as dez pragas do egito

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PG. 1 / 26 As Dez Pragas do Egito http://sergiogleiston.blogspot.com.br/2011/05/as-dez-pragas-do-egito.html A seqüência de eventos narrados nos capítulos sétimo ao doze do Livro do Êxodo, sempre despertaram fascínio. Dentro de uma análise interpretativa três posturas são assumidas em geral: em um extremo, nega-se totalmente a possibilidade; em outro, fala-se em eventos totalmente milagrosos; o meio- termo, diz-se que seriam eventos naturais em grandes proporções(01). Iniciemos com a questão ecológica. Nos dias atuais, tornou-se muito comum interpretá-las como sendo uma catástrofe naturais de grandes proporções. Duas teorias têm ganhado peso na questão: a primeira descrita por Humphreys como desastre ecológico em cadeia; e a segunda, exposta no documentário Êxodo Decodificado, do cineasta James Cameron, diz que as famosas “Pragas do Egito” são resultado de atividades vulcânicas(02). O cientista Colin J. Humphreys em seu livro “Os milagres do Êxodo” explica as dez pragas da seguinte forma. A primeira, a transformação da água em sangue (Ex 7,14-24) se deu devido ao avanço das águas do Nilo durante uma cheia, trazendo consigo uma grande quantidade de partículas de terra vermelha que ficaram suspensas na água, mas isso não é suficiente para matar os peixes(03). Essa terra acumulada em estuários de águas paradas, ricas em nutrientes e devido ao tempo muito quente, proporcionaria a combinação perfeita para o desenvolvimento de algas vermelhas tóxicas, estas, sim, seriam letais aos peixes e isso faria com que o rio cheirasse mal(04). A segunda praga, invasão das rãs (Ex 7,26-8,11), “seria conseqüência natural da morte em massa dos peixes: os peixes em decomposição poluíram as águas do estuário do Nilo, focando as rãs a irem para a terra (...) não encontrando insetos suficientes para sobreviverem longe do seu ecossistema natural, as rãs foram vítimas de morte em massa por fome e desidratação”(05). Acerca da terceira praga, o enxame de muruins (Ex 8,12-15), “não é de surpreender que a morte em massa dos peixes, que fez o rio exalar mau cheiro, e os corpos em decomposição de rãs e sapos, amontoados em altas pilhas, tenham sido seguidas por enxames de muruins e moscas. Além disso, os mosquitos e as moscas estavam livres para se reproduzir rapidamente, porque os predadores naturais, rãs e sapos, tinham sofrido colapso populacional em massa”((06). A quarta praga, a das moscas (Ex 8,16-28), provavelmente se refere à mosca dos estábulos que tem uma picada dolorosa que perfura a pele e deixa uma ferida aberta, expondo a vítima à infecção que vai desencadear a 6ª praga, a úlcera nos homens e animais(07). Já a mortandade dos animais como cavalos, jumentos, camelos, bois, ovelhas e cabras (Ex 9,1-7) que constitui a 5ª praga, se deve a dois vírus distintos, disseminados pelos mesmos muruins da terceira praga. O primeiro vírus causa a

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Page 1: As Dez Pragas Do Egito

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As Dez Pragas do Egitohttp://sergiogleiston.blogspot.com.br/2011/05/as-dez-pragas-do-egito.htmlA seqüência de eventos narrados nos capítulos sétimo ao doze do Livro do Êxodo, sempre despertaram fascínio. Dentro de uma análise interpretativa três posturas são assumidas em geral: em um extremo, nega-se totalmente a possibilidade; em outro, fala-se em eventos totalmente milagrosos; o meio-termo, diz-se que seriam eventos naturais em grandes proporções(01).

Iniciemos com a questão ecológica.

Nos dias atuais, tornou-se muito comum interpretá-las como sendo uma catástrofe naturais de grandes proporções. Duas teorias têm ganhado peso na questão: a primeira descrita por Humphreys como desastre ecológico em cadeia; e a segunda, exposta no documentário Êxodo Decodificado, do cineasta James Cameron, diz que as famosas “Pragas do Egito” são resultado de atividades vulcânicas(02).

O cientista Colin J. Humphreys em seu livro “Os milagres do Êxodo” explica as dez pragas da seguinte forma. A primeira, a transformação da água em sangue (Ex 7,14-24) se deu devido ao avanço das águas do Nilo durante uma cheia, trazendo consigo uma grande quantidade de partículas de terra vermelha que ficaram suspensas na água, mas isso não é suficiente para matar os peixes(03). Essa terra acumulada em estuários de águas paradas, ricas em nutrientes e devido ao tempo muito quente, proporcionaria a combinação perfeita para o desenvolvimento de algas vermelhas tóxicas, estas, sim, seriam letais aos peixes e isso faria com que o rio cheirasse mal(04).

A segunda praga, invasão das rãs (Ex 7,26-8,11),  “seria conseqüência natural da morte em massa dos peixes: os peixes em decomposição poluíram as águas do estuário do Nilo, focando as rãs a irem para a terra (...) não encontrando insetos suficientes para sobreviverem longe do seu ecossistema natural, as rãs foram vítimas de morte em massa por fome e desidratação”(05).

Acerca da terceira praga, o enxame de muruins (Ex 8,12-15), “não é de surpreender que a morte em massa dos peixes, que fez o rio exalar mau cheiro, e os corpos em decomposição de rãs e sapos, amontoados em altas pilhas, tenham sido seguidas por enxames de muruins e moscas. Além disso, os mosquitos e as moscas estavam livres para se reproduzir rapidamente, porque os predadores naturais, rãs e sapos, tinham sofrido colapso populacional em massa”((06).

A quarta praga, a das moscas (Ex 8,16-28), provavelmente se refere à mosca dos estábulos que tem uma picada dolorosa que perfura a pele e deixa uma ferida aberta, expondo a vítima à infecção que vai desencadear a 6ª praga, a úlcera nos homens e animais(07).

Já a mortandade dos animais como cavalos, jumentos, camelos, bois, ovelhas e cabras (Ex 9,1-7) que constitui a 5ª praga, se deve a dois vírus distintos, disseminados pelos mesmos muruins da terceira praga. O primeiro vírus causa a doença africana do cavalo e o segundo, a língua azul que mata em poucos dias bois, ovelhas, cabras(08).

A sétima praga (Ex 9,13-35) descreve uma chuva de granizo – evento raro, mas possível no Egito (09)  –, a qual teria deixado a terra úmida, proporcionando o lugar ideal para que os gafanhotos da 8ª praga (Ex 10,1-20) depositassem seus ovos e se reproduzissem rapidamente. A nona praga, a das trevas (Ex 10,21-27) seria uma terrível tempestade de areia ou, segundo outros estudiosos, um eclipse solar, cinza vulcânica, ou simplesmente um grande enxame de gafanhotos(10).

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Moisés diante do Faraó na última Praga

A décima praga, a morte dos primogênitos (Ex 12,29-34), segundo Humphreys foi causada por alimento contaminado, devido a umidade causada pela chuva de granizo e a estocagem às presas e pelas fezes dos gafanhotos. Como, em tempo de emergências, os primogênitos tinham a prioridade na alimentação, receberam a parte mais contaminada dos alimentos e, portanto, foram os únicos a morrerem(11).

Para Cameron, a causa das “Dez Pragas” seria outra: uma enorme erupção vulcânica ocorrida na ilha de Santorini, a 700 km dali. Tal evento teria provocado terremotos e fissuras no fundo do rio Nilo e, das fendas, liberaria um gás que se misturou ao ferro do rio, criando a coloração vermelha da água, semelhante ao sangue. Esse gás fez com que os sapos fugissem do rio, começando a invadir as casas egípcias. A infestação de “piolhos” (3ª praga) teria sido resultado da falta de água limpa, pois sem higiene esse insetos poderiam se proliferar, juntando-se a isso, a carniça dos animais mortos contribuiu para a proliferação das moscas (4ª praga), que feriam os animais (5ª praga). As feridas nos homens teriam sido resultantes do vazamento de gás tóxico: argumenta-se que, em 1986, um lago em Camarões, ficou vermelho e os moradores ganharam bolhas por causa do gás, tal qual no Nilo(12). A chuva de pedras (7ª praga), diz-se resultado da cinza vulcânica que, em contato com a atmosfera, provoca chuva de fogo e gelo. A praga dos gafanhotos teria sido provocada pelas alterações decorrentes da erupção vulcânica, que aumentaram a temperatura, forçando os bichos a migrarem. As trevas (9ª praga) poderia ser uma nuvem de gafanhotos ou a nuvem da erupção vulcânica de Santorini que teria coberto o sol e escurecendo o céu. Já a morte dos primogênitos é explicada da seguinte forma: fala-se que os filhos mais velhos dormiriam no chão e que entre os gases liberados pela fenda no Nilo estaria o dióxido de carbono, que se desloca junto ao solo, matando que o inala.

O Frei Mauro Strabeli fornece uma explicação mais mirabolante para a última praga, apoiando-se em São Jerônimo: “supõe-se que naquela noite era celebrada a Festa da apresentação dos primogênitos às divindades. Tal festa era tradicional no calendário dos egípcios. Com o terremoto morreram todos os primogênitos dos egípcios, pois estavam todos reunidos no templo”(13).

O grande problema com a teoria de Cameron é a cronologia. Para alguns estudiosos a erupção de Santorini teria ocorrido por volta de 1450 a.C(14), ou seja, muito antes da provável cronologia do êxodo hebreu datado entre 1250 a.C. e 1230 a.C(15).

Devemos ainda observar que alguns estudiosos dizem que o texto atual das pragas é compósito, ou seja, foi composto originalmente em várias etapas diferentes, em várias épocas, por pessoas diferentes, com intenções diferentes. Strabeli defende que a narrativa mais antiga das pragas só continha três delas (a 3ª, 6ª e 9ª) e que a segunda constava da 1ª, 2ª, 4ª, 5ª, 7ª e 8ª, nada fala da época da décima praga(16). Na tabela de Jacques Briend é possível observar que a narrativa de Ex 7-12 é formada por três tradições distintas(17). Seja como for, isso elimina a possibilidade de um evento em cadeia.

Deve-se deixar claro que não há nenhuma evidência arqueológica das Pragas do Egito aceita por todos os arqueólogos. Alguns arqueólogos cristãos, como William F. Albright, consideram que existe referência as Dez Pragas em um hieróglifo de El Arish que detalha um período de escuridão. O papiro egípcio de Ipuwer descreve uma série de calamidades que acontecem o Egito, inclusive um rio virado a sangue(18). Porém,

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normalmente, é pensado que isto descreve em termos gerais e uma longa desastre ecológica que durou décadas e acabou resultando na destruição do Médio Império Egípcio. Aqueles que tentaram relacionar as descrições desse papiro aos eventos do Êxodo nunca ganharam muita credibilidade no meio científico(19).

Na opinião dos arqueólogos Israel Finkelstein e Neil Asher Silberman o relato do Êxodo enquadra-se melhor no contexto do séc. VII a.C. e primeira metade do séc. VI a.C., “lendas de tempos remotos e menos formalizadas da libertação do Egito podem ter sido habilmente entrelaçadas na saga poderosa que usava paisagens e monumentos familiares”(20). Embora admitam que a saga de libertação do Egito não tenha sido um trabalho original destes séculos (Amós e Oséias já falavam da caminhada no deserto um século antes), eles acreditam que “a história bíblica auferiu seu poder não apenas das tradições antigas e dos detalhes geográficos e demográficos contemporâneos, mais ainda das realidades políticas contemporâneas”(21). Para eles, “a saga do Êxodo de Israel do Egito não é uma verdade histórica nem ficção literária. É uma poderosa expressão da memória e da esperança, nascida num mundo em plena mudança. A confrontação entre Moisés e o faraó espelhava o significativo confronto entre o jovem rei Josias e o faraó Necau, recentemente coroado. Fixar essa imagem bíblica em uma só data é trair o significado mais profundo da história. A Páscoa dos judeus prova não ser um evento solitário, mas uma experiência ininterrupta de resistência pública contra todos os poderes que existiam e que pudessem existir”(22).

Lembremos que por várias vezes, na Bíblia, os eventos do êxodo foram reinterpretados: Dt 7,18s; Jt 5,9-12 Sl 135-136; Sb 16-19 At 7,30-36.

Esses argumentos naturalistas, contrastam com a visão de que tudo seria milagre. Se “hoje alguns intérpretes dizem que as pragas foram fenômenos naturais conhecidos no Egito. O aspecto extraordinário estaria na intensidade delas e na sucessão rápida”(23). Evento em cadeia ou não, o fato é que podemos considerá-los como especialmente providenciais, isso se forem reais, pois aconteciam e cessavam ao comando de Moisés, no momento em que ele ordenava. Para Joseph P. Free, outros aspectos poderiam ser apontados em prol do milagre (providencial): além da intensidade, a previsão, a discriminação (visto que só ocorriam contra os egípcio, ao passo que os hebreus escapavam ilesos); a ordem gradual da intensidade; e o propósito moral (aconteceram para ensinar lições e preceitos)(24).

Dentro da interpretação judaica das Pragas, muito interessante o que diz a revista Morasha: as pragas são relatadas na Torá e na Hagadá não como celebração da Justiça Divina, mas como fonte de lições espirituais. O artigo destaca os seguintes ensinamentos: elas demonstram a Onipotência Divina em Suas diferentes manifestações e Seu controle absoluto sobre a natureza; provam que a Terra inteira Lhe pertence e que tudo que o homem possui advém Daquele que a tudo criou(25).

O caráter apologético das Pragas do Egito também tem sua força, cada uma delas atinge o poder das diversas divindades egípcias, conforme podemos ver abaixo:

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Notas:1.   Pb. Eli. As pragas do Egito. Disponível em: http://www.megaupload.com/?d=3IR291JX

2.   Extraído do site:http://mundoestranho.abril.com.br/historia/pergunta_412292.shtml (acesso: 12/05/11)

3.   HUMPHREYS, Colin J. Os milagres do êxodo. Rio de Janeiro: Imago, 2004 (p.118). Para o biólogo Roger Wotton, da University College London, o excesso de sedimento seria suficiente para matar os peixes,   após um período de grande estiagem, a mudança dramática do clima, teria provocado fortes chuvas que fizeram os sedimentos de terra caírem na água, citado pelo site: http://www.galeriabiblica.com/2009/10/o-papiro-de-ipuwer-e-as-dez-pragas-do.html Já o famoso escritor Werner Keller, diz que os aluviões dos lagos abisínios, colorem as águas do rio de um pardo avermelhado que pode dar a impressão de sangue, sobretudo, no curso superior. In: KELLER, Werner. E a Bíblia tinha razão... São Paulo: Melhoramentos,  2002 (25ª Ed.) p.134. Esse autor parece não relacionar os eventos em cadeia.

4.   HUMPHREYS, Colin J. Os milagres do êxodo. Rio de Janeiro: Imago, 2004 p.120.

5.   Idem, p.121.

6.   Idem, p.123.

7.   Idem, p.124-127. Para Keller, poderá se tratar da chamada fogagem ou sarna do Nilo, que consiste em uma erupção que arde e comicha, degenerando freqüentemente em úlceras. In: KELLER, Werner. E a Bíblia tinha razão... São Paulo: Melhoramentos,  2002 (25ª Ed.) p.135.

8. HUMPHREYS, Colin J. Os milagres do êxodo. Rio de Janeiro: Imago, 2004 p.126.

9. Para Roger Wotton, o fenômeno se deu após um aquecimento na região, seguido da mudança repentina das massas de ar, citado pelo site:http://www.galeriabiblica.com/2009/10/o-papiro-de-ipuwer-e-as-dez-pragas-do.html Outros pesquisadores sugerem que a erupção vulcânica teria causado mudanças atmosféricas que ocasionaria a chuva de granizo. Extraído do site Wikpedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Plagues_of_Egypt(inglês)

10. Extraído do site Wikpedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Plagues_of_Egypt(inglês)

11. HUMPHREYS, Colin J. Os milagres do êxodo. Rio de Janeiro: Imago, 2004 (p.131-145). Nem Wotton e nem Keller ariscam explicações para a décima praga. Argumentam alguns críticos que a palavra que nós conhecemos como "primogênito" pode ter significado a classe social mais alta em lugar de literalmente os filhos primogênitos. Extraído do site Wikpedia:http://en.wikipedia.org/wiki/Plagues_of_Egypt (inglês)

12.   Outros pesquisadores dizem que cinza vulcânica quente em contato com pele poderia ter causado as úlceras nos homens. Extraído do site Wikpedia:http://en.wikipedia.org/wiki/Plagues_of_Egypt (inglês)

13.   STRABELI, frei Mauro. Bíblia: Perguntas que o povo faz. São Paulo: Paulus, 1999 (p. 56)

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14.   Extraído do site: http://super.abril.com.br/ciencia/vulcoes-tragedia-morro-abaixo-438058.shtml Há quem fale em um período mais tardio ainda, no século XVI a.C., p.ex. no site:http://super.abril.com.br/superarquivo/1991/conteudo_112491.shtml

15.   P. ex, em: HARRINGTON, Wilfrid. Chave para a Bíblia. São Paulo: Paulus, 1985 p.86. Cabe aqui uma observação: não existe consenso na datação dos eventos. Entretanto, mesmo nas datas mais avançadas para o Êxodo e mais tardias para Santorini, não há como os eventos se encaixarem.

16.   STRABELI, frei Mauro. Bíblia: Perguntas que o povo faz. São Paulo: Paulus, 1999 (p. 52)

17.   Cf. BRIEND, Jacques. Uma leitura do Pentateuco. São Paulo: Paulus, 1985 – 3ª ed. (p.48)

18.   O papiro de Ipuwer, Lamentações de Ipuwer ou Profecias de Neferti é datado do século XIV a.C., portanto, anterior ao Êxodo. Além do mais para o historiador Norman Cohn: “as Exortações de Ipuwer pertencem a uma tradição literária específica: a descrição de situações de caos. Mais do que acontecimentos reais, essas ‘queixas’ refletem os temores dos privilegiados, a sensação de que viviam em uma pequena ilha de ordem e civilização em meio a um amar de desordem e barbárie. E refletem, também a necessidade que os privilegiados tinham de um rei poderoso que mantivesse longe o caos social”. In: COHN, Norman. Cosmos, caos e o mundo que virá. São Paulo: Companhia das Letras, 1996 p. 36.

19.   Extraído do site Wikpedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Plagues_of_Egypt(inglês)

20.   FINKELSTEIN, Israel & SILBERMAN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: Girafa Editora, 2003, p. 101

21.   Idem, p. 103.

22.   Idem, p. 105.

23.   STRABELI, frei Mauro. Bíblia: Perguntas que o povo faz. São Paulo: Paulus, 1999 (p. 52)

24.   Citado Pb. Eli. As pragas do Egito. Disponível em:http://www.megaupload.com/?d=3IR291JX

25.   Extraído do site:http://www.morasha.com.br/conteudo/artigos/artigos_view.asp?a=656&p=4

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As Dez Pragas do Egito

Foto Ilustrativa

Dez calamidades castigaram o Egito antes da saída dos filhos de Israel desta terra. Através delas, D'us demonstrou a toda humanidade o seu infinito poder.

Edição 56 - abril de 2007

O episódio das Dez Pragas, chamadas em hebraico de Makot Mitzrayim, literalmente Pragas do Egito, relatado e elucidado na Hagadá de Pessach, consta no Livro do Êxodo. Numa primeira leitura, a aparente razão para tais calamidades foi a obstinada recusa do Faraó em obedecer a ordem do Eterno de libertar Israel. No entanto, se este fosse o único propósito, um único golpe devastador teria sido suficiente. Por que, então, D'us optou por dez calamidades? Porque, através das Dez Pragas, o Eterno demonstrou não apenas ser O Criador do Universo, mas Senhor Único e Absoluto dos Céus e da Terra, Juiz Supremo e Força Regente da Natureza. No Egito, a contundente revelação da Onipotência Divina fez com que mesmo os mais incrédulos entre os Filhos de Israel fossem obrigados a reconhecer o ilimitado Poder Divino. O principal objetivo das múltiplas pragas foi, portanto, demonstrar a Israel que D'us de seus ancestrais, D'us de Avraham, Yitzhak e Yaacov, é D'us Único, Senhor sobre a natureza e sobre as outras nações, e que não há outro além Dele.

As pragas serviram também como o grande castigo pela escravidão, tortura e campanha de genocídio perpetrada pelos egípcios contra o Povo Judeu. Mas a Torá não é um simples compêndio de história judaica e o judaísmo não permite celebrar o sofrimento alheio, ainda que seja o dos inimigos de Israel. As Dez Pragas são relatadas na Torá e na Hagadá não como celebração da Justiça Divina, mas como fonte de lições espirituais.

A Criação e as Dez Pragas

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O primeiro dos Dez Mandamentos afirma: "Eu sou o Eterno, teu D'us, que te tirou do Egito da casa da escravidão", e não, "Eu sou o Eterno, teu D'us, que criou o universo". Explicam nossos Sábios que, através deste primeiro mandamento, D'us alerta os homens de que Ele não é apenas o Criador, mas está presente e profundamente envolvido em cada detalhe da vida de cada uma de suas criaturas.

O conceito do Criador do Universo é extremamente abstrato e a Criação é um dos grandes segredos do universo. O pouco que se sabe a respeito faz parte da Cabalá e vem sendo transmitido, de geração em geração, para uns poucos escolhidos entre os líderes espirituais do Povo Judeu. Em geral, o assunto é inacessível, mesmo aos mais eruditos. Já o episódio das Dez Pragas pode e deve ser aprendido por todos, inclusive as crianças. A razão é que, ainda mais do que a Criação, as Dez Pragas demonstram a Onipotência Divina em Suas diferentes manifestações.

E, se durante a Criação, somente o próprio Criador estava presente, quando dos acontecimentos no Egito, milhões de judeus e egípcios testemunharam e vivenciaram os milagres realizados por D'us. E para os mais céticos que não aceitam a Torá como a Palavra de D'us, há documentos egípcios e evidências históricas e arqueológicas que atestam as terríveis catástrofes que se abateram sobre o Egito, na época em que ocorreu o Êxodo.

No decorrer das Dez Pragas, o Eterno revelou Seu controle absoluto sobre a natureza. Utilizando-se de pragas naturais, manifestas, no entanto, de forma sobrenatural, demonstrou, que está simultaneamente na natureza e acima desta, pois Ele não é limitado por qualquer elemento de Sua criação. E, não foi simples coincidência o fato de ter optado por castigar o Egito com pragas relacionadas à natureza, pois, para os egípcios, o rio Nilo, os animais e o próprio Faraó eram considerados divindades. O Eterno quis demonstrar que nenhuma suposta divindade poderia deter Sua vontade, pois que cada elemento da natureza era Seu servo. D'us queria tirar dos judeus qualquer vestígio de paganismo porventura assimilado em sua longa permanência naquela terra. Além do mais, no Egito, idolatrava-se a matéria - a abundância e a fartura - e, ao transformar o Nilo em sangue, ao destruir as colheitas e os bens egípcios, D'us provou que a Terra inteira Lhe pertence e que tudo que o homem possui advém Daquele que a tudo criou.

Os castigos que se abateram sobre todo o Egito não atingiram os judeus que lá viviam ou a terra de Goshem onde habitavam. Ao fazer esta distinção entre o opressor e o oprimido, manifestou-se no mundo terreno a Justiça Divina. Foi revelado ao homem que todos seus atos têm conseqüências, sejam bons ou ruins. As pragas revelaram, também, o poder e eficácia da oração e da ligação com D'us, pois foram as orações de Moshê que puseram fim a cada uma das pestilências.

Por que dez?

As Dez Pragas castigaram o Egito durante praticamente um ano, iniciando-se no fim do mês de Iyar e terminando apenas no dia 15 de Nissan. As primeiras sete pragas constam no Livro do Êxodo, na porção Va'eirá (7:19-9:35), e as últimas três na porção Bô (10:1-12:33).

A seqüência de eventos que antecedem as pragas tem início quando o Faraó se recusa a obedecer à ordem Divina transmitida por Moshê e Aharon: "Envia Meu povo para que festejem para Mim no deserto" (5:2). O rei do Egito responde com insolência: "Quem é o Eterno para que eu escute Sua voz e deixe partir o Povo de Israel? Não conheço o Eterno e também não despacharei Israel" (5:2). E, num gesto desafiador, decide afligir ainda mais os Filhos de Israel. Ordena a seu povo que não mais entreguem aos judeus a palha necessária para a confecção dos tijolos; a partir de então lhes caberia o esforço adicional de buscar a matéria-prima para cumprir suas cotas diárias. O não-cumprimento era punido com tortura física. Seu sofrimento tornara-se ainda mais insuportável e, ao ser questionado por Moshê, D'us responde: "Agora verás o que farei ao Faraó". Nosso profeta e toda a humanidade iriam testemunhar como o Eterno redimiria o Seu povo.

A pergunta, porém, permanece: Por que, ao invés de atingir os egípcios com um único golpe, D'us optou por um processo gradual e crescente? Por que foram necessárias Dez Pragas? Segundo nossos Sábios, são inúmeros os motivos. O Midrash revela que cada praga foi conseqüência direta de uma ação específica e equivalente mau-trato, tortura ou crueldade perpetrados pelos egípcios contra os Filhos de Israel. A Justiça Divina determinara que os egípcios deveriam ser punidos "medida por medida" pelas crueldades cometidas contra Seu Povo. Além do mais, a sucessão de pragas e os avisos que as precederam eram necessários para dar ao Faraó a oportunidade e o tempo de reconsiderar suas ações, arrependendo-se da crueldade perpetrada contra os judeus. Somente após o rei do Egito ter "endurecido seu coração" e, repetidamente, se recusado a libertar o povo judeu, as portas do arrependimento finalmente se fecharam. Maimônides explica que, às vezes, o castigo que D'us impõe a quem cometeu um grave pecado é privá-lo da possibilidade de se arrepender. Este é o significado da expressão usada na Torá, "Endurecerei o coração do Faraó".

As Dez Pragas formam um sistema coerente, de intensidade crescente. A cada recusa do Faraó em atender a ordem Divina de deixar Israel partir, uma nova calamidade se abate sobre o Egito. As primeiras nove são divididas em três séries, de três pragas cada, que se sucedem de acordo com um plano. Cada série aumenta em progressão em direção a um clímax, sendo que a última serve de prelúdio para a décima praga - a Morte dos Primogênitos. Em cada série D'us manifesta Seu poder, mudando o curso das leis da natureza em uma das três esferas da Criação - a terra, a atmosfera e os céus.

Segundo Rabi D. Isaac Abravanel, um dos objetivos das pragas era convencer o Faraó, seu povo e, conseqüentemente, toda a humanidade de três verdades fundamentais sobre D'us: Sua Existência, Sua Divina Providência - ou seja, que a Mão de D'us está presente em tudo o que acontece na vida dos homens e das nações - e Sua Onipotência. Por isto, a primeira praga de cada grupo é precedida por uma declaração que caracteriza um desses princípios.

A primeira série: sangue, rãs e piolhos

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"Assim falou D'us: 'Nisto saberás que sou o Eterno'" (7:17). A afirmação indica que o objetivo da primeira série é estabelecer a inegável existência de um D'us Único, Criador Absoluto e Senhor do Universo.

A primeira praga atinge o Nilo - considerado pelos egípcios uma divindade. Rashi, o comentarista clássico da Torá, explica que, como havia escassez de chuvas no Egito, a principal fonte de água era este rio que, ao extravasar, irrigava a terra. Por isso os egípcios o consideravam a divindade responsável pelo seu sustento. Quando, seguindo a ordem Divina, Aharon golpeia o Nilo com seu cajado, não só suas águas, mas as de todo o Egito, transformam-se em sangue. A primeira praga veio para demonstrar aos egípcios que sua "divindade, o rio", não era capaz de deter a Vontade do Criador. O Midrash explica que, para os judeus, a transformação das águas do Nilo em sangue foi muito significativa, pois compreenderam que D'us estava punindo os egípcios por terem jogado nas águas daquele rio o sangue de seus filhos.

Pela segunda vez o Faraó se recusa a libertar Israel. D'us, então, ordena a Aharon que estenda novamente a mão sobre o Nilo. Rãs, cujo coaxar enchia os ares, emergem do rio e se multiplicam incessantemente, invadindo as casas egípcias. A segunda praga era a prova de que não só o Nilo não conseguira deter a Vontade do Criador, mas que, ao produzir as rãs, o próprio rio estava a Seu serviço.

Uma terceira praga castiga o Egito, após nova recusa do Faraó em se dobrar perante D'us. Após Aharon ter golpeado o pó com o cajado, seguindo a ordem Divina, a terra de todo o Egito se transforma em piolhos e pequenos insetos, que picam mortalmente os egípcios e seus animais. Foi no decorrer desta terceira praga que os feiticeiros egípcios alertam seu rei que Moisés e Aharon não eram magos nem tampouco eram "as ocorrências" fruto de algum tipo de feitiçaria. Eram enviados de D'us. Segundo o Midrash, foi no final dessa praga que os judeus pararam de trabalhar para os egípcios.

Esta primeira série de pragas foi lançada por Aharon e não por Moshê, porque este tinha um débito de gratidão com as águas do Nilo e com a terra do Egito. Quando Moisés nasceu, sua mãe, para salvá-lo do édito infanticida egípcio, colocou-o numa cesta sobre o rio e as águas o mantiveram vivo, conduzindo-o até Batia, filha do Faraó, que o resgatou. A terra também o ajudou, pois encobriu o corpo de um algoz egípcio, que Moshê matara para salvar a vida de um judeu. D'us, portanto, incumbiu Aharon de lançar as primeiras três pragas, porque, como Ele próprio afirma, "as águas que cuidaram de ti quando foste lançado ao Nilo...e a terra que veio em teu auxílio quando mataste o egípcio...não é justo que por ti sejam amaldiçoadas".

A segunda série: animais selvagens, peste e sarna

Iniciando o segundo grupo, a quarta praga é precedida pela declaração Divina: "Para que saibas que sou o Eterno no meio da terra" ( 8:18). Por todo o Egito, bandos de animais selvagens, cobras e escorpiões atacam os egípcios, mesmo dentro de seus lares, e destroem tudo que encontram pelo caminho. Mas, como D'us afirmara, "Separarei nesse dia a terra de Goshem", nenhum destes animais adentrou na terra onde habitavam os judeus. Segundo Rashi, numa clara demonstração de Seu Poder, mesmo os judeus que estavam em outros lugares não foram atacados.

A quinta praga é uma peste fatal que mata os animais domésticos dos egípcios que pastavam nos campos, inclusive os carneiros, que eram considerados um de seus deuses. No entanto, nenhum animal de qualquer judeu foi atingido. Segundo Rabi Alkabetz, a partir daquele momento o sofrimento egípcio se tornou tão intenso, que até o Faraó já estava disposto a ceder. D'us, no entanto, endureceu-lhe o coração, pois queria que os Filhos de Israel vissem a totalidade e abrangência de Sua Força e aprendessem a Nele ter fé.

A sexta praga que atinge os egípcios e seus animais, geralmente chamada de sarna, era na realidade, bolhas que se transformavam em úlceras, causando grande sofrimento físico. Mesmo os feiticeiros egípcios foram atingidos pela doença.

Esta segunda série de pragas foi uma clara demonstração de que a Providência Divina, a Mão de D'us, está presente em tudo o que acontece. O fato de nenhum judeu ter sido atingido era mais uma prova de que D'us controla tudo que ocorre no mundo, inclusive o comportamento dos animais e as aflições físicas.

O terceiro grupo: granizo, gafanhotos e escuridão

O objetivo desta última série de pragas, anunciado pela declaração "Para que saibas que não há ninguém como Eu, em toda a Terra" (9:14), foi demonstrar o infinito poder de D'us. Um outro propósito para a ação Divina é revelado por Moisés, quando informa ao Faraó que, apesar de merecer morrer, sua vida fora poupada para que ele reconhecesse a grandeza de D'us Único e Verdadeiro. "Para que Meu Nome seja anunciado em toda a terra" (9:16), afirma D'us. E para que fosse transmitido, de geração em geração, o relato do que estava ocorrendo no Egito, ou seja, a manifestação explícita de Sua Vontade.

Na sétima, uma violenta tempestade de granizo assola o país. O mundo nunca vira algo igual. Muito menos o Egito, onde, devido à escassez de chuva, este fenômeno meteorológico era desconhecido. Havia um aspecto sobrenatural nesta praga: o granizo vinha acompanhado de fogo. Dois elementos opostos - o fogo e a água - conciliados a fim de mostrar a Onipotência Divina. Antes da sétima praga, D'us alertou os egípcios para procurarem abrigo durante a chuva de granizo, pois, nenhum ser vivo e nenhum vegetal escapariam incólumes. E os que acreditaram nas palavras de Moisés procuraram abrigo, tanto para si como para seu gado.

Na oitava praga, um vento do leste trouxe em seu bojo nuvens de gafanhotos, que escureceram os céus. Os insetos devoraram cada folha verde que, porventura, sobrevivera ao granizo e às pragas anteriores. Invadiram os lares e os campos egípcios e trouxeram ruína total ao país, já praticamente destruído pelas catástrofes anteriores. Pela primeira vez, o Faraó reconhece seus erros, mas ainda permaneceu firme na determinação de não deixar partirem os judeus.

Quando a nona praga se abateu sobre o Egito, uma "escuridão tangível", impenetrável, tão densa que apagava qualquer luz, envolveu o país por seis dias. Mais uma vez, um fenômeno natural - a escuridão - se manifestou de forma sobrenatural, pois enquanto nos lares egípcios não era possível acender uma luz, nos lares judaicos, havia luz abundante. Os egípcios, tomados

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de pavor, permaneceram imóveis onde se encontravam. Ao descrever a praga, a Torá menciona "escuridão e trevas": escuridão no sentido físico e trevas no sentido espiritual. A Torá nos ensina que esta praga refletia o egoísmo prevalente no Egito: "Não via nenhum homem a seu irmão", pois cada egípcio via somente a si próprio; assim aconteceu durante a praga da escuridão, ninguém se mexeu para socorrer o outro, pois a ajuda mútua não fazia parte de sua visão de mundo.

A décima praga: a morte dos primogênitos egípcios

A décima e última praga é amplamente anunciada por Moshê, que alerta o Faraó que, por volta da meia-noite, D'us, Ele Próprio, passaria sobre o Egito e golpearia todos os primogênitos - filhos de homens ou de animais.

Era o clímax de todas as anteriores. Seu aspecto de punição é imensamente mais severo do que o das outras, cujo principal objetivo era incutir nos egípcios a fé em D'us. Durante esta praga, D'us, Juiz Supremo, executou o castigo, "medida por medida", pelo decreto de extermínio que o Egito lançara contra o Povo Judeu. O Faraó, que emitira a ordem de que todo menino judeu fosse afogado no Nilo, e os egípcios, que a haviam executado, presenciaram a morte de seus primogênitos na noite que antecedeu o Êxodo. À meia-noite, todos os primogênitos egípcios, inclusive o filho do Faraó, faleceram a um só tempo. A única exceção foi o Faraó, ele próprio um primogênito. D'us poupou-lhe a vida porque, às margens do Mar de Juncos, no episódio da abertura do mar, ele ainda iria testemunhar, uma vez mais, o ilimitado poder de D'us. (V. Morashá - edição 48 - abril de 2005).

Naquela fatídica noite nenhum judeu faleceu; D'us postergou até mesmo a morte dos que haviam terminado seu tempo na Terra. Demonstrava assim, mais uma vez, a clara distinção entre os oprimidos e os opressores. Naquela noite, os Filhos de Israel vivenciaram uma nova dimensão da Justiça Divina e tiveram a certeza que D'us Misericordioso os libertara da escravidão.

Uma dimensão mística das Dez Pragas

A Cabalá revela que a alma humana é composta de dez pontos de energia - dez características - que correspondem aos dez fluxos de Energia Divina, denominados de Sefirot, na Cabalá. Ao ser humano foi dado o livre arbítrio, a opção de utilizar estas características tanto para o bem quanto para o mal.

O antigo Egito - sociedade baseada na idolatria, imoralidade e total falta de respeito pela vida e dignidade humana - representa a corrupção de cada uma das Dez Sefirot. Por este motivo, foram dez as pragas que atingiram o país. As calamidades foram fruto inevitável da crueldade egípcia, conseqüências espirituais que se manifestaram fisicamente. Por outro lado, ensina a Cabalá, os Dez Mandamentos, outorgados 50 dias após o Êxodo do Egito, no Monte Sinai, são o "antídoto" das Dez Pragas. Pois se as Pragas refletiram a perversão dos dez atributos da alma humana, os Dez Mandamentos refletem sua retificação espiritual.

O relato das Dez Pragas é fonte de inúmeras lições espirituais. A principal é que a corrupção espiritual, a maldade e a injustiça criam entidades espirituais negativas que acabam voltando-se contra seu próprio criador. Em contraponto, os Dez Mandamentos nos revelam que a ligação com D'us, a bondade e a justiça são o caminho para que a alma humana se manifeste em toda a sua harmonia e esplendor, canalizando bênçãos naturais e sobrenaturais para este nosso mundo físico.

Bibliografia

· Hagadá de Pessach, com comentários do Talmud e literatura rabínica, Fundação J. Safra, 2007

· The Call of the Torah - Shemot, Rabbi Elie Munk, Artscroll Mesorah Series.

· The Sepharadic Heritage Haggadah, The Sutton Edition, Rabinos Elie Mansur, David Sutton e Hillel Yarmove, Art Scroll Sepharadic Mesorah Series, 2006

A PROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUS.

Por Rabi Nissan David Dubov

  "Prove-me que D’us existe" é um desafio tão antigo quanto a própria religião. A religião é definida como a crença na existência de um poder controlador sobre-humano, e quando declaramos o Judaísmo como nossa religião, nossa crença em D’us é axiomática. Apesar disso, muitos judeus ainda questionam este próprio alicerce. Além disso, qualquer resposta geralmente é seguida por uma torrente de protestos questionando estas crenças, como as perguntas "se há um D’us, onde estava Ele durante o Holocausto?" e ainda "Por que

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acontecem coisas más às pessoas boas?"

Muitos judeus recitam diariamente os Treze Princípios da Fé, baseados no comentário de Maimônides à Mishná Sanhedrin 10:1. Os primeiros quatro princípios são:1 – Creio com fé total que o Criador, bendito seja Seu nome, é o Criador e Amo de todos os seres criados, e que somente Ele fez, faz, e fará todas as coisas.2 – Creio com fé total que o Criador, bendito seja Seu nome, é Um e somente Um; que não há unicidade como Ele; e que somente Ele é nosso D’us – foi, é, e será.3 – Creio com fé total que o Criador, bendito seja Seu nome, é incorpóreo; que Ele está isento de todas as propriedades antropomórficas; e que Ele não tem qualquer semelhança.4 – Creio, com fé total que o Criador, bendito seja o Seu nome, é o princípio e o fim.

Provar a existência de D’us? Na verdade devemos analisar a pergunta antes de tentar respondê-la. O que se considera prova? Como se prova que algo existe? Vejamos, por exemplo, um cego. A cor existe para o cego? Ele não pode ver a cor, porém ela existe. Este fato é estabelecido por outros que podem ver. O cego acredita e confia que os outros podem ver que a cor existe, embora esteja além de sua experiência pessoal.

Ainda um outro exemplo: a eletricidade. Quando acendemos uma luz, podemos ver a eletricidade? A resposta é não, podemos apenas ver o seu efeito. A gravidade. Quando um objeto cai, não podemos ver, sentir, provar ou cheirar a gravidade – vemos apenas seu efeito. Todos concordam que a gravidade é um fato indiscutível da natureza – pois observamos seu efeito. Ainda hoje os cientistas ficam desconcertados para explicar "exatamente" o que é a gravidade.

Em resumo, a prova da existência de qualquer coisa não significa necessariamente que temos de senti-la, seja da maneira que for. Ela existe porque vemos seu efeito ou, no caso do homem cego, acreditamos em outros que podem vê-la. 

D’us não tem um corpo ou forma de corpo. Ele está em toda parte e cria o tempo e o espaço. Por definição, não podemos transcrever qualquer descrição física de D’us. Por definição, o homem na verdade não pode ver D’us. Portanto, para provar a existência de D’us, devemos confiar nós mesmos em Seus efeitos, ou em outros que viram Seu efeito (como o homem cego).

Para resumir, provar a existência de D’us pode ser feito em duas maneiras. Primeiro, examinando se alguém realmente testemunhou algo Divino ou, em segundo lugar, por uma prova irrefutável da existência de Seus efeitos. Para expressar isso de maneira um pouco diferente, por tradição ou por prova metafísica, devemos também examinar a prova de existência estudando a História Judaica e o cumprimento da profecia.

Antes de examinarmos todos estes caminhos, deve-se mencionar que os filósofos mais notáveis do Judaísmo discordam sobre qual é a prova mais forte. Rabi Yehuda Halevi em seu livro Kuzari (2:26) argumenta que: "A fé mais elevada é aquela derivada somente da tradição, em cujo caso a prova metafísica deveria apenas ser usada como um último recurso para impedir a descrença."Maimônides (Moreh Nevuchim 3:51) discorda. Ele argumenta que "nossa fé começa com as tradições que nos foram transmitidas por nossos ancestrais e em nossa sagrada literatura. Isso é mencionado no versículo: ‘Ouve, ó Israel, o Eterno é nosso D’us, o Eterno é Um.’

No entanto, o grau mais elevado de fé vem da prova filosófica, e aqueles que têm capacidade são exigidos para provar os fundamentos da nossa fé."

Sempre que um judeu recita o Shemá, ele dá

testemunho da existência do único D’us, uma

existência experimentada pelos nossos ancestrais e transmitida a nós através de uma linha ininterrupta

de tradição.

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Neste ensaio, examinaremos todos os caminhos. Nossa abordagem é que, ao combinar provas tradicionais, filosóficas e históricas, qualquer judeu pensante será levado a uma fé firme na existência de D’us. 

O Talmud refere-se aos judeus como "Crentes, Filhos de Crentes". É quase como se a crença em D’us fosse hereditária. Na verdade, porém, a crença inata surge no próprio âmago da alma judaica. Job descreve a alma como "uma parte do Divino". A fé simples de um judeu vem daquilo que ele sente como a própria fonte de sua alma – sua própria essência. Aquela essência pode muitas vezes se tornar oblíqua por meio das insensibilidades e indulgências do corpo.No entanto, o ponto principal permanece para sempre intacto e, naquelas ocasiões muito especiais em que a alma reluz, o judeu sente sua verdadeira fonte, sua própria essência.

A Prova Tradicional

Num tribunal, a prova mais forte de que algo aconteceu ou existiu é a declaração de uma testemunha. Ver é crer. Não se pode comparar algo visto com algo que se ouviu.

Qualquer fato histórico é provado por aqueles que testemunharam e registraram o evento. Quanto mais testemunhas para aquele evento, mais crível é o fato.Um dos Dias Festivos mais celebrados no calendário judaico é Pêssach. Nas noites do Sêder, judeus no mundo inteiro se reúnem em família para relembrar o Êxodo do Egito. A noite está repleta de ritual e a Hagadá é nosso manual. Algo comum a todos é o consumo de matsá – o pão da aflição. O Zohar (uma obra cabalista fundamental) chama a matsá de pão da fé. Ela nos lembra que os judeus comeram matsá ao deixarem o Egito. Embora os costumes possam diferir, a história básica do Êxodo permanece a mesma. Judeus de Bombaim, Birmingham ou Bielo Rússia – todos relatam a mesma história.

Pergunte a qualquer judeu quantas foram as pragas no Egito e a resposta será 10. Se alguém sugerisse que foram 11, seria imediatamente corrigido, não apenas pelo detalhe histórico, como apresentado na Torá, mas basicamente pela reconstituição anual das Dez Pragas no Sêder. Temos o costume de derramar um pouco de vinho à menção de cada praga. Nós teríamos nos lembrado se fossem 11 pragas. Não, foram 10.

Na verdade, se tivesse havido alguns "mentirosos" distorcendo a história com o passar das gerações, teríamos terminado com versões diferentes da história. Todos concordam, porém, que os judeus deixaram o Egito e, quarenta e nove dias depois, estavam perante o Monte Sinai e ouviram de D’us os Dez Mandamentos.

Isso é conhecido, não apenas por causa daquilo que um livro (a Torá) nos relata, mas simplesmente pela tradição – pelo fato de que geração após geração de judeus transmitiu esta história, que é baseada na experiência real de toda uma nação. Portanto, permanece como um fato histórico incontestável. Os judeus que deixaram o Egito testemunharam as Dez Pragas, o Êxodo, a revelação no Sinai, e transmitiram estes eventos de geração em geração.

No decorrer da história judaica nunca houve menos que cerca de um milhão de judeus a transmitirem esta tradição, e a história básica permaneceu a mesma mesmo quando os judeus foram dispersos e espalhados pelos quatro cantos da terra. No Sinai, 600.000 homens entre 20 e 60 anos, além de mulheres e crianças (e homens abaixo dos 20 anos e acima dos 60) – um total de cerca de três milhões de pessoas – ouviram os Dez Mandamentos do Próprio D’us. Este evento, registrado na Torá, é, ao mesmo tempo, um acontecimento testemunhado da história e portanto um fato histórico irrefutável. Desacreditá-lo é altamente não-científico.

Deve-se enfatizar que a revelação no Sinai foi diferente de qualquer outra revelação alegada por qualquer outra religião. No Cristianismo, a revelação é

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atribuída a um homem ou a um pequeno grupo de discípulos, e o mesmo se aplica ao Islã (a Maomé) e o Budismo (a um antigo sábio hindu, Buda – o iluminado – cujos seguidores adotaram seus ensinamentos e doutrinas e se denominaram budistas). Não foi assim no Judaísmo – a revelação ocorreu para uma nação inteira.

Na verdade, um grande rabino, Rabi Shlomo ben Aderet (Rashba), explica que a parada no Sinai foi necessária porque se a revelação fosse feita a um homem apenas – Moshê – teria sido controvertida. Ele explica: imagine Moshê chegando ao Egito e contando aos judeus que era chegado o tempo de sua redenção. A princípio eles duvidariam dele, mas assim que começasse a provocar as Dez Pragas, eles perceberiam que eram poderes sobrenaturais em ação. Moshê supera os mágicos egípcios e faz surgir pragas que eles não podem reproduzir. Até eles admitem que era "o dedo de D’us" em ação. Moshê, em nome de D’us, constantemente faz uma advertência seguida por uma praga. Após as Dez Pragas e o Êxodo, e especialmente após a abertura do mar, a Torá atesta o fato de que as pessoas "acreditaram em D’us e em Moshê, Seu servo."

No entanto, haveria um problema. Os judeus ouviram aquilo de uma criatura de carne e osso que D’us tinha enviado com uma mensagem. Ainda havia espaço para o céptico – especialmente numa geração posterior – duvidar. Assim, diz Rashba, a reunião no Sinai foi necessária. Testemunhado por uma nação inteira, D’us Se revelou no Monte Sinai e outorgou os Dez Mandamentos. Cada judeu experimentou o mesmo nível de comunicação que Moshê recebeu. A partir daí, os judeus estavam plenamente convictos de que quando Moshê transmitiu as palavras de D’us, era realmente de origem Divina.

Deve-se mencionar que os Filhos de Israel naquela época não eram escravos incultos que podiam ser facilmente enganados. Dentre eles havia sábios, sacerdotes, arquitetos e construtores, profissionais que tinham construído pirâmides e outras estruturas – maravilhas do mundo – cuja arquitetura ainda assombra os construtores modernos. Formavam uma geração culta – certamente argumentativa e teimosa como ficou provado em muitas ocasiões. Se parte da nação tivesse "sonhado" uma história, certamente esta teria sido rejeitada pelos outros.

O Êxodo e a revelação no Sinai permanecem fatos históricos inegáveis. Como foi mencionado previamente, as testemunhas são a prova de maior peso num tribunal – e muito mais, quando a testemunha ocular é uma nação inteira! Esta certamente é uma prova científica da existência de D’us. Embora não possamos vê-Lo – como o cego que não consegue ver as cores – nossos ancestrais testemunharam esta revelação e transmitiram o fato como tradição oral e escrita. Talvez seja por este motivo que no primeiro mandamento D’us diz: "Eu sou o Eterno teu D’us que te tirou da terra do Egito." A criação do mundo é um fenômeno muito mais complexo e assombroso que o Êxodo do Egito, então por que D’us não diz, "Eu sou o Eterno teu D’us que criou o céu e a terra"? 

Uma resposta possível é que os cientistas ainda hoje questionam a origem do cosmos e alguns ignoram a D’us. Quando D’us Se comunicou com os judeus, tornou a comunicação muito pessoal. "Eu sou o D’us que você viu te tirando do Egito, e que agora está falando contigo." O povo não precisava de quaisquer provas filosóficas. Viram com seus próprios olhos e ouviram com seus próprios ouvidos. Foram testemunhas que estiveram no Sinai. Esta é a maior das provas!A prece mais conhecida no Judaísmo é o Shemá. Num Sêfer Torá ou Mezuzá a letra ayin da palavra Shemá e a letra dalet da palavra Echad estão escritas em grandes letras em negrito. Juntas, elas grafam a palavra hebraica Ed que significa testemunha. Sempre que um judeu recita o Shemá, ele dá testemunho da existência do único D’us, uma existência experimentada pelos nossos ancestrais e transmitida a nós através de uma linha ininterrupta de tradição.

Provas Filosóficas

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Além da prova tradicional, podemos agora examinar outras provas filosóficas. Muitas provas têm sido citadas e devemos nos limitar neste capítulo às mais conhecidas e mais freqüentemente mencionadas.

1 – A obra clássica Chovot Halevovot (1:6) menciona uma linda parábola. Certa vez um rabino entrou no palácio de um rei e recebeu uma audiência com o soberano. Este lhe fez a pergunta: "Como sabe da existência do Criador?" O rabino pediu respeitosamente ao rei para deixar a sala por alguns instantes. Sobre a mesa havia uma pena, um tinteiro e papel. Enquanto o rei estava fora do aposento, o rabino escreveu um bonito poema no papel. Quando o rei voltou, viu o poema e ficou surpreso pelo seu estilo poético. A tinta ainda estava úmida e o rei elogiou o rabino por escrever poema tão bonito. O rabino respondeu que não tinha escrito o poema, mas sim que tinha pegado o tinteiro, derramado a tinta sobre o papel e que as letras tinham se formado por si mesmas. O rei ridicularizou tal sugestão, dizendo que era impossível a tinta se arranjar sozinha numa única letra, que dirá uma palavra, muito menos uma frase, e certamente não num lindo poema! O rabino respondeu: "Aqui está sua resposta. Se a tinta de um tinteiro não pode formar um poema sem a mão de um poeta, então certamente o mundo, infinitamente mais complexo que o poema, não teria se formado sem a mão de um Criador!"

Uma história fictícia semelhante – embora mais contemporânea – é relatada sobre os americanos, russos e chineses que se reuniram e decidiram enviar uma nave tripulada a Marte. Após gastar milhões de dólares, rublos e yuans, além de anos de preparação, finalmente uma espaçonave é lançada rumo a Marte. Pouco mais tarde um astronauta dá um pequeno passo para o homem mas um grande salto para a humanidade, e pisa na superfície de Marte. As câmeras enviam cada movimento seu para a Terra. De repente, após dar alguns passos, o mundo é surpreendido pela visão de uma lata de Coca-Cola pousada numa rocha próxima. O astronauta apanha a lata, vê que é de verdade, pois sobre ela estão as palavras "Coca-Cola é marca registrada – fabricada nos EUA". Os russos e os chineses estão revoltados – os americanos obviamente os enganaram, enviando uma nave antes daquela ocasião. Os americanos negam aquela alegação, mas estão desconcertados pela aparição da lata de Coca-Cola. Finalmente, a imprensa entrevista um professor da Universidade de Oxford. Este explica o enigma sugerindo que no decorrer de bilhões e bilhões de anos, é possível que, através da evolução, uma lata de Coca tenha se formado, chegando a ter as palavras "fabricada nos EUA"!

Seus comentários são ridicularizados. Mesmo após bilhões de anos, a probabilidade matemática das palavras se formarem é nula. E muito mais a criação deste mundo, tão complexo!

Mesmo atualmente, os cientistas concordam que até agora só descobriram a ponta do iceberg na complexidade do universo. Como é possível que tenha se formado por si mesmo, sem um supremo arquiteto e projetista?

Uma história semelhante é relatada sobre um homem que entrou numa fábrica de carros totalmente automatizada e, ao ver um carro inteiro sendo produzido por uma máquina, do começo ao fim, chegou à conclusão que os carros se fabricavam por si mesmos! Como é ridículo pensar que uma fábrica assim não tenha sido projetada por um mestre em Engenharia Mecânica!

2 – Rabino Aryeh Kaplan escreve (Manual do Pensamento Judaico 1:1)A existência de um Criador proposital é indicada pelo fato de que o universo inorgânico contém todo ingrediente necessário para tornar possível a vida orgânica. O mundo existe como uma arena para a vida, e a probabilidade de que isso se deva inteiramente ao acaso é infinitesimal. A essência do argumento é que matematicamente, quanto mais complexa uma estrutura organizada, menor a probabilidade de esta estrutura ser devida ao acaso. A

A surpreendente quantidade de informação

genética contida nas cadeias de DNA humano deixa a mente perplexa.

Estas cadeias super complexas poderiam ter

se formado por si mesmas?

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química da vida é o processo mais complexo em nossa experiência, e apesar disso achamos que a matéria inorgânica do universo pode apoiar este processo. Como existe apenas um tipo de matéria orgânica no universo, as chances de ele ter todas as propriedades químicas e físicas necessárias para suportar a vida são infinitamente pequenas, a menos que levemos em conta um Criador proposital.

3 – O Talmud declara que o homem é um microcosmo. Sem sequer olhar para o cosmos, vemos pelas maravilhas do corpo humano que esta é a obra de um Mestre Criador, pois nem mesmo em bilhões de anos, algo tão complexo como isso jamais teria surgido.

Vejamos o exemplo do olho humano. Os olhos de um bebê, que começam a se formar no embrião de dezenove dias, terão mais de doze milhões de pontos por centímetro quadrado; a retina, ou porção do olho sensível à luz, terá mais de cinqüenta bilhões desses pontos. O quadro que os olhos registram é homogêneo porque estes pontos sensíveis à luz se misturam num só todo. Pegue uma lente de aumento e examine qualquer foto num jornal. Você verá que é composta de centenas de pontos, alguns escuros e outros claros, que juntos formam a foto quando você a olha de uma certa distância. Isso é exatamente o que o olho faz, somente com detalhes muito mais apurados.

De onde vêm estes bilhões de células no sistema nervoso? Do óvulo fertilizado, que ainda está se dividindo depois de um mês, para formar os tecidos e órgãos que uma criança precisa. Foi estimado que todos os dois bilhões de células nervosas específicas que formam um indivíduo estão localizadas na cobertura externa do cérebro, o córtex, e que estes dois bilhões de células poderiam ser guardadas num dedal. O desenvolvimento continua em certas partes do cérebro, mesmo após o nascimento. Ao final do primeiro mês do desenvolvimento embriônico, nenhuma dessas partes do cérebro, cordão espinhal, nervos ou órgãos do sentido está completamente formado, mas o alicerce para eles foi colocado.

O desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso, e sua regra de integração de todos os sistemas permanece um dos mistérios mais profundos da embriologia.

Somente os olhos mostram um planejamento tão inteligente a ponto de deixar estupefato alguém que os estude. No estágio embriônico, os olhos são formados dos lados da cabeça e estão preparados para a conexão com os nervos ópticos crescendo independentemente do cérebro. As forças que permitem esta integração até agora não foram descobertas, mas devem ser de fato formidáveis, pois mais de um milhão de fibras ópticas nervosas devem enredar-se em cada olho.

Pense por um momento sobre aquilo que é considerado um feito da engenharia humana – a escavação de túneis a partir dos dois lados dos Alpes, e que devem se encontrar exatamente e se juntarem numa auto-estrada contínua. Apesar disso, qualquer uma das milhares de coisas que um feto deve fazer como parte da rotina de desenvolvimento é muito mais assombrosa.

O mesmo pode ser dito sobre a maravilha que é a primeira respiração do bebê. Após receber oxigênio durante nove meses através do cordão umbilical, numa questão de segundos os pulmões milagrosamente se abrem sem qualquer problema. Antes da primeira respiração, os tubos estavam inoperantes, e uma respiração faz funcionar todo o sistema. Isso é realmente fenomenal.Estes são apenas dois entre milhares de exemplos das maravilhas da natureza, para demonstrar que estes sistemas são tão complicados que é quase impossível terem se formado por si mesmos, e não projetados por um Criador. Não admira que os cabalistas digam que é possível enxergar a alma através dos olhos, e o Rei David tenha escrito nos Salmos que deve-se louvar a D’us por toda respiração.

Esta percepção é reforçada pela recente decodificação do genoma – a cadeia do DNA humano. A surpreendente quantidade de informação genética

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contida nessas cadeias deixa a mente perplexa. Estas cadeias super complexas poderiam ter se formado por si mesmas?

Conclusão

Podemos concluir pela própria existência da vida e pela complexidade do universo que tudo deve ter sido projetado e sustentado por um Mestre Criador. Foi nosso Patriarca Avraham que, por meio desta dedução lógica, chegou à conclusão monoteísta – a crença em um único D’us; uma força unificada que cria um universo diversificado. Avraham converteu metade da civilização em seu tempo a esta crença e a transmitiu aos seus descendentes. Sete gerações depois, seus filhos se postaram como uma nação no Sinai, onde receberam a Torá diretamente de D’us. O fato histórico inegável do Êxodo do Egito e da estada no Sinai, além da necessidade de um projetista mestre e arquiteto do cosmos, "provam" a existência de D’us.

A Prova Histórica

Há uma prova final que devemos examinar. Não é tradição, nem filosofia; ao contrário, é prova da existência de D’us como o D’us da história. O povo judeu é chamado de "Povo Escolhido". Foram escolhidos por D’us para cumprir um propósito específico – aderência à Torá e mitsvot, criando assim uma morada para D’us neste mundo. Um exame em profundidade da história judaica levará inevitavelmente à fé em D’us como Mestre do Mundo.

Rabino Meur Simcha Sokolowsky escreve em seu livro Profecia e Providência – o Cumprimento das Profecias da Torá no Decorrer da História Judaica (Publicações Feldheim):A Torá nos conclama a termos em mente os eventos passados e estudá-los. Um estudo do passado levará à convicção de que o rumo da História foi cuidadosamente programado com antecedência, e que os eventos do mundo e da história judaica se desenrolaram segundo um plano preconcebido. Obviamente, tanto o plano como sua execução devem ser a obra do Criador que domina a História e direciona o seu curso.

Longamente, ele demonstra em seu livro como:1 – A história da nação judaica até a época atual tem correspondido totalmente a todas as profecias da Torá.2 – Segundo as leis da natureza, a história judaica deveria ter tomado um rumo diferente daquele que realmente seguiu. Chega-se à conclusão que somente um Criador, que controla sozinho as forças do universo, poderia ter determinado de antemão o que o futuro traria.3 – Os eventos da história judaica são realmente notáveis e extraordinários. Além de terem sido previstos com antecedência, servem como prova intrínseca da orientação singular e sobrenatural que os judeus sempre desfrutaram como Povo escolhido de D’us.Para fazer justiça ao tema, na verdade deve-se ler o livro. No entanto, daremos aqui um breve resumo que, esperamos, encorajará o leitor a estudar o assunto com maior profundidade.Antes de fazê-lo, a título de introdução, vale a pena citar a famosa declaração de Mark Twain, "Sobre os Judeus": Em conclusão – se as estatísticas estão corretas, os judeus constituem apenas um por cento da raça humana. Isso sugere um grãozinho de poeira perdido na imensidão da Via Láctea. Respeitadas as proporções, o judeu mal se faria ouvir; porém ele é ouvido, sempre foi ouvido. Ele é tão proeminente no planeta como qualquer outro povo, e sua importância comercial é extravagantemente fora de proporção à pequenez de seu total. Suas contribuições à lista de grandes nomes mundiais em literatura, ciência, arte, música, finanças, medicina e erudição são sempre desproporcionais à sua quantidade. Ele fez uma luta maravilhosa neste mundo, em todas as eras; e fê-la com as mãos atada às costas. Ele poderia se envaidecer, e ser desculpado por isso. Os egípcios, os persas, os babilônios, surgiram, encheram o planeta com seu esplendor, depois

É surpreendente que a única muralha que

sobrou do Segundo Templo – o Kotel Maaravi – o Muro Ocidental – tenha

permanecido de pé e jamais foi destruída. Os rabinos declararam que

a Divina Presença jamais se afastou do

Muro.E a história ainda não

acabou.

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perderam força e se desvaneceram; os gregos e os romanos os seguiram, fizeram muito barulho, e se foram; outros povos brotaram e ergueram sua tocha durante algum tempo, mas ela se apagou, e agora todos estão num crepúsculo, ou desapareceram. O judeu viu a eles todos, e agora é aquilo que sempre foi, não exibindo decadência, enfermidades da idade, enfraquecimento de seus membros, nenhuma diminuição de suas energias, nenhuma apatia em sua mente alerta.Todas as coisas são mortais, exceto o judeu; todas as outras forças passam, mas ele permanece. Qual é o segredo da sua imortalidade?

(Harper’s Magazine, junho de 1899)

Um dos princípios da fé judaica é que D’us concede o dom da profecia ao homem. Quando um profeta prevê o futuro, e tudo que ele prediz ocorre com surpreendente exatidão, podemos estar certos de que esta era a palavra de D’us. Em nenhum outro lugar isso é demonstrado de maneira tão notável como nos Cinco Livros de Moshê. Há três passagens em particular nas quais Moshê diz aos Filhos de Israel o que lhes acontecerá no futuro. Em Profecia e Providência, Rabino Sokolovsky demonstra longamente como toda e cada profecia foi acurada e como ocorreu no desenrolar da história judaica. Neste capítulo procuraremos resumir essa tese.

Imagine que você é um repórter acompanhando a história do Êxodo dos judeus do Egito. Você esteve no local, testemunhou as Dez Pragas e a abertura do mar. Viajou com o povo durante 40 anos no deserto e agora estão a ponto de entrar na Terra Prometida. Você conseguiu marcar uma audiência com Moshê – uma entrevista coletiva – na qual Moshê, antes de morrer, manifestará sua última vontade e testamento ao mundo. Você está esperando que Moshê abençoe o povo com boa sorte, desejando-lhe sucesso na chegada e conquista da terra. Você talvez espere que ele os admoeste, como um pai que adverte os filhos a continuarem no caminho certo. No entanto, esta entrevista coletiva é um pouco diferente do esperado. Moshê começa a desenrolar um documento no qual – em nome de D’us – ele profetisa exatamente o que acontecerá com esta nação a partir do momento em que entrar na Terra Prometida até o Final dos Tempos. 

Você fica chocado – como Moshê poderia saber com tanta riqueza de detalhes os três mil anos seguintes da História Judaica, especialmente quando ele revela uma história tão de mau agouro alguém poderia considerar sua narrativa como um enredo de pesadelo, que não poderia acontecer na vida real? Como um ser humano, nas planícies de Moab, poderia ter tamanho conhecimento sobre as futuras crônicas de seu povo? Você, como céptico, talvez tivesse deixado de lado as previsões de Moshê, considerando-as fantasiosas.

No entanto, na época atual, tendo a vantagem de poder olhar para trás e contemplar esta entrevista coletiva, você vê que Moshê falou a verdade, e sua Torá é verdadeira. Tudo aquilo que Moshê falou veio a ocorrer. Como isso é possível?

Há apenas uma resposta e somente uma conclusão. Moshê foi um verdadeiro profeta, recebeu e transmitiu a palavra de D’us. Somente o Mestre Criador poderia conhecer esta história e somente Ele poderia tecer o fio da história para fazê-la acontecer. Uma revisão sincera da história judaica aponta inexoravelmente para a existência de D’us.

Um último ponto antes de começarmos brevemente a examinar aquelas profecias. Durante sua formação como nação o povo judeu teve a orientação da Divina Providência. A intervenção Divina nos assuntos humanos foi manifesta e tangível. A nação inteira viu claramente que havia um D’us em Israel. Porém, quando os judeus começaram a se afastar dos caminhos da Torá, a orientação Divina do seu destino mudou para um estilo diferente; tornou-se oculta e encoberta – como nos diz a Torá (Devarim 31:17): "E Minha ira se erguerá contra eles naquele dia e Eu os abandonarei e ocultarei Minha face deles." Quando "aquele dia" chegou, o aspecto miraculoso da intervenção aberta de D’us na nossa história cessou, sendo substituído por uma intervenção encoberta no destino do homem. Esta Providência disfarçada deixa espaço para dúvida e erro, pois às vezes faz parecer que,

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D’us não o permita, Ele abandonou Seu povo.

Assim começaram os dois modos oscilantes da manifestação Divina. Às vezes Sua presença estaria manifesta e em outras oculta. Este é, na verdade, um dos pontos mais conflitantes do Calendário Judaico e ciclo anual. Em Pêssach, Shavuot e Sucot celebramos o fato de que D’us nos libertou do Egito, nos deu a Torá, e nos concedeu a proteção Divina com as Nuvens da Glória. Em Chanucá celebramos a vitória sobre os gregos e acendemos a Menorá para simbolizar a vitória espiritual sobre as forças de assimilação do Helenismo. Em Purim, celebramos a frustração da "Solução Final de Haman." Em todos estes dias a presença de D’us é clara. E mesmo assim, em Tishá B’Av choramos e pranteamos a destruição dos Templos. Em outros dias nacionais de jejum lamentamos os eventos que levaram àquela destruição e outras catástrofes na História Judaica. Nesta geração ainda estamos todos abalados pelo cemitério da História Judaica, o Holocausto. Nestas ocasiões, a presença de D’us estava encoberta.

Porém o judeu celebra e pranteia simultaneamente. Ele sabe que seu destino vai muito além das leis da natureza e que as provações e tribulações da Providência encoberta não se devem meramente ao acaso, mas sim a uma meticulosa percepção da vontade premeditada e pré-calculada de D’us. É esta mesma fé que permite ao judeu navegar pelas ondas do anti-semitismo e zombar de seus inimigos. O judeu sabe que ele é eterno – conhece seu segredo de imortalidade. D’us lhe prometeu (Yirmiyáhu 5:18): "Até naqueles dias devastadores, diz D’us, Eu não darei um fim completo em vocês" e (Vayicrá 26:44): "Eu não os rejeitarei, nem os abominarei, para destruí-los totalmente."

Examinemos agora mais de perto aquelas profecias. Em duas passagens da Torá, Moshê nos dá uma Tochachá (admoestação) - Vayicrá cap. 26 e Devarim cap. 28.

Nachmânides, em seu comentário sobre a Torá, explica que estas duas passagens foram ambas cumpridas consecutivamente. Vayicrá cap. 26 pela destruição do Primeiro Templo, e Devarim cap. 28 pela destruição do Segundo Templo e pelo árduo exílio subseqüente. Uma terceira passagem em Devarim cap. 30 fala sobre o arrependimento definitivo e a redenção do povo judeu.

Vayicrá cap. 26

"E eu os dispersarei entre as nações." – o primeiro exílio para a Babilônia.

"E Eu levarei desolação à terra." – a ruína da Terra de Israel.

"E Eu levarei desolação aos seus santuários." A destruição do Primeiro Templo.

"E Eu não aspirarei o perfume de seus suaves odores." A cessação do sacrifício no Primeiro Templo.

"Então a terra será compensada pelos seus anos sabáticos." A duração do primeiro exílio – 70 anos – foi proporcional ao número de anos sabáticos que não foram previamente observados.

"E comereis a carne de vossos filhos e de vossas filhas." Uma profecia cumprida, conforme descrito por Yirmiyáhu no Livro das Lamentações (2:20) quando da destruição do Primeiro Templo.Alguém poderia perguntar: "Como foi possível para Moshê saber que, mais de 800 anos depois de os judeus entrarem na Terra de Israel sob a liderança de Yehoshua, os babilônios destruiriam o Primeiro Templo e exilariam o povo por 70 anos? Como ele sabia sobre a cessação das oferendas e que comeriam a carne? Somente a dissonância cognitiva permitiria que o céptico negasse que esta foi uma profecia vinda do D’us verdadeiro; o D’us vivo que cria, sustém e governa o rumo do mundo.

Devarim cap. 28

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E sereis arrancados da terra." - O segundo exílio.

"Vossos filhos e filhas serão dados a uma outra nação… e servireis ao vosso inimigo… em fome e sede." - Antes do exílio.

"O Eterno trará sobre vós uma nação vinda de longe, dos confins da terra." - Uma referência a Roma.

"… que vos arrebatarão como uma águia." - Uma referência às legiões romanas cujos estandartes tinham o desenho de uma águia.

"E haverá um cerco a todos os vossos portões, até que suas muralhas altas e fortificadas… venham abaixo." - A terra é conquistada, haverá um cerco, e as muralhas caem.

"O estranho que está em vosso meio montará sobre vós cada vez mais alto." - Uma referência a Herodes.

"Vocês tomarão uma esposa, e outro homem se deitará com ela." - Um decreto romano.

"E D’us vos dispersará entre todos os povos, de um canto a outro da terra." - O judeu é exilado aos quatro cantos da terra.

"E dentre aquelas nações não tereis descanso, e não haverá repouso para a sola de vossos pés… e tereis medo dia e noite." - A situação dos judeus no exílio.

"Vossa vida estará pendurada em dúvida perante vós." - Nenhuma segurança financeira."E quanto àqueles que sobrarem entre vós, Eu enviarei uma fraqueza no coração… e não tereis força de enfrentar vossos inimigos." - Os judeus são facilmente dominados.

"A maldição de cada dia será maior que a do dia anterior." - Os eventos ocorrerão tão rapidamente, que o judeu mal conseguirá se recuperar de um incidente antes que outra calamidade se abata sobre ele.

"Sereis afligidos por doenças e pragas nem sequer mencionadas na Torá." - Os muitos sofrimentos do exílio.

"Vós servireis a deuses… madeira e pedra ali." - Uma referência ao fato de que, no decorrer de seu longo exílio, o judeu estará sujeito ao deus de madeira – a cruz – queimado na fogueira com conversões forçadas, e ao deus de pedra de Meca e Medina. 

"Eu levantarei a espada para vós… e perecereis entre as nações e a terra de vossos inimigos vos devorará." (veja Vayicrá 26:33-38) - decretos de conversão forçada e pogroms.

"E sereis poucos em números entre as nações aonde D’us os levará." - De fato, é surpreendente que, especialmente durante a Idade das Trevas, os judeus não tenham desaparecido completamente.

"E vos tornareis motivo de assombro." - Os judeus se tornarão um tópico de discussão para todos."… um provérbio e um apelido." - O judeu errante será o símbolo do sofrimento e perseguição."E eles colocarão sobre vós um sinal para espantar." - Os distintivos que muitas vezes tivemos de usar para nos identificar como judeus.

Com riqueza de detalhes, Moshê profetizou a destruição do Segundo Templo e o exílio subseqüente com impressionante exatidão. Ele estava falando sobre eventos que ocorreram 1.500 anos após seu falecimento. Como ele poderia ter sabido? E mesmo assim o judeu sobrevive – e prospera.

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"Pois Eu sou D’us, não mudo, portanto vós, filhos de Yaacov, não são consumidos." (Malachi 3:6) – a eternidade do povo judeu.

"Somente se o sol, a lua e as estrelas desaparecerem, a semente de Israel cessará de ser uma nação." (Yirmiyáhu 31:35)

Em meio a grande perseguição, sofrimento e exílio, o estudo de Torá floresceu. Sempre houve academias talmúdicas produzindo eruditos de Torá que levaram adiante o bastão do estudo de Torá e o transmitiram à geração seguinte. Isso cumpre a profecia: "Pois ela, a Torá, não será esquecida da boca de sua semente." (Yeshayáhu 59:20-21)

O tempo todo, o judeu guardou o Shabat.

"O Shabat será um pacto eterno entre D’us e Israel." (Bamidbar 31:16)

"É um sinal entre Eu e os Filhos de Israel." (ibid.)

Não é fascinante que, quando as duas outras principais religiões separaram um dia para seu repouso, uma pegasse o domingo e a outra a sexta-feira, mas o Shabat permaneceu como o dia de repouso para os judeus? Isso não foi profetizado? Mais esclarecedoras são as profecias sobre a Terra de Israel durante o tempo em que seu povo estaria no exílio:

"E teus inimigos que habitarão a Terra de Israel ficarão desolados nela." (Vayicrá 26:32) A terra pertence a nós, mesmo quando estamos no exílio. Em nossas preces dizemos "por causa dos nossos pecados fomos exilados de nossa terra". Não é fascinante que, antes da destruição dos Templos, a terra fosse populosa e fértil, e depois da destruição, tenha se tornado uma terra desolada, de pântanos? Mark Twain, numa visita à terra, expressou sua surpresa – quem poderia dizer que esta é a Terra Prometida, uma terra fluindo leite e mel? O maior número de pessoas que habitou a terra desde o tempo do segundo exílio até a virada do século vinte foi 300.000 – na época dos turcos – e mesmo então a população diminuiu devido aos terremotos. Hoje, após o retorno de muitos judeus ao país, sua população chega aos milhões. Aquilo que era pântano foi reclamado, e hoje é novamente pasto verde. Era uma terra que estava esperando pela volta de seu povo.

É surpreendente que a única muralha que sobrou do Segundo Templo – o Kotel Maaravi – o Muro Ocidental – tenha permanecido de pé e jamais foi destruída. Os rabinos declararam que a Divina Presença jamais se afastou do Muro.

E a história ainda não acabou. Há uma passagem em Devarim cap. 30 que descreve o retorno completo e a redenção da nação judaica:

"E quando vierem sobre ti todas estas coisas, a bênção e a maldição que pus diante de ti, e te recordares delas em teu coração, estando entre as nações para onde o Eterno, teu D’us, te houver lançado, e voltares para o Eterno, teu D’us, e ouvires a Sua voz, segundo tudo que Eu hoje te ordeno, tu e teus filhos, com todo teu coração e com toda tua alma e te trará o Eterno teu D’us com Ele de volta do cativeiro e Se compadecerá de ti, e te fará voltar juntando-te de todas as nações para onde te espalhou o Eterno teu D’us. Ainda que o teu desterro esteja na extremidade dos céus, dali te ajuntará o Eterno e dali te tomará. O Eterno teu D’us te levará à terra que herdaram teus pais e a herdarás; Ele te fará bem e te fará mais numeroso que teus antepassados. O Eterno teu D’us circuncidará teu coração e o coração de teu descendente, para amar o Eterno teu D’us, com todo teu coração e com toda tua alma, para que vivas.

"O Eterno teu D’us colocará todas estas maldições sobre teus inimigos e aqueles que te odeiam, que te perseguem. Tu retornarás e escutarás a voz de D’us, e cumprirás todos os Seus mandamentos que Eu te ordeno hoje. D’us te fará abundante em toda a tua obra – no fruto do teu útero, o fruto de teus animais, e o fruto de tua terra – para o bem, quando o Eterno retornar

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para Se rejubilar contigo pelo bem, como Ele Se rejubilou com os teus antepassados, quando ouviste a voz do Eterno teu D’us, para cumprir Seus mandamentos e Seus decretos, que estão escritos neste Livro da Torá, quando retornares ao Eterno teu D’us, com todo teu coração e toda tua alma.

"Pois este mandamento que Eu te ordeno hoje – não está oculto de ti nem está distante. Não está no céu, dizer ‘aquele que sobe ao céu por nós e o tomará para nós, para que possamos ouvi-lo e cumpri-lo?’ Nem está do outro lado do mar para dizeres ‘quem pode cruzar para o outro lado do mar por nós e tomá-lo para nós, para que possamos ouvi-lo e cumpri-lo?’ Ao contrário, o tema está muito perto de ti – em tua boca e teu coração para cumpri-lo.

"Vê – Eu coloquei diante de ti hoje a vida e o bem, e a morte e o mal, aquilo que Eu te ordeno hoje, amar ao Eterno teu D’us para seguires os Seus caminhos, cumprir Seus mandamentos, Seus decretos e Suas ordens; então tu viverás e te multiplicarás, e o Eterno teu D’us te abençoará na terra que possuíres. Mas se teu coração se afastar e não escutares, e se te afastares, e se te prostrares perante deuses estrangeiros e os servires, Eu te digo hoje que tu certamente estará perdido; teus dias não se alongarão na terra que cruzaste o Jordão para lá chegar, para possuí-la. Conclamo céu e terra hoje para testemunhar contra ti; Eu coloquei vida e morte perante ti, bênção e maldição; E ESCOLHERÁS VIDA, para que vivas tu e teus descendentes – para amar o Eterno teu D’us, para escutares a Sua voz e te apegares a Ele, pois Ele é tua vida e a duração dos teus dias, para habitares a terra que o Eterno prometeu a teus antepassados, a Avraham, a Yitschac e a Yaacov, para dar a eles."

O Talmud está repleto de surpreendentes previsões que ocorrerão ao Final dos Dias. Estas estão agora completamente documentadas para o leitor. Estamos nos referindo ao livro Mashiach por Rabino J. I. Schochet.

Leia também: http://www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/existencia/home.html

Existe uma prova absoluta da existência de D’us?D’us existe?Origem de D’us