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AS DIVERSAS FACES DA VIOLENCIA E O CONFLITO INTRAFAMILIAR CLINAURA MARIA DE LIMA

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AS DIVERSAS FACES DA VIOLENCIA E O CONFLITO INTRAFAMILIAR

CLINAURA MARIA DE LIMA

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FAMÍLIA, LUGAR DE PERDÃO...

Não existe família perfeita. Não temos pais perfeitos, não somos perfeitos, não nos casamos com uma pessoa perfeita nem temos filhos perfeitos. Temos queixas uns dos outros. Decepcionamos uns aos outros. Por isso, não há casamento saudável nem família saudável sem o exercício do perdão. O perdão é vital para nossa saúde emocional e sobrevivência espiritual. Sem perdão a família se torna uma arena de conflitos e um reduto de mágoas.Sem perdão a família adoece. O perdão é a assepsia da alma, a faxina da mente e a alforria do coração. Quem não perdoa não tem paz na alma nem comunhão com Deus. A mágoa é um veneno que intoxica e mata. Guardar mágoa no coração é um gesto autodestrutivo. É autofagia. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente.É por isso que a família precisa ser lugar de vida e não de morte; território de cura e não de adoecimento; palco de perdão e não de culpa. O perdão traz alegria onde a mágoa produziu tristeza; cura, onde a mágoa causou doença.Papa Francisco.

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AS DIVERSAS FACES DA VIOLENCIA E O CONFLITO INTRAFAMILIAR

A família sofreu, nas últimas décadas, profundas mudanças de função, de natureza, de composição e, até mesmo, de concepção. Isso se deveu, principalmente, ao aparecimento do Estado Social.

Qual o conceito de família? Quais concepções e entendimento para

contextualizar conflito intrafamiliar

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Conceito de família A família deve ser encarada como a comunidade de

vida material e afetiva entre seus integrantes, união de esforços para o desenvolvimento de atividades materiais e sociais, convivência que promova mútua companhia, apoio moral e psicológico, na busca do melhor desenvolvimento pessoal de seus membros.

§ 8º do art. 226 da Constituição Federal: “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”.

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Conceito de família A família, configura-se como lócus primeiro de

promoção da dignidade da pessoa humana, da igualdade e da cidadania.

O vocábulo família remete-nos à idéia de refúgio, de aconchego, de alento, de proteção e, sobretudo, de amor. É a família a principal referência do indivíduo na sociedade, é a noção primeira do sentimento de “pertença”, vital para o desenvolvimento da realização da pessoa humana

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Conceito de família A união homoafetiva, por exemplo, é união familiar

que, embora não tenha origem na lei, tem sua força jurídica no fato social. Não se propõe uma interpretação extensiva da lei, mas que seja reconhecido que as famílias não tipificadas tenham normatividade, enquanto originárias de fato social já consolidado.

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VIOLENCIA DOMESTICA No que se refere à violência domestica,

intervir na família para proteger a criança representa um dilema: qual é o limite entre a proteção aos direitos da criança e o respeito à convivência familiar?

Que nível de violência intrafamiliar justifica a intervenção?

Casa abrigo, constitui uma alternativa, positiva?

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VIOLENCIA DOMESTICA

Em que circunstâncias afastar uma criança de seus

pais biológicos pode representar um benefício?

Pensando nesta família como doente – sustenta-se a

ideia de que famílias que maltratam têm como

característica básica o sofrimento psíquico, ou ainda

são portadoras de transtornos mentais – evidencia-se a

necessidade de auxílio, independente da decisão que

vai ser tomada a posteriori.

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VIOLENCIA DOMESTICA Talvez a única alternativa em algumas

situações seja o afastamento, mas nunca sem antes usar de todos os recursos possíveis para a reestruturação familiar.

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CONFLITO INTRAFAMILIAR Pode-se pensar na violência

intrafamiliar como toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outro membro da família. Pode ser cometida dentro ou fora de casa por algum membro da família, incluindo pessoas que passam a assumir função parental, ainda que sem laços de consangüinidade, e em relação de poder à outra.

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AGRESSIVIDADE E VIOLENCIAA agressão constitui a vida psíquica, enquanto fazendo parte do binômio amor/ódio, pulsão de vida/pulsão de morte;

AGRESSIVIDADE- sempre está relacionada com as atividades de pensamento, imaginação, ou de ação verbal e não-verbal. Portanto, alguém muito “bonzinho” pode ter fantasias altamente destrutivas; ou sua agressividade pode se manifestar-se pela ironia, pela omissão de ajuda, ou seja, a agressividade não se caracteriza exclusivamente pela humilhação, constrangimento ou destruição do outro, isto é pela ação verbal ou física sobre o mundo.

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AGRESSIVIDADE E VIOLENCIA O ser humano é agressivo – Impulso que

pode manifestar-se para fora (hetero-agressão) ou Para dentro do próprio indivíduo (autoagressão).

Agressividade- Pode significar força combativa, comportamento adaptativo e instinto de vida. Característica de personalidade. Comportamento habitual do indivíduo, defesa de seus interesses, a ponto de intimidar, porém sem transgredir regras legais ou sociais. Manter o respeito à integridade física e psíquica dos demais. Mangini (2008)

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AGRESSIVIDADE E VIOLENCIA A educação e os mecanismos sociais

da lei e da tradição buscam subordinação e controle dessa agressividade. Assim desde criança o ser humano aprende a reprimir e a não expressá-la de modo descontrolado. O mundo cultural cria condições para que o indivíduo possa canalizar esses impulsos para produções artísticas, intelectuais, esportistas etc;

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Conceituando violência A agressividade está na constituição da violência,

mas não é o único fator que a explica. A organização social, muitas vezes concorre para

estimular a violência, o incentivo a competição escolar e no mercado de trabalho, a manutenção da violência pode ocorrer quando se conservam milhões de cidadãos em condições subumanas de existência, o que acaba por desencadear ou determinar a prática de delitos associados à sobrevivência (roubar para comer, a prostituição precoce de crianças e jovens).

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Conceituando violência A violência está presente também

quando as condições de vida social são pouco propicias ao desenvolvimento e realização pessoal levando o indivíduo a autodestruição, como o uso de drogas, o alcoolismo o suicídio.

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A VIOLENCIA E SUAS MODALIDADES

1-Doença social, produto da deterioração das condições sociais;

2-A violência na família 3-Violência nas ruas; 4- A violência e as drogas; 5-Violência e Criminalidade 6- A violência contra a natureza e o meio ambiente; 7- A violência psicológica/física; 8- A violência contra a criança; 9-Violência contra o idoso;  

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VIOLENCIA E CRIMINALIDADE Considerações importantes: três aspectos

ou conceitos ligados a esta questão: a- Transgressão; b-Infração; c- Delinqüência; Em todos os grupos existem normas e regras

que regulam a relação das pessoas. Sempre que ocorre uma transgressão, existe uma conseqüência para o transgressor: ser advertido, ser expulso do grupo, entre outros.

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VIOLENCIA E CRIMINALIDADE O DELINQUENTE- Trata-se de uma

identidade atribuída e internalizada pelo indivíduo a partir da prática de um ou vários delitos;

A dignidade humana deve estar garantida mesmo quando se cumpre pena na prisão (Michel Foucault).

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Violência intrafamiliarMiranda (1998) Pode-se pensar na violência

intrafamiliar como toda ação ou omissão que prejudique o bem- estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outro membro da família.

Pode ser cometida dentro ou fora de casa por algum membro da família, incluindo pessoas que passam a assumir função parental, ainda que sem laços de consangüinidade, e em relação de poder à outra.

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Violência intrafamiliar Portanto, quando se fala de violência

intrafamiliar deve-se considerar qualquer tipo de relação de abuso praticado no contexto privado da família contra qualquer um de seus membros.

Deve-se ainda ressaltar que o conceito de violência intrafamiliar não se refere apenas ao espaço físico onde a violência ocorre, mas também às relações em que se constrói e efetua.

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Violência intrafamiliar Brito (1999) nos fala que a idéia

de que todo o Direito, ou grande parte dele, está impregnado de componentes psicológicos justifica a colaboração da Psicologia com o propósito de obtenção de eficácia jurídica.

Em se tratando de violência perpetrada no lar estamos adentrando na Psicologia Jurídica aplicada à área Civil.

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Violência intrafamiliar Dessa forma podemos pensar que: A função do

profissional psi consiste em interpretar a comunicação inconsciente que ocorre na dinâmica familiar e pessoal [...] Seu objetivo é destacar e analisar os aspectos psicológicos das pessoas envolvidas, que digam respeito a questões afetivo, comportamentais da dinâmica familiar, ocultas por trás das relações processuais, e que garantam os direitos e o bem-estar da criança e/ou adolescente, a fim de auxiliar o juiz na tomada de uma decisão que melhor atenda às necessidades dessas pessoas. (SILVA, 2003, p.39)

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Violência intrafamiliar ALVES (2003), os profissionais da área psicossocial

em Direito de Família estão oportunizando uma visão jurídica mais avançada e reconstrutiva da própria legislação familiar, na medida em que desvendam a psique humana, objeto maior do desate jurisdicional, e parafraseando o autor: em juízo de família, não se resolvem litígios; resolvem-se pessoas.

Logo, a Psicologia deve oferecer condições para que as pessoas sejam escutadas enquanto sujeitos humanos inseridos numa cultura, e que a partir desta escuta possam redimensionar suas demandar e até mesmo avaliar se carecem mesmo de intervenção jurídica ou de outro tipo.

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PAPEL DO PSICÓLOGO A função do profissional psi consiste em

interpretar a comunicação inconsciente que ocorre na dinâmica familiar e pessoal [...] Seu objetivo é destacar e analisar os aspectos psicológicos das pessoas envolvidas, que digam respeito a questões afetivo-comportamentais da dinâmica familiar, ocultas por trás das relações processuais, e que garantam os direitos e o bem-estar da criança e/ou adolescente, a fim de auxiliar o juiz na tomada de uma decisão que melhor atenda às necessidades dessas pessoas. (SILVA, 2003, p.39)

Page 25: AS DIVERSAS FACES DA VIOLENCIA E O CONFLITO INTRAFAMILIAR CLINAURA MARIA DE LIMA

Como enfrentar a violência doméstica

São necessárias, além de medidas punitivas, ações que estejam voltadas para a prevenção, e, ainda, medidas de apoio que permitam, por um lado, à vítima e à sua família ter assistência social, psicológica e jurídica necessárias à recomposição após a violência sofrida e, por outro lado, que proporcionem a possibilidade de reabilitação dos agressores.

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Como enfrentar a violência doméstica

Apesar da necessidade que as famílias nestas situações têm de auxílio psicológico, há entraves para a consolidação da prática psi na instituição judiciária.

Cuidar dos agressores e das vitimas A violência, produto da cultura que explode em

relações interpessoais, deve ser vista de modo mais abrangente.

Se a ótica é de proteção à família, a transferência da pena exclui o argumento, na medida em que a vítima e demais membros do grupo familiar do agente criminalizado serão, por extensão, também penalizados tendo, muitas vezes, que sair de seus lares para que sejam protegidos.

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ALTERNATIVAS PARA OS CONFLITOS

DIÁLOGO, PARCERIA,ACOLHIMENTO, AFETO, GERENCIAR CONFLITOS, PRESENÇA, LAZER,ESCUTA. AMPLIAÇÃO DE REDES INSTITUCIONAIS. PRESENÇA DO ESTADO.

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ALTERNATIVAS PARA OS CONFLITOS

Benevides (2002) nos fala sobre a articulação entre saúde mental, direitos humanos e profissionais psi, mostrando que as situações sociais, aquelas em que se compartilham deveres e direitos;

Um novo olhar se faz necessário no entendimento desta prática, onde somente os testes psicológicos e as leis jurídicas não podem dar conta da imensidão existente na configuração familiar, uma vez que esta traz situações e sentimentos que não podem ser mensurados unicamente pelo objetivo, isto é, pela mensuração e aplicação de normas. Para isto, parcerias devem ser efetivadas e fortalecidas.

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ALTERNATIVAS PARA OS CONFLITOS

A violência intrafamiliar deve ser tratada e não punida. Deve-se investigar as causas, usar as pesquisas para, a partir de um trabalho em equipe, tornar viável a reestruturação familiar. O que se percebe é que as instâncias envolvidas nestes casos pouco fazem porque pouco acreditam em resultados positivos, tendo em vista a complexidade desta problemática.