as ferramentas contÁbeis e gerenciais como auxÍlio para a sobrevivÊncia das microempresas e...

76
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS MARCELO GOMES DA SILVA AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE RECIFE 2013

Upload: marcello-gomes

Post on 12-Jun-2015

1.100 views

Category:

Small Business & Entrepreneurship


7 download

DESCRIPTION

O presente trabalho tem como objetivo analisar os fatores que contribuem para a mortalidade das micro e pequenas empresas através de índices de pesquisas realizadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE e pesquisas afins, buscando verificar se as falhas gerenciais e contábeis identificadas persistem nas empresas que se encontram ativas.

TRANSCRIPT

Page 1: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

MARCELO GOMES DA SILVA

AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A

SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

RECIFE

2013

Page 2: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

MARCELO GOMES DA SILVA

AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A

SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Ciências Contábeis da

Universidade Federal de Pernambuco como

requisito parcial para a obtenção do título de

bacharel em Ciências.

ORIENTADORA: PROFª. DRª. UMBELINA CRAVO TEIXEIRA LAGIOIA

RECIFE

2013

Page 3: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

Dedico este trabalho especialmente à minha família que

sempre me deu apoio nos momentos de dificuldade e sempre

esteve presente nos momentos de alegria.

Page 4: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

AGRADECIMENTOS

Ao concluir este SONHO, lembro-me de muitas pessoas a quem ressalto

reconhecimento, pois, esta conquista concretiza-se com a contribuição de cada uma delas, seja

direta ou indiretamente. No decorrer dos dias, vocês colocaram uma pitada de amor e

esperança para que neste momento findasse essa etapa tão significante para mim.

Primeiramente, agradeço a Deus pela força e coragem durante toda esta longa

caminhada, onde sua mão esteve sempre estendida sobre mim.

Dedico esta, bem como todas as minhas demais conquistas, à minha mãe, irmãos e

demais familiares que, na trilha desses anos, incentivaram-me na constante busca pelo

conhecimento, ensinando-me valores sem os quais jamais teria me tornado a pessoa que sou.

Aos meus queridos amigos, por compreenderem meus sumiços, mas sempre estiveram

ao meu lado dispostos a me ajudar, ouvindo minhas angústias e dividindo momentos alegres.

Neste momento, todas as lembranças voltam à tona. As lutas, vitórias e decepções. Bons e

maus momentos. Ainda ouvirei por muito tempo o eco dos nossos risos... Sentirei os abraços

apertados que expressam todo um sentimento profundo, infinito, sincero...

Aos meus mestres que me despertaram para além daquilo que se estuda: fizeram-nos

questionar a verdade humana e nos convidaram a alçar voo em sua sabedoria, mesmo sabendo

que o voar dependeria das asas de cada um de nós. Muito obrigado àqueles que nos

convenceram de que somos melhores do que suspeitávamos e sempre acreditaram em poder

contribuir para a formação de um caráter, compartilhando suas experiências. Ninguém poderá

substituí-los, mas o que nos consola é que levaremos conosco muito de vocês, muito do que

nos ensinaram.

E a todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.

Meus sinceros agradecimentos!

“De tudo ficarão três coisas: a certeza de que estamos começando, a certeza de que é preciso continuar e a

certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da

queda um passo de dança. Do medo, uma escada. Do sonho, uma ponte. Da procura, um encontro”.

(Fernando Sabino)

Page 5: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento

CFC – Conselho Federal de Contabilidade

CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis

DFC – Demonstração do Fluxo de Caixa

EPP – Empresa de Pequeno Porte

IASB – International Accounting Standard Board

LC – Lei Complementar

ME – Microempresa

MPE’s – Micro e Pequenas Empresas

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SIMPLES – Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Micro e

Pequenas Empresas

Page 6: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Motivos que levaram ao fechamento das empresas ..................................... 51

Tabela 02. Motivo que mais influenciou no fechamento da empresa ........................... 52

Tabela 03. Faixa etária dos empresários entrevistados ................................................. 54

Tabela 04. A administração das micro e pequenas empresas ........................................ 57

Tabela 05. Conhecimento do impacto da carga tributária antes de iniciar a atividade. 60

Page 7: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01. Dificuldades no gerenciamento da empresa – empresas ativas. Razões

para o fechamento da empresa – empresas extintas ...................................................... 50

Gráfico 02. Sexo dos empresários entrevistados .......................................................... 53

Gráfico 03. Faixa etária dos empresários entrevistados ............................................... 54

Gráfico 04. Classificação das empresas entrevistadas .................................................. 55

Gráfico 05. Setor de atuação das empresas entrevistadas ............................................. 55

Gráfico 06. Tempo de atuação no mercado das empresas entrevistadas ....................... 54

Gráfico 07. A administração das micro e pequenas empresas ...................................... 57

Gráfico 08. Principais dificuldades enfrentadas no gerenciamento da empresa .......... 58

Gráfico 09. Conhecimento do impacto da carga tributária antes de iniciar a atividade 60

Gráfico 10. Consulta a profissional da área tributária com o intuito de minimizar os

efeitos da carga tributária .............................................................................................. 61

Gráfico 11. Conhecimento prévio do mercado no qual pretendia inserir ..................... 61

Gráfico 12. Capital utilizado na abertura da empresa ................................................... 62

Gráfico 13. Controle de recebimentos e pagamentos da empresa ................................ 63

Gráfico 14. Controle compras e vendas de mercadorias .............................................. 63

Gráfico 15. Utilização de sistema digital para controle financeiro .............................. 64

Gráfico 16. Utilização de relatórios financeiros para tomada de decisões ................... 65

Page 8: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar os fatores que contribuem para a

mortalidade das micro e pequenas empresas através de índices de pesquisas realizadas

pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE e pesquisas

afins, buscando verificar se as falhas gerenciais e contábeis identificadas persistem nas

empresas que se encontram ativas. Com o fim de obter informações junto aos responsáveis

pelas empresas ativas, procedeu à aplicação de um questionário no qual foi possível colher

dados a respeito das ferramentas adotadas para a gestão, com ênfase nas causas que mais

contribuíram para o encerramento de atividades identificadas anteriormente. Dentre as

dificuldades enfrentadas no gerenciamento das empresas, a carga tributária foi o fator

apontado como principal dificuldade enfrentada no gerenciamento das empresas de pequeno

porte. Já a falta de capital de giro é o fator apontado como principal dificuldade para o

gerenciamento das microempresas, comportamentos estes semelhantes aos das empresas que

encerraram as atividades. Observou-se ainda que os empresários estão no caminho certo em

se tratando do gerenciamento do fluxo de caixa, possuem um controle de compras e vendas de

mercadorias, fator positivo para a sobrevivência dos negócios e se baseiam em relatórios

financeiros para tomar decisões, resultados positivos em relação à análise das empresas que

encerraram as atividades.

Palavras-chave: Micro e Pequenas Empresas. Contabilidade Gerencial. Tomada de Decisão.

Page 9: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

ABSTRACT

The present work aims to analyze the factors that contribute to the mortality of micro and

small enterprises through indices of researches carried out by Serviço Brasileiro de Apoio às

Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE (Brazilian Service of Support to Micro and Small

Enterprises) and related searches, searching to verify if the failures and managerial

accounting identified persist in companies that are active. In order to obtain information from

those responsible for companies active, held the application of a questionnaire in which it was

possible to collect data about the tools adopted for management, with emphasis on causes that

contributed most to the closure of activities identified previously. Among the difficulties

encountered in the management of companies, the tax load factor was reported as the main

difficulty faced in the management of small businesses. Already the lack of working capital is

the factor pointed out as the main difficulty for the management of micro-enterprises,

behaviors similar to those of the companies that have closed the activities. It was also

observed that the entrepreneurs are on the right path when it comes to the management of

cash flow, have a control of purchases and sales of goods, positive factor for the survival of

the business and are based on financial reports to make decisions, positive results in relation

to the analysis of companies that have closed down activities.

Keywords: Micro and Small Enterprises. Managerial Accounting. Decision-Making.

Page 10: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12

1.1. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA, OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA

DO TRABALHO ............................................................................................... 15

1.1.1. Caracterização do Problema ................................................... 15

1.1.2. Objetivos ................................................................................ 16

1.1.2.1. Objetivo Geral ............................................. 16

1.1.2.2. Objetivos Específicos .................................. 16

1.3. Justificativa do Estudo ........................................................ 17

2. METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................... 21

2.1. Caracterização da Pesquisa ....................................................... 21

2.2. Procedimentos Adotados e Instrumento de Coleta de Dados .... 23

3. EVOLUÇÃO CONCEITUAL DA CIÊNCIA CONTÁBIL ......................... 24

3.1. Definições e Conceitos ............................................................. 24

3.2. A História da Contabilidade ....................................................... 26

3.2.1. A Contabilidade no Brasil .............................. 28

3.3. A Contabilidade Como Ferramenta Gerencial .......................... 29

3.3.1. Soluções Geradas pela Contabilidade às Micro

e Pequenas Empresas ............................................................ 30

3.3.2. Informações Contábeis como Ferramentas no

Gerenciamento das Empresas ............................................... 32

3.3.2.1. Planejamento Tributário .............................. 32

3.3.2.2. Demonstração do Fluxo de Caixa ............... 34

3.3.2.3. Administração Contas a Receber e a Pagar.. 35

3.3.2.4. Controle de Estoques ................................... 37

3.3.3. Ferramentas para Avaliação do Desempenho

da Empresa ............................................................................. 37

Page 11: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

3.3.3.1. Indicadores de Estrutura .............................. 39

3.3.3.2. Ponto de Equilíbrio ...................................... 40

4. AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS ..................................................... 46

4.1. Conceito de Micro e Pequena Empresa .................................... 46

4.2. Sobrevivência das Micro e Pequenas Empresas ....................... 47

4.3. Fatores de Insucesso e Razões para o Fechamento das MPE’s . 49

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA ............. 53

6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 66

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 67

Apêndice I - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS MICRO E

PEQUENOS EMPRESÁRIOS .......................................................................... 69

Apêndice II - ANÁLISE DOS DADOS: QUANTIDADE DE

QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS ............................................................... 72

Page 12: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

12

1. INTRODUÇÃO

A economia mundial do último século passou por grandes transformações e dentre

essas está o surgimento de uma elevada quantidade de atividades exercidas à margem da lei.

Em uma economia de mercado é fundamental que haja iniciativa, vocação e disposição, por

parte dos agentes que compõem o sistema econômico, em correr riscos inerentes ao processo

produtivo.

A análise em torno da mortalidade de micro e pequenas empresas tem despertado a

atenção de estudiosos e da própria sociedade devido às suas implicações junto ao mercado de

trabalho e à atual estrutura produtiva brasileira.

As micro e as pequenas empresas (MPE’s) desempenham um importante papel

econômico e social no país e estão em crescente expansão. Contudo, estas empresas ainda

enfrentam algumas questões gerenciais e financeiras que dificultam o seu desenvolvimento de

uma forma sustentável. Os profissionais que lidam, mais diretamente, com esses

empreendimentos, em particular os da área contábil, têm-se empenhado em melhor atender às

suas demandas emergentes (PAIVA; GOMES, 2008).

Ao empreender uma atividade econômica o agente estará à frente de uma decisão

individual, que resultará em assumir a responsabilidade de responder por uma empresa. A

princípio, parece claro a convergência do objetivo do empreendedor em melhorar o acesso a

algo que ele valoriza e o objetivo de maximização de lucro. Contudo, ao considerarmos uma

decisão individual, relativa a realizar ou não um empreendimento, adentra-se num campo

bastante complexo, tratado pela microeconomia tradicional como o processo de escolha sob

incerteza (PAULI; CRUZ, 2013).

Para Lopes de Sá (2012), “dada à informalidade, a falta de estatísticas defluentes da

ausência de registros, é bem possível, sem exagerar, admitir que quase 75% dos empregos em

nosso país dependem desses microorganismos referidos”. São muitas as dificuldades naturais

que enfrentam tais organizações, lhes determinado expressiva mortalidade, na maioria dos

casos ocorrida precocemente.

Page 13: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

13

Atualmente, a discussão sobre a importância da pequena empresa é longa e aponta o

seu incentivo como solução para o desenvolvimento do país e solução de problemas diversos

de natureza social. Neste sentido, Barros (1978, p. 61) apud LACERDA (2006, p.02),

comenta que a pequena e média empresa “... tem uma substancial importância [para o país]

em seu processo evolutivo, contribuindo significadamente, quer seja do ponto de vista

econômico, quer seja do ponto de vista social e inclusive político”.

Com o objetivo de combater a informalidade e de reduzir as dificuldades enfrentadas

por esse importante setor da economia, o governo resolveu criar mecanismos de acesso ao

mercado formal através de leis voltadas para as microempresas e empresas de pequeno porte.

O International Accounting Standard Board (IASB) editou, em julho de 2009, as

"IFRS for SME" (Normas Internacionais de Contabilidade para Pequenas e Médias

Empresas). Trata-se de uma importante iniciativa já que segundo dados divulgados pela

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), essa categoria de

empresas representa 95% das empresas existentes no mundo.

No Brasil o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC, órgão com competência

para emitir as normas contábeis brasileiras convergentes com as normas internacionais, emitiu

o CPC – PME - Pequenas e Médias Empresas, aprovado pelo Conselho Federal de

Contabilidade (CFC) por meio da NBC T 19.41, cuja aplicação é exigida a partir de

01.01.2010, define normas específicas para as pequenas e médias empresas objetivando

padronizar as práticas contábeis para essas entidades.

Em consonância com o texto constitucional foram aprovadas as leis nº 9.841

(BRASIL, 1999), nº 10.406 (BRASIL, 2002) - (código civil brasileiro) e, por fim, a lei

complementar nº 123 (BRASIL, 2006), posteriormente alterada pela LC nº 127/2007

(BRASIL, 2007), LC nº 128 (BRASIL, 2008) e LC nº 139/11 (BRASIL, 2011).

Conforme aponta Lacerda (2006), entre os vários fatores que contribuem para a alta

taxa de rotatividade das pequenas empresas, destaca-se o de aspecto gerencial, denunciando o

problema da discutível capacidade gerencial dessas pequenas empresas, da fragilidade

administrativa e organizacional e de práticas e costumes comuns nestas empresas

consideradas como forças restritivas ao seu desenvolvimento.

Page 14: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

14

Pernambuco é o estado que apresenta a taxa de sobrevivência mais baixa (58%) para

empresas com até 02 anos (SEBRAE, 2011). Dessa forma, o presente trabalho orienta-se pelo

estudo de investigar as causas que levam as microempresas e empresas de pequeno porte da

cidade do Recife – PE a encerrarem suas atividades de forma precoce, identificando as

ferramentas contábeis e gerenciais que possam ser aplicadas às micro e pequenas empresas

como meio de orientar às decisões dos empresários.

O Capítulo 1, que é a Introdução, foi responsável pela apresentação do projeto de

pesquisa, no qual realizou-se uma caracterização do problema em estudo, definiram-se os

principais objetivos e demonstrou-se a importância da realização desta pesquisa. Nesta seção

também são apresentados o tema, os objetivos e a justificativa do estudo.

O Capítulo 2 caracteriza o tipo de pesquisa realizada, o modo como foi feita e os

métodos adotados como pesquisa bibliográfica e de campo.

No terceiro Capítulo é abordada a contabilidade em suas definições e conceitos,

transcorrendo de forma sucinta a sua origem e história. Aborda-se também sobre a

contabilidade sob o enfoque gerencial, buscando identificar as soluções e ferramentas geradas

para a gestão das micro e pequenas empresas.

O Capítulo 4 discorre sobre as Micro e Pequenas empresas, seus conceitos sob

diferentes visões e sua posição no cenário econômico, além de pesquisas referentes à

sobrevivência destas.

O Capítulo 5 apresenta os procedimentos adotados na pesquisa de campo, a coleta dos

dados, a amostragem e os resultados dos questionários, demonstrando o perfil dos micro e

pequenos empresários, assim como o uso das informações contábeis para fins gerenciais.

Na Conclusão, o pesquisador apresenta as considerações finais e sugestões para que o

problema desapareça ou pelo menos amenize nas diversas situações apresentadas.

Page 15: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

15

1.1. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA, OBJETIVOS E

JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

1.1.1. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

As micro e pequenas empresas são responsáveis por mais da metade dos empregos

gerados com carteira assinada do Brasil. Se levarmos em conta a ocupação que os

empreendedores geram para si mesmos, pode-se dizer que os empreendimentos de micro e

pequeno porte são responsáveis por, pelo menos, dois terços do total das ocupações existentes

no setor privado da economia (SEBRAE, 2011).

De acordo com o SEBRAE (2011), por ano, são criados no Brasil mais de 1,2 milhão

de novos empreendimentos formais. Desse total, mais de 99% são micro e pequenas empresas

e Empreendedores Individuais (EI).

A sobrevivência desses empreendimentos é condição indispensável para o

desenvolvimento econômico do País. E todos os estudos no Brasil e no mundo mostram que

os dois primeiros anos de atividade de uma nova empresa são os mais difíceis, o que torna

esse período o mais importante em termos de monitoramento da sobrevivência.

De acordo com a pesquisa realizada pelo SEBRAE (2011), a média nacional da taxa

de sobrevivência das PME’s é de 73,1% e o estado de Pernambuco é o estado que apresenta a

taxa de sobrevivência mais baixa (58%) para empresas com até 2 anos, seguido do Amazonas

e Acre, com 59% e 60%, respectivamente.

A adaptação de ferramentas contábeis gerenciais como Balanço Patrimonial,

Demonstração de Resultado do Exercício, Fluxo de Caixa, Plano de Contas, Planejamento

Tributário e outras, podem auxiliar essas empresas na tomada de decisão e segundo Atkinson

et al. (2003, p. 37) apud Lacerda (2006, p. 03), a contabilidade gerencial, através de suas

ferramentas permite uma interpretação dos números da empresa. Assim, para os autores, a

contabilidade gerencial “poderá executar o seu papel de gerar informações ao empresário para

que este tome decisões mais acertadas e em tempo hábil”.

Page 16: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

16

A criação da CPC – PME - Pequenas e Médias Empresas, aprovado pelo Conselho

Federal de Contabilidade (CFC) afirma que:

O objetivo das demonstrações contábeis de pequenas e médias empresas é oferecer

informação sobre a posição financeira (balanço patrimonial), o desempenho

(resultado e resultado abrangente) e fluxos de caixa da entidade, que é útil para a

tomada de decisão por vasta gama de usuários que não está em posição de exigir

relatórios feitos sob medida para atender suas necessidades particulares de

informação. [...] também mostram os resultados da diligência da administração – a

responsabilidade da administração pelos recursos confiados a ela (CPC PME, 2009,

p. 8).

A partir das informações explanadas, busca-se responder a seguinte questão:

Qual o grau de conhecimento sobre as informações contábeis e gerenciais dos

micro e pequenos empresários da Região Metropolitana do Recife?

1.1.2. OBJETIVOS

1.1.2.1. Objetivo Geral

Investigar o grau de conhecimento sobre as informações contábeis e gerenciais dos

micro e pequeno empresários da Região Metropolitana do Recife.

1.1.2.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do estudo são:

Identificar o perfil sócio educacional dos micro e pequenos empresários do Município

do Recife;

Evidenciar o nível de utilização das informações contábeis pelos micro e pequenos

empresários do Recife;

Verificar qual o grau de conhecimento dos micro e pequenos empresários a respeito

das informações contábeis e gerenciais de suas empresas.

Page 17: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

17

1.3. JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

A importância do tema “micro e pequenas empresas” revela‐se sob vários aspectos. O

principal deles parece ser a grande relação existente entre tais empresas e a oferta de

empregos na economia de um país. Esse conjunto de empresas é muito representativo dentro

da economia brasileira, totalizando, de acordo com o SEBRAE (2011), um universo de 4,5

milhões de estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços, responsáveis por 48% do

total da produção nacional, 42% dos salários, 59% dos postos de trabalho e cerca de 20% do

Produto Interno Bruto do Brasil.

Existem vários critérios utilizados para a definição das MPE’s. Observam-se definições

que se baseiam no número de empregados, no capital social, na receita bruta, na receita

operacional líquida, no grau de sofisticação tecnológica, etc., considerados de forma isolada

ou em conjunto. Segundo Filion (apud LACERDA, 2006, p. 4), os EUA foram os primeiros a

definir a pequena empresa em determinação oficial do Selective Service Act, de 1948

estabelecendo os seguintes critérios:

a) Sua posição no comércio ou indústria da qual faz parte não seja dominante;

b) O número de empregados não seja superior a 500;

c) Seja possuída e operada independentemente.

No Brasil, consideram-se microempresas e empresas de pequeno porte a sociedade

empresária, conforme a Lei Complementar 123/06 (com alterações), a sociedade simples, a

empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário, devidamente registrados no

Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso,

desde que:

I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou

inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e

II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita

bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a

R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) (LC 139/2011, art. 3º).

No entanto, a referida Lei exclui dos benefícios do tratamento jurídico diferenciado as

pessoas jurídicas que em sua composição se enquadram nos quesitos abaixo:

Page 18: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

18

I. de cujo capital participe outra pessoa jurídica;

II. que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica

com sede no exterior;

III. de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja

sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos

da Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite

exposto no art. 3º;

IV. cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de

outra empresa não beneficiada pela Lei Complementar, desde que a receita bruta

global ultrapasse o limite exposto no artigo 3º;

V. cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica

com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite exposto

no art. 3º;

VI. constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo;

VII. que participe do capital de outra pessoa jurídica;

VIII. que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de

desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e

investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de

títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de

seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar;

IX. resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de

desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco)

anos-calendário anteriores;

X. constituída sob a forma de sociedade por ações.

A partir do ano de 2012 passou a existir um limite extra para exportação de

mercadorias no valor de R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). Dessa forma, a

EPP poderá auferir receita bruta até R$ 7.200.000,00 (sete milhões e duzentos mil reais),

desde que não extrapole, no mercado interno ou em exportação de mercadorias, o limite de R$

3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).

Para a pessoa jurídica que iniciar atividade no próprio ano-calendário da opção, os

limites para a ME e para a EPP serão proporcionais ao número de meses compreendido entre

o início da atividade e o final do respectivo ano-calendário, consideradas as frações de meses

Page 19: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

19

como um mês inteiro. Ou seja, A partir de 01/01/2012, os limites proporcionais de ME e de

EPP serão, respectivamente, de R$ 30.000,00 e de R$ 300.000,00 multiplicados pelo número

de meses compreendido entre o início da atividade e o final do respectivo ano-calendário,

consideradas as frações de meses como um mês inteiro.

Para a referida Lei, considera-se receita bruta o produto da venda de bens e serviços

nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em

conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.

Ano-calendário significa o ano anterior ao exercício atual, ou seja, se estamos no

exercício de 2013, o ano-calendário será o de 2012. Nos termos do artigo 34 da Lei nº

4320/67 inicia-se em 1º de janeiro e termina em 31 de dezembro.

Muitos dos problemas apresentados pelas micro e pequenas empresas brasileiras,

afirma Mello (2005, p. 15), consistem na própria estrutura instável da economia, e mesmo

durante os períodos de estabilidade econômica, as empresas de pequeno e médio porte que

atuam com comércio exterior, acabam encontrando dificuldades tais como a competitividade

dos produtos em nível nacional e internacional, em razão das condições das políticas

econômicas adotadas no país.

Dessa forma, o desempenho das micro e pequenas empresas é vagaroso pelo grau de

dificuldades que elas enfrentam. Entre os problemas apresentados se encontram os entraves

domésticos de infraestrutura, tributação inadequada e instabilidade nas regras econômicas,

fazendo com que parte de seus investimentos e atividade fim, sejam desviadas de seu objetivo

principal, acarretando o encerramento das atividades de muitas dessas empresas.

No atual ambiente de competitividade empresarial, a contabilidade se apresenta como

um importante instrumento gerencial, fornecendo informações relevantes para o processo

gerencial decisório das empresas.

A cada dia, a classe contábil é mais solicitada a prestar novas informações às

empresas, não apenas referentes a cálculos, a forma de tributação, legislação fiscal, mas

também informações gerenciais, tais como fluxo de caixa, análise de indicadores econômicos,

cálculo do ponto de equilíbrio, determinação de custo, planejamento tributário e elaboração e

controle do orçamento (ZANLUCA, 2008 apud PAIVA E GOMES, 2008, p. 52).

Page 20: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

20

Conforme trata o CPC PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, o

objetivo das demonstrações contábeis de pequenas e médias empresas é oferecer informação

sobre a posição financeira (balanço patrimonial), o desempenho (resultado e resultado

abrangente) e fluxos de caixa da entidade, que é útil para a tomada de decisão. Dessa forma,

afirma Paiva & Gomes (2008), o contador necessita desenvolver habilidades profissionais e

adotar uma visão sistêmica para perceber, proativamente, as oportunidades e as ameaças que

podem afetar o negócio dos seus clientes.

Muitos são os problemas enfrentados pelas micro e pequenas empresas. A

Contabilidade possui métodos que podem ajudar a solucionar tais problemas. Porém, muitos

dos micro e pequenos empresários não têm consciência do auxílio que o uso da Contabilidade

pode lhes trazer. Sendo assim, questiona-se como a aplicação dos procedimentos contábeis

adequados podem auxiliar a gestão das entidades de micro e pequeno porte.

O propósito deste trabalho é evidenciar que o uso de ferramentas adequadas às

necessidades das micro e pequenas empresas podem contribuir para a melhora do

gerenciamento e continuidade de suas atividades, conhecendo a situação em que operam,

identificando suas principais dificuldades, mostrando métodos de interação de suas atividades

com a Contabilidade e orientando as entidades quanto às suas necessidades.

A inclusão do uso da Contabilidade nas micro e pequenas empresas pode trazer muitos

benefícios que, em consequência, podem levar a diminuir acentuadamente os motivos que

originam o encerramento das atividades das empresas, proporcionando a melhoria contínua

dos negócios (FEDATO, GOULART E OLIVEIRA, 2012).

Page 21: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

21

2. METODOLOGIA DA PESQUISA

Para a definição da metodologia empregada em uma pesquisa, Silva (2010, p. 53)

esclarece que esta “deve ser feita desde a formulação do problema, das hipóteses levantadas

até a delimitação do universo ou a da amostra”. Segundo o autor, “o que se observa é que, no

geral, usa-se mais de um método e mais de uma técnica na realização da pesquisa”.

2.1. Caracterização da Pesquisa

Quanto à Natureza, a pesquisa é predominantemente quantitativa, pois se destina a

descrever as características de uma determinada situação, medindo numericamente as

hipóteses levantadas a respeito do problema de pesquisa.

Quanto aos fins, a pesquisa é descritiva, pois expõe características de determinada

população ou de determinado fenômeno, no caso, acerca da utilização das ferramentas

contábeis e gerenciais pelas MPE’s. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e

definir sua natureza.

Quanto aos meios, a etapa inicial é caracterizada como uma pesquisa bibliográfica, de

forma a embasar, no material pertinente ao tema, a visão conceitual a ser dada no presente

trabalho. O principal recurso utilizado para tal fim foi a internet, sendo complementada por

alguns livros coletados em biblioteca e também por material fornecido pelo SEBRAE.

Lopes (2006, p. 212) conceitua o método da pesquisa bibliográfica como sendo “uma

pesquisa realizada em várias fontes como: livros, artigos, periódicos, a procura de respostas

para questões elaboradas anteriormente, utilizando-se de métodos científicos”.

A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referenciais teóricos

publicados em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa

descritiva ou experimental. Ambos os casos buscam conhecer e analisar as contribuições

culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou

problema (CERVO E BERVIAN, 1983, p. 55 apud LOPES, 2006, p. 213).

Page 22: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

22

Silva (2010, p. 54) acrescenta que “a pesquisa bibliográfica é uma excelente meio de

formação científica quando realizada independentemente ou como parte da pesquisa

empírica”.

Posteriormente, foram feitas pesquisas de campo para levantamentos de dados das

empresas que são atendidas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

de Pernambuco – SEBRAE-PE, identificando e contatando os responsáveis pelo

empreendimento, com o intuito de gerar as informações adequadas, tendo em vista atingir os

objetivos propostos neste trabalho.

Lopes (2006, p. 215) descreve a pesquisa de campo como uma “pesquisa em que se

realiza uma coleta de dados através de entrevistas, e/ou questionários, observação, in loco,

para análise de resultados posteriores.” Esse tipo de pesquisa é desenvolvida principalmente

nas ciências sociais, em que o pesquisador através de questionários, entrevistas, protocolos

verbais, observações, etc., coleta seus dados, investigando os pesquisados no seu meio

(PRESTES, 2002, p.27 apud LOPES, 2006, p.215).

A entrevista inicialmente foi idealizada de forma estruturada. De acordo com Gil

(1995), a entrevista estruturada ocorre quando é desenvolvida a partir de uma relação fixa de

perguntas. Esta técnica consiste em fazer uma série de perguntas a um informante, conforme

roteiro preestabelecido, onde esse roteiro pode constituir‐se de um formulário/questionário

que será aplicado aos informantes/sujeitos da pesquisa, a fim de se obter as informações

necessárias.

O questionário, afirma Lopes (2006, p.241), “é elaborado e utilizado em pesquisa de

campo, para dar apoio ao pesquisador em sua coleta de dados. Deve ser claro, objetivo e de

fácil interpretação tanto para o entrevistado como para o entrevistador”.

A elaboração do instrumento de pesquisa ou questionário é um componente crucial do

processo de pesquisa. Nesse estágio o pesquisador precisa criar uma série de perguntas sem

viés e bem estruturadas, que irão obter, de forma sistemática, as informações identificadas no

levantamento do problema (REA, 2002, p.24 apud LOPES, 2006, p.241).

Page 23: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

23

Silva (2010, p. 60) adverte que “quando da elaboração de um questionário, devem ser

observados a clareza das perguntas, tamanho, conteúdo e organização, de maneira que o

informante possa ser motivado a respondê-lo”.

As perguntas constantes foram de cunho objetivo e foram formuladas, principalmente,

a partir de trabalhos similares de outros autores os quais foram levantados na fase anterior, da

pesquisa bibliográfica.

A pesquisa de campo foi realizada no município do Recife com micro e pequenos

empresários que frequentaram os cursos oferecidos pelo Centro de Educação Empresarial

do SEBRAE/PE durante o mês de agosto de 2013, quando foram coletados dados por

meio da técnica de pesquisa de aplicação de questionário.

2.2. Procedimentos Adotados e Instrumento de Coleta de Dados

Foi elaborado um questionário como instrumento de coleta de dados para ser aplicado

e respondido pelos micro e pequenos empresários que frequentaram o Centro de Educação

Empresarial do SEBRAE/PE na semana de 05 a 09 de agosto. O questionário foi aplicado de

forma direta, onde o autor deste trabalho esteve pessoalmente no local abordando os

empresários e explanando sobre a pesquisa. No total, foram obtidos 40 questionários

respondidos de forma adequada, sendo 24 questionários respondidos por empresários de

Microempresas e 16 questionários respondidos por empresários de Empresas de Pequeno

Porte.

Page 24: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

24

3. EVOLUÇÃO CONCEITUAL DA CIÊNCIA CONTÁBIL

Com a evolução industrial, o advento da escrita, o crescente número de negócios da

agriculta e pastoreio o homem passou a acumular riquezas e divisas, diante do fato foi

necessário controlar a quantidade de produtos como o gado, ovelhas, os peixes, os artesanatos,

e tudo aquilo que se produzia. Como não havia moeda, utilizava-se da troca de produtos, no

entanto, como fazer diante da troca de uma vaca por uma galinha? Havia disparidades de

produtos quanto ao seu valor e dimensão, então, iniciou-se a utilização de medidas e pesos.

Na atualidade, com o mundo da globalização, das importações, exportações, comércio

internacional, distribuição em larga escala, produção diversas e conhecimentos acirrados, a

contabilidade tornou-se uma ferramenta de competição e sobrevivência de mercados inteiros e

de empresas inovadoras.

Dessa forma a contabilidade vem para auxiliar, pois muitas são as formas em que as

empresas, seus sócios e administradores podem ser condenados por leis comerciais, civis e

penais pelo fato de não manter em ordem sua Contabilidade. Seja pelo motivo de não levar a

sério a documentação relativa à transação operacional, fazer negócios fora do objeto social,

misturar ou confundir bens particulares do sócio e da empresa, cometer desvios, ou até

mesmo, efetuar contratação de um profissional despreparado.

A Contabilidade é a alma da empresa, nela ficam registrados todos os atos e fatos, e é

um instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões

(IUDICIBUS, MARION, FARIAS, 2009).

3.1. Definições e Conceitos

A Contabilidade é a ciência que estuda, interpreta e registra os fenômenos que afetam

o patrimônio de uma entidade. Ela alcança sua finalidade através do registro e análise de

todos os fatos relacionados com a formação, a movimentação e as variações do patrimônio

administrativo, vinculado à entidade, com o fim de assegurar seu controle e fornecer a seus

administradores as informações necessárias à ação administrativa, bem como a seus titulares

Page 25: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

25

(proprietários do patrimônio) e demais pessoas com ele relacionadas, as informações sobre o

estado patrimonial e o resultado das atividades desenvolvidas pela entidade para alcançar os

seus fins.

O objetivo da contabilidade pode ser resumido no fornecimento de informações

econômicas para vários usuários como: Investidores, Fornecedores, Bancos, Governo,

Sindicatos, Funcionários. Segundo Marion (2009), o objetivo principal da contabilidade,

portanto, conforme a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade, é o de permitir a cada

grupo principal de usuários a avaliação da situação econômica e financeira da entidade, num

sentido estático, bem como fazer inferências sobre suas tendências futuras.

A contabilidade mede os resultados das empresas e avalia o desempenho dos negócios,

dando diretrizes para as tomadas de decisões.

Diversas técnicas são usadas pela contabilidade para que seus objetivos sejam

atingidos: a escrituração é uma forma própria desta ciência de registrar as ocorrências

patrimoniais; as demonstrações contábeis são demonstrações expositivas para reunir os fatos

de maneira a obter maiores informações, e a análise de balanços é uma técnica que permite

decompor, comparar e interpretar o conteúdo das demonstrações contábeis, fornecendo

informações analíticas, cuja utilidade vai além do administrador.

Existe ainda uma dificuldade em classificar a contabilidade. Apesar de no geral ser

considerada uma ciência social, assim como economia e administração, algumas vezes ela é

chamada técnica ou arte.

No entanto, independente de sua classificação, é esta técnica, arte ou ciência que

adquire cada vez maior importância, dado o crescimento das corporações, entidades e

empresas, que exige grande eficácia dos profissionais da contabilidade, para que sejam

capazes de trabalhar a infinita gama de informações que são necessárias ao estudo e controle

do patrimônio.

Portanto, a contabilidade é um instrumento necessário para todas as entidades e

também para as pessoas físicas ajudando no processo de toda de decisões de pequenos e

grandes negócios. Segundo Marion (2009), a contabilidade é o grande instrumento que

auxilia a administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados

Page 26: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

26

econômicos, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de

relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões.

3.2. A História da Contabilidade

A Contabilidade é considerada tão antiga quanto à origem do homem e uma das

primeiras profissões. Os primeiros registros marcam com a civilização rudimentar no período

Paleolítico superior, há cerca de 20 mil anos, nas cavernas e em ossos de animais. Já no livro

Gênesis na Bíblia, podemos perceber algumas passagens que ilustram este sentido, quando se

refere ao crescimento da riqueza de Jacó, através do rebanho de ovelhas. No livro de Jó, o

mais antigo da Bíblia, são relatadas as transações comerciais entre egípcios e babilônicos,

destacando-se o pagamento de salários e impostos.

Segundo Iudícibus, Marion e Farias (2009), A história da contabilidade é tão antiga

quanto à própria história da civilização. Está ligada às primeiras manifestações humanas da

necessidade social de proteção à posse e de perpetuação e interpretação dos fatos ocorridos

com o objeto material de que o homem sempre dispôs para alcançar os fins propostos.

Deixando a caça, o homem voltou-se à organização da agricultura e do pastoreio. A

organização econômica acerca do direito do uso do solo acarretou em segregações, rompendo

a vida comunitária, surgindo divisões e o senso de propriedade. Assim, cada pessoa criava sua

riqueza individual.

Ao morrer, o legado deixado por esta pessoa não era dissolvido, mas passado como

herança aos filhos ou parentes. A herança recebida dos pais (pater, patris), denominou-se

patrimônio. O termo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes não

tivessem sido herdados.

Os primeiros sinais objetivos da existência da contabilidade, segundo alguns

pesquisadores, foram observados por volta do ano 3.000 a.C., na civilização Sumério-

Babilonense e coincidiu com a invenção da escrita.

Page 27: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

27

A origem da Contabilidade está ligada a necessidade de registros do comércio. Há

indícios de que as primeiras cidades comerciais eram dos fenícios. A prática do comércio não

era exclusiva destes, sendo exercida nas principais cidades da Antiguidade.

A atividade de troca e venda (escambo) dos comerciantes semíticos requeria o

acompanhamento das variações de seus bens quando cada transação era efetuada. As trocas de

bens e serviços eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre o fato. Mas as

cobranças de impostos, na Babilônia já se faziam com escritas, embora rudimentares. Um

escriba egípcio contabilizou os negócios efetuados pelo governo de seu país no ano 2000 a.C.

À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores, preocupava-

lhe saber quanto poderiam render e qual a forma mais simples de aumentar as suas posses;

tais informações não eram de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo

registros.

Foi o pensamento do "futuro" que levou o homem aos primeiros registros a fim de que

pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção etc. É

importante lembrarmos que naquele tempo não havia o crédito, ou seja, as compras, vendas e

trocas eram à vista. Posteriormente, empregavam-se ramos de árvore assinalados como prova

de dívida ou quitação. O desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de escrever)

no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de informações sobre negócios.

À medida que as operações econômicas se tornam complexas, o seu controle se refina.

As escritas governamentais da República Romana (200 a.C.) já traziam receitas de caixa

classificadas em rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens salários, perdas e

diversões.

No período medieval, diversas inovações na contabilidade foram introduzidas por

governos locais e pela igreja. Mas é somente na Itália que surge o termo Contabilitá.

Iudícibus, Marion e Farias (2009) resumem a evolução da ciência contábil da seguinte

forma:

CONTABILIDADE DO MUNDO ANTIGO - período que se inicia com as primeiras

civilizações e vai até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o livro Liber Abaci (livro

do ábaco), da autoria Leonardo Pisano, conhecido de Fibonaci (cabeça dura).

Page 28: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

28

CONTABILIDADE DO MUNDO MEDIEVAL - período que vai de 1202 da Era

Cristã até 1494, quando apareceu o Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade

por Partidas Dobradas) de Frei Luca Pacioli, publicado em 1494, enfatizando que à

teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e

negativos, obra que contribuiu para inserir a contabilidade entre os ramos do

conhecimento humano.

CONTABILIDADE DO MUNDO MODERNO - período que vai de 1494 até 1840,

com o aparecimento da Obra "La Contabilità Applicatta alle Amministrazioni Private

e Pubbliche", da autoria de Franscesco Villa, premiada pelo governo da Áustria. Obra

marcante na história da Contabilidade.

CONTABILIDADE DO MUNDO CONTEMPORÂNEO OU CIENTÍFICO - período

que se inicia em 1840 e continua até os dias de hoje. Neste período, surgiram muitas

escolas que identificavam várias visões para a contabilidade. Essas escolas

demonstravam cada uma, a sua visão para a contabilidade.

3.2.1. A Contabilidade no Brasil

Da mesma forma como no resto do mundo, no Brasil a contabilidade nasceu com a

necessidade de controles e evolução tecnológica. No início fomos influenciados pela Escola

Italiana, deixando diversos autores que até hoje em dia tem sido fonte de pesquisas.

Na vinda da Família Real Portuguesa, o crescente desenvolvimento da atividade

colonial, e o aumento dos gastos públicos e também da renda nos Estados – um melhor

aparato fiscal, é constituído o Erário Régio ou o Tesouro Nacional e Público, juntamente com

o Banco do Brasil (1808).

Hoje, as funções do contabilista não se restringem ao âmbito meramente fiscal,

tornando-se, num mercado de economia complexa, vital para empresas informações mais

precisas possíveis para tomada de decisões e para atrair investidores. O profissional vem

ganhando destaque no mercado em Auditoria, Controladoria, Tributária e Atuarial.

Page 29: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

29

3.3. A Contabilidade Como Ferramenta Gerencial

A principal finalidade da Contabilidade segundo Fedato, Goulart e Oliveira (2012) é

fornecer informações que sejam úteis ao processo de tomada de decisão empresarial e hoje

essas informações são de caráter econômico, financeiro, gerencial e social. Enfim, existem

muitos outros fatores que foram surgindo nos últimos tempos, aos quais a ciência contábil

também deve transmitir informações relevantes e que tracem os novos rumos a serem

seguidos pelas entidades de forma segura.

Dessa forma, independente do porte da empresa, a Ciência Contábil sempre terá a

mesma definição. Franco (1997) apud Lacerda (2006) define a contabilidade de forma a

expressar a contribuição valorosa desta ciência para o processo de decisão:

A contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades,

mediante o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos

nele ocorridos, com o fim de oferecer informações sobre sua composição e

variação, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da

riqueza patrimonial.

Não é, pois, sem fundadas razões que a intelectualidade contábil há muito se preocupa

com o drama vivido pelas empresas de menor porte, desde o início da segunda metade do

século XX passado, empreendendo esforços no sentido de analisar as razões principais dos

desequilíbrios que levam à extinção das atividades (LOPES DE SÁ, 2012).

Sendo a Contabilidade a ciência que tem por objeto estudar o comportamento

patrimonial dos empreendimentos particulares, Lopes de Sá (2012) reforça que a

“responsabilidade dela é conhecer como os referidos microorganismos vivem e,

especialmente, quais as condições sob as quais podem conquistar a prosperidade e o

crescimento”.

A Contabilidade é uma ferramenta de auxílio e pode ser definida como uma ciência

que estuda o patrimônio de uma entidade, visando fornecer informações que são importantes

para o desenvolvimento das atividades.

Page 30: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

30

Iudícibus, Marion e Pereira (1999, p. 71) conceituam a Contabilidade da seguinte

forma:

Do ponto de vista do usuário, sistema de informação e avaliação destinado a

prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica,

financeira, física, de produtividade especial com relação à entidade objeto de

contabilização. Quanto a seu objeto, ciência do Patrimônio, que evidencia as

variações quantitativas e qualitativas do mesmo. Em uma visão macro,

ciência que registra e avalia como e quão bem a entidade utilizou os recursos

a ela confiados.

A contabilidade gerencial se difere da contabilidade habitualmente utilizada nas Micro

e Pequenas Empresas que se restringe a preocupação com o fisco e as rotinas trabalhistas.

Iudícibus apud Padoveze (2010, p.33), nos faz compreender melhor este campo da

contabilidade gerencial e sua importância:

A Contabilidade Gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como

um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já

conhecidos e tratados na Contabilidade Financeira, na Contabilidade de

Custos, na Análise Financeira e de Balanços, etc, colocados numa perspectiva

diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação

e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades

em seu processo decisório.

Padoveze (2010) ainda ressalta que, apesar da Contabilidade Gerencial utilizar-se de

temas de outras disciplinas, ela se caracteriza por ser uma área contábil autônoma, pelo

tratamento dado à informação contábil, enfocando planejamento, controle e tomada de

decisão, e por seu caráter integrativo dentro de um sistema de informação contábil.

3.3.1. Soluções Geradas pela Contabilidade às Micro e Pequenas Empresas

A abertura para uma economia globalizada no Brasil, para Paiva e Gomes (2008),

provocou uma rápida e volumosa invasão de produtos importados e esse fato obrigou as

empresas nacionais a se alinharem no tocante à qualidade e ao preço dos seus produtos e

serviços, com vistas ao mercado globalizado. Este momento vivido pela economia exige da

classe empresarial brasileira, em particular, uma mudança de postura no âmbito das MPE’s,

Page 31: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

31

passando da inércia para uma realidade dinâmica de mercado. Uma gestão profissional do

negócio se impõe e, com ela, o assessoramento contábil, adaptado aos desafios emergentes

não mais limitados ao contexto interno das organizações, mas considerando também o seu

meio externo.

Outro elemento importante para a abertura de uma atividade é o estudo prévio do

setor. O tempo que o empreendedor passa estudando para abrir seu novo negócio deve ser

fundamental para que o mesmo consiga elaborar um bom plano de negócios antecipadamente,

assim como para que ele utilize este tempo para testar hipóteses e aperfeiçoar suas habilidades

de administrar empresas. (COSTA, 2006 apud BATISTA, 2012 p.05).

Nesse contexto, Batista et al. (2012) afirmam que cabe ressaltar a importância do

adequado gerenciamento dos tributos, praticado dentro dos padrões prescritos pelas normas

tributárias e contábeis. A carga tributária representa um custo muito alto para pequenas e

médias empresas, muitas vezes inviabilizando os projetos iniciais. O desenvolvimento de um

planejamento eficaz antes de abrir o próprio negócio é importante para ter o devido

conhecimento desses tributos.

As micro e pequenas empresas sentem grande dificuldade de organizar suas

prioridades devido a falta de uma estratégia de negócios eficiente, o que, por vezes, pode

levar a entidade a rumos incertos.

É possível relacionar diversos fatores que influenciam o crescimento das dificuldades

que as empresas de micro e pequeno porte enfrentam, porém os mais comuns são fatores

relacionados à escassez de recursos disponíveis em caixa para investimentos internos e

externos como a estrutura da empresa, equipamentos tecnológicos necessários ao melhor

gerenciamento e controle de suas atividades, investimentos em publicidades, acesso à

concessão de créditos, entre muitos outros itens que ajudam sobremaneira a empresa a

conquistar clientes, aumentando sua disponibilidade de recursos financeiros e sua

permanência no mercado.

O profissional contábil ao trabalhar com essas organizações deve atentar para esses

fatos, buscando gerar esse auxílio profissional que os empresários desejam. Apresentam-se na

Page 32: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

32

sequência as ferramentas contábeis que podem auxiliar o gerenciamento das micro e pequenas

empresas.

3.3.2. Informações Contábeis como Ferramentas no Gerenciamento das Empresas.

A Contabilidade Gerencial é ferramenta para administração das finanças. Para Gitman

(1997) apud Lacerda (2006), as atividades chaves do administrador financeiro são realizar

análises e planejamento financeiro; tomar decisões de investimento; tomar decisões de

financiamentos. Para que o empresário de pequena empresa exerça estas atividades é

necessário que ele também tenha acesso a instrumentos contábeis que permitam a melhor

decisão.

Hoog (2008) reforça que o fator mais relevante, “o diagnóstico”, tem como primeira

etapa apurar os sintomas patrimoniais através da visualização dos indicadores que medem a

saúde financeira e econômica da organização para poder concluir e receitar uma terapia

corretiva direcionada às áreas infectadas.

Considerando características básicas como simplicidade e facilidade de obtenção dos

dados, necessita-se de ferramentas que assegurem a compreensão e o atendimento das

necessidades dos gestores de pequenas empresas.

3.3.2.1. Planejamento Tributário

A Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, conhecida como novo

Estatuto Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, trata em um capítulo

específico sobre a tributação das MPE’s, que é o Simples Nacional. A intensa divulgação

desse assunto levou os menos avisados a crerem que o Simples Nacional era a melhor forma

de tributação para todas as MPE’s, o que não é verdade.

Page 33: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

33

A situação econômica faz da redução da carga tributária uma ferramenta indispensável

na administração das entidades. O contabilista, por sua vez, tem a responsabilidade direta pela

quantificação da obrigação tributária e do patrimônio dessas mesmas entidades.

A carga tributária deverá ser analisada caso a caso, considerando-se o ramo de

atividade, a quantidade de funcionários, o mercado fornecedor e outros aspectos pertinentes a

cada empresa, estudando-se a melhor forma de enquadramento através de um planejamento

tributário (PAIVA E GOMES, 2008).

Para Fabretti (2009, p. 350), o planejamento tributário “consiste na escolha da melhor

alternativa legal (portanto lícita), visando à maior economia de impostos possível. A adoção

dessa melhor alternativa deve ser feita antes de ocorrido o fato gerador”.

Para Domingues apud Paiva e Gomes (2008), o planejamento tributário é “um

conjunto de medidas contínuas que visam à economia de tributos, de forma legal, levando-se

em conta as possíveis mudanças rápidas e eficazes, na hipótese do fisco alterar as regras

fiscais”.

O planejamento tributário no Brasil, alega Paiva e Gomes (2008), “é uma necessidade

que pode fazer a diferença para o sucesso (ou não) de uma empresa, tamanha a carga

tributária e o emaranhado de leis e de normas”. Para os autores, “o empresário não deve nem

pode ficar alheio à realidade tributária nacional e tem que buscar alternativas, através de um

planejamento tributário adequado à realidade de sua empresa”.

No âmbito das MPE’s, especialmente, os autores supracitados afirmam que deve-se

adotar o controle gerencial de seus tributos, por ser um processo pouco oneroso para a

empresa e com resultados imediatos. Para um planejamento tributário adequado, é

fundamental conhecer as diferenças entre os institutos da elisão fiscal – ação lícita – e da

evasão fiscal – ação ilícita. A elisão fiscal reduz o tributo devido ou evita a ocorrência do fato

gerador mediante ação lícita. A evasão fiscal reduz ou elimina o tributo que seria devido,

mediante ação ilícita, anterior ou posterior ao fato gerador, ou seja, materializa-se através de

fraudes ou sonegação fiscal, violando as leis e regulamentos fiscais.

O planejamento tributário deve ser valorizado, pois é uma ferramenta gerencial que

pode agregar informações relevantes à administração e representa uma etapa fundamental em

Page 34: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

34

um processo mais amplo, que é a gestão dos custos, sendo essa uma das atividades mais

complexas e vulneráveis nas empresas, principalmente nas de pequeno porte. Nessas

empresas, o planejamento tributário, se corretamente elaborado e operacionalizado, pode ser

um bom começo para lhes proporcionar condições mais favoráveis para a continuidade e a

expansão dos negócios.

3.3.2.2. Demonstração do Fluxo de Caixa

Nos dias atuais é cada vez maior a necessidade de um sistema gerador de informações

que possibilite às micro e pequenas empresas condições mínimas de planejamento de suas

atividades e de controle de seus resultados. A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC)

emerge como um instrumento de gestão financeira indispensável para um administrador

financeiro planejar, organizar e controlar os recursos financeiros de uma empresa. Sua adoção

favorece para que haja uma gestão adequada desses recursos, evitando situações de falta de

liquidez, de insolvência ou que representem ameaças à continuidade do negócio (PAIVA E

GOMES, 2008, p.85-86).

Para Hoog (2008), o fluxo de caixa é a principal peça contábil para a gestão das

organizações, por ser a demonstração que permite visualizar com antecedência o resultado dos

encaixes (recebimentos), desencaixes (pagamentos) e o saldo (resultado financeiro no caixa

ao final do período projetado pelo sistema de caixa).

Segundo Gitman (1997), Matarazzo (1998), Bangs Jr (1999), Ross et al. (2000) apud

Lacerda (2006), o fluxo de caixa é a demonstração onde se obtém as entradas e saídas de

caixa. Através dele a empresa será capaz de verificar a capacidade de pagamento por

determinado período, se há possibilidade de investimentos, em qual data será melhor para se

programar determinada compra, enfim, é o orientador da empresa para a tomada de decisão.

Através o fluxo de caixa a empresa poderá saber sobre sua saúde financeira, pois identifica as

compras desnecessárias, as contratações mal feitas, doações em data inoportuna. Portanto, se

a empresa tiver um fluxo de caixa bem elaborado fica fácil de conduzir à empresa de modo

rentável.

Page 35: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

35

Para um melhor desempenho econômico e financeiro da atividade da empresa, Hoog

(2008) relaciona, em ordem de importância, as principais âncoras do fluxo de caixa para se

obter a melhor performance:

1) Fixar limite para as compras, matérias-primas ou bens destinados a vendas, com

base no percentual do custo das vendas. Isto evita imobilização de caixa e melhora

o desempenho do giro do estoque;

2) Vender com prazo de recebimento superior ao de compra;

3) Parcelar as compras, aumentando a quantidade de pedidos. Isto melhora o giro do

estoque, mantendo a menor quantidade possível de unidades;

4) Substituir os gastos fixos por variáveis;

5) Liquidar, a preço de custo ou até inferior ao do custo, os estoques obsoletos ou

ultra lentos no seu giro, superior a 180 dias;

6) Para itens do estoque com giro lento, superior a 90 dias, somente efetuar uma

compra após realizar a sua venda.

A DFC tem como característica revelar a situação financeira, de natureza dinâmica, e

que exige um monitoramento contínuo, a fim de identificar sinais de alerta e de otimizar a

utilização dos recursos excedentes.

Paiva e Gomes (2008) alegam que a DFC possibilita também a apuração antecipada de

possíveis necessidades ou de sobras de caixa, uma informação relevante para orientar decisões

financeiras. Essas e outras razões justificam a assertiva de que a DFC representa um valioso

instrumento de gestão financeira, que deve receber a devida atenção no âmbito das micro e

pequenas empresas.

3.3.2.3. Administração de Contas a Receber e a Pagar

Para uma eficiente gestão financeira na empresa é necessário implantar alguns

controles gerenciais, que forneçam sistema gerador de informações que possibilite a

efetivação do planejamento de suas atividades e controle de seus resultados.

Page 36: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

36

Um dos componentes mais expressivos do capital de giro de uma empresa são as

contas a receber provenientes de suas vendas a prazo. Uma boa administração de contas a

receber deve incluir, além da execução, as funções de planejamento e controle, para que as

vendas proporcionem resultados efetivos.

Para Santos (2009), a cobrança é a principal função operacional de contas a receber. A

formulação da política de crédito – o conjunto das condições sob as quais a empresa efetua

suas vendas a prazo – e o acompanhamento de seus resultados são as funções típicas de

planejamento e controle das contas a receber.

O controle das Contas a Receber fornece informações para tomada de decisões sobre um

dos ativos mais importantes que a empresa dispõe: os créditos a receber originários de vendas

a prazo.

O controle de contas a receber possibilita a identificação dos seguintes elementos, além de

outras informações:

a) A data e o montante dos valores a receber, os descontos concedidos, e os juros

recebidos;

b) Os clientes que pagam em dia; o montante dos créditos já vencidos e os períodos de

atraso;

c) As providências tomadas para a cobrança e o recebimento dos valores em atrasos;

d) Identificar os principais clientes, o grau de concentração das vendas, e a qualidade e a

regularidade dos clientes;

e) Acompanhamento da regularidade dos pagamentos, e programar as ações para

cobrança administrativa ou judicial;

f) Fornecer informações para elaboração do fluxo de caixa;

g) Conciliação contábil.

O controle das Contas a Pagar fornece informações para tomada de decisões sobre

todos os compromissos da empresa que representem o desembolso de recursos.

As contas a pagar são compromissos assumidos pela empresa, representadas por

compra de mercadorias, insumos para produção, máquinas, serviços, salários, impostos,

aluguel, empréstimos, contribuições, entre outros. O controle das contas a pagar deve ser uma

tarefa de rotina da empresa, pois normalmente envolve com grande quantidade de dinheiro.

Page 37: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

37

O controle de contas a pagar possibilita a identificação dos seguintes elementos:

a) Identificar todas as obrigações a pagar;

b) Priorizar os pagamentos, na hipótese de dificuldade financeira;

c) Verificar as obrigações contratadas e não pagas;

d) Não permitir a perda de prazo, de forma a conseguir descontos;

e) Não permitir a perda de prazo, de forma que implique no pagamento de multa e juros;

f) Fornecer informações para elaboração do fluxo de caixa;

g) Conciliação com os saldos contábeis.

3.3.2.4. Controle de Estoques

O controle de estoque é um procedimento de extrema relevância, essencial para que

qualquer empresa possua domínio sobre suas movimentações e necessidades dentro do seu

acervo, tanto na parte de compras quanto de vendas.

O controle de estoque é o procedimento para registrar, fiscalizar e gerir a entrada e

saída de mercadorias e produtos da empresa e deve ser utilizado tanto para matéria-prima,

mercadorias produzidas e/ou mercadorias vendidas.

O planejamento é um dos principais instrumentos para o estabelecimento de uma

política de estocagem eficiente. Quando é elaborado e feito de moto correto, o controle de

estoque só traz benefícios para as empresas, de todos os portes. Com ele, é possível

aperfeiçoar o desempenho, evitando investir mais capital em mercadorias ou produtos que

ainda possuem estoque, não ficando com a falta de produtos que sejam essenciais e tenha uma

saída constante, além de proporcionar fazer análises de relatórios, alcançando assim,

alternativas para investir melhor o dinheiro em cada setor específico do estoque.

3.3.3. Ferramentas para Avaliação do Desempenho da Empresa

A Avaliação do desempenho da empresa pode ser medido e acompanhado por índices.

MATARAZZO (1998) define os índices com a relação entre contas ou grupos de contas das

Page 38: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

38

Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica

ou financeira de uma empresa. “Assim como um médico usa certos indicadores, como

pressão e temperatura, para elaborar o quadro clínico do paciente, os índices financeiros

permitem construir um quadro de avaliação da empresa” (MATARAZZO, 1998, p. 154).

Existe uma variedade de índices, mas o importante não é o cálculo de grande número

de índices, mas de um conjunto que permita conhecer a situação da empresa, segundo os

objetivos e desejos do usuário. Em resumo os índices revelam informações econômicas,

financeiras e de atividades da empresa (MATARAZZO, 1998).

Iudícibus (2010) afirma que a análise financeira deve ser entendida dentro de suas

possibilidades e limitações. De um lado, aponta mais problemas a serem investigados do que

indica soluções; do outro, pode transformar-se num poderoso “painel de controle” da

administração. Para o autor, “a finalidade da análise é, mais do que retratar o que aconteceu

no passado, fornecer algumas bases para inferir o que poderá acontecer no futuro”

(IUDÍCIBUS, 2010, p.92).

A seguir serão apresentados os índices necessários para um diagnóstico preciso da

situação econômico-financeira que consideramos inerentes à boa gestão das empresas,

principalmente às micro e pequenas. No entanto, a avaliação através de índices exige

obrigatoriamente a comparação com padrões e a fixação da importância relativa de cada

índice. Matarazzo (1998) explica que há três tipos básicos de avaliação de um índice:

a) pelo significado intrínseco, ou seja, de forma grosseira levando em conta apenas a

interpretação do cálculo matemático;

b) pela comparação ao longo do tempo de vários exercícios;

c) pela comparação com índices de outras empresas, denominados índices-padrão.

Segundo Dias (2003, p. 36), “os índices padrão são números que representam uma

relação ideal entre os valores; são os índices alcançados com maior frequência por empresas

que exercem o mesmo ramo de atividade e atuam em uma mesma região”.

Page 39: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

39

3.3.3.1. Indicadores de Estrutura

Os índices de estrutura indicam a posição relativa de cada um dos elementos

constituintes do capital de giro em relação ao valor total desse capital de giro.

No âmbito das micro e pequenas empresas, é de grande valia para identificar onde as

parcelas do capital de giro estão mais concentradas, possibilitando ao administrador tomar

decisões mais precisas.

A análise e interpretação desses índices podem ser feitas em termos de sua evolução

temporal na empresa ou pela análise comparativa com outras empresas. Os principais índices

de estrutura de capital de giro são:

a) Índice de participação das disponibilidades

Esse índice indica a representatividade das disponibilidades financeiras –

principalmente as aplicações financeiras de liquidez imediata – na estrutura do capital de giro.

A fórmula de cálculo desse índice é (SANTOS, 2009, p.24):

Índice de participação das disponibilidades = Disponibilidades / Ativo Circulante

b) Índice de participação dos estoques

Representa o peso dos estoques em relação ao capital de giro. Um índice elevado pode

significar excessiva imobilização em estoques, ou, ainda, um pequeno volume de contas a

receber. É dado pela seguinte fórmula:

Índice de participação dos estoques = Estoques / Ativo Circulante

Page 40: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

40

c) Índice de participação de contas a receber

Esse indicador mostra a participação da carteira de duplicatas da empresa sobre o total

de capital de giro. Quando o índice é muito alto pode significar que a empresa está adotando

uma política agressiva de crédito comercial, ou que ela enfrenta alto índice de inadimplência.

Calcula-se do seguinte modo:

Índice de participação de contas a receber = Contas a receber / Ativo Circulante

d) Índice de Financiamento

Esse parâmetro informa qual o percentual do capital de giro que está suportado por

empréstimos bancários. Um índice baixo pode indicar que a empresa está utilizando

principalmente financiamento dos fornecedores em lugar de linhas de crédito bancário.

Também pode refletir uma boa situação de caixa que lhe permite dispensar os financiamentos

bancários para capital de giro. Sua fórmula de cálculo é:

Índice de Financiamento = Financiamentos / Ativo Circulante

Além desses, a literatura que trata dessa matéria cita diversos outros indicadores

financeiros, que, para este estudo, julgamos inadequados ou de baixa aplicabilidade, no que

tange ao objeto do nosso estudo: as microempresas e empresas de pequeno porte.

3.3.3.2. Ponto de Equilíbrio

Ponto de Equilíbrio é um dos indicadores contábeis que informa ao executivo o

volume necessário de vendas, no período considerado, para cobrir todas as despesas, fixas e

variáveis, incluindo-se o custo da mercadoria vendida ou do serviço prestado. O ponto de

equilíbrio é um indicador de segurança do negócio, pois mostra o quanto é necessário vender

para que as receitas se igualem aos custos. Ele indica em que momento, a partir das projeções

de vendas do empreendedor, a empresa estará igualando suas receitas e seus custos. Com isso,

é eliminada a possibilidade de prejuízo em sua operação. Este indicador tem por objetivo

Page 41: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

41

determinar o nível de produção em termos de quantidade e ou de valor que se traduz pelo

equilíbrio entre a totalidade dos custos e das receitas. Para um nível abaixo deste ponto, a

empresa estará na zona de prejuízo e acima dele, na zona da lucratividade. É o mínimo que se

deve alcançar com receitas para que não amargue com prejuízo.

Figura 01 - Ponto de Equilíbrio

Fonte: PADOVEZE, 2010.

Conforme se pode observar a figura acima, o Ponto de Equilíbrio é o ponto onde a

linha da Receita cruza com a linha do custo total. Para se calcular o Ponto de Equilíbrio,

necessário se faz é o conhecimento do conceito de Margem de Contribuição. Para Padoveze

(2010), representa o lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitário do produto e

os custos e despesas variáveis por unidade de produto. Significa que em cada unidade vendida

a empresa lucrará determinado valor. Multiplicado pelo total vendido, teremos a contribuição

marginal total do produto para a empresa. Margem de Contribuição, nada mais é do que os

resultados positivos, obtidos através da Receita, menos os Custos Variáveis. Este resultado,

que é a Margem de Contribuição, deverá ser igual aos Custos Fixos para que se chegue ao

Ponto de Equilíbrio.

Fórmula do Ponto de Equilíbrio: PE = Custos Fixos / % Margem Contribuição

Page 42: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

42

3.3.3.2.1. Descobrindo % da Margem de Contribuição

Para calcular o índice da margem de contribuição utilize o DRE.

Modelo de Demonstração do Resultado:

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DA EMPRESA X

ITEM VALORES (R$) %

Receita 100.000,00 100

( - ) Custos Variáveis 65.000,00 65

= Margem de Contribuição 35.000,00 35

( - ) Custos Fixos 28.000,00

= Resultado 7.000,00

Quadro 01. Modelo de Demonstração do Resultado.

Fonte: Elaboração própria.

Dessa forma, após ter em mãos as informações do valor total do custo fixo mensal e o

índice da margem de contribuição, divide-se o custo fixo pelo índice da margem de

contribuição e tem-se o ponto de equilíbrio mensal da empresa.

3.3.3.2.2 Ponto de Equilíbrio Contábil

O ponto de equilíbrio contábil ou operacional é o mais comum e tradicional para

análises, onde o valor das receitas iguala-se ao das despesas. É o quociente simples da divisão

dos valores dos custos e despesas fixas pela margem de contribuição unitária. Nesse aspecto,

não haveria lucro e nem prejuízo contábil. É o mínimo que a empresa deverá vender num

determinado período de tempo para que as operações não deem prejuízo. Obviamente que

também não estará conseguindo lucro. No caso da empresa acima, o Ponto de Equilíbrio seria:

PE = Custo Fixo / % Margem Contribuição

PE = R$ 28.000 / 35% PE = R$ 80.000,00

Então, R$ 80.000,00 é o mínimo, aproximadamente, que esta empresa tem que vender

para conseguir bancar a sua estrutura, ou seja, para não resultar em prejuízo.

Page 43: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

43

Verificação:

DEMOSTRAÇÃO DO RESULTADO DA EMPRESA X

ITEM VALORES (R$) %

Receita 80.000,00 100

( - ) Custos Variáveis 52.000,00 65

= Margem de Contribuição 28.000,00 35

( - ) Custos Fixos 28.000,00

= Resultado 0,00

Quadro 02. Verificação do Ponto de Equilíbrio Contábil.

Fonte: Elaboração própria.

3.3.3.2.3. Ponto de Equilíbrio Econômico

O ponto de equilíbrio econômico é aquele que leva em consideração as despesas e as

receitas financeiras, acrescidas do saldo da correção monetária, isto é, quando a soma das

margens de contribuição totalizar um valor que, ao se deduzir os custos e despesas fixas, for

suficiente para remunerar o capital próprio da empresa a uma taxa satisfatória aos acionistas e

compatível com mercado.

É o Ponto de Equilíbrio com um lucro desejado. A seguir o cálculo, tomando como

exemplo a demonstração da empresa "X", considerando que a diretoria determinou um lucro

desejado de R$ 8.000,00, acima do Ponto de Equilíbrio:

PE = R$ 28.000,00 + R$ 8.000,00 / 35% PE = R$ 102.857,14

Verificação:

DEMOSTRAÇÃO DO RESULTADO DA EMPRESA X

ITEM VALORES (R$) %

Receita 102.857,14 100

( - ) Custos Variáveis 66.857,14 65

= Margem de Contribuição 36.000,00 35

( - ) Custos Fixos 28.000,00

= Resultado 8.000,00

Quadro 02. Verificação do Ponto de Equilíbrio Econômico.

Fonte: Elaboração própria.

Page 44: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

44

3.3.3.2.4. Ponto de Equilíbrio Financeiro

O ponto de equilíbrio financeiro leva em consideração valores intrínsecos aos custos e

despesas fixas totais e que são apropriados sem o respectivo desembolso, mas que, de acordo

com os Princípios Contábeis, estas variações devem figurar no resultado do exercício, sendo

confrontados com as receitas, porque contribuíram para a constituição da mesma, como é o

caso da depreciação, por exemplo. Dessa forma, o cálculo levaria em conta a diferença dos

custos fixos e despesas fixas totais com os valores sem desembolso de numerário, dividida

pela margem de contribuição unitária. Esse aspecto é considerado o mais completo para uma

análise detalhada.

Usando o mesmo exemplo anterior, sem o lucro desejado, vamos imaginar que dentro

dos custos fixos exista um valor de R$ 3.000,00 referente à depreciação. Eliminando-se a

depreciação, o Ponto de Equilíbrio cai.

PE = R$ 28.000,00 - R$ 3.000,00 / 35% PE = R$ 71.428,57

Verificação:

DEMOSTRAÇÃO DO RESULTADO DA EMPRESA X

ITEM VALORES (R$) %

Receita 71.428,57 100

( - ) Custos Variáveis 46.428,57 65

= Margem de Contribuição 25.000,00 35

( - ) Custos Fixos 25.000,00

= Resultado 0,00

Quadro 02. Verificação do Ponto de Equilíbrio Financeiro.

Fonte: Elaboração própria.

3.3.3.2.5. Limitações da Análise do Ponto de Equilíbrio

Apesar de o Ponto de Equilíbrio ser uma ferramenta fundamental na Administração

Financeira, este coeficiente não é exato, sendo passível de alguma diferença no decorrer do

período. E isso é fácil de explicar. O Custo Fixo, na realidade ele não é fixo como se diz. Ele

tem esta denominação, de custo fixo, porque ele não varia de acordo com as vendas, por isso

que é chamado de custo fixo. Porém, os custos que o compõem, na realidade variam de

acordo com o desperdício administrativo. Por exemplo, a energia elétrica, o gasto com

Page 45: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

45

comunicações, com combustível e outros gastos considerados fixos, se não houver controle,

eles sempre estarão variando e, com essa variação, o Ponto de Equilíbrio também variará. Por

isso, este coeficiente tem seu valor aproximado. Mas apesar disso, o Ponto de Equilíbrio é

uma ferramenta extremamente importante na Administração Financeira.

Page 46: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

46

4. AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

4.1. Conceito de Micro e Pequena Empresa

Inicialmente, cabe destacar que não existe um conceito universalmente aceito para

micro e pequena empresa. Os critérios variam entre os diversos Países e entre os setores

responsáveis pela regulamentação. O que é pequeno num País de primeiro mundo de

economia altamente desenvolvida pode ser considerado médio em um País de economia em

desenvolvimento e o que é médio naquele pode ser considerado grande neste.

Conforme Felippe, Ishisaki e Krom (2000), os padrões determinados pela SBA (Small

Business Administration), pelos quais o tamanho de um negócio é considerado médio, levam

em consideração o número de funcionários e outros estabelecidos em volumes de vendas e

concluem que para uma grande maioria dos setores industriais são expressos em termos de

faturamento anual.

No Brasil, por exemplo, a legislação classifica as microempresas e empresas de

pequeno porte de acordo com o faturamento anual. A Lei Complementar nº 123, de 14 de

dezembro de 2006, que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de

Pequeno Porte, revogando a lei nº 9.841 de 5 de outubro de 1999, define no seu art. 3º o

tamanho das empresas de acordo com o faturamento.

Quando a lei adota unicamente o critério de faturamento da empresa, não leva em

consideração o ramo de atividade, ou seja, se trata de uma empresa industrial, comercial ou de

prestação de serviço. Da mesma forma, despreza o aspecto financeiro ao equiparar sociedade

empresária, sociedade simples e o empresário individual.

Além do critério adotado no Estatuto da Micro e Pequena Empresa, o SEBRAE utiliza

ainda o conceito de número de funcionários nas empresas, principalmente nos estudos e

levantamentos sobre a presença da micro e pequena empresa na economia brasileira,

considerando dois setores de atividade, comércio e serviços, e indústria, conforme os

seguintes números:

Page 47: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

47

Microempresa:

I) na indústria e construção: até 19 funcionários;

II) no comércio e serviços, até 09 funcionários.

Pequena empresa:

I) na indústria e construção: de 20 a 99 funcionários;

II) no comércio e serviços, de 10 a 49 funcionários.

Neves e Pessoa (2006), ainda relatam que o Banco Nacional de Desenvolvimento –

BNDES – não faz essa divisão e considera como microempresa toda empresa que emprega até

19 empregados. Tal órgão define empresa de pequeno porte de acordo com o número de

empregados, indiferente do tipo de atividade da empresa. Por isso, são empresas de pequeno

porte, segundo o BNDES, as empresas que empregam de 20 a 99 empregados.

Portanto, os conceitos adotados pela Lei Complementar 123/2006, pelo SEBRAE e

pelo BNDES diferenciam quanto ao critério adotado, mas, na essência estão próximos.

Sintetizando os conceitos expostos, pode-se afirmar que as pequenas e médias empresas,

independente da atividade que exerçam, são geralmente dirigidas pelos seus proprietários,

possuem um quadro reduzido de pessoal, não possuem uma posição dominante do mercado

onde atua, não dispõem de elevados recursos financeiros, não estão ligadas direta ou

indiretamente a grandes grupos econômicos, têm o valor de seu capital e o faturamento anual

reduzidos.

4.2. Sobrevivência das Micro e Pequenas Empresas

A análise acerca da sobrevivência de micro e pequenas empresas tem suscitado a

atenção de estudiosos e da própria sociedade devido às suas implicações junto ao mercado de

trabalho e à estrutura produtiva do país.

As oportunidades empreendedoras existem para aqueles que são capazes de

desenvolver produtos ou serviços cobiçados pelos clientes. Uma oportunidade empreendedora

promissora é muito mais que uma ideia interessante, pois envolve um produto ou serviço

atraente aos clientes, fazendo que eles abram mão do dinheiro em troca dele. Em outras

Page 48: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

48

palavras, um empreendedor deve descobrir uma maneira de criar valor aos clientes

(LONGENECKER et al., 2007).

De acordo com Paiva e Gomes (2008), o empreendedorismo cresce exponencialmente

em todos os continentes e as causas desse fenômeno nem sempre são naturais, mas decorrem

de fatores como a diminuição de empregos formais, as inovações trazidas pela tecnologia da

informação, a abertura da economia e o aumento da competitividade em todos os setores

econômicos.

A evolução tecnológica dos últimos anos provocou uma verdadeira revolução no

cenário econômico mundial. A competição das grandes empresas multinacionais por mercado

no mundo todo causou uma elevada dispensa de mão de obra e investimento em tecnologia de

produção em larga escala. Em consequência, milhares de pequenas e médias empresas foram

abertas com vista a absolver parte da força de trabalho. Daí se extrai a grande importância

desse setor para a economia. (CARVALHO et al., 1999 apud BATISTA et al., 2012).

No Brasil, a abertura para uma economia globalizada provocou uma rápida e

volumosa invasão de produtos importados e esse fato obrigou as empresas nacionais a se

alinharem no tocante à qualidade e ao preço dos seus produtos e serviços, com vistas ao

mercado globalizado (PAIVA; GOMES, 2008, p. 46).

De acordo com pesquisas realizadas pelo CNI/DAMPI, pode-se constatar que nos

países em desenvolvimento, a presença das pequenas e médias empresas é passível de

justificação, tendo em vista que empresas desse porte permitem a economia de capitais,

absorve mão-de-obra não qualificada e minimiza migrações inter-regionais, criando um

melhor equilíbrio entre regiões (MELLO, 2005 p.07).

Ainda segundo Mello (2005), além disso, há outro aspecto muito importante que é o

fato de que as empresas de menor porte colaboram na descentralização de decisões,

possibilitando uma melhor distribuição da produção industrial, e chega a representar uma

eficiente arma contra o desemprego, pois em sua quase totalidade, elas são grandes geradoras

de renda.

Segundo dados do SEBRAE, o número dos pequenos empreendimentos no Brasil

cresceu significativamente nos últimos anos. De 1995 para 2000 o número de

Page 49: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

49

estabelecimentos passou de 1,73 milhão para 2,16 milhões - cerca de 98,7% do total de

empresas existentes no país. Hoje elas representam um universo de 4,5 milhões de

estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços, sendo responsáveis por 48% da

produção nacional, 42% do pessoal ocupado na indústria; 80,2% dos empregos no comércio,

63,5% da mão-de-obra do setor de serviços e cerca de 21% do Produto Interno Bruto

(FELIPPE, ISHISAKI e KROM, 2000).

Essa realidade não está presente apenas no Brasil. Nos Estados Unidos a participação

da pequena empresa no total de empregados é de 35%, com base no critério de cem

empregados, e perfazendo um total de 50,1% quando se analisa o critério de até quinhentos

empregados. Noventa por cento da economia americana está concentrada nas pequenas e

médias empresas, com perspectiva de crescimento para os próximos anos (LOGENECKER et

al., 1997).

De acordo com a pesquisa realizada pelo SEBRAE (2011), a média nacional da taxa

de sobrevivência das PME’s é de 73,1% e o estado de Pernambuco é o estado que apresenta a

taxa de sobrevivência mais baixa (58%) para empresas com até 2 anos, seguido do Amazonas

e Acre, com 59% e 60%, respectivamente.

4.3. Fatores de insucesso e razões para o fechamento das MPE’s

De acordo com a pesquisa “Fatores condicionantes e taxas de sobrevivência e

mortalidade das Micro e Pequenas Empresas no Brasil 2003-2005” realizada pelo SEBRAE,

os dois fatores que integram as chamadas habilidades gerenciais refletem a preparação do

empresário para interagir com o mercado em que atua e a competência para bem conduzir seu

negócio (grifo do autor).

A carga tributária elevada é o fator assinalado que mais impacta as empresas. Para

71% dos empresários, das empresas ativas, o bloco de políticas públicas e arcabouço legal é

uma das maiores dificuldades no gerenciamento da empresa, seguido de causas econômicas e

conjunturais, assinalado por cerca de 70%.

Page 50: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

50

Já para os empresários das empresas extintas (68% deles), a principal razão para o

fechamento da empresa está centrada no bloco de falhas gerenciais, destacando-se:

ponto/local inadequado, falta de conhecimentos gerenciais e desconhecimento do mercado,

seguida de causas econômicas.

Fator crucial para as empresas é a dificuldade encontrada no acesso ao mercado,

principalmente nos quesitos propaganda inadequada; formação inadequada dos preços dos

produtos/ serviços; informações de mercado e logística deficiente, caracterizando a falta de

planejamento dos empresários.

Gráfico 01. Dificuldades no gerenciamento da empresa – empresas ativas. Razões para o fechamento da

empresa – empresas extintas

Fonte: SEBRAE

Na pesquisa realizada por Felippe, Ishisaki e Krom (2000), na opinião dos empresários

que se extinguiram, os principais motivos citados que levaram ao fechamento da empresa

foram: falta de clientes – citado por 32,10%, falta de capital de giro 21,40%, carga tributária

elevada 18,50%, ponto inadequado 17,00%, recessão econômica do país citado por 13,0%,

maus pagadores, citados por 12,50%, estão apresentados na Tabela 4.

Page 51: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

51

Os motivos que levaram os empreendimentos a encerrarem suas atividades parecem

estar mais associados a uma falta de conhecimentos sobre o mercado atuante, como também a

falta de conhecimentos sobre a própria gestão administrativa/financeira, pois parcela

significativa dos sócios/proprietários das empresas que se extinguiram não tinha experiência

anterior no ramo de atividade em que estavam atuando. A falta de conhecimento

administrativo/financeiro também pode ser verificada se for observada a pouca participação

dos sócios/proprietários que têm nível superior, ou que já tenham exercido posição de

gerentes ou diretores em outras empresas.

Tabela 01. Motivos que levaram ao fechamento das empresas

Fonte: FELIPPE; ISHISAKI E KROM (2000).

Os dois primeiros motivos citados estão diretamente dentro da esfera de competência

da empresa, sendo que a falta de clientes pode ser causada por um mau plano de marketing

realizado antes mesmo do início das atividades, e a falta de capital de giro pode ser causa de

uma fraca gestão financeira realizada. Para evitá-los, seria necessário, entre outras ações, uma

boa gestão financeira e administrativa somada a uma agressiva estratégia de vendas e de

conquista de novos mercados.

A carga tributária elevada pode estar fora dos controles da empresa, mas o

administrador do empreendimento deverá de antemão conhecer a que impostos e

contribuições estará sujeito seu negócio para que o mesmo possa realizar um bom

planejamento tributário dos impostos, a fim de que os mesmos não se tornem causas de

fracasso do empreendimento. Já a quarta causa, “ponto inadequado”, é parte de um plano de

Page 52: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

52

negócio mal estruturado, pois, a localização muitas vezes está associada diretamente ao

sucesso ou ao fracasso de determinados empreendimentos. Quanto à causa dos maus

pagadores, pode ser reflexo da atual situação econômica em que se encontra o país, mas

também não se pode deixar de apontar uma má gestão financeira elaborada principalmente

nas contas a receber, talvez por falta de pessoas capacitadas, com conhecimentos necessários

para conduzir os problemas. Os outros motivos alegados, 15,70% estão ligados, em sua

maioria, direta ou indiretamente, aos dois primeiros básicos: recursos financeiros/mercado.

Em se tratando de pesquisa semelhante realizada por Batista et al. (2012), foi

perguntado a respeito do motivo que mais influenciou o fechamento das empresas. Para

responder a pergunta foram oferecidas cinco alternativas, conforme tabela abaixo:

Tabela 02. Motivo que mais influenciou no fechamento da empresa

Fonte: BATISTA et al. (2012).

Dos cinco motivos indicados no quesito, os dois que receberam maior indicação dos

entrevistados foram a dificuldade de financiamento bancário e a falta de capital de giro, com

44% e 30%, respectivamente, o que confirma o fato de que, a falta de linhas especiais de

crédito para a implantação do negócio bem como da manutenção de um capital de giro.

Page 53: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

53

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

A pesquisa de campo foi realizada no município do Recife com micro e pequenos

empresários que frequentaram os cursos oferecidos pelo Centro de Educação Empresarial do

SEBRAE/PE durante o mês de agosto de 2013, quando foram coletados dados por meio da

técnica de pesquisa de aplicação de questionário. O questionário teve 15 perguntas que

buscou identificar o perfil sócio educacional Investigar o perfil sócio educacional dos micro e

pequenos empresários; verificar qual o grau de conhecimento dos pequenos e médios

empresários a respeito das informações contábeis e gerenciais de suas empresas e identificar o

nível de utilização das demonstrações contábeis pelos micro e pequenos empresários do

Recife. As respostas foram objetivas e algumas perguntas admitiram mais de uma resposta.

Os resultados foram dados em percentuais.

Para melhor expressar o resultado e a visualização, serão exibidos gráficos do tipo pizza e

barras coloridos com legendas, apresentando os mesmos resultados das tabelas inseridas. As

tabelas e os gráficos foram confeccionados utilizando o programa Excel da Microsoft.

A classificação de microempresas e empresas de pequeno porte abordada nos resultados,

leva em consideração a Receita Bruta auferida pela empresa, conforme reza a Lei

Complementar 123/06 (com alterações).

A primeira pergunta buscou identificar o sexo dos empresários, levantando faixa de

idades, segregando entre micro e pequenos empresários e fazendo uma análise geral dos

entrevistados.

Gráfico 02. Sexo dos empresários entrevistados.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Page 54: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

54

Verica-se que a quantidade de empresários do sexo feminino foi maoir (53%) na

totalidade dos entrevistados e em se tratando de microempresários (58%), no entanto, tendo

como referência as empresas de pequeno porte, a quantidade de entrevistados do sexo

masculino superou a quantidade do sexo feminino em 12%.

A segunda pergunta buscou identificar a faixa etária dos empresários que estão

expressos nos dados abaixo, referente a quantidade de respondentes:

IDADE (ANOS) MICROEMPRESA %ME EPP %EPP TOTAL % TOTAL

18-25 0 0% 2 13% 2 5%

26-35 10 42% 4 25% 14 35%

36 a 45 7 29% 5 31% 12 30%

ACIMA DE 45 7 29% 5 31% 12 30%

TOTAL 24 100% 16 100% 40 100% Tabela 03. Faixa etária dos empresários entrevistados.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Gráfico 03. Faixa etária dos empresários entrevistados.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Analisando os dados coletados, verifica-se que a maior parte dos empresários (38 dos

40 respondentes) têm idade acima dos 26 anos. Desses empresários, podemos destacar que

grande parte (42%) dos microempresários têm idade entre 26 e 35 anos, o que podemos

inferir que nessa faixa etária os indivíduos possuem maior maturidade para abrir seu próprio

negócio, ou seja, começam a pôr em prática o espírito empreendedor. De forma geral, não há

Page 55: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

55

idade determinada, certa ou errada, para ser empreendedor, isso é algo que ocorrerá

naturalmente de acordo com o perfil de cada um.

Posteriormente, procurou-se identificar a classificação da empresa na qual os

empresários faziam parte. Como resultado, obteve-se o seguinte:

Gráfico 04. Classificação das empresas entrevistadas.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Observou-se que do total de 40 entrevistados, 24 empresários (60%) foram de

microempresas e 16 empresários (40%) de pequenas empresas.

Em relação ao setor de atuação das empresas, abteve-se os seguintes resultados:

Gráfico 05. Setor de atuação das empresas entrevistadas.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Os resultados encontrados foram idênticos para ambas as classificações de empresas:

tanto nas microempresas como nas empresas de pequeno porte, metade dos entrevistados

Page 56: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

56

atuam no setor comercial (20 entrevistados), 38% no setor de serviços (15 entrevistados) e a

minoria (13% - 05 entrevistados) no setor industrial, o que pode-se inferir que os

investimentos para empreender no ramo industrial são mais altos e muitos empresários

tendem a optar pelos setores que incorrem em custos menos elevados.

Em seguida foi perguntado o tempo de atuação da empresa, a fim de comparar a

sobrevivência das micro e pequenas empresas no mercado, conforme segue:

Gráfico 06. Tempo de atuação no mercado das empresas entrevistadas.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Os resultados obtidos nos revela que, em relação aos microempresários, a grande parte

(46%, que corresponde a 11 entrevistados) possui menos de um ano de mercado, o que nos

leva a entender que os novos empreendedores estão se adaptando ao mercado e

seu faturamento anual é reduzido, permitindo que o pagamento de tributos possa ser realizado

de forma simplificada. Já do ponto de vista dos empresários de pequeno porte a situação é

inversa: a grande parte das empresas (69%, 11 dos 16 entrevistados) está há mais de cinco

anos no mercado, motivo este que nos leva a entender que seus representantes possuem um

maior conhecimento gerencial e possuem um conhecimento e maturidade do mercado, o que

reflete diretamente nos resultados financeiros das empresas.

Page 57: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

57

Na questão subsequente, procurou-se investigar se quem administra a empresa é o

proprietário do negócio, situação comum no âmbito das micro e pequenas empresas. Os

resultados são apresentados abaixo:

MICROEMPRESA %ME EPP %EPP TOTAL % TOTAL

O ADMINISTRADOR DA EMPRESA É O PROPRIETÁRIO DO NEGÓCIO?

SIM 20 83% 16 100% 36 90%

NÃO 4 17% 0 0% 4 10%

TOTAL 24 100% 16 100% 40 100% Tabela 04. A administração das micro e pequenas empresas.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Gráfico 07. A administração das micro e pequenas empresas.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

O resultado deste questionamento é como já esperado: das 24 microempresas, tivemos

20 questionários com resultados afirmativos, ou seja, 83% destas são administradas pelo

proprietário e, na situação das empresas de pequeno porte, 100% dos empresários (16

questionários) que administram as empresas são os proprietários destas.

Procurou-se identificar na questão seguinte qual(is) a(s) principal(is) dificuldade(s)

enfrentada(s) no gerenciamento da empresa. Nesta questão, poderiam ser assinaladas mais de

uma opção. Abaixo seguem os resultados:

Page 58: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

58

Gráfico 08. Principais dificuldades enfrentadas no gerenciamento da empresa.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

A carga tributária, fator apontado como principal dificuldade enfrentada no

gerenciamento das empresas de pequeno porte (39% dos entrevistados – 09 das 23 respostas)

deverá ser analisada caso a caso, considerando-se o ramo de atividade, a quantidade de

funcionários, o mercado fornecedor e outros aspectos pertinentes a cada empresa, estudando-

se a melhor forma de enquadramento através de um planejamento tributário por profissional

qualificado.

Já a falta de capital de giro é o fator apontado como principal dificuldade para o

gerenciamento das microempresas (32% dos entrevistados – 13 das 41 respostas). É possível

uma empresa apresentar lucro e ainda assim ir à falência por falta de caixa. Capital de giro é o

conjunto de valores necessários para a empresa fazer seus negócios acontecerem. É formado

pelo conjunto dos seguintes recursos:

Dinheiro em caixa;

Banco;

Page 59: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

59

Estoque

Contas a Receber

O capital de giro é o oxigênio da empresa, sem ele haverá a necessidade de buscar

recursos financeiros junto a terceiros. Quando isso acontece, a empresa acaba transferindo boa

parte dos lucros aos seus financiadores, pois os juros são altos, aí se torna abstruso salvar a

empresa dos prejuízos.

O problema surge no período inicial das atividades, pois o empreendedor não elabora

um Plano de Negócios, que contempla o cálculo da necessidade de capital de giro, para pagar

as despesas do dia-a-dia até atingir o ponto de equilíbrio do caixa.

O Ponto de Equilíbrio significa o faturamento mínimo que a empresa tem que atingir

para que não tenha prejuízo, mas que também não estará conquistando lucro neste ponto. Se

os empresários soubessem o quão importante é o conhecimento deste indicador para a

sobrevivência de um empreendimento, jamais se permitiriam desconhecê-lo. Muitas das

micro e pequenas empresas não conseguem completar um ano de vida, em alguns casos pelo

completo desconhecimento do ramo de atividade a que se propuseram, e, na maioria dos

casos, por completo descontrole administrativo.

Normalmente ele faz o cálculo correto do lucro, mas esquece de fazer uma previsão de

Fluxo de Caixa para os próximos meses. A melhor solução reúne-se em uma gestão voltada ao

planejamento, entendendo e se adaptando aos riscos para, desta forma, otimizar os retornos

dos investimentos. A tomada de decisão baseia-se principalmente em um banco de dados

confiável, de modo a expressar para o administrador a situação real que a empresa se encontra

e poder, desta forma, idealizar um planejamento estratégico coerente com o mercado que

queira conquistar ou manter, por isso deve-se dar, também, uma atenção especial, para o

registro de dados, pois é em cima dos dados que todos os ciclos e a vida da empresa estão

registrados e embasados para a decisão.

Posteriormente, buscou-se identificar se antes de iniciar a atividade, os empresários

buscaram conhecer previamente o impacto da carga tributária nos negócios. Foi obtido dos

respondentes o seguinte resultado:

Page 60: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

60

MICROEMPRESA % ME EPP %EPP TOTAL % TOTAL

SIM 15 63% 6 38% 21 53%

NÃO 9 38% 10 63% 19 48%

TOTAL 24 100% 16 100% 40 100% Tabela 05. Conhecimento do impacto da carga tributária antes de iniciar a atividade.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Gráfico 09. Conhecimento do impacto da carga tributária antes de iniciar a atividade.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

O resultado evidenciou que do total de quarenta entrevistados, 21 deles (53%)

responderam afirmativamente à pergunta. A percentagem de microempresários que buscaram

conhecer o impacto da carga tributária é inversamente proporcional ao quantitativo de

empresários de pequeno porte. Isso comprova certo desprezo dos empresários ao impacto da

carga tributária. Sem conhecer o impacto dos tributos no resultado operacional da empresa,

torna-se impossível a prática do planejamento tributário por elisão.

Foi perguntado posteriormente aos entrevistados se eles fizeram alguma consulta a

profissional da área tributária com o intuito de minimizar os efeitos da carga tributária. O

resultado obtido está expresso no gráfico a seguir.

Page 61: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

61

Gráfico 10. Consulta a profissional da área tributária com o intuito de minimizar os efeitos

da carga tributária.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Conforme pode ser observado no gráfico, observa-se que no total 68%, correspondente

a 27 dos entrevistados afirmaram não haver consultado especialista na área tributária no

tocante a carga tributária, o que possivelmente acarreta em uma submissão a uma carga

tributária elevada quando poderia se utilizar do planejamento tributário para conhecer as

possibilidades legais de reduzi-la.

Foi indagado aos entrevistados se eles buscaram conhecer previamente o mercado no

qual pretendia inserir antes de iniciar as atividades. Esse quesito buscou analisar os fatores

relacionados com a deficiência no planejamento prévio à abertura da empresa. Os resultados

estão expressos no gráfico a seguir.

Gráfico 11. Conhecimento prévio do mercado no qual pretendia inserir.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Page 62: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

62

O resultado mostra que 82,5% dos entrevistados (33 do total de 40), comportamento

similar entre micro e pequenas empresas, constituíram um negócio com um estudo prévio dos

aspectos externos do mercado no qual pretendia se inserir, como ameaças e potencialidades,

bem como as necessidades demandadas.

No quesito subsequente foi perguntado a respeito do tipo de capital utilizado pelos

empresários na abertura das empresas. O resultado obtido está descrito no gráfico a seguir.

Gráfico 12. Capital utilizado na abertura da empresa.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

O resultado mostra que 82% do total dos entrevistados utilizaram capital próprio para

constituição da empresa, o que evidencia a presença de elevadas taxas de juros e pela

resistência das instituições financeiras na liberação de crédito para as microempresas e

empresas de pequeno porte.

Procedendo com os questionamentos, buscou-se investigar se existe algum controle

financeiro dos recebimentos (receitas) e pagamentos (despesas) da empresa. Esse

questionamento teve o intuito de explanar sobre o controle do fluxo de caixa da empresa,

elemento essencial para o bom gerenciamento dos negócios. Como resultados, tivemos as

seguintes respostas:

Page 63: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

63

Gráfico 13. Controle de recebimentos e pagamentos da empresa.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Nos resultados, observou-se que 90% do total de entrevistados (36 dos 40) estão no

caminho certo em se tratando do gerenciamento do fluxo de caixa. O Fluxo de Caixa facilita a

gestão de uma empresa no sentido de saber exatamente qual o valor a pagar com as

obrigações assumidas, quais os valores a receber e qual será o saldo disponível naquele

momento. Denomina-se saldo a diferença entre os recebimentos e os pagamentos. O fluxo de

caixa é um recurso fundamental para os gestores saberem com precisão qual a situação

financeira da empresa e, com base no resultado, decidir os caminhos a seguir.

No quesito seguinte indagou-se se existe algum controle das vendas (saídas) e compras

(entradas) de mercadorias na empresa com o intuito de verificar o controle de estoque das

empresas. Segue abaixo o gráfico com os resultados.

Gráfico 14. Controle compras e vendas de mercadorias.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Page 64: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

64

O Controle de estoque é uma ferramenta de gestão muito importante de uma empresa,

seja ela grande, média ou pequena, pois é através dele que a empresa será capaz de prever o

quanto será necessário comprar no próximo pedido ao fornecedor. Nos resultados dos

questionários, tanto as micro como as pequenas empresas, 87% que corresponde a 35 dos 40

entrevistados, possuem um controle de compras e vendas de mercadorias, fator positivo para a

sobrevivência dos negócios.

Em seguida, questionamos se a empresa utiliza algum sistema digital para controle

financeiro das operações, pois, a contabilidade aliada aos sistemas de informações,

preferencialmente computadorizados, auxiliarão de maneira eficaz o controle patrimonial de

bens permanentes em toda sua movimentação, tais como: aquisições, alienações, vendas,

transferências, manutenção, etc. Como resultado, obteve-se os resultados abaixo.

Gráfico 15. Utilização de sistema digital para controle financeiro.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Os sistemas de informações contábeis são ferramentas de registro, controle,

gerenciamento e salvaguarda do patrimônio empresarial, compostos de elementos (pessoas,

bens, insumos) que permitem a realização de um processo para satisfazer um objetivo

previamente traçado. Sistemas digitais para controle de operações são amplamente utilizados

pelos empresários de pequeno porte, ocupando 75% de respostas positivas nos questionários,

fato inverso ao uso de sistemas pelos microempresários, cuja maioria (63%) não utiliza

sistemas para controle gerencial.

Por último, buscamos conhecer se as empresas se baseiam em relatórios financeiros

para tomada de decisões. Seguem os resultados:

Page 65: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

65

Gráfico 16. Utilização de relatórios financeiros para tomada de decisões.

Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Verifica-se que, apesar de não possuírem sistemas digitais para controle, 17 das 24

(71%) microempresas se baseiam em relatórios financeiros para tomar decisões. As empresas

de pequeno porte ainda são maioria na utilização de relatórios financeiros para tomada de

decisões, representando 88% do total destas (14 dos 16 entrevistados).

Page 66: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

66

CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo investigar o grau de conhecimento sobre as

informações contábeis e gerenciais dos micro e pequeno empresários da Região Metropolitana

do Recife.

As microempresas e empresas de pequeno porte, de acordo com os resultados da

pesquisa, são geridas em sua maioria pelos proprietários. Verificou-se que a maior parte dos

empresários têm idade acima dos 26 anos. Desses, grande parte dos microempresários têm

idade entre 26 e 35 anos, o que podemos inferir que nessa faixa etária os indivíduos possuem

maior maturidade para abrir seu próprio negócio, ou seja, começam a pôr em prática o espírito

empreendedor.

Dentre as dificuldades enfrentas no gerenciamento das empresas, a carga tributária foi

o fator apontado como principal dificuldade enfrentada no gerenciamento das empresas de

pequeno porte e o segundo para as microempresas. Já a falta de capital de giro é o fator

apontado como principal dificuldade para o gerenciamento das microempresas e a segunda

maior dificuldade para as empresas de pequeno porte, seguidos de problemas financeiros,

políticas públicas e arcabouço legal e falhas gerenciais, comportamentos estes semelhante às

respostas das empresas que encerraram as atividades.

A quantidade de microempresários que buscaram conhecer o impacto da carga

tributária foi maior e inversamente proporcional ao quantitativo de empresários de pequeno

porte. Além disso, observou-se que a maior parte dos entrevistados afirmou não haver

consultado especialista na área tributária com a finalidade de minimizar seu impacto.

Por fim, observou-se que 90% do total de entrevistados estão no caminho certo em se

tratando do gerenciamento do fluxo de caixa, 87% possuem um controle de compras e vendas

de mercadorias, fator positivo para a sobrevivência dos negócios e 78% se baseiam em

relatórios financeiros para tomar decisões, resultados positivos em relação à análise das

empresas que encerraram as atividades.

A contabilidade tem o papel de oferecer ao administrador a certeza, os meios para

decidir ou pleitear e justificar, estabelecer prioridades, planejar, programar, para demonstrar

os resultados de suas atividades e fiscalizar a regularidade das operações, especialmente as

mutações que ocorrem no patrimônio das micro e pequenas empresas.

A contabilidade não é tudo em um organismo econômico, mas dela quase tudo

depende.

Page 67: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

67

REFERÊNCIAS

BATISTA, Fabiano Ferreira et al. Uma Investigação acerca da Mortalidade das

Microempresas e Empresas de Pequeno Porte da Cidade de Sousa, PB. REUNIR: Revista

de Administração, Contabilidade e Sustentabilidade, v. 2, n. 1, p. 56-71, 2012.

BRASIL. Lei Complementar 123/2006. Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa

de Pequeno Porte. Brasília: Congresso Nacional, 2006.

_______. Lei Complementar Nº 127/2007. Altera a Lei Complementar nº123/2006.

Disponível em:

<http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/LeisComplementares/2007/leicp127> Acesso

em: 20 Jan. 2013.

_______. Lei Complementar Nº 128/2008. Altera a Lei Complementar nº123/2006.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp128.htm>. Acesso em:

20 Jan. 2013.

_______. Lei Complementar Nº 139/2011. Altera dispositivos da Lei Complementar

no 123/2006. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp139.htm#art5>. Acesso em: 20 Jan. 2013.

CPC – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico

PME: contabilidade para pequenas e médias empresas. Brasil: CFC, 2009.

DIAS, Fabiano de Oliveira. Processo de Análise das Demonstrações Contábeis em Clubes

Sociais: Um Estudo de Caso. Curso de Ciências Contábeis. Universidade Federal de Santa

Catarina, Florianópolis, 2003.

FABRETTI, L. C. Contabilidade Tributária. 11. ed. São Paulo: Atlas. 2009.

FEDATO, G. A. L., GOULART, C. P.; OLIVEIRA, L. P. Contabilidade para Pequenas

Empresas: A Utilização da Contabilidade como Instrumento de Auxílio às Micro e

Pequenas Empresas. Contabilidade & Amazônia, v. 1, n. 1, p. 8-17, 2012.

FELIPPE, MC de; ISHISAKI, Norio; KROM, Valdevino. Fatores condicionantes da

mortalidade das pequenas e médias empresas na cidade de São José dos Campos. São

José Dos Campos, 2000.

GIL, Antônio Carlos. Técnicas de Pesquisa em Economia e Elaboração de Monografias.

São Paulo: Ed. Atlas, 1995.

HOOG, Wilson Alberto Zappa. Contabilidade um instrumento de gestão. Curitiba: Juruá,

2008.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos; PEREIRA, Elias. Dicionário de Termos de

Contabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

Page 68: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

68

IUDÍCIBUS, Sergio de, MARION, Jose Carlos e FARIA, Ana Cristina. Introdução à teoria

da contabilidade. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2009.

LACERDA, Joabe Barbosa. A contabilidade como ferramenta gerencial na gestão

financeira das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs): necessidade e

aplicabilidade. RBC – Revista Brasileira de Contabilidade, ano XXXV, n.160, p. 39-53,

jul/ago, 2006.

LONGENECKER, Justin G. et al. Administração de Pequenas Empresas. São Paulo:

Thomson Learning, 2007.

LOPES, Jorge. O fazer do trabalho científico em ciências sociais aplicadas. Recife: Ed.

Universitária da UFPE, 2006.

MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 10. Ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços: Abordagem Básica e

Gerencial. 4. Ed., São Paulo: Atlas, 1998.

MELLO, Eduardo C. A. A importância da informatização como propulsor de

desenvolvimento das MPE’s. Recife: Unicap, 2005. Monografia (Bacharelado em Ciências

Econômicas), Centro de Ciências Sociais – CCS, Universidade Católica de Pernambuco,

2005.

NEVES, J. R. D.; PESSOA, R. W. A. Causas da Mortalidade de Micros e Pequenas

Empresas: O Caso das Lojas de um Shopping Center. 2006. Disponível em:

<https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/OC/article/download/1361/1379>

Acesso em: 19 de julho de 2013.

OECD (2010), The OECD Structural and Demographic Business Statistics (SDBS).

march/ 2010. Disponível em: <http://stats.oecd.org/Index.aspx?DataSetCode=SDBS_BDI>,

acesso em 20/01/2012.

PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de

informação contábil. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

PAIVA, Simone Bastos; GOMES, Rinaldo Jefferson da Silva (Org.). Micro e Pequenas

Empresas: uma visão multidisciplinar de profissionais contábeis. João Pessoa: Idéia,

2008.

PAULI, Rafael Camargo de.; CRUZ, Marcio José Vargas da. Uma análise sobre a

mortalidade de micro e pequenas empresas no Paraná. Disponível em:

<http://www.ecopar.ufpr.br/artigos/a5_093.pdf>. Acesso em 25 Jan. 2013.

LOPES DE SÁ, Antônio. Mortalidade nas pequenas empresas. Março/2012. Disponível

em: <http://www.lopesdesa.com.br/?s=mortalidade+nas+pequenas&x=13&y=8>. Acesso em

20 Jan. 2013.

SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração financeira da pequena e média empresa. 1.

Ed. 7. Reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.

Page 69: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

69

SEBRAE. Taxa de Sobrevivência das Empresas no Brasil. Coleção Estudos e Pesquisas,

Outubro/2011. Disponível em: < http://www.biblioteca.sebrae.com.br>. Acesso em 19 Jan.

2013.

________. Critérios e conceitos para classificação de empresas. Disponível em:

<http://www.sebrae.com.br/uf/goias/indicadores-das-mpe/classificacao-empresarial>. Acesso

em 19 de julho de 2013.

SILVA, Antônio Carlos Ribeiro da. Metodologia da pesquisa aplicada à contabilidade:

orientações de estudos, projetos, artigos, relatórios, monografias, dissertações, teses. 3.

ed. São Paulo: Atlas, 2010.

Page 70: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

70

APÊNDICE I

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS MICRO E PEQUENOS EMPRESÁRIOS

Page 71: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

71

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A

SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

QUESTIONÁRIO

Sexo: Idade:

Masculino De 18 a 25 anos De 26 a 35 anos

Feminino De 36 a 45 anos Acima de 45

anos

Classificação da Empresa: Tempo de Atuação:

Microempresa – ME Menos de 1 ano De 1 a 3 anos

Empresa de Pequeno Porte – EPP De 3 a 5 anos Mais de 5 anos

Setor de atuação da empresa:

Comércio Serviço Indústria

1 – O administrador da empresa é o proprietário do negócio?

Sim Não

2 – Qual a(s) principal(is) dificuldade(s) enfrentadas no gerenciamento da empresa?

Políticas públicas e legislação Falta de capital de giro

Problemas financeiros Carga tributária elevada

Falhas gerenciais / Falta de experiência Falta de Clientes

Inadimplência / Maus pagadores Outros ___________________

Page 72: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

72

3 – Antes de iniciar a atividade da empresa você buscou conhecer previamente o impacto da

carga tributária nos negócios?

Sim Não

4 – Você fez alguma consulta a profissional da área tributária com o intuito de minimizar os

efeitos da carga tributária?

Sim Não

5 – Você buscou conhecer previamente o mercado no qual pretendia se inserir?

Sim Não

6 – Qual o tipo de capital utilizado na abertura da empresa?

Capital Próprio Capital de Terceiros (Empréstimos/Financiamentos)

7 – Há algum controle financeiro dos recebimentos (receitas) e pagamentos (despesas) da

empresa?

Sim Não

8 – Há algum controle das vendas (saídas) e compras (entradas) de mercadorias na

empresa?

Sim Não

9 – A empresa utiliza algum sistema digital para controle financeiro das operações?

Sim Não

10 – A empresa se baseia em relatórios financeiros para tomada de decisões?

Sim Não

Page 73: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

73

APÊNDICE II

ANÁLISE DOS DADOS

QUANTIDADE DE QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS

Page 74: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

74

ME EPP TOTAL

SEXO DOS ENTREVISTADOS

MASCULINO 10 9 19

FEMININO 14 7 21

TOTAL 24 16 40

IDADE (ANOS)

18-25 - 2 2

26-35 10 4 14

36 a 45 7 5 12

ACIMA DE 45 7 5 12

TOTAL 24 16 40

TEMPO DE ATUAÇÃO DA EMPRESA

MENOS DE 01 ANO 11 - 11

DE 1 A 3 ANOS 4 3 7

DE 3 A 5 ANOS 1 2 3

ACIMA DE 5 ANOS 8 11 19

TOTAL 24 16 40

SETOR DE ATUAÇÃO DA EMPRESA

COMÉRCIO 12 8 20

SERVIÇO 9 6 15

INDÚSTRIA 3 2 5

TOTAL 24 16 40

O ADMINISTRADOR DA EMPRESA É O PROPRIETÁRIO DO NEGÓCIO?

SIM 20 16 36

NÃO 4 - 4

TOTAL 24 16 40

PRINCIPAIS DIFICULDADES ENFRENTADAS NO GERENCIAMENTO DA EMPRESA

POLITICAS PUBLICAS E LEGISLAÇÃO 6 1 7

PROBLEMAS FINANCEIROS 6 4 10

FALHAS GERENCIAIS/FALTA EXPERIÊNCIA 4 2 6

INADIMPLÊNCIA/MAUS PAGADORES 1 2 3

FALTA DE CAPITAL DE GIRO 13 2 15

CARGA TRIBUTÁRIA ELEVADA 9 9 18

FALTA DE CLIENTES 2 3 5

ANTES DE INICIAR A ATIVIDADE, BUSCOU CONHECER O IMPACTO DA CARGA TRIBUTÁRIA NOS NEGÓCIOS?

SIM 15 6 21

NÃO 9 10 19

TOTAL 24 16 40

Page 75: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

75

FEZ CONSULTA A PROFISSIONAL COM INTUITO DE MINIMIZAR OS EFEITOS DA CARGA TRIBUTÁRIA?

SIM 7 6 13

NÃO 17 10 27

TOTAL 24 16 40

BUSCOU CONHECER PREVIAMENTE O MERCADO NO QUAL PRETENDIA SE INSERIR?

SIM 20 13 33

NÃO 4 3 7

TOTAL 24 16 40

CAPITAL UTILIZADO NA ABERTURA DA EMPRESA

PRÓPRIO 20 13 33

DE TERCEIROS 4 3 7

TOTAL 24 16 40

HÁ ALGUM CONTROLE FINANCEIRO DOS RECEBIMENTOS (RECEITAS) E PAGAMENTOS (DESPESAS) DA EMPRESA?

SIM 22 14 36

NÃO 2 2 4

TOTAL 24 16 40

HÁ ALGUM CONTROLE DAS VENDAS (SAÍDAS) E COMPRAS (ENTRADAS) DE MERCADORIAS NA EMPRESA?

SIM 21 14 35

NÃO 3 2 5

TOTAL 24 16 40

A EMPRESA UTILIZA ALGUM SISTEMA DIGITAL PARA CONTROLE FINANCEIRO DAS OPERAÇÕES?

SIM 9 12 21

NÃO 15 4 19

TOTAL 24 16 40

A EMPRESA SE BASEIA EM RELATÓRIOS FINANCEIROS PARA TOMADA DE DECISÕES?

SIM 17 14 31

NÃO 7 2 9

TOTAL 24 16 40

Page 76: AS FERRAMENTAS CONTÁBEIS E GERENCIAIS COMO AUXÍLIO PARA A SOBREVIVÊNCIA DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

76