutivas. Estes dão-nos apenas o conheci-

mento da área nuclear de produção de um oleiro, bem como o seu período de funciona-

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mento, através das formas e decoração das lucernas aí encontradas, não apontando a

procedência de cada exemplar.

Como foi já referido, na investigação deste tipo de peças, temos sempre que ter 

em conta a relação indissociável das marcas de oleiro com a decoração e com a sua

forma tipológica. Algumas das marcas encontram-se associadas a um conjunto tipológicoe decorativo especíco, permitindo atingir conclusões cronológicas mais precisas. Exem-

plo desta realidade seriam as marcas FORTIS, documentada em Conimbriga (Alarcão et 

al., 1976), e STROBILI, associadas sempre a lucernas de canal (Morillo Cerdán, 1999,

p. 278). Estas marcas constituem um exemplo quase seguro e exclusivo à forma a que

pertencem.

 As marcas de oleiro compreendem sempre um estudo mais alargado e complexo

comparativamente às ocinas de produção lucernária. Juntamente com os nomes que

constituem o grosso das marcas de oleiro, tem-se conhecimento de um vasto conjunto

de marcas que consistem apenas em simples letras isoladas, conexão de várias letras,

monogramas, signos anepígrafos ou símbolos abstractos. J. Bonnet foi uma das investi-

gadoras pioneiras na identicação deste tipo de diferenças, bem como na sua denição.

Desta forma, poderemos dividir em três grupos de análise as marcas de oleiro

efectuadas em lucernas, mas convém, no entanto, salientar que esta divisão não é nen-

huma inovação, na medida em que já outros autores a terão referido e proposto.

Contudo, e colocando de parte as nossas opiniões, a referida divisão de grupos

inclui signos ou símbolos anepígrafos, letras isoladas ou conjunto de letras sem conexão

e marcas nominais correspondentes marcas de oleiro que constituem um nome identi-

cável.

Os signos anepígrafos aparecem, frequentemente, durante o século I a.C., emlucernas tipicamente tardo-republicanas. Referimo-nos às formas Dressel 2, 3 e 4, nas

quais estes signos atingem um grande desenvolvimento. Não obstante, estes parecem

prolongar-se até às primeiras formas de volutas, com as quais começam a rarear, de

forma evidente, devido ao aparecimento das primeiras marcas epigrácas. A forma dos

referidos signos é bastante variada e abstracta, embora as mais usuais consistam em cír -

culos impressos isolados ou fazendo parte de combinações em contextos lineares ou le-

tras também isoladas, compondo monogramas de grande complexidade (Morillo Cerdán,

1999, p278). Alguns investigadores têm colocado a possibilidade de estes signos repre-

sentarem o grau de qualidade da peça na qual se encontra (Bonnet, 1988). Contudo, não

podemos atribuir como certa uma proposta em que se associam signos abstractos e semconexão à qualidade da peça. Por outro lado, também os argumentos utilizados poderão

não ser os mais adequados ou convincentes. A nosso entender, esta proposta deve ser 

encarada com alguma cautela, na medida em que os argumentos utilizados dão pouca

consistência a tal possibilidade.

Recentemente, outros autores têm proposto que estes signos poderiam ser com-

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ponentes das peças controladoras da produtividade das lucernas (Morillo Cerdán, 1999,

p. 279).

Estes signos parecem reaparecer durante o Baixo-Império, embora com uma

morfologia, signicativamente diferente. Não obstante, actualmente está ainda por escla-

recer o signicado e interpretação destes signos.Relativamente ao grupo respeitante às letras isoladas ou conjunto de letras sem

conexão (gura 5), o mesmo problema de interpretação parece impor-se (Balil, 1982 p.

166). Sobre este grupo, pouco se poderá dizer, a não ser que se apresentam, por vezes,

com graas arcaicas. Este tipo de marcas em lucernas parece ter sido empregue desde

o século I a.C. até ao século I d.C., reaparecendo novamente durante o século IV d.C.

(Morillo Cerdán, 1999, p. 279). Lembre-se, a título de exemplo, que este grupo de marcas

se encontra documentado no acampamento militar da Lomba do Canho (Nunes et al.,

1990, g.3, nº3),

A marca epigráca contendo um nome é a mais usual e comum na compilação

dos vestígios de produção das lucernas romanas. As formas dos gentilícios variam con-

soante a época e a proveniência. As marcas de produções itálicas de lucernas de volutas

e das Firmalampen apresentam somente o cognomen do produtor. Já as produções de

lucernas de disco alegam formas onomásticas mais completas e complexas, mostrando

 praenomen e nomen, ou nomen e cognomen (Balil, 1969, p. 12). Em alguns casos raros,

aparece ainda o típico tria nomen latino de forma abreviada, é o caso da forma C.OPPI.

RES, exumada em Conímbriga (Alarcão et al., 1976b) e Santa Bárbara de Padrões (Maia

e Maia, 1997), que corresponderá ao nome latino Caius Oppius Restitutus.

 As marcas epigrácas aparecem, na sua maioria, em linha rectangular, sem

qualquer base. Não obstante, por vezes aparecem inseridas numa cartela rectangular.Bastante raras são as marcas circulares ou em forma de meia-lua (Balil, 1982, p. 6 a 13).

Por vezes, as marcas epigrácas surgem no corpo da peça, na orla, na asa ou mesmo

no disco. Alguns investigadores pensam que, neste último caso, os textos aí expressos

podem ser mais do que simples marcas, propondo que se possa tratar de dedicatórias

(Balil, 1969, p. 9 a 10).

Cronologicamente, as características das marcas epigrácas variam. Nas lucer -

nas tardo-republicanas e de volutas, são elaboradas em letra cursiva, enquanto a argila

ainda se encontra fresca. No caso dos pequenos círculos, bem documentados na obra

de Ricci (1973, p. 229), são directamente impressos sobre a argila fresca. Ao desenvolv-

er-se a produção em grande escala, sensivelmente a partir de período ávio, propaga-seo hábito de incluir a marca no molde inferior, evitando, assim, o costume de marcar cada

peça individualmente (Morillo Cerdán, 1999, p. 279). Desta forma, a marca tanto poderia

surgir em relevo, como em negativo.

Através da constatação de marcas que deixam transparecer nomes de oleiros

análogos, tem-se pensado na existência de ocinae que alberguem famílias inteiras ao

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longo de gerações, as quais trabalham na produção deste tipo

de materiais, ou ainda, na possibilidade de a mesma famí-

lia efectuar a produção simultânea em várias ocinas. Exem-

plo desta realidade podem ser as marcas OPPI, C.O.R. e C.

OPPI.RES., produzidas em momentos distintos, pelo mesmooleiro (Morillo Cerdán, 1999, p. 279).

Junto às grandes ocinas de produção de lucernas,

exportadoras de uma vasta panóplia de materiais de grande

qualidade, certamente acomodar-se-iam pequenos centros

artesanais, regidos por pequenas famílias, connados às ne-

cessidades locais de uma cidade ou região envolvente. Não

obstante, vários aspectos desta restrita produção encontram-

se ainda por denir.

Encontramos, por vezes, nas marcas epigrácas,

nomes de origem grega ou servil, como é o exemplo de Fabri-

cius ou Alexi , ambos documentados em Santa Bárbara (Maia

e Maia, 1997), ou ainda Lucretius, documentado em Braga

(Morais, 2005), que parecem evidenciar a presença de liber-

tos na produção de lucernas. Estas marcas surgem frequentemente associadas a contra-

marcas, interpretadas como sistemas de controlo para a efectuação de pagamento dos

trabalhadores livres (Balil, 1969, p. 9 – 10). Mais problemáticas aguram-se as letras

isoladas, que poderiam corresponder ao proprietário, trabalhador ou escravo.

No entanto, a presença de marcas na base das lucernas romanas não constitui

um fenómeno generalizado ao longo da duração das mesmas. A sua origem está docu-mentada na Grécia, durante a época helenística (Balil, 1969, p. 7). É durante o século II

a.C. que este costume aparece em Roma, nas formas tardo-republicanas Dressel 1, 2, 3

e 4. Tratar-se-ia de simples signos anepígrafos, monogramas ou letras isoladas (Morillo

Cerdán, 1999, p. 280). Estes corresponderiam a pequenas ocinas familiares destinadas

a abastecer os mercados da Urbe e da zona periférica desta. Este tipo de marcas parece

estar documentado, sensivelmente, até ao ano 20 a.C.

 A partir desta mesma data, começam a ter peso as marcas epigrácas caracter -

ísticas do cognomen do oleiro em genitivo, escritos em letras itálicas. Estas surgem ainda

nas formas republicanas mais tardias, como é o exemplo da Dressel 4 (Morillo Cerdán,

1999, p. 280).Nas primeiras produções de volutas, centradas no período augustano, as marcas

epigrácas parecem sofrer um declínio, por razões que não podem ainda ser explicadas.

Não obstante, é certo que o hábito de utilizar marca neste tipo de peças deixa de ser uma

obrigação, propagando-se uma organização produtiva característica de numerosas oci-

nas de pequenas dimensões, que fabricavam exemplares de grande qualidade técnica e

Figura 5 – Lucerna com

letra isolada (Nunes et al.,

1990).

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artística (Morillo Cerdán, 1999, p. 280). Durante a época julio-claudiana, as marcas não

são ainda muito frequentes, ressurgindo as letras isoladas e signos anepígrafos, exem-

plo dos quais os círculos impressos.

 A partir de meados do século I d.C., os exemplares de lucernas marcados au-

menta signicativamente, embora só em período ávio este processo volte a alcançar oseu auge. Automaticamente, deparamo-nos com mudanças nas ocinae, as quais con-

servam uma concentrada produção num reduzido número de grandes ocinas produto-

ras de elevadas quantidades de lucernas de pouca qualidade artística (Morillo Cerdán,

1999, p. 280). A produção em grandes quantidades permite a inclusão da marca no mol-

de, difundindo-se o emprego da marca como identicadora de cada ocina em particu-

lar, num momento de grande concorrência pelos mercados. Com isto, assiste-se a um

encadeamento de descentralização da produção desde Roma até às suas províncias.

Consequentemente, avultam os oleiros conhecidos, bem como os seus produtos, não

desaparecendo, contudo, as pequenas ocinas locais (Morillo Cerdán, 1999, p. 280).

Em inícios do século II d.C., a produção itálica diminui rapidamente face às lu-

cernas de disco norte africanas, o núcleo das quais se encontrava na África proconsular.

No que concerne às marcas, este período caracteriza-se pelo aparecimento dos típicos

tria nomina, alguns dos quais de origem servil. Na segunda metade do referido século,

esta realidade acentua-se, connando-se a produção e comércio itálico à área tirrénica.

 A organização produtiva das ocinas reecte, entre outras coisas, as modicações pro-

vocadas pelas circunstâncias socio-económicas (Morillo Cerdán, 1999, p. 280). Desta

forma, a presença de mercados restritos faz com que cada produtor procure identicar 

a sua ocina com as que lhe estão dependentes, bem como distinguir-se dos seus com-

petidores próximos.Em meados do século III d.C., a mudança socio-económica do Império, bem

como a ruína das camadas médias urbanas, estimulam o desaparecimento das grandes

ocinas produtoras de lucernas. Acompanhando esta realidade está a descentralização

produtiva quase absoluta. Consequentemente, com a redução do número de produtores

deste tipo de material, a presença da marca desaparece com grande rapidez, devido à

redução signicativa dos principais monopolizadores do comércio. Neste período, apare-

cem ainda algumas marcas, características de letras isoladas, signos ou monogramas.

4.5.1. Signos anepígrafos

MARCA IMCOMPLETA DE TRAÇOS EM RELEVO (Dressel 2)

A sionomia da marca consiste numa pequena cartela constituída com peque-

nos traços em relevo, que teria, no centro, óvulos de reduzidas dimensões, também em

relevo (gura 12, nº 11). O facto de a marca se encontrar incompleta impossibilita-nos

de perceber se no centro da cartela se encontraria presente apenas um óvulo, ou um

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102

conjunto de óvulos em conexão.

Não nos deparamos com a presença deste tipo de marca nos vários sítios da

Península Ibérica, pelo que não arriscaremos propor uma cronologia para este tipo de

marca, nem as principais formas na qual será mais comum. Não obstante, o fragmento

de Santarém no qual está presente permitiu uma classicação da forma 2 de Dressel.

SEIS CIRCULOS IMPRESSOS (Dressel 2A)

Impressos na base deste exemplar, deparamo-nos com seis círculos concêntri-

cos de pequena dimensão, dispostos em forma de estrela. No centro encontra-se outro

pequeno círculo (gura 15, nº 21).

Deparamo-nos, frequentemente, com este tipo de marca nos exemplares tardo-

republicanos, tendo sido identicados também pela investigadora A. Ricci (1973), tendo

sido possível aí identicar uma marca análoga. As peças onde são mais frequentes re-

stringem-se às formas 2 e 3 de Dressel, permitindo supor e sugerir uma cronologia bal-

izada entre meados do século I a.C. e nais do mesmo século.

MARCA INCOMPLETA DE CÍRCULOS EM RELEVO (Dressel 2A)

Marca anepígrafa realizada mediante a composição de pequenos círculos em

relevo, dos quais somente um se conservou (gura 15, nº 22).

Uma vez que se trata da mesma forma que o exemplar anteriormente analisado,

 julgamos que se poderia tratar do mesmo tipo de marca, ainda que apresentem uma

diferença considerável na sua elaboração. No que respeita à disposição que teriam, não

arriscamos qualquer tipo de interpretação.

MARCA INCOMPLETA DE CÍRCULOS EM RELEVO (tipo indeterminado)

Marca anepígrafa realizada mediante a composição de pequenos círculos em

relevo dos quais se conservam três (gura 11, nº 6).

Tendo em conta que este fragmento não permitiu a sua classicação, não avan-

çaremos com qualquer tipo de leitura ou interpretação para esta marca.

MARCA INCOMPLETA DE CÍRCULOS EM RELEVO (tipo indeterminado)

Marca incompleta que seria composta por pequenos círculos em relevo (gura

53, nº 123). No fragmento conservado resta apenas um círculo, localizado numa das ex-

tremidades da base. É, principalmente, a sua localização descentralizada na base, quenos leva a supor que seria composta por mais pequenos círculos. Geralmente, quando

este tipo de marcas é composta por um círculo isolado, este localiza-se, sensivelmente,

no centro da base.

Curioso é o facto de esta marca não se encontrar numa lucerna tardo-republi-

cana, nas quais este tipo de marcas é predominante, mas sim numa lucerna imperial.

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Efectivamente, os vários autores que se dedicam a esta temática, tendem a associar 

as marcas anepígrafas às lucernas tardo-republicanas, tal como já foi referido. Ainda

assim, e dado estarmos perante uma marca claramente alto-imperial, ainda que não

possamos atribuir-lhe uma classicação, acreditamos que este tipo de marcas poderá ter 

sido colocada ainda nos primeiros exemplares imperiais, como será o caso da forma 9 deDressel. Ainda assim, o investigador A. Morillo Cerdán referiu já a possibilidade de este

tipo de marcas se manter ainda em uso nos primeiros exemplares imperiais, alargando

o seu emprego até meados do século I d.C. Fica ainda por descortinar se existe alguma

separação cronológica entre os círculos impressos e em relevo, ou se ambos coexistem.

ÓVULO IMPRESSO (Lucerna de disco, Dressel 19)

Representação de pequeno óvulo impresso no centro da base da peça (gura

33).

Esta é uma marca bastante problemática uma vez que se trata de uma sobre-

moldagem, a qual deturpou profundamente a transposição da marca. Por este motivo,

não descartamos, de todo, a possibilidade de podermos estar perante uma marca em

 planta pedis, bastante frequentes no reportório epigráco das lucernas romanas. Podem

surgir sem qualquer tipo de inscrição, mas também com a presença de marcas no seu

interior.

4.5.2. Letras isoladas“S” INCOMPLETO EM RELEVO (tipo indeterminado)

Esta marca parece corresponder à letra “S” em relevo, um pouco descentralizadana base da lucerna (gura 53, nº 124). Apesar de esta marca se encontrar incompleta, ar -

riscamos propor a referida letra. De facto, poder-se-ia tratar da letra “C”. No entanto, não

se conhecem até ao momento, qualquer tipo de marcas com esta letra. Por outro lado, a

letra “S”, em relevo, encontra-se bem documentada um pouco por todo o Império.

Esta, aparece, sobretudo, nas formas 9A e 11 de Dressel, assim como na forma

V de Loeschcke. Contudo, este tipo de marca aparece também, pontualmente, na forma

31 de Dressel (Morillo Cerdán, 1999, p. 288), o que diculta a análise da marca aqui em

estudo, uma vez que o exemplar não permite a sua classicação. Contudo, é nas formas

de volutas mais antigas que predomina, podendo, desta forma, corresponder, morfologi-

camente, ao exemplar da Alcáçova de Santarém.

4.5.3. Marcas Nominais“IVNIALEXI” (Lucerna de disco, Dressel 27)

Desconhecemos, até à actualidade, o praenomen do indivíduo que efectuou este

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104

tipo de marcas. No entanto, sabemos que se chamava Ivni(us) Alexi(us) (Maia e Maia,

1997, p. 135). Contudo, alguns investigadores propõem que o mesmo indivíduo terá as-

sinado CIVNALEX, concluindo assim que o seu praenomen seria C(aius). Outros ainda

identicam esta forma com a variante C.IVNIVS.AL, conrmando o seu praenomen.

O cognome  Alexi sugere uma origem grega, indicando que poderemos estar perante um indivíduo de condição servil ou liberto. Não obstante, encontramos, entre as

várias peças marcadas por este indivíduo, apenas uma em que a fórmula é acompan-

hada por uma marca subsidiária ou contra-marca. Esta realidade poderia indicar tratar-se

de um liberto que, juntamente com a marca do produtor, colocaria um pequeno signo,

permitindo ao proprietário a contabilização da produção do mesmo, para que lhe pudesse

efectuar o justo pagamento do seu trabalho. Com efeito, parece ser o caso do exemplar 

da Alcáçova de Santarém (gura 37).

Tem sido proposta uma origem africana proconsular para a ocina exportadora

com estas marcas, balizada, cronologicamente, entre nais do séc. I e o ano 285 d.C.

(Maia e Maia, 1997, p. 135).

MARCA DE DIFÍCIL LEITURA (Lucerna de disco, forma indeterminada)

Marca epigráca de difícil leitura e interpretação (gura 53, nº 125).

 As várias técnicas de obtenção dos caracteres nesta marca demonstraram-se

inecazes, impossibilitando-nos a apresentação de uma leitura segura. Ainda assim ar -

riscamos uma possibilidade que nos pareceu credível, para a qual contribuiu a identica-

ção de alguns caracteres.

Referimo-nos às letras “M...N...R...P” que permitem supor tratar-se do oleiro Lu-

cius Mun(atius) (Th)rep(tus). Esta é uma das marcas que melhor está documentada noCorpus Instriptionum latinarum, e que, por vezes, aparece na variante LMVNTHRE (Maia

e Maia, 1997, p. 140). Apesar de estarmos perante um tria nomen latino, o nome do indi-

víduo deixa transparecer origens gregas. A presença do “h” denuncia uma condição servil

ou liberta.

Esta marca, composta por  tria nomen, está presente um pouco por todo o Im-

pério. No território actualmente português, importa referir cinco exemplares, de Santa

Bárbara de Padrões (Maia e Maia, 1997), que contêm este tipo de marca ou variantes,

mas todas elas pertencentes ao mesmo fabricante.

A maioria dos investigadores parece estar em consenso na atribuição geográca

deste produtor à área de Roma (Bailey, 1980, p. 98; Bonnet, 1988, p. 149). No entanto,Balil atribui esta marca a uma ocina norte africana (Balil,, 1969). A aplicação deste tipo

de marca também se encontra documentado em Montans (Berges 1989, p. 110), ainda

que obtida através da técnica de sobremoldagem.

A realidade documentada em Montans parece corresponder, de certo modo, ao

de Braga, onde se exumaram moldes lucernários com a presença da mesma marca

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(Sousa, 1965-66, p. 165, 1669, p. 309; Morais, 2002, p. 181; 2005, p. 361 - 362).

Quanto ao seu período de funcionamento, este parece estar situado entre nais

do reinado dos Flávios até inícios do reinado de Antonino (Bailey, 1980, p. 98).

Mais uma vez não poderíamos deixar de sublinhar que esta corresponde apenas

a uma possível leitura, relembrando que se trata de uma marca pouco legível e que, por isso, poderá induzir a leituras desacertadas.

MARCA DE DIFÍCIL LEITURA (Tipo indeterminado)

Marca epigráca de difícil leitura e interpretação, da qual chegou até nós apenas

metade. O fragmento, correspondente a um fundo e parte do reservatório, encontra-se

quebrado ao meio, o que fez com que se perdesse, automaticamente, metade da marca

(gura 53, nº 126).

 Além disso, o fragmento não permite descortinar se corresponde a uma sobre-

moldagem, o que poderia explicar a presença de uma marca epigráca tão irregular.

Dadas as suas características, não arriscamos aqui qualquer tipo de leitura.

MARCA ILEGÍVEL (Lucerna de disco, forma 19 de Dressel)

Marca epigráca ilegível (gura 32). O exemplar onde esta se encontra corre-

sponde, claramente, a uma sobremoldagem, que não permite a identicação da marca

de oleiro. Ainda que corresponda a uma cópia, o exemplar recolhido na Alcáçova de

Santarém denuncia algum cuidado no tratamento da superfície, o que contrasta com o

aspecto da marca.

4.5.4. Inscrições no disco“C” INCISO (lucerna de volutas, tipo indeterminado)

Esta marca caracteriza-se por uma pequena letra isolada e incisa, localizada

no disco da peça (gura 53, nº 127). A marca referida não deveria estar no molde, pois

parece tratar-se de uma pequena incisão leve e bastante na. No entanto, aparenta ter 

sido efectuada antes da cozedura e da própria aplicação do engobe.

O facto de não termos obtido nenhum tipo de paralelo para esta marca, conju-

gado com a impossibilidade de classicação do fragmento pelas suas reduzidas dimen-

sões, não permite sugerir uma cronologia. Quanto às formas em que estaria maioritari-

amente presente, também não arriscaremos tratar o assunto, devido ao facto de se tratar de uma marca localizada no disco, o que diculta a obtenção de ilações seguras.

MARCA DE DIFÍCIL LEITURA (Lucerna de volutas, Dressel 9)

Marca epigráca de difícil leitura e interpretação, da qual chegou até nós apenas

uma parte (gura 21, nº 50). O fragmento corresponde a um disco de lucerna de volutas

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da forma 9 de Dressel. Ainda que com algumas reservas, cremos que a inscrição se en-

contraria em torno da totalidade do disco, compondo uma inscrição mais complexa e que,

dada a reduzida dimensão do fragmento, impossibilita a sua transcrição.

 As inscrições no disco são bastante frequentes e aludem, geralmente, ao nome

das personagens que se encontram representados na mesma. Parecem ser bastante co-muns na representação de cenas de gladiadores, pugilato ou circenses (Morillo Cerdán,

1999, p. 307).

MARCA ILEGÍVEL (Lucerna de disco, Dressel 19)

Inscrição epigráca ilegível, localizada em torno ao disco da lucerna, o qual não

apresenta decoração. O exemplar onde esta se encontra corresponde, claramente, a

uma sobremoldagem que não permite a transcrição da inscrição (gura 33).

Frequentemente, deparamo-nos com inscrições pouco claras presentes nos dis-

cos das lucernas, realidade que se deve ao emprego da técnica de sobremoldagem para

a produção das lucernas, a qual não permite, por sua vez, a reprodução exacta dos rel -

evos da superfície da peça. Assim, e neste caso, tal realidade diculta e até impede que

se obtenha uma leitura destas inscrições.

4.5.5. DiscussãoAinda que as lucernas romanas exumadas na Alcáçova de Santarém não ten-

ham fornecido um vasto leque de informação relativa à epigraa, é, ainda assim, possível

delinear algumas ilações que julgamos relevantes.

Antes de mais, convêm referir que, dos 17 fragmentos identicados que teriampresença de marca de oleiro, somente 14 permitiram a sua identicação ou descrição. Os

restantes três correspondem a áreas limítrofes de cartelas que conteriam a marca epi-

gráca. No entanto, desta não chegou até nós qualquer carácter que permitisse alguma

ilação.

São os signos anepígrafos que se encontram mais representados neste conjun-

to, correspondendo a quase metade dos exemplares. Estes aparecem, frequentemente,

durante o século I a.C., nas denominadas lucernas tardo-republicanas. Não obstante,

estes parecem prolongar-se até às primeiras formas de volutas. A forma dos referidos

signos é bastante variada e abstracta, embora a mais usual consista em círculos im-

pressos isolados (Morillo Cerdán, 1999, p. 278). Alguns investigadores têm colocado apossibilidade de estes signos representarem o grau de qualidade da peça na qual se

encontra (Bonnet, 1988). Recentemente, outros autores têm proposto que estes signos

poderiam ser componentes das peças controladoras da produtividade das lucernas (Mo-

rillo Cerdán, 1999, p. 279).

Com efeito, e como se pode vericar na análise morfológica deste conjunto, o

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período romano republicano encontra-se muito bem representado na Alcáçova de San-

tarém. Por este motivo também encontramos uma maior presença e variedade de signos

anepígrafos sobre lucernas tardo-republicanas, maioritariamente das formas 2 e 2A de

Dressel. Podemos, assim, constatar a correspondência cronológica e morfológica que se

tem atribuído a este tipo de marcas, predominantes durante o século I a.C.A análise da epigraa complexica-se quando observamos o quadro das marcas

correspondentes a letras isoladas, marcas de oleiro ou inscrições no disco, não pela sua

ausência mas pela diculdade na transcrição destas.

Podemos reconhecer a presença de quatro marcas epigrácas neste conjunto.

No entanto, somente uma permitiu uma leitura clara e concisa, correspondente a uma

marca efectuada sobre uma lucerna da forma 27 de Dressel, de importação norte afri-

cana. A marca corresponde ao indivíduo Ivni(us) Alexi(us), o qual sugere uma origem

grega, indicando que poderemos estar perante um indivíduo de condição servil ou li -

berto. Tem sido proposta uma origem africana proconsular para a ocina exportadora

com estas marcas, o que vai de encontro à proposta de proveniência do exemplar deste

conjunto “rmado” com esta marca.

Não obstante as diculdades vericadas na análise da epigraa das lucernas da

 Alcáçova de Santarém, o panorama geral corresponde ao esperado. Denotamos uma

clara predominância dos signos anepígrafos e marcas com letras isoladas e inscrições

no disco. Em qualquer sítio arqueológico de cronologia romana que permita a recolha

Gráfco 7 – Distribuição das marcas de oleiro nas lucernas da Alcáçova de Santarém.

0

1

2

3

4

5

6

Signos Anepígrafos Letras Isoladas Marcas Inscrições no Disco

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deste tipo de materiais, o quadro geral da análise desta temática corresponde, regra

geral, à vericada, também, na Alcáçova de Santarém.

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5. As lucernas romanas da Alcáçova de Santarém; conclusões e reexões

Ao longo deste trabalho, fomos abordando e apresentando a análise descritiva

das cerâmicas de iluminação da Alcáçova de Santarém, expondo-se as principais carac-

terísticas tipológicas, cronológicas, epigrácas e iconográcas das lucernas romanas.

 Apresentamos, assim, um conjunto de importante valor, quer pela sua diversi-dade, quer pela sua qualidade e características, que conta com 393 fragmentos, que se

podem distribuir entre lucernas de inuência helenística, tardo-republicanas, imperiais de

volutas, imperiais de disco e paleocristãs.

As lucernas constituem um fóssil director em qualquer escavação do período em

que se inserem, não necessitando imperativamente das relações estratigrácas (Morillo

Cérdan, 1999, p. 309), ainda que a estratigraa assuma um papel de conrmação e re-

nação cronológica. Contudo, é cada vez mais evidente que a cronologia proposta para as

distintas formas de lucernas não é absoluta, podendo variar, signicativamente, de região

para região, ou até localmente, além de algumas disparidades que poderão existir entre

datações de produção e de utilização deste tipo de material. Acresce a estas problemáti-

cas a aplicação da técnica de sobremoldagem, que pode deturpar signicativamente o

âmbito cronológico das lucernas.

Certamente que os exemplares que constituem cópias serão, obrigatoriamente,

mais tardios que os originais. Entre a fabricação do original e da cópia deverão existir 

processos que retardam o aparecimento do segundo. Primeiro, terá que se produzir o

original, o qual será alvo de disseminação e comercialização, implementando automati-

camente um gosto distinto na sociedade ou comunidade em que este produto se insere.

Somente após todo este processo, se deverá procurar imitar um produto importado en-

quanto resposta à sua grande procura. Exemplo de tal realidade é a peça Nº 90 do con- junto de Scallabis que corresponde a uma cópia de segunda geração, e que tivemos a

felicidade de encontrar o exemplar que copia.

 Admitimos, contudo, que a baliza cronológica que separa ambas as realidades

pode ser tão pequena que não deixa quaisquer vestígios nos dados arqueológicos. In-

dependentemente, parece evidente, senão óbvio, um desfasamento temporal entre o

surgimento de um produto que seria grandemente procurado e o surgimento de cópias

adquiridas a um mais baixo preço. Esta é uma realidade ainda bem visível nos dias de

hoje.

Não obstante, ao estabelecer datações para as lucernas, devemos ter sempre

em consideração a sua associação a outros tipos de materiais incluídos no mesmo es -trato. Dos referidos materiais, destacamos a terra sigillata, que, tal como as lucernas,

assume um carácter de fóssil director, bem como a numismática, ânforas e a cerâmica

campaniense, entre outros. Como tal, a atribuição cronológica a este tipo de materiais

deve ser fundamentada pela informação disponível na estratigraa em que se encon-

tram.

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Infelizmente, os contextos estratigrácos da Alcáçova de Santarém não permiti-

ram, na maioria dos casos, a obtenção de contextos seguros que corroborassem a cro-

nologia das lucernas romanas. Com efeito, os níveis romanos, principalmente os impe-

riais, encontram-se profundamente afectados pela continuidade ocupacional do local. A

expansão ou alteração da malha urbana deste local obrigou à destruição de estratos pré-existentes, motivo pelo qual nos deparamos, com frequência, com unidades revolvidas.

Não obstante, certo é que o estudo das cerâmicas de iluminação permite contri-

buir para uma historiograa ável do local arqueológico onde são exumadas. Com a sua

integração no amplo e complexo mundo romano, certamente que, e a título de exemplo,

em fases de crise económica o poder de compra das populações deixa transparecer um

esmorecer da aquisição de bens materiais, como poderá ser o caso de Scallabis a partir 

de nais do alto império, bem como, na situação inversa, nos poderemos deparar perante

estratos ricos em determinados materiais arqueológicos. Estes materiais, por outro lado,

poderão também permitir compreender melhor o processo de conquista romana ao nível

de adopção de novos hábitos quotidianos, e a consequente fase de romanidade.

O estado actual de conhecimento das lucernas de iluminação antes da nossa

Era encontra-se ainda, em nosso entender, numa fase ainda bastante rudimentar. Tal

fenómeno dever-se-á por um lado, ao facto de os investigadores terem dado inicialmente

primazia aos exemplares imperiais, mais elaborados e esteticamente mais complexos.

Por outro, porque se inserem num período ele próprio bastante complexo e pouco desen-

volto, numa área geográca para a qual convergem três tradições distintas de fabrico de

cerâmicas de iluminação: o púnico, o helenístico e o romano (Fabião, 1998, p. 426).

 Através das lucernas de inuência helenística (de tipo Ricci), e das lucernas tar -

do-republicanas (de tipo Dressel), podemos assimilar estes achados com a historiograaao longo do processo de conquista romana (guras 54 e 55). Já durante a romanidade

do território hoje português, englobam-se as restantes formas pertencentes ao período

imperial.

 A análise da questão da transição e/ou introdução de cerâmicas de iluminação

no território peninsular tem de ser abordada, necessariamente, numa perspectiva supra-

regional. Com efeito, na Península Ibérica, deparamo-nos com uma série de comuni-

dades culturais heterogéneas que não podem ser englobadas numa mesma realidade.

Nas zonas mais meridionais, a tradição de cerâmicas de iluminação remontam ao perío-

do orientalizante, concretamente ao séc. VIII a.C., em cronologia tradicional, traduzindo-

se na importação e também produção de lucernas de cerâmica comum e de cerâmica deengobe vermelho. A utilização de lucernas mantém-se durante todo o I milénio a.C., na

referida área geográca. Assim, nas zonas mais meridionais do território peninsular, a in-

trodução dos modelos romanos de lucernas reecte mais uma situação de continuidade,

de uma tradição de séculos.

Contudo, à medida que avançamos para áreas mais a norte, os dados sobre este

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tema em particular escasseiam, dicultando a sua leitura. Este facto não implica neces -

sariamente a sua inexistência, considerando-se a possibilidade de serem fabricados em

materiais perecíveis. Nesta zona, a chegada das lucernas romanas deve ter consistido

numa inovação que alterou, certamente, os hábitos da vida quotidiana.

Em relação à fachada ocidental do território actualmente português, a situaçãoagura-se ligeiramente distinta. As zonas estuarinas do Mondego, Tejo e Sado foram

desde cedo incluídas no processo da colonização fenícia da Península Ibérica, durante

o qual conheceram, certamente, a importação de lucernas de um e dois bicos. Contudo,

a partir de meados do primeiro milénio a.C., estas áreas parecem ter-se desconectado

do mundo comercial mediterrâneo, a julgar pela queda abrupta de importações registada

nos vários sítios ocupados (Arruda, 2002). Parece ser apenas com a chegada dos agen-

tes romanos que estas áreas retomam o seu lugar nos circuitos comerciais. Contudo,

também aqui se desconhece, dada a grande ausência de dados sobre a sua cultura

material da segunda metade do 1º milénio, se as cerâmicas de iluminação continuaram

a ser produzidas ou se apenas com a chegada dos contingentes militares romanos se

reintroduziu a prática.

A partir do período imperial, deparamo-nos com um evidente incremento e di-

versicação dos locais habitacionais (gura 17), devido a uma política de romanização

e urbanização iniciada com Augusto, culminando com a respectiva consolidação desta

política durante o reinado dos Flávios. Não se deve esquecer, também, a organização e

desenvolvimento do território rural, estruturado, pelo menos numa fase inicial, em torno

desses núcleos urbanos. A reorganização territorial, que se verica após a adopção da

política municipalizadora, reecte-se em vários centros criados neste período, abraçando

epítetos dos seus fundadores. Exemplos desses centros são Bracara Augusta e AquaeFlaviae, entre outros.

Desta forma, este é um período que se caracteriza pela consolidação dos nú-

cleos habitacionais de época anterior, organizados profundamente (Morillo Cérdan,

1999, p. 338). Contudo, a multiplicação de centros urbanos implica, automaticamente, o

desenvolvimento de uma intensa rede comercial dos produtos alimentares e manufactu-

rados que têm de ser introduzidos nesses recentes núcleos para satisfazer a procura dos

mesmos.

Além do que foi já referido, as lucernas romanas aguram-se também de ex-

trema importância na compreensão de mudança de gostos, por parte dos consumidores.

 A variação estética e formal deste tipo de material tem uma evolução que se rege pelosgostos sócio-culturais. A aplicação de tal estudo decorativo das lucernas no território hoje

português surge como indicador de adopção, por parte das sociedades indígenas, de

novos hábitos sociais, culturais e até de modicações estruturais a nível mental.

Não pretendendo repetirmo-nos demasiado, e tendo em conta que fomos dis-

cutindo este conjunto após cada análise, é ainda conveniente abordar alguns aspectos

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que se aguram relevantes.

O conjunto da Alcáçova de Santarém permite, com efeito, corroborar muito do

que se tem escrito sobre este local. Desde logo reparamos que o período republicano se

encontra muito bem representado quer quantitativamente, quer na variedade morfológica

das lucernas republicanas. Estas correspondem a 13.7% da totalidade do conjunto, dis-tribuídos por exemplares de inuência helenística e tardo-republicanos.

Cabeça de Vaiamonte Lomba do Canho Alcáçova de Santarém

Ricci E 1 - 2

Ricci F 1 - -

Ricci G 2 - -

Ricci H 1 ou 2 2 1

Dressel 1 - - 2

Dressel 2 1 3 ou 5 22Dressel 2/3 - - 2

Dressel 3 - 1 5

Outras 3 5 -

Os dados obtidos permitem, conjuntamente com os restantes materiais e arqui-

tectura coeva (Diogo, 1984; Arruda e Almeida, 1998; Arruda e Sousa, 2003; Almeida,

2006; Bargão, 2006), observar que de facto Scallabis parece ter tido uma considerável

importância durante o período romano-republicano. Não obstante, e ainda que se ten-ham identicado exemplares anteriores, a referida importância parece estar patente,

principalmente, a partir de início do século I a.C., momento em que se parece ter iniciado

um período de crescente prosperidade neste local. Certamente que antes de uma ocupa-

ção efectiva e visível arquitecturalmente, este local foi palco de explorações do território,

de contactos mais ou menos esporádicos e, por último, de uma ocupação crescente que

poderá deixar vestígios mais evidentes na cultura material.

Por outro lado, e como foi já abordado em outros capítulos deste trabalho para

o momento de aparente esmorecer de importação de lucernas, também os exemplares

mais antigos não sejam tão expressivos devido ao facto a área habitacional nuclear,durante o século II a.C., estar deslocada dos pontos de intervenções arqueológicas. De

facto, e como acontece frequentemente, as variadas condicionantes impossibilitam ila-

ções mais seguras.

 Analisando o quadro no qual efectuamos uma análise comparativa com outros

conjuntos de lucernas republicanas do actual território português, reparamos que é com

Tabela 2 – Análise comparativa dos conjuntos de lucernas romanas-republicanas da Alcáçova de Santarém

com outros dois importantes sítios do território actualmente Português.

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o conjunto lucernário da Lomba do Canho que o conjunto de Scallabis denota maior 

compatibilidade (tabela 2). Não causa grande estranheza que tal se verique tendo em

conta que, e como temos vindo a sublinhar, é na primeira metade do século I a.C. que o

conjunto da Alcáçova de Santarém é mais expressivo.

Não obstante, não deveremos esquecer que em Scallabis foram também identi-cados dois exemplares do tipo E de Ricci, aproximando assim o início de importação das

cerâmicas de iluminação da cronologia vericada para o Cabeço de Vaiamonte.

 A principal diferença que se denota entre estes três locais reside na quantidade

de lucernas identicadas. Tal diferença poder-se-á dever ao facto de a Alcáçova de

Santarém apresentar uma continuidade ocupacional consideravelmente maior, contrari-

amente à Lomba do Canho e Cabeço de Vaiamonte, e também devido à localização de

Scallabis permitir o acesso directo ao Atlântico facilitando, assim, a recepção e introdução

de produtos manufacturados.

Não podemos também deixar de ter em conta que a área escavada em cada

um destes sítios não é coincidente. Podemos armar que a Alcáçova de Santarém é,

seguramente, o local com uma área escavada maior comparativamente a Caceres el

Viejo (Ulbert, 1984), a Lomba do Canho ou a Cabeça de Vaiamonte (Fabião, 1998). Tal

realidade contribui para a inação de exemplares em Scallabis.

No que respeita à funcionalidade destes três locais, a qual permitiria também a

obtenção de relevantes ilações, e mais especicamente sobre Scallabis, não poderíamos

deixar de relacionar os dados com a presença de contingentes militares que, eventual-

mente, se pudessem encontrar neste local, temática já por nós abordada. No entanto,

e ainda que as lucernas de inuência helenística e tardo-republicanas se encontrem,

muitas vezes, associadas à presença de contingentes militares ou em sítios de índolefortemente militar, não poderíamos deixar de colocar a possibilidade de Scallabis corre-

sponder, a partir de determinado momento, a um sítio precocemente romanizado no qual

se encontraria uma considerável quantidade de indivíduos genuinamente romanos.

Se tivermos em conta a grande quantidade de lucernas de tipo Dressel 2 presen-

tes neste local, poderíamos pensar que este facto corresponda a um momento de maior 

estabilidade económica e social que permitiu um orescimento bem documentado arqui-

tecturalmente. Com efeito, este tipo parece ter sido abundantemente distribuído durante

o segundo e terceiro quartel do século I a.C. (Fabião, 1998, p. 434).

As lucernas de volutas constituem a produção imperial primordial por excelência.

São possuidoras de uma elevada qualidade técnica e artística, impulsionadas e difundi-das devido à prosperidade económica que se vivia em período augustano (Morillo Cér -

dan, 1999, p. 67).

Estão documentadas em todos os locais arqueológicos situados cronologica-

mente entre o reinado de Augusto até nais do séc. I d.C. A Alcáçova de Santarém não

parece corresponder a uma excepção, sendo as lucernas deste tipo, as que melhor se

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encontram representadas.

Ainda que este tipo de lucernas não se encontre somente documentado em nú-

cleos habitacionais, este parece ser o caso de Scallabis, que corresponde claramente a

um assentamento populacional. Não obstante, os contextos de recolha dos materiais são

de extrema importância aquando uma atribuição funcional aos mesmos. Por este motivo,pensamos que as lucernas recolhidas no estrato 04 do quadrado 14/17 da campanha de

1994/1995, na qual se colocou a descoberto o templo, poderão corresponder não a lu-

cernas utilizadas com um carácter meramente funcional, até porque apresentam poucos

ou mesmo nenhuns vestígios de utilização, mas sim a “ex votos” colocados nesse local.

A partir de nais do século II d.C. e início da centúria seguinte, Scallabis parece

perder o seu poder aquisitivo, realidade esta que se reecte nos produtos manufactura-

dos importados, como se pôde já constatar no estudo de outros materiais deste local,

como é o caso da terra sigillata (Viegas, 2003).

 As cerâmicas de iluminação demonstram também uma quebra nas importações

que, a partir desse momento, se torna evidente, podendo-se relacionar directamente com

a crescente importância que Olisipo adquiria. Esta temática foi já levemente abordada no

capítulo 3.2, no qual deixamos bem claro que, tal como outros autores já documentaram,

também o conjunto das cerâmicas de iluminação da Alcáçova de Santarém transparece

uma evidente quebra de importação a partir de inícios do século II d.C.

A questão que parece ser evidente é se de facto se deve a Olisipo a perda de

importância de Scallabis. Não resulta fácil determinar tal realidade, contudo, os dados

levam a propor que a crescente inuência de um deles, corresponde ao enfraquecimento

do outro.

Por outro lado, pensamos que este aparente enfraquecimento patente no estudodas lucernas poder-se-á dever a vários factores, que deturpam a realidade por detrás

de um aparente motivo, e não única e exclusivamente a um único. Queremos apenas

sublinhar com isto que, aquilo que referimos anteriormente, carece ainda de uma base

argumentativa que a sustenha. De facto, os dados existentes até ao momento obrigam-

nos a ter tal possibilidade em conta, mas a ausência de outros alertam para um cuidado

na hora de fazer armações.

Não devemos esquecer que esta aparente quebra no poder de aquisição poder-

se-á dever a uma qualquer reorganização do espaço ocupado, redesenho urbano (Man-

tas, 1996) ou mesmo mobilidade populacional.

Segundo os dados de outros sítios arqueológicos, como é o caso de Castro Ma-rim (Viegas, 2003), de Monte Molião (Arruda et al., 2008) ou de Alcácer do Sal (Pereira,

no prelo), reconhecemos que o nal do século I d.C. e a centúria seguinte marcam uma

mudança signicativa na reorganização do espaço ocupado e principais critérios de se-

lecção desses mesmos espaços, pelo menos na zona Centro e Sul do território actual-

mente português. Desde logo reparamos na necessidade de deslocar os centros urbanos

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de locais em altura para locais mais baixos e aplanados, realidade que se deve à neces-

sidade cada vez mais emergente de abastecimento de recursos hídricos em contrapar -

tida da visibilidade e defensibilidade.

Mas, voltando às lucernas, e agora mais concretamente à iluminação, desde

cedo se teve conhecimento de outras formas de luminária menos dispendiosas e comuma facilidade de acesso bem mais coadjuvada. Referimo-nos à utilidade de simples

tochas ou até de fogueiras, que permitiam uma iluminação acrescida de compartimentos,

pois se compararmos a chama de uma tocha à de uma lucerna, certamente que chegare-

mos à conclusão que uma tocha oferece um grau de luminosidade maior.

 Acresce ainda a este facto que, decerto, a vivência dos indivíduos, no período

tratado, se efectuaria maioritariamente durante o dia, quer a nível de trabalho ou de lazer.

Certamente que apenas uma percentagem diminuta se dedicaria à convivência nocturna,

enquanto a restante se dedicaria ao trabalho de “sol-a-sol”. Poderemos armar que esta

realidade se vericou até há bem pouco tempo. A introdução da electricidade alterou os

nossos hábitos, entre eles, o de fazer coincidir as horas de luz solar com as horas labo-

rais.

Outro aspecto que este conjunto permite realçar consiste na análise compara-

tiva entre as percentagens das diferentes produções das lucernas. Os exemplares da

 Alcáçova de Santarém evidenciam uma presença predominante das produções itálicas,

caracterizadas por exemplares de muito boa qualidade técnica e produtiva, expondo um

gosto maioritário pelos produtos desta proveniência.

 Ainda assim, este conjunto apresenta também um elevado número de produ-

tos de fabrico hispânico, ainda que estes não suplantem os exemplares itálicos. Esta

elevada percentagem de produtos hispânicos, sobretudo os que são provenientes daBética, dever-se-á não tanto á sua qualidade técnica, mas sim ao facto de constituírem

produtos de valor mais reduzido, comparativamente com os produtos itálicos, o que se

deveria, por um lado, à sua menor qualidade, e, por outro, aos menores custos no seu

transporte.

Com efeito, a chegada dos produtos à Alcáçova de Santarém efectuar-se-ia por 

mar e, pela sua navegabilidade, pelo rio Tejo. Quer as lucernas itálicas, quer as lucer -

nas de produção hispânicas da Baetica facilmente acederiam a este local desta forma,

facilitando o seu transporte em custo e em número. O número reduzido de exemplares

emeritensis, que chegariam a Scallabis por terra, justicar-se-á pelas diculdades de

transporte, que não permitia uma auência tão elevada de produtos e podia ainda ser sujeito a pilhagens.

No conjunto lucernário da Alcáçova de Santarém, existem, ainda que de forma

muito diminuta, exemplares de produção africana. Efectivamente, os produtos norte afri-

canos também constam da lista de produtos manufacturados importados pelos scallabi-

tanos. Não obstante, a sua fraca expressão terá justicação não nas rotas ou custos, mas

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sim nas várias possibilidades que vimos colocando para este esmorecer de aquisição de

produtos de iluminação.

Não poderíamos, ainda, deixar de referir que na totalidade do conjunto de

cerâmicas de iluminação de Scallabis nos deparámos com uma quantidade considerável

de peças sobremoldadas, correspondendo a 6% da totalidade do conjunto. No entanto,

vericámos ainda a presença de exemplares de difícil leitura que poderão corresponder a produções locais/regionais, as quais incluímos no grupo das indeterminadas.

A realidade documentada com o estudo das cerâmicas de iluminação encontra

fortes semelhanças com a importação de terra sigillata (Viegas, 2003), a qual, de igual

forma, apresenta o auge de importação nos inícios do período imperial. Quanto à presen-

ça de paredes nas neste local, a situação complexica-se um pouco, comparativamente

com as lucernas. As paredes nas, publicadas até ao momento (Arruda e Sousa, 2003),

são maioritariamente de cronologia tardo-republicana, correspondendo as do período

imperial a uma percentagem diminuta. Assim, o auge de importação deste tipo de ma-

teriais encontra-se localizado em período tardo-republicano, contrariamente às lucernas

romanas do mesmo local. Não obstante, as autoras referem que esta realidade poderáestar relacionada com a presença de vidros romanos em Santarém, os quais se gener-

alizaram, neste local, em meados do século I d.C. (Antunes, 2000), sendo responsáveis

pelo progressivo abandono das paredes nas (Arruda e Sousa, 2003, p. 285).

Relativamente à importação de ânforas, os dados permitem dar consistência ao

que fora referido anteriormente. As típicas Dressel 1, classe 67 e classe 32 encontram-

Gráfco 8 – Percentagens de lucernas originais e sobremoldadas na Alcáçova de Santarém.

79%

15%

Lucernas originais

Lucernas sobremoldadas

Indeterminadas

6%

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se perfeitamente documentadas em Santarém durante o século I a.C. (Arruda, Viegas

e Bargão, 2005, p. 294 – 295, Bargão, 2006, Almeida, 2006). Não obstante, o auge das

importações encontra-se localizado entre o início do principado de Augusto e o reinado

de Tibério (Arruda, Viegas e Bargão, 2005, p. 295), coincidindo, de certa forma, com o

início de maior importação de lucernas e que, certamente, acompanharam as ânforas noseu transporte.

Posto isto, poderemos supor que a importação de objectos destinados à ilumina-

ção acompanhou, em certa medida, os restantes materiais mencionados, que, compara-

tivamente com as lucernas, apresentam um auge de importação concordante ao tipo de

materiais aqui em estudo. Apenas as paredes nas refutam este parecer, estando escas-

samente representadas em período alto-imperial, mas que poderá ser explicada, como

 já foi referido, pela sua substituição pelos vidros.

Esperamos que novos conjuntos de cerâmicas de iluminação sejam publicados

no futuro, contribuindo para a conrmação dos dados obtidos pelas lucernas romanas

de Scallabis, mudando o panorama da distribuição geográca das mesmas no território

actualmente português e oferecendo novos contextos que permitam anar cronologias.

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Figura 6 – Localização de Santarém na Península Ibérica.

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

135

Figura 7 – Localização de Santarém na carta militar de Portugal - 1:25 000, olha 353.

(Instituto Geográco do Exercito)

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

136

Figura 8 – Localização das áreas intervencionadas na Alcáçova de Santarém.

Horto do Jardim

Campanha de

1994/95

Viveiros do Jardim

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

137

Figura 9 – Perl do Quadrado 14/17 e otograa do estrato 4 do mesmo Quadrado.

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

138

    T   a    b   e    l   a   3  –   E  q  u   i  v  a

    l   ê  n  c   i  a  s   t   i   p  o

    l   ó  g   i  c  a  s   t  e  n

    d  o   p  o  r

    b  a  s  e  a  s

    f  o  r  m

  a  s

    d  e   D  r  e  s  s  e

    l .

    (   B  e

    l   t  r   á  n

 ,   1   9   9   0  ;   C  e

    l   i  s   B  e   t  r   i  u ,

   2   0   0   5    )    (   a    d   a   p   t   a    d   o

    )

   T   i  p  o   l  o  g   i  a

   E  q  u   i  v  a   l   ê  n  c   i  a  s

   T   i  p  o   l  o  g   i  a

   E  q  u   i  v  a   l   ê

  n  c   i  a  s

   D  r  e  s  s  e   l   1

   R   i  c  c   i  –   D  r  e  s

  s  e   l   1

   D  r  e  s  s  e   l   6

   L  o  e  s  c   h  c   k

  e   X   K

   R   i  c  c   i  –   D  r  e  s  s  e   l   1   A

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   6

   R   i  c  c   i  –   D  r  e  s  s  e   l   1   B

   P  o  n  s   i  c   h

   V

   B

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   I   I

  –   1 ,   3

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

  –   5 ,   2 ,   2

   D  r  e  s  s  e   l   2

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m   b  o  g   l   i  a   2

   L  e   i   b  u  n   d  g  u   t

   X   X   X   I   I

   P  o  n  s   i  c   h   1

   B

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y

   b  –   1   0

   D  e  n  e  a  u  v  e   I

   D  r  e  s  s  e   l   7

   D  e  n  e  a  u  v  e

   V   I   A

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   I   I

  –   1 ,   2

   W  a   l   t  e  r  s

   6   5

   R   i  c  c   i  –   D  r  e  s  s  e   l   2

 ,   2   A ,

   2   /   3

   D  r  e  s  s  e   l   8

   D  e  n  e  a  u  v  e

   V   I   A

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y

   b  –   1

   W  a   l   t  e  r  s

   6   5

   D  r  e  s  s  e   l   3

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m   b  o  g   l   i  a   3

   D  r  e  s  s  e   l

   9   A

   L  o  e  s  c   h  c   k

  e   I   A

   P  o  n  s   i  c   h   1

   C

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   9   A

   D  e  n  e  a  u  v  e

   I   I   I

   P  o  n  s   i  c   h   I   I ,   A  -   1

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V  –   1 ,   2 ,   1

   D  e  n  e  a  u  v  e

   I   V   A

   L  e   i   b  u  n   d  g  u

   t   I   I

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

  –   2 ,   1 ,   1

   R   i  c  c   i  –   D  r  e  s  s  e

   l   3 ,

   3   A

   L  e   i   b  u  n   d  g

  u   t   V

   D  r  e  s  s  e   l   4

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m   b  o  g   l   i  a   4

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y   b  –   4

   P  o  n  s   i  c   h   1

   C

   D  r  e  s  s  e   l

   9   B

   L  o  e  s  c   h  c   k

  e   I   B

   D  e  n  e  a  u  v  e

   I   I

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   9   B

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V  –   1 ,   2 ,   2

   P  o  n  s   i  c   h   I   I ,   A  -   1

   R   i  c  c   i  –   D  r  e  s  s  e

   l   4 ,

   4   A

   D  e  n  e  a  u  v  e

   I   V   A

   L  e   i   b  u  n   d  g  u   t   I

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

  –   2 ,   1 ,   2

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y

   b  –   2

   L  e   i   b  u  n   d  g

  u   t   V   I

   D  r  e  s  s  e   l   5

   L  o  e  s  c   h  c   k  e   X

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y   b  –   4

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m   b  o  g   l   i  a   5   C

   W  a   l   t  e  r  s

   7   8

   P  o  n  s   i  c   h   V

   A

 

   D  e  n  e  a  u  v  e   I

   X   A

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V  –   5 ,   2 ,   1

   L  e   i   b  u  n   d  g  u   t   X   X   V

   I  -   X   X   X

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y   b  –   1   0

   W  a   l   t  e  r  s   9   0

   /   9   1

 

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

139

    T   a    b   e    l   a   3    (   c   o   n   t    i   n   u   a   ç   ã   o    )  –   E  q  u   i  v  a

    l   ê  n  c   i  a  s   t   i   p  o

    l   ó  g   i  c  a  s   t  e  n

    d  o   p  o  r

    b  a  s  e

  a  s

    f  o  r  m  a  s

    d  e   D  r  e  s  s  e

    l .

    (   B  e

    l   t  r   á  n

 ,   1   9   9   0  ;   C  e

    l   i  s   B  e   t  r   i  u ,

   2   0   0   5    )    (   a    d   a   p   t   a    d   o

    )

      T      i    p    o      l    o    g      i    a

      E    q    u      i    v    a      l      ê    n    c      i    a    s

      T      i    p    o      l    o    g      i    a

      E    q    u      i    v    a      l      ê

    n    c      i    a    s

   D  r  e  s  s  e   l   9

   C

   L  o  e  s  c   h  c   k

  e   I   C

   D  r  e  s  s  e

   l   1   5

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   1   5

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   9   C

   P  o  n  s   i  c   h   I   I ,   B  -   2

   P  o  n  s   i  c   h   I   I

 ,   A  -   1

   D  e  n  e  a  u  v  e   V   D

   D  e  n  e  a  u  v  e

   I   V   A

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y   b  –   8

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

  –   2 ,   1 ,   3

   W  a   l   t  e  r  s   8   5

   L  e   i   b  u  n   d  g  u

   t   V   I   I

   D  r  e  s  s  e

   l   1   6

   L  o  e  s  c   h  c   k  e   V

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y   b  –   4

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   1   6

   W  a   l   t  e  r  s

   8   0

   D  e  n  e  a  u  v  e   V   D

   D  r  e  s  s  e   l   1

   0

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   1   0

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V  –   3 ,   1

   D  e  n  e  a  u  v  e

   I   V   C

   L  e   i   b  u  n   d  g  u   t   X

   I   V  –   X   V

   D  r  e  s  s  e   l   1

   1

   L  o  e  s  c   h  c   k

  e   I   V

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k

  y   b  –   8

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   1   1

   W  a   l   t  e  r  s   8   5

   P  o  n  s   i  c   h   I   I ,   B  -   1

   D  r  e  s  s  e

   l   1   7

   L  o  e  s  c   h  c   k  e

   V   I   I   I   K

   D  e  n  e  a  u  v  e

   V   A

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   1   7

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

  –   2 ,   2 ,   1

   D  e  n  e  a  u  v  e

   V   I   I   D

   L  e   i   b  u  n   d  g  u

   t   X   I   I

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

  –   3 ,   4 ,   2

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y   b  –   7

   L  e   i   b  u  n   d  g  u   t   X   X

   W  a   l   t  e  r  s   8

   1   /   8   4

   D  r  e  s  s  e

   l   1   8

   L  o  e  s  c   h  c   k  e

   V   I   I   I   K

   D  r  e  s  s  e   l   1   2   /   1   3

   L  o  e  s  c   h  c   k

  e   I   I   I

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   1   8

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m   b  o

  g   l   i  a   1   2   /   1   3

   P  o  n  s   i  c   h   I   I ,   B  -   1

   P  o  n  s   i  c   h   I   I ,   B  -   1

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

  –   3 ,   2 ,   1

   D  e  n  e  a  u  v  e

   V   B

   L  e   i   b  u  n   d  g  u   t   X   X

   L  e   i   b  u  n   d  g  u   t

   X  -   X   I

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y

   b  –   1   1

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y   b  –   3

   D  r  e  s  s  e

   l   1   9

   L  o  e  s  c   h  c   k  e

   V   I   I   I   R

   W  a   l   t  e  r  s

   8   7

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   1   9

   D  r  e  s  s  e   l   1

   4

   L  o  e  s  c   h  c   k

  e   V

   P  o  n  s   i  c   h   I   I   I ,   B  -   1

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   1   4

   D  e  n  e  a  u  v  e

   V   I   I   A

   P  o  n  s   i  c   h   I   I ,   B  -   2

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

  –   3 ,   2 ,   3

   D  e  n  e  a  u  v  e

   V   D

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y

   b  –   1   1

   L  e   i   b  u  n   d  g  u   t   X

   I   V  –   X   V

 

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y   b  –   8

 

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

140

    T   a    b   e    l   a   3    (   c   o   n   t    i   n   u   a   ç   ã   o    )  –   E  q  u   i  v  a

    l   ê  n  c   i  a  s   t   i   p  o

    l   ó  g   i  c  a  s   t  e  n

    d  o   p  o  r

    b  a  s  e

  a  s

    f  o  r  m  a  s

    d  e   D  r  e  s  s  e

    l .

    (   B  e

    l   t  r   á  n

 ,   1   9   9   0  ;   C  e

    l   i  s   B  e   t  r   i  u ,

   2   0   0   5    )    (   a    d   a   p   t   a    d   o

    )

   T   i  p  o   l  o  g   i  a

   E  q  u   i  v  a   l   ê  n  c   i  a  s

   T   i  p  o   l  o  g   i  a

   E  q  u   i  v  a   l   ê  n  c   i  a  s

   D  r  e  s  s  e   l   2

   0

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m   b  o  g   l   i  a   2   0

   D  r  e  s  s

  e   l   2   8

   L  o  e  s  c   h  c   k  e   V   I   I   I   H

   P  o  n  s   i  c   h   I   I

   I ,   B  -   1 ,   2

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   2   8

   D  e  n  e  a  u  v  e   V   I   I   A 

   P  o  n  s   i  c   h

   I   I   I   C

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

   –   3 ,   3 ,   1

   D  e  n  e  a  u  v  e

   V   I   I   I   B

   L  e   i   b  u  n   d  g  u   t   X

   X   I  –   X   X   I   I

   P  r  o  v  o  o  s   t   I

   V   –

   3 ,   5

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k

  y   b  –   1   1

   L  e   i   b  u  n   d  g  u   t   X

   X  -   X   X   I   I

   W  a   l   t  e  r

  s   9   5

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y   b  –   1   1

   D  r  e  s  s  e   l   2

   1

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m   b  o  g   l   i  a   2   1

   W  a   l   t  e  r  s   9   8

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

  –   3 ,   3 ,   3

   D  r  e  s  s

  e   l   3   0

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   3   0

   W  a   l   t  e  r

  s   9   5

   P  r  o  v  o  o  s   t

   V  –   4

   D  r  e  s  s  e   l   2

   2

   P  r  o  v  o  o  s   t   V  –   1 ,   1

   D  r  e  s  s

  e   l   3   1

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   3   1

   L  e   i   b  u  n   d  g  u   t   X   X   V   I   I   I

   P  o  n  s   i  c   h

   I   V   C

   D  r  e  s  s  e   l   2

   3

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

  –   1 ,   2 ,   3

   P  r  o  v  o  o  s   t   V  –   9 ,   2

   D  r  e  s  s  e   l   2

   4

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m   b  o  g   l   i  a   2   4

   L  e   i   b  u  n   d  g  u   t   X   X   V   I   I

   P  o  n  s   i  c   h   I   I   I   B ,   2

 

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

  –   3 ,   2 ,   3

 

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k

  y   b  –   1   2

 

   D  r  e  s  s  e   l   2

   5

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m   b  o  g   l   i  a   2   5

 

   P  o  n  s   i  c   h   I   I   I   B ,

   2

 

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

  –   3 ,   2 ,   3

 

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k

  y   b  –   1   2

 

   D  r  e  s  s  e   l   2

   6

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m   b  o  g   l   i  a   2   6

 

   D  e  n  e  a  u  v  e   V   I   I   A

 

   D  r  e  s  s  e   l   2

   7

   L  o  e  s  c   h  c   k  e   V   I   I   I   H

 

   D  r  e  s  s  e   l  –   L  a  m   b  o  g   l   i  a   2   7

 

   P  o  n  s   i  c   h

   I   I   I   C

 

   D  e  n  e  a  u  v  e

   V   I   I   I   A

 

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V  –   3 ,   5

 

   L  e   i   b  u  n   d  g

  u   t   X   X

 

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k

  y   b  –   1   1

 

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

141

    T   a    b   e    l   a   4  –   E

  q  u   i  v  a

    l   ê  n  c   i  a  s   t   i   p  o

    l   ó  g   i  c  a  s

    d  e  o  u   t  r  a  s

    f  o  r

  m  a  s .

    (   B  e

    l   t  r   á  n

 ,   1   9   9   0  ;   C  e

    l   i  s   B  e   t  r   i  u ,

   2   0   0   5    )    (   a    d   a   p   t   a    d   o

    )

   T   i  p  o   l  o  g   i

  a

   E  q  u   i  v  a   l   ê  n  c   i  a  s

   T   i  p  o   l  o  g

   i  a

   E  q  u   i  v  a   l   ê  n

  c   i  a  s

   D  e  n  e  a  u  v  e   I   V    D 

   L  o  e  s  c   h  c   k  e   I   I

   D  e  n  e  a  u  v  e   V

   I   I   A 

   L  o  e  s  c   h  c   k  e   V   I   I   I   L

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V  –

   2 ,   1 ,   4

   L  e   i   b  u  n   d  g  u

   t   X   X 

   S  z  e  n   t   l  e   l  e   k  y

   b –

   6

   D  e  n  e  a  u  v  e   V

   I   I   D

 - - - - - - - - - - - - - -

   D  e  n  e  a  u  v  e   I   V   B

 - - - - - - - - - - - - - -

   L  o  e  s  c   h  c   k  e

   I   X

   D  r  e  s  s  e   l –

   L  a  m

   b  o  g   l   i  a   5

   A -   B

   D  e  n  e  a  u  v  e   I   V    E

 - - - - - - - - - - - - - -

   P  o  n  s   i  c   h   V

    B

   D  e  n  e  a  u  v  e   V    E

 - - - - - - - - - - - - - -

   D  e  n  e  a  u  v  e

   I   X    A 

   D  e  n  e  a  u  v  e   V

    G 

 - - - - - - - - - - - - - -

   P  r  o  v  o  o  s   t   I   V

  –   5 ,   1

   D  e  n  e  a  u  v  e   V

   C

 - - - - - - - - - - - - - -

   L  e   i   b  u  n   d  g  u   t

   X   X   I   I   I

   D  e  n  e  a  u  v  e   V

   F

 - - - - - - - - - - - - - -

   D  e  n  e  a  u  v  e   V   I   B

 - - - - - - - - - - - - - -

 

 -

   L  u  c  e  r  n  a  s   R  e  p  u   b   l   i  c  a  n  a  s

 

 -

   L  u  c  e  r  n  a  s   d  e   C  a  n  a   l

 

 -

   L  u  c  e  r  n  a  s   d  e   V  o   l  u   t  a  s

 

 -

   L  u  c  e  r  n  a  s   d  e   D   i  s  c  o

 

 -

   L  u  c  e  r  n  a  s  e  m    t

  e  r  r  a

  s   i  g   i   l   l  a

   t  a

   A   f  r   i  c  a  n  a

 

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

142

Cronologia das formas de Ricci (1973)

Forma Cronologia Forma Cronologia

A Finais séc. V – séc. IIIa.C. Dressel 1A 100 – 50 a.C.

B Séc. II a.C. Dressel 1B 110 – 50 a.C.

CSéc. II – início do séc.

I a.C.Dressel 2 100 a.C. – 10 d.C.

D Séc. II a.C. Dressel 2A 50 a.C. - 0

E Séc. II - I a.C. Dressel 2/3 Séc. I a.C.

F Séc. II - I a.C. Dressel 3 Séc. I a.C.

G Meados séc. II – I a.C. Dressel 3A Séc. I a.C.

H Séc. I a.C. Dressel 4 20 a.C. – 10 d.C.

Dressel 1 Séc. II - I a.C. Dressel 4A 10 a.C.

Tabela 5 – Cronologias propostas pela investigadora Marina Ricci para as lucernas republicanas.

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143

Cronologia das formas de Dressel/Lamboglia (1899/1952)

Forma Cronologia Forma Cronologia

5 60 – 100 d.C. 20 Séc. II – III d.C.

6 Séc. II d.C. 21 Séc. II – III d.C.

9 Tibério - Vespasiano 22 Séc. II – III d.C.

10 Vespasiano 23 Séc. II – III d.C.

11 40 – 70 d.C. 24 Séc. II – III d.C.

12 Vespasiano 25 Séc. II – III d.C.

13 Vespasiano 26 Séc. II – III d.C.

14 40 – 70 d.C. 27 Séc. II – III d.C.

15 40 – 70 d.C. 28 Séc. II – III d.C.

16 40 – 70 d.C. 29 -------

17 Séc. II – III d.C. 30 Séc. III – IV d.C.

18 Séc. II – III d.C. 31 Séc. IV d.C.

19 Séc. II – III d.C.

Cronologia das formas de Loeschcke (1919)

Forma Cronologia Forma Cronologia

IA Augusto - Tibério VIII 1.ª met. Séc. I d.C.

IB Tibério - Cláudio IX  A partir de 75 d.C.

IC Nero - Flávios IXD A partir de 75 d.C.

II Pós - Augusto X  75 – Séc. III d.C.

III Pós - Augusto XK 75 – Séc. III d.C.

IV Pós - Augusto XI 1.ª met. Séc. I d.C.

V 1.º Quartel Séc. I d.C. XII3.º Quartel do Séc. I

d.C.

VI 2.ª met. Séc. I d.C. XIIIFinais do Séc. I – Séc.

II d.C.

VII Meados Séc. I d.C. XIV 1.ª met. Séc. I d.C.

Tabela 6 – Cronologias propostas por Dressel, posteriormente revistas por Lamboglia, e por Loeschcke.

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

144

Cronologia das formas de Deneauve (1969)

Forma Cronologia Forma Cronologia

I Séc. I a.C. VIIB 125 – 150 d.C.

II Séc. I a.C. VIIC 100 – 150 d.C.

III Séc. I a.C. VIID 125 – 150 d.C.

IVA Augusto - Tibério VIIIA 75 d.C.

IVB 1 – 50 d.C. VIIIB 125 – 150 d.C.IVC 1 – 50 d.C. VIIIC 200 – 250 d.C.

IVD 1 – 50 d.C. VIIID 250 – 300 d.C.

IVE 1 – 50 d.C. IXA 75 – 100 d. C.

VA Augusto - Cláudio IXB 100 d.C.

VB 1 – 50 d.C. XA 150 – 200 d.C.

VC 1 – 50 d.C. XB 200 d.C.

VD 1 – 50 d.C. XIA 250 – 300 d.C.

VE 25 – 50 d.C. XIB 250 – 300 d.C.

VF 50 – 100 d.C. XIC 300 d.C.

VG 50 – 100 d.C. XII 300 d.C.

VIA 25 – 50 d.C. XIII 225 d.C.

VIB 50 – 100 d.C.

VIIA 50 – 100 d.C.

Tabela 7 – Cronologias propostas por Deneauve.

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145

Cronologia das formas de Ponsich (1961)

Forma Cronologia Forma Cronologia

IA Séc. I a.C. III B2 50 – Séc. III d.C.

IB Séc. I a.C. III C 70 – 150 d.C.IC Séc. I a.C. IVA 250 – 375 d.C.

II A1 Augusto - Flávios IVB 310 – 450 d.C.

II A2 Augusto - Flávios IVC 390 – 600 d.C.

II B1 Augusto - Flávios VAFlávios – nais de Séc.

III d.C.

II B2 Augusto - Flávios VBFlávios – nais de Séc.

III d.C.

II B3 50 – 100 d.C. VCFlávios – nais de Séc.

III d.C.

III A1 50 – 125 d.C. VIA 100 – 400 d.C.

III A2 50 – 125 d.C. VIB 100 – 400 d.C.

III B1 50 – Séc. III d.C.

Tabela 8 – Cronologias propostas por Ponsich.

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146

Cronologia das formas de Atlante (1981)

Forma Cronologia Forma Cronologia

I 230/240 – 310 d.C. VIII D5 2.ª met. Séc. V d.C.

II 2.ª met. Séc. III – IV d.C. VIII D6a 2.ª met. Séc. V d.C.

III 2.ª met. Séc. III d.C. VIII D6b --------

IV A 2.ª met. Séc. III – IV d.C. VIII D7 --------

IV B 300 – 3.º Quartel do séc. IV d.C. IX A1 --------

V 290 – 320 d.C. ? IX A2 --------

VI A -------- IX A3 Séc. V d.C.

VI B -------- IX B --------

VII A1 325 – 350 d.C. ? IX C --------

VII A2 325 – 350 d.C. ? X A 1aFinais do Séc. IV – Finais

do V d.C.

VII B 325 – 350 d.C. ? X A 1b --------

VIII A1a Séc. IV – V d.C. X A 1c --------

VIII A1b 2.ª met. Séc. V d.C. X A 1d --------

VIII A1c 2.ª met. Séc. IV - 2.ª met. Séc. V d.C. X A 1e --------

VIII A2a 1.ª met. Séc. V d.C. X A 2 Finais do Séc. IV – V d.C.

VIII A2b 3.º Quartel Séc. IV – meados do Séc. V d.C. X B 1a Finais do Séc. IV – VI d.C.

VIII B Séc. V d.C. X B 1c --------

VIII C1a Séc. IV – V d.C. X B 2 --------

VIII C1b Finais do Séc. IV – V d.C. X C --------

VIII C1c -------- X D 1 --------

VIII C1d 2.ª met. Séc. V - 2.ª Séc. VI d.C. X D 2 --------

VIII C1e -------- X E Finais do Séc. IV – VI d.C.

VIII C1  -------- XI A 1a Meados do Séc. V d.C.

VIII C2a Meados do Séc. VI d.C. XI A 1b --------

VIII C2b -------- XI A 2Meados do Séc. IV – mea-

dos do V d.C.

VIII C2c -------- XI B 1 Séc. V d.C.

VIII C2d -------- XI B 2 --------

VIII C2e -------- XII --------

VIII C2  2.ª met. Séc. V d.C. XIII Séc. IV – VI d.C.VIII D1 Finais do Séc. IV – Séc. VI d.C. XIV --------

VIII D2 2.ª met. Séc. V d.C. XV 365 – Finais do Séc. IV d.C.

VIII D3 2.ª met. Séc. V d.C. XVI Séc. V – VI d.C.

VIII D4 2.ª met. Séc. V d.C.

Tabela 9 – Cronologias propostas por Atlante.

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147

Figura 10 – nº 1 e 2: ragmentos da orma E de Ricci; nº 3: ragmento de bico da orma H de Ricci;

nº 4: ragmento de lucerna de tradição helenística de orma indeterminada.

1

2

3

4

5 cm

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

148

Figura 11 – nº 5 e 6: ragmentos da orma 1 de Dressel; nº 7: ragmento da orma 1B de Dressel;

nº 8: ragmento da orma 2 de Dressel.

5 6

7

8

5 cm

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

149

Figura 12 – ragmentos de lucernas da orma 2 de Dressel.

5 cm

910

11

12

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

150

Figura 13 – ragmentos de lucernas da orma 2 de Dressel.

5 cm

13

14

15

16

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

151

Figura 14 – ragmentos de lucernas da orma 2A de Dressel.

5 cm

17

18

19

20

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

152

Figura 15 – ragmentos de lucernas da orma 2A de Dressel.

5 cm

21

22

24

25

23

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

153

Figura 16 – nº 26: ragmento de lucerna da orma 2A de Dressel; nº 27: ragmento de lucerna da orma

2/3 de Dressel; nº 28 e 29: ragmentos de lucerna da orma 3 de Dressel.

5 cm

26

27

28

29

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

154

Figura 17 – nº 30 e 31: ragmentos de lucernas da orma 3A de Dressel; nº 32: ragmento de lucerna

tardo-republicana de orma indeterminada.

5 cm

31

30

32

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

155

Figura 18 – ragmentos da orma 9 de Dressel.

5 cm

35

33

36

34

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

156

Figura 19 – ragmentos da orma 9 de Dressel.

5 cm

37

38

40

41

39

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

157

Figura 20 – ragmentos da orma 9 de Dressel.

5 cm

42

43

45

46

44

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

158

Figura 21 – ragmentos da orma 9 de Dressel.

5 cm

47

48

50

51

49

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

159

Figura 22 – ragmentos da orma 9 de Dressel.

5 cm

52

53

55

56

54

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

160

Figura 23 – ragmentos da orma 9 de Dressel.

5 cm

57 58

59

61

60

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

161

Figura 24 – ragmentos da orma 9A de Dressel/Lamboglia.

5 cm

62

6463

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

162

Figura 25 – ragmentos da orma 9A de Dressel/Lamboglia.

5 cm

66

68

67

65

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

163

Figura 26 – ragmento da orma 9B de Dressel/Lamboglia.

5 cm

69

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

164

Figura 27 – ragmentos da orma 9B de Dressel/Lamboglia.

5 cm

7271

70

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

165

Figura 28 – ragmentos da orma 12 de Dressel/Lamboglia.

5 cm

74

73

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

166

Figura 29 – nº 75 e 76: ragmentos da orma 14 de Dressel/Lamboglia; nº 77: ragmento da orma 15/16 de

Dressel/Lamboglia; nº 78: ragmento da orma 16 de Dressel/Lamboglia.

5 cm

76

75

78

77

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

167

Figura 30 – lucerna da orma 15/16 de Dressel/Lamboglia.

5 cm

79

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

168

Figura 31 – ragmento da orma 17 de Dressel/Lamboglia.

5 cm

80

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

169

Figura 32 – lucerna da orma 19 de Dressel/Lamboglia.

5 cm

81

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

170

Figura 33 – lucerna da orma 19 de Dressel/Lamboglia.

5 cm

82

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

171

Figura 34 – ragmentos da orma 20 de Dressel/Lamboglia.

5 cm

84

83

8685

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

172

Figura 35 – ragmentos da orma 20 de Dressel/Lamboglia.

5 cm

88

87

90

89

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

173

Figura 36 – ragmentos da orma 20 de Dressel/Lamboglia.

5 cm

92

91

94

93

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

174

Figura 37 – lucerna da orma 27 de Dressel/Lamboglia.

5 cm

95

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

175

Figura 38 – ragmentos da orma 27 de Dressel/Lamboglia, correspondentes à mesma peça.

5 cm

96

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

176

Figura 39 – nº 97: ragmento da orma I de Hayes; nº 98: ragmento da orma IIA de Hayes.

5 cm

97

98

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

177

Figura 40 – nº 99 a 101: ragmentos de diícil classicação; nº 102 a 104: ragmentos de orma indetermi-

nada.

5 cm

100

99

103

101

102

104

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

178

Figura 41 – ragmentos de orma indeterminada.

5 cm

106

108

107

109

105

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

179

Figura 42 – ragmentos de orma indeterminada.

5 cm

112

111

113

110

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

180

Figura 43 – Júpiter triunante com águia.

(em cima) - paralelo de Gole de Fos (Rivet, 2003)

5 cm

114

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

181

Figura 44 – representação de Marte.

(em cima) - paralelo de Mérida que este exemplar reproduz (Rodríguez Martín, 2002)

5 cm

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

182

Figura 45 – representação de Victória alada.

(em cima) - paralelo de Léon (Morillo Cerdán, 1999)

5 cm

115

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

183

Figura 46 – representação de Eros.

(em cima) - paralelo de Ampúrias (Casas-Genover e Soler-Fusté, 2006)

5 cm

116

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

184

Figura 47 – representação de uma bacante, também conhecida como ménade ou thyiade.

(em cima) - paralelo do British Museum (Bailey, 1988)

5 cm

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

185

Figura 48 – representação de escravo rolhando uma ânora.

(em cima) - paralelo de Santa Bárbara de Padrões (Maia e Maia, 1997)

5 cm

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

186

Figura 49 – representação de gladiador armado.

(em cima) - paralelo de Léon (Morillo Cerdán, 1999)

5 cm

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

187

Figura 50 – representação de cena erótica.

(em cima) - paralelo de Gole de Fos (Rivet, 2003)

5 cm

117

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

188

Figura 51 – nº 118: máscara cómica; nº 119: altar; nº 120: urso ou javali em corrida.

5 cm

118

119

120

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

189

Figura 52 – decorações geométricas.

5 cm

121

122

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As Lucernas Romanas de Scallabis_______________________________________________

190

Figura 53 – marcas e inscrições epigrácas.

5 cm

123

124

125

126

127

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_________________________________________________________ Carlos Pereira

191

Lomba do

Canho

SantarémVaiamonte

Lisboa

Alcácer do

Sal

0 100 km

Lomba do

Canho

Santarém Vaiamonte

Lisboa

Conimbriga

Torres

Vedras

Sintra

Lagos

Castro Verde

Mértola

Castro

Marim

Mesas do

Castelinho

Alcácer do

Sal

0 100 km

Figura 54 – à direita, mapa com dispersão de lucernas de infuência helenística em Portugal.

à esquerda, mapa com dispersão de lucernas tardo-republicanas em Portugal.

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Catálogo

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N.º 9469

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 11 B.S.001 36

Tradição

helenística

Não

Finais do séc. II e 1.ª met. do séc. I a.C.

Ricci E

94/95

base/reser./asa

IIA

Diametro de Fundo: 50mm.

Fundo plano de lucerna elaborada a torno com uma canelura logo acima da base.

Dimensões

e Descrição

Sector

Presença de verniz negro, com algumas digitações do oleiro no exterior e escorrimentos no interior.

Produzida a torno.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 28514

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

002 76

Tradição

helenística

Não

Finais do séc. II e 1.ª met. do séc. I a.C.

Ricci E

2001

orla/disco

IA

Diâmetro de disco: 46mm, Espessura média: 7mm

Fragmento de orla/disco bastante profundo e pequeno com uma pequena moldura. Orifício de

alimentação centralizado.

Verniz de tonalidade acastanhada.

Dimensões

e Descrição

2Sector

Presença de verniz no interior e exterior.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 7815

local/RegionalProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 5003 05

Tradição

helenística

Não

Meados séc. I a.C.

Ricci H

94/95

bico

IV

Espessura média: 6mm

Sem qualquer tipo de revestimento.

Dimensões

e Descrição

Sector

Bico com abundantes vestígios de combustão/uso.

Produzida a torno.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26103

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

004 252

Tradição

helenística

Não

Indet.

2000

base

IIA

Diâmetro de fundo: 36mm, Espessura média: 3mm

Base plana com um pequeno sulco que a delimita. Presença de verniz no exterior.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Produzida a torno.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

005 241

Lucerna Tardo-

republicana

Não

2.ª met. do séc II e 1.ª do séc. I a.C.

Indet.

99

base/reser.

IB

Diâmetro de fundo: 51mm, Espessura média: 3mm

Fragmento de fundo plano, tipico desta forma ainda que não se distinga a variante.

Verniz acastanhado bem aderente.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Escorrimentos internos.

óvulos

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26040

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

006 189

Lucerna Tardo-

republicana

Sim

2.ª met. do séc II e 1.ª do séc. I a.C.

Indet.

99

base

IA

Diâmetro de fundo: 46mm, Espessura média: 4mm

Fundo plano com verniz vermelho acastanhado, com uma mancha negra. Apresenta marca

anepígrafa.

Dimensões

e Descrição

1CSector

 A forma apresentada justifica-se pelo facto de ser a única com exemplares de fundo plano, ainda que não se distinga a sua variante.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 11093

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

C VIII007 17

Lucerna Tardo-

republicana

Não

2.ª met. do séc. II a.C.

Dressel 1B

89

orla

V

Espessura média: 2mm

Presença de uma pequena moldura junto ao orifício de alimentação. Sem qualquer 

revestimento.

Dimensões

e Descrição

Sector

Sim

Geometrica

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 24004

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

008 250

Lucerna Tardo-

republicana

Não

2.ª met. séc. I a.C.

Dressel 2

2000

bico

IIIA

Espessura média: 5mm

 Apresenta verniz negro no interior, e no exterior, embora não tão bem conservado.

Dimensões

e Descrição

1BSector

 Apresenta vestígios de combustão no bico.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 7826

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 14/17009 17

Lucerna Tardo-republicana

Não

2.ª met. séc. I a.C.

Dressel 2

94/95

bico

IA

Espessura média: 5mmFragmento de bico com verniz vermelho acastanhado bem aderente, no interior e exterior.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 5345

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

F16010 02

Lucerna Tardo-republicana

Não

2.ª met. séc. I a.C.

Dressel 2

85

bico

IB

Espessura média: 4mmFragmento inferior do bico com verniz acastanhado bem aderente.

Dimensões

e Descrição

C1Sector

 Apresenta escorrimntos internos.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 3438

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 34011 03

Lucerna Tardo-republicana

Sim

2.ª met. séc. I a.C.

Dressel 2

94/95

base/reser.

IA

Diâmetro de fundo: 57mm, Espessura média: 5mmFragmento de fundo concâvo anular, com óvulos na parte inferior do corpo. Verniz vermelhoacastanhado bem aderente.

Dimensões

e Descrição

Sector

 Apresenta marca anepígrafa.

Óvulos

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 7821

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 14/17012 14

Lucerna Tardo-republicana

Não

2.ª met. séc. I a.C.

Dressel 2

94/95

base/reser./asa

IA

Diâmetro de fundo: 38mm, Espessura média: 5mmFragmento de fundo, ligeiramente concâvo, com óvulos na parte inferior do corpo. Vernizvermelho acastanhado bem aderente.

Dimensões

e Descrição

Sector

Óvulos

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 26009

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

013 200

Lucerna Tardo-republicana

Não

2.ª met. séc. I a.C.

Dressel 2

99

orla/asa

IIIA

Espessura média: 4mm Apresenta a tipica decoração em óvulos desta forma, bem como verniz castanho escuro.Pequena moldura no disco.

Dimensões

e Descrição

1BSector

 Apresenta escorrimentos internos.

Óvulos

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

014 172

Lucerna Tardo-republicana

Não

2.ª met. séc. I a.C.

Dressel 2

99

base

IIA

Diâmetro de fundo: 60mm, Espessura média: 5mmFundo concâvo de pé anular, com presença de glóbulos na parte inferior do reservatório.Verniz negro.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Óvulos

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 28511

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

015 148

Lucerna Tardo-republicana

Não

2.ª met. séc. I a.C.

Dressel 2

2001

base/reser.

IB

Diâmetro de fundo: 44mm, Espessura média: 5mmFragmento de fundo concâvo de verniz acastanhado bem aderente. Apresenta arranque deasa.

Dimensões

e Descrição

2Sector

 Apresenta a tipíca decoração em óvulos na parte inferior do corpo.

óvulos

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 28510

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

016 148

Lucerna Tardo-republicana

Não

2.ª met. séc. I a.C.

Dressel 2

2001

orla/disco

IA

Diâmetro: 66mm, Espessura média: 5mmFragmento de disco e orla, denotando-se também o arranque do bico. Morfologicamenteenquadra-se na forma 2 de Dressel mas não apresenta a decoração em óvulos. Verniz verm.acast.

Dimensões

e Descrição

2Sector

 Apresenta a área junto ao bico com abundantes vestígios de combustão.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 22351 e

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

017 246

Lucerna Tardo-republicana

Não

Meados Séc. I a.C.

Dressel 2A

2000

bico

IA

Espessura média: 5mmFragmento de bico solido com verniz vermelho acastanhado bem aderente.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Correspondente a este fragmento é tb um fragmento de orla que justificou a classificação apontada, dado que apresenta os tipicos óvulosapenas no topo desta.

r n n n i n i

Óvulos

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26002

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

018 346

Lucerna Tardo-republicana

Sim

Meados Séc. I a.C.

Dressel 2A

99

base/reser./aleta

IB

Diâmetro de fundo: 36mm, Espessura média: 4mmFundo concâvo anular, com pequeno sulco que o delimita. Aleta lateral estilizada. Vernizacastanhado bem aderente.

Dimensões

e Descrição

1CSector

 Apresenta escorrimentos interiores.Marca anepígrafa indeterminada.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26067

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

019 160

Lucerna Tardo-republicana

Não

Meados Séc. I a.C.

Dressel 2A

99

base

IB

Diâmetro de fundo: 44mm, Espessura média:6mmFundo concâvo anular de verniz acastanhado bem aderente.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 3434

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 11020 32b

Lucerna Tardo-republicana

Não

Meados Séc. I a.C.

Dressel 2A

94/95

base/reser.

IA

Diâmetro de fundo: 44mm, Espessura média: 4mmFundo concâvo anular com verniz vermelho acastanhado bem aderente.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 3439

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 29021 04

Lucerna Tardo-

republicana

Sim

Meados Séc. I a.C.

Dressel 2A

94/95

base/reser./bico

IIB

Diâmetro de base: 30mm, Espessura média: 6mm

Lucerna de superfície lisa na parte inferior e arranque da "orla" com glóbulos. Verniz castanho

avermelhado

Dimensões

e Descrição

Sector

 Apresenta escorrimentos no interior.

Marca anepígrafa.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 28506

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

022 120

Lucerna Tardo-

republicana

Sim

Meados Séc. I a.C.

Dressel 2A

95

base

IB

Diâmetro de fundo: 46mm, Espessura média: 4mm

Fragmento de fundo concâvo anular, de verniz acastanhado bem aderente.

Dimensões

e Descrição

2Sector

 Apresenta escorrimentos internos.

 Apresenta marca anepígrafa indeterminada.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 3292

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

J 14 CR4023 5

Lucerna Tardo-

republicana

Não

Meados Séc. I a.C.

Dressel 2A

87

base

IA

Diâmetro de fundo: 44mm, Espessura média: 4mm

Fundo concâvo anular. Verniz vermelho acastanhado bem aderente.

Dimensões

e Descrição

Sector

Escorrimentos internos.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 28501

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

024 109

Lucerna Tardo-

republicana

Não

Meados Séc. I a.C.

Dressel 2A

2001

orla

IA

Diâmetro: 60mm, Espessura média: 5mm

Fragmento de orla com presença de óvulos no topo.

Verniz vermelho acastanhado.

Dimensões

e Descrição

2Sector

Esta classificação justifica-se pelo facto de a parte inferior do fragmento não apresentar óvulos. Somente na forma 2 de Dressel os óvulos se

encontram também na parte inferior da peça.

óvulos

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

025 134

Lucerna Tardo-

republicana

Não

Meados Séc. I a.C.

Dressel 2A

99

base/reser.

IB

Espessura média: 3mm

Fundo anular com verniz acastanhado bem aderente.

Dimensões

e Descrição

1BSector

 Apresenta escorrimentos internos.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

026 331

Lucerna Tardo-

republicana

Não

Meados Séc. I a.C.

Dressel 2A

99

base/reser.

IIA

Diâmetro de fundo: 50mm, Espessura média: 3mm

Fundo e arranque de bico. Presença de verniz negro.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Escorrimentos no interior.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 22885

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

027 221

Lucerna Tardo-

republicana

Não

Finais do séc. I a.C.

Dressel 2/3

99

bico/orla

IIA

Diâmetro de disco: 48mm; Espessura média: 3mm

Presença de duas pequenas molduras que separam o disco do corpo da peça.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Orifício de alimentação amplo.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26093

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

028 615

Lucerna Tardo-

republicana

Não

Séc. I a.C.

Dressel 3

2000

aleta

VI

Largura: 10mm, Comprimento: 42mm: Altura: 7mm, Espessura Média: 3mm.

 Aleta com concavidade superior e inferior funcional (elem. de preensão), e molduras lateriais.

Dimensões

e Descrição

1ASector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 7820

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

T. 1029 03

Lucerna Tardo-

republicana

Não

Séc. I a.C.

Dressel 3

95

disco/aleta

IB

Diâmetro de disco: 56mm, Espessura média: 3mm

Disco concâvo profundo com uma moldura sensivelmente ao meio. Pequena aleta estilizada,

com três pequenos sulcos/molduras no topo.

Dimensões

e Descrição

Sector

 Apresenta escorrimentos internos.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 7817

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 27030 02

Lucerna Tardo-

republicana

Não

2.ª met. do séc. I a.C.

Dressel 3A

94/95

orla/disco

VIIB

Espessura média: 2/3mm

Orla practicamente inexistente. Uma grande moldura separa o reservatório do disco, seguida

de uma outra também em relevo denteada, imitando uma corda.

Dimensões

e Descrição

Sector

Decoração indeterminada.

Sim

Indet.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26021

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

031 160

Lucerna Tardo-

republicana

Não

Séc. I a.C.

Dressel 3A

99

orla/disco/aleta

IIA

Espessura média: 5mm

Lucerna de disco amplo e com uma pequena moldura que o separa do corpo da peça. Aleta

lateral estilizada. Presença de verniz negro.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Parece tratar-se de uma sobremoldagem, demonstrando a decoração figurativa bastante esbatida. Ainda assim, cremos tratar-se de uma

produção Itálica, a julgar pela pasta.

Sim

Fauna

Tipo de Dec.

Sim

Sobremoldagem

N.º 9836

Indet.Produção FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Mur T.1032 5

Lucerna Tardo-

republicana

Não

Indet.

94/95

base/reser.

IIIB

Diâmetro de fundo: 40mm

Verniz castanho avermelhado.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 26038

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

033 181

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

99

bico

VIIIB

Espessura média: 2mm

Fragmento de bico com o orifício de arejamento conservado e parte da voluta.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26112

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

034 493

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

2000

bico

VIIIB

Espessura média: 5mm

Parte lateral de bico triangular.

Dimensões

e Descrição

1ASector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 28521

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

035 113

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/deneauve IV

2001

bico

VIIIB

Espessura média: 2mm

Fragmento lateral do bico da lucerna onde ainda é possível ver parte da voluta.

Dimensões

e Descrição

2Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26012

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

036 200

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

99

bico/orla

VIIIB

Espessura média: 2mm

Orla plana com duas molduras conservadas e arranque de uma terceira.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 24101

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

037 642

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

2000

bico

VIIIB

Espessura média: 4mm

Parte lateral de bico triangular.

Dimensões

e Descrição

1ASector

Vestígios de combustão/uso.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26087

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

038 725

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

2000

orla/disco/bico

VIIA

Espessura média: 3mm

Fragmento de bico/orla/disco com parte da voluta conservada. Apresenta duas molduras na

orla.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Decoração impossível de determinar.

Fortes vestígios de uso.

Sim

Indet.

Tipo de Dec.

Indet.

Sobremoldagem

N.º

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

039

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

-

bico/orla

VIIIB

Espessura média: 3mmDimensões

e Descrição

Sector

Voluta bem definida e redobrada.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 24581

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

040 238

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel9/Deneauve IV

99

disco/bico

VIIIB

Espessura média: 3mm

Orla pequena ligeiramente inclinada para o interior com três molduras. Voluta parcialmente

conservada, aparentando tratar-se de bico triangular.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Mesma peça que N.º 339

Representação de um cão.

Sim

Fauna

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 2158

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

G. 18041 03

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

83

orla/reser.

VIIIB

Espessura média: 3mm

Orla plana com uma moldura conservada e arranque de outra.

Dimensões

e Descrição

C 1Sector

 Alisada na junção das duas partes da lucerna.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 7824

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 1042 06

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

94/95

orla/reser.

VIIA

Espessura média: 3mm

Orla plana e pequena, voluta lateral bem delimitada e concebida.

Dimensões

e Descrição

Sector

Fragmento com presença de digitações do oleiro.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26042

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

043 180

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

99

orla/reser./bico

VIIIA

Diâmetro: 80mm, Espessura média: 2mm

Orla plana com duas molduras pouco profundas e mal delimitadas.

Dimensões

e Descrição

1CSector

 Apresenta bastantes defeitos de fabrico.

Não

Tipo de Dec.

Sim

Sobremoldagem

N.º 26022 e

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

044 201

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

99

disco/bico

VIIA

Espessura média: 1mm

Orla plana com três molduras. conserva ainda parte da voluta e o orifío de arejamento. Disco

concâvo profundo.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Representação de um machado, podendo corresponder à arma de um gladiador.

Sim

Vida quotidiana

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 2170

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

045 Sup.

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel9/Deneauve IV

-

bico/orla

VIIB

Espessura média: 2mmOrla plana com duas molduras. Disco concâvo pouco profundo. Conserva parte do orifício dearejamento.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 24208

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

046 129

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel9/Deneauve IV

2000

orla/disco

IX

Espessura média: 4mmFragmento de disco concâvo pouco profundo, de orla horizontal plana com três molduras. Nodisco apresenta ainda duas pequenas molduras. É visível o arranque de uma das volutas.

Dimensões

e Descrição

1ASector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26017

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

047 254

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel9/Deneauve IV

99

orla/disco

VIIA

Diâmetro: 32mm, Espessura média: 3mmDisco profundo com decoração bem delimitada.Duas pequenas molduras na orla com uma outra de maiores dimensões no meio.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Mesma que N.º 307Gladiador segurando uma "sica" na mão direita com o antebraço protegido pela "manicae". Na mão esquerda seguraria o escudo rectangular 

Sim

Vida quotidiana

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26098

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

048 131 e 129

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel9/Deneauve IV

2000

orla/disco

VIIA

Espessura média: 2mmOrla plana com três molduras. Disco concâvo e profundo.Bico triangular ornado com volutas.

Dimensões

e Descrição

1ASector

Ligeiramente espatulada na junção das duas partes da lucerna.Representação de Bacus.

Sim

Religião e mito

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 11864

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 2049 02

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

97

orla/disco/reserv.

VIIIB

Espessura média: 2mm

Orla ligeiramente inclinada para o interior, com três molduras irregulares.

Dimensões

e Descrição

Sector

Coroa de loureiro?

Sim

Flora e des. florais

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 24592

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

050 238

Lucerna de volutas Sim

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

99

disco

VIIIB

Espessura média: 3mm

Orla ligeiramente inclinada para o interior, com três molduras conservadas.

Dimensões

e Descrição

1BSector

 Apresenta uma incrição no disco.

Sim

Indet.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 7816

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 3051 09

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

94/95

base/reser./orla

VIIIB

Diâmetro: 58mm, Diâmetro de fundo: 28mm, Espessura média: 3mm

Base anular de pé destacado. Orla ligeiramente inclinada para o interior com três molduras

irregulares.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 3452

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q.12 bq E052 06

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel9/Deneauve IV

94/95

orla/disco

VIIIB

Diâmetro: 70mm, Espessura média: 3mm

Orla inclinada para o interior com quatro molduras.

Dimensões

e Descrição

Sector

Sim

Figurativa Indet.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 9891

 AfricanaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 18053 11

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

97

orla/reser.

XIA

Diâmetro máximo: 70mm: Espessura média: 3mm

Fragmento de orla horizontal plana e curta, com uma moldura conservada.

Dimensões

e Descrição

Sector

Ligeiramente espatulada na junção das duas partes da lucerna.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

054 172

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Tibério

Dressel

9/Deneauve IV

99

disco

VIIB

Espessura média: 1mm

Fragmento de disco, conservando ainda parte do orifício de alimentação.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Representação de um cão que deverá estar a correr atrás de uma lebre ou coelho. Cena típica do séc. I d.C., aparecendo em lucernas do tipo 9

de Dressel.

Sim

Fauna

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 2126

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

F. 15 CR055 36

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

89

orla/reser.

VIIIB

Diâmetro: 90mm, Espessura média: 2/3mm

Orla plana com duas molduras conservadas mas que teria uma terceira.

Bico triangular ornado com volutas.

Dimensões

e Descrição

Sector

 Alisada na junção das duas partes da lucerna.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

056 125

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel9/Deneauve IV

99

orla

VIIA

Espessura média: 1mm

Fragmento de orla plana com três molduras.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

057 145

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

99

orla/disco

VIIIB

Espessura média: 2mm

Orla plana com duas molduras conservadas, mas teria mais uma.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Não

Tipo de Dec.

Indet.

Sobremoldagem

N.º 13370

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 7058 04

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

97

orla/disco

VIIIA

Espessura média: 2mm

Orla plana com três molduras típicas da forma 9 de Dressel.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26081

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

059 160

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

99

orla

VIIIB

Espessura média: 2mm

Orla plana com três molduras de diferentes espessuras.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 12784

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 5060 00

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

97

orla/reser.

VIIA

Espessura média: 2mm

Orla quase inexistente, passando practicamente do reservatório para o disco, apenas com a

presença de duas molduras .

Dimensões

e Descrição

Sector

Ligeiramente espatulado na união entre o disco e o reservatório.

Presença de digitações do oleiro resultantes do seu manuseamento com o verniz fresco.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 2122

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 2061 10

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Dressel

9/Deneauve IV

89

orla/reser.

VIIA

Espessura média: 3mm

Orla plana com três molduras semelhantes. Disco profundo.

Dimensões

e Descrição

Sector

Ligeiramente espatulada na junção das duas partes da lucerna.

Não

Tipo de Dec.

Sobremoldagem

N.º

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

062 172

Lucerna de volutas Não

1.ª met. séc. I d.C.

Dressel

9A/Deneauve

IVA

99

bico/disco

VIIIB

Espessura média: 2mm

Fragmento de lucerna onde é visível parte de uma das volutas e do canal que liga o bico ao

disco. Apresenta três molduras de diferentes espessuras e parte do orfício de arejamento

conservado.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26094

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

063 595

Lucerna de volutas Não

1.ª met. séc. I d.C.

Dressel

9A/Deneauve

IVA

2000

disco

VIIA

Espessura média: 2mm

Fragmento de Orla com três molduras. Apresenta ainda conservada parte da voluta e do

orifício de alimentação. Canal que une o disco ao bico, interrompendo a orla.

Dimensões

e Descrição

1ASector

Decoração impossivel de determinar.

Não

Indet.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26075

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

064 160

Lucerna de volutas Não

1.ª met. séc. I

Dressel

9A/Deneauve

IVA

99

bico

VIIA

Espessura média: 1mm

Bico triangular com voluta.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Vestígios de combustão.

Ligeiramente espatulada na junção das duas partes da lucerna.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

Page 213: As Lucernas Romanas de Scallabis

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N.º 8157

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 12065 07

Lucerna de volutas Não

1.ª met. séc. I

Dressel

9A/Deneauve

IVA

94/95

bico

VIIIB

Espessura média: 4mm

Fragmento lateral do bico, onde ainda é possível ver parte da voluta.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26056

Itálica ?Produção FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

066 210

Lucerna de volutas Não

1.ª met. do séc. I

Dressel

9A/Deneauve

IVA

99

orla/disco/bico

VIIA

Espessura média: 2mm

Fragmento de lucerna com parte do bico conservado, voluta e parte do disco profundo.

 Apresenta três molduras semelhantes na orla.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Decoração figurativa indeterminada.

Vestígios de combustão.

Sim

Figurativa Indet.

Tipo de Dec.

Indet.

Sobremoldagem

N.º 2129

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

F. 15067 ?

Lucerna de volutas Não

1.ª met. séc. I d.C.

Dressel

9A/Deneauve

IVA

85

bico

VIIIB

Espessura média: 3mm

Fragmento lateral do bico onde ainda é possível ver parte da voluta.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 2118

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. VIII068 08

Lucerna de volutas Não

1.ª met. séc. I

Dressel9A/Deneauve

IVA

89

disco

VIIIA

Espessura média: 2mm

Orla plana com três molduras. Disco concâvo com decoração geométrica radial seguida de

outras três molduras. Forma característica de bico redondo largo e curto em forma de V.

Dimensões

e Descrição

Sector

Sim

Geometrica

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 3454

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 12069 06

Lucerna de volutas Não

2.ª met. séc. I

Dressel

9B/Deneauve

IVB

94/95

bico/orla/disco

VIIIB

Diâmetro: 90mm, Diâmetro de base: 52mm, Espessura média: 2mm

Orla plana com três molduras bem delimitadas. Base plana com uma moldura que a separa

do reservatório. Bico triangular largo com orifício de arejamento.

Dimensões

e Descrição

Sector

Vestígios de uso/combustão.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26024

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

070 201

Lucerna de volutas Não

2.ª met. séc. I

Dressel

9B/Deneauve

IVB

99

bico/orla

VIIA

Espessura média; 3mm

Bico triangular largo com vulotas. Apresenta orifício de arejamento decentralizado e três

molduras na orla.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Vestígios de combustão.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26088

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

071 597

Lucerna de volutas Não

2.ª met. séc. I

Dressel

9B/Deneauve

IVB

2000

orla/disco

VIIIB

Espessura média: 2mm

Orla plana e pequena com três molduras bem delimitadas. Disco concâvo e profundo.

Rostrum largo com o orifío de arejamento conservado.

Dimensões

e Descrição

1ASector

Representação figurativa indeterminada.

Sim

Figurativa Indet.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 12864

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 5072 01

Lucerna de volutas Não

2.ª met. século I d.C.

Dressel9B/Deneauve

IVB

97

base/reser./reserv.

VIIIA

Diâmetro: 70mm, Diâmetro de fudo: 42mm, Espessura média: 2mm, Altura: 31mm

Orla plana com três molduras pouco profundas. Base plana com uma pequena moldura que a

separa do reservatório. Bico triangular largo com uma das volutas conservadas.

Dimensões

e Descrição

Sector

Mesma peça que 282

Espatulada na junção das duas partes da lucerna.

n n i

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 11882

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 2073 02

Lucerna de volutas Não

Vespasiano

Dressel 12

97

Reflector 

VIIA

Espessura média: 3mmDimensões

e Descrição

Sector

Sim

Flora e des. florais

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 24302

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

074 588

Lucerna de volutas Não

Vespasiano

Dressel 12

2000

Reflector 

VIIIB

Espessura média: 3mm

 Asa plástica triangular com representação de elementos florais.

Dimensões

e Descrição

1ASector

Sim

Flora e des. florais

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 22866

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

075 206

Lucerna de volutas Não

40-70 d.C.

Dressel

14/Deneauve Vd

99

orla/disco

VIIIA

Espessura média: 2mm

Orla plana com três molduras conservadas.

Disco concâvo.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Representação de coroa de ramagem e folhas de carvalho com duas bolotas.

Sim

Flora e des. florais

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 2161

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

G. 16076 02

Lucerna de volutas Não

2.ª met. Séc. I/1.ª met. Séc. II d.C.

Dressel14/Deneauve VA

84

orla/disco

VIIIB

Espessura média: 4mm

Fragmento de disco pouco profundo, orla larga e convexa com uma moldura bem delimitada e

profunda no topo. Parte do orifício de alimentação conservado.

Dimensões

e Descrição

Sector

 Apresenta a junção das duas partes da lucerna espatulada.

Sim

Indet.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 11859

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 2077 02

Lucerna de volutas Não

2.ª met. séc. I d.C.

Dressel

15/16/Deneauve

VD

97

orla/disco

VIIIB

Espessura média: 4mm

Fragmento de orla com moldura em relevo, disco concâvo e pouco profundo.

Dimensões

e Descrição

Sector

Decoração geométrica em forma de rosáceas.

Sim

Geometrica

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 2165

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

078 sup.

Lucerna de volutas Não

2.ª met. séc. I d.C.

Dressel

15/16/Deneauve

VD

-

orla

VIIIB

Espessura média: 2mm

Lucerna de volutas de bico redondo, em que as volutas estão reviradas para o lado do bico.

Orla com moldura em relevo com decoração cureiforme.

Dimensões

e Descrição

Sector

Sim

Geometrica

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 7832

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

079

Lucerna de volutas Não

2.ª met. do séc. I d.C.

Dressel

15/16/Deneauve

VD

94/95

perfil completo

IX

Diâmetro de orla: 50mm, Diâmetro máximo: 70mm, Diâmetro de base: 35mm, Largura do

bico: 30mm, Espessura média: 3mm

Lucerna de disco concâvo profundo, orla convexa sem molduras visíveis. Volutas viradas para

o bico. Superfície irregular e pouco homogénea.

Dimensões

e Descrição

Sector

Representação figurativa de Vitória alada.

Espatulada na junção das duas partes da lucerna.

r l ª r  

Sim

Religião e mito

Tipo de Dec.

Sim

Sobremoldagem

N.º 12176

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 3080 04

Lucerna de disco Não

1.ª met. séc. II d.C.

Dressel17/Deneauve

VIIA

97

orla/asa

VIIIB

Diâmetro de orla: 56mm, Diâmetro máximo: 72mm, Largura da asa: 7mm, Espessura média:

2/3mm

Disco concâvo e pouco profundo, orla convexa larga com molduras bem delimitadas que se

extendem até ao disco. Asa anular pouco espessa, com três molduras no topo, sendo a

central mais profunda.

Dimensões

e Descrição

Sector

Ligeiramente espatulada na junção das duas partes da lucerna.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 2183

local/RegionalProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 14/17081 04

Lucerna de disco Sim

1.ª met. do séc. II d.C.

Dressel

19/Deneauve

VIIA

94/95

Completa

Diâmetro da orla: 46mm, Diâmetro da base: 34mm, Diâmetro máximo: 70mm, Largura da asa:

8mm

Disco concâvo e curto com orifício de alimentação centralizado. Orla larga e convexa com

duas molduras no topo. Bico redondo, plano e curto. Asa anular alta com duas molduras

incisas e traçado irregular que as liga.

Dimensões

e Descrição

Sector

Marca na base de difícil interpretação.

Superfície irregular espatulada. Decoração na orla esbatida.

i r n

Sim

Geometrica

Tipo de Dec.

Sim

Sobremoldagem

N.º 2185

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 14/17082 04

Lucerna de disco Sim

1.ª met. do séc. II d.C.

Dressel

19/Deneauve

VIIA

94/95

Completa

IX

Diâmetro da orla: 47mm, Diâmetro da base: 31mm, Diâmetro máximo: 72mm, Largura da asa:

9mm.

Disco concâvo pouco profundo. Orla larga e convexa com tendência plana com duas

molduras pouco demarcadas. Bico redondo plano e curto.

Dimensões

e Descrição

Sector

Marca na Base e inscrição no disco ilegível.

Superfície irregular, ligeiramente alisada na junção das duas partes da lucerna. Decoração da orla esbatida. Poucos vestígios de combustão.

Sim

Geometrica

Tipo de Dec.

Sim

Sobremoldagem

N.º 3432

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 12083 06

Lucerna de disco Não

1.ª met. séc. II

Dressel

20/Deneauve

VIIA

94/95

disco/bico/reserv.

VIIA

Espessura média: 2mm

Fragmento de bico redondo plano. Disco concavo pouco profundo, orla convexa com duas

molduras no topo.

Dimensões

e Descrição

Sector

 Apresenta um pequeno ponto em baixo relevo na junção do bico ao corpo da peça.

Sim

Figurativa Indet.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 7818

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 1084 03

Lucerna de disco Não

1.ª met. séc. II

Dressel20/Deneauve

VIIA

94/95

orla/disco/asa

VIIA

Largura da asa: 9mm, Espessura média: 3mm

Disco concâvo profundo, orla convexa com duas molduras profundas e bem delimitadas. Na

asa apresenta também duas molduras iniciadas por dois pontos.

Bico redondo.

Dimensões

e Descrição

Sector

 Alisada na junção das duas partes da lucerna.

Decoração com um escravo enchendo uma ânfora.

Sim

Vida quotidiana

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 3456

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 12085 03

Lucerna de disco Não

1.ª met. séc. II

Dressel

20/Deneauve

VIIA

94/95

asa/disco

VIIB

Largura da asa: 9mm, Espessura média: 2/3mm

 Asa anular com duas molduras. Ao lado do arranque da asa encontram-se duas depressões

circulares. Orla convexa com duas molduras bem delimitadas.

Dimensões

e Descrição

Sector

Sim

Religião e mito

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 3472

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 12086 03

Lucerna de disco Não

1.ª met. do séc. II

Dressel

20/Deneauve

VIIA ou VIIIA

94/95

asa/reserv./disco

VIIIA

Diâmetro: 46mm, Diâmetro de fundo: 36mm, Espessura média: 2mm

Orla convexa com duas molduras no topo. Base plana com uma pequena moldura que a

separa do reservatório. Asa anular com uma moldura central pouco delimitada. Disco concâvo

com decoração geométrica radial.

Dimensões

e Descrição

Sector

Sim

Geometrica

Tipo de Dec.

Sim

Sobremoldagem

N.º 2162

 AfricanaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

H. 8087 02

Lucerna de disco Não

1.ª met. séc. II d.C.

Dressel

20/Deneauve

VIIA

84

orla/reser./asa

XIA

Largura da asa: 9mm, Espessura média: 4mm

 Asa anular curta e irregular com duas pequenas molduras no topo, e com bastantes

imperfeições. Orla larga e convexa com uma moldura conservada.

Dimensões

e Descrição

Sector

Bastante espatulada na junção das duas partes da lucerna.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26110

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

088 484

Lucerna de disco Não

1.ª met. séc. II d.C.

Dressel20/Deneauve

VIIA

2000

orla/asa

VIIB

Diâmetro: 64mm, Espessura média: 3mm

Orla convexa com uma grande e profunda moldura no topo.

Dimensões

e Descrição

1ASector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 7823

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 1089 02

Lucerna de disco Não

Meados séc. II d.C.

Dressel

20/Deneauve

VIIA

94/95

asa

VIIIB

Largura da asa: 9mm, Espessura média: 5mm

 Asa anular com duas pequenas molduras.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 28504

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

090 100

Lucerna de disco Não

1.ª met. do século II d.C.

Dressel

20/Deneauve

VIIA

2001

orla

VIIA

Espessura média: 3mm

Orla convexa com duas molduras no topo.

Dimensões

e Descrição

2Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 3468

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 12091 06

Lucerna de disco Não

Meados séc. II d.C.

Dressel

20/Deneauve

VIIA

94/95

orla/disco

VIIIB

Diâmetro: 52mm, Espessura média: 4mm

Orla convexa e bastante larga com uma moldura larga e profunda.

Dimensões

e Descrição

Sector

Orifício de alimentação descentralizado.

Sim

Indet.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 3433

Produção FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 12bq E092 03

Lucerna de disco Não

1.ª met. séc. II d.C.

Dressel20/Deneauve

VIIA

94/95

orla/reser.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 3475

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 12093 06

Lucerna de disco Não

1.ª met. séc. II d.C.

Dressel

20/Deneauve

VIIA

94/95

orla

VIIB

Diâmetro: 48mm, Espessura média 2mm

Orla convexa com duas molduras no topo profundas e irregulares.

Bico redondo.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Indet.

Sobremoldagem

N.º 3466

 AfricanaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 12094 06

Lucerna de disco Não

1.ª met. séc. II d.C.

Dressel

20/Deneauve

VIIA

94/95

orla/disco

XIA

Diâmetro de orla:52mm, Espessura média: 3mm

Fragmento de orla convexa e larga com duas molduras pouco profundas. Disco concâvo

pouco profundo.

Dimensões

e Descrição

Sector

Superfície irregular.

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 2184

 AfricanaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 14/17095 04

Lucerna de disco Sim

2.ª met. séc. II/inicio do séc. III d.C.

Dressel

27/Deneauve

VIIIA

94/95

base/reser.

/asa/orla/disco

XIA

Diâmetro de orla: 44m, Diâmetro de base: 32mm, Diâmetro máximo: 64mm, Largura da asa:

8mm

Disco concâvo profundo com orifício de alimentação ligeiramente descentralizado. Orla larga

e convexa com duas molduras. Bico redondo e plano em forma de coração.

Dimensões

e Descrição

Sector

Marca na base "IVNIALEXI".

 Alisada na junção das duas partes da lucerna.

i i

Sim

Flora e des. florais

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 9315

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 12 bq096 03-04

Lucerna de disco Não

2.ª met. séc. II/inicio do séc. III d.C.

Dressel27/Deneauve

VIIIA

94/95

bico/reserv.

VIIB

Diâmetro de fundo: 40mm, Espessura média: 2mm

Fundo plano com uma moldura que o separa do reservatório. Bico redondo e plano.

Dimensões

e Descrição

Sector

Mesma que 3462

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 2130

 AfricanaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

J.14 CR3097 05

Paleocristã Não

Séc. IV

Hayes I

88

orla/reser.

XIB

Dimensões

e Descrição

Sector

Sim

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 2159

 AfricanaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

J. 9098 03

Paleocristã Não

Finais séc. IV/ inicio do séc. V

Hayes IIA

84

orla/reser./asa

XIA

Dimensões

e Descrição

Sector

Sim

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26105

 AfricanaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

099 596

Não

2.ª met. Séc. II/Séc. III d.C.

dificil classif.

2000

disco

X

Espessura média: 4mm

Disco concâvo pouco profundo, orla convexa com duas moldurasirregulares. Orla com

decoração geométrica radial de pequenas molduras.

Dimensões

e Descrição

1ASector

Representação figurativa de um cavalo.

Sim

Fauna

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 7827

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 27100 01

Não

2.ª met. Séc. II/Séc. III d.C.

dificil classif.

94/95

orla/disco

VIIIB

Espessura média: 4mm

Disco concâvo pouco profundo. Orla larga e convexa com duas molduras bem delimitadas. A

orla está decorada com pequenas molduras radiais.

Dimensões

e Descrição

Sector

Sim

Indet.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 2114

Indet.Produção FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

101 Sup.

Ind. Não

Dificil Classif.

-

orla/disco/resrv.

Dimensões

e Descrição

Sector

Sim

Geometrica

Tipo de Dec.

Sobremoldagem

N.º 3453

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 12102 06

Lucerna de volutas Não

Séc. I /1.ª met. do Séc. II d.C.

Indet.

94/95

orla/disco

VIIIA

Espessura média: 3mm

Fragmento de disco concâvo pouco profundo, orla ligeiramente inclinada para o interior com

três molduras. Apresenta ainda o arranque de uma das volutas.

Dimensões

e Descrição

Sector

Decoração geométrica em forma de rosáceas.

Sim

Geometrica

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 2163

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

B103 03

Lucerna de volutas Não

Séc. I / II d.C.

Indet.

83

orla/disco

VIIIB

Espessura média: 2mm

Orla ligeiramente inclinada para o interior com três molduras conservadas.

Dimensões

e Descrição

Sector

Sim

Figurativa Indet.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 12080

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 3104 01

Ind. Não

Séc. I / III d.C.

Indet.

97

disco

VIIA

Espessura média: 2mm

Fragmento de disco.

Dimensões

e Descrição

Sector

Tem um gladiador representado, segurando um escudo com a mão direita e uma lança com a esquerda. Apresenta o braço esquerdo protegido

pela "manicae".

Sim

Vida quotidiana

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 26029, 26071

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

105 115 e 151

Lucerna de volutas Não

 Augusto-Trajano

Indet.

99

orla/disco

VIIIB

Espessura média: 2mmOrla plana com quatro molduras. Disco concâvo pouco profundo.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 13348

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 7106 04

Lucerna de volutas Não

Séc. I / 1.ª met. do Séc. II d.C.

Indet.

97

orla/disco

IX

Espessura média: 2mmFragmento de disco concâvo pouco profundo, com orla ligeiramente inclinada para o interior.Duas molduras conservadas.

Dimensões

e Descrição

Sector

Representação figurativa de dificil interpretação.

Sim

Religião e mito

Tipo de Dec.

Sim

Sobremoldagem

N.º

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

107 140

Ind. Não

Indet.

99

disco

VIIIB

Espessura média: 2mmDimensões

e Descrição

1CSector

Representação figurativa masculina.

Sim

Figurativa Indet.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

108 172

Lucerna de volutas Não

Século I / II d.C.

Indet.

99

orla/disco

VIIA

Espessura média: 3mmFragmento de disco e parte da voluta.É visível o orifício de alimentação e de arejamento.Tem uma única moldura na orla, larga e profunda.

Dimensões

e Descrição

1CSector

 Apresenta decoração indeterminada.

Sim

Indet.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 12172

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 3109 04

Ind. Não

Indet.

97

orla/disco

VIIIB

Diâmetro: 80mm, Espessura média: 3mm

Orla curta e horizontal com uma pequena moldura mal delimitada e irregular. Disco concâvo e

pouco profundo. Engobe de má qualidade.

Dimensões

e Descrição

Sector

Representação decorativa indeterminada, devido a corresponder a uma sobremoldagem de má qualidade.

Sim

Indet.

Tipo de Dec.

Sim

Sobremoldagem

N.º vários

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

110 232

Ind. Não

99

base

VIIIB

Diâmetro: 44mm, Espessura média: 2mm

Base plana com pequena moldura que a separa do reservatório.

Dimensões

e Descrição

1CSector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 12079

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 3111 01

Ind. Não

Indet.

97

base/reser.

VIIIB

Diâmetro: 40mm, Espessura média: 3mm

Base anular convexa de pé destacado.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Indet.

Sobremoldagem

N.º 24249

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

112 109

Ind. Não

Indet.

2000

base

VIIIB

Diâmetro: 50mm, Espessura média: 2mm

Base anular de pé destacado.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 11879

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 2113 2B

Ind. Não

Indet.

97

base/reser.

VIIIB

Diâmetro: 50mm, Espessura média: 2mm

Base de pé destacado com uma moldura que a separa do reservatório.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

114 560

Lucerna de volutas Não

2.ª met. séc. I d.C.

Dressel 11/14/

Deneauve VA

2000

Indet.

VIIIA

Espessura média: 2mmDimensões

e Descrição

1ASector

Representação de Jupiter triunfante com a águia à sua frente de asas abertas tendo nas garras o raio.

Sim

Religião e mito

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 12181

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 3115 04

Ind. Não

séc. I / inicio do séc. II d.C.

Indet.

97

disco

VIIIB

Espessura média: 3mmDimensões

e Descrição

Sector

Victória alada de frente, com as asas elevadas à altura da cabeça. Com o braço esquerdo sustem uma palma e com o direito, extendido, segura

uma coroa de louro.

Sim

Religião e mito

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 2109

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. VIII116 17

Ind. Não

 Augusto-Trajano

Indet.

89

disco

VIIIA

Espessura média: 2mmDimensões

e Descrição

Sector

Europa de frente, sentada sobre um touro. Com a mão direita segura-se a uma das amarras do touro, com a outra seguraria uma das pontas do

véu que esvoaça por cima da sua cabeça.

Sim

Personagens hist.

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 26010

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

117 200

Ind. Não

Indet.

99

disco

VIIIB

Espessura média: 3mm

Fragmento de disco com representação erótica.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Representação erótica.

Sim

Vida quotidiana

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 14/17 E118 5

Lucerna de volutas Não

2.ª met. séc. I d.C.

Dressel

11/14/Deneauve

VA

94/95

disco

VIIIA

Espessura média: 2mm

Lucerna de volutas de bico redondo. As volutas estão viradas para o lado do bico.

Dimensões

e Descrição

Sector

Representação de actor. Mascara cómica.

Sim

Vida quotidiana

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 26020

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

119 160

Ind. Não

Séc. I / III d.C.

Indet.

99

disco

VIIA

Espessura média: 2mmDimensões

e Descrição

1CSector

Representação de um altar circular com uma chama no topo. Está ladeado por dois arbustos estilizados. A meio do corpo do altar encontramos

uma representação de elementos florais. Poderá corresponder a uma pequena ara.

Sim

Vida quotidiana

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 2111

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

J 14120 06

Ind. Não

Indet.

87

disco

IX

Espessura média: 3mm

Fragmento de disco concâvo profundo.

Dimensões

e Descrição

Sector

Representação de urso em perfil, correndo para a direita. Cabeça inclinada para a frente, patas da frente inclinadas para a frente dando a ideia

de movimento e boca entreaberta.

Sim

Fauna

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º 26100 e

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

121 131 e 588

Ind. Não

Séc. I/II d.C.

Indet.

2000

disco

VIIIB

Espessura média: 1mm

Fragmento de disco concâvo pouco profundo.

Dimensões

e Descrição

1ASector

Decoração geométrica radial, separada do orifício de alimentação por três molduras de diferentes espessuras, que, regra geral, repetem as

molduras da orla.

Sim

Geometrica

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 2113

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

J13122 4

Ind. Não

Séc. I/II d.C.

Indet.

87

disco

VIIIB

Espessura média: 2mm

Fragmento de disco.

Dimensões

e Descrição

Sector

Decoração geométrica radial, que teria o orifício de alimentação delimitado por molduras.

Sim

Geometrica

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º

ItálicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

123 200

Ind. Sim

Século I / II d.C.

Indet.

99

base

VIIA

Espessura média: 2mm

Fundo anular plano com pequeno pé destacado.

Dimensões

e Descrição

1BSector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

N.º 12465 e

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 3124 04 e 05

Ind. Sim

Indet.

97

base

VIIIB

Diâmetro: Espessura média: 2mm

Base plana destacada.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem

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N.º

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 12125 03

Lucerna de disco Sim

Séc. II / Inicio do Séc. III d.C.

Indet.

94/95

base/reser.

VIIIB

Diâmetro de base: 31mm

Fragmento de base e reservatório de lucerna.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Indet.

Sobremoldagem

N.º 3436

Indet.Produção FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 12 bq E126 06

Ind. Sim

Indet.

94/95

base

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Indet.

Sobremoldagem

N.º 12078

HispânicaProdução FabricoCronologia

Observações

Forma

N.º de Inv. Ano Quad. U.E.

Tipo Fragm. Marca

Decor.

Q. 3127 01

Lucerna de volutas Sim

Séc. I / 1.ª met. do séc. II d.C.

Indet.

97

orla/disco

VIIIB

Espessura média: 3mm

Fragmento de disco concâvo pouco profundo, orla horizontal com duas molduras

conservadas.

Dimensões

e Descrição

Sector

Não

Tipo de Dec.

Não

Sobremoldagem