as distorções cognitivas pensamentos e atitudes que levam ao conflito

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As distorções cognitivas pensamentos e atitudes que levam ao conflito: Todos nós desejamos relações pessoais, familiares, conjugais, felizes e sem conflitos. Então porque acabam elas muitas vezes por se transformar no oposto? Alguns estudiosos do comportamento defendem que isto acontece porque não aprendemos as competências para lidar com as dificuldades e os problemas que podem surgir numa relação. Outros dizem que isto acontece porque procuramos isso, porque na realidade, por vezes, queremos que isso aconteça. A grande maioria dos técnicos de saúde mental, clínicos e investigadores defende a primeira teoria, ou seja, provocamos a guerra porque não sabemos amar, porque nos faltam as competências necessárias: comunicação, resolução de problemas e também a forma como pensamos e agimos sobre as coisas. Ou seja, não são as coisas diretamente que nos afetam, mas sim a forma como as olhamos e pensamos sobre elas. Ficamos aborrecidos devido à forma como pensamos sobre o acontecimento e não devido ao acontecimento em si. Quando não estamos bem, os pensamentos negativos aparecem e parecem extremamente válidos. Contudo, eles contêm uma variedade de erros de pensamento ou distorções cognitivas, sobre as quais vale a pena refletir: 1. Pensamento Tudo-ou-Nada: O indivíduo tende a olhar para o conflito, ou para a pessoa com quem se tem dificuldade de relacionamento, de uma forma absoluta, numa categoria Preto ou Branco onde não existem cinzentos pelo meio. Por exemplo: Se a sua relação falhou, vai considerar que foi um fracasso total, não olhando aos momentos/ aspectos positivos. 2. Generalização excessiva/Sobre-Generalização: O indivíduo vê o problema presente como um padrão sem fim de conflito, frustração e derrota. Diz a si próprio. "Isto será sempre assim!" 3. Filtro Mental: Existe uma tendência da pessoa catalogar os defeitos dos outros, baseados nos aspectos ou nas coisas negativas que o outro alguma vez lhe tenha feito, filtrando ou

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Page 1: As distorções cognitivas pensamentos e atitudes que levam ao conflito

As distorções cognitivas pensamentos e atitudes que levam ao conflito:

Todos nós desejamos relações pessoais, familiares, conjugais, felizes e sem conflitos. Então porque acabam elas muitas vezes por se transformar no oposto? Alguns estudiosos do comportamento defendem que isto acontece porque não aprendemos as competências para lidar com as dificuldades e os problemas que podem surgir numa relação. Outros dizem que isto acontece porque procuramos isso, porque na realidade, por vezes, queremos que isso aconteça. A grande maioria dos técnicos de saúde mental, clínicos e investigadores defende a primeira teoria, ou seja, provocamos a guerra porque não sabemos amar, porque nos faltam as competências necessárias: comunicação, resolução de problemas e também a forma como pensamos e agimos sobre as coisas. Ou seja, não são as coisas diretamente que nos afetam, mas sim a forma como as olhamos e pensamos sobre elas. Ficamos aborrecidos devido à forma como pensamos sobre o acontecimento e não devido ao acontecimento em si. Quando não estamos bem, os pensamentos negativos aparecem e parecem extremamente válidos. Contudo, eles contêm uma variedade de erros de pensamento ou distorções cognitivas, sobre as quais vale a pena refletir:

1. Pensamento Tudo-ou-Nada: O indivíduo tende a olhar para o conflito, ou para a pessoa com quem se tem dificuldade de relacionamento, de uma forma absoluta, numa categoria Preto ou Branco onde não existem cinzentos pelo meio. Por exemplo: Se a sua relação falhou, vai considerar que foi um fracasso total, não olhando aos momentos/ aspectos positivos.

2. Generalização excessiva/Sobre-Generalização: O indivíduo vê o problema presente como um padrão sem fim de conflito, frustração e derrota. Diz a si próprio. "Isto será sempre assim!"

3. Filtro Mental: Existe uma tendência da pessoa catalogar os defeitos dos outros, baseados nos aspectos ou nas coisas negativas que o outro alguma vez lhe tenha feito, filtrando ou ignorando as suas qualidades. Um bom exemplo são afirmações como: "Já é a milésima vez que te digo para...".

4. Não valorização do Positivo: O individuo insiste que as qualidades ou as boas acções do outro, com quem tem dificuldades ou conflitos, não contam. Por exemplo, quando a outra pessoa faz algo de positivo, pensa que é só para o manipular.

5. Tirar conclusões Precipitadas. Tira conclusões precipitadas que podem não ser suportadas pelos factos. Existem 3 formas de o fazer: 1)"Leitura da Mente"- Assume que sabe exactamente o que o outro pensa ou sente em relação a si; 2) "Leitura da Mente reversiva" - Diz a si próprio que o outro tem de saber o que você quer, pensa ou sente sem ter de lhe dizer;

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3) Destino - Diz a si próprio que não há nada a fazer, e que a situação será sempre assim independentemente do que fizer.

6. Maximização e Minimização: Dá uma dimensão exagerada aos defeitos ou acções do outro e minimiza as suas qualidades ou acções positivas. Por exemplo, durante uma discussão pode dizer " Eu não posso acreditar como podes ser tão idiota!".

7. Tornar a emoção uma realidade ("Eu sinto isto logo é assim"). Racionaliza a partir do que sente, assume que os seus sentimentos reflectem aquilo que as coisas são na realidade. Por exemplo, sente que o outro é um falhado e conclui que é mesmo.

8. Declarações "Tenho de...": Critica-se a si próprio ou aos outros com expressões de "tenho de..." , "não tenho de...". Diz a si próprio que os outros "Têm de" sentir-se ou agir de determinada forma, e que devem ser da forma como espera que sejam. Também diz a si próprio que "não poderia ter" feito algo de determinada maneira ou "não poderia ter-se sentido...". Por exemplo, podem surgir expressões como "Eu não tenho o direito de sentir-me assim!", ou "Não podias ter dito isso. Não é justo!"

9. Rotular o outro: Rotular os outros de "idiota" ou pior. Ver toda a essência do outro como negativa sem possibilidade de melhoria. "Ele é um idiota!"

10. Culpabilizar: Em vez de identificar a causa do problema, assume uma culpa de duas possíveis formas: 1) Auto-culpabilização - culpabiliza-se pelo problema e sente-se inútil, mesmo que não tenha sido totalmente responsável. Gasta a energia "batendo" em si próprio, não procurando saber como o outro se está a sentir e tentar resolver o problema; 2) Culpabiliza os outros negando o seu próprio papel ou responsabilidade na situação e sente-se zangado, frustrado e ressentido.Faça um exercício de auto-analise dos seus pensamentos e atitudes, descubra as distorções que estão a alimentar os seus conflitos e trabalhe no sentido de mudar o seu olhar sobre as coisas, para a resolução das suas dificuldades.