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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CES VII CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA AS DEBÊNTURES DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS DE CAPITAL ABERTO À LUZ DA LEGISLAÇÃO VIGENTE Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito na Universidade do Vale do Itajaí. ACADÊMICO: ANTÔNIO MACHADO São José (SC), julho de 2004.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CES VII CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

AS DEBÊNTURES DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS DE CAPITAL ABERTO À LUZ DA LEGISLAÇÃO VIGENTE

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito na Universidade do Vale do Itajaí. ACADÊMICO: ANTÔNIO MACHADO

São José (SC), julho de 2004.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CES VII CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

AS DEBÊNTURES DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS DE CAPITAL ABERTO À LUZ DA LEGISLAÇÃO VIGENTE

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Superior VII, sob a orientação do Prof. Esp. Pedro de Queiroz Cordova Santos. ACADÊMICO: ANTÔNIO MACHADO

São José (SC), julho de 2004.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CES VII CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

AS DEBÊNTURES DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS DE CAPITAL ABERTO À LUZ DA LEGISLAÇÃO VIGENTE

ACADÊMICO: ANTÔNIO MACHADO

A presente monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel

em Direito e aprovada pelo curso de Direito na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de

Educação de São José.

São José, julho de 2004.

Banca examinadora:

Prof. Esp. Pedro de Queiroz Cordova Santos UNIVALI – Centro de Educação de São José

Orientador

Prof. UNIVALI – Centro de Educação de São José

Membro

Prof. UNIVALI – Centro de Educação de São José

Membro

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Aos meus pais, Antônio Manoel Machado e Fermínia Maria Machado (in memoriam), que me proporcionaram

a primeira noção de princípio.

À minha esposa Marlene Machado e minhas filhas, Mariana Marlene Machado e Annamaria Marlene Machado,

pelo inestimável apoio e pela compreensão, sem os quais eu nada realizaria.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Grande Arquiteto do universo a minha existência e, sob sua proteção,

eu ter realizado mais um sonho.

A minha família, razão da minha existência, o amor, a educação, a honestidade e o

apoio dispensados em todos os momentos de minha vida.

A todos os meus professores a participação na minha formação, transmitindo-me

conhecimentos que foram fundamentais para meu aprendizado pessoal e acadêmico e, em

particular, ao meu orientador Pedro de Queiroz Cordova Santos, não ter poupado esforços

para que esse trabalho pudesse findar.

Por fim, a todos aqueles que, de maneira direta ou indireta, contribuíram para a

realização desta pesquisa o apoio.

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Se não puder se destacar pelo talento, vença pelo esforço.

Dave Weinbaum

Quando não houver vento, reme.

Provérbio romano

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SUMÁRIO RESUMO....................................................................................................................... 08 LISTA DE ABREVIATURAS...................................................................................... 09 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 10 1 AS SOCIEDADES ANÔNIMAS NO BRASIL ......................................................... 13 1.1 SÍNTESE HISTÓRICA............................................................................................. 13 1.2 CARACTERIZAÇÃO DE SOCIEDADE ANÔNIMA .............................................. 18 1.3 ESPÉCIES DE SOCIEDADES ANÔNIMAS............................................................ 19 1.4 CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS .............................................. 20 1.5 O PODER DE CONTROLE NAS SOCIEDADES ANÔNIMAS............................... 21 2 SOCIEDADE ANÔNIMA DE CAPITAL ABERTO................................................ 24 2.1 CARACTERIZAÇÃO............................................................................................... 24 2.2 CAPITAL SOCIAL................................................................................................... 26 2.2.1 Alteração do Capital social..................................................................................... 27 2.2.2 Aumento do Capital ............................................................................................... 27 2.2.3 Redução do Capital ................................................................................................ 29 2.2.4 Reserva de Capital ................................................................................................. 30 2.3 ÓRGÃOS SOCIAIS .................................................................................................. 31 2.3.1 Assembléia Geral ................................................................................................... 32 2.3.2 Conselho de Administração.................................................................................... 33 2.2.3 Diretoria ................................................................................................................. 34 2.3.4 Conselho Fiscal ...................................................................................................... 35 2.4 MERCADO DE CAPITAIS ...................................................................................... 36 2.4.1 Comissão de Valores Mobiliários........................................................................... 37 2.4.2 Bolsa de Valores .................................................................................................... 38 2.4.3 Mercado de Balcão................................................................................................. 38 3 VALORES MOBILIÁRIOS...................................................................................... 40 3.1 NOÇÕES .................................................................................................................. 41 3.2 AÇÕES ..................................................................................................................... 43 3.3 PARTES BENEFICIÁRIAS...................................................................................... 46 3.4 DEBÊNTURES......................................................................................................... 49 3.5 BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO ..................................................................................... 50 4 DEBÊNTURES .......................................................................................................... 53 4.1 NOÇÕES ................................................................................................................. 53 4.2 DIREITOS DOS DEBENTURISTAS ...................................................................... 54

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4.3 ESPÉCIES DE DEBÊNTURES ................................................................................ 56 4.4 EMISSÃO, AMORTIZAÇÃO E RESGATE ............................................................ 59 4.5 CERTIFICADO DAS DEBÊNTURES...................................................................... 62 4.6 CONVERSIBILIDADE DAS DEBÊNTURES EM AÇÕES ..................................... 62 4.7 AGENTE FIDUCIÁRIO DOS DEBENTURISTAS .................................................. 63 4.8 ASSEMBLÉIA DE DEBENTURISTAS ................................................................... 65 4.9 CÉDULA PIGNORATÍCIA DAS DEBÊNTURES .................................................. 67 4.10 EMISSÃO DE DEBÊNTURES NO ESTRANGEIRO............................................. 68 4.11 EXTINÇÃO ............................................................................................................ 69 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 74 ANEXOS........................................................................................................................ 76

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RESUMO Este estudo compreende a análise de como as debêntures das sociedades anônimas de capital aberto estão regulamentadas na legislação vigente. A legislação atual, que trata da matéria, é a Lei 6.404/76, a qual foi alterada pela Lei 9.457/97 e pela Lei 10.303/01. A sociedade anônima ou companhia é um tipo de sociedade empresária caracterizada pela divisão do capital social em ações, na qual os sócios respondem pelas obrigações sociais até o limite do preço de emissão das ações que possuem. A sociedade anônima pode ser de capital aberto ou de capital fechado. Na sociedade anônima de capital aberto, os valores mobiliários por ela emitidos são colocados no mercado de valores mobiliários. Para que uma sociedade anônima seja aberta e tenha seus valores mobiliários comercializados na bolsa ou no mercado de balcão, é preciso que ela esteja registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O mercado de valores mobiliários faz parte do mercado financeiro que integra também o mercado de capitais. Assim, os valores mobiliários que formam a sociedade anônima compreendem instrumentos de captação de recursos para o financiamento da empresa, explorada pela sociedade anônima que as emite, representando uma oportunidade de investimento. Constituem valores mobiliários as ações, as partes beneficiárias, os bônus de subscrição e as debêntures. As debêntures são valores mobiliários que conferem aos seus titulares o direito de crédito, nas condições mencionadas pela escritura de emissão e certificado. A regulamentação das debêntures nas sociedades anônimas de capital aberto sofreu algumas modificações por meio da entrada em vigor da recente Lei 10.303, de 31 de outubro de 2001. Palavras-chave: Debêntures; sociedades anônimas; mercado de valores mobiliários;

legislação.

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LISTA DE ABREVIATURAS

LSA – Lei das Sociedades Anônimas CVM – Comissão de Valores Mobiliários BVM – Bolsa de Valores Mobiliários CMN – Conselho Monetário Nacional MC – Mercado de Capitais VM – Valores Mobiliários LCVM – Lei da Comissão de Valores Mobiliários SFN – Sistema Financeiro Nacional SND - Sistema Nacional de Debêntures CETIP - Central de Custodia e Liquidação de Título

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INTRODUÇÃO

Uma atividade econômica, de pequeno porte, pode ser explorada ou realizada sob a

responsabilidade de uma única pessoa. Entretanto, à medida que essa atividade econômica

ganha dimensões mais amplas e complexas, avolumando uma série de atividades ao mesmo

tempo, exigindo maiores investimentos e diferentes capacitações, ela não pode mais ser

desenvolvida por uma única pessoa. Com isso, torna-se imperativa a necessidade de mais

indivíduos para desenvolver o negócio em conjunto, caso se pretenda desenvolvê-lo e obter

sucesso na sua implementação.

O desenvolvimento do negócio pressupõe a aglutinação de diversos agentes em torno

do objetivo de obter lucros, dando origem a uma forma jurídica denominada ‘sociedade’.

Dessa maneira, quando duas ou mais pessoas estabelecem um vínculo para desenvolver em

conjunto uma determinada atividade econômica, possibilitam-se-lhes algumas alternativas, no

plano do direito, para a composição dos seus interesses.

A legislação prevê ou determina a existência, no Brasil, de diferentes tipos de

sociedades comerciais ou empresárias, cada qual definida de acordo com suas especificidades

de atuação no âmbito dos negócios comerciais. Cabe ao direito comercial, que constitui um

dos ramos da abrangente ciência do direito, a constante regulamentação e o estudo das

sociedades empresárias.

Com a criação de uma sociedade empresária, ao mesmo tempo, tem início a

formação do instituto da personalidade jurídica, o qual determina a diferenciação entre as

pessoas individuais que deram origem à sociedade e a própria sociedade, que é a pessoa

jurídica, com obrigações perante a lei. O principal objetivo da pessoa jurídica, figura que não

preexiste ao direito, sendo apenas uma idéia, conhecida pela comunidade jurídica, é auxiliar

na composição de interesses ou na solução de conflitos.

A sociedade anônima compreende uma das várias formas de sociedades vigentes no

direito comercial, sendo a mais apropriada forma societária para os grandes empreendimentos

econômicos. Caracteriza-se pela divisão do capital social em ações, espécie de valor

mobiliário, na qual os sócios respondem pelas obrigações sociais até o limite do preço de

emissão das ações que possuem.

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Tomando por base esse tipo societário, o tema deste trabalho é verificar como as

debêntures das sociedades anônimas de capital aberto estão regulamentadas na legislação

vigente, a qual compreende a Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, também denominada Lei

das Sociedades Anônimas (LSA), com as alterações posteriormente nela introduzidas pela Lei

9.457, de 05 de maio de 1997 e, mais recentemente, pela Lei 10.303, de 31 de outubro de

2001.

Mais precisamente, o estudo pretende analisar as debêntures, as quais constituem

títulos de crédito a serem emitidos pelas sociedades anônimas, podendo ou não ser

comercializados no mercado de valores mobiliários, e verificar as formas legais que regem

seu movimento no mercado e as possíveis vantagens e desvantagens ligadas a esse tipo de

título de crédito.

A pesquisa desenvolveu-se com base na revisão bibliográfica de obras de renomados

juristas que conhecem profundamente a matéria. No intento de propiciar uma compreensão

mais apropriada acerca do tema em questão e facilitar a realização da investigação sobre ele,

dividiu-se este estudo monográfico em quatro capítulos principais.

No primeiro capítulo, apresenta-se a sociedade anônima e sua regulamentação, com

base na LSA. O capítulo inicia com uma breve exposição referente ao surgimento dessa forma

de sociedade na história do direito, seguindo com a caracterização da companhia na legislação

vigente. A seguir, expõe-se a forma como se constitui a sociedade anônima, suas espécies,

visto que ela pode ser aberta ou fechada, conforme os valores mobiliários de sua emissão, se

forem ou não postos no mercado de valores mobiliários, e o poder de controle que elas têm.

Além disso, esse capítulo traz à tona alguns aspectos relativos à teoria do contrato e à teoria

do ato coletivo complexo.

O segundo capítulo trata especificamente das sociedades anônimas de capital aberto

e das características peculiares que as distinguem das sociedades anônimas de capital fechado.

Para tanto, são abordadas, com base na legislação que regulamenta essa matéria, várias

questões relacionadas à sociedade anônima, tais como: capital social (alteração, aumento,

redução, reserva, abertura e fechamento de capital social); órgãos sociais (assembléia geral,

conselho de administração, diretoria e conselho fiscal); e mercado de capitais (comissão de

valores mobiliários, bolsa de valores e mercado de balcão). Em suma, esse capítulo procura

apresentar, de modo aprofundado, a espécie de sociedade anônima de capital aberto.

O terceiro capítulo também se dedica a caracterizar a sociedade anônima de capital

aberto, apresentando os valores mobiliários. Os valores mobiliários compreendem

instrumentos de captação de recursos para o financiamento da empresa explorada pela

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sociedade anônima que os emite, representando, para aquele que os subscreve ou para aquele

que os adquire, uma oportunidade de investimento. Constituem valores mobiliários das

sociedades anônimas as ações, as partes beneficiárias, os bônus de subscrição e as debêntures.

Por fim, o quarto capítulo compreende a investigação do tema propriamente dito e

aprofunda o estudo das debêntures, assunto abordado genericamente no capítulo anterior. As

debêntures são valores mobiliários da sociedade anônima, que, embora não exatamente

definidos pela lei, conferem aos seus titulares o direito de crédito, nas condições mencionadas

na escritura de emissão e no certificado. Para verificar a atual condição em que se encontra

esse tipo de título de crédito na lei, mormente com as inovações introduzidas na LSA pelas

leis 9.457, de 05 de maio de 1997, e 10.303, de 31 de outubro de 2001, abordam-se os

seguintes temas: direitos dos debenturistas, espécies de debêntures, emissão, amortização e

resgate de debêntures, certificado de debêntures, conversibilidade das debêntures em ações,

agente fiduciário dos debenturistas, assembléia de debenturistas, cédula pignoratícia das

debêntures, emissão de debêntures no estrangeiro e, por fim, o processo de extinção delas.

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1 AS SOCIEDADES ANÔNIMAS NO BRASIL

Neste capítulo estudam-se, acerca das sociedades anônimas, a história, o conceito, as

espécies, a constituição e o poder de controle, segundo alguns autores fundamentais e segundo

a reflexão de certas linhas problemáticas que delineiam o perfil dos debates jurídico-

comerciais e promovem, conforme certas circunstâncias econômicas, políticas, sociais e

históricas, as alterações nas legislações vigentes.

1.1 SÍNTESE HISTÓRICA

As origens das sociedades anônimas não são determináveis com precisão, porém,

admite-se que o Banco de São Jorge, fundado em Gênova em 1407, foi a organização

comercial que instituiu os principais elementos das sociedades anônimas. Essa sociedade

comercial estava ligada ao Governo da República de Gênova e a seus credores, que formavam

uma corporação. Com as grandes navegações, a busca de novos caminhos para as Índias

Orientais e a descoberta das Índias Ocidentais – o continente americano –, os reis, ávidos por

firmar seu poder sobre tais terras e extrair suas riquezas, consociaram-se com os donos de

grandes fortunas, grandes comerciantes, donos de companhias de navegação etc., em

empreendimentos de exploração dos novos continentes1.

Sobre a origem da sociedade anônima, Amador Paes de Almeida assevera que:

Cuidadosas investigações de renomados autores mostraram-se absolutamente infrutíferas, não conseguindo solução satisfatória para o esclarecimento da origem da sociedade anônima, que continua, por isso mesmo, obscura. Razão por que até os nossos dias, em que pesem as convicções pessoais deste ou daquele, nenhum estudioso pôde, com firmeza, calcado em elementos robustos e inquestionáveis, afirmar exatamente onde tem início a sua história2.

Em 1602, foi constituída na Holanda a Companhia das Índias Orientais e, em 1621,

foi organizada a Companhia das Índias Ocidentais, o que levou Portugal, como reação à

invasão holandesa em Pernambuco, no século XVII, a fundar, em 1649, a Companhia de

Comércio do Brasil, que pode ser considerada a primeira sociedade anônima do Brasil. Na

1 Cf. VALVERDE, Trajano de Miranda. Sociedades por Ações. v. 1. Rio de Janeiro: Forense, 1941. p.5-6. 2 ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das Sociedades Comerciais. 11. ed. ver. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 1999, p.160-161.

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formulação do seu estatuto, estão presentes elementos e regras básicas das sociedades

anônimas modernas. Um dos capítulos do estatuto afirma que todo o dinheiro que na

sociedade fosse investido não poderia ser retirado antes do fim do prazo de encerramento da

organização, contudo, as partes investidas poderiam ser negociadas a terceiros, que passariam

a responder como titulares delas. Tais partes, as quais constituiriam as ações, denominavam-

se cabedais na Carta Real, e compreendiam unidades de valores mobiliários. Essa companhia

também apresentava uma outra característica peculiar das sociedades anônimas modernas: o

monopólio da comercialização de certos produtos básicos. Suas atividades foram encerradas

no ano de 17203.

Em 1755, surgiu outra grande companhia comercial com monopólio garantido pela

Coroa Real, a Companhia de Geral do Grão-Pará e Maranhão. O estatuto dessa companhia

nada diferia do da primeira companhia, fundada em 1649, exceto no fato de que seus sócios

eram denominados acionistas.

Em um alvará de 1808, o então Príncipe Regente criou o primeiro banco público

brasileiro, denominado Banco do Brasil, uma forma de sociedade anônima que já utilizava os

termos ‘estatuto’, como o conjunto de regulamentos que devem reger esse tipo de sociedade

comercial, e ‘acionistas’.

O artigo 50 do referido estatuto afirma ser indiferente os acionistas serem brasileiros

ou estrangeiros e o artigo 24 assevera que: “os presentes estatutos servirão de ato de união e

sociedade entre os acionistas do Banco e formarão a base do seu estabelecimento e

responsabilidade para com o público”4.

Nesse horizonte, Amadeu Paes de Almeida afirma que: “em 10 de outubro de 1808

criava-se, por iniciativa governamental, o Banco do Brasil, conceituado nos seus estatutos

como um corpo moral, limitada à responsabilidade do acionista a sua entrada, devendo o

dividendo ser pago semanalmente”5.

Contudo, até 1849, quando foi publicado o Decreto-lei 575, com reforma nas leis das

companhias, exatamente 200 anos depois de ser fundada a Companhia de Comércio do Brasil,

as sociedades anônimas eram exclusivamente determinadas por leis específicas do governo e

não eram permitidas as formações de companhias que envolvessem um elevado montante de

capital e não estivessem estritamente ligadas aos interesses governamentais.

Sobre isso, Amador Paes de Almeida afirma que:

3 Cf. ALMEIDA, op. cit., p.161. 4 VALVERDE, op. cit., p.11-12. 5 ALMEIDA, op. cit., p.162.

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Foi todavia, em 10 de janeiro de 1849 que se promulgou no Brasil o primeiro ato oficial sobre sociedades anônimas, com a entrada em vigor do Decreto n. 575, que estabelecia a necessidade de autorização do Poder Público para a incorporação dos seus estatutos. Diploma embrionário, e por isso mesmo eivado de graves lacunas, viria a ser substituído pouco depois pelas normas contidas nos arts. 295 a 298 do Código Comercial, de 1850 [...].6

Em 1851, houve novas modificações que implicaram evolução das sociedades

anônimas, foram admitidas ações ao portador, mas, com necessidade do endosso, nada era

assegurado sobre a necessidade das assembléias para regular a vida das sociedades anônimas.

Seguiu-se a Lei 1083, de 1860, sancionada em 12 de dezembro desse ano, que regulava os

bancos de emissão e o mercado das ações. Estabeleceram-se também três critérios

fundamentais para a formação das sociedades anônimas: 1) o fim social não poderia ser

contrário aos bons costumes; 2) a companhia não poderia objetivar o monopólio de produtos e

serviços essenciais à vida nacional; 3) os bens móveis investidos como capital e garantia

comercial da companhia deveriam ser avaliados quanto à sua realidade. Ainda, os dividendos

deveriam fazer parte somente do lucro líquido de operações comerciais concluídas em um

mesmo semestre.

Em 1865, o governo elaborou um projeto, baseado em uma nova lei do direito

comercial francês, para a limitação da responsabilidade dos sócios às ações subscritas por

cada qual, criando no Brasil a noção jurídico-comercial de sociedade de responsabilidade

limitada. Por conseguinte, as sociedades anônimas entregues aos homens de negócios

começaram a mostrar toda sua potência e suas possibilidades, entretanto, em um país em que

o fundamento motor da economia era a escravidão, tais empreendimentos não poderiam

vingar tão facilmente, ocorrendo, como conseqüência disso, a especulação sobre o dinheiro

mais acessível e os lucros mais fáceis, oferecidos principalmente pelos Estados Unidos e pela

Inglaterra7.

Em função disso, muitas das companhias que tentaram se estabelecer no Brasil

acabaram falindo e, junto com elas, os bancos, posto que seus devedores eram incapazes de

saldar seus empréstimos. No entanto, o liberalismo econômico (baseado no trabalho

assalariado) desenvolvia-se cada vez mais em países como a França, Inglaterra e os Estados

Unidos e influenciava a modificação das leis que regiam a constituição de sociedades

anônimas no Brasil.

6 ALMEIDA, op. cit., 162. 7 Ibidem, p.16-18.

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Esse liberalismo econômico exigia que o Estado parasse de sufocar a iniciativa

privada. Em 1882, foi sancionada a Lei 3.150, de 4 de novembro, regulamentada pela Lei

8.821, de 30 de dezembro, em que se extinguia a necessidade de autorização estatal para a

constituição das sociedades anônimas no Brasil. Essa lei submetia essas organizações

comerciais ao regime das disposições normativas e passava a exigir somente os requisitos

básicos de idoneidade social e comercial e as restrições ao monopólio. Com a nova

constituição da Proclamação da República do Brasil, sancionou-se o Decreto 850 de 13 de

outubro de 1890, o qual não alterou de modo essencial a Lei 3.150, de 1882, pois era

praticamente cópia dela8.

Entretanto, a Lei 3.150 deixava descoberta uma série de problemas que abriam

passagem à especulação desenfreada, economicamente infundada, multiplicando o número de

sociedades anônimas e de bancos, juntamente com a liquidação de ambos os tipos de

entidades jurídico-comerciais. Os processos civis e criminais, por causa de dívidas,

multiplicavam-se de forma inquietante.

Todos jogaram, o negociante, o médico, o jurisconsulto, o funcionário público, o corretor, o zangão, com pouco pecúlio próprio, com muito pecúlio alheio, com as diferenças de ágio e quase todos com caução dos próprios instrumentos do jogo. [...] numerosos processos civis e criminais, percorreram os nossos tribunais9.

O caos gerado obrigou o governo a promulgar uma série de decretos que

regulamentavam a constituição e o controle das sociedades anônimas, bem como o mercado

de valores mobiliários. As sociedades Anônimas foram submetidas, pela Lei 2.024, de 17 de

dezembro de 1908, ao regime falimentar, extinguindo-se os processos morosos de liquidação.

Em decretos posteriores, foram reguladas paulatinamente a emissão de empréstimo em

obrigações ao portador, as debêntures das sociedades anônimas, a fiscalização dos atos

administrativos das sociedades anônimas, por meio de assembléia geral dos acionistas, e a

forma de distribuição do poder de controle e da responsabilidade dessas sociedades

comerciais.

Segundo Almeida10, com a promulgação do Código Civil Brasileiro, pela Lei 3.071,

de 1º de janeiro de 1916, foi colocada sob determinação do governo a autorização para a

constituição de sociedades por ações capital estrangeiro, o que continua a valer atualmente no

art. 11, §1º, do Decreto-lei 4.657, de 4 de setembro de 1942, Lei de Introdução ao Código

8 Ibidem, p.162-163. 9 VALVERDE, op. cit., p.23-24. 10 Cf. ALMEIDA, op. cit., p.163.

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Civil. Posteriormente, o Decreto 21.828, de 14 de setembro de 1932, determinou que as

sociedades anônimas poderiam ter o seu capital social representado por ações preferenciais de

uma ou mais classes, regulando também a constituição e funcionamento das empresas

seguradoras.

Em 1940, o Decreto 2.055, de 5 de março, regulamentou a conversão de ações

ordinárias em preferenciais. Nessa época, ficou encarregado de elaborar um anteprojeto de lei

das sociedades por ações o eminente jurista Miranda Valverde. Esse anteprojeto transformou-

se em lei pelo Decreto 2.627, de 16 de setembro de 1940, composto de 20 capítulos,

contemplava todas as facetas das sociedades anônimas e do mercado de valores mobiliários11.

Apesar de o Decreto 2.627 ter sofrido algumas críticas, ele fora baseado no princípio

de publicidade e responsabilidade, atendendo às peculiaridades e necessidades da economia

nacional, sendo que regulou no Brasil o comportamento das sociedades anônimas durante 36

anos, até a sanção da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, a qual estabeleceu novas

medidas de fiscalização do mercado de ações com a criação da Comissão de Valores

Mobiliários (CVM). Essa lei foi alterada pela Lei 9457, de 5 de março de 1997, que

modificou também as diretrizes do Decreto 2.627, de Miranda Valverde, reduzindo o direito

dos acionistas minoritários, em função de objetivos circunstanciais, e regulamentando a

privatização das estatais, o que significou retrocesso na evolução jurídica e social das

sociedades anônimas. Por outro lado, a Lei 9.457 ampliou a competência da comissão de

valores mobiliários e promulgou penas mais severas para os crimes referentes ao mercado de

ações12.

Na realidade econômica brasileira atual, com as privatizações e a consolidação da

globalização, surgiram novas modificações na legislação das sociedades anônimas, refletidas

na Lei 6.404/76. Uma das mudanças está na estrutura do capital social das sociedades

anônimas. Por meio da estrutura adotada na referida lei, o número de ações preferenciais – as

quais conferem aos titulares direitos de ordem patrimonial em eventual contrapartida a

restrições ao direito de voto ou voto restrito – não poderia ultrapassar 2/3 do total de ações,

contudo, essa proporção foi fixada em 50% pela nova Lei 10.303/2001.

Outra inovação é o ressurgimento, com modificações da oferta pública obrigatória,

das ações dos minoritários por ocasião da alienação do controle acionário. A nova lei

determina, no seu artigo 254, que aquele que adquire a quota de ações de controle deve fazer

oferta pública de compra das ações com direito a voto dos demais acionistas com preço

11 Idem. 12 Ibidem, p.163-166.

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mínimo de 80% do valor das ações do bloco de controle que está sendo vendido ao

adquirente.

Uma outra importante alteração relaciona-se à consagração dos direitos dos

minoritários e dos preferencialistas, de participarem do Conselho de Administração, já que a

nova lei expressamente conferiu aos ordinaristas (que representam pelo menos 15% do total

de ações ordinárias) e aos preferencialistas (com pelo menos 10% do capital social) o direito

de eleger e destituir um representante e um suplente. Se os percentuais não forem atingidos

isoladamente, os dois grupos poderão agregar suas ações para atingir pelo menos 10% do

capital13.

1.2 CARACTERIZAÇÃO DE SOCIEDADE ANÔNIMA

As leis que regulam as sociedades por ações determinam como obrigatório o fim

lucrativo e a natureza mercantil. Essa forma de sociedade comercial deve ser designada pelas

expressões ‘companhia’ ou ‘sociedade anônima’, de forma exclusivamente abreviada se for

usada no final do nome da organização correspondente.

Almeida, baseando-se em Carvalho de Mendonça, define as sociedades anônimas

como pessoa jurídica de direito privado e de natureza mercantil, que, tendo seu capital

dividido em ações, limita a responsabilidade dos sócios ou acionistas ao preço de emissão das

ações subscritas ou adquiridas. A sociedade anônima define-se como um tipo de sociedade

comercial “em que todos os sócios, denominados acionistas ou acionários, respondem pelas

obrigações sociais até o valor com que entraram ou prometeram entrar para a formação do

capital social” 14.

Para Valverde, a sociedade anônima é:

[...] uma pessoa jurídica de direito privado, de natureza mercantil, em que todo o capital se divide em ações, que limitam a responsabilidade dos participantes, sócios ou acionistas ao montante das ações por eles subscritas ou adquiridas, as quais facilitam, por sua circulação, a substituição de todos os sócios ou acionistas15.

A sociedade anônima sempre será considerada mercantil, independentemente de seu

objeto, conforme o art. 2º, §1º, da Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), sendo que

esse objeto pode ser qualquer empresa de fim lucrativo, desde que não seja contrária à lei, à

13 Ibidem, p.166. 14 VALVERDE, op. cit., p.81. 15 Idem, p.166.

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ordem pública e aos bons costumes, como indica o art. 2º, caput, da mesma lei. Ainda, por

essa lei, o objeto será definido, de forma precisa e completa, pelo estatuto social, como institui

o art. 2º, §2º16.

A sociedade anônima poderá ainda ter participação em outras sociedades (art. 2º,

§3º) e, com isso, tal dispositivo torna-se de grande relevância para as holdings ou sociedades

cujo objetivo maior é a participação. A sociedade anônima, ao procurar fracionar seu capital

em ações, democratiza-o, impulsionando a participação societária das pequenas economias de

extensas camadas populares17.

Vale expor que, como aponta Almeida18, as três características fundamentais das

companhias são: a) impessoalidade; b) responsabilidade limitada dos acionistas; c)

fracionamento do capital em ações.

1.3 ESPÉCIES DE SOCIEDADES ANÔNIMAS

De acordo com Lima19, as sociedades anônimas são divididas em duas espécies:

sociedade aberta e sociedade fechada, conforme os valores mobiliários de sua emissão, se

forem ou não postos no mercado de valores mobiliários. A Resolução 436, de 20 de junho de

1977, do Conselho Monetário Nacional, considera sociedades anônimas de capital aberto

todas as companhias abertas, isto é, que participam do mercado mobiliário.

Para que a sociedade anônima tenha seus valores mobiliários circulando na bolsa ou

no mercado de balcão, é necessário que ela esteja registrada na Comissão de Valores

Mobiliários, criada para fiscalizar os possíveis desvios nesse tipo de mercado financeiro.

Valores mobiliários, conforme a Lei 6.385, de 07 de dezembro de 1976, são ações,

partes beneficiárias, debêntures ou cupões desses títulos, os bônus de subscrição, o certificado

de depósito de valores mobiliários, bem como outros títulos gerados pelas sociedades

anônimas e aprovados pelo CMN. O mercado de valores mobiliários faz parte do mercado

financeiro, que integra também o mercado de capitais.

Para as sociedades anônimas abertas, o mercado de valores mobiliários opera como

um sistema de vasos comunicantes. Nesse tipo restrito de mercado financeiro, do qual se

16 CONTIJO, Segismundo et al.Companhias de Comércio ou Sociedades Anônimas ou Sociedades por Ações. Disponível em: <http://www.gontijo-familia.adv.br/dji/dcom/companhias_de_comercio_sociedades_ anonimas.htm> Acesso em: 26. fev. 2004. 17 ALMEIDA, op. cit., p.166-169. 18 ALMEIDA, op. cit., p.168. 19 LIMA, Osmar Brina Coelho. Curso de Direito Comercial: Sociedade Anônima. v. 2. Belo Horizonte: Del Rey, 1995, p.28.

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excluem as sociedades anônimas fechadas, as poupanças populares são captadas para

fomentar a atividade empresarial das sociedades anônimas, mediante a emissão de

documentos pelas companhias anônimas abertas. Nesse tipo de operação, têm papel central os

bancos de investimento, as corretoras, distribuidoras de valores mobiliários, a bolsa de valores

e a Comissão de Valores Mobiliários20.

1.4 CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS

Coelho21 define o processo de constituição das sociedades anônimas a partir de três

níveis distintos que se completam e se entrecruzam: a) requisitos preliminares; b) modalidade

de constituição e c) providências complementares. Qualquer sociedade anônima, para

constituir-se, deve satisfazer também três requisitos básicos: a) subscrição de todo capital

social por pelo menos duas pessoas, sendo que, anteriormente a 1976, eram necessárias, no

mínimo, sete pessoas – segundo esse autor, a subscrição é uma espécie de contrato complexo

–; b) realização de, no mínimo, 10% do valor de emissão das ações realizadas em dinheiro

como entrada; e c) depósito das entradas em dinheiro no Banco do Brasil ou estabelecimento

bancário autorizado pela CVM.

Concluído o processo de constituição, a sociedade anônima levantará o montante

depositado. Se tal processo não estiver concluído em seis meses de depósito, o subscritor

levantará a quantia por ele paga.

Na lei são previstas duas modalidades de constituição de sociedades anônimas, uma

por subscrição pública, em que os investidores buscam recursos para a constituição da

sociedade junto a investidores, e a subscrição particular, em que os fundadores não estão

preocupados com investimento de terceiros.

Conforme Coelho22, a emissão pública de ações encontra-se definida no artigo 19, da

Lei 6.385/76, que exige os seguintes requisitos: a) utilização de boletins de venda ou

subscrição, folhetos, prospectos ou outras formas de anúncio público; b) a procura de

subscritores para os títulos por meio de empregados, agentes ou corretores; e c) a negociação

em estabelecimento aberto ao público. Todo fundador que deseja abrir uma sociedade

anônima aberta ou por subscrição pública deverá cumprir esses três requisitos. Essa

20 Ibidem, p.28-29. 21 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p.168. 22 Ibidem, p.169-170.

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constituição pública é também denominada constituição sucessiva, enquanto a constituição

por subscrição particular é denominada constituição simultânea.

Segundo esse autor, a constituição sucessiva, no caso das sociedades anônimas

abertas (que são as que mais interessam neste estudo), exige um estudo da viabilidade

econômica e financeira do empreendimento, sendo que o projeto e o estatuto da companhia

devem ser registrados e aprovados na Comissão de Valores Mobiliários. Para o registro na

CVM, o fundador deverá contratar uma instituição financeira como intermediário para lançar

suas ações no mercado23.

Concedido o registro na CVM, passa-se ao problema da subscrição do capital social.

O investimento é oferecido ao público. As ações podem ser compradas na instituição

financeira escolhida pela companhia e a venda pode se dar por meio de carta cujo modelo

deve ser fixado no prospecto ou projeto da sociedade anônima. Quando todo capital social

estiver subscrito, os fundadores devem convocar a assembléia de fundação para avaliar o

capital oferecido para integralização e traçar as diretrizes básicas da companhia.

1.5 O PODER DE CONTROLE NAS SOCIEDADES ANÔNIMAS

Segundo Coelho24, o poder de controle é o que permite, em uma sociedade anônima,

a escolha dos administradores, bem como dirigir todos os seus órgãos componentes e

determinar as atividades sociais da companhia. O poder de controle é definido, no artigo 116

da Lei das Sociedades Anônimas, como o atributo daquele sócio ou grupo deles que detenha a

maioria dos votos na assembléia geral e que efetivamente exerça esse poder na administração

da companhia. Esse sócio, ou sócios, é considerado o sócio controlador. Para essa

configuração de poder, são necessários dois fatores: 1) ser maioria societária, não

necessariamente como proprietário da maior parte do capital social, mas como possuidor da

maioria dos votos vinculados a suas ações, garantindo-lhe a maioria na votação das decisões

tomadas nas três últimas assembléias; e 2) fazer uso dos direitos conseqüentes e tomar para si

a direção da sociedade.

O acionista controlador também deve responder por possíveis danos – à companhia

ou à comunidade – causados por abuso de poder, conforme o artigo 117 da LSA. Como danos

de tais naturezas, relevam-se: desvios da finalidade original da companhia, liquidação de

23 Ibidem, p.170. 24 Cf. COELHO, op. cit., p.191.

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sociedades prósperas, eleição de administradores inaptos etc. Coelho25 afirma que, para que se

possa imputar responsabilidade ao sócio controlador, por abuso de poder, não é necessário

prova de sua intenção, pois isso poderia significar o esvaziamento do direito à indenização

reconhecida pelo legislador. A lei responsabiliza o sócio controlador também em outras

hipóteses, em caso de dolo ou culpa, em dívidas previdenciárias, ou no caso de instituições

financeiras para as quais o Banco Central decretou regime de administração especial

temporária (Decreto-lei 2.321/85, artigo 15), liquidação extrajudicial ou intervenção (Lei

9.447/97).

O principais órgão de poder, numa sociedade anônima em que o acionista majoritário

controlador pode e deve exercer seu poder, é a direção geral da sociedade anônima, que pode

coincidir com sua administração, mas também é previsto um conselho administrativo que

fiscalizaria os atos da direção, em mãos do sócio majoritário.

Segundo Bertoldi26, nas ações com direito a voto, a lei veda o estabelecimento do

voto plural, ou seja, que determinada espécie ou classe possibilite ao seu titular o poder de

mais de um voto por ação.

Todavia, curiosamente, segundo esse autor, a lei possibilita a situação contrária, ou

seja, a restrição ou delimitação do poder de voto do acionista, a qual, desde que prevista

estatutariamente, poderia servir como delimitação do grupo de acionistas controladores da

sociedade. No atual sistema das sociedades anônimas, o sócio controlador, freqüentemente,

detém uma alta estabilidade no poder, fazendo com que os sócios minoritários estejam

destituídos de poder dentro da vida da sociedade. O poder econômico, por meio das ações

majoritárias dos acionistas controladores, é hegemônico.

Por oposição a esse poder, conforme o autor referido acima, surgiu a idéia da

limitação do poder dos acionistas controladores, contudo, isso desestimularia os grandes

investidores, os fundadores de sociedades anônimas, que visam a poder dirigir e administrar

suas companhias. A possibilidade jurídica de fazer equivaler o voto dos acionistas

minoritários ao dos acionistas controladores é juridicamente possível, estando prevista em lei

como possibilidade estatutária da sociedade anônima. Entretanto, na prática, dado o objetivo

de concentração de capital e de poder, isso dificilmente acontecerá, em alguma sociedade

anônima contemporânea.

25 Cf. COELHO, op. cit., p.192. 26 Cf. BERTOLDI, Marcelo M. (Coord). Reforma da Lei das Sociedades Anônimas: Comentários à Lei 10.303, de 31 de outubro de 2001. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p.112.

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Contudo, a estrutura jurídica estatal prevê uma série de controles sobre o poder das

sociedades anônimas e suas responsabilidades, para evitar caos econômico e legal, tal como

acontecia nas décadas finais do século XIX até a reforma de 1940, cujo projeto foi elaborado

por Miranda Valverde. Na nova lei das sociedades anônimas, a Lei 10.303, de 31 de outubro

de 2001, está colocada a preocupação legal com a fiscalização da situação de poder e do

gerenciamento das sociedades anônimas, por meio da criação de órgãos oficiais de

regularização do poder e das responsabilidades nas sociedades anônimas27.

Resumidamente, regulam as sociedades anônimas os seguintes órgãos

administrativos oficiais: Conselho Monetário Nacional e Banco Central da República do

Brasil, que disciplinam os mercados financeiros e de capitais. O objetivo desses dois órgãos

consiste em: 1) facilitar o acesso do público a informações sobre os títulos ou valores

mobiliários distribuídos no mercado e sobre as sociedades que os emitirem; 2) proteger os

investidores contra emissões ilegais ou fraudulentas de títulos ou valores mobiliários; 3) evitar

modalidades de fraude e manipulação destinadas a criar condições artificiais da demanda,

oferta ou preço de títulos ou valores mobiliários distribuídos no mercado; 4) assegurar a

observância de práticas comerciais eqüitativas por todos aqueles que exerçam,

profissionalmente, funções de intermediação na distribuição ou negociação de títulos ou

valores mobiliários; 5) disciplinar a utilização do crédito no mercado de títulos ou valores

mobiliários; 6) regular o exercício da atividade corretora de títulos mobiliários e de câmbio28.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixará os prazos em que o Banco Central

deverá processar os pedidos de autorização, registro ou aprovação previstos nessa Lei, e o

Banco Central fará aplicar-se aos infratores as penalidades previstas no capítulo X da Lei

4.595, de 31 de dezembro de 1964.

27 Ibidem, p.113. 28 Idem.

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2 SOCIEDADE ANÔNIMA DE CAPITAL ABERTO

2.1 CARACTERIZAÇÃO

A sociedade anônima constitui, no campo das sociedades comerciais, um

extraordinário esforço do jurista na democratização do capital, assegura Almeida29. Mediante

a divisão do capital em frações ou ações, ele faz-se mais acessível, permitindo que sejam

angariadas as pequenas economias, possibilitando a movimentação de grandes somas, com a

participação efetiva de vasta camada da população.

Assim, a sociedade anônima é caracterizada pela possibilidade de negociação das

ações, permitindo a mobilização de vultosas somas no mercado de capitais, além de restringir

a responsabilidade dos acionistas, privando-os de riscos que, comumente, afugentam os

investidores. Via as sociedades anônimas, é possível obter somas consideráveis, que, de outra

forma, seria praticamente inviável obter30.

Por meio das sociedades anônimas, é possível realizar grandes empreendimentos e

proporcionar lucros que, em regra, excedem muito os juros ordinários obtidos com o emprego

do capital em operações geralmente utilizadas no comércio, com a diferença, entretanto, de

que semelhantes lucros podem beneficiar não somente o rico capitalista, mas também aquele

cujas economias não lhe permitiram subscrever mais de uma ação, assegura Faria31.

A sociedade anônima é uma sociedade de capital, sendo que os títulos

representativos da participação (ações) são livremente negociáveis. Nenhum dos acionistas

pode impedir, por conseguinte, o ingresso de quem quer que seja no quadro associativo. Por

outro lado, é sempre possível a penhora da ação em execução promovida contra o acionista,

na sociedade de capital aberto ou fechado32.

Já a sociedade anônima de capital aberto diferencia-se da sociedade de capital

fechado pelo fato de seus valores mobiliários estarem admitidos para negociação no mercado

de valores mobiliários. Assim dispõe o art. 4º, da LSA – Lei 10.303, de 31 de outubro de 2001

–: “Para os efeitos dessa Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores

29 ALMEIDA, op. cit., p.168. 30 Idem. 31 Apud ALMEIDA, op. cit., p.168. 32 COELHO, op. cit., p.162.

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mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores

mobiliários” 33. Além disso, os valores mobiliários somente poderão ser distribuídos

publicamente e negociados no mercado de valores mobiliários depois de terem sido

registrados na Comissão de Valores Mobiliários, como traz o §1º do referido artigo.

Conforme Bertoldi34, em outros países, os critérios de diferenciação das companhias

em abertas ou fechadas costumam residir em outros aspectos, como o número de acionistas, o

valor do capital social ou o número de empregados. No entanto, no Brasil, não há

impedimento genérico para que uma companhia aberta seja constituída com apenas dois

acionistas e uma estrutura econômica modesta, embora as sociedades anônimas abertas

tenham vinculação lógica com as atividades de grande porte.

Em sua versão original, a lei fazia referência à negociação em bolsa de valores ou no

mercado de balcão, e não à negociação em mercado de valores mobiliários. A alteração não

acarretou modificação material do conceito, sendo que, em realidade, a alteração da

terminologia, na redação do art. 137, feita pela Lei 9.457/97, pode ser mais bem justificada

como uma adaptação conceitual à regulamentação do mercado de balcão organizado. De

acordo com Bertoldi35, a partir daí, entendeu-se que a negociação de valores mobiliários,

devidamente autorizada pela CVM, via qualquer instituição integrante do mercado de valores

mobiliários, como os bancos de investimento, as sociedades corretoras e as distribuidoras,

acarretaria a classificação da sociedade envolvida como aberta.

Cabe destacar que é considerada companhia aberta também aquela que emitiu capital

por subscrição privada, e não somente aquela que emitiu capital por subscrição pública, tendo,

posteriormente, suas ações negociadas no mercado de valores mobiliários36.

33 BERTOLDI, op. cit., p.23. 34 Ibidem, p.25. 35 Ibidem, p.26 36 Idem.

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2.2 CAPITAL SOCIAL

O capital social compreende a parte em dinheiro ou bens com que se constitui o

fundo essencial de uma sociedade, seja ela uma sociedade anônima de capital aberto ou

fechado. Não se confunde, segundo Almeida37, com o patrimônio, o qual equivale à totalidade

dos bens de propriedade da empresa.

A LSA não estabeleceu um capital mínimo para a constituição das sociedades

anônimas, objetivando, com isso, possibilitar a adoção desse tipo societário por pequenas

empresas. Contudo, em se tratando de companhia de capital aberto, poderá a Comissão de

Valores Mobiliários subordinar o registro ao capital mínimo, ex vi do disposto no art. 19, §6º,

da Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores e a comissão

de valores mobiliários, sendo que esse artigo não sofreu alteração por parte da Lei

10.303/0138.

O capital social das companhias excetuadas, que são determinadas sociedades como

instituições financeiras e bancos, pode ser formado com contribuições em dinheiro ou bens

suscetíveis de avaliação monetária. Na hipótese de parte ou de todo o capital social ser

constituído com contribuições em bens, tanto móveis como imóveis, é necessário realizar a

avaliação deles, por no mínimo três peritos ou por empresa especializada, nomeados em

assembléia geral dos subscritos, conforme o art. 8º da LSA.

A partir da análise de peritos, obtém-se um laudo que, segundo Coelho39, será objeto

de votação por assembléia geral da companhia. Se o valor obtido pelo laudo pericial for

aprovado pelo órgão social e aceito pelo subscritor, perfaz-se a integralização do capital social

pelo bem avaliado. O bem transfere-se a título de propriedade, salvo estipulação diversa

(usufruto, por exemplo), e a responsabilidade do subscritos equipara-se, outrossim, à do

vendedor.

No que diz respeito à integralização por créditos de que seja titular o subscritor, é

preciso observar a responsabilidade dele pela existência do crédito e pela solvência do

devedor, como assegura Coelho40. Mesmo no caso de cessão civil em que o cedente não

responde pela solvência do devedor, será sempre possível demandar o subscritor, quando o

devedor não honrar o título na companhia cessionária (Parágrafo único, art. 10, LSA). Isso se

37 ALMEIDA, op. cit., p.197. 38 Idem. 39 COELHO, op. cit., p.178. 40 Idem.

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verifica também na hipótese de endosso ‘sem garantia’, sendo ineficaz perante a companhia a

cláusula exoneratória de responsabilidade do acionista-endossante.

2.2.1 Alteração do Capital Social

Conforme Almeida41, a LSA que vigora na atualidade trouxe no seu bojo inúmeras

alterações, algumas com inequívoco reflexo, inclusive, no capital social, que, como se tem

conhecimento, divide-se em ações, as quais poderão ter ou não valor nominal. A existência de

duas espécies de ações traz algumas conseqüências, pois, adotada a emissão de ações

nominais, haverá absoluta proporção entre o valor do capital social e o valor das ações. Caso

as ações nominais tenham ágios, com a conseqüente integralização deles ao capital social, já

não existirá a proporção mencionada, assim ocorrendo com adoção de emissão de ações sem

valor nominal.

Dessa forma, excetuada a primeira hipótese, a hipótese de adoção de ações nominais

sem ágios, o capital social já não corresponde ao valor exato das ações, como ocorria, sob a

égide do Decreto-lei 2.627/40, para representar somente o valor de subscrição. Esse capital

social pode, assim, ser modificado com aumento (art. 168, LSA) ou redução (art. 173, LSA).

2.2.2 Aumento do Capital

O aumento do capital social é necessário quando a sociedade anônima precisa de

mais recursos para o financiamento ou a ampliação de suas funções e identifica a

possibilidade de obtê-los apresentando-se, no mercado de capitais, como uma alternativa de

investimento. Para viabilizar essa operação, são emitidas novas ações, e a integralização delas

proporcionará a captação dos recursos pretendidos. Desse modo, o aumento do capital social,

mediante a emissão de novas ações, constitui uma forma de a sociedade anônima obter

recursos para manutenção ou o desenvolvimento de sua atividade econômica42.

Em relação ao aumento do capital social, assim dispõe o art. 166 da LSA:

41 ALMEIDA, op. cit., p.198-199. 42 COELHO, op. cit., p.179.

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Art. 166. O capital social pode ser aumentado: I - por deliberação da assembléia geral ordinária, para correção da expressão monetária do seu valor; II - por deliberação da assembléia geral ou do conselho de administração, observado o que a respeito dispuser o estatuto, nos casos de emissão de ações dentro do limite autorizado no estatuto; III - por conversão, em ações, de debêntures ou partes beneficiárias e pelo exercício de direitos conferidos por bônus de subscrição, ou de opção de compra de ações; IV - por deliberação da assembléia geral extraordinária convocada para decidir sobre reforma do estatuto social, no caso de inexistir autorização de aumento, ou de estar a mesma esgotada. § 1º. Dentro dos trinta dias subseqüentes à efetivação do aumento, a companhia requererá ao registro do comércio a sua averbação, nos casos dos números I a III, ou o arquivamento da ata da assembléia de reforma do estatuto, no caso do número IV. § 2º. O conselho fiscal, se em funcionamento, deverá, salvo nos casos do número III, ser obrigatoriamente ouvido antes da deliberação sobre o aumento de capital.

De acordo com Coelho43, o capital social pode, e em determinados casos deve, ser

aumentado. O aumento do capital social, entretanto, nem sempre decorre de ingresso de novos

recursos na companhia. Com efeito, o capital social da sociedade anônima é aumentado nas

seguintes hipóteses:

a) emissão de ações – hipótese em que há o efetivo ingresso de novos recursos no patrimônio social. O aumento será deliberado em assembléia geral extraordinária (LSA, art. 166, IV) e tem por pressuposto a realização de, pelo menos 3/4 do capital social então existente (art. 170, LSA). Pode, também, ser feito por deliberação da assembléia geral ou do conselho de administração, nos limites do capital autorizado (LSA, art. 166, II). b) Valores mobiliários – a conversão de debêntures ou partes beneficiárias conversíveis em ações, bem como o exercício dos direitos conferidos por bônus de subscrição ou opção de compra, importam em aumento de capital social, com emissão de novas ações (LSA, art. 166, III). c) Capitalização de lucros e reservas – a assembléia geral ordinária pode destinar uma parcela do lucro líquido ou de reservas para reforço do capital social, emitindo-se, ou não, novas ações (art. 169, LSA), mas sempre sem o ingresso de novos recursos44.

Comumente, o aumento do capital social é efetuado mediante alteração do estatuto,

sendo que para isso, convoca-se assembléia geral extraordinária, que aprova a mudança do

dispositivo estatuário pertinente, atendendo-se às formalidades próprias do ato. Almeida45

ainda acrescenta que, uma vez deliberado o aumento do capital social, é assegurada aos

acionistas preferência para subscreverem as ações, a qual se estende à emissão de títulos

conversíveis em ações, tais como debêntures, bônus de subscrição e partes beneficiárias,

conquanto não se estenda essa preferência à conversão de tais títulos em ações. O direito de

43 Cf. COELHO, op. cit., p.179. 44 COELHO, op. cit., p.179. 45 Cf. ALMEIDA, op. cit., p.201.

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preferência, que pode ser transferido a terceiros, deve ser exercido no prazo máximo de trinta

dias, a contar da data de emissão das ações e títulos conversíveis, sob pena de decadência.

2.2.3 Redução do Capital

Quanto à redução de capital das sociedades anônimas, assim dispõe o art. 73 da LSA:

Art.173 - A assembléia geral poderá deliberar a redução do capital social se houver perda, até o montante dos prejuízos acumulados, ou se julgá-lo excessivo. § 1º. A proposta de redução do capital social, quando de iniciativa dos administradores, não poderá ser submetida à deliberação da assembléia geral sem o parecer do conselho fiscal, se em funcionamento. § 2º. A partir da deliberação de redução ficarão suspensos os direitos correspondentes às ações cujos certificados tenham sido emitidos, até que sejam apresentados à companhia para substituição.

O capital social pode ser reduzido por meio de várias hipóteses, a saber: perda,

excesso, reembolso dos acionistas dissidentes, sem substituição e pagamento de acionista

remisso. De acordo com Negrão46, a primeira hipótese é o acúmulo de perda ou prejuízo pela

companhia, sendo que a redução se dará até o limite do prejuízo acumulado pela sociedade.

No entanto, não é apenas no caso de perda e acúmulo de prejuízos que se dará a

redução do capital. A lei contempla a hipótese de excesso de capital e, nesse caso, a solução é

a retirada definitiva de circulação de um determinado volume de ações, mediante resgate do

excesso que se encontra em mãos dos acionistas. O art. 44, da LSA, regulamenta a matéria no

§1º: “o resgate consiste no pagamento do valor das ações para retirá-las definitivamente de

circulação, com redução ou não do capital social; mantido o mesmo capital, será atribuído,

quando for o caso, novo valor nominal às ações remanescentes”.

Em terceiro lugar, a redução do capital pode ocorrer pelo pagamento dos acionistas

dissidentes, ou seja, aqueles que, não se conformando com as decisões tomadas pelos órgãos

sociais, decidem, unilateralmente, retirar-se, levando consigo fundos aplicados. Se, no prazo

de 120 dias, contados da publicação da ata da assembléia que autorizou a retirada, não se

substituir o acionista dissidente, será considerado reduzido o capital da companhia no limite

dos fundos retirados. Conforme Negrão47, em caso de falência, ter-se-ão duas situações: a

primeira para o caso dos dissidentes terem recebido seu crédito e a segunda para o caso de não

46 Cf. NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial. 2. ed. Campinas: Bookseller, 2001, p.372. 47 Ibidem, p.374.

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terem retirado os fundos autorizados pela assembléia até a data da falência. Essa matéria é

tratada no art. 45, LSA, especificamente nos §§ 6º, 7º e 8º.

A redução também pode ocorrer na hipótese de devolução das importâncias já

efetuadas pela integralização parcial do capital subscrito pelo acionista remisso, sem que a

sociedade tenha êxito na sua venda a terceiros. É considerado acionista remisso aquele que

não efetua o pagamento no prazo estipulado e forma acordados e importância que

originalmente prometeu integralizar, ficando em mora diante da sociedade. Nesse caso, a

sociedade anônima de capital aberto pode executar o acionista recebendo as importâncias

faltantes ou vender as ações em bolsa de valores, em leilão especial previamente comunicado,

por meio de publicação de aviso, recebendo do novo comprador o preço das ações48.

2.2.4 Reserva do Capital

A reserva, no entender de Carneiro49, nada mais é do que o lucro não distribuído,

sendo que sua finalidade jurídica é servir de garantia e reforço do capital social, garantia dos

credores. Explica a Exposição de motivos, da LSA, que a proteção do direito dos acionistas

minoritários de participar, por meio dos dividendos, dos lucros da companhia exige a

definição de regime legal sobre a formação de reservas que limitem a discricionariedade da

maior parte nas deliberações sobre a destinação dos lucros.

Nesse sentido, a LSA mantém diferentes fundos de reserva, os quais se destinam a

amparar prejuízos, acontecimentos imprevistos, no sentido de reforçar as garantias dos

credores, uma vez que, como observa Martins50, a sociedade anônima não conta com

responsabilidade subsidiária dos sócios, de forma que, exclusivamente, o capital responde

pelas obrigações sociais. Algumas dessas reservas podem resultar da conservação de parcela

dos lucros líquidos, como ocorre com a reserva legal (art. 193, LSA), ou decorrer de aumento

de valor atribuído a elemento do ativo, como a reserva de reavaliação (art. 182, §3º, LSA).

Dentre esses fundos, pode-se destacar, segundo Almeida51, a reserva de capital, que é

constituída com: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a

parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância

reservada à formação do capital social; b) o produto da alienação de partes beneficiárias e

bônus de subscrição; c) o prêmio decorrente da emissão de debêntures; d) as doações e as

48 Ibidem, p.376. 49 Apud REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. v.2. 19. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1993, p.195. 50 Apud ALMEIDA, op. cit., p.203. 51 Idem.

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subvenções para investimento; e e) o resultado da correção monetária do capital realizado,

enquanto não for capitalizado.

Quanto à utilização de tal reserva, a LSA determina que a ela tem finalidade

específica, restringindo seu uso nos seguintes casos: absorção de prejuízos que ultrapassem os

lucros acumulados e as reservas de lucros (art. 189, LSA); resgate, reembolso ou compra de

ações; resgate de partes beneficiárias; incorporação ao capital social; e pagamento de

dividendos a ações preferenciais, quando essa vantagem for-lhes assegurada (art. 17, § 5º,

LSA)52.

A LSA mantém também, no art. 193, a reserva legal na sua função clássica de

assegurar a integridade do capital social, limitando-a, porém, a 20% desse capital, a qual

somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos e aumentar o capital social. Dessa

forma, conforme dispõe o preceito legal invocado “do lucro líquido do exercício, 5% serão

aplicados, antes de qualquer outra destinação, nas constituições da reserva legal, que não

excederá de 20% do capital social”, e, no §2º do artigo em questão, conceitualmente, expõe-se

que a reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e somente poderá ser

utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o capital53.

Segundo Requião54, além das reservas previstas em lei, admite-se também a criação

facultativa, pelo estatuto, de reservas, que recebem o nome de reservas estatuárias. Sendo

assim, o estatuto pode criar reservas, desde que, para cada uma: indique, de modo preciso e

completo, a sua finalidade; fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros

líquidos que serão destinados à sua constituição; e estabeleça o limite máximo da reserva. A

companhia, no caso desses critérios, deve atentar para a circunstância de que algo deve sobrar

para atender ao dividendo obrigatório a que os acionistas têm direito, portanto, a criação

dessas reservas facultativas não deve levar ao despojamento dos lucros a distribuir.

2.3 ÓRGÃOS SOCIAIS

O funcionamento das sociedades implica certa organização da administração social

na sociedade anônima, a qual adquire um caráter especial de complexidade, impondo melhor

distribuição de poderes. A esses centros de poderes da administração da sociedade anônima,

tomada aqui a administração em seu sentido mais amplo, dá-se doutrinariamente a designação

52 Idem. 53 REQUIÃO, op. cit., p.196. 54 Ibidem, p.197.

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de órgãos sociais. Os órgãos sociais, que integram a direção da sociedade anônima são

estruturados de forma democrática55.

São quatro os principais órgãos da companhia: a assembléia geral, o conselho de

administração, a diretoria e o conselho fiscal. Segundo Coelho56, além deles, o estatuto poderá

ainda prever, livremente, a existência de órgãos técnicos de assessoramento ou de execução.

2.3.1 Assembléia Geral

De acordo com Dória57, assembléia geral compreende a reunião de subscritores ou

acionistas de uma sociedade por ações, convocada e instalada conforme os preceitos da lei ou

do seu estatuto, no intento de constituir a companhia ou deliberar sobre todos os negócios

relacionados ao seu objeto social.

Assim, a assembléia consiste em um órgão de deliberação soberano e que tem

poderes para decidir todos os assuntos da vida da sociedade, competindo-lhe, privativamente:

reformar o estatuto social; eleger ou destituir, quando necessário, os administradores e fiscais

da companhia; analisar as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstrações

financeiras por eles apresentadas; autorizar a emissão de debêntures e partes beneficiárias;

suspender o exercício dos direitos do acionista (art. 120, LSA); deliberar sobre a avaliação de

bens com que o acionista concorrer para a formação do capital social; deliberar acerca da

transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação; e

autorizar os administradores a confessar falência e pedir concordata58.

Existem quatro tipos de assembléia geral: constituinte, ordinária, extraordinária e

especial, cada qual conforme a finalidade a que lhe é destinada. A assembléia constituinte tem

por finalidade a constituição da companhia. Enuncia o art. 131, da LSA, que a assembléia

geral é ordinária, quando tem por objeto as matérias previstas no art. 132 da referida lei:

tomar as contas dos administradores; examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras,

e eleger os administradores e os membros do conselho fiscal59. Nos demais casos, a

assembléia é extraordinária, sendo convocada sempre que necessário, exigindo, a lei, em

algumas oportunidades, o quorum qualificado, em razão da importância das matérias, como é

55 Ibidem, p.132. 56 COELHO, op. cit., p.181. 57 Apud NEGRÃO, op. cit., p.397. 58 Idem, p.397-398. 59 REQUIÃO, op. cit., p.135.

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o caso da relação constante do art. 136, da LSA60. Já as assembléias especiais, como as de

debenturistas ou de acionistas preferenciais, são constituídas especificamente por

determinadas espécies de interessados, cuja existência decorre da lei.

A competência para convocação da assembléia geral, conforme Almeida61 é função:

a) do conselho de administração, se houver; b) da diretoria: c) do conselho fiscal, nos casos previstos no inciso V, do art. 163; d) de qualquer acionista, quando os administradores retardarem, por mais de 60 (sessenta) dias, a convocação, nos casos previstos em lei ou nos estatutos; e) de acionistas que representem 5% (cinco por cento), no mínimo, do capital social, quando os administradores não atenderem no prazo de 8 (oito) dias, a convocação das matérias a serem tratadas; f) de acionistas que representem 5% (cinco por cento), no mínimo, do capital volante, ou 5%, no mínimo, dos acionistas sem direito a voto, quando os administradores, não atenderem no prazo de oito dias, a pedido de convocação de assembléia para instalação do Conselho Fiscal.

Essa convocação é realizada mediante anúncio publicado por três vezes, no mínimo,

no órgão oficial da União ou do estado ou em jornal de grande circulação editado no local da

sede da companhia. O anúncio deve especificar o seguinte: local, data e hora da assembléia,

ordem do dia e, em se tratando de reforma do estatuto, a indicação da matéria que se faz

objeto de reforma62.

A lei fixa, ainda, um quorum para validade das deliberações da assembléia, ordinária

ou extraordinária. Inicialmente, cogita-se um quorum de instalação, isto é, sem a presença de

acionistas que representem, no mínimo, 1/4 do capital social votante, em primeira

convocação, não poderá ser dado início aos trabalhos (art. 125, LSA). No entanto, constando

na pauta a apreciação de proposta de reforma dos estatutos, o quorum de instalação em

primeira convocação passa a ser de 2/3 de acionistas representantes, no mínimo, do capital

social votante (art. 135, LSA). Em qualquer hipótese, a assembléia instala-se, em segunda

convocação, independentemente do número de acionistas63.

2.3.2 Conselho de Administração

O conselho de administração é um dos órgãos de deliberação colegiada facultativo,

porém obrigatório nas sociedades de anônimas de capital aberto. Podem-se citar algumas de

60 NEGRÃO, op. cit., p.398. 61 ALMEIDA, op. cit., p.257. 62 Idem. 63 COELHO, op. cit., p.182.

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suas atribuições: fixar a orientação geral dos negócios da companhia; eleger e destituir os

diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições, observado a respeito de dispuser o estatuto;

fiscalizar a gestão dos diretores, examinar os livros e papéis da companhia; convocar a

assembléia geral quando for conveniente; manifestar-se sobre o relatório da administração,

contas da diretoria, atos ou contratos; escolher e destituir os auditores independentes, se

houver, dentre outras funções atribuídas pelo estatuto64.

De acordo com Requião65, a assembléia geral tem a faculdade de destituir o conselho

administrativo, mas não é imperativo que todo o conselho seja destituído, uma vez que pode

ocorrer que apenas um, ou alguns, dos membros decaia da confiança da assembléia geral. O

estatuto determinará o número de conselheiros, que será, no mínimo 3 (três), sendo que o

mandato dos integrantes não deverá ultrapassar o prazo de 3 (três) anos. Uma das vantagens

do sistema de organização da administração da companhia, por meio do conselho de

administração, é permitir a representação de grupos minoritários de acionistas ou de

empregados na sua composição.

2.2.3 Diretoria

A diretoria é o órgão de representação legal da companhia e de execução das

deliberações da assembléia geral e do conselho de administração. Segundo Coelho66, o

estatuto da sociedade anônima de capital aberto deverá prever, em relação à diretoria: número

de membro nunca inferior a 2 (dois) ou ao mínimo e máximo permitidos; b) duração do

mandato não superior a três anos; c) modo de substituição dos diretores; e d) atribuições e

poderes de cada diretor (art. 143, LSA).

Os diretores não necessitam, obrigatoriamente, ser acionistas da companhia e são

eleitos pelo conselho de administração ou pela assembléia geral. São destituíveis a qualquer

tempo, pelo órgão competente para eleição. Até 1/3 dos membros do conselho de

administração poderá integralizar, também, a diretoria. A representação legal compete àquele

diretor ao qual for atribuída essa competência específica pelo estatuto ou, omisso este, por

deliberação do conselho de administração. Se inexistir previsão estatuária, a representação

64 NEGRÃO, op. cit., p.399. 65 REQUIÃO, op. cit., p.155-156. 66 COELHO, op. cit., p.183.

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legal competirá a qualquer dos diretores da companhia. Os integrantes da diretoria são,

sempre, reelegíveis (art.143, III, LSA)67.

Em conformidade com o que dispõe o art. 146, da LSA, cuja redação foi alterada

pela Lei 10.303/01, poderão ser eleitas para membros dos órgãos de administração pessoas

naturais residentes no País. Está, pois, vedado o exercício dos cargos de membros do conselho

e da diretoria à pessoa jurídica, sendo necessário que a pessoa natural investida nas funções

citadas resida no País. São inelegíveis para os cargos de administração as pessoas impedidas

por lei especial ou condenadas por crime falimentar, de prevaricação, suborno, concussão e

peculato, dentre outros68.

2.3.4 Conselho Fiscal

O conselho fiscal constitui um órgão de existência obrigatória, porém de

funcionamento facultativo, composto por, no mínimo, três, e, no máximo, cinco membros,

podendo eles ser acionistas ou não. Quando se tratar de órgão que, por determinação do

estatuto, tenha funcionamento facultativo, este deverá ocorrer por deliberação da assembléia,

por proposta de acionista que represente 1/10 das ações com direito a voto ou 5% das ações

sem direito a voto (§2º, art. 161, LSA)69.

Coelho70 expõe que os mesmos requisitos, impedimentos e deveres que a lei

determina para os administradores são aplicáveis aos membros do conselho fiscal. Além

disso, não pode ser fiscal o membro de órgão de administração, empregado da companhia ou

de sociedade por ela controlada, ou do mesmo grupo, bem como o cônjuge ou parente até

terceiro grau de administrador da companhia (§2º, art. 162, LSA).

Os titulares de ações preferenciais sem direito a voto ou com restrições desse direito

poderão eleger, em separado, um membro do conselho fiscal. Os acionistas minoritários que

representem 10% ou mais do capital votante também têm esse direito. Desse modo, se o

conselho fiscal continha três membros, o órgão passa a ter cinco, se ambos os grupos

minoritários exercerem os seus direitos de eleição de fiscal em separado, em decorrência do

disposto no §4º, art. 161, da LSA71.

67 Idem. 68 ALMEIDA, op. cit., p.262. 69 COELHO, op. cit., p.184. 70 Idem. 71 Ibidem.

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Segundo Negrão72, compete ao conselho fiscal: fiscalizar os atos dos administradores

e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatuários; opinar sobre o relatório anual

da administração e sobre as propostas dos órgãos da administração a serem submetidas à

assembléia geral; denunciar aos órgãos de administração e à assembléia geral erros, fraudes

ou crimes que descobrir; convocar assembléia ordinária ou extraordinária, quando necessário;

e analisar o balancete e demais demonstrações financeiras; dentre outras.

2.4 MERCADO DE CAPITAIS

As operações de compra e venda de valores mobiliários emitidos pelas sociedades

anônimas de capital aberto desenvolvem-se no mercado de capitais. O titular de uma ação de

sociedade anônima pode realizar sua venda dentro ou fora do mercado de capitais. Caso

conheça alguém disposto a adquiri-la, negocia com ele o valor e as condições de pagamento, e

os dois chegam a um acordo, sendo que a alienação da ação é efetuada fora do mercado.

Entretanto, ao dar-se ordens a um corretor, para que ele, no pregão da bolsa de valores,

negocie a ação com o corretor do interessado na compra, a alienação ocorre no mercado de

capitais73.

Em termos gerais, a sociedade anônima de capital aberto que pretende captar

recursos junto à generalidade dos investidores, oferecendo-se publicamente como uma

alternativa de investimento para as pessoas, somente poderá fazê-lo por intermédio de um

sistema controlado pelos órgãos competentes do governo federal, que é o mercado de capitais.

Esse mercado pode ser classificado, segundo Coelho74, em primário e secundário.

No mercado primário de capitais, ocorre uma negociação, entre a companhia

emissora e o investidor, denominada subscrição, a qual consiste na primeira operação

negocial, que tem por objeto um valor mobiliário de companhia aberta, cuja função é sua

colocação no mercado. Nessa operação, o investidor paga o preço à sociedade emitente e

passa a ser o primeiro investidor titular do valor mobiliário em questão.

Num momento subseqüente, aquele acionista negociará a mesma ação, vendendo-a

para outra pessoa. Trata-se, agora, de negócio jurídico pelo qual o dono de uma participação

societária aliena-se de seu patrimônio para o do adquirente. A sociedade emissora da ação não

foi parte do ato jurídico. Essa etapa do negócio, que tem por objeto a mesma ação, denomina-

72 NEGRÃO, op. cit., p.400. 73 COELHO, op. cit., p.69-70. 74 Ibidem, p.71.

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se compra e venda, aquisição ou alienação. Por meio dele, a ação deixou de pertencer àquele

primeiro acionista, passou à titularidade de outro e considera-se a operação negocial

correspondente inserida no mercado secundário.

Desse modo, o mercado de capitais primário compreende as operações de subscrição

de ações e outros valores mobiliários, enquanto o secundário, as de compra e venda. Cabe

ressaltar que, no caso da companhia aberta, o acionista tem direito de preferência na

subscrição, mas não na alienação de ações75.

2.4.1 Comissão de Valores Mobiliários

A CVM constitui-se como uma entidade autárquica em regime especial, vinculada ao

Ministério da Fazenda e criada pela LCVM. Tem autonomia administrativa e orçamentária,

em virtude de sua natureza autárquica, mas se encontra subordinada ao poder executivo, e,

enquanto não houver mudança constitucional da disciplina da estrutura de poder do estado

federal brasileiro, não poderá ser de outra forma. A CVM é um órgão de deliberação

colegiado, composto por cinco membros, sendo um presidente e quatro diretores76.

Carvalhosa77 expressa que a função da CVM é controlar as atividades das

companhias abertas, de seus administradores e de seus acionistas controladores. A

competência da CVM também se estende a todas as instituições autorizadas a operar no

mercado com os valores mobiliários emitidos pelas companhias abertas. Abrange essa

competência, do mesmo modo, os investidores cuja conduta no mercado é fundamental à

liquidez e ao justo valor dos títulos societários nele negociados.

A CVM tem competência para suprir não somente aspectos institucionais que

decorrem da negociação dos valores mobiliários emitidos pela sociedade anônima de capital

aberto como também aspectos contratuais (estatutários) de sua organização e funcionamento.

Nesse último aspecto, tem a CVM competência para: reduzir a porcentagem de capital

mínimo exigido para o exercício dos direitos pessoais dos acionistas; condicionar o registro de

constituição de companhia por subscrição pública e modificação no seu estatuto; autorizar a

redução do quorum qualificado para a deliberação sobre as matérias previstas no art. 13678.

75 Idem. 76 Ibidem, p.72. 77 CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedades Anônimas: Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. v. 1, 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p.35. 78 Idem.

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2.4.2 Bolsas de Valores

Constituindo-se como pessoas jurídicas de direito privado, as bolsas de valores, com

ou sem finalidade lucrativa, funcionam mediante autorização da CVM e prestam serviço

público. Como entidades, não se enquadram, evidentemente, na categoria dos órgãos

públicos, ou seja, não integram a administração pública, direta ou indireta. Seu objeto social

consiste, substancialmente, em manter local ou sistema adequado à realização de operações de

compra e venda de títulos ou valores mobiliários79.

A bolsa de valores tem a função primordial de ampliar o volume de negociações com

os valores mobiliários de companhias abertas, possibilitando a liquidez ao investimento

correspondente. O pregão realizado diariamente propicia um grande número de negociações,

sendo que a manutenção e a organização do pregão constitui, dessa forma, um serviço público

de interesse imediato ou mediato de todos os agentes econômicos e da própria sociedade.

Nesse sentido, Coelho80 sustenta que “a bolsa de valores exerce sobre os seus membros o

poder de disciplinar, no interesse da coletividade dos investidores e operadores do mercado de

capitais”.

As negociações efetivadas em uma bolsa de valores compreendem a transferência de

titularidade do valor mobiliário, do vendedor para o comprador, sendo, portanto, negociações

de caráter secundário. As sociedades corretoras filiadas a uma bolsa de valores atuam como

portadoras do interesse de seus clientes, materializado em ordens de compra ou venda, no

sentido de tentarem a aquisição ou alienação de ações e demais valores mobiliários das

sociedades anônimas de capital aberto81.

2.4.3 Mercado de Balcão

O mercado de balcão é o conjunto de transações concluídas diretamente entre

instituições ofertantes e aceitantes, sem qualquer interferência de terceiros, convencionando-

se livremente o valor da transação, sem embargo da fiscalização que a CVM exerce sobre essa

espécie de atividades. Em outras palavras, mercado de balcão organizado é aquele com

serviços centralizados de custódia e de negociação de ações próprias do mercado de acesso,

79 Cf. COELHO, op. cit., p.75. 80 COELHO, op. cit., p.76. 81 Cf. COELHO, op. cit., p.76.

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ou seja, daquelas não vendidas em bolsa82. A operação mais comumente utilizada no mercado

de balcão é a colocação de novas ações de emissão da sociedade anônima aberta junto aos

investidores, por meio de um banco83.

De acordo com Coelho84, o mercado de balcão está ligado tanto ao mercado primário

quanto ao secundário, podendo constituir, desse modo, também o instrumento de negociação

de valores mobiliários de companhias abertas entre seus titulares. Os agentes do mercado de

balcão são os seguintes: a) instituições financeiras e outras sociedades de distribuição de

emissão de valores mobiliários, que atuam por conta própria ou como agentes da companhia

emissora; b) sociedades voltadas à compra, para revenda, de valores mobiliários em

circulação; e c) corretores de valores mobiliários (§3º, art. 21, LCVM).

82 Cf. CARVALHOSA, op. cit., p.37. 83 Cf. COELHO, op. cit., p.76. 84 Idem, p.77.

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3 VALORES MOBILIÁRIOS

Neste capítulo, descrevem-se e analisam-se, com base na literatura autorizada

referente às sociedades anônimas, ao mercado mobiliário e ao direito comercial brasileiro, os

instrumentos de captação de recursos e distribuição de lucros das sociedades anônimas e

comerciais em geral.

3.1 NOÇÕES

A expressão ‘valores mobiliários’ corresponde, no direito norte -americano, ao termo

securities. Segundo os textos da legislação específica, a palavra security compreende toda

nota, ação, ação em tesouraria, obrigação, debênture, todo comprovante de dívida e

certificado de direito, em todo tipo de contrato de participação de lucro, certificado de

depósito em garantia, parte de fundador, boletim de subscrição, ação transferível, contrato de

investimento, certificado de transferência de direito de voto, certificado de depósito de títulos,

co-propriedade de direitos minerários e petrolíferos, e, de um modo geral, todo o instrumento

ou o direito comumente conhecido como security ou, ainda, todo o certificado de participação

ou interesse, permanente ou temporário, recibo, garantia, direito à subscrição e opção,

referentes aos títulos e valores mencionados85.

No Brasil, a Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976, responsável por criar a comissão

de valores mobiliários, apresenta um elenco de títulos tidos como ‘valores mobiliários’, qu e

são: as ações, partes beneficiárias e debêntures, os cupões desses títulos e os bônus de

subscrição; os certificados de depósitos de valores mobiliários; e outros títulos criados ou

emitidos pelas sociedades anônimas, a critério do Conselho Monetário Nacional. Cabe

ressaltar que estão excluídos dessa nomenclatura os títulos da dívida pública federal, estadual

ou municipal e os títulos cambiais de responsabilidade de instituições financeiras, exceto as

debêntures86.

Assim, tem-se que as sociedades anônimas emitem títulos de crédito – denominados

valores mobiliários –, objetivando a captação de recursos necessários à manutenção de seu

exercício. As ações representam os principais títulos de investimento, constituindo o capital

85 Cf. REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. v.1. 24.ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2000, p.64. 86 Idem.

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próprio da sociedade, porém, além delas, as sociedades anônimas emitem outros títulos de

investimento que integram os titulares à vida da sociedade e formam obrigações da sociedade

em relação a terceiros que investiram seu capital na companhia ou sociedade anônima e tem

direito ao retorno, em prazo e condições determinados. Esses títulos são as debêntures, partes

beneficiárias, os bônus de subscrição e a nota promissória87.

As ações compreendem valores mobiliários referentes a partes do capital social da

sociedade anônima, implicando aos titulares uma série de direitos e obrigações. Elas são

classificadas segundo a espécie, a classe e a forma. De acordo com a espécie, as ações podem

ser classificadas em ordinárias, preferenciais e de fruição. As ações são divididas em classes,

conforme os direitos e as obrigações conferidos, nos termos do estatuto da companhia, aos

seus titulares. Quanto à forma, anteriormente à Lei 8.021, de 1990, as ações eram

classificadas em nominativas, endossáveis, ao portador ou escriturais. Com as modificações

da referida lei, as ações passaram a ser nominativas ou escriturais. Adiante, apresenta-se cada

um desses conceitos de ações e seu significado mercantil e jurídico88.

As debêntures são definidas, pela doutrina do direito comercial, como títulos

representativos de um contrato de mútuo, sendo a sociedade anônima a mutuária e o

debenturista o mutuante. As debêntures têm direito de crédito em relação à companhia

segundo as condições fixadas em um documento, emitido pela companhia, denominado

Escritura de Emissão. Esse documento e instrumento jurídico-comercial estabelece as

condições de retorno do capital, investimento ao credor, se haverá ou não correção dos

valores, as seguranças ao investidor debenturista, os prazos de vencimento das obrigações etc.

Há quatro espécies de debêntures: a) com garantia real, em que há a hipoteca de um

bem da companhia; b) com garantia flutuante, em que é conferido aos debenturistas privilégio

sobre o ativo da companhia; c) quirografária, em que o titular arrisca concorrer com os demais

credores da companhia, em caso de falência; e d) subordinada ou subquirografária em que o

titular tem preferência somente em relação aos acionistas, em caso de falência da companhia

devedora. Além de ganhar um detalhamento adiante neste capítulo, as debêntures são o objeto

privilegiado do último capítulo desta monografia.

Um terceiro tipo de título de crédito, ou valor mobiliário, ligado à vida das

sociedades anônimas, ou companhias, são as partes beneficiárias, que são títulos de crédito

literais, autônomos, onerosos ou gratuitos, devendo ser sempre nominativos, integrados ao

capital social, e que dão direito aos titulares a participação em até 10% dos lucros anuais da

87 Cf. COELHO, op. cit., p.172-173. 88 Cf. NEGRÃO, op. cit., p.366-369.

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sociedade anônima. Trata-se de títulos negociáveis, sem valor nominal, que não alteram o

capital social, emitidos pela sociedade e como bonificação ou pagamento de serviços a

funcionários ou a outrem89.

O quarto valor mobiliário reconhecido pelo direito comercial brasileiro atual são os

bônus de subscrição, os quais são emitidos por companhias de capital autorizado e conferem

ao titular o direito de subscrição de ações do capital social, mediante a apresentação das ações

e do pagamento do valor da emissão. Os bônus de subscrição são outorgados a título de

privilégios adicionais aos subscritores de ações ou debêntures90.

3.2 AÇÕES

As ações correspondem a divisões do capital social da companhia e fazem com que

seus possuidores respondam juridicamente pelas dívidas das sociedades, segundo o limite e a

proporção das ações das quais eles são titulares. Elas são conceituadas como a menor parte do

capital social, sendo também consideradas títulos de crédito, e representam o documento legal

que confere ao titular os privilégios de sócio. Conforme se mencionou, as ações são

classificadas segundo três critérios: espécie, classe e forma.

Quanto à espécie, as ações podem ser ordinárias, preferenciais e de ações de fruição.

As ações ordinárias são aquelas que outorgam a seus possuidores os direitos comuns

atribuídos aos acionistas, incluindo o direito de voto nas assembléias, conforme as leis

vigentes que regulam o exercício das sociedades anônimas91.

As ações preferenciais conferem a seus titulares um conjunto de direitos

diferenciados, como a preferência com relação à distribuição de dividendos, distribuição do

capital e outros mais. A lei admite que até 2/3 (dois terços) do capital social seja transformado

em ações preferenciais.

As ações de fruição são resultado da amortização de ações ordinárias e preferenciais.

No mercado mobiliário, são distintos os conceitos de resgate e amortização. O primeiro

refere-se ao pagamento do valor da ação e sua retirada de circulação e o segundo compreende

o conceito de amortização, é a distribuição aos acionistas, como antecipação, sem diminuição

do capital social, de quantias que lhes seriam devidas, em caso de liquidação da sociedade

89 Idem, p.386. 90 Ibidem, p.386-387. 91 Cf. COELHO, op. cit., p.175.

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anônima92. Se forem totalmente amortizadas, as ações podem se transformar em ação de

fruição.

Em relação à classe, as ações preferenciais podem ser classificadas conforme uma

série de obrigações e direitos que é atribuída aos titulares no estatuto da companhia. As ações

ordinárias somente podem ser diferenciáveis em classes no caso das sociedades fechadas e são

especificadas conformes as vantagens ou as restrições em termos de: 1) conversibilidade ou

não em ações preferenciais; 2) exigência ou não de nacionalidade brasileira; e 3) direito de

voto em separado para o preenchimento de cargos administrativos93.

De acordo com Coelho94, as ações preferenciais são dividas em classes segundo o

complexo de direitos e obrigações que for atribuído aos seus titulares no estatuto da sociedade

anônima. As ações ordinárias, segundo sua própria definição, não poderiam ser divididas em

classes, à medida que faz parte de seu conceito atribuir uma mesma série de direitos e

obrigações a todos os seus possuidores. Todavia, o artigo 16 da Lei das Sociedades Anônimas

do Brasil confere o direito de conversibilidade das ações ordinárias, em preferencial, no caso

das companhias fechadas.

Quanto à forma, como expõe Negrão95, as ações têm de ser sempre nominativas, isto

é, devem trazer inscrito o nome de seus proprietários e devem constar do registro da

companhia. A circulação da ação é realizada por meio de sua transcrição no livro de registro.

Esse autor também alude que, em relação à forma, havia ações ao portador e endossáveis que

foram revogadas pela disposição de identificação dos contribuintes fiscais pela Lei das

Sociedades Anônimas – Lei 8.021, de 12 de abril de 1990 –, conforme referido anteriormente.

A forma escritural de ação refere-se às ações mantidas em conta bancária de instituição

reconhecida pelo Sistema Financeiro Nacional (SFN) e pela Comissão de Valores Mobiliários

(CVM), essas ações não prescrevem a emissão de certificados e sua regulamentação é dada

pelos artigos 34 e 35 da Lei 6.404/76.

Em relação a essa classificação pela forma da ação, as bolsas de valores

estabeleceram um código para identificar os vários tipos de títulos acionários, incluindo no

código os títulos ao portador e endossáveis, atualmente extintos no Brasil. Desse modo,

utilizam-se as seguintes abreviaturas e respectivas nominações no mercado de ações:

OE – Ordinárias Endossáveis

ON – Ordinárias Nominativas

92 Cf. NEGRÃO, op. cit., p.367. 93 Idem, p.367-368. 94 Cf. COELHO, op. cit., p.176. 95 Cf. NEGRÃO, op. cit., p.368.

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OP – Ordinárias ao Portador

OS – Ordinárias Escriturais

PE – Preferenciais Endossáveis

PN – Preferenciais Nominativas

PP – Preferenciais ao Portador

OS – Preferenciais Escriturais

AN até HN – Preferenciais Nominativas classes ‘a’ até ‘h’

PA até PE – Preferenciais ao Portador classes ‘a’ até ‘e’

AS até CS – Preferenciais Escriturais classes ‘a’ até ‘c’

EA até EH – Preferenciais Endossáveis classes ‘a’ até ‘h’.

Assim, no mercado mobiliário, quanto à forma, circulavam doze tipos de ações,

sendo que, com a Lei 8.021/90, a qual excluiu do mercado as ações endossáveis e ao portador,

restaram seis formas de ações: CS, PN, OS, AN até HN e AS até CS96.

Conforme a sistemática da Lei 6.404/76, o capital das sociedades anônimas não mais

está dividido em ações do mesmo valor monetário, como era ao tempo do Decreto-lei 2.627,

de 26 de setembro de 1940, que foi revogado. Atualmente, há ações, como as escriturais, que

não têm mais representatividade em um título. O estatuto estabelecerá o número de ações,

número esse em que se divide o capital social, e estabelecerá se as ações têm ou não valor

nominal. Caso haja ações sem valor nominal, o estatuto poderá desenvolver uma ou mais

classes de ações preferenciais com valor nominal.

Pelos conceitos da nova lei, a ação tem a significação de participação societária, visto

que é por meio dela que os sócios exercem o status socii, podendo votar nas assembléias

gerais, exercendo todos os seus direitos. O valor nominal compreende o montante expresso

em dinheiro, como estabelecido no estatuto. A soma do valor nominal de todas as ações

garante o valor ao capital social97.

O dispositivo do artigo 4o da Lei das Sociedades Anônimas98 dispõe o seguinte:

96 Ibidem, p.369. 97 Cf. PAIS, Paulo Roberto Tavares. Curso de direito comercial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1985, p.120. 98 Cf. BRASIL. Lei de Sociedades Anônimas – Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. 4. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1999, p.4.

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Art. 11. O estatuto fixará o número das ações em que se divide o capital social e estabelecerá se as ações terão ou não valor nominal. §1º Na companhia com ações sem valor nominal, o estatuto poderá criar uma ou mais classes de ações preferenciais com valor nominal. §2º O valor nominal será o mesmo para todas as ações da companhia. §3º O valor nominal das ações de companhia aberta não poderá ser inferior ao mínimo fixado pela Comissão de Valores Mobiliários.

De acordo com Pais99, o valor nominal e o número das ações podem ser alterados nos

casos de modificação do capital social, ou de uma expressão monetária de desdobramento, ou

grupamento de ações, ou de cancelamento de ações autorizadas na Lei das Sociedades

Anônimas.

As ações da sociedade anônima refletem necessariamente um direito, o qual é

complexo em seus elementos e que, uma vez que contém crédito e status de sócio, pode ser

representado por um documento, que o corporifica. O documento, constituído por uma cártula

ou papel, é denominado freqüentemente de ação, título ou certificado. A legislação faz uso

dessa última expressão100.

Assim, a representação das ações é efetuada apenas por meio de sua certificação. Já a

emissão deles somente se realizará quando cumpridas as formalidades necessárias ao

funcionamento legal da companhia. As ações, cujas entradas não consistem em dinheiro, só

poderão ser emitidas depois que forem cumpridas as formalidades indispensáveis à

transmissão de bens ou de realizados os créditos101.

Os certificados de propriedades de ações, sustenta Lima102, têm a natureza de títulos

de crédito impropriamente ditos (títulos de legitimação) e, como tais, estão sujeitos a um

determinado rigorismo literal e formal, característico dos títulos de crédito cambiais, como a

letra de câmbio e a nota promissória, dentre outros. O certificado, no entanto, não é um

instrumento hábil para comprovar a propriedade de ações.

De acordo com Pais103, os certificados de ações devem ser redigidos dentro da língua

portuguesa e deverão conter o seguinte:

99 Idem, p.121. 100 Cf. REQUIÃO, op. cit., p.71. 101 Cf. PAIS, op. cit., p.123. 102 Cf. LIMA, op. cit., p.65. 103 PAIS, op. cit., p.123-124.

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a) a denominação da companhia, sua sede e prazo de duração; b) o valor do capital social, a data do ato que o tiver fixado, o número de ações em que se divide e o valor nominal das ações, ou a declaração de que não têm valor nominal; c) nas companhias de capital autorizado, o limite da autorização, em número de ações ou valor do capital social; d) o número de ações ordinárias e preferenciais das diversas classes, se houver, as vantagens ou preferências conferidas a cada classe e as limitações ou restrições a que as ações estiverem sujeitas; e) o número de ordem do certificado e da ação, e a espécie e classe a que pertence; f) os direitos conferidos às partes beneficiárias, se houver; g) a época e o lugar da reunião da assembléia geral ordinária; h) a data da constituição da companhia e o arquivamento e publicação de seus atos constitutivos; i) o nome do acionista ou a cláusula ao portador; j) a declaração de sua transferibilidade mediante endosso, se endossável; l) o débito do acionista e a época e lugar de seu pagamento, se a ação não estiver integralizada; e m) a data da emissão do certificado e as assinaturas de dois diretores ou do agente emissor dos certificados.

Em se tratando de ação nominativa, ao transferir-se o certificado de um acionista

para outro, pode a sociedade anônima cobrar o custo da substituição de cártula, quando essa

substituição for solicitada pelo acionista. Se a companhia, por qualquer motivo, necessitar

substituir os certificados, nada ela poderá exigir dos acionistas104.

3.3 PARTES BENEFICIÁRIAS

Além das ações que constituem parcelas do capital social, a sociedade anônima pode

emitir títulos negociáveis, sem valor nominal e não representativos do capital, os quais

possibilitam aos seus titulares direito a crédito eventual contra a sociedade, consistente em

participação nos lucros líquidos anuais que devem ser distribuídos aos acionistas. Esses títulos

recebem o nome de partes beneficiárias105.

Plácido e Silva106 afirmam que a função original dos títulos de partes beneficiárias é

ser títulos negociáveis, sem valor nominal, emitidos pela sociedade, sem modificação do

capital social, como bonificação ou paga por serviços prestados aos fundadores, acionistas e

até mesmo a estranhos.

104 Cf. REQUIÃO, op. cit., p.72. 105 Idem, p.96. 106 Apud NEGRÃO, op. cit., p.386.

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Nesse sentido, Costa107 definiu as partes beneficiárias, no sistema do Decreto-lei

2.627/1940 – ora revogado, mas que pouco diverge da lei atual – como o título de crédito sem

valor nominal, representativo do direito a lucros de sociedades por ações, por ela emitido

como remuneração de serviços prestados por fundadores, acionistas e terceiros. Além disso,

essa espécie de título pode ser emitida como contraprestação de alguma operação social e

resgatável no vencimento, com fundos formados de parcelas dos lucros líquidos sociais.

O artigo 47 da Lei das Sociedades Anônimas, que dispõe acerca das partes

beneficiárias, teve sua redação modificada a partir da Lei 10.303/2001. Conforme a lei

anterior, a companhia aberta somente poderia criar partes beneficiárias para alienação onerosa

ou para atribuição gratuita a sociedades ou fundações beneficentes de seus empregados. Com

a introdução das modificações produzidas pela reforma da legislação, vedou-se às companhias

abertas a emissão de partes beneficiárias. Segundo o legislador, essa alteração deve-se ao

desuso desse instituto no direito societário brasileiro e em razão das inúmeras possibilidades

de fraude que ele enseja, causando prejuízos à sociedade emissora108.

De acordo com Requião109, algumas legislações modernas têm procurado extinguir

as partes beneficiárias por considerem-nas títulos incômodos para a sociedade anônima. No

entanto, elas permaneceram na reforma da lei atual, em decorrência de sua utilidade, na

composição de interesses, quando a sociedade anônima requerer contribuição especial,

distinta da dos demais acionistas, especialmente se essa contribuição consiste em bem cujo

valor somente pode ser realizado com seu uso.

As partes beneficiárias não podem ter duração vitalícia, uma vez que o estatuto

necessita fixar um prazo determinado, que não poderá ultrapassar 10 anos, se forem

distribuídas gratuitamente. Caso sejam distribuídas gratuitamente, não ultrapassarão o prazo

de dez anos. Sempre que, na sua criação, for estipulado resgate, deverá ser criada uma reserva

especial para esse fim, assegura Requião110.

As partes beneficiárias poderão ainda ser conversíveis em ações, caso assim seja

previsto no estatuto, perante capitalização de reserva para tal fim. A conversão depende de

deliberação da assembléia geral ou do conselho de administração, e importará em aumento do

capital. Na liquidação da companhia, solvido o passivo, os titulares das partes beneficiárias

107 Apud BULGARRELI, W. Manual das Sociedades Anônimas. 8.ed. São Paulo, Atlas: 1996, p.127. 108 Cf. BERTOLDI, op. cit., p.55. 109 Cf. REQUIAÕ, op. cit., p.96. 110 Cf. REQUIÃO, op. cit., p.97.

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terão direito à preferência sobre o que restar do ativo até a importância da reserva para resgate

ou conversão111.

Pais112 expõe que as partes beneficiárias são representadas por certificados ou títulos,

sendo que os certificados necessitam possuir os seguintes requisitos:

a) a denominação “parte beneficiária”; b) a denominação da sociedade, sua sede e prazo de duração; c) o valor do capital social, a data do ato que o fixou e o número de ações em que se divide; d) o número de partes beneficiárias criadas pela companhia e o respectivo número de ordem; e) os direitos que lhes são atribuídos pelo estatuto, o prazo de duração e as condições de resgate, se houver; f) a data de constituição e do arquivamento e Publicação dos seus atos constitutivos; g) o nome do beneficiário, se nominativo for o título ou a cláusula ao portador, se este circular desta maneira, pela tradição manual; h) a declaração de transferibilidade por endosso, se endossável; i) a data da emissão do certificado e as assinaturas de dois diretores.

As partes beneficiárias podem ser nominativas, ao portador e endossáveis. As

nominativas são transferidas por intermédio de um termo lavrado no Livro de Transferência

das Partes Beneficiárias Nominativas. Já em relação ao portador, as partes beneficiárias são

transmitidas por meio da tradição manual, sem que cedente e cessionário precisem firmar

termo próprio, quanto às endossáveis, após o endosso, sua cessão será averbada no Livro de

Registro de Partes Beneficiárias Endossáveis113. Cabe ressaltar, ainda, que esses títulos

obedecerão à sistemática de circulabilidade das ações, não podendo constituir objeto de

depósito com emissão de certificado, nos termos do artigo 43114.

Requião115 sustenta que é possível, no curso das atividades da companhia, que seja

adequado alterar ou reduzir as vantagens conferidas às partes beneficiárias. Tal modificação

pode ser efetuada por meio da reforma do estatuto, mas essa alteração somente será eficaz

quando aprovada por, no mínimo, a metade dos seus titulares reunidos em assembléia

especial. Já essa assembléia deverá ser convocada pela empresa, conforme as exigências de

convocação das assembléias gerais, com prazo de antecedência de no mínimo um mês.

Caso, após duas convocações, ela deixar de ocorrer por falta de número, somente

depois de seis meses outra poderá ser convocada. Nesse caso, deliberar-se-á em primeira

convocação, com o quorum qualificado previsto no artigo 136, pois se trata de reforma do

111 Idem. 112 PAIS, op. cit., p.126. 113 Cf. PAIS, op. cit., p.127. 114 Cf. BULGARRELI, op. cit., p.129. 115 Cf. REQUIÃO, op. cit., p.97-98.

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estatuto. Em segunda convocação, nessa fase, decidir-se-á com qualquer número. Cada parte

beneficiária dá direito a um voto, não podendo a companhia votar com os títulos que tiver em

tesouraria116.

3.4 DEBÊNTURES

Segundo Negrão117, as debêntures conferem direito de crédito contra a companhia

que pode efetuar várias emissões de debêntures, dividindo-as em séries e com a aprovação da

assembléia geral. Cada série prescreve os mesmos direitos e cada debênture da mesma série

necessita ter o mesmo valor nominal.

Primeiramente, as debêntures são classificadas conforme o critério de

convertibilidade ou não em ações, desse modo, existem as debêntures conversíveis e as não

conversíveis, sendo regra a não conversibilidade, quando está ausente o registro de emissão.

Assim, somente são conversíveis em ação as debêntures que a isso tenham sido destinadas

pela escritura de emissão promulgada pela companhia.

No ato de emissão de debêntures conversíveis, elas devem estar especificadas:

1) [em relação às] bases da conversão, sejam em número de ações conversíveis, seja em relação ao valor nominal da debênture e ao valor da emissão das ações; 2) em relação às espécies e classes de ações em que as debêntures podem ser convertidas; 3) em relação ao prazo e época para a conversão e 4) em relação a outras condições a que pode estar sujeita a conversão118.

Nas debêntures conversíveis em ação, os acionistas da sociedade anônima emissora

têm preferência na aquisição das debêntures, segundo a proporção do número de ações e as

espécies e classes dessas ações, de acordo com a regra geral prevista nos artigos 171 e 172 da

Lei das Sociedades por Ações.

De acordo com Negrão119, os titulares de debêntures conversíveis, se ainda não

forem acionistas da companhia, têm o direito de se opor a certas alterações propostas por ela.

A lei exige a prévia aprovação dos proprietários de debêntures, em função de qualquer

alteração do estatuto em relação a: 1) mudança do objeto da companhia; e 2) criação de ações

116 Idem. 117 Cf. NEGRÃO, op. cit., p.381. 118 NEGRÃO, op. cit., p.381-382. 119 Cf. NEGRÃO, op. cit., p.382.

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preferenciais ou outras vantagens em prejuízo das ações em que são conversíveis as

debêntures.

As debêntures também são classificáveis quanto às vantagens outorgadas e às

restrições impostas. Segundo esse critério, as debêntures podem ser: com garantia real, com

garantia flutuante, quirografárias e subordinadas.

Os interesses dos debenturistas podem ser confiados a um agente fiduciário, que deve

ser nomeado pela escritura de emissão. Toda vez que as debêntures são lançadas no mercado

mobiliário, há obrigatoriedade na eleição de um desses agentes, mas, se a negociação passa

por fora do mercado, a intervenção do agente fiduciário é facultativa. Pode exercer a função

de agente fiduciário dos debenturistas qualquer pessoa física que preencha os requisitos legais

para tanto ou uma instituição financeira autorizada pelo Banco Central do Brasil, conforme o

artigo 66, §3º, da Lei das Sociedades Anônimas do Brasil120.

3.5 BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO

Os bônus de subscrição compreendem títulos nominativos emitidos pelas

companhias de capital autorizado, no limite do aumento de capital autorizado no estatuto,

garantindo o direito de subscrever ações do capital social, por meio de sua apresentação e

pagamento do preço de emissão, sendo que a lei dá preferência ao acionista em sua

aquisição121. O bônus de subscrição não se adapta, na sua funcionalidade, às companhias de

capital fixo.

O título de bônus de subscrição está previsto na lei para subscrição de debêntures,

podendo ser útil à companhia na captação de recursos financeiros em determinadas

conjunturas de mercado122.

Os bônus de subscrição são onerosos ou gratuitos e o certificado de sua emissão deve

conter, necessariamente: denominação da companhia emissora, sua sede e prazo de duração;

valor do capital social e data de sua fixação; o valor limite do capital autorizado; o numero de

ações, as espécies e classes de ações a serem subscritas, as vantagens e restrições outorgadas a

cada classe de ação; a denominação Bônus de Subscrição, número de ordem; prazo e período

120 Cf. COELHO, op. cit.,. p.173. 121 Cf. NEGRÃO, op. cit., p.386. 122 Cf. REQUIÃO, op. cit., p.107.

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em que o título pode cobrado; o nome do titular e a data da emissão com a assinatura de, pelo

menos, dois diretores123.

Cabe acrescentar os seguintes artigos da Lei 6.404/76, relacionados ao bônus de

subscrição:

Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento do capital autorizado no estatuto (art. 168), títulos negociáveis denominados “bônus de subscrição”. Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão aos seus titulares, nas condições constantes do certificado, direito de subscrever ações do capital social, que será exercido mediante apresentação do título à companhia e pagamento do preço de emissão das ações. Art. 77. Os bônus de subscrição serão alienados pela companhia ou por ela atribuídos, como vantagem adicional, aos subscritores de emissões de suas ações ou debêntures. Parágrafo único. Os acionistas da companhia gozarão, nos termos dos arts. 171 e 172, de preferência para subscrever a emissão de bônus124.

De acordo com Requião125, a deliberação da emissão do título é função da

assembléia geral da companhia em questão, a não ser que o estatuto atribua essa função ao

conselho de administração.

No entendimento de Almeida126, o bônus de subscrição corresponde ao cupom

destacável de debênture previsto no artigo 44, §8, da Lei do Mercado de Capitais (Lei 4.728,

de 14 de julho de 1965). Essa lei, nominada e parcialmente revogada pela Lei 6.404/76,

facultava às sociedades anônimas emitirem debêntures que assegurassem aos respectivos

titulares o direito de convertê-las em ações do capital da sociedade emissora. Eram as

debêntures conversíveis em ações que atualmente estão disciplinadas no artigo 57 da Lei

6.404/76.

A Lei das Sociedades Anônimas, em seu artigo 57, dispõe o seguinte:

Art. 57. A debênture poderá ser conversível em ações nas condições constantes da escritura de emissão, que especificará: I – as bases da conversão, seja em número de ações em que poderá ser convertida cada debênture, seja como relação entre o valor nominal da debênture e o preço de emissão das ações; II - a espécie e a classe das ações em que poderá ser convertida; III - o prazo ou época para o exercício do direito à conversão; IV - as demais condições a que a conversão acaso fique sujeita;

123 Cf. NEGRÃO, op. cit., p.386-387. 124 BRASIL. Lei das Sociedades Anônimas. op. cit., p.28. 125 Cf. REQUIÃO. op. cit., p.107. 126 Cf. ALMEIDA, op. cit., p.231.

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§º 1º Os acionistas terão o direito de preferência para subscrever a emissão de debêntures com cláusula de conversibilidade em ações, observado o disposto nos arts. 171 e 172. § 2º Enquanto puder ser exercido o direito à conversão, dependerá de prévia aprovação dos debenturistas, em assembléia especial, ou de seu agente fiduciário, a alteração do estatuto para; a) mudar o objeto das companhias; b) criar ações preferenciais ou mudar as vantagens existentes, em prejuízo das coes em que são conversíveis as debêntures127.

Em conformidade com o §8 do artigo 44 da Lei do Mercado de Capitais, era

atribuída a cupom destacável de debênture conversível em ação a negociação ou transferência

separadamente da respectiva obrigação (debênture). A Lei 6.404, de 1976, mantém sob nova

denominação, e manifestadamente aprimorado, o mencionado cupom destacável, cercando-o

da autonomia que lhe confere a natureza de título negociável, como assegura Almeida128.

127 BRASIL, op. cit., p.19-20. 128 Cf. ALMEIDA, op. cit., p.231.

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4 DEBÊNTURES

Neste capítulo, faz-se um estudo mais detalhado das debêntures, sobretudo em

relação às alterações introduzidas na Lei das Sociedades Anônimas pelas leis 9.457, de 5 de

maio de 1997, e 10.303, de 31 de outubro de 2001, das formas legais que regem seu

movimento no mercado e das vantagens e desvantagens ligadas a esse tipo de título de

crédito.

4.1 NOÇÕES

Como já abordado brevemente no capítulo anterior, debêntures são valores

mobiliários, ou seja, títulos de crédito que documentam uma operação de mútuo, na qual o

debenturista é o mutuante a e sociedade anônima é a mutuária. Por meio do contrato de

mútuo, “uma pessoa presta coisas fungíveis à outra, que se obriga a devolvê-las ou, então,

devolver coisas do mesmo gênero, quantidade e qualidade” 129. O legislador houve por bem

disciplinar minuciosamente esse valor mobiliário muito antigo, dedicando-lhe vinte e dois

artigos na LSA, do art. 52 ao art. 74. Dentre eles, a Lei 10.303, de 31 de outubro de 2001,

conforme seu art. 1º, modificou os seguintes: 52, 54, 59, 62, 63, 68, Lei das Sociedades

Anônimas.

Em relação à teoria do contrato mútuo, Carvalho130 sustenta que o mútuo que se

realiza com a emissão de debêntures é sui generis, porque se trata de uma única operação que

a sociedade realiza, representando uma única manifestação de sua vontade, sendo ainda

incindíveis sua modalidade e sua garantia. Com a divisão da quantia mutuada em frações, a

companhia não cria outros tantos mútuos, mas meramente reconhece em cada subscritor ou

portador de títulos respectivos uma fração do direito de crédito para com ela, na proporção do

quantum com que concorre para o mútuo formado pela adesão coletiva de todos.

Segundo Carvalhosa131, a teoria do mútuo prevalece na doutrina brasileira. A maior

parte dos juristas enxerga na emissão de debêntures uma modalidade especial de mútuo,

caracterizada pela divisão da quantia mutuada em frações, atribuída a diversos titulares que se

129 LIMA, op. cit., p.78. 130 Apud CARVALHOSA, op. cit., p.52. 131 Idem.

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tornam credores, ligados entre si pelo vínculo comum de uma só operação, que dá nascimento

às debêntures.

De acordo com Almeida132 o termo debênture vem do latim, debo, debiu, debitum, e

significa dever, obrigação. São títulos de crédito emitidos pelas sociedades anônimas, em

virtude de empréstimos por elas obtidos junto ao público, portanto, os titulares de debêntures

são credores das sociedades anônimas emissoras. Embora autônomas e liberais, as debêntures

são títulos causais, estando, por isso, vinculadas ao negócio jurídico subjacente.

Requião133 ressalta que as debêntures são também denominadas obrigações ao

portador e foram instituídas, a fim de evitar os inconvenientes de pequenos e constantes

financiamentos a curto prazo e a altos juros, no mercado financeiro. Assim, as sociedades por

ações têm a faculdade exclusiva de obter empréstimos tomados do público a longo prazo a e

juros mais compensadores, inclusive com correção monetária, mediante resgate em prazo fixo

ou em sorteios periódicos.

As debêntures têm valor nominal, que, comumente, corresponde ao montante

despendido pelo investidor, no ato de sua subscrição, em favor da sociedade emissora. Pode-

se fixar, entretanto, preço de emissão inferior ou superior ao valor nominal, dependendo das

condições de mercado, como afirma Borba134. A diferença para maior, denominada ágio ou

prêmio de emissão, será destinada, obrigatoriamente, à reserva de capital e não terá, por via de

conseqüência, destinação livre (§1º, art. 182, LSA).

Em caso de vencimento, estabelecido geralmente em prazo longo como oito ou dez

anos, a sociedade emissora paga ao debenturista o reembolso do valor mobiliário, sendo

admissível a antecipação dele por amortizações periódicas previstas no certificado ou na

escritura de emissão. Cabe ressaltar, contudo, que, ao reembolso do valor das debêntures, são

acrescidos, no mínimo, juros fixos ou variáveis e correção monetária. No entendimento de

Coelho135, a sociedade anônima que não se comprometer a pagar, no mínimo, esses

acréscimos, dificilmente encontrará interessados na subscrição do valor emitido.

Além desses acréscimos, o art. 56, da LSA, prevê que a companhia emissora de

debênture, como atrativo para o investidor, poderá obrigar-se ao pagamento, no vencimento

ou nas amortizações parciais, de outros acréscimos, como o prêmio de reembolso ou mesmo a

participação nos seus lucros.

132 ALMEIDA, op. cit., p.223. 133 REQUIÃO, op. cit., p. 86. 134 COELHO, op. cit., p.140. 135 Idem.

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As debêntures são negociáveis, sendo que o debenturista poderá alienar seus direitos

creditícios perante a sociedade para outro investidor, pelo preço que as duas partes

considerarem adequado ao negócio (inferior ou superior ao valor nominal, valor de reembolso

etc.).

Ainda em relação à transferência, Coelho136 acrescenta que:

Quando nominativas, a transferência somente se aperfeiçoa com o correspondente registro na sociedade anônima emissora, que poderá, para melhor controle da identidade dos debenturistas, manter livro específico para isso. Se, porém, a companhia contratou agente emissor de certificados (LSA, art. 27), caberá a este, com exclusividade, a escrituração do registro da transferência da titularidade das debêntures, em livro ou por qualquer outro sistema aprovado pela CVM (LSA, art. 101). Quando escriturais, opera-se a transferência mediante registro, nos assentamentos da instituição financeira depositária, a débito da conta de debêntures do alienante e a crédito da do adquirente. Enquanto não cumprida a formalidade cabível, o valor mobiliário não circulou, a despeito de outros atos que possam ter sido praticados com esse objetivo (assinatura de contrato, pagamento, entrega de certificados etc.).

A atuação da sociedade emissora de debêntures no mercado secundário pode ser

realizada por meio da compra e da venda de debêntures. De acordo com Coelho137, não há,

para esse valor mobiliário, a proibição genérica estabelecida relativamente às ações. Há de se

verificar, somente, a limitação quanto ao preço de aquisição, que não poderá superar o valor

nominal das debêntures e a obrigatoriedade de informar a operação no relatório da

administração e nas demonstrações financeiras, conforme determina o art. 55, §2º, da LSA.

4.2 DIREITOS DOS DEBENTURISTAS

A questão dos direitos dos debenturistas é tratada na Seção I, Capítulo V, da LSA.

Os artigos dessa seção determinam os direitos dos debenturistas em relação à forma como é

efetuada a conversibilidade desses títulos em ações, espécies, juros e outros direitos.

O art. 231, da LSA, também trata dos direitos dos debenturistas:

136 Ibidem, p.141. 137 Idem.

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Art. 231. A incorporação, fusão ou cisão da companhia emissora de debêntures em circulação dependerá da prévia aprovação dos debenturistas, reunidos em assembléia especialmente convocada com esse fim. § 1º Será dispensada a aprovação pela assembléia se for assegurado aos debenturistas que o desejarem, durante o prazo mínimo de 6 (seis) meses a contar da data da publicação das atas das assembléias relativas à operação, o resgate das debêntures de que forem titulares. § 2º No caso do § 1º, a sociedade cindida e as sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelo resgate das debêntures138.

Verifica-se, assim, que constitui um direito dos debenturistas participar da

aprovação, cisão ou fusão da companhia emissora, por meio de realização de assembléia.

Caso se estabeleça uma garantia de seis meses para o resgate das debêntures, por parte da

sociedade cindida e as sociedades absorventes do patrimônio, a aprovação pela assembléia é

desnecessária, se os debenturistas assim o desejarem.

Também em relação aos direitos dos debenturistas, Coelho139 ressalta que o exercício

desses direitos é assunto com contornos diversos, segundo haja ou não a intermediação do

agente fiduciário. No primeiro caso, nenhum debenturista pode, individualmente, executar as

debêntures em juízo ou requerer a falência da sociedade emissora, uma vez que esses atos são

função exclusiva do agente fiduciário, somente se inexiste essa figura, terá o debenturista a

possibilidade de pleitear, por meio de ação individual, a defesa de seus direitos.

4.3 ESPÉCIES DE DEBÊNTURES

Naturalmente, à medida que se definem como parcelas de contrato de mútuo, as

debêntures permanecem associadas a algum tipo de garantia, que a sociedade devedora

propicia aos debenturistas credores para o cumprimento de suas obrigações. Evidencia-se,

mais uma vez, nesse caso, o paralelo do mútuo: aquele que contrai empréstimo bancário pode

conceder ao banco uma hipoteca, caução de título, alienação fiduciária ou outra forma de

garantia de devolução do montante emprestado. A garantia fixada depende do acordo

realizado com a instituição mutuante, das condições fixadas por ela para a concessão do

financiamento. De forma semelhante, a companhia, ao emitir debêntures, pode oferecer

diferentes garantias aos debenturistas, que dão origem a várias espécies de debêntures140.

138 BRASIL, Lei de sociedades anônimas. 4. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1999, p.84. 139 Cf. COELHO, op. cit., p.150. 140 Ibidem, p.144.

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Requião141 afirma que existem duas espécies de debêntures: as simples e as

conversíveis em ações. Todas elas, independentemente de sua espécie, deverão estampar seu

valor nominal em moeda corrente do País, a não ser as que devem operar no estrangeiro, com

pagamento em moeda estrangeira. A correção monetária poderá ser incluída como cláusula,

seguindo os mesmos coeficientes fixados para a correção de dívida pública ou com base na

variação da taxa cambial.

Além dessas espécies, podem-se classificá-las também quanto às garantias que

oferecem, que podem ser real ou flutuante, não gozar de preferência alguma ou ser

subordinadas aos demais credores da companhia. As garantias flutuante e real podem ser

cumulativas. Os direitos dos titulares de debêntures sem preferência ou subordinadas são, em

geral, protegidos pelas obrigações assumidas pela companhia de não alienar ou onerar bens de

seu ativo. Para dar segurança jurídica a essa obrigação, o §5º do art. 58, da LSA, assegura sua

oponibilidade a terceiros, desde que averbada no registro de propriedade dos bens, então, para

facilitar a emissão de debêntures por grupos de sociedades, admite que tenham a garantia

flutuante do ativo de duas ou mais sociedades do grupo (art. 58, §6º)142.

Cabe transcrever aqui o art. 58 da LSA:

Art.58 - A debênture poderá, conforme dispuser a escritura de emissão, ter garantia real ou garantia flutuante, não gozar de preferência ou ser subordinada aos demais credores da companhia. § 1º. A garantia flutuante assegura à debênture privilégio geral sobre o ativo da companhia, mas não impede a negociação dos bens que compõem esse ativo. § 2º. As garantias poderão ser constituídas cumulativamente. § 3º. As debêntures com garantia flutuante de nova emissão são preferidas pelas de emissão ou emissões anteriores, e a prioridade se estabelece pela data da inscrição da escritura de emissão; mas dentro da mesma emissão, as séries concorrem em igualdade. § 4º. A debênture que não gozar de garantia poderá conter cláusula de subordinação aos credores quirografários, preferindo apenas aos acionistas no ativo remanescente, se houver, em caso de liquidação da companhia. § 5º. A obrigação de não alienar ou onerar bem imóvel ou outro bem sujeito a registro de propriedade, assumida pela companhia na escritura de emissão, é oponível a terceiros, desde que averbada no competente registro. § 6º. As debêntures emitidas por companhia integrante de grupo de sociedades (art.265) poderão ter garantia flutuante do ativo de duas ou mais sociedades do grupo143.

Seguindo esse mesmo entendimento, Coelho144 também sustenta que as debêntures,

podem ser de quatro espécies, conforme a garantia oferecida aos seus titulares:

141 REQUIÃO, op. cit., 1993, p.86. 142 Idem. 143 BRASIL, Lei de sociedades anônimas. 4. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 20. 144 COELHO, op. cit., p.173.

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a) com garantia real, em que um bem, pertencente ou não à companhia, é onerado (hipoteca de um imóvel, por exemplo); b) com garantia flutuante, que confere aos debenturistas um privilégio geral sobre o ativo da companhia, pelo qual terão preferência sobre os credores quirografários, em caso de falência da companhia emissora; c) quirografária, cujo titular concorre com os demais credores sem garantia, na massa falida; d) subordinada (ou subquirografária), em que o titular tem preferência apenas sobre os acionistas, em caso de falência da sociedade devedora.

A garantia flutuante, que é atribuída pelos bens do ativo da sociedade emissora ou da

sociedade do mesmo grupo societário, garante à debênture privilégio geral sobre o ativo, mas

não impede a negociação dos bens que compõem esse ativo. As debêntures que não gozarem

de garantia poderão conter cláusula de subordinação aos credores quirográficos, por isso, são

denominadas de debêntures subordinadas145.

No entendimento de Coelho146, a principal diferença que existe entre as espécies de

debêntures é que, na hipótese de falência da sociedade emissora, os credores do falido são

tratados de forma paritária, e não igualitária. Isso significa que eles são classificados, numa

ordem de preferência, conforme a natureza dos respectivos créditos. Dessa maneira, depois de

se efetuar o leilão judicial para vender os bens que formam o patrimônio do falido, são pagos,

em primeiro lugar, aos credores por acidente de trabalho; em seguida, sobrando recursos, aos

créditos trabalhistas; em terceiros lugar, caso ainda restem recursos, são satisfeitos os créditos

fiscais; a partir daí, havendo ainda recursos disponíveis no caixa, o síndico procede ao

pagamento dos credores cíveis e comerciais.

Cabe ressaltar, ainda, que há uma ordem de preferência a ser respeitada entre os

credores, portanto, os credores titulares têm prioridade de garantia real, sendo seus créditos

satisfeitos com os produtos provenientes da venda dos respectivos bens dados em garantia. Na

seqüência, havendo ainda recursos na massa, atende-se aos credores com preferência e,

finalmente, com os recursos remanescentes, paga-se aos credores quirografários. Por meio

disso, de acordo com Coelho147, é fácil verificar a diferença que há entre as espécies de

debêntures, na hipótese de decretação da falência da sociedade que as emite. Cada

debenturista é classificado na ordem de preferência, conforme a espécie de suas debêntures.

Aquele que adquiriu debênture com garantia real será considerado prioritariamente

no ato do reembolso. Já os que possuem debênture com garantia flutuante gozam de

preferência geral e a eles será pago com o produto da venda dos bens não onerados, antes de

145 Idem. 146 COELHO, op. cit., p.144. 147 Ibidem, p.145.

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aos demais credores. Os possuidores de debêntures quirografárias concorrem com

significativa quantidade de outros credores do falido, repartindo com eles, proporcionalmente

ao valor do crédito de cada um, o saldo remanescente da venda dos bens do falido. Somente

se atendidos aos credores quirografários e pagos os juros posteriores à falência, realizar-se-á o

reembolso dos debenturistas subordinados, antes de se efetuar o pagamento dos acionistas148.

É importante registrar ainda que, dependendo da espécie em consideração, os limites

legais para o endividamento da sociedade anônima, por intermédio da emissão de debêntures,

pode variar. Dessa maneira, quando se trata de debêntures com garantia real, o limite total da

captação será o capital social da companhia emissora ou 80% do valor dos bens gravados em

função da emissora. Para as debêntures flutuantes, o valor total não pode exceder o capital

social ou 70% do valor contábil do ativo, diminuído do passivo garantido por direitos reais, o

que for maior. No caso das debêntures quirografárias, o valor total da emissão não pode

ultrapassar o capital associado da sociedade anônima emissora e, para as subordinadas, não

foi estabelecido limite149.

4.4 EMISSÃO, AMORTIZAÇÃO E RESGATE

No que concerne à emissão de debêntures, cabe ressaltar que a companhia pode

efetuar mais de uma emissão de debêntures e cada emissão pode ser dividida em séries.

Todavia, a companhia não pode realizar nova emissão antes de colocadas todas as debêntures

das séries de emissão anterior ou canceladas as séries colocadas, nem negociar nova série da

mesma emissão antes de colocada a anterior ou cancelado o saldo não colocado150.

Assim determina o art. 53, da LSA:

Art. 53 – A companhia poderá efetuar mais de uma emissão de debêntures, e cada emissão pode ser dividida em séries. Parágrafo Único. As debêntures da mesma série terão igual valor nominal e conferirão a seus titulares os mesmo direitos151.

O art. 52, que também dispõe sobre a possibilidade de emissão de debêntures por

parte da companhia, teve sua redação modificada pela nova lei. Cabe acrescentar a redação

antiga e como ficou depois da Lei 10.303, de 31 de outubro de 2001, respectivamente:

148 Idem. 149 Ibidem, 146. 150 LIMA, op. cit., p.78. 151 BRASIL, Lei de sociedades anônimas. 4. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1999, p.18-19.

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Art. 52 - A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e do certificado152. Art. 52 - A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado153.

A debênture emitida poderá ainda conter cláusula de correção monetária, poderá ser

emitida no estrangeiro e ter seu pagamento estipulado em moeda estrangeira. Também,

durante seu prazo de duração, poderá assegurar ao seu titular juros fixos ou variáveis,

participação no lucro da companhia e prêmio de reembolso.

No que concerne à emissão de debêntures, seguem abaixo as partes dos artigos que

se referem ao assunto e que sofreram modificações com a Lei 10.303, de 31 de outubro de

2001:

Art. 59 [...] § 1º Na companhia aberta, o conselho de administração poderá deliberar sobre a emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações e sem garantia real, e a assembléia-geral pode delegar ao conselho de administração a deliberação sobre as condições de que tratam os incisos VI a VIII deste artigo e sobre a oportunidade da emissão. [...] Art. 62. Nenhuma emissão de debêntures será feita sem que tenham sido satisfeitos os seguintes requisitos: I - arquivamento, no registro do comércio, e publicação da ata da assembléia geral, ou do conselho de administração, que deliberou sobre a emissão; II - inscrição da escritura de emissão no registro do comércio; [...] § 4º Os registros do comércio manterão livro especial para inscrição das emissões de debêntures, no qual serão anotadas as condições essenciais de cada emissão. Art. 63 [...] § 1º As debêntures podem ser objeto de depósito com emissão de certificado, nos termos do art. 43. § 2º A escritura de emissão pode estabelecer que as debêntures sejam mantidas em contas de custódia, em nome de seus titulares, na instituição que designar, sem emissão de certificados, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 41.[...] Art. 68 [...] § 1º [...] c) notificar os debenturistas, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, de qualquer inadimplemento, pela companhia, de obrigações assumidas na escritura da emissão154.

A lei faculta à sociedade emissora, se assim estiver disposto na escritura de emissão,

promover a amortização periódica ou o resgate de parte da totalidade da dívida. A 152 BRASIL, op. cit., p.18. 153 BRASIL, Reforma da lei das sociedades anônimas: comentários à Lei 10.303, de 31.10.2001. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p.55. 154 BRASIL, Lei nº 10.303, de 31 de outubro de 2001. Disponível em: <http://www.societario.com.br/Untitled-10303.html>. Acesso em: 28. abr. 2004.

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amortização é conceituada por Carvalhosa155 como “o pagamento parcelado, periódico e

progressivo das debêntures”; já o resgate é o “poder unilateral que tem a sociedade emitente

de remir, mediante o pagamento do seu valor, as debêntures e mãos do tomador”, portanto,

inclui-se no poder potestativo da companhia emissora de reaver debêntures em circulação,

total ou parcialmente, consoante o sistema previsto na escritura de emissão.

Diferentemente do resgate, que constitui direito potestativo da sociedade emissora, a

amortização prevista na escritura de emissão da debênture é direito do debenturista, cabendo à

sociedade fielmente observar os respectivos prazos, sob pena de inadimplemento de sua

obrigação creditícia, porque, segundo Carvalhosa156, consistem em pagamentos parciais do

débito, residindo aí a certeza e liquidez do direito, com todas as características e os efeitos

próprios da teoria geral dos títulos de crédito. No que concerne às funções e aos efeitos do

resgate e da amortização, Carvalhosa ainda ressalta:

Ambos os institutos visam liberar antecipadamente a companhia emissora de suas obrigações debenturísticas. São, no entanto, um e outro, inteiramente distintos no que tange aos direitos e aos efeitos. Isto porque no resgate há a retirada dos títulos de circulação por vontade potestativa da companhia emissora. Já na amortização ocorre o pagamento antecipado do título, como expressamente convencionado na escritura de emissão.assim diferenciam-se pela sua natureza e direitos subjetivos e assemelha-se pelo seu fim, qual seja, a extinção antecipada das obrigações de pagamento decorrentes do título. Quanto aos efeitos, também é de notar que no resgate as debêntures retornam à circulação, ao passo que na amortização os pagamentos são parcelados, permanecendo o título na posse do seu tomador157.

Uma vez que o resgate está previsto na escritura de emissão, não pode o debenturista

negar-se aos seus direitos. A reserva estabelecida na escritura é válida e eficaz para todas as

debêntures, sendo que o resgate representa uma transmissão forçada, irrecorrível e definitiva

da propriedade das ações do debenturista, que é constrangido a obedecer à disposição contida

na escritura, como defende Carvalhosa158.

4.5 CERTIFICADO DAS DEBÊNTURES

Assim como ocorre com as ações, a companhia pode emitir certificados de

debêntures que conterão, indispensavelmente, os seguintes requisitos:

a) a denominação, sede, prazo de duração e objeto da companhia; 155 CARVALHOSA, op. cit., p.517. 156 Cf. CARVALHOSA, op. cit., p.517. 157 CARVALHOSA, op. cit., p.517. 158 Cf. CARVALHOSA, op. cit., p.518.

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b) a data da constituição da companhia e do arquivamento e publicação dos seus atos constitutivos; c) a data da publicação da ata da assembléia geral que deliberou sobre a emissão; d) a data e ofício do Registro de Imóveis em que foi inscrita a emissão; e) a denominação “Debênture” e a indicação da sua e spécie, pelas palavras “com garantia real”, “com garantia flutuante”, “sem preferência” ou “subordinada”; f) a designação da emissão e da série: g) o número de ordem: h) o valor nominal e a cláusula de correção monetária, se houver, as condições de vencimento, amortização, resgate, juros, participação no lucro ou prêmio de reembolso, e a época em que serão devidos: i) as condições de conversibilidade em ações, se for o caso: j) o nome do debenturista; l) o nome do agente fiduciário dos debenturistas,s e houver; m) a data do certificado e da assinatura de 2 (dois) diretores da companhia; n) a autenticação do agente fiduciário, se for o caso159.

A companhia poderá também emitir igualmente certificados de múltiplos de

debêntures, os quais, da mesma forma que os certificados de múltiplos de ações, constituem-

se na reunião de várias debêntures num único instrumento. Dessa maneira, o certificado de

múltiplos de debêntures não representará uma só, mas várias debêntures, podendo, emitir

ainda cautelas que são títulos provisórios representativos de debêntures160.

4.6 CONVERSIBILIDADE DAS DEBÊNTURES EM AÇÕES

Do mesmo modo que ocorre com as partes beneficiárias, as debêntures também

podem ser resgatáveis e conversíveis em ações. O resgate das debêntures por parte da

companhia poderá ser efetuado somente se forem fixados, na escritura de emissão e no

certificado, as condições e os critérios de definição do valor do resgate. Trata-se de ato

unilateral da emissora, no exercício de uma prerrogativa, por meio da qual o debenturista

manifesta sua concordância, ao subscrever ou adquirir as debêntures. Dessa forma, tendo

aderido às condições de resgate, ele não pode opor-se ao pagamento, na oportunidade, de

montante eventualmente inferior ao valor que o investimento alcança no mercado

secundário161.

Se as condições determinadas para o resgate, na escritura de emissão e no certificado,

forem altamente desvantajosas, a sociedade tenderá a enfrentar dificuldades na colocação das

debêntures junto aos investidores. Assim, é conveniente que os critérios de resgate

estabelecidos aproximem o respectivo valor de negociação, como modo de tornar frutífera a

159 ALMEIDA, op. cit., p.229. 160 Cf. ALMEIDA, op. cit., p.229. 161 Cf. COELHO, op. cit., p.142.

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emissão. Verifica-se, com isso, segundo Coelho162, uma diferença essencial entre compra e

venda e o resgate de debêntures: “no resgate, ela, por ato unilateral, retira o valor mobiliário

de circulação, mediante o pagamento ao debenturista de montante previamente estipulado”.

Quanto à conversibilidade em ações, ela também depende de cláusula escriturária, ou

seja, a escritura de emissão deve especificar o momento (prazo ou época) em que o

debenturista poderá exercer o direito à conversão, a espécie e a classe da ação em que elas são

conversíveis e demais condições do ato. Essa matéria vem regulamentada no art. 57, da Lei

das Sociedades Anônimas. Uma vez que as debêntures foram convertidas em ações, seus

titulares passam à condição de acionistas, ordinarialistas ou preferencialistas, conforme as

ações atribuídas na conversão. Outrossim, ocorre o aumento do capital social (art. 166, III,

LSA)163.

As debêntures conversíveis em ações foram introduzidas no direito nacional pela Lei

4.728, de 1965. Prescrevia o seu artigo 44 que as sociedades anônimas poderiam emitir

debêntures ou obrigações que assegurassem aos seus respectivos titulares o direito de

convertê-las em ações. As condições para a emissão, conforme o §3º do artigo mencionado,

deveriam ser aprovadas pela assembléia de acionistas. De acordo com Carvalhosa164, a Lei

6.404/76, ao regulamentar as debêntures conversíveis em ações, aproveitou em grande parte a

regulamentação anterior, distribuindo em um único artigo as normas a que as debêntures

estarão sujeitas.

4.7 AGENTE FIDUCIÁRIO DOS DEBENTURISTAS

A emissão de debêntures poderá ser realizada com a nomeação de agente fiduciário

de seus titulares. Os debenturistas têm interesses comuns, os quais estão diretamente ligados

ao cumprimento das condições de emissão do valor mobiliário que subscrevem ou adquiriram.

Ao emitir debêntures, a companhia torna-se responsável por um conjunto de obrigações

perante os investidores que as titularizam, como o pagamento do montante prometido em seu

vencimento, as amortizações, a constituição das garantias referidas na escritura de emissão

etc165.

O cumprimento de todas essas obrigações interessa tanto a cada debenturista em

particular como também ao conjunto deles. Por outro lado, em decorrência do longo prazo de

162 COELHO, op. cit., p.142. 163 Idem. 164 CARVALHOSA, op. cit., p.542. 165 Cf. COELHO, op. cit., p.148.

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vencimento, geralmente estabelecido, é natural que os debenturistas preocupem-se com a vida

da companhia emissora, fiscalizando seus atos e monitorando o desenvolvimento da empresa.

Igualmente, esse acompanhamento interessa a cada um e a todos os titulares de debêntures.

Destarte, há uma comunhão de interesses dos debenturistas, sustenta Coelho166.

Como resultado dessa comunhão de interesses, emerge a figura do agente fiduciário

dos debenturistas, cuja principal função é garantir a proteção dos direitos dos titulares das

debêntures, fiscalizando a sociedade emissora e exigindo o cumprimento da escritura de

emissão. Compete-lhe, dessa maneira, cobrar o devido aos debenturistas, repassando-lhes as

respectivas quotas-partes, requerer a falência da sociedade anônima emitente e, ainda,

executar as garantias dadas e declarar o vencimento antecipado do valor mobiliário, quando

verificados os pressupostos constantes da escritura de emissão etc. Sua atuação, em resumo,

deve nortear-se pelos interesses dos investidores167.

O agente fiduciário dos debenturistas, que pode tanto ser uma pessoa física como

uma instituição financeira, ocupa função intermediária entre o tomador dos recursos, isto é, a

figura da sociedade anônima e os seus prestadores, ou seja, os titulares das debêntures,

constituindo-se como o interlocutor da sociedade emissora nos assuntos pertinentes à emissão

(art. 68, LSA). Embora o agente fiduciário seja originariamente escolhido pelo primeiro, deve

satisfações aos últimos. A companhia, nas vezes em que necessita reportar-se aos

debenturistas, deve fazer uso da figura do agente fiduciário168.

Em relação às condições de substituição e remuneração do agente fiduciário, o artigo

67, da LSA, dispõe o seguinte:

Art.67 - A escritura de emissão estabelecerá as condições de substituição e remuneração do agente fiduciário, observadas as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários fiscalizará o exercício da função de agente fiduciário das emissões distribuídas no mercado, ou de debêntures negociadas em bolsa ou no mercado de balcão, podendo: a) nomear substituto provisório, nos casos de vacância: b) suspender o agente fiduciário de suas funções e dar-lhe substituto, e deixar de cumprir os seus deveres169.

No caso das sociedades anônimas de capital aberto, se as debêntures são destinadas à

colocação no mercado aberto de capitais, a existência do agente fiduciário é obrigatória, caso

contrário, é facultativa. Desse modo, se a companhia emissora é aberta, porém, a emissão é 166 Idem. 167 Ibidem, p.149. 168 Idem. 169 BRASIL, Lei de sociedades anônimas. 4. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1999, p.24.

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privada, pode ela ser realizada sem a intervenção do agente fiduciário. Se a emissora das

debêntures é sociedade anônima fechada, a presença do representante da comunhão dos

interesses dos investidores é sempre dispensável, tendo em vista que as debêntures, nesse

caso, não poderão ser admitidas à negociação em bolsas ou em mercado de balcão, como

afirma Coelho170.

4.8 ASSEMBLÉIA DE DEBENTURISTAS

A deliberação acerca da emissão de debêntures é de competência privativa da

assembléia geral. Nesse sentido, Coelho171 acrescenta que, na mesma oportunidade, devem-se

aprovar, também, as condições da operação (valor de emissão, valor de reembolso, condições

de resgate, garantias etc.). Conforme o caput do artigo 71, da LSA, os titulares de debêntures

da mesma emissão ou série podem, a qualquer tempo, reunir-se em assembléia geral, a fim de

deliberar acerca da matéria de interesse da comunhão dos debenturistas. Aplica-se à

assembléia de debenturistas, no que couber, o disposto acerca da assembléia geral dos

acionistas (§2º, art. 71, LSA).

Na companhia aberta, o conselho de administração tem competência para deliberar a

emissão de debêntures não conversíveis em ações e sem garantia real. Além disso, a

assembléia geral da companhia aberta poderá delegar ao conselho de administração parte das

definições ligadas à operação, inclusive o momento adequado para colocar as debêntures aos

investidores. Na apreciação e votação desses assuntos, também deverá ser atendido a

eventuais disposições estatuárias que reservem, por exemplo, a iniciativa da proposta a

determinados órgãos.

No entendimento de Coelho172, quando a companhia emissora de debêntures é aberta,

um dos mais importantes aspectos a ser definido pela assembléia geral ou pelo conselho de

administração, ao aprovarem a operação, é o tipo de emissão. Como se sabe, as sociedades

anônimas dessa categoria podem ter os valores mobiliários de sua emissão admitidos à

negociação no mercado de capitais. Dessa maneira, apresentam-se duas alternativas: emissão

do tipo pública e privada.

Como a sociedade anônima aberta não está obrigada a sempre disponibilizar seus

valores mobiliários no mercado de capitais, ela pode optar por desenvolver operações fora

170 Cf. COELHO, op. cit., p.149. 171 Ibidem, p.142. 172 Idem.

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dele, sendo denominado esse procedimento de âmbito privado. Coelho173 sustenta que,

quando a companhia é procurada por um grande investidor para subscrição de debêntures, o

qual apresenta proposta específica de negócio, desenvolver a operação no âmbito privado

pode ser a melhor alternativa.

Desse modo, a emissão de debêntures pode ser pública ou privada. No primeiro caso,

a sociedade deve pedir autorização prévia da CVM; no segundo, basta a comunicação. Além

disso, é necessário adotar providências perante o registro de empresa e de imóveis. Por fim,

podem ainda ser necessários outros atos para a implementação de eventuais garantias. Em

outras palavras, além das formalidades com a CVM, a companhia, seja ela aberta ou fechada,

antes de oferecer as debêntures à subscrição, deve atender a outras três formalidades:

a) registro na Junta comercial e subseqüente publicação da ata da assembléia geral ou do conselho de administração, em que a operação foi aprovada; b) inscrição de escritura de emissão já Junta Comercial; c) constituição das garantias reais, como hipoteca, penhor ou anticrese, se houver. A precipitação do lançamento das debêntures, antes de atendidas essas condições formais, não compromete a validade da subscrição e subseqüentes atos negociais sobre o valor mobiliário; gera, contudo, a responsabilidade civil dos administradores e autoriza qualquer debenturista ou o agente fiduciário a promover o seu atendimento, a expensas da sociedade emissora174.

Carvalhosa175 ressalta que a deliberação aceita na assembléia geral dos debenturistas

tem como primeiro efeito a indivisibilidade interna e externa da vontade da comunhão. Serão

internas aquelas deliberações que se referem à nomeação e destituição do agente fiduciário

(art. 66, LSA) e à verificação da legalidade e legitimidade dos atos praticados por ele,

mormente os deveres previstos nos artigos 68 e 69 da LSA. Por outro lado, constituirão atos

deliberativos de eficácia imediatamente externa aqueles que objetivam manifestar a vontade

da comunhão nas relações com terceiros, de caráter contratual. Nessa categoria, situam-se as

relações com companhia emissora, no tocante a eventuais alterações de cláusulas instituídas

na escritura de emissão, e sucessivamente nos seus termos aditivos.

A norma vigente estabelece dois critérios diferentes para a estabelecer o quorum de

instalação e de deliberação das assembléias de debenturistas. Para a deliberação de eficácia

interna, o quorum de instalação, em primeira convocação, será de metade, no mínimo, das

debêntures e, em segunda, com qualquer número. Ao se tratar de deliberação com efeitos

externos, isto é, atingindo a esfera jurídico-contratual da companhia emissora e das

173 Idem. 174 Ibidem, p.143. 175 CARVALHOSA, op. cit., p.701.

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instituições vinculadas à colocação e à distribuição das debêntures, por meio de alterações nas

cláusulas da escritura de emissão, exige a lei quorum qualificado de deliberação, composto

dos votos correspondentes, no mínimo, a 50% das debêntures em circulação176.

4.9 CÉDULA PIGNORATÍCIA DAS DEBÊNTURES

Cédulas pignoratícias de debêntures são títulos de crédito ao portador ou endossáveis

emitidos por instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central do Brasil e garantidas

pelo penhor de debêntures177. Conferirão esses títulos aos seus proprietários direito de crédito

contra a instituição emitente da cédula, pelo valor nominal e juros neles estipulados.

Esta matéria é regulamentada no artigo 72, das LSA:

Art. 72. As instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central do Brasil a efetuar esse tipo de operação poderão emitir cédulas lastreadas em debêntures, com garantia própria, que conferirão a seus titulares direito de crédito contra o emitente, pelo valor nominal e os juros nela estipulados. Parágrafo 1º. A cédula será nominativa, escritural ou não. Parágrafo 2º. O certificado da cédula conterá as seguintes declarações: a) o nome da instituição financeira emitente e as assinaturas dos seus representantes; b) o número de ordem, o local e a data da emissão; c) a denominação “Cédula de Debêntures”; d) o valor nominal e a data do vencimento; e) os juros, que poderão ser fixos ou variáveis, e as épocas do seu pagamento; f) o lugar do pagamento do principal e dos juros; g) a identificação das debêntures – lastro, do seu valor e da garantia constituída; h) o nome do agente fiduciário dos debenturistas; i) a cláusula de correção monetária, se houver; j) o nome do titular; l) o nome do titular e a declaração de que a cédula é transferível por endosso, se endossável178.

De acordo com Requião179, a utilidade das cédulas reside no fato de que elas

permitirão às instituições financeiras exercer com maior flexibilidade e eficiência a

intermediação entre as companhias e o mercado de capitais. Quando as condições do mercado

não permitirem ou não recomendarem a distribuição de vencimento requerido pela

companhia, a instituição financeira poderá subscrever a emissão, mantendo-a em carteira para

a oportuna distribuição no mercado, e durante esse prazo terá à disposição Cédula

Pignoratícia de Debêntures para captação de recursos financeiros no mercado.

176 Cf. CARVALHOSA, op. cit., p.702. 177 LIMA, op. cit., p.79. 178 BRASIL, op. cit., p.27. 179 REQUIÃO, op. cit., p.91.

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4.10 EMISSÃO DE DEBÊNTURES NO ESTRANGEIRO

A emissão de debêntures no exterior é matéria esclarecida no artigo 73, da LSA,

sendo possível somente por meio da autorização prévia do Banco Central. Essa necessidade

prévia de autorização do Banco Central, conforme Almeida180, possibilitará, no exame de

cada caso, verificar da sua conveniência, tendo em vista as condições de garantia, o prazo de

resgate, a destinação do produto e os naturais reflexos no balanço de pagamento.

A emissão de debêntures no estrangeiro necessita observar ainda os seguintes

requisitos, que não se aplicam às demais debêntures:

I - arquivamento no Registro do Comércio e publicação da ata da assembléia geral que deliberou sobre a emissão; II - inscrição da escritura de emissão no Registro de imóveis do lugar da sede da companhia; III - constituição das garantias reais, se for o caso. Requer, igualmente, a inscrição, mo Registro de Imóveis do local da sede da companhia ou do estabelecimento, dos demais documentos exigidos pelas leis do lugar da emissão, legalizadas pelo Cônsul brasileiro e acompanhados da respectiva tradução em vernáculo, a ser feita por tradutor público juramentado181.

O lançamento de debêntures no exterior, em qualquer caso, somente ensejará a

remessa para fora do País o principal e encargos, o que, na prática, implicará tornar

obrigatória a aplicação de recursos no Brasil. Além disso, a negociação no mercado de

capitais do Brasil de debêntures emitidas no estrangeiro depende de prévia autorização da

comissão de valores mobiliários182.

De acordo com Requião183, está vedada a colheita, pelas companhias estrangeiras

situadas no Brasil, de meios financeiros para objetivos não diretamente ligados aos interesses

nacionais. Em outras palavras, as companhias estrangeiras não poderão desviar recursos

nacionais para investimentos no exterior, a não ser que sejam aplicados em estabelecimentos

situados no território nacional. Com isso, admite-se que as organizações estrangeiras

radicadas no Brasil obtenham investimento no exterior, com garantia de bens aqui situados,

para a aplicação em estabelecimentos sediados no território nacional.

180 Cf. ALMEIDA, op. cit., p.228. 181 ALMEIDA, op. cit., p.228. 182 Cf.ALMEIDA, op. cit., p.229. 183 REQUIÃO, op. cit., p.92.

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4.11 EXTINÇÃO

No que concerne à extinção de debêntures o artigo 74, da LSA, dispõe:

Art.74 - A companhia emissora fará, nos livros próprios, as anotações referentes à extinção das debêntures, e manterá arquivado, pelo prazo de cinco anos, juntamente com os documentos relativos à extinção, os certificados cancelados ou os recibos dos titulares das contas das debêntures escriturais. Parágrafo 1º. Se a emissão tiver agente fiduciário, caberá a este fiscalizar o cancelamento dos certificados. Parágrafo 2º. Os administradores da companhia responderão solidariamente pelas perdas e danos decorrentes da infração do disposto neste artigo184.

Como se observar, é necessário arquivar pelo prazo mínimo de cinco anos, nos livros

próprios da companhia, as anotações relacionadas à extinção de debêntures. Com efeito,

assegura Carvalhosa185, sendo esse prazo legal, durante o qual poderão ser movidas ações

contra a companhia emissora, os seus livros e os documentos referentes à extinção serão

indispensáveis como prova da companhia emissora e dos subscritores.

A sistemática vigente acabou por abolir o sistema anterior para adotar aquele de

declaração nos próprios livros da companhia emissora. Com isso, pela sistemática da lei

societária em vigor, extinguem-se convencionalmente as debêntures: pelo seu vencimento na

data prevista na escritura de emissão, pelo seu resgate antecipado ou amortização e pela

aquisição dos títulos pela própria companhia emissora186.

184 BRASIL, Lei de sociedades anônimas. 4. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1999, p.28. 185 Cf. CARVALHOSA, op. cit., p.726. 186 Idem.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sociedade anônima é um tipo societário caracterizado pela divisão do seu capital

social em ações, espécie de valor mobiliário, na qual os sócios, chamados acionistas,

respondem pelas obrigações sociais até o limite do preço de emissão das ações que possuem.

As leis que regulam a sociedade anônima determinam como obrigatório o fim lucrativo e a

natureza mercantil.

A origem da sociedade anônima não foi determinada com precisão, embora se admita

que o Banco de São Jorge, fundado em Gênova no ano de 1407, foi a organização comercial,

da qual se tem notícia, que instituiu os principais elementos dessa espécie societária. Já no

Brasil, a primeira sociedade anônima foi criada por Portugal no ano de 1649, sob o nome de

Companhia de Comércio do Brasil, e representava uma reação à invasão holandesa em

Pernambuco.

As sociedades anônimas podem ser de duas espécies: aberta e fechada, conforme os

valores mobiliários de sua emissão forem ou não colocados no mercado de valores

mobiliários. Para que uma sociedade anônima seja aberta e possa ter seus valores mobiliários

comercializados na bolsa ou no mercado de balcão, é necessário que ela esteja registrada na

comissão de valores mobiliários (CVM), instituição criada para fiscalizar possíveis desvios

financeiros ilícitos. O mercado de valores mobiliários faz parte do mercado financeiro que

integra também o mercado de capitais.

Para as sociedades anônimas abertas, o mercado de valores mobiliário opera como

um sistema de vasos comunicantes. Nesse tipo restrito de mercado financeiro, as poupanças

populares são captadas para financiar a atividade empresarial das sociedades anônimas, por

intermédio da emissão de documentos pelas companhias anônimas abertas. Exercem um papel

central, nesse tipo de operação, as instituições bancárias de investimento, as corretoras, as

distribuidoras de valores mobiliários, a bolsa de valores e a comissão de valores mobiliários.

Estão excluídas do mercado de valores mobiliários as sociedades anônimas de capital

fechado.

As operações de compra e venda de valores mobiliários emitidos pelas sociedades

anônimas de capital aberto são efetuadas no mercado de capitais. O titular de uma ação de

sociedade anônima pode efetuar sua venda dentro ou fora do mercado de capitais, assim, caso

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conheça alguém disposto a adquirir ações, pode negociar com ele o valor e as condições de

pagamento e os dois chegarem a um acordo, sendo que, dessa maneira, a alienação da ação

ocorre fora do mercado.

Desse modo, a sociedade anônima de capital aberto é caracterizada pela

possibilidade de negociação das ações, permitindo a mobilização de somas representativas no

mercado de capitais, além de restringir a responsabilidade dos acionistas, privando-os de

riscos que, comumente, mantêm distantes os investidores. Por intermédio das sociedades

anônimas, é possível obter somas consideráveis, que, de outra forma, seria praticamente

inviável conseguir. Vale destacar que é definida como sociedade anônima de capital aberto

também aquela que emitiu capital por subscrição privada, e não apenas aquela que emitiu

capital por subscrição pública, tendo, posteriormente, suas ações negociadas no mercado de

valores mobiliários.

O capital social da companhia, seja ela aberta ou fechada, é representado pela parte

em dinheiro ou bens com que se constitui o fundo essencial de uma sociedade. A LSA não

estabeleceu um capital mínimo para a constituição de uma sociedade anônima, contudo, em se

tratando de sociedade de capital aberto, a comissão de valores mobiliários poderá subordinar

o registro ao capital mínimo necessário. O capital social de uma sociedade anônima pode ser

aumentado, reduzido ou mantido em reserva.

A sociedade anônima também tem órgãos sociais, os quais compreendem os órgãos

responsáveis pela administração dela, em seus diferentes aspectos. São quatro os principais

órgãos da sociedade anônima: a assembléia geral, o conselho de administração, a diretoria e o

conselho fiscal. Além deles, o estatuto poderá ainda determinar a existência de órgãos

técnicos de assessoramento ou de execução.

No que concerne às debêntures, são títulos que conferem direito de crédito contra a

companhia que pode efetuar várias emissões de debêntures, dividindo-as em séries e com a

aprovação da assembléia geral, sendo que cada série prescreve os mesmos direitos e cada

debênture da mesma série necessita ter o mesmo valor nominal.

As debêntures podem ser de quatro espécies, de acordo com a garantia oferecida aos

seus titulares, que pode ser a garantia real (um bem é onerado), a garantia flutuante (confere

aos debenturistas um privilégio geral sobre o ativo da companhia), a quirografária (o titular

concorre com os demais credores sem garantia, na massa falida) e a subordinada (o titular tem

preferência apenas sobre os acionistas, em caso de falência).

As debêntures também podem ser resgatáveis e conversíveis em ações. O resgate das

debêntures poderá ser realizado somente se forem fixados, na escritura de emissão e no

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certificado, as condições e os critérios de definição do valor do resgate. No que diz respeito à

conversão de debêntures em ações, ela também depende de cláusula escriturária, isto é, a

escritura de emissão deve determinar o momento em que o debenturista poderá exercer o

direito à conversão, a espécie e a classe da ação em que elas são conversíveis e demais

condições do ato.

A Lei 10.303, de 31 de outubro de 2001, introduziu certas modificações em alguns

artigos que tratam das debêntures nas sociedades anônimas de capital aberto. Os artigos que

sofreram modificações em sua redação foram os seguintes: 52, 54, 59, 62, 63, 68, Lei das

Sociedades Anônimas.

O artigo 54, em seu parágrafo único, determinava que a debênture poderia conter

cláusula de correção monetária, aos mesmos coeficientes fixados para a correção dos títulos

da dívida pública, ou com base na variação de taxa cambial. Entretanto, com a alteração

inaugurada pela Lei 10.303/01, foram introduzidos, além dos coeficientes fixados para a

correção dos títulos da dívida pública e a base na variação da taxa cambial, “outr os

referenciais não expressamente vedados em lei” (§1º, art. 54, LSA). Além disso, foi acrescido

um segundo parágrafo a esse artigo, o qual estabelece que: “a escritura de debênture poderá

assegurar ao debenturista a opção de escolher receber o pagamento do principal e acessório,

quando do vencimento, amortização ou resgate, em moeda ou em bens avaliados nos termos

do art. 8” (§2º, art. 54, LSA).

A redação do artigo 59, que trata da competência da assembléia geral da sociedade

anônima de capital aberto para deliberar sobre a emissão de debêntures, foi modificada no

§1º. Antes da modificação, na redação anterior, constava que, na companhia aberta, a

assembléia geral poderia delegar ao conselho de administração a deliberação sobre as

condições de que tratam os números VI a VIII do artigo em questão e sobre a oportunidade de

emissão. A nova redação propiciou ao conselho de administração a possibilidade de decidir

acerca de emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações e sem garantia real, sem

que seja preciso da delegação para tal por parte da assembléia geral, ficando assim redigido o

§1º do artigo 59 da LSA, no que se refere à companhia aberta: “o conselho de administração

poderá deliberar sobre a emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações e sem

garantia real, e a assembléia geral pode delegar ao conselho de administração a deliberação

sobre as condições de que tratam os incisos VI a VIII desse art. e sobre a oportunidade da

emissão”.

Em virtude dessa modificação, acrescentou-se, no inciso I, do artigo 62, da LSA, que

a emissão de debêntures não pode ser realizada sem que seja efetuado o “arquivamento, no

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registro do comércio, e publicação da ata da assembléia geral, ou do conselho de

administração, que deliberou sobre a emissão” (grifos nossos). Já o inciso II, desse mesmo

artigo, que anteriormente determinava a inscrição da escritura de emissão no registro de

imóveis do lugar da sede da companhia, passou a determinar, com as modificações

introduzidas pela Lei 10.303/01, que a inscrição da escritura de emissão deverá ser efetuada

no registro do comércio. Também o §4º, do artigo em comento, foi modificado: “os registros

do comércio manterão livro especial para inscrição das emissões de debêntures, no qual serão

anotadas as condições essenciais de cada emissão”. Antes estava prescrito que os registros de

imóveis deveriam manter o livro especial para inscrição de emissões de debêntures.

O artigo 63, que determina que as debêntures podem ser ao portador ou endossáveis,

aplicando-se, para tanto, o disposto nas Seções V e VII do Capítulo III, eliminou o §1º,

passando o §2º para lugar dele. No lugar do antigo §2º, ficou estipulado que: “a escritura de

emissão pode estabelecer que as debêntures sejam mantidas em contas de custódia, em nome

de seus titulares, na instituição que designar, sem emissão de certificados, aplicando-se, no

que couber, o disposto no art. 41” (§2º, art. 63, LSA).

Por fim, no que concerne às debêntures, o último artigo que sofreu modificações foi

o artigo 68, na alínea c, do §1º: “notificar os debenturistas, no prazo máximo de 60 (sessenta)

dias, de qualquer inadimplemento, pela companhia, de obrigações assumidas na escritura da

emissão”. Esse prazo, na redação da antiga lei compreendia 90 (noventa) dias, tendo sido,

com nova lei, reduzido para 60 (sessenta).

Em suma, como se observar, várias foram as alterações estabelecidas com a entrada

em vigor da Lei 10.303, de 31 de outubro de 2001, no que tange às debêntures das sociedades

anônimas de capital aberto. O objetivo do legislador, ao estabelecer tais modificações,

certamente foi adequar esse importante valor mobiliário à realidade atual dos negócios

desenvolvidos pela sociedade anônima.

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REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. 19. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1993. v.2. VALVERDE, Trajano de Miranda. Sociedades por Ações. Rio de Janeiro: Forense, 1941. v.1.

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ANEXOS 01 – Modelo de Cautela de Ações 02 – Modelo de Debêntures 03 – Modelo de Debêntures Conversíveis em Ações 04 – Fluxograma do Processo de Emissão de Debêntures 05 – >http.//www.slw.com.br/principal/debentures/conteudo/leis.html>acesso em 11.06.2004

06 – Lei 6.404, de 15/12/1976 (LSA) 07 – Lei 9.457, de 05/05/1997 08 – Lei 10.303, de 31/10/2001

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Debêntures > Processo de Emissão

http://www.debentures.com.br/>acesso em 21.06.2004

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L egis lação s obr e Debênt ur es

BCVM - Decisão Conjunta Bacen-CVM; CCBC- Car ta Circular do Banco Central; CBC - Circular do Banco Centr al; CVM- I ns tr ução daComis s ão de Valores Mobiliár ios ; DCVM - Deliber ação CVM; OCCVM - Ofício Cir cular da CVM; RBCB - Resolução do Banco Central do Br as il ; RCMN - Resolução do Conselho Monetár io Nacional L E I 6 .4 0 4 - 1 5 / 1 2 / 7 6 Es tabelece as caracter ís ticas das debêntures tais como emis s ões e sér ies , valor nominal, vencimento, amortização e resgate, j uros e outros direitos , convers ibilidade em ações , espécies , cr iação e emis são, limites de emis s ão, es cr itura, regis tro, forma, propr iedade, circulação e ônus , cer tificados , títulos múltiplos , agente fiduciár io, as sembléia de debentur is tas , cédula pignoratícia de debêntures , emis são de debêntures no es trangeiro e extinção. CVM 1 3 - 3 0 / 0 9 / 8 0 Dispõe s obre aumento de capital por s ubs cr ição de ações e regis tro de dis tr ibuição e ações e debêntures mediante s ubscr ição pública. CVM 2 8 - 2 3 / 1 1 / 8 3 Dispõe s obre o exercício da função de agente fiduciár io no que s e refere à nomeação, s ubs tituição, requis itos , incompatibilidades e res tr ições , remuneração e deveres . CVM 123 - 12/06/90 - Altera I ns trução CVM nº 28/83. R es olução 1 5 1 7 - 2 1 / 0 9 / 8 8 O BANCO CENT RAL DO BRAS I L, na forma do ar tigo 9. da Lei n. 4.595, de 31.12.64, torna público que o CONS ELHO MONET ÁRI O NACI ONAL, em s es s ão realizada nes ta data, tendo em vis ta o dispos to no ar tigo 4., inciso VI , da mencionada Lei, e no ar tigo 3., incisos I e I I , da Lei n. 6.385, de 07.12.76 I ns t r ução 0 8 8 CVM - 0 3 / 1 1 / 8 8 Dispõe s obre DI S T RI BUI COES S ECUNDARI AS de valores Mobiliar ios e venda de s obras de ACOES NAO s ubscr itas durante o prazo de preferencias na S UBS CRI CAO par ticular de companhia aber ta, s uj eitas a previo regis tro na CVM. (Publicada DOU 01.12.88 - Pg. 23317 a 23322 - Retificada DOU 05.12.88 - Pg. 23593). NOT A EXPLI CAT I VA ( NAO publicada; a dis pos icao na CVM, no 30" andar). Ver I NS T RUCOES CVM Nos . 143/91, 155/91, 183/92 e 195/92); Decreto Nº 57663/66; e Resolucao CMN Nº 1723/90. I ns t r ução 0 8 9 CVM - 0 8 / 1 1 / 8 8 Dispõe s obre a autor izacao para pres tacao de servicos de ACOES ES CRI T URAI S , de CUS T ODI A de valores Mobiliar ios e de agente emis s or de cer tificados . (Publicada DOU 05.12.88 - Pg. 23592 e 23593). Ver Leis Nos . 6.385/76 e 6.404/76.Ver I NS T RUÇÃO CVM Nº 212/94, que altera o ar tigo 21 des ta I NS T RUÇÃO. R CMN 1 8 2 5 - 2 8 / 0 5 / 9 1 Es tabelece prazo mínimo de 60 dias e máximo equivalente ao das debêntures empenhadas para emis são de cédulas pignoratícias , com valor limite equivalente a 90% do valor de face das debêntures . CB C 1 9 6 7 - 2 8 / 0 5 / 9 1 Autor iza bancos múltiplos com carteira comercial, de inves timento ou de des envolvimento, bancos comerciais , de inves timento e desenvolvimento a emitirem cédulas pignoratícias de debêntures .

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Autor iza bancos múltiplos com carteira comercial, de inves timento ou de des envolvimento, bancos comerciais , de inves timento e desenvolvimento a emitirem cédulas pignoratícias de debêntures . CVM 2 0 2 - 0 6 / 0 2 / 9 3 Dispõe s obre o regis tro de companhia para negociação de s eus valores mobiliár ios em Bolsas de Valores ou no mercado de balcão, nomeação de diretor de relações com o mercado, documentação neces s ár ia à obtenção do regis tro, exame e atualização do regis tro, informações per iódicas e eventuais .CVM 238 - 11/10/95 - Altera o ar t. 19 da I ns trução CVM nº 202/93. CVM 245 - 01/03/96 - Altera I ns trução CVM nº 202/93. I ns t r ução 2 6 1 CVM - 2 5 / 0 4 / 9 7 Altera o dis pos to no ar tigo 21 da I NS T RUÇÃO CVM Nº 89, de 08.11.88, que Dispõe s obre a autor izacao para pres tacao de servicos de ACOES escr iturais , de cus todia de valores mobiliar ios e de agente emis sor de cer tificados . (Publicada no DOU de 02.05.97 - pg 8819 - S ecao I ) ALT ERA A I NS T RUÇÃO CVM Nº 212/94. CVM 3 0 8 - 1 4 / 0 5 / 9 9 Dispões sobre o regis tro e atividade de auditor ia independente no âmbito do mercado de valores mobiliár ios ; define deveres e as responsabilidades dos adminis tradores das entidades auditadas no realcionamento com os auditores independentes . B CVM 7 - 2 3 / 0 9 / 9 9 Dispõe s obre as condições de remuneração das debêntures . R B CB 2 6 7 5 - 2 1 / 1 2 / 9 9 T rata de operações compromis sadas , inclus ive com debêntures . R B CB 2 6 8 9 - 2 6 / 0 1 / 0 0 Dispõe s obre aplicações de inves tidor não res idente nos mercados financeiro e de capitais . CVM 3 2 5 - 2 7 / 0 1 / 0 0 Dispõe s obre o regis tro, na Comis s ão de Valores Mobiliár ios , de inves tidor não res idente no País , de que trata a Resolução CMN Nº 2.689, de 26 de j aneiro de 2000, e dá outras providências . CVM 3 4 4 - 1 7 / 0 8 / 0 0 Disciplina a negociação s imultânea de valores mobiliár ios emitidos pela companhia R B CB 2 8 2 9 - 3 0 / 0 3 / 0 1 Aprova regulamento es tabelecendo as diretr izes per tinentes a aplicação dos recursos das entidades fechadas de previdência pr ivada. CVM 4 0 0 - 2 9 / 1 2 / 0 3 Dispõe s obre as ofer tas públicas de dis tr ibuição de valores mobiliár ios , nos mercados pr imár io ou secundár io, e revoga a I ns trução CVM nº 13, de 30 de s etembro de 1980, e a I ns trução CVM nº 88, de 3 de novembro de 1988.

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CÓDI GO AU T O R E GU L AÇÃO ANB I D Capítulo I - Propós ito e Abrangência - Ar tigo Pr imeiro – O pres ente Código de Auto-Regulação da As sociação Nacional dos Bancos de I nves timento (" ANBI D" ) para as operações de colocação e dis tr ibuição pública de títulos e valores mobiliár ios no Bras il (" Código de Auto-Regulação" ) s e aplicará, automaticamente, às ins tituições fil iadas à ANBI D e às demais ins tituições que ader irem às suas regras de conduta (" I ns tituições Par ticipantes " ).. .

BCVM - Decisão Conjunta Bacen-CVM; CCBC- Car ta Circular do Banco Centr al; CBC - Circular do Banco Centr al; CVM- I ns tr ução daComis s ão de Valores Mobiliár ios ; DCVM - Deliberação CVM; OCCVM - Ofício Cir cular da CVM; RBCB - Resolução do Banco Central do Br as il ; RCMN - Resolução do Conselho Monetár io Nacional

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Presidência da República Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 6.404, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1976.

Vide texto Atualizado Dispõe sobre as Sociedades por Ações.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

Características e Natureza da Companhia ou Sociedade Anônima Características

Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.

Objeto Social

Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes.

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§ 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio.

§ 2º O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo.

§ 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.

Denominação

Art. 3º A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final.

§ 1º O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha concorrido para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação.

§ 2º Se a denominação for idêntica ou semelhante a de companhia já existente, assistirá à prejudicada o direito de requerer a modificação, por via administrativa (artigo 97) ou em juízo, e demandar as perdas e danos resultantes.

Companhia Aberta e Fechada

Art. 4º Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos a negociação em bolsa ou no mercado de balcão.

Parágrafo único. Somente os valores mobiliários de companhia registrada na Comissão de Valores Mobiliários podem ser distribuídos no mercado e negociados em bolsa ou no mercado de balcão.

CAPÍTULO II

Capital Social

SEÇÃO I

Valor

Fixação no Estatuto e Moeda

Art. 5º O estatuto da companhia fixará o valor do capital social, expresso em moeda nacional.

Parágrafo único. A expressão monetária do valor do capital social realizado será corrigida anualmente (artigo 167).

Alteração

Art. 6º O capital social somente poderá ser modificado com observância dos preceitos desta Lei e do estatuto social (artigos 166 a 174).

SEÇÃO II

Formação

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Dinheiro e Bens

Art. 7º O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.

Avaliação

Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos ou por empresa especializada, nomeados em assembléia-geral dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida por um dos fundadores, instalando-se em primeira convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo menos, do capital social, e em segunda

convocação com qualquer número.

§ 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de comparação adotados e instruído com os documentos relativos aos bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que lhes forem solicitadas.

§ 2º Se o subscritor aceitar o valor aprovado pela assembléia, os bens incorporar-se-ão ao patrimônio da companhia, competindo aos primeiros diretores cumprir as formalidades necessárias à respectiva transmissão.

§ 3º Se a assembléia não aprovar a avaliação, ou o subscritor não aceitar a avaliação aprovada, ficará sem efeito o projeto de constituição da companhia.

§ 4º Os bens não poderão ser incorporados ao patrimônio da companhia por valor acima do que lhes tiver dado o subscritor.

§ 5º Aplica-se à assembléia referida neste artigo o disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 115.

§ 6º Os avaliadores e o subscritor responderão perante a companhia, os acionistas e terceiros, pelos danos que lhes causarem por culpa ou dolo na avaliação dos bens, semprejuízo da responsabilidade penal em que tenham incorrido; no caso de bens em condomínio, a responsabilidade dos subscritores é solidária.

Transferência dos Bens

Art. 9º Na falta de declaração expressa em contrário, os bens transferem-se à companhia a título de propriedade.

Responsabilidade do Subscritor

Art. 10. A responsabilidade civil dos subscritores ou acionistas que contribuírem com bens para a formação do capital social será idêntica à do vendedor.

Parágrafo único. Quando a entrada consistir em crédito, o subscritor ou acionista responderá pela solvência do devedor.

CAPÍTULO III

Ações

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SEÇÃO I

Número e Valor Nominal

Fixação no Estatuto

Art. 11. O estatuto fixará o número das ações em que se divide o capital social e estabelecerá se as ações terão, ou não, valor nominal.

§ 1º Na companhia com ações sem valor nominal, o estatuto poderá criar uma ou mais classes de ações preferenciais com valor nominal.

§ 2º O valor nominal será o mesmo para todas as ações da companhia.

§ 3º O valor nominal das ações de companhia aberta não poderá ser inferior ao mínimo fixado pela Comissão de Valores Mobiliários.

Alteração

Art. 12. O número e o valor nominal das ações somente poderão ser alterados nos casos de modificação do valor do capital social ou da sua expressão monetária, de desdobramento ou grupamento de ações, ou de cancelamento de ações autorizado nesta Lei.

SEÇÃO II

Preço de Emissão

Ações com Valor Nominal

Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal.

§ 1º A infração do disposto neste artigo importará nulidade do ato ou operação e responsabilidade dos infratores, sem prejuízo da ação penal que no caso couber.

§ 2º A contribuição do subscritor que ultrapassar o valor nominal constituirá reserva de capital (artigo 182, § 1º).

Ações sem Valor Nominal

Art. 14. O preço de emissão das ações sem valor nominal será fixado, na constituição da companhia, pelos fundadores, e no aumento de capital, pela assembléia-geral ou pelo conselho de administração (artigos 166 e 170, § 2º).

Parágrafo único. O preço de emissão pode ser fixado com parte destinada à formação de reserva de capital; na emissão de ações preferenciais com prioridade no reembolso do capital, somente a parcela que ultrapassar o valor de reembolso poderá ter essa destinação.

SEÇÃO III

Espécies e Classes

Espécies

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Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição.

§ 1º As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferenciais da companhia aberta e fechada poderão ser de uma ou mais classes.

§ 2º O número de ações preferenciais sem direito a voto ou sujeitas a restrições no exercício desse direito, não pode ultrapassar 2/3 (dois terços) do total das ações emitidas.

Ações Ordinárias

Art. 16. As ações ordinárias de companhia fechada poderão ser de classes diversas, em função de:

I - forma ou conversibilidade de uma forma em outra;

II - conversibilidade em ações preferenciais;

III - exigência de nacionalidade brasileira do acionista; ou

IV - direito de voto em separado para o preenchimento de determinados cargos de órgãos administrativos.

Parágrafo único. A alteração do estatuto na parte em que regula a diversidade de classes, se não for expressamente prevista, e regulada, requererá a concordância de todos os titulares das ações atingidas.

Ações Preferenciais

Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir:

I - em prioridade na distribuição de dividendos;

II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele;

III - na acumulação das vantagens acima enumeradas.

§ 1º Os dividendos, ainda que fixos ou cumulativos, não poderão ser distribuídos em prejuízo do capital social, salvo quando, em caso de liquidação da companhia, essa vantagem tiver sido expressamente assegurada.

§ 2º Salvo disposição em contrário do estatuto, o dividendo prioritário não é cumulativo, a ação com dividendo fixo não participa dos lucros remanescentes e a ação com dividendo mínimo participa dos lucros distribuídos em igualdade de condições com as ordinárias, depois de a estas assegurado dividendo igual ao mínimo.

§ 3º O dividendo fixo ou mínimo e o prêmio de reembolso estipulados em determinada importância em moeda, ficarão sujeitos à correção monetária anual, por ocasião da assembléia-geral ordinária, aos mesmos coeficientes adotados na correção do capital social, desprezadas as frações de centavo.

§ 4º O estatuto não pode excluir ou restringir o direito das ações preferenciais de participar dos aumentos de capital decorrentes de correção monetária (artigo 167) e de capitalização de reservas e lucros (artigo 169).

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§ 5º O estatuto pode conferir às ações preferenciais, com prioridade na distribuição de dividendo cumulativo, o direito de recebê-lo, no exercício em que o lucro for insuficiente, à conta das reservas de capital de que trata o § 1º do artigo 182.

§ 6º O pagamento de dividendo fixo ou mínimo às ações preferenciais não pode resultar em que, da incorporação do lucro remanescente ao capital social da companhia, a participação do acionista residente ou domiciliado no exterior nesse capital, registrada no Banco Central do Brasil, aumente em proporção maior do que a do acionista residente ou domiciliado no Brasil.

Vantagens Políticas

Art. 18. O estatuto pode assegurar a uma ou mais classes de ações preferenciais o direito de eleger, em votação em separado, um ou mais membros dos órgãos de administração.

Parágrafo único. O estatuto pode subordinar as alterações estatutárias que especificar à aprovação, em assembléia especial, dos titulares de uma ou mais classes de ações preferenciais.

Regulação no Estatuto

Art. 19. O estatuto da companhia com ações preferenciais declarará as vantagens ou preferências atribuídas a cada classe dessas ações e as restrições a que ficarão sujeitas, e poderá prever o resgate ou a amortização, a conversão de ações de uma classe em ações de outra e em ações ordinárias, e destas em preferenciais, fixando as respectivas condições.

SEÇÃO IV

Forma

Art. 20. As ações podem ser nominativas, endossáveis ou ao portador.

Ações Não-Integralizadas

Art. 21. Além dos casos regulados em lei especial, as ações terão obrigatoriamente forma nominativa ou endossável até o integral pagamento do preço de emissão.

Determinação no Estatuto

Art. 22. O estatuto determinará a forma das ações e a conversibilidade de uma em outra forma.

Parágrafo único. As ações ordinárias da companhia aberta e ao menos uma das classes de ações ordinárias da companhia fechada, quando tiverem a forma ao portador, serão obrigatoriamente conversíveis, à vontade do acionista, em nominativas endossáveis.

SEÇÃO V

Certificados

Emissão

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Art. 23. A emissão de certificado de ação somente será permitida depois de cumpridas as formalidades necessárias ao funcionamento legal da companhia.

§ 1º A infração do disposto neste artigo importa nulidade do certificado e responsabilidade dos infratores.

§ 2º Os certificados das ações, cujas entradas não consistirem em dinheiro, só poderão ser emitidos depois de cumpridas as formalidades necessárias à transmissão de bens, ou de realizados os créditos.

§ 3º A companhia poderá cobrar o custo da substituição dos certificados, quando pedida pelo acionista.

Requisitos

Art. 24. Os certificados das ações serão escritos em vernáculo e conterão as seguintes declarações:

I - denominação da companhia, sua sede e prazo de duração;

II - o valor do capital social, a data do ato que o tiver fixado, o número de ações em que se divide e o valor nominal das ações, ou a declaração de que não têm valor nominal;

III - nas companhias com capital autorizado, o limite da autorização, em número de ações ou valor do capital social;

IV - o número de ações ordinárias e preferenciais das diversas classes, se houver, as vantagens ou preferências conferidas a cada classe e as limitações ou restrições a que as ações estiverem sujeitas;

V - o número de ordem do certificado e da ação, e a espécie e classe a que pertence;

VI - os direitos conferidos às partes beneficiárias, se houver;

VII - a época e o lugar da reunião da assembléia-geral ordinária;

VIII - a data da constituição da companhia e do arquivamento e publicação de seus atos constitutivos;

IX - o nome do acionista ou a cláusula ao portador;

X - a declaração de sua transferibilidade mediante endosso, se endossável;

XI - o débito do acionista e a época e lugar de seu pagamento, se a ação não estiver integralizada;

XII - a data da emissão do certificado e as assinaturas de 2 (dois) diretores, ou do agente emissor de certificados (artigo 27).

§ 1º A omissão de qualquer dessas declarações dá ao acionista direito à indenização por perdas e danos contra a companhia e os diretores na gestão dos quais os certificados tenham sido emitidos.

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§ 2º Os certificados de ações de companhias abertas podem ser assinados por 2 (dois) mandatários com poderes especiais, cujas procurações, juntamente com o exemplar das assinaturas, tenham sido previamente depositadas na bolsa de valores em que a companhia tiver as ações negociadas, ou autenticadas com chancela mecânica, observadas as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários.

Títulos Múltiplos e Cautelas

Art. 25. A companhia poderá, satisfeitos os requisitos do artigo 24, emitir certificados de múltiplos de ações e, provisoriamente, cautelas que as representam.

Parágrafo único. Os títulos múltiplos das companhias abertas obedecerão à padronização de número de ações fixada pela Comissão de Valores Mobiliários.

Cupões

Art. 26. Aos certificados das ações ao portador podem ser anexados cupões relativos a dividendos ou outros direitos.

Parágrafo único. Os cupões conterão a denominação da companhia, a indicação do lugar da sede, o número de ordem do certificado, a classe da ação e o número de ordem do cupão.

Agente Emissor de Certificados

Art. 27. A companhia pode contratar a escrituração e a guarda dos livros de registro e transferência de ações e a emissão dos certificados com instituição financeira autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários a manter esse serviço.

§ 1º Contratado o serviço, somente o agente emissor poderá praticar os atos relativos aos registros e emitir certificados.

§ 2º O nome do agente emissor constará das publicações e ofertas públicas de valores mobiliários feitas pela companhia.

§ 3º Os certificados de ações emitidos pelo agente emissor da companhia deverão ser numerados seguidamente, mas a numeração das ações será facultativa.

SEÇÃO VI

Propriedade e Circulação

Indivisibilidade

Art. 28. A ação é indivisível em relação à companhia.

Parágrafo único. Quando a ação pertencer a mais de uma pessoa, os direitos por ela conferidos serão exercidos pelo representante do condomínio.

Negociabilidade

Art. 29. As ações da companhia aberta somente poderão ser negociadas depois de realizados 30% (trinta por cento) do preço de emissão.

Parágrafo único. A infração do disposto neste artigo importa na nulidade do ato.

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Negociação com as Próprias Ações

Art. 30. A companhia não poderá negociar com as próprias ações.

§ 1º Nessa proibição não se compreendem:

a) as operações de resgate, reembolso ou amortização previstas em lei;

b) a aquisição, para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde que até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital social, ou por doação;

c) a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea b e mantidas em tesouraria;

d) a compra quando, resolvida a redução do capital mediante restituição, em dinheiro, de parte do valor das ações, o preço destas em bolsa for inferior ou igual à importância que deve ser restituída.

§ 2º A aquisição das próprias ações pela companhia aberta obedecerá, sob pena de nulidade, às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, que poderá subordiná-la à prévia autorização em cada caso.

§ 3º A companhia não poderá receber em garantia as próprias ações, salvo para assegurar a gestão dos seus administradores.

§ 4º As ações adquiridas nos termos da alínea b do § 1º, enquanto mantidas em tesouraria, não terão direito a dividendo nem a voto.

§ 5º No caso da alínea d do § 1º, as ações adquiridas serão retiradas definitivamente de circulação.

Ações Nominativas

Art. 31. A propriedade das ações nominativas presume-se pela inscrição do nome do acionista no livro de "Registro das Ações Nominativas".

§ 1º A transferência das ações nominativas opera-se por termo lavrado no livro de "Transferência de Ações Nominativas", datado e assinado pelo cedente e pelo cessionário, ou seus legítimos representantes.

§ 2º A transferência das ações nominativas em virtude de transmissão por sucessão universal ou legado, de arrematação, adjudicação ou outro ato judicial, ou por qualquer outro título, somente se fará mediante averbação no livro de "Registro de Ações Nominativas", à vista de documento hábil, que ficará em poder da companhia.

§ 3º Na transferência das ações nominativas adquiridas em bolsa de valores, o cessionário será representado, independentemente de instrumento de procuração, pela sociedade corretora, ou pela caixa de liquidação da bolsa de valores.

Ações Endossáveis

Art. 32. A propriedade das ações endossáveis presume-se pela posse do título com base em série regular de endossos, mas o exercício de direitos perante a companhia requer a averbação do nome do acionista no livro "Registro de Ações Endossáveis" e no certificado (§ 2º).

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§ 1º A transferência das ações endossáveis opera-se:

a) no caso de ação integralizada, mediante endosso no certificado, em preto ou em branco, datado e assinado pelo proprietário da ação ou por mandatário especial;

b) no caso de ação não-integralizada, mediante endosso em preto e assinatura do endossatário no certificado;

c) independentemente de endosso, pela averbação, efetuada pela companhia, do nome do adquirente no livro de registro e no certificado, ou pela emissão de novo certificado em nome do adquirente.

§ 2º A transferência mediante endosso não terá eficácia perante a companhia enquanto não for averbada no livro de registro e no próprio certificado, mas o endossatário que demonstrar ser possuidor do título com base em série regular de endossos tem direito de obter a averbação da transferência, ou a emissão de novo certificado em seu nome.

§ 3º Nos casos da alínea c do § 1º, o adquirente que pedir averbação da transferência ou a emissão de novo certificado em seu nome deverá apresentar à companhia o certificado da ação e o instrumento de aquisição, que ela arquivará.

§ 4º Presume-se autêntica a assinatura do endossante se atestada por oficial público, sociedade corretora de valores, estabelecimento bancário ou pela própria companhia.

§ 5º Aplicam-se, no que couber, ao endosso da ação, as normas que regulam o endosso de títulos cambiários.

Ações ao Portador

Art. 33. O detentor presume-se proprietário das ações ao portador.

Parágrafo único. A transferência das ações ao portador opera-se por tradição.

Ações Escriturais

Art. 34. O estatuto da companhia pode autorizar ou estabelecer que todas as ações da companhia, ou uma ou mais classes delas, sejam mantidas em contas de depósito, em nome de seus titulares, na instituição que designar, sem emissão de certificados.

§ 1º No caso de alteração estatutária, a conversão em ação escritural depende da apresentação e do cancelamento do respectivo certificado em circulação.

§ 2º Somente as instituições financeiras autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários podem manter serviços de ações escriturais.

§ 3º A companhia responde pelas perdas e danos causados aos interessados por erros ou irregularidades no serviço de ações escriturais, sem prejuízo do eventual direito de regresso contra a instituição depositária.

Art. 35. A propriedade da ação escritural presume-se pelo registro na conta de depósito das ações, aberta em nome do acionista nos livros da instituição depositária.

§ 1º A transferência da ação escritural opera-se pelo lançamento efetuado pela instituição depositária em seus livros, a débito da conta de ações do alienante e a

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crédito da conta de ações do adquirente, à vista de ordem escrita do alienante, ou de autorização ou ordem judicial, em documento hábil que ficará em poder da instituição.

§ 2º A instituição depositária fornecerá ao acionista extrato da conta de depósito das ações escriturais, sempre que solicitado, ao término de todo mês em que for movimentada e, ainda que não haja movimentação, ao menos uma vez por ano.

§ 3º O estatuto pode autorizar a instituição depositária a cobrar do acionista o custo do serviço de transferência da propriedade das ações escriturais, observados os limites máximos fixados pela Comissão de Valores Mobiliários.

Limitações à Circulação

Art. 36. O estatuto da companhia fechada pode impor limitações à circulação das ações nominativas, contanto que regule minuciosamente tais limitações e não impeça a negociação, nem sujeite o acionista ao arbítrio dos órgãos de administração da companhia ou da maioria dos acionistas.

Parágrafo único. A limitação à circulação criada por alteração estatutária somente se aplicará às ações cujos titulares com ela expressamente concordarem, mediante pedido de averbação no livro de "Registro de Ações Nominativas".

Suspensão dos Serviços de Certificados

Art. 37. A companhia aberta pode, mediante comunicação às bolsas de valores em que suas ações forem negociadas e publicação de anúncio, suspender, por períodos que não ultrapassem, cada um, 15 (quinze) dias, nem o total de 90 (noventa) dias durante o ano, os serviços de transferência, conversão e desdobramento de certificados.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não prejudicará o registro da transferência das ações negociadas em bolsa anteriormente ao início do período de suspensão.

Perda ou Extravio

Art. 38. O titular de certificado perdido ou extraviado de ação ao portador ou endossável poderá, justificando a propriedade e a perda ou extravio, promover, na forma da lei processual, o procedimento de anulação e substituição para obter a expedição de novo certificado.

§ 1º Somente será admitida a anulação e substituição de certificado ao portador ou endossado em branco à vista da prova, produzida pelo titular, da destruição ou inutilização do certificado a ser substituído.

§ 2º Até que o certificado seja recuperado ou substituído, as transferências poderão ser averbadas sob condição, cabendo à companhia exigir do titular, para satisfazer dividendo e demais direitos, garantia idônea de sua eventual restituição.

SEÇÃO VII

Constituição de Direitos Reais e Outros Ônus Penhor

Art. 39. O penhor ou caução de ações se constitui:

I - se nominativas, pela averbação do respectivo instrumento no livro de "Registro de Ações Nominativas";

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II - se endossáveis, mediante endosso pignoratício que, a pedido do credor endossatário ou do proprietário da ação, a companhia averbará no livro de "Registro de Ações Endossáveis";

III - se ao portador, pela tradição.

§ 1º O penhor da ação escritural se constitui pela averbação do respectivo instrumento nos livros da instituição financeira, a qual será anotada no extrato da conta de depósito fornecido ao acionista.

§ 2º Em qualquer caso, a companhia, ou a instituição financeira, tem o direito de exigir, para seu arquivo, um exemplar do instrumento de penhor.

Outros Direitos e Ônus

Art. 40. O usufruto, o fideicomisso, a alienação fiduciária em garantia e quaisquer cláusulas ou ônus que gravarem a ação deverão ser averbados:

I - se nominativa, no livro de "Registro de Ações Nominativas";

II - se endossável, no livro de "Registro de Ações Endossáveis" e no certificado da ação;

III - se escritural, nos livros da instituição financeira, que os anotará no extrato da conta de depósito fornecido ao acionista.

Parágrafo único. Mediante averbação nos termos deste artigo, a promessa de venda da ação e o direito de preferência à sua aquisição são oponíveis a terceiros.

SEÇÃO VIII

Custódia de Ações Fungíveis

Art. 41. A instituição financeira autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários a prestar serviços de custódia de ações fungíveis pode contratar custódia em que as ações de cada espécie, classe e companhia sejam recebidas em depósito como valores fungíveis.

Parágrafo único. A instituição não pode dispor das ações e fica obrigada a devolver ao depositante a quantidade de ações recebidas, com as modificações resultantes de alterações no capital social ou no número de ações da companhia emissora, independentemente do número de ordem das ações ou dos certificados recebidos em depósito.

Representação e Responsabilidade

Art. 42. A instituição financeira representa, perante a companhia, os titulares das ações recebidas em custódia nos termos do artigo 41, para receber dividendos e ações bonificadas e exercer direito de preferência para subscrição de ações.

§ 1º Sempre que houver distribuição de dividendos ou bonificação de ações e, em qualquer caso, ao menos uma vez por ano, a instituição financeira fornecerá à companhia a lista dos depositantes de ações nominativas e endossáveis recebidas nos termos deste artigo, assim como a quantidade das ações de cada um.

§ 2º O depositante pode, a qualquer tempo, extinguir a custódia e pedir a devolução dos certificados de suas ações.

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§ 3º A companhia não responde perante o acionista nem terceiros pelos atos da instituição depositária das ações.

SEÇÃO IX

Certificado de Depósito de Ações

Art. 43. A instituição financeira autorizada a funcionar como agente emissor de certificados (artigo 27) poderá emitir título representativo das ações endossáveis ou ao portador que receber em depósito, do qual constarão:

I - o local e a data da emissão;

II - o nome da instituição emitente e as assinaturas de seus representantes;

III - a denominação "Certificado de Depósito de Ações";

IV - a especificação das ações depositadas;

V - a declaração de que as ações depositadas, seus rendimentos e o valor recebido nos casos de resgate ou amortização somente serão entregues ao titular do certificado de depósito, contra apresentação deste;

VI - o nome e a qualificação do depositante;

VII - o preço do depósito cobrado pelo banco, se devido na entrega das ações depositadas;

VIII - o lugar da entrega do objeto do depósito.

§ 1º A instituição financeira responde pela origem e autenticidade dos certificados das ações depositadas.

§ 2º Emitido o certificado de depósito, as ações depositadas, seus rendimentos, o valor de resgate ou de amortização não poderão ser objeto de penhora, arresto, seqüestro, busca ou apreensão, ou qualquer outro embaraço que impeça sua entrega ao titular do certificado, mas este poderá ser objeto de penhora ou de qualquer medida cautelar por obrigação do seu titular.

§ 3º O certificado de depósito de ações poderá ser transferido mediante endosso em preto ou em branco, assinado pelo seu titular, ou por mandatário com poderes especiais.

§ 4º Os certificados de depósito de ações poderão, a pedido do seu titular, e por sua conta, ser desdobrados ou grupados.

§ 5º Aplicam-se ao endosso do certificado, no que couber, as normas que regulam o endosso de títulos cambiários.

SEÇÃO X

Resgate, Amortização e Reembolso

Resgate e Amortização

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Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordinária pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas no resgate ou na amortização de ações, determinando as condições e o modo de proceder-se à operação.

§ 1º O resgate consiste no pagamento do valor das ações para retirá-las definitivamente de circulação, com redução ou não do capital social, mantido o mesmo capital, será atribuído, quando for o caso, novo valor nominal às ações remanescentes.

§ 2º A amortização consiste na distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem redução do capital social, de quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidação da companhia.

§ 3º A amortização pode ser integral ou parcial e abranger todas as classes de ações ou só uma delas.

§ 4º O resgate e a amortização que não abrangerem a totalidade das ações de uma mesma classe serão feitos mediante sorteio; sorteadas ações custodiadas nos termos do artigo 41, a instituição financeira especificará, mediante rateio, as resgatadas ou amortizadas, se outra forma não estiver prevista no contrato de custódia.

§ 5º As ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações de fruição, com as restrições fixadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral que deliberar a amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da companhia, as ações amortizadas só concorrerão ao acervo líquido depois de assegurado às ações não a amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido monetariamente.

Reembolso

Art. 45. O reembolso é a operação pela qual, nos casos previstos em lei, a companhia paga aos acionistas dissidentes de deliberação da assembléia-geral o valor de suas ações.

§ 1º O estatuto poderá estabelecer normas para determinação do valor de reembolso, que em qualquer caso, não será inferior ao valor de patrimônio líquido das ações, de acordo com o último balanço aprovado pela assembléia-geral.

§ 2º Se a deliberação da assembléia-geral ocorrer mais de 60 (sessenta) dias depois da data do último balanço aprovado, será facultado ao acionista dissidente pedir, juntamente com o reembolso, levantamento de balanço especial em data que atenda àquele prazo. Nesse caso, a companhia pagará imediatamente 80% (oitenta por cento) do valor de reembolso calculado com base no último balanço e, levantado o balanço especial, pagará o saldo no prazo de 120 (cento e vinte), dias a contar da data da deliberação da assembléia-geral.

§ 3º O valor de reembolso poderá ser pago à conta de lucros ou reservas, exceto a legal, e nesse caso as ações reembolsadas ficarão em tesouraria.

§ 4º Se, no prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da publicação da ata da assembléia, não forem substituídos os acionistas cujas ações tenham sido reembolsadas à conta do capital social, este considerar-se-á reduzido no montante correspondente, cumprindo aos órgãos da administração convocar a assembléia-geral, dentro de 5 (cinco) dias, para tomar conhecimento daquela redução.

§ 5º Se sobrevier a falência da sociedade, os acionistas dissidentes, credores pelo reembolso de suas ações, serão classificados como quirografários em quadro separado, e os rateios que lhes couberem serão imputados no pagamento dos

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créditos constituídos anteriormente à data da publicação da ata da assembléia. As quantias assim atribuídas aos créditos mais antigos não se deduzirão dos créditos dos ex-acionistas, que subsistirão integralmente para serem satisfeitos pelos bens da massa, depois de pagos os primeiros.

§ 6º Se, quando ocorrer a falência, já se houver efetuado, à conta do capital social, o reembolso dos ex-acionistas, estes não tiverem sido substituídos, e a massa não bastar para o pagamento dos créditos mais antigos, caberá ação revocatória para restituição do reembolso pago com redução do capital social, até a concorrência do que remanescer dessa parte do passivo. A restituição será havida, na mesma proporção, de todos os acionistas cujas ações tenham sido reembolsadas.

CAPÍTULO IV

Partes Beneficiárias

Características

Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social, denominados "partes beneficiárias".

§ 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus titulares direito de crédito eventual contra a companhia, consistente na participação nos lucros anuais (artigo 190).

§ 2º A participação atribuída às partes beneficiárias, inclusive para formação de reserva para resgate, se houver, não ultrapassará 0,1 (um décimo) dos lucros.

§ 3º É vedado conferir às partes beneficiárias qualquer direito privativo de acionista, salvo o de fiscalizar, nos termos desta Lei, os atos dos administradores.

§ 4º É proibida a criação de mais de uma classe ou série de partes beneficiárias.

Emissão

Art. 47. As partes beneficiárias poderão ser alienadas pela companhia, nas condições determinadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral, ou atribuídas a fundadores, acionistas ou terceiros, como remuneração de serviços prestados à companhia.

Parágrafo único. A companhia aberta somente poderá criar partes beneficiárias para alienação onerosa, ou para atribuição gratuita a sociedades ou fundações beneficentes de seus empregados.

Resgate e Conversão

Art. 48. O estatuto fixará o prazo de duração das partes beneficiárias e, sempre que estipular resgate, deverá criar reserva especial para esse fim.

§ 1º O prazo de duração das partes beneficiárias atribuídas gratuitamente, salvo as destinadas a sociedades ou fundações beneficentes dos empregados da companhia, não poderá ultrapassar 10 (dez) anos.

§ 2º O estatuto poderá prever a conversão das partes beneficiárias em ações, mediante capitalização de reserva criada para esse fim.

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§ 3º No caso de liquidação da companhia, solvido o passivo exigível, os titulares das partes beneficiárias terão direito de preferência sobre o que restar do ativo até a importância da reserva para resgate ou conversão.

Certificados

Art. 49. Os certificados das partes beneficiárias conterão:

I - a denominação "parte beneficiária";

II - a denominação da companhia, sua sede e prazo de duração;

III - o valor do capital social, a data do ato que o fixou e o número de ações em que se divide;

IV - o número de partes beneficiárias criadas pela companhia e o respectivo número de ordem;

V - os direitos que lhes serão atribuídos pelo estatuto, o prazo de duração e as condições de resgate, se houver;

VI - a data da constituição da companhia e do arquivamento e publicação dos seus atos constitutivos;

VII - o nome do beneficiário ou a cláusula ao portador;

VIII - a declaração de sua transferibilidade por endosso, se endossável;

IV - a data da emissão do certificado e as assinaturas de 2 (dois) diretores.

Forma, Propriedade, Circulação e Ônus

Art. 50. As partes beneficiárias podem ser nominativas, endossáveis e ao portador, e a elas se aplica, no que couber, o disposto nas Seções V a VII do Capítulo III.

§ 1º As partes beneficiárias nominativas e endossáveis serão registradas em livros próprios, mantidos pela companhia.

§ 2º As partes beneficiárias podem ser objeto de depósito com emissão de certificado, nos termos do artigo 43.

Modificação dos Direitos

Art. 51. A reforma do estatuto que modificar ou reduzir as vantagens conferidas às partes beneficiárias só terá eficácia quando aprovada pela metade, no mínimo, dos seus titulares, reunidos em assembléia-geral especial.

§ 1º A assembléia será convocada, através da imprensa, de acordo com as exigências para convocação das assembléias de acionistas, com 1 (um) mês de antecedência, no mínimo. Se, após 2 (duas) convocações, deixar de instalar-se por falta de número, somente 6 (seis) meses depois outra poderá ser convocada.

§ 2º Cada parte beneficiária dá direito a 1 (um) voto, não podendo a companhia votar com os títulos que possuir em tesouraria.

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§ 3º A emissão de partes beneficiárias poderá ser feita com a nomeação de agente fiduciário dos seus titulares, observado, no que couber, o disposto nos artigos 66 a 71.

CAPÍTULO V

Debêntures

Características

Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e do certificado.

SEÇÃO I

Direito dos Debenturistas

Emissões e Séries

Art. 53. A companhia poderá efetuar mais de uma emissão de debêntures, e cada emissão pode ser dividida em séries.

Parágrafo único. As debêntures da mesma série terão igual valor nominal e conferirão a seus titulares os mesmos direitos.

Valor Nominal

Art. 54. A debênture terá valor nominal expresso em moeda nacional, salvo nos casos de obrigação que, nos termos da legislação em vigor, possa ter o pagamento estipulado em moeda estrangeira.

Parágrafo único. A debênture poderá conter cláusula de correção monetária, aos mesmos coeficientes fixados para a correção dos títulos da dívida pública, ou com base na variação de taxa cambial.

Vencimento, Amortização e Resgate

Art. 55. A época do vencimento da debênture deverá constar da escritura de emissão e do certificado, podendo a companhia estipular amortizações parciais de cada série, criar fundos de amortização e reservar-se o direito de resgate antecipado, parcial ou total, dos títulos da mesma série.

§ 1º A amortização de debêntures da mesma série que não tenham vencimentos anuais distintos, assim como o resgate parcial, deverão ser feitos mediante sorteio ou, se as debêntures estiverem cotadas por preço inferior ao valor nominal, por compra em bolsa.

§ 2º É facultado à companhia adquirir debêntures de sua emissão, desde que por valor igual ou inferior ao nominal, devendo o fato constar do relatório da administração e das demonstrações financeiras.

§ 3º A companhia poderá emitir debêntures cujo vencimento somente ocorra nos casos de inadimplemento da obrigação de pagar juros e dissolução da companhia, ou de outras condições previstas no título.

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Juros e Outros Direitos

Art. 56. A debênture poderá assegurar ao seu titular juros, fixos ou variáveis, participação no lucro da companhia e prêmio de reembolso.

Conversibilidade em Ações

Art. 57. A debênture poderá ser conversível em ações nas condições constantes da escritura de emissão, que especificará:

I - as bases da conversão, seja em número de ações em que poderá ser convertida cada debênture, seja como relação entre o valor nominal da debênture e o preço de emissão das ações;

II - a espécie e a classe das ações em que poderá ser convertida;

III - o prazo ou época para o exercício do direito à conversão;

IV - as demais condições a que a conversão acaso fique sujeita.

§ 1º Os acionistas terão direito de preferência para subscrever a emissão de debêntures com cláusula de conversibilidade em ações, observado o disposto nos artigos 171 e 172.

§ 2º Enquanto puder ser exercido o direito à conversão, dependerá de prévia aprovação dos debenturistas, em assembléia especial, ou de seu agente fiduciário, a alteração do estatuto para:

a) mudar o objeto da companhia;

b) criar ações preferenciais ou modificar as vantagens das existentes, em prejuízo das ações em que são conversíveis as debêntures.

SEÇÃO II

Espécies

Art. 58. A debênture poderá, conforme dispuser a escritura de emissão, ter garantia real ou garantia flutuante, não gozar de preferência ou ser subordinada aos demais credores da companhia.

§ 1º A garantia flutuante assegura à debênture privilégio geral sobre o ativo da companhia, mas não impede a negociação dos bens que compõem esse ativo.

§ 2º As garantias poderão ser constituídas cumulativamente.

§ 3º As debêntures com garantia flutuante de nova emissão são preferidas pelas de emissão ou emissões anteriores, e a prioridade se estabelece pela data da inscrição da escritura de emissão; mas dentro da mesma emissão, as séries concorrem em igualdade.

§ 4º A debênture que não gozar de garantia poderá conter cláusula de subordinação aos credores quirografários, preferindo apenas aos acionistas no ativo remanescente, se houver, em caso de liquidação da companhia.

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§ 5º A obrigação de não alienar ou onerar bem imóvel ou outro bem sujeito a registro de propriedade, assumida pela companhia na escritura de emissão, é oponível a terceiros, desde que averbada no competente registro.

§ 6º As debêntures emitidas por companhia integrante de grupo de sociedades (artigo 265) poderão ter garantia flutuante do ativo de 2 (duas) ou mais sociedades do grupo.

SEÇÃO III

Criação e Emissão

Competência

Art. 59. A deliberação sobre emissão de debêntures é da competência privativa da assembléia-geral, que deverá fixar, observado o que a respeito dispuser o estatuto:

I - o valor da emissão ou os critérios de determinação do seu limite, e a sua divisão em séries, se for o caso;

II - o número e o valor nominal das debêntures;

III - as garantias reais ou a garantia flutuante, se houver;

IV - as condições da correção monetária, se houver;

V - a conversibilidade ou não em ações e as condições a serem observadas na conversão;

VI - a época e as condições de vencimento, amortização ou resgate;

VII - a época e as condições do pagamento dos juros, da participação nos lucros e do prêmio de reembolso, se houver;

VIII - o modo de subscrição ou colocação, e o tipo das debêntures.

§ 1º Na companhia aberta, a assembléia-geral pode delegar ao conselho de administração a deliberação sobre as condições de que tratam os números VI a VIII deste artigo e sobre a oportunidade da emissão.

§ 2º A assembléia-geral pode deliberar que a emissão terá valor e número de séries indeterminados, dentro de limites por ela fixados com observância do disposto no artigo 60.

§ 3º A companhia não pode efetuar nova emissão antes de colocadas todas as debêntures das séries de emissão anterior ou canceladas as séries não colocadas, nem negociar nova série da mesma emissão antes de colocada a anterior ou cancelado o saldo não colocado.

Limite de Emissão

Art. 60. Excetuados os casos previstos em lei especial, o valor total das emissões de debêntures não poderá ultrapassar o capital social da companhia.

§ 1º Esse limite pode ser excedido até alcançar:

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a) 80% (oitenta por cento) do valor dos bens gravados, próprios ou de terceiros, no caso de debêntures com garantia real;

b) 70% (setenta por cento) do valor contábil do ativo da companhia, diminuído do montante das suas dívidas garantidas por direitos reais, no caso de debêntures com garantia flutuante.

§ 2º O limite estabelecido na alínea a do § 1º poderá ser determinado em relação à situação do patrimônio da companhia depois de investido o produto da emissão; neste caso os recursos ficarão sob controle do agente fiduciário dos debenturistas e serão entregues à companhia, observados os limites do § 1º, à medida em que for sendo aumentado o valor das garantias.

§ 3º A Comissão de Valores Mobiliários poderá fixar outros limites para emissões de debêntures negociadas em bolsa ou no balcão, ou a serem distribuídas no mercado.

§ 4º Os limites previstos neste artigo não se aplicam à emissão de debêntures subordinadas.

Escritura de Emissão

Art. 61. A companhia fará constar da escritura de emissão os direitos conferidos pelas debêntures, suas garantias e demais cláusulas ou condições.

§ 1º A escritura de emissão, por instrumento público ou particular, de debêntures distribuídas ou admitidas à negociação no mercado, terá obrigatoriamente a intervenção de agente fiduciário dos debenturistas (artigos 66 a 70).

§ 2º Cada nova série da mesma emissão será objeto de aditamento à respectiva escritura.

§ 3º A Comissão de Valores Mobiliários poderá aprovar padrões de cláusulas e condições que devam ser adotados nas escrituras de emissão de debêntures destinadas à negociação em bolsa ou no mercado de balcão, e recusar a admissão ao mercado da emissão que não satisfaça a esses padrões.

Registro

Art. 62. Nenhuma emissão de debêntures será feita sem que tenham sido satisfeitos os seguintes requisitos:

I - arquivamento, no registro do comércio, e publicação da ata da assembléia-geral que deliberou sobre a emissão;

II - inscrição da escritura de emissão no registro de imóveis do lugar da sede da companhia;

III - constituição das garantias reais, se for o caso.

§ 1º Os administradores da companhia respondem pelas perdas e danos causados à companhia ou a terceiros por infração deste artigo.

§ 2º O agente fiduciário e qualquer debenturista poderão promover os registros requeridos neste artigo e sanar as lacunas e irregularidades porventura existentes nos registros promovidos pelos administradores da companhia; neste caso, o oficial

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do registro notificará a administração da companhia para que lhe forneça as indicações e documentos necessários.

§ 3º Os aditamentos à escritura de emissão serão averbados nos mesmos registros.

§ 4º Os registros de imóveis manterão livro especial para inscrição das emissões de debêntures, no qual serão anotadas as condições essenciais de cada emissão.

SEÇÃO IV

Forma, Propriedade, Circulação e Ônus

Art. 63. As debêntures podem ser ao portador ou endossáveis, aplicando-se, no que couber, o disposto nas Seções V a VII do Capítulo III.

§ 1º As debêntures endossáveis serão registradas em livro próprio mantido pela companhia.

§ 2º As debêntures podem ser objeto de depósito com emissão de certificado, nos termos do artigo 43.

SEÇÃO V

Certificados

Requisitos

Art. 64. Os certificados das debêntures conterão:

I - a denominação, sede, prazo de duração e objeto da companhia;

II - a data da constituição da companhia e do arquivamento e publicação dos seus atos constitutivos;

III - a data da publicação da ata da assembléia-geral que deliberou sobre a emissão;

IV - a data e ofício do registro de imóveis em que foi inscrita a emissão;

V - a denominação "Debênture" e a indicação da sua espécie, pelas palavras "com garantia real", "com garantia flutuante", "sem preferência" ou "subordinada";

VI - a designação da emissão e da série;

VII - o número de ordem;

VIII - o valor nominal e a cláusula de correção monetária, se houver, as condições de vencimento, amortização, resgate, juros, participação no lucro ou prêmio de reembolso, e a época em que serão devidos;

IX - as condições de conversibilidade em ações, se for o caso;

X - a cláusula ao portador, se essa a sua forma;

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XI - o nome do debenturista e a declaração de transferibilidade da debênture mediante endosso, se endossável;

XII - o nome do agente fiduciário dos debenturistas, se houver;

XIII - a data da emissão do certificado e a assinatura de 2 (dois) diretores da companhia;

XIV - a autenticação do agente fiduciário, se for o caso.

Títulos Múltiplos e Cautelas

Art. 65. A companhia poderá emitir certificados de múltiplos de debêntures e, provisoriamente, cautelas que as representem, satisfeitos os requisitos do artigo 64.

§ 1º Os títulos múltiplos de debêntures das companhias abertas obedecerão à padronização de quantidade fixada pela Comissão de Valores Mobiliários.

§ 2º Nas condições previstas na escritura de emissão com nomeação de agente fiduciário, os certificados poderão ser substituídos, desdobrados ou grupados.

SEÇÃO VI

Agente Fiduciário dos Debenturistas

Requisitos e Incompatibilidades

Art. 66. O agente fiduciário será nomeado e deverá aceitar a função na escritura de emissão das debêntures.

§ 1º Somente podem ser nomeados agentes fiduciários as pessoas naturais que satisfaçam aos requisitos para o exercício de cargo em órgão de administração da companhia e as instituições financeiras que, especialmente autorizadas pelo Banco Central do Brasil, tenham por objeto a administração ou a custódia de bens de terceiros.

§ 2º A Comissão de Valores Mobiliários poderá estabelecer que nas emissões de debêntures negociadas no mercado o agente fiduciário, ou um dos agentes fiduciários, seja instituição financeira.

§ 3º Não pode ser agente fiduciário:

a) pessoa que já exerça a função em outra emissão da mesma companhia;

b) instituição financeira coligada à companhia emissora ou à entidade que subscreva a emissão para distribuí-la no mercado, e qualquer sociedade por elas controlada;

c) credor, por qualquer título, da sociedade emissora, ou sociedade por ele controlada;

d) instituição financeira cujos administradores tenham interesse na companhia emissora;

e) pessoa que, de qualquer outro modo, se coloque em situação de conflito de interesses pelo exercício da função.

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§ 4º O agente fiduciário que, por circunstâncias posteriores à emissão, ficar impedido de continuar a exercer a função deverá comunicar imediatamente o fato aos debenturistas e pedir sua substituição.

Substituição, Remuneração e Fiscalização

Art. 67. A escritura de emissão estabelecerá as condições de substituição e remuneração do agente fiduciário, observadas as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários.

Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários fiscalizará o exercício da função de agente fiduciário das emissões distribuídas no mercado, ou de debêntures negociadas em bolsa ou no mercado de balcão, podendo:

a) nomear substituto provisório, nos casos de vacância;

b) suspender o agente fiduciário de suas funções e dar-lhe substituto, se deixar de cumprir os seus deveres.

Deveres e Atribuições

Art. 68. O agente fiduciário representa, nos termos desta Lei e da escritura de emissão, a comunhão dos debenturistas perante a companhia emissora.

§ 1º São deveres do agente fiduciário:

a) proteger os direitos e interesses dos debenturistas, empregando no exercício da função o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios bens;

b) elaborar relatório e colocá-lo anualmente a disposição dos debenturistas, dentro de 4 (quatro) meses do encerramento do exercício social da companhia, informando os fatos relevantes ocorridos durante o exercício, relativos à execução das obrigações assumidas pela companhia, aos bens garantidores das debêntures e à constituição e aplicação do fundo de amortização, se houver, do relatório constará, ainda, declaração do agente sobre sua aptidão para continuar no exercício da função;

c) notificar aos debenturistas, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, qualquer inadimplemento, pela companhia, de obrigações assumidas na escritura de emissão.

§ 2º A escritura de emissão disporá sobre o modo de cumprimento dos deveres de que tratam as alíneas b e c do parágrafo anterior.

§ 3º O agente fiduciário pode usar de qualquer ação para proteger direitos ou defender interesses dos debenturistas, sendo-lhe especialmente facultado, no caso de inadimplemento da companhia:

a) declarar, observadas as condições da escritura de emissão, antecipadamente vencidas as debêntures e cobrar o seu principal e acessórios;

b) executar garantias reais, receber o produto da cobrança e aplicá-lo no pagamento, integral ou proporcional, dos debenturistas;

c) requerer a falência da companhia emissora, se não existirem garantias reais;

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d) representar os debenturistas em processos de falência, concordata, intervenção ou liquidação extrajudicial da companhia emissora, salvo deliberação em contrário da assembléia dos debenturistas;

e) tomar qualquer providência necessária para que os debenturistas realizem os seus créditos.

§ 4º O agente fiduciário responde perante os debenturistas pelos prejuízos que lhes causar por culpa ou dolo no exercício das suas funções.

§ 5º O crédito do agente fiduciário por despesas que tenha feito para proteger direitos e interesses ou realizar créditos dos debenturistas será acrescido à dívida da companhia emissora, gozará das mesmas garantias das debêntures e preferirá a estas na ordem de pagamento.

§ 6º Serão reputadas não-escritas as cláusulas da escritura de emissão que restringirem os deveres, atribuições e responsabilidade do agente fiduciário previstos neste artigo.

Outras Funções

Art. 69. A escritura de emissão poderá ainda atribuir ao agente fiduciário as funções de autenticar os certificados de debêntures, administrar o fundo de amortização, manter em custódia bens dados em garantia e efetuar os pagamentos de juros, amortização e resgate.

Substituição de Garantias e Modificação da Escritura

Art. 70. A substituição de bens dados em garantia, quando autorizada na escritura de emissão, dependerá da concordância do agente fiduciário.

Parágrafo único. O agente fiduciário não tem poderes para acordar na modificação das cláusulas e condições da emissão.

SEÇÃO VII

Assembléia de Debenturistas

Art. 71. Os titulares de debêntures da mesma emissão ou série podem, a qualquer tempo, reunir-se em assembléia a fim de deliberar sobre matéria de interesse da comunhão dos debenturistas.

§ 1º A assembléia de debenturistas pode ser convocada pelo agente fiduciário, pela companhia emissora, por debenturistas que representem 10% (dez por cento), no mínimo, dos títulos em circulação, e pela Comissão de Valores Mobiliários.

§ 2º Aplica-se à assembléia de debenturistas, no que couber, o disposto nesta Lei sobre a assembléia-geral de acionistas.

§ 3º A assembléia se instalará, em primeira convocação, com a presença de debenturistas que representem metade, no mínimo, das debêntures em circulação, e, em segunda convocação, com qualquer número.

§ 4º O agente fiduciário deverá comparecer à assembléia e prestar aos debenturistas as informações que lhe forem solicitadas.

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§ 5º A escritura de emissão estabelecerá a maioria necessária, que não será inferior à metade das debêntures em circulação, para aprovar modificação nas condições das debêntures.

§ 6º Nas deliberações da assembléia, a cada debênture caberá um voto.

SEÇÃO VIII

Cédula Pignoratícia de Debêntures

Art. 72. As instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central do Brasil a efetuar esse tipo de operação poderão emitir cédulas garantidas pelo penhor de debêntures, que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra o emitente, pelo valor nominal e os juros nelas estipulados.

§ 1º A cédula poderá ser ao portador ou endossável.

§ 2º O certificado da cédula conterá as seguintes declarações:

a) o nome da instituição financeira emitente e as assinaturas dos seus representantes;

b) o número de ordem, o local e a data da emissão;

c) a denominação "Cédula Pignoratícia de Debêntures";

d) o valor nominal e a data do vencimento;

e) os juros, que poderão ser fixos ou variáveis, e as épocas do seu pagamento;

f) o lugar do pagamento do principal e dos juros;

g) a identificação das debêntures empenhadas e do seu valor;

h) o nome do agente fiduciário dos debenturistas;

i) a cláusula de correção monetária, se houver;

j) a cláusula ao portador, se esta for a sua forma;

l) o nome do titular e a declaração de que a cédula é transferível por endosso, se endossável.

SEÇÃO IX

Emissão de Debêntures no Estrangeiro

Art. 73. Somente com a prévia aprovação do Banco Central do Brasil as companhias brasileiras poderão emitir debêntures no exterior com garantia real ou flutuante de bens situados no País.

§ 1º Os credores por obrigações contraídas no Brasil terão preferência sobre os créditos por debêntures emitidas no exterior por companhias estrangeiras autorizadas a funcionar no País, salvo se a emissão tiver sido previamente autorizada pelo Banco Central do Brasil e o seu produto aplicado em estabelecimento situado no território nacional.

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§ 2º Em qualquer caso, somente poderão ser remetidos para o exterior o principal e os encargos de debêntures registradas no Banco Central do Brasil.

§ 3º A emissão de debêntures no estrangeiro, além de observar os requisitos do artigo 62, requer a inscrição, no registro de imóveis, do local da sede ou do estabelecimento, dos demais documentos exigidos pelas leis do lugar da emissão, autenticadas de acordo com a lei aplicável, legalizadas pelo consulado brasileiro no exterior e acompanhados de tradução em vernáculo, feita por tradutor público juramentado; e, no caso de companhia estrangeira, o arquivamento no registro do comércio e publicação do ato que, de acordo com o estatuto social e a lei do local da sede, tenha autorizado a emissão.

§ 4º A negociação, no mercado de capitais do Brasil, de debêntures emitidas no estrangeiro, depende de prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliários.

SEÇÃO X

Extinção

Art. 74. A companhia emissora fará, nos livros próprios, as anotações referentes à extinção das debêntures, e manterá arquivados, pelo prazo de 5 (cinco) anos, juntamente com os documentos relativos à extinção, os certificados cancelados ou os recibos dos titulares das contas das debêntures escriturais.

§ 1º Se a emissão tiver agente fiduciário, caberá a este fiscalizar o cancelamento dos certificados.

§ 2º Os administradores da companhia responderão solidariamente pelas perdas e danos decorrentes da infração do disposto neste artigo.

CAPÍTULO VI

Bônus de Subscrição

Características

Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento de capital autorizado no estatuto (artigo 168), títulos negociáveis denominados "Bônus de Substituição".

Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão aos seus titulares, nas condições constantes do certificado, direito de subscrever ações do capital social, que será exercidomediante apresentação do título à companhia e pagamento do preço de emissão das ações.

Competência

Art. 76. A deliberação sobre emissão de bônus de subscrição compete à assembléia-geral, se o estatuto não a atribuir ao conselho de administração.

Emissão

Art. 77. Os bônus de subscrição serão alienados pela companhia ou por ela atribuídos, como vantagem adicional, aos subscritos de emissões de suas ações ou debêntures.

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Parágrafo único. Os acionistas da companhia gozarão, nos termos dos artigos 171 e 172, de preferência para subscrever a emissão de bônus.

Forma, Propriedade e Circulação

Art. 78. Os bônus de subscrição poderão ter forma endossável ou ao portador.

Parágrafo único. Aplica-se aos bônus de subscrição, no que couber, o disposto nas Seções V a VII do Capítulo III.

Certificados

Art. 79. O certificado de bônus de subscrição conterá as seguintes declarações:

I - as previstas nos números I a IV do artigo 24;

II - a denominação "Bônus de Subscrição";

III - o número de ordem;

IV - o número, a espécie e a classe das ações que poderão ser subscritas, o preço de emissão ou os critérios para sua determinação;

V - a época em que o direito de subscrição poderá ser exercido e a data do término do prazo para esse exercício;

VI - a cláusula ao portador, se esta for a sua forma;

VII - o nome do titular e a declaração de que o título é transferível por endosso, se endossável;

VIII - a data da emissão do certificado e as assinaturas de 2 (dois) diretores.

CAPÍTULO VII

Constituição da Companhia

SEÇÃO I

Requisitos Preliminares

Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares:

I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto;

II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro;

III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro.

Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social.

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Depósito da Entrada

Art. 81. O depósito referido no número III do artigo 80 deverá ser feito pelo fundador, no prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica.

Parágrafo único. Caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis) meses da data do depósito, o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos subscritores.

SEÇÃO II

Constituição por Subscrição Pública

Registro da Emissão

Art. 82. A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com a intermediação de instituição financeira.

§ 1º O pedido de registro de emissão obedecerá às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e será instruído com:

a) o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento;

b) o projeto do estatuto social;

c) o prospecto, organizado e assinado pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária.

§ 2º A Comissão de Valores Mobiliários poderá condicionar o registro a modificações no estatuto ou no prospecto e denegá-lo por inviabilidade ou temeridade do empreendimento, ou inidoneidade dos fundadores.

Projeto de Estatuto

Art. 83. O projeto de estatuto deverá satisfazer a todos os requisitos exigidos para os contratos das sociedades mercantis em geral e aos peculiares às companhias, e conterá as normas pelas quais se regerá a companhia.

Prospecto

Art. 84. O prospecto deverá mencionar, com precisão e clareza, as bases da companhia e os motivos que justifiquem a expectativa de bom êxito do empreendimento, e em especial:

I - o valor do capital social a ser subscrito, o modo de sua realização e a existência ou não de autorização para aumento futuro;

II - a parte do capital a ser formada com bens, a discriminação desses bens e o valor a eles atribuídos pelos fundadores;

III - o número, as espécies e classes de ações em que se dividirá o capital; o valor nominal das ações, e o preço da emissão das ações;

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IV - a importância da entrada a ser realizada no ato da subscrição;

V - as obrigações assumidas pelos fundadores, os contratos assinados no interesse da futura companhia e as quantias já despendidas e por despender;

VI - as vantagens particulares, a que terão direito os fundadores ou terceiros, e o dispositivo do projeto do estatuto que as regula;

VII - a autorização governamental para constituir-se a companhia, se necessária;

VIII - as datas de início e término da subscrição e as instituições autorizadas a receber as entradas;

IX - a solução prevista para o caso de excesso de subscrição;

X - o prazo dentro do qual deverá realizar-se a assembléia de constituição da companhia, ou a preliminar para avaliação dos bens, se for o caso;

XI - o nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos fundadores, ou, se pessoa jurídica, a firma ou denominação, nacionalidade e sede, bem como o número e espécie de ações que cada um houver subscrito,

XII - a instituição financeira intermediária do lançamento, em cujo poder ficarão depositados os originais do prospecto e do projeto de estatuto, com os documentos a que fizerem menção, para exame de qualquer interessado.

Lista, Boletim e Entrada

Art. 85. No ato da subscrição das ações a serem realizadas em dinheiro, o subscritor pagará a entrada e assinará a lista ou o boletim individual autenticados pela instituição autorizada a receber as entradas, qualificando-se pelo nome, nacionalidade, residência, estado civil, profissão e documento de identidade, ou, se pessoa jurídica, pela firma ou denominação, nacionalidade e sede, devendo especificar o número das ações subscritas, a sua espécie e classe, se houver mais de uma, e o total da entrada.

Parágrafo único. A subscrição poderá ser feita, nas condições previstas no prospecto, por carta à instituição, com as declarações prescritas neste artigo e o pagamento da entrada.

Convocação de Assembléia

Art. 86. Encerrada a subscrição e havendo sido subscrito todo o capital social, os fundadores convocarão a assembléia-geral que deverá:

I - promover a avaliação dos bens, se for o caso (artigo 8º);

II - deliberar sobre a constituição da companhia.

Parágrafo único. Os anúncios de convocação mencionarão hora, dia e local da reunião e serão inseridos nos jornais em que houver sido feita a publicidade da oferta de subscrição.

Assembléia de Constituição

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Art. 87. A assembléia de constituição instalar-se-á, em primeira convocação, com a presença de subscritores que representem, no mínimo, metade do capital social, e, em segunda convocação, com qualquer número.

§ 1º Na assembléia, presidida por um dos fundadores e secretariada por subscritor, será lido o recibo de depósito de que trata o número III do artigo 80, bem como discutido e votado o projeto de estatuto.

§ 2º Cada ação, independentemente de sua espécie ou classe, dá direito a um voto; a maioria não tem poder para alterar o projeto de estatuto.

§ 3º Verificando-se que foram observadas as formalidades legais e não havendo oposição de subscritores que representem mais da metade do capital social, o presidente declarará constituída a companhia, procedendo-se, a seguir, à eleição dos administradores e fiscais.

§ 4º A ata da reunião, lavrada em duplicata, depois de lida e aprovada pela assembléia, será assinada por todos os subscritores presentes, ou por quantos bastem à validade das deliberações; um exemplar ficará em poder da companhia e o outro será destinado ao registro do comércio.

SEÇÃO III

Constituição por Subscrição Particular

Art. 88. A constituição da companhia por subscrição particular do capital pode fazer-se por deliberação dos subscritores em assembléia-geral ou por escritura pública, considerando-se fundadores todos os subscritores.

§ 1º Se a forma escolhida for a de assembléia-geral, observar-se-á o disposto nos artigos 86 e 87, devendo ser entregues à assembléia o projeto do estatuto, assinado em duplicata por todos os subscritores do capital, e as listas ou boletins de subscrição de todas as ações.

§ 2º Preferida a escritura pública, será ela assinada por todos os subscritores, e conterá:

a) a qualificação dos subscritores, nos termos do artigo 85;

b) o estatuto da companhia;

c) a relação das ações tomadas pelos subscritores e a importância das entradas pagas;

d) a transcrição do recibo do depósito referido no número III do artigo 80;

e) a transcrição do laudo de avaliação dos peritos, caso tenha havido subscrição do capital social em bens (artigo 8°);

f) a nomeação dos primeiros administradores e, quando for o caso, dos fiscais.

SEÇÃO IV

Disposições Gerais

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Art. 89. A incorporação de imóveis para formação do capital social não exige escritura pública.

Art. 90. O subscritor pode fazer-se representar na assembléia-geral ou na escritura pública por procurador com poderes especiais.

Art. 91. Nos atos e publicações referentes a companhia em constituição, sua denominação deverá ser aditada da cláusula "em organização".

Art. 92. Os fundadores e as instituições financeiras que participarem da constituição por subscrição pública responderão, no âmbito das respectivas atribuições, pelos prejuízos resultantes da inobservância de preceitos legais.

Parágrafo único. Os fundadores responderão, solidariamente, pelo prejuízo decorrente de culpa ou dolo em atos ou operações anteriores à constituição.

Art. 93. Os fundadores entregarão aos primeiros administradores eleitos todos os documentos, livros ou papéis relativos à constituição da companhia ou a esta pertencentes.

CAPÍTULO VIII

Formalidades Complementares da Constituição,

Arquivamento e Publicação

Art. 94. Nenhuma companhia poderá funcionar sem que sejam arquivados e publicados seus atos constitutivos.

Companhia Constituída por Assembléia

Art. 95. Se a companhia houver sido constituída por deliberação em assembléia-geral, deverão ser arquivados no registro do comércio do lugar da sede:

I - um exemplar do estatuto social, assinado por todos os subscritores (artigo 88, § 1º) ou, se a subscrição houver sido pública, os originais do estatuto e do prospecto, assinados pelos fundadores, bem como do jornal em que tiverem sido publicados;

II - a relação completa, autenticada pelos fundadores ou pelo presidente da assembléia, dos subscritores do capital social, com a qualificação, número das ações e o total da entrada de cada subscritor (artigo 85);

III - o recibo do depósito a que se refere o número III do artigo 80;

IV - duplicata das atas das assembléias realizadas para a avaliação de bens quando for o caso (artigo 8º);

V - duplicata da ata da assembléia-geral dos subscritores que houver deliberado a constituição da companhia (artigo 87).

Companhia Constituída por Escritura Pública

Art. 96. Se a companhia tiver sido constituída por escritura pública, bastará o arquivamento de certidão do instrumento.

Registro do Comércio

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Art. 97. Cumpre ao registro do comércio examinar se as prescrições legais foram observadas na constituição da companhia, bem como se no estatuto existem cláusulas contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes.

§ 1º Se o arquivamento for negado, por inobservância de prescrição ou exigência legal ou por irregularidade verificada na constituição da companhia, os primeiros administradores deverão convocar imediatamente a assembléia-geral para sanar a falta ou irregularidade, ou autorizar as providências que se fizerem necessárias. A instalação e funcionamento da assembléia obedecerão ao disposto no artigo 87, devendo a deliberação ser tomada por acionistas que representem, no mínimo, metade do capital social. Se a falta for do estatuto, poderá ser sanada na mesma assembléia, a qual deliberará, ainda, sobre se a companhia deve promover a responsabilidade civil dos fundadores (artigo 92).

§ 2º Com a 2ª via da ata da assembléia e a prova de ter sido sanada a falta ou irregularidade, o registro do comércio procederá ao arquivamento dos atos constitutivos da companhia.

§ 3º A criação de sucursais, filiais ou agências, observado o disposto no estatuto, será arquivada no registro do comércio.

Publicação e Transferência de Bens

Art. 98. Arquivados os documentos relativos à constituição da companhia, os seus administradores providenciarão, nos 30 (trinta) dias subseqüentes, a publicação deles, bem como a de certidão do arquivamento, em órgão oficial do local de sua sede.

§ 1° Um exemplar do órgão oficial deverá ser arquivado no registro do comércio.

§ 2º A certidão dos atos constitutivos da companhia, passada pelo registro do comércio em que foram arquivados, será o documento hábil para a transferência, por transcrição no registro público competente, dos bens com que o subscritor tiver contribuído para a formação do capital social (artigo 8º, § 2º).

§ 3º A ata da assembléia-geral que aprovar a incorporação deverá identificar o bem com precisão, mas poderá descrevê-lo sumariamente, desde que seja suplementada por declaração, assinada pelo subscritor, contendo todos os elementos necessários para a transcrição no registro público.

Responsabilidade dos Primeiros Administradores

Art. 99. Os primeiros administradores são solidariamente responsáveis perante a companhia pelos prejuízos causados pela demora no cumprimento das formalidades complementares à sua constituição.

Parágrafo único. A companhia não responde pelos atos ou operações praticados pelos primeiros administradores antes de cumpridas as formalidades de constituição, mas a assembléia-geral poderá deliberar em contrário.

CAPÍTULO IX

Livros Sociais

Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes, revestidos das mesmas formalidades legais:

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I - os livros de "Registro de Ações Nominativas" e "Registro de Ações Endossáveis", para inscrição, anotação ou averbação:

a) do nome do acionista e do número das suas ações;

b) das entradas ou prestações de capital realizado;

c) das conversões de ações, de uma em outra forma, espécie ou classe;

d) do resgate, reembolso e amortização das ações, ou de sua aquisição pela companhia;

e) das mutações operadas pela alienação ou transferência de ações;

f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fiduciária em garantia ou de qualquer ônus que grave as ações ou obste sua negociação.

II - o livro de "Transferência de Ações Nominativas", para lançamento dos termos de transferência, que deverão ser assinados pelo cedente e pelo cessionário ou seus legítimos representantes;

III - o livro de "Registro de Partes Beneficiárias Nominativas" e o de "Transferência de Partes Beneficiárias Nominativas", se tiverem sido emitidas, observando-se, em ambos, no que couber, o disposto nos números I e II deste artigo;

IV - os livros de "Registro de Partes Beneficiárias Endossáveis", de "Registro de Debêntures Endossáveis" e "Registro de Bônus de Subscrição Endossáveis", se tiverem sido emitidos pela companhia, observando-se, no que couber, o disposto sobre o "Livro de Registro de Ações Endossáveis";

V - o livro de "Atas das Assembléias Gerais";

VI - o livro de "Presença dos Acionistas";

VII - os livros de "Atas das Reuniões do Conselho de Administração", se houver, e de "Atas das Reuniões da Diretoria";

VIII - o livro de "Atas e Pareceres do Conselho Fiscal".

§ 1º A qualquer pessoa serão dadas certidões dos assentamentos constantes dos livros mencionados nos números I a IV, e por elas a companhia poderá cobrar o custo do serviço.

§ 2º Nas companhias abertas, os livros referidos nos números I a IV deste artigo poderão ser substituídos, observadas as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, por registros mecanizados ou eletrônicos.

Escrituração do Agente Emissor

Art. 101. O agente emissor de certificados (artigo 27) poderá substituir os livros referidos nos números I a IV do artigo 100 pela sua escrituração e manter, mediante sistemas adequados, aprovados pela Comissão de Valores Mobiliários, os registros de propriedade das ações, partes beneficiárias, debêntures e bônus de subscrição, devendo uma vez por ano preparar lista dos seus titulares, com o número dos títulos de cada um, a qual será encadernada, autenticada no registro do comércio e arquivada na companhia.

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§ 1° Os termos de transferência de ações nominativas perante o agente emissor poderão ser lavrados em folhas soltas, à vista do certificado da ação, no qual serão averbados a transferência e o nome e qualificação do adquirente.

§ 2º Os termos de transferência em folhas soltas serão encadernados em ordem cronológica, em livros autenticados no registro do comércio e arquivados no agente emissor.

Ações Escriturais

Art. 102. A instituição financeira depositária de ações escriturais deverá fornecer à companhia, ao menos uma vez por ano, cópia dos extratos das contas de depósito das ações e a lista dos acionistas com a quantidade das respectivas ações, que serão encadernadas em livros autenticados no registro do comércio e arquivados na instituição financeira.

Fiscalização e Dúvidas no Registro

Art. 103. Cabe à companhia verificar a regularidade das transferências e da constituição de direitos ou ônus sobre os valores mobiliários de sua emissão; nos casos dos artigos 27 e 34, essa atribuição compete, respectivamente, ao agente emissor de certificados e à instituição financeira depositária das ações escriturais.

Parágrafo único. As dúvidas suscitadas entre o acionista, ou qualquer interessado, e a companhia, o agente emissor de certificados ou a instituição financeira depositária das ações escriturais, a respeito das averbações ordenadas por esta Lei, ou sobre anotações, lançamentos ou transferências de ações, partes beneficiárias, debêntures, ou bônus de subscrição, nos livros de registro ou transferência, serão dirimidas pelo juiz competente para solucionar as dúvidas levantadas pelos oficiais dos registros públicos, excetuadas as questões atinentes à substância do direito.

Responsabilidade da Companhia

Art. 104. A companhia é responsável pelos prejuízos que causar aos interessados por vícios ou irregularidades verificadas nos livros de que tratam os números I a IV do artigo 100.

Parágrafo único. A companhia deverá diligenciar para que os atos de emissão e substituição de certificados, e de transferências e averbações nos livros sociais, sejam praticados no menor prazo possível, não excedente do fixado pela Comissão de Valores Mobiliários, respondendo perante acionistas e terceiros pelos prejuízos decorrentes de atrasos culposos.

Exibição dos Livros

Art. 105. A exibição por inteiro dos livros da companhia pode ser ordenada judicialmente sempre que, a requerimento de acionistas que representem, pelo menos, 5% (cinco por cento) do capital social, sejam apontados atos violadores da lei ou do estatuto, ou haja fundada suspeita de graves irregularidades praticadas por qualquer dos órgãos da companhia.

CAPÍTULO X

Acionistas

SEÇÃO I

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Obrigação de Realizar o Capital

Condições e Mora

Art. 106. O acionista é obrigado a realizar, nas condições previstas no estatuto ou no boletim de subscrição, a prestação correspondente às ações subscritas ou adquiridas.

§ 1° Se o estatuto e o boletim forem omissos quanto ao montante da prestação e ao prazo ou data do pagamento, caberá aos órgãos da administração efetuar chamada, mediante avisos publicados na imprensa, por 3 (três) vezes, no mínimo, fixando prazo, não inferior a 30 (trinta) dias, para o pagamento.

§ 2° O acionista que não fizer o pagamento nas condições previstas no estatuto ou boletim, ou na chamada, ficará de pleno direito constituído em mora, sujeitando-se ao pagamento dos juros, da correção monetária e da multa que o estatuto determinar, esta não superior a 10% (dez por cento) do valor da prestação.

Acionista Remisso

Art. 107. Verificada a mora do acionista, a companhia pode, à sua escolha:

I - promover contra o acionista, e os que com ele forem solidariamente responsáveis (artigo 108), processo de execução para cobrar as importâncias devidas, servindo o boletim de subscrição e o aviso de chamada como título extrajudicial nos termos do Código de Processo Civil; ou

II - mandar vender as ações em bolsa de valores, por conta e risco do acionista.

§ 1º Será havida como não escrita, relativamente à companhia, qualquer estipulação do estatuto ou do boletim de subscrição que exclua ou limite o exercício da opção prevista neste artigo, mas o subscritor de boa-fé terá ação, contra os responsáveis pela estipulação, para haver perdas e danos sofridos, sem prejuízo da responsabilidade penal que no caso couber.

§ 2º A venda será feita em leilão especial na bolsa de valores do lugar da sede social, ou, se não houver, na mais próxima, depois de publicado aviso, por 3 (três) vezes, com antecedência mínima de 3 (três) dias. Do produto da venda serão deduzidos as despesas com a operação e, se previstos no estatuto, os juros, correção monetária e multa, ficando o saldo à disposição do ex-acionista, na sede da sociedade.

§ 3º É facultado à companhia, mesmo após iniciada a cobrança judicial, mandar vender a ação em bolsa de valores; a companhia poderá também promover a cobrança judicial se as ações oferecidas em bolsa não encontrarem tomador, ou se o preço apurado não bastar para pagar os débitos do acionista.

§ 4º Se a companhia não conseguir, por qualquer dos meios previstos neste artigo, a integralização das ações, poderá declará-las caducas e fazer suas as entradas realizadas, integralizando-as com lucros ou reservas, exceto a legal; se não tiver lucros e reservas suficientes, terá o prazo de 1 (um) ano para colocar as ações caídas em comisso, findo o qual, não tendo sido encontrado comprador, a assembléia-geral deliberará sobre a redução do capital em importância correspondente.

Responsabilidade dos Alienantes

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Art. 108. Ainda quando negociadas as ações, os alienantes continuarão responsáveis, solidariamente com os adquirentes, pelo pagamento das prestações que faltarem para integralizar as ações transferidas.

Parágrafo único. Tal responsabilidade cessará, em relação a cada alienante, no fim de 2 (dois) anos a contar da data da transferência das ações.

SEÇÃO II

Direitos Essenciais

Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos de:

I - participar dos lucros sociais;

II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;

III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais;

IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172;

V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei.

§ 1º As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos seus titulares.

§ 2º Os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para assegurar os seus direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou pela assembléia-geral.

SEÇÃO III

Direito de Voto

Disposições Gerais

Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações da assembléia-geral.

§ 1º O estatuto pode estabelecer limitação ao número de votos de cada acionista.

§ 2º É vedado atribuir voto plural a qualquer classe de ações.

Ações Preferenciais

Art. 111. O estatuto poderá deixar de conferir às ações preferenciais algum ou alguns dos direitos reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-lo com restrições, observado o disposto no artigo 109.

§ 1º As ações preferenciais sem direito de voto adquirirão o exercício desse direito se a companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não superior a 3 (três) exercícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a que

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fizerem jus, direito que conservarão até o pagamento, se tais dividendos não forem cumulativos, ou até que sejam pagos os cumulativos em atraso.

§ 2º Na mesma hipótese e sob a mesma condição do § 1º, as ações preferenciais com direito de voto restrito terão suspensas as limitações ao exercício desse direito.

§ 3º O estatuto poderá estipular que o disposto nos §§ 1º e 2º vigorará a partir do término da implantação do empreendimento inicial da companhia.

Não Exercício de Voto pelas Ações ao Portador

Art. 112. Somente os titulares de ações nominativas endossáveis e escriturais poderão exercer o direito de voto.

Parágrafo único. Os titulares de ações preferenciais ao portador que adquirirem direito de voto de acordo com o disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 111, e enquanto dele gozarem, poderão converter as ações em nominativas ou endossáveis, independentemente de autorização estatutária.

Voto das Ações Empenhadas e Alienadas Fiduciariamente

Art. 113. O penhor da ação não impede o acionista de exercer o direito de voto; será lícito, todavia, estabelecer, no contrato, que o acionista não poderá, sem consentimento do credor pignoratício, votar em certas deliberações.

Parágrafo único. O credor garantido por alienação fiduciária da ação não poderá exercer o direito de voto; o devedor somente poderá exercê-lo nos termos do contrato.

Voto das Ações Gravadas com Usufruto

Art. 114. O direito de voto da ação gravada com usufruto, se não for regulado no ato de constituição do gravame, somente poderá ser exercido mediante prévio acordo entre o proprietário e o usufrutuário.

Abuso do Direito de Voto e Conflito de Interesses

Art. 115. O acionista deve exercer o direito de voto no interesse da companhia; considerar-se-á abusivo o voto exercido com o fim de causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia ou para outros acionistas.

§ lº o acionista não poderá votar nas deliberações da assembléia-geral relativas ao laudo de avaliação de bens com que concorrer para a formação do capital social e à aprovação de suas contas como administrador, nem em quaisquer outras que puderem beneficiá-lo de modo particular, ou em que tiver interesse conflitante com o da companhia.

§ 2º Se todos os subscritores forem condôminos de bem com que concorreram para a formação do capital social, poderão aprovar o laudo, sem prejuízo da responsabilidade de que trata o § 6º do artigo 8º.

§ 3º o acionista responde pelos danos causados pelo exercício abusivo do direito de voto, ainda que seu voto não haja prevalecido.

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§ 4º A deliberação tomada em decorrência do voto de acionista que tem interesse conflitante com o da companhia é anulável; o acionista responderá pelos danos causados e será obrigado a transferir para a companhia as vantagens que tiver auferido.

SEÇÃO IV

Acionista Controlador

Deveres

Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que:

a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e

b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia.

Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender.

Responsabilidade

Art. 117. O acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados com abuso de poder.

§ lº São modalidades de exercício abusivo de poder:

a) orientar a companhia para fim estranho ao objeto social ou lesivo ao interesse nacional, ou levá-la a favorecer outra sociedade, brasileira ou estrangeira, em prejuízo da participação dos acionistas minoritários nos lucros ou no acervo da companhia, ou da economia nacional;

b) promover a liquidação de companhia próspera, ou a transformação, incorporação, fusão ou cisão da companhia, com o fim de obter, para si ou para outrem, vantagem indevida, em prejuízo dos demais acionistas, dos que trabalham na empresa ou dos investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia;

c) promover alteração estatutária, emissão de valores mobiliários ou adoção de políticas ou decisões que não tenham por fim o interesse da companhia e visem a causar prejuízo a acionistas minoritários, aos que trabalham na empresa ou aos investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia;

d) eleger administrador ou fiscal que sabe inapto, moral ou tecnicamente;

e) induzir, ou tentar induzir, administrador ou fiscal a praticar ato ilegal, ou, descumprindo seus deveres definidos nesta Lei e no estatuto, promover, contra o interesse da companhia, sua ratificação pela assembléia-geral;

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f) contratar com a companhia, diretamente ou através de outrem, ou de sociedade na qual tenha interesse, em condições de favorecimento ou não equitativas;

g) aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de administradores, por favorecimento pessoal, ou deixar de apurar denúncia que saiba ou devesse saber procedente, ou que justifique fundada suspeita de irregularidade.

§ 2º No caso da alínea e do § 1º, o administrador ou fiscal que praticar o ato ilegal responde solidariamente com o acionista controlador.

§ 3º O acionista controlador que exerce cargo de administrador ou fiscal tem também os deveres e responsabilidades próprios do cargo.

SEÇÃO V

Acordo de Acionistas

Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, preferência para adquiri-las, ou exercício do direito de voto, deverão ser observados pela companhia quando arquivados na sua sede.

§ 1º As obrigações ou ônus decorrentes desses acordos somente serão oponíveis a terceiros, depois de averbados nos livros de registro e nos certificados das ações, se emitidos.

§ 2° Esses acordos não poderão ser invocados para eximir o acionista de responsabilidade no exercício do direito de voto (artigo 115) ou do poder de controle (artigos 116 e 117).

§ 3º Nas condições previstas no acordo, os acionistas podem promover a execução específica das obrigações assumidas.

§ 4º As ações averbadas nos termos deste artigo não poderão ser negociadas em bolsa ou no mercado de balcão.

§ 5º No relatório anual, os órgãos da administração da companhia aberta informarão à assembléia-geral as disposições sobre política de reinvestimento de lucros e distribuição de dividendos, constantes de acordos de acionistas arquivados na companhia.

SEÇÃO VI

Representação de Acionista Residente ou Domiciliado no Exterior

Art. 119. O acionista residente ou domiciliado no exterior deverá manter, no País, representante com poderes para receber citação em ações contra ele, propostas com fundamento nos preceitos desta Lei.

Parágrafo único. O exercício, no Brasil, de qualquer dos direitos de acionista, confere ao mandatário ou representante legal qualidade para receber citação judicial.

SEÇÃO VII

Suspensão do Exercício de Direitos

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Art. 120. A assembléia-geral poderá suspender o exercício dos direitos do acionista que deixar de cumprir obrigação imposta pela lei ou pelo estatuto, cessando a suspensão logo que cumprida a obrigação.

CAPÍTULO XI

Assembléia-Geral

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 121. A assembléia-geral, convocada e instalada de acordo com a lei e o estatuto, tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento.

Competência Privativa

Art. 122. Compete privativamente à assembléia-geral:

I - reformar o estatuto social;

II - eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da companhia, ressalvado o disposto no número II do artigo 142;

III - tomar, anualmente, as contas dos administradores, e deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles apresentadas;

IV - autorizar a emissão de debêntures;

V - suspender o exercício dos direitos do acionista (artigo 120);

VI - deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a formação do capital social;

VII - autorizar a emissão de partes beneficiárias;

VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas;

IX - autorizar os administradores a confessar falência e pedir concordata.

Parágrafo único. Em caso de urgência, a confissão de falência ou o pedido de concordata poderá ser formulado pelos administradores, com a concordância do acionista controlador, se houver, convocando-se imediatamente a assembléia-geral, para manifestar-se sobre a matéria.

Competência para Convocação

Art. 123. Compete ao conselho de administração, se houver, ou aos diretores, observado o disposto no estatuto, convocar a assembléia-geral.

Parágrafo único. A assembléia-geral pode também ser convocada:

a) pelo conselho fiscal, nos casos previstos no número V, do artigo 163;

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b) por qualquer acionista, quando os administradores retardarem, por mais de 60 (sessenta) dias, a convocação nos casos previstos em lei ou no estatuto;

c) por acionistas que representem 5% (cinco por cento), no mínimo, do capital votante, quando os administradores não atenderem, no prazo de 8 (oito) dias, a pedido de convocação que apresentarem, devidamente fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas.

Modo de Convocação e Local

Art. 124. A convocação far-se-á mediante anúncio publicado por 3 (três) vezes, no mínimo, contendo, além do local, data e hora da assembléia, a ordem do dia, e, no caso de reforma do estatuto, a indicação da matéria.

§ 1º A primeira convocação da assembléia-geral deverá ser feita com 8 (oito) dias de antecedência, no mínimo, contado o prazo da publicação do primeiro anúncio; não se realizando a assembléia, será publicado novo anúncio, de segunda convocação, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias.

§ 2° Salvo motivo de força maior, a assembléia-geral realizar-se-á no edifício onde a companhia tiver a sede; quando houver de efetuar-se em outro, os anúncios indicarão, com clareza, o lugar da reunião, que em nenhum caso poderá realizar-se fora da localidade da sede.

§ 3º Nas companhias fechadas, o acionista que representar 5% (cinco por cento), ou mais, do capital social, será convocado por telegrama ou carta registrada, expedidos com a antecedência prevista no § 1º, desde que o tenha solicitado, por escrito, à companhia, com a indicação do endereço completo e do prazo de vigência do pedido, não superior a 2 (dois) exercícios sociais, e renovável; essa convocação não dispensa a publicação do aviso previsto no § 1º, e sua inobservância dará ao acionista direito de haver, dos administradores da companhia, indenização pelos prejuízos sofridos.

§ 4º Independentemente das formalidades previstas neste artigo, será considerada regular a assembléia-geral a que comparecerem todos os acionistas.

"Quorum" de Instalação

Art. 125. Ressalvadas as exceções previstas em lei, a assembléia-geral instalar-se-á, em primeira convocação, com a presença de acionistas que representem, no mínimo, 1/4 (um quarto) do capital social com direito de voto; em segunda convocação instalar-se-á com qualquer número.

Parágrafo único. Os acionistas sem direito de voto podem comparecer à assembléia-geral e discutir a matéria submetida à deliberação.

Legitimação e Representação

Art. 126. As pessoas presentes à assembléia deverão provar a sua qualidade de acionista, observadas as seguintes normas:

I - os titulares de ações nominativas exibirão, se exigido, documento hábil de sua identidade;

II - os titulares de ações endossáveis exibirão, além do documento de identidade, se exigido, os respectivos certificados, ou documento que prove terem

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sido depositados na sede social ou em instituição financeira designada nos anúncios de convocação, conforme determinar o estatuto;

III - os titulares de ações ao portador exibirão os respectivos certificados, ou documento de depósito nos termos do número II;

IV - os titulares de ações escriturais ou em custódia nos termos do artigo 41, além do documento de identidade, exibirão, ou depositarão na companhia, se o estatuto o exigir, comprovante expedido pela instituição financeira depositária.

§ 1º O acionista pode ser representado na assembléia-geral por procurador constituído há menos de 1 (um) ano, que seja acionista, administrador da companhia ou advogado; na companhia aberta, o procurador pode, ainda, ser instituição financeira, cabendo ao administrador de fundos de investimento representar os condôminos.

§ 2º O pedido de procuração, mediante correspondência, ou anúncio publicado, sem prejuízo da regulamentação que, sobre o assunto vier a baixar a Comissão de Valores Mobiliários, deverá satisfazer aos seguintes requisitos:

a) conter todos os elementos informativos necessários ao exercício do voto pedido;

b) facultar ao acionista o exercício de voto contrário à decisão com indicação de outro procurador para o exercício desse voto;

c) ser dirigido a todos os titulares de ações nominativas ou endossáveis, cujos endereços constem da companhia.

§ 3º É facultado a qualquer acionista, detentor de ações, com ou sem voto, que represente 1/2% (meio por cento), ou mais, do capital social, solicitar relação de endereços dos acionistas aos quais a companhia enviou pedidos de procuração, para o fim de remeter novo pedido, obedecidos sempre os requisitos do parágrafo anterior.

§ 4º Têm a qualidade para comparecer à assembléia os representantes legais dos acionistas.

Livro de Presença

Art. 127. Antes de abrir-se a assembléia, os acionistas assinarão o "Livro de Presença", indicando o seu nome, nacionalidade e residência, bem como a quantidade, espécie e classe das ações de que forem titulares.

Mesa

Art. 128. Os trabalhos da assembléia serão dirigidos por mesa composta, salvo disposição diversa do estatuto, de presidente e secretário, escolhidos pelos acionistas presentes.

"Quorum" das Deliberações

Art. 129. As deliberações da assembléia-geral, ressalvadas as exceções previstas em lei, serão tomadas por maioria absoluta de votos, não se computando os votos em branco.

§ 1º O estatuto da companhia fechada pode aumentar o quorum exigido para certas deliberações, desde que especifique as matérias.

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§ 2º No caso de empate, se o estatuto não estabelecer procedimento de arbitragem e não contiver norma diversa, a assembléia será convocada, com intervalo mínimo de 2 (dois) meses, para votar a deliberação; se permanecer o empate e os acionistas não concordarem em cometer a decisão a um terceiro, caberá ao Poder Judiciário decidir, no interesse da companhia.

Ata da Assembléia

Art. 130. Dos trabalhos e deliberações da assembléia será lavrada, em livro próprio, ata assinada pelos membros da mesa e pelos acionistas presentes. Para validade da ata é suficiente a assinatura de quantos bastem para constituir a maioria necessária para as deliberações tomadas na assembléia. Da ata tirar-se-ão certidões ou cópias autênticas para os fins legais.

§ 1º A ata poderá ser lavrada na forma de sumário dos fatos ocorridos, inclusive dissidências e protestos, e conter a transcrição apenas das deliberações tomadas, desde que:

a) os documentos ou propostas submetidos à assembléia, assim como as declarações de voto ou dissidência, referidos na ata, sejam numerados seguidamente, autenticados pela mesa e por qualquer acionista que o solicitar, e arquivados na companhia;

b) a mesa, a pedido de acionista interessado, autentique exemplar ou cópia de proposta, declaração de voto ou dissidência, ou protesto apresentado.

§ 2º A assembléia-geral da companhia aberta pode autorizar a publicação de ata com omissão das assinaturas dos acionistas.

§ 3º Se a ata não for lavrada na forma permitida pelo § 1º, poderá ser publicado apenas o seu extrato, com o sumário dos fatos ocorridos e a transcrição das deliberações tomadas.

Espécies de Assembléia

Art. 131. A assembléia-geral é ordinária quando tem por objeto as matérias previstas no artigo 132, e extraordinária nos demais casos.

Parágrafo único. A assembléia-geral ordinária e a assembléia-geral extraordinária poderão ser, cumulativamente, convocadas e realizadas no mesmo local, data e hora, instrumentadas em ata única.

SEÇÃO II

Assembléia-Geral Ordinária

Objeto

Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término do exercício social, deverá haver 1 (uma) assembléia-geral para:

I - tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras;

II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos;

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III - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso;

IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167). Documentos da Administração

Art. 133. Os administradores devem comunicar, até 1 (um) mês antes da data marcada para a realização da assembléia-geral ordinária, por anúncios publicados na forma prevista no artigo 124, que se acham à disposição dos acionistas:

I - o relatório da administração sobre os negócios sociais e os principais fatos administrativos do exercício findo;

II - a cópia das demonstrações financeiras;

III - o parecer dos auditores independentes, se houver.

§ 1º Os anúncios indicarão o local ou locais onde os acionistas poderão obter cópias desses documentos.

§ 2º A companhia remeterá cópia desses documentos aos acionistas que o pedirem por escrito, nas condições previstas no § 3º do artigo 124.

§ 3º Os documentos referidos neste artigo serão publicados até 5 (cinco) dias, pelo menos, antes da data marcada para a realização da assembléia-geral.

§ 4º A assembléia-geral que reunir a totalidade dos acionistas poderá considerar sanada a falta de publicação dos anúncios ou a inobservância dos prazos referidos neste artigo; mas é obrigatória a publicação dos documentos antes da realização da assembléia.

§ 5º A publicação dos anúncios é dispensada quando os documentos a que se refere este artigo são publicados até 1 (um) mês antes da data marcada para a realização da assembléia-geral ordinária.

Procedimento

Art. 134. Instalada a assembléia-geral, proceder-se-á, se requerida por qualquer acionista, à leitura dos documentos referidos no artigo 133 e do parecer do conselho fiscal, se houver, os quais serão submetidos pela mesa à discussão e votação.

§ 1° Os administradores da companhia, ou ao menos um deles, e o auditor independente, se houver, deverão estar presentes à assembléia para atender a pedidos de esclarecimentos de acionistas, mas os administradores não poderão votar, como acionistas ou procuradores, os documentos referidos neste artigo.

§ 2º Se a assembléia tiver necessidade de outros esclarecimentos, poderá adiar a deliberação e ordenar diligências; também será adiada a deliberação, salvo dispensa dos acionistas presentes, na hipótese de não comparecimento de administrador, membro do conselho fiscal ou auditor independente.

§ 3º A aprovação, sem reserva, das demonstrações financeiras e das contas, exonera deresponsabilidade os administradores e fiscais, salvo erro, dolo, fraude ou simulação (artigo 286).

§ 4º Se a assembléia aprovar as demonstrações financeiras com modificação no montante do lucro do exercício ou no valor das obrigações da companhia, os

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administradores promoverão, dentro de 30 (trinta) dias, a republicação das demonstrações, com as retificações deliberadas pela assembléia; se a destinação dos lucros proposta pelos órgãos de administração não lograr aprovação (artigo 176, § 3º), as modificações introduzidas constarão da ata da assembléia.

§ 5º A ata da assembléia-geral ordinária será arquivada no registro do comércio e publicada.

§ 6º As disposições do § 1º, segunda parte, não se aplicam quando, nas sociedades fechadas, os diretores forem os únicos acionistas.

SEÇÃO III

Assembléia-Geral Extraordinária

Reforma do Estatuto

Art. 135. A assembléia-geral extraordinária que tiver por objeto a reforma do estatuto somente se instalará em primeira convocação com a presença de acionistas que representem 2/3 (dois terços), no mínimo, do capital com direito a voto, mas poderá instalar-se em segunda com qualquer número.

§ 1º Os atos relativos a reformas do estatuto, para valerem contra terceiros, ficam sujeitos às formalidades de arquivamento e publicação, não podendo, todavia, a falta de cumprimento dessas formalidades ser oposta, pela companhia ou por seus acionistas, a terceiros de boa-fé.

§ 2º Aplica-se aos atos de reforma do estatuto o disposto no artigo 97 e seus §§ 1º e 2° e no artigo 98 e seu § 1º.

"Quorum" Qualificado

Art. 136. É necessária a aprovação de acionistas que representem metade, no mínimo, das ações com direito de voto, se maior quorum não for exigido pelo estatuto da companhia fechada, para deliberação sobre:

I - criação de ações preferenciais ou aumento de classe existente sem guardar proporção com as demais, salvo se já previstos ou autorizados pelo estatuto;

II - alterações nas preferências, vantagens e condições de resgate ou amortização de uma ou mais classes de ações preferenciais, ou criação de nova classe mais favorecida;

III - criação de partes beneficiárias;

IV - alteração do dividendo obrigatório;

V - mudança do objeto da companhia;

VI - incorporação da companhia em outra, sua fusão ou cisão;

VII - dissolução da companhia ou cessação do estado de liquidação;

VIII - participação em grupo de sociedades (artigo 265).

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§ 1º Nos casos dos números I e II, a eficácia da deliberação depende de prévia aprovação, ou da ratificação, por titulares de mais de metade da classe de ações preferenciais interessadas, reunidos em assembléia especial convocada e instalada com as formalidades desta Lei.

§ 2º A Comissão de Valores Mobiliários pode autorizar a redução do quorum previsto neste artigo no caso de companhia aberta com a propriedade das ações dispersa no mercado, e cujas 3 (três) últimas assembléias tenham sido realizadas com a presença de acionistas representando menos da metade das ações com direito a voto. Neste caso, a autorização da Comissão de Valores Mobiliários será mencionada nos avisos de convocação e a deliberação com quorum reduzido somente poderá ser adotada em terceira convocação.

§ 3º O disposto no § 2º não se aplica às assembléias especiais de acionistas preferenciais de que trata o § lº.

Direito de Retirada

Art. 137. A aprovação das matérias previstas nos números I, II e IV a VIII do artigo 136 dá ao acionista dissidente direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor de suas ações (artigo 45), se o reclamar à companhia no prazo de 30 (trinta) dias contados da publicação da ata da assembléia-geral.

§ 1º O acionista dissidente de deliberação da assembléia, inclusive o titular de ações preferenciais sem direito a voto, pode pedir o reembolso das ações de que, comprovadamente, era titular na data da assembléia, ainda que se tenha abstido de votar contra a deliberação ou não tenha comparecido à reunião.

§ 2º É facultado aos órgãos da administração convocar, nos 10 (dez) dias subseqüentes ao término do prazo de que trata este artigo, a assembléia-geral, para reconsiderar ou ratificar a deliberação, se entenderem que o pagamento do preço de reembolso das ações aos acionistas dissidentes, que exerceram o direito de retirada, porá em risco a estabilidade financeira da empresa.

§ 3º Decairá do direito de retirada o acionista que o não exercer no prazo fixado.

CAPÍTULO XII

Conselho de Administração e Diretoria

Administração da Companhia

Art. 138. A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria.

§ 1º O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada, sendo a representação da companhia privativa dos diretores.

§ 2º As companhias abertas e as de capital autorizado terão, obrigatoriamente, conselho de administração.

Art. 139. As atribuições e poderes conferidos por lei aos órgãos de administração não podem ser outorgados a outro órgão, criado por lei ou pelo estatuto.

SEÇÃO I

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Conselho de Administração

Composição

Art. 140. O conselho de administração será composto por, no mínimo, 3 (três) membros, eleitos pela assembléia-geral e por ela destituíveis a qualquer tempo, devendo o estatuto estabelecer:

I - o número de conselheiros, ou o máximo e mínimo permitidos, e o processo de escolha e substituição do presidente do conselho;

II - o modo de substituição dos conselheiros;

III - o prazo de gestão, que não poderá ser superior a 3 (três) anos, permitida a reeleição;

IV - as normas sobre convocação, instalação e funcionamento do conselho que deliberará por maioria de votos.

Voto Múltiplo

Art. 141. Na eleição dos conselheiros, é facultado aos acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) do capital social com direito a voto, esteja ou não previsto no estatuto, requerer a adoção do processo de voto múltiplo, atribuindo-se a cada ação tantos votos quantos sejam os membros do conselho, e reconhecido ao acionista o direito de cumular os votos num só candidato ou distribuí-los entre vários.

§ 1º A faculdade prevista neste artigo deverá ser exercida pelos acionistas até 48 (quarenta e oito) horas antes da assembléia-geral, cabendo à mesa que dirigir os trabalhos da assembléia informar previamente aos acionistas, à vista do "Livro de Presença", o número de votos necessários para a eleição de cada membro do conselho.

§ 2º Os cargos que, em virtude de empate, não forem preenchidos, serão objeto de nova votação, pelo mesmo processo, observado o disposto no § 1º, in fine.

§ 3º Sempre que a eleição tiver sido realizada por esse processo, a destituição de qualquer membro do conselho de administração pela assembléia-geral importará destituição dos demais membros, procedendo-se a nova eleição; nos demais casos de vaga, não havendo suplente, a primeira assembléia-geral procederá à nova eleição de todo o conselho.

§ 4º Se o número de membros do conselho de administração for inferior a 5 (cinco), é facultado aos acionistas que representem 20% (vinte por cento), no mínimo, do capital com direito a voto, a eleição de um dos membros do conselho, observado o disposto no § 1º.

Competência

Art. 142. Compete ao conselho de administração:

I - fixar a orientação geral dos negócios da companhia;

II - eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições, observado o que a respeito dispuser o estatuto;

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III - fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e quaisquer outros atos;

IV - convocar a assembléia-geral quando julgar conveniente, ou no caso do artigo 132;

V - manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria;

VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o exigir;

VII - deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou de bônus de subscrição;

VIII - autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias a obrigações de terceiros;

IX - escolher e destituir os auditores independentes, se houver.

Parágrafo único. Serão arquivadas no registro do comércio e publicadas as atas das reuniões do conselho de administração que contiverem deliberação destinada a produzir efeitos perante terceiros.

SEÇÃO II

Diretoria

Composição

Art. 143. A Diretoria será composta por 2 (dois) ou mais diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo conselho de administração, ou, se inexistente, pela assembléia-geral, devendo o estatuto estabelecer:

I - o número de diretores, ou o máximo e o mínimo permitidos;

II - o modo de sua substituição;

III - o prazo de gestão, que não será superior a 3 (três) anos, permitida a reeleição;

IV - as atribuições e poderes de cada diretor.

§ 1º Os membros do conselho de administração, até o máximo de 1/3 (um terço), poderão ser eleitos para cargos de diretores.

§ 2º O estatuto pode estabelecer que determinadas decisões, de competência dos diretores, sejam tomadas em reunião da diretoria.

Representação

Art. 144. No silêncio do estatuto e inexistindo deliberação do conselho de administração (artigo 142, n. II e parágrafo único), competirão a qualquer diretor a representação da companhia e a prática dos atos necessários ao seu funcionamento regular.

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Parágrafo único. Nos limites de suas atribuições e poderes, é lícito aos diretores constituir mandatários da companhia, devendo ser especificados no instrumento os atos ou operações que poderão praticar e a duração do mandato, que, no caso de mandato judicial, poderá ser por prazo indeterminado.

SEÇÃO III

Administradores

Normas Comuns

Art. 145. As normas relativas a requisitos, impedimentos, investidura, remuneração, deveres e responsabilidade dos administradores aplicam-se a conselheiros e diretores.

Requisitos e Impedimentos

Art. 146. Poderão ser eleitos para membros dos órgãos de administração pessoas naturais residentes no País, devendo os membros do conselho de administração ser acionistas e os diretores, acionistas ou não.

Parágrafo único. A ata da assembléia-geral ou da reunião do conselho de administração que eleger administradores deverá conter a qualificação de cada um dos eleitos e o prazo de gestão, ser arquivada no registro do comércio e publicada.

Art. 147. Quando a lei exigir certos requisitos para a investidura em cargo de administração da companhia, a assembléia-geral somente poderá eleger quem tenha exibido os necessários comprovantes, dos quais se arquivará cópia autêntica na sede social.

§ 1º São inelegíveis para os cargos de administração da companhia as pessoas impedidas por lei especial, ou condenadas por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, contra a economia popular, a fé pública ou a propriedade, ou a pena criminal que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos.

§ 2º São ainda inelegíveis para os cargos de administração de companhia aberta as pessoas declaradas inabilitadas por ato da Comissão de Valores Mobiliários.

Garantia da Gestão

Art. 148. O estatuto pode estabelecer que o exercício do cargo de administrador deva ser assegurado, pelo titular ou por terceiro, mediante penhor de ações da companhia ou outra garantia.

Parágrafo único. A garantia só será levantada após aprovação das últimas contas apresentadas pelo administrador que houver deixado o cargo.

Investidura

Art. 149. Os conselheiros e diretores serão investidos nos seus cargos mediante assinatura de termo de posse no livro de atas do conselho de administração ou da diretoria, conforme o caso.

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Parágrafo único. Se o termo não for assinado nos 30 (trinta) dias seguintes à nomeação, esta tornar-se-á sem efeito, salvo justificação aceita pelo órgão da administração para o qual tiver sido eleito.

Substituição e Término da Gestão

Art. 150. No caso de vacância do cargo de conselheiro, salvo disposição em contrário do estatuto, o substituto será nomeado pelos conselheiros remanescentes e servirá até a primeira assembléia-geral. Se ocorrer vacância da maioria dos cargos, a assembléia-geral será convocada para proceder a nova eleição.

§ 1º No caso de vacância de todos os cargos do conselho de administração, compete à diretoria convocar a assembléia-geral.

§ 2º No caso de vacância de todos os cargos da diretoria, se a companhia não tiver conselho de administração, compete ao conselho fiscal, se em funcionamento, ou a qualquer acionista, convocar a assembléia-geral, devendo o representante de maior número de ações praticar, até a realização da assembléia, os atos urgentes de administração da companhia.

§ 3º O substituto eleito para preencher cargo vago completará o prazo de gestão do substituído.

§ 4º O prazo de gestão do conselho de administração ou da diretoria se estende até a investidura dos novos administradores eleitos.

Renúncia

Art. 151. A renúncia do administrador torna-se eficaz, em relação à companhia, desde o momento em que lhe for entregue a comunicação escrita do renunciante, e em relação a terceiros de boa-fé, após arquivamento no registro de comércio e publicação, que poderão ser promovidos pelo renunciante.

Remuneração

Art. 152. A assembléia-geral fixará o montante global ou individual da remuneração dos administradores tendo em conta suas responsabilidades, o tempo dedicado às suas funções, sua competência e reputação profissional e o valor dos seus serviços no mercado.

§ 1º O estatuto da companhia que fixar o dividendo obrigatório em 25% (vinte e cinco por cento) ou mais do lucro líquido, pode atribuir aos administradores participação no lucro da companhia, desde que o seu total não ultrapasse a remuneração anual dos administradores nem 0,1 (um décimo) dos lucros (artigo 190), prevalecendo o limite que for menor.

§ 2º Os administradores somente farão jus à participação nos lucros do exercício social em relação ao qual for atribuído aos acionistas o dividendo obrigatório, de que trata o artigo 202.

SEÇÃO IV

Deveres e Responsabilidades

Dever de Diligência

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Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios.

Finalidade das Atribuições e Desvio de Poder

Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da função social da empresa.

§ 1º O administrador eleito por grupo ou classe de acionistas tem, para com a companhia, os mesmos deveres que os demais, não podendo, ainda que para defesa do interesse dos que o elegeram, faltar a esses deveres.

§ 2° É vedado ao administrador:

a) praticar ato de liberalidade à custa da companhia;

b) sem prévia autorização da assembléia-geral ou do conselho de administração, tomar por empréstimo recursos ou bens da companhia, ou usar, em proveito próprio, de sociedade em que tenha interesse, ou de terceiros, os seus bens, serviços ou crédito;

c) receber de terceiros, sem autorização estatutária ou da assembléia-geral, qualquer modalidade de vantagem pessoal, direta ou indireta, em razão do exercício de seu cargo.

§ 3º As importâncias recebidas com infração ao disposto na alínea c do § 2º pertencerão à companhia.

§ 4º O conselho de administração ou a diretoria podem autorizar a prática de atos gratuitos razoáveis em benefício dos empregados ou da comunidade de que participe a empresa, tendo em vista suas responsabilidades sociais.

Dever de Lealdade

Art. 155. O administrador deve servir com lealdade à companhia e manter reserva sobre os seus negócios, sendo-lhe vedado:

I - usar, em benefício próprio ou de outrem, com ou sem prejuízo para a companhia, as oportunidades comerciais de que tenha conhecimento em razão do exercício de seu cargo;

II - omitir-se no exercício ou proteção de direitos da companhia ou, visando à obtenção de vantagens, para si ou para outrem, deixar de aproveitar oportunidades de negócio de interesse da companhia;

III - adquirir, para revender com lucro, bem ou direito que sabe necessário à companhia, ou que esta tencione adquirir.

§ 1º Cumpre, ademais, ao administrador de companhia aberta, guardar sigilo sobre qualquer informação que ainda não tenha sido divulgada para conhecimento do mercado, obtida em razão do cargo e capaz de influir de modo ponderável na cotação de valores mobiliários, sendo-lhe vedado valer-se da informação para obter, para si ou para outrem, vantagem mediante compra ou venda de valores mobiliários.

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§ 2º O administrador deve zelar para que a violação do disposto no § 1º não possa ocorrer através de subordinados ou terceiros de sua confiança.

§ 3º A pessoa prejudicada em compra e venda de valores mobiliários, contratada com infração do disposto nos §§ 1° e 2°, tem direito de haver do infrator indenização por perdas e danos, a menos que ao contratar já conhecesse a informação.

Conflito de Interesses

Art. 156. É vedado ao administrador intervir em qualquer operação social em que tiver interesse conflitante com o da companhia, bem como na deliberação que a respeito tomarem os demais administradores, cumprindo-lhe cientificá-los do seu impedimento e fazer consignar, em ata de reunião do conselho de administração ou da diretoria, a natureza e extensão do seu interesse.

§ 1º Ainda que observado o disposto neste artigo, o administrador somente pode contratar com a companhia em condições razoáveis ou eqüitativas, idênticas às que prevalecem no mercado ou em que a companhia contrataria com terceiros.

§ 2º O negócio contratado com infração do disposto no § 1º é anulável, e o administrador interessado será obrigado a transferir para a companhia as vantagens que dele tiver auferido.

Dever de Informar

Art. 157. O administrador de companhia aberta deve declarar, ao firmar o termo de posse, o número de ações, bônus de subscrição, opções de compra de ações e debêntures conversíveis em ações, de emissão da companhia e de sociedades controladas ou do mesmo grupo, de que seja titular.

§ 1º O administrador de companhia aberta é obrigado a revelar à assembléia-geral ordinária, a pedido de acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social:

a) o número dos valores mobiliários de emissão da companhia ou de sociedades controladas, ou do mesmo grupo, que tiver adquirido ou alienado, diretamente ou através de outras pessoas, no exercício anterior;

b) as opções de compra de ações que tiver contratado ou exercido no exercício anterior;

c) os benefícios ou vantagens, indiretas ou complementares, que tenha recebido ou esteja recebendo da companhia e de sociedades coligadas, controladas ou do mesmo grupo;

d) as condições dos contratos de trabalho que tenham sido firmados pela companhia com os diretores e empregados de alto nível;

e) quaisquer atos ou fatos relevantes nas atividades da companhia.

§ 2º Os esclarecimentos prestados pelo administrador poderão, a pedido de qualquer acionista, ser reduzidos a escrito, autenticados pela mesa da assembléia, e fornecidos por cópia aos solicitantes.

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§ 3º A revelação dos atos ou fatos de que trata este artigo só poderá ser utilizada no legítimo interesse da companhia ou do acionista, respondendo os solicitantes pelos abusos que praticarem.

§ 4º Os administradores da companhia aberta são obrigados a comunicar imediatamente à bolsa de valores e a divulgar pela imprensa qualquer deliberação da assembléia-geral ou dos órgãos de administração da companhia, ou fato relevante ocorrido nos seus negócios, que possa influir, de modo ponderável, na decisão dos investidores do mercado de vender ou comprar valores mobiliários emitidos pela companhia.

§ 5º Os administradores poderão recusar-se a prestar a informação (§ 1º, alínea e), ou deixar de divulgá-la (§ 4º), se entenderem que sua revelação porá em risco interesse legítimo da companhia, cabendo à Comissão de Valores Mobiliários, a pedido dos administradores, de qualquer acionista, ou por iniciativa própria, decidir sobre a prestação de informação e responsabilizar os administradores, se for o caso.

Responsabilidade dos Administradores

Art. 158. O administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão; responde, porém, civilmente, pelos prejuízos que causar, quando proceder:

I - dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo;

II - com violação da lei ou do estatuto.

§ 1º O administrador não é responsável por atos ilícitos de outros administradores, salvo se com eles for conivente, se negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar de agir para impedir a sua prática. Exime-se de responsabilidade o administrador dissidente que faça consignar sua divergência em ata de reunião do órgão de administração ou, não sendo possível, dela dê ciência imediata e por escrito ao órgão da administração, no conselho fiscal, se em funcionamento, ou à assembléia-geral.

§ 2º Os administradores são solidariamente responsáveis pelos prejuízos causados em virtude do não cumprimento dos deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a todos eles.

§ 3º Nas companhias abertas, a responsabilidade de que trata o § 2º ficará restrita, ressalvado o disposto no § 4º, aos administradores que, por disposição do estatuto, tenham atribuição específica de dar cumprimento àqueles deveres.

§ 4º O administrador que, tendo conhecimento do não cumprimento desses deveres por seu predecessor, ou pelo administrador competente nos termos do § 3º, deixar de comunicar o fato a assembléia-geral, tornar-se-á por ele solidariamente responsável.

§ 5º Responderá solidariamente com o administrador quem, com o fim de obter vantagem para si ou para outrem, concorrer para a prática de ato com violação da lei ou do estatuto.

Ação de Responsabilidade

Art. 159. Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembléia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio.

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§ 1º A deliberação poderá ser tomada em assembléia-geral ordinária e, se prevista na ordem do dia, ou for conseqüência direta de assunto nela incluído, em assembléia-geral extraordinária.

§ 2º O administrador ou administradores contra os quais deva ser proposta ação ficarão impedidos e deverão ser substituídos na mesma assembléia.

§ 3º Qualquer acionista poderá promover a ação, se não for proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação da assembléia-geral.

§ 4º Se a assembléia deliberar não promover a ação, poderá ela ser proposta por acionistas que representem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital social.

§ 5° Os resultados da ação promovida por acionista deferem-se à companhia, mas esta deverá indenizá-lo, até o limite daqueles resultados, de todas as despesas em que tiver incorrido, inclusive correção monetária e juros dos dispêndios realizados.

§ 6° O juiz poderá reconhecer a exclusão da responsabilidade do administrador, se convencido de que este agiu de boa-fé e visando ao interesse da companhia.

§ 7º A ação prevista neste artigo não exclui a que couber ao acionista ou terceiro diretamente prejudicado por ato de administrador.

Órgãos Técnicos e Consultivos

Art. 160. As normas desta Seção aplicam-se aos membros de quaisquer órgãos, criados pelo estatuto, com funções técnicas ou destinados a aconselhar os administradores.

CAPÍTULO XIII

Conselho Fiscal

Composição e Funcionamento

Art. 161. A companhia terá um conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas.

§ 1º O conselho fiscal será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembléia-geral.

§ 2º O conselho fiscal, quando o funcionamento não for permanente, será instalado pela assembléia-geral a pedido de acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) das ações com direito a voto, ou 5% (cinco por cento) das ações sem direito a voto, e cada período de seu funcionamento terminará na primeira assembléia-geral ordinária após a sua instalação.

§ 3º O pedido de funcionamento do conselho fiscal, ainda que a matéria não conste do anúncio de convocação, poderá ser formulado em qualquer assembléia-geral, que elegerá os seus membros.

§ 4º Na constituição do conselho fiscal serão observadas as seguintes normas:

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a) os titulares de ações preferenciais sem direito a voto, ou com voto restrito, terão direito de eleger, em votação em separado, 1 (um) membro e respectivo suplente; igual direito terão os acionistas minoritários, desde que representem, em conjunto, 10% (dez por cento) ou mais das ações com direito a voto;

b) ressalvado o disposto na alínea anterior, os demais acionistas com direito a voto poderão eleger os membros efetivos e suplentes que, em qualquer caso, serão em número igual ao dos eleitos nos termos da alínea a, mais um.

§ 5º Os membros do conselho fiscal e seus suplentes exercerão seus cargos até a primeira assembléia-geral ordinária que se realizar após a sua eleição, e poderão ser reeleitos.

§ 6º A função de membro do conselho fiscal é indelegável.

Requisitos, Impedimentos e Remuneração

Art. 162. Somente podem ser eleitos para o conselho fiscal pessoas naturais, residentes no País, diplomadas em curso de nível universitário, ou que tenham exercido por prazo mínimo de 3 (três) anos, cargo de administrador de empresa ou de conselheiro fiscal.

§ 1º Nas localidades em que não houver pessoas habilitadas, em número suficiente, para o exercício da função, caberá ao juiz dispensar a companhia da satisfação dos requisitos estabelecidos neste artigo.

§ 2º Não podem ser eleitos para o conselho fiscal, além das pessoas enumeradas nos parágrafos do artigo 147, membros de órgãos de administração e empregados da companhia ou de sociedade controlada ou do mesmo grupo, e o cônjuge ou parente, até terceiro grau, de administrador da companhia.

§ 3º A remuneração dos membros do conselho fiscal será fixada pela assembléia-geral que os eleger, e não poderá ser inferior, para cada membro em exercício, a 0,1 (um décimo) da que, em média, for atribuída a cada diretor, não computada a participação nos lucros.

Competência

Art. 163. Compete ao conselho fiscal:

I - fiscalizar os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários;

II - opinar sobre o relatório anual da administração, fazendo constar do seu parecer as informações complementares que julgar necessárias ou úteis à deliberação da assembléia-geral;

III - opinar sobre as propostas dos órgãos da administração, a serem submetidas à assembléia-geral, relativas a modificação do capital social, emissão de debêntures ou bônus de subscrição, planos de investimento ou orçamentos de capital, distribuição de dividendos, transformação, incorporação, fusão ou cisão;

IV - denunciar aos órgãos de administração, e se estes não tomarem as providências necessárias para a proteção dos interesses da companhia, à assembléia-geral, os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, e sugerir providências úteis a companhia;

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V - convocar a assembléia-geral ordinária, se os órgãos da administração retardarem por mais de 1 (um) mês essa convocação, e a extraordinária, sempre que ocorrerem motivos graves ou urgentes, incluindo na agenda das assembléias as matérias que considerarem necessárias;

VI - analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente pela companhia;

VII - examinar as demonstrações financeiras do exercício social e sobre elas opinar;

VIII - exercer essas atribuições, durante a liquidação, tendo em vista as disposições especiais que a regulam.

§ 1º Os órgãos de administração são obrigados, através de comunicação por escrito, a colocar à disposição dos membros em exercício do conselho fiscal, dentro de 10 (dez) dias, cópias das atas de suas reuniões e, dentro de 15 (quinze) dias do seu recebimento, cópias dos balancetes e demais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente e, quando houver, dos relatórios de execução de orçamentos.

§ 2º O conselho fiscal, a pedido de qualquer dos seus membros, solicitará aos órgãos de administração esclarecimentos ou informações, assim como a elaboração de demonstrações financeiras ou contábeis especiais.

§ 3° Os membros do conselho fiscal assistirão às reuniões do conselho de administração, se houver, ou da diretoria, em que se deliberar sobre os assuntos em que devam opinar (ns. II, III e VII).

§ 4º Se a companhia tiver auditores independentes, o conselho fiscal poderá solicitar-lhes os esclarecimentos ou informações que julgar necessários, e a apuração de fatos específicos.

§ 5º Se a companhia não tiver auditores independentes, o conselho fiscal poderá, para melhor desempenho das suas funções, escolher contador ou firma de auditoria e fixar-lhes os honorários, dentro de níveis razoáveis, vigentes na praça e compatíveis com a dimensão econômica da companhia, os quais serão pagos por esta.

§ 6º O conselho fiscal deverá fornecer ao acionista, ou grupo de acionistas que representem, no mínimo 5% (cinco por cento) do capital social, sempre que solicitadas, informações sobre matérias de sua competência.

§ 7º As atribuições e poderes conferidos pela lei ao conselho fiscal não podem ser outorgados a outro órgão da companhia.

Pareceres e Representações

Art. 164. Os membros do conselho fiscal, ou ao menos um deles, deverão comparecer às reuniões da assembléia-geral e responder aos pedidos de informações formulados pelos acionistas.

Parágrafo único. Os pareceres e representações do conselho fiscal poderão ser apresentados e lidos na assembléia-geral, independentemente de publicação e ainda que a matéria não conste da ordem do dia.

Deveres e Responsabilidades

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Art. 165. Os membros do conselho fiscal têm os mesmos deveres dos administradores de que tratam os artigos 153 a 156 e respondem pelos danos resultantes de omissão no cumprimento de seus deveres e de atos praticados com culpa ou dolo, ou com violação da lei ou do estatuto.

§ 1º O membro do conselho fiscal não é responsável pelos atos ilícitos de outros membros, salvo se com eles for conivente, ou se concorrer para a prática do ato.

§ 2º A responsabilidade dos membros do conselho fiscal por omissão no cumprimento de seus deveres é solidária, mas dela se exime o membro dissidente que fizer consignar sua divergência em ata da reunião do órgão e a comunicar aos órgãos da administração e à assembléia-geral.

CAPÍTULO XIV

Modificação do Capital Social

SEÇÃO I

Aumento

Competência

Art. 166. O capital social pode ser aumentado:

I - por deliberação da assembléia-geral ordinária, para correção da expressão monetária do seu valor (artigo 167);

II - por deliberação da assembléia-geral ou do conselho de administração, observado o que a respeito dispuser o estatuto, nos casos de emissão de ações dentro do limite autorizado no estatuto (artigo 168);

III - por conversão, em ações, de debêntures ou parte beneficiárias e pelo exercício de direitos conferidos por bônus de subscrição, ou de opção de compra de ações;

IV - por deliberação da assembléia-geral extraordinária convocada para decidir sobre reforma do estatuto social, no caso de inexistir autorização de aumento, ou de estar a mesma esgotada.

§ 1º Dentro dos 30 (trinta) dias subseqüentes à efetivação do aumento, a companhia requererá ao registro do comércio a sua averbação, nos casos dos números I a III, ou o arquivamento da ata da assembléia de reforma do estatuto, no caso do número IV.

§ 2º O conselho fiscal, se em funcionamento, deverá, salvo nos casos do número III, ser obrigatoriamente ouvido antes da deliberação sobre o aumento de capital.

Correção Monetária Anual

Art. 167. A reserva de capital constituída por ocasião do balanço de encerramento do exercício social e resultante da correção monetária do capital realizado (artigo 182, § 2º) será capitalizada por deliberação da assembléia-geral ordinária que aprovar o balanço.

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§ 1º Na companhia aberta, a capitalização prevista neste artigo será feita sem modificaçãob do número de ações emitidas e com aumento do valor nominal das ações, se for o caso.

§ 2º A companhia poderá deixar de capitalizar o saldo da reserva correspondente às frações de centavo do valor nominal das ações, ou, se não tiverem valor nominal, à fração inferior a 1% (um por cento) do capital social.

§ 3º Se a companhia tiver ações com e sem valor nominal, a correção do capital correspondente às ações com valor nominal será feita separadamente, sendo a reserva resultante capitalizada em benefício dessas ações.

Capital Autorizado

Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento do capital social independentemente de reforma estatutária.

§ 1º A autorização deverá especificar:

a) o limite de aumento, em valor do capital ou em número de ações, e as espécies e classes das ações que poderão ser emitidas;

b) o órgão competente para deliberar sobre as emissões, que poderá ser a assembléia-geral ou o conselho de administração;

c) as condições a que estiverem sujeitas as emissões;

d) os casos ou as condições em que os acionistas terão direito de preferência para subscrição, ou de inexistência desse direito (artigo 172).

§ 2º O limite de autorização, quando fixado em valor do capital social, será anualmente corrigido pela assembléia-geral ordinária, com base nos mesmos índices adotados na correção do capital social.

§ 3º O estatuto pode prever que a companhia, dentro do limite de capital autorizado, e de acordo com plano aprovado pela assembléia-geral, outorgue opção de compra de ações a seus administradores ou empregados, ou a pessoas naturais que prestem serviços à companhia ou a sociedade sob seu controle.

Capitalização de Lucros e Reservas

Art. 169. O aumento mediante capitalização de lucros ou de reservas importará alteração do valor nominal das ações ou distribuições das ações novas, correspondentes ao aumento, entre acionistas, na proporção do número de ações que possuírem.

§ 1º Na companhia com ações sem valor nominal, a capitalização de lucros ou de reservas poderá ser efetivada sem modificação do número de ações.

§ 2º Às ações distribuídas de acordo com este artigo se estenderão, salvo cláusula em contrário dos instrumentos que os tenham constituído, o usufruto, o fideicomisso, a inalienabilidade e a incomunicabilidade que porventura gravarem as ações de que elas forem derivadas.

§ 3º As ações que não puderem ser atribuídas por inteiro a cada acionista serão vendidas em bolsa, dividindo-se o produto da venda, proporcionalmente, pelos

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titulares das frações; antes da venda, a companhia fixará prazo não inferior a 30 (trinta) dias, durante o qual os acionistas poderão transferir as frações de ação.

Aumento Mediante Subscrição de Ações

Art. 170. Depois de realizados 3/4 (três quartos), no mínimo, do capital social, a companhia pode aumentá-lo mediante subscrição pública ou particular de ações.

§ 1º O preço de emissão deve ser fixado tendo em vista a cotação das ações no mercado, o valor de patrimônio líquido e as perspectivas de rentabilidade da companhia, sem diluição injustificada da participação dos antigos acionistas, ainda que tenham direito de preferência para subscrevê-las.

§ 2º A assembléia-geral, quando for de sua competência deliberar sobre o aumento, poderá delegar ao conselho de administração a fixação do preço de emissão de ações a serem distribuídas no mercado.

§ 3º A subscrição de ações para realização em bens será sempre procedida com observância do disposto no artigo 8º, e a ela se aplicará o disposto nos §§ 2º e 3º do artigo 98.

§ 4º As entradas e as prestações da realização das ações poderão ser recebidas pela companhia independentemente de depósito bancário.

§ 5º No aumento de capital observar-se-á, se mediante subscrição pública, o disposto no artigo 82, e se mediante subscrição particular, o que a respeito for deliberado pela assembléia-geral ou pelo conselho de administração, conforme dispuser o estatuto.

§ 6º Ao aumento de capital aplica-se, no que couber, o disposto sobre a constituição da companhia, exceto na parte final do § 2º do artigo 82.

Direito de Preferência

Art. 171. Na proporção do número de ações que possuírem, os acionistas terão preferência para a subscrição do aumento de capital.

§ 1º Se o capital for dividido em ações de diversas espécies ou classes e o aumento for feito por emissão de mais de uma espécie ou classe, observar-se-ão as seguintes normas:

a) no caso de aumento, na mesma proporção, do número de ações de todas as espécies e classes existentes, cada acionista exercerá o direito de preferência sobre ações idênticas às de que for possuidor;

b) se as ações emitidas forem de espécies e classes existentes, mas importarem alteração das respectivas proporções no capital social, a preferência será exercida sobre ações de espécies e classes idênticas às de que forem possuidores os acionistas, somente se estendendo às demais se aquelas forem insuficientes para lhes assegurar, no capital aumentado, a mesma proporção que tinham no capital antes do aumento;

c) se houver emissão de ações de espécie ou classe diversa das existentes, cada acionista exercerá a preferência, na proporção do número de ações que possuir, sobre ações de todas as espécies e classes do aumento.

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§ 2º No aumento mediante capitalização de créditos ou subscrição em bens, será sempre assegurado aos acionistas o direito de preferência e, se for o caso, as importâncias por eles pagas serão entregues ao titular do crédito a ser capitalizado ou do bem a ser incorporado.

§ 3º Os acionistas terão direito de preferência para subscrição das emissões de debêntures conversíveis em ações, bônus de subscrição e partes beneficiárias conversíveis em ações emitidas para alienação onerosa; mas na conversão desses títulos em ações, ou na outorga e no exercício de opção de compra de ações, não haverá direito de preferência.

§ 4º O estatuto ou a assembléia-geral fixará prazo de decadência, não inferior a 30 (trinta) dias, para o exercício do direito de preferência.

§ 5º No usufruto e no fideicomisso, o direito de preferência, quando não exercido pelo acionista até 10 (dez) dias antes do vencimento do prazo, poderá sê-lo pelo usufrutuário ou fideicomissário.

§ 6º O acionista poderá ceder seu direito de preferência.

§ 7º Na companhia aberta, o órgão que deliberar sobre a emissão mediante subscrição particular deverá dispor sobre as sobras de valores mobiliários não subscritos, podendo:

a) mandar vendê-las em bolsa, em benefício da companhia; ou

b) rateá-las, na proporção dos valores subscritos, entre os acionistas que tiverem pedido, no boletim ou lista de subscrição, reserva de sobras; nesse caso, a condição constará dos boletins e listas de subscrição e o saldo não rateado será vendido em bolsa, nos termos da alínea anterior.

§ 8° Na companhia fechada, será obrigatório o rateio previsto na alínea b do § 7º, podendo o saldo, se houver, ser subscrito por terceiros, de acordo com os critérios estabelecidos pela assembléia-geral ou pelos órgãos da administração.

Exclusão do Direito de Preferência

Art. 172. O estatuto da companhia aberta que contiver autorização para aumento do capital pode prever a emissão, sem direito de preferência para os antigos acionistas, de ações, debêntures ou partes beneficiárias conversíveis em ações, e bônus de subscrição, cuja colocação seja feita mediante:

I - venda em bolsa de valores ou subscrição pública; ou

II - permuta por ações, em oferta pública de aquisição de controle, nos termos dos artigos 257 a 263.

Parágrafo único. O estatuto da companhia, ainda que fechada, pode excluir o direito de preferência para subscrição de ações nos termos de lei especial sobre incentivos fiscais.

SEÇÃO II

Redução

Art. 173. A assembléia-geral poderá deliberar a redução do capital social se houver perda, até o montante dos prejuízos acumulados, ou se julgá-lo excessivo.

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§ 1º A proposta de redução do capital social, quando de iniciativa dos administradores, não poderá ser submetida à deliberação da assembléia-geral sem o parecer do conselho fiscal, se em funcionamento.

§ 2º A partir da deliberação de redução ficarão suspensos os direitos correspondentes às ações cujos certificados tenham sido emitidos, até que sejam apresentados à companhia para substituição.

Oposição dos Credores

Art. 174. Ressalvado o disposto nos artigos 45 e 107, a redução do capital social com restituição aos acionistas de parte do valor das ações, ou pela diminuição do valor destas, quando não integralizadas, à importância das entradas, só se tornará efetiva 60 (sessenta) dias após a publicação da ata da assembléia-geral que a tiver deliberado.

§ 1º Durante o prazo previsto neste artigo, os credores quirografários por títulos anteriores à data da publicação da ata poderão, mediante notificação, de que se dará ciência ao registro do comércio da sede da companhia, opor-se à redução do capital; decairão desse direito os credores que o não exercerem dentro do prazo.

§ 2º Findo o prazo, a ata da assembléia-geral que houver deliberado à redução poderá ser arquivada se não tiver havido oposição ou, se tiver havido oposição de algum credor, desde que feita a prova do pagamento do seu crédito ou do depósito judicial da importância respectiva.

§ 3º Se houver em circulação debêntures emitidas pela companhia, a redução do capital, nos casos previstos neste artigo, não poderá ser efetivada sem prévia aprovação pela maioria dos debenturistas, reunidos em assembléia especial.

CAPÍTULO XV

Exercício Social e Demonstrações Financeiras

SEÇÃO I

Exercício Social

Art. 175. O exercício social terá duração de 1 (um) ano e a data do término será fixada no estatuto.

Parágrafo único. Na constituição da companhia e nos casos de alteração estatutária o exercício social poderá ter duração diversa.

SEÇÃO II

Demonstrações Financeiras

Disposições Gerais

Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício:

I - balanço patrimonial;

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II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;

III - demonstração do resultado do exercício; e

IV - demonstração das origens e aplicações de recursos.

§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior.

§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações genéricas, como "diversas contas" ou "contas-correntes".

§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela assembléia-geral.

§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício.

§ 5º As notas deverão indicar:

a) Os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo;

b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (artigo 247, parágrafo único);

c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações (artigo 182, § 3º);

d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes;

e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo;

f) o número, espécies e classes das ações do capital social;

g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;

h) os ajustes de exercícios anteriores (artigo 186, § 1º);

i) os eventos subseqüentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia.

§ 6º A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, não superior ao valor nominal de 20.000 (vinte mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional, não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração das origens e aplicações de recursos.

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Escrituração

Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência.

§ 1º As demonstrações financeiras do exercício em que houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e ressaltar esses efeitos.

§ 2º A companhia observará em registros auxiliares, sem modificação da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem a elaboração de outras demonstrações financeiras.

§ 3º As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, e serão obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na mesma comissão.

§ 4º As demonstrações financeiras serão assinadas pelos administradores e por contabilistas legalmente habilitados.

SEÇÃO III

Balanço Patrimonial

Grupo de Contas

Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.

§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:

a) ativo circulante;

b) ativo realizável a longo prazo;

c) ativo permanente, dividido em investimentos, ativo imobilizado e ativo diferido.

§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:

a) passivo circulante;

b) passivo exigível a longo prazo;

c) resultados de exercícios futuros;

d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e lucros ou prejuízos acumulados.

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§ 3º Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão classificados separadamente.

Ativo

Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:

I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte;

II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia;

III - em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa;

IV - no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou comercial;

V - no ativo diferido: as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social, inclusive os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais.

Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo.

Passivo Exigível

Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo permanente, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do artigo 179.

Resultados de Exercícios Futuros

Art. 181. Serão classificadas como resultados de exercício futuro as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas correspondentes.

Patrimônio Líquido

Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada.

§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem:

a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias;

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b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;

c) o prêmio recebido na emissão de debêntures;

d) as doações e as subvenções para investimento.

§ 2° Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto não-capitalizado.

§ 3° Serão classificadas como reservas de reavaliação as contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a elementos do ativo em virtude de novas avaliações com base em laudo nos termos do artigo 8º, aprovado pela assembléia-geral.

§ 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia.

§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição.

Critérios de Avaliação do Ativo

Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios:

I - os direitos e títulos de crédito, e quaisquer valores mobiliários não classificados como investimentos, pelo custo de aquisição ou pelo valor do mercado, se este for menor; serão excluídos os já prescritos e feitas as provisões adequadas para ajustá-lo ao valor provável de realização, e será admitido o aumento do custo de aquisição, até o limite do valor do mercado, para registro de correção monetária, variação cambial ou juros acrescidos;

II - os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior;

III - os investimentos em participação no capital social de outras sociedades, ressalvado o disposto nos artigos 248 a 250, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas;

IV - os demais investimentos, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para atender às perdas prováveis na realização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição ao valor de mercado, quando este for inferior;

V - os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de aquisição, deduzido do saldo da respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão;

VI - o ativo diferido, pelo valor do capital aplicado, deduzido do saldo das contas que registrem a sua amortização.

§ 1º Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se valor de mercado:

a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no mercado;

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b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de realização mediante venda no mercado, deduzidos os impostos e demais despesas necessárias para a venda, e a margem de lucro;

c) dos investimentos, o valor líquido pelo qual possam ser alienados a terceiros.

§ 2º A diminuição de valor dos elementos do ativo imobilizado será registrada periodicamente nas contas de:

a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência;

b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado;

c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.

§ 3º Os recursos aplicados no ativo diferido serão amortizados periodicamente, em prazo não superior a 10 (dez) anos, a partir do início da operação normal ou do exercício em que passem a ser usufruídos os benefícios deles decorrentes, devendo ser registrada a perda do capital aplicado quando abandonados os empreendimentos ou atividades a que se destinavam, ou comprovado que essas atividades não poderão produzir resultados suficientes para amortizá-los.

§ 4° Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda poderão ser avaliados pelo valor de mercado, quando esse for o costume mercantil aceito pela técnica contábil.

Critérios de Avaliação do Passivo

Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguintes critérios:

I - as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive Imposto sobre a Renda a pagar com base no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado até a data do balanço;

II - as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço;

III - as obrigações sujeitas à correção monetária serão atualizadas até a data do balanço.

Correção Monetária

Art. 185. Nas demonstrações financeiras deverão ser considerados os efeitos da modificação no poder de compra da moeda nacional sobre o valor dos elementos do patrimônio e os resultados do exercício.

§ lº Serão corrigidos, com base nos índices de desvalorização da moeda nacional reconhecidos pelas autoridades federais:

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a) o custo de aquisição dos elementos do ativo permanente, inclusive os recursos aplicados no ativo diferido, os saldos das contas de depreciação, amortização e exaustão, e as provisões para perdas;

b) os saldos das contas do patrimônio líquido.

§ 2º A variação nas contas do patrimônio líquido, decorrente de correção monetária, será acrescida aos respectivos saldos, com exceção da correção do capital realizado, que constituirá a reserva de capital de que trata o § 2º do artigo 182.

§ 3º As contrapartidas dos ajustes de correção monetária serão registradas em conta cujo saldo será computado no resultado do exercício.

SEÇÃO IV

Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados

Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará:

I - o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do saldo inicial;

II - as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício;

III - as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período.

§ 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subseqüentes.

§ 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia.

SEÇÃO V

Demonstração do Resultado do Exercício

Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:

I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos;

II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;

III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;

IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais e o saldo da conta de correção monetária (artigo 185, § 3º);

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V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto;

VI - as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados;

VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.

§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados:

a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e

b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.

§ 2º O aumento do valor de elementos do ativo em virtude de novas avaliações, registrados como reserva de reavaliação (artigo 182, § 3º), somente depois de realizado poderá ser computado como lucro para efeito de distribuição de dividendos ou participações.

SEÇÃO VI

Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

Art. 188. A demonstração das origens e aplicações de recursos indicará as modificações na posição financeira da companhia, discriminando:

I - as origens dos recursos, agrupadas em:

a) lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou exaustão e ajustado pela variação nos resultados de exercícios futuros;

b) realização do capital social e contribuições para reservas de capital;

c) recursos de terceiros, originários do aumento do passivo exigível a longo prazo, da redução do ativo realizável a longo prazo e da alienação de investimentos e direitos do ativo imobilizado.

II - as aplicações de recursos, agrupadas em:

a) dividendos distribuídos;

b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;

c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investimentos e do ativo diferido;

d) redução do passivo exigível a longo prazo.

III - o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações, representando aumento ou redução do capital circulante líquido;

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IV - os saldos, no início e no fim do exercício, do ativo e passivo circulantes, o montante do capital circulante líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício.

CAPÍTULO XVI

Lucro, Reservas e Dividendos

SEÇÃO I

Lucro

Dedução de Prejuízos e Imposto sobre a Renda

Art. 189. Do resultado do exercício serão deduzidos, antes de qualquer participação, os prejuízos acumulados e a provisão para o Imposto sobre a Renda.

Parágrafo único. o prejuízo do exercício será obrigatoriamente absorvido pelos lucros acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa ordem.

Participações

Art. 190. As participações estatutárias de empregados, administradores e partes beneficiárias serão determinadas, sucessivamente e nessa ordem, com base nos lucros que remanescerem depois de deduzida a participação anteriormente calculada.

Parágrafo único. Aplica-se ao pagamento das participações dos administradores e das partes beneficiárias o disposto nos parágrafos do artigo 201.

Lucro Líquido

Art. 191. Lucro líquido do exercício é o resultado do exercício que remanescer depois de deduzidas as participações de que trata o artigo 190.

Proposta de Destinação do Lucro

Art. 192. Juntamente com as demonstrações financeiras do exercício, os órgãos da administração da companhia apresentarão à assembléia-geral ordinária, observado o disposto nos artigos 193 a 203 e no estatuto, proposta sobre a destinação a ser dada ao lucro líquido do exercício.

SEÇÃO II

Reservas e Retenção de Lucros

Reserva Legal

Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que não excederá de 20% (vinte por cento) do capital social.

§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de capital de que trata o § 1º do artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital social.

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§ 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o capital.

Reservas Estatutárias

Art. 194. O estatuto poderá criar reservas desde que, para cada uma:

I - indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade;

II - fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão destinados à sua constituição; e

III - estabeleça o limite máximo da reserva.

Reservas para Contingências

Art. 195. A assembléia-geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar parte do lucro líquido à formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado.

§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da perda prevista e justificar, com as razões de prudência que a recomendem, a constituição da reserva.

§ 2º A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que justificaram a sua constituição ou em que ocorrer a perda.

Retenção de Lucros

Art. 196. A assembléia-geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, deliberar reter parcela do lucro líquido do exercício prevista em orçamento de capital por ela previamente aprovado.

§ 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da administração com a justificação da retenção de lucros proposta, deverá compreender todas as fontes de recursos e aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a duração de até 5 (cinco) exercícios, salvo no caso de execução, por prazo maior, de projeto de investimento.

§ 2º O orçamento poderá ser aprovado na assembléia-geral ordinária que deliberar sobre o balanço do exercício.

Reserva de Lucros a Realizar

Art. 197. No exercício em que os lucros a realizar ultrapassarem o total deduzido nos termos dos artigos 193 a 196, a assembléia-geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar o excesso à constituição de reserva de lucros a realizar.

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, são lucros a realizar:

a) o saldo credor da conta de registro das contrapartidas dos ajustes de correção monetária (artigo 185, § 3º);

b) o aumento do valor do investimento em coligadas e controladas (artigo 248, III);

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c) o lucro em vendas a prazo realizável após o término do exercício seguinte.

Limite da Constituição de Reservas e Retenção de Lucros

Art. 198. A destinação dos lucros para constituição das reservas de que trata o artigo 194 e a retenção nos termos do artigo 196 não poderão ser aprovadas, em cada exercício, em prejuízo da distribuição do dividendo obrigatório (artigo 202).

Limite do Saldo das Reservas de Lucros

Art. 199. O saldo das reservas de lucros, exceto as para contingências e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o capital social; atingido esse limite, a assembléia deliberará sobre a aplicação do excesso na integralização ou no aumento do capital social, ou na distribuição de dividendos.

Reserva de Capital

Art. 200. As reservas de capital somente poderão ser utilizadas para:

I - absorção de prejuízos que ultrapassarem os lucros acumulados e as reservas de lucros (artigo 189, parágrafo único);

II - resgate, reembolso ou compra de ações;

III - resgate de partes beneficiárias;

IV - incorporação ao capital social;

V - pagamento de dividendo a ações preferenciais, quando essa vantagem lhes for assegurada (artigo 17, § 5º).

Parágrafo único. A reserva constituída com o produto da venda de partes beneficiárias poderá ser destinada ao resgate desses títulos.

SEÇÃO III

Dividendos

Origem

Art. 201. A companhia somente pode pagar dividendos à conta de lucro líquido do exercício, de lucros acumulados e de reserva de lucros; e à conta de reserva de capital, no caso das ações preferenciais de que trata o § 5º do artigo 17.

§ 1º A distribuição de dividendos com inobservância do disposto neste artigo implica responsabilidade solidária dos administradores e fiscais, que deverão repor à caixa social a importância distribuída, sem prejuízo da ação penal que no caso couber.

§ 2º Os acionistas não são obrigados a restituir os dividendos que em boa-fé tenham recebido. Presume-se a má-fé quando os dividendos forem distribuídos sem o levantamento do balanço ou em desacordo com os resultados deste.

Dividendo Obrigatório

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Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto, ou, se este for omisso, metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos seguintes valores:

I - quota destinada à constituição da reserva legal (artigo 193);

II - importância destinada à formação de reservas para contingências (artigo 195), e reversão das mesmas reservas formadas em exercícios anteriores;

III - lucros a realizar transferidos para a respectiva reserva (artigo 197), e lucros anteriormente registrados nessa reserva que tenham sido realizados no exercício.

§ 1º O estatuto poderá estabelecer o dividendo como porcentagem do lucro ou do capital social, ou fixar outros critérios para determiná-lo, desde que sejam regulados com precisão e minúcia e não sujeitem os acionistas minoritários ao arbítrio dos órgãos de administração ou da maioria.

§ 2º Quando o estatuto for omisso e a assembléia-geral deliberar alterá-lo para introduzir norma sobre a matéria, o dividendo obrigatório não poderá ser inferior a 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido ajustado nos termos deste artigo.

§ 3º Nas companhias fechadas a assembléia-geral pode, desde que não haja oposição de qualquer acionista presente, deliberar a distribuição de dividendo inferior ao obrigatório nos termos deste artigo, ou a retenção de todo o lucro.

§ 4º O dividendo previsto neste artigo não será obrigatório no exercício social em que os órgãos da administração informarem à assembléia-geral ordinária ser ele incompatível com a situação financeira da companhia. O conselho fiscal, se em funcionamento, deverá dar parecer sobre essa informação e, na companhia aberta, seus administradores encaminharão à Comissão de Valores Mobiliários, dentro de 5 (cinco) dias da realização da assembléia-geral, exposição justificativa da informação transmitida à assembléia.

§ 5º Os lucros que deixarem de ser distribuídos nos termos do § 4º serão registrados como reserva especial e, se não absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão ser pagos como dividendo assim que o permitir a situação financeira da companhia.

Dividendos de Ações Preferenciais

Art. 203. O disposto nos artigos 194 a 197, e 202, não prejudicará o direito dos acionistas preferenciais de receber os dividendos fixos ou mínimos a que tenham prioridade, inclusive os atrasados, se cumulativos.

Dividendos Intermediários

Art. 204. A companhia que, por força de lei ou de disposição estatutária, levantar balanço semestral, poderá declarar, por deliberação dos órgãos de administração, se autorizados pelo estatuto, dividendo à conta do lucro apurado nesse balanço.

§ 1º A companhia poderá, nos termos de disposição estatutária, levantar balanço e distribuir dividendos em períodos menores, desde que o total dos dividendos pagos em cada semestre do exercício social não exceda o montante das reservas de capital de que trata o § 1º do artigo 182.

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§ 2º O estatuto poderá autorizar os órgãos de administração a declarar dividendos intermediários, à conta de lucros acumulados ou de reservas de lucros existentes no último balanço anual ou semestral.

Pagamento de Dividendos

Art. 205. A companhia pagará o dividendo de ações nominativas à pessoa que, na data do ato de declaração do dividendo, estiver inscrita como proprietária ou usufrutuária da ação.

§ 1º Os dividendos poderão ser pagos por cheque nominativo remetido por via postal para o endereço comunicado pelo acionista à companhia, ou mediante crédito em conta-corrente bancária aberta em nome do acionista.

§ 2º Os dividendos das ações em custódia bancária ou em depósito nos termos dos artigos 41 e 43 serão pagos pela companhia à instituição financeira depositária, que será responsável pela sua entrega aos titulares das ações depositadas.

§ 3º O dividendo deverá ser pago, salvo deliberação em contrário da assembléia-geral, no prazo de 60 (sessenta) dias da data em que for declarado e, em qualquer caso, dentro do exercício social.

CAPÍTULO XVII

Dissolução, Liquidação e Extinção

SEÇÃO I

Dissolução

Art. 206. Dissolve-se a companhia:

I - de pleno direito:

a) pelo término do prazo de duração;

b) nos casos previstos no estatuto;

c) por deliberação da assembléia-geral (artigo 136, número VII);

d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em assembléia-geral ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até à do ano seguinte, ressalvado o disposto no artigo 251;

e) pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar.

II - por decisão judicial:

a) quando anulada a sua constituição, em ação proposta por qualquer acionista;

b) quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação proposta por acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social;

c) em caso de falência, na forma prevista na respectiva lei;

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III - por decisão de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma previstos em lei especial.

Efeitos

Art. 207. A companhia dissolvida conserva a personalidade jurídica, até a extinção, com o fim de proceder à liquidação.

SEÇÃO II

Liquidação

Liquidação pelos Órgãos da Companhia

Art. 208. Silenciando o estatuto, compete à assembléia-geral, nos casos do número I do artigo 206, determinar o modo de liquidação e nomear o liquidante e o conselho fiscal que devam funcionar durante o período de liquidação.

§ 1º A companhia que tiver conselho de administração poderá mantê-lo, competindo-lhe nomear o liquidante; o funcionamento do conselho fiscal será permanente ou a pedido de acionistas, conforme dispuser o estatuto.

§ 2º O liquidante poderá ser destituído, a qualquer tempo, pelo órgão que o tiver nomeado.

Liquidação Judicial

Art. 209. Além dos casos previstos no número II do artigo 206, a liquidação será processada judicialmente:

I - a pedido de qualquer acionista, se os administradores ou a maioria de acionistas deixarem de promover a liquidação, ou a ela se opuserem, nos casos do número I do artigo 206;

II - a requerimento do Ministério Público, à vista de comunicação da autoridade competente, se a companhia, nos 30 (trinta) dias subseqüentes à dissolução, não iniciar a liquidação ou, se após iniciá-la, a interromper por mais de 15 (quinze) dias, no caso da alínea e do número I do artigo 301.

Parágrafo único. Na liquidação judicial será observado o disposto na lei processual, devendo o liquidante ser nomeado pelo Juiz.

Deveres do Liquidante

Art. 210. São deveres do liquidante:

I - arquivar e publicar a ata da assembléia-geral, ou certidão de sentença, que tiver deliberado ou decidido a liquidação;

II - arrecadar os bens, livros e documentos da companhia, onde quer que estejam;

III - fazer levantar de imediato, em prazo não superior ao fixado pela assembléia-geral ou pelo juiz, o balanço patrimonial da companhia;

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IV - ultimar os negócios da companhia, realizar o ativo, pagar o passivo, e partilhar o remanescente entre os acionistas;

V - exigir dos acionistas, quando o ativo não bastar para a solução do passivo, a integralização de suas ações;

VI - convocar a assembléia-geral, nos casos previstos em lei ou quando julgar necessário;

VII - confessar a falência da companhia e pedir concordata, nos casos previstos em lei;

VIII - finda a liquidação, submeter à assembléia-geral relatório dos atos e operações da liquidação e suas contas finais;

IX - arquivar e publicar a ata da assembléia-geral que houver encerrado a liquidação.

Poderes do Liquidante

Art. 211. Compete ao liquidante representar a companhia e praticar todos os atos necessários à liquidação, inclusive alienar bens móveis ou imóveis, transigir, receber e dar quitação.

Parágrafo único. Sem expressa autorização da assembléia-geral o liquidante não poderá gravar bens e contrair empréstimos, salvo quando indispensáveis ao pagamento de obrigações inadiáveis, nem prosseguir, ainda que para facilitar a liquidação, na atividade social.

Denominação da Companhia

Art. 212. Em todos os atos ou operações, o liquidante deverá usar a denominação social seguida das palavras "em liquidação".

Assembléia-Geral

Art. 213. O liquidante convocará a assembléia-geral cada 6 (seis) meses, para prestar-lhe contas dos atos e operações praticados no semestre e apresentar-lhe o relatório e o balanço do estado da liquidação; a assembléia-geral pode fixar, para essas prestações de contas, períodos menores ou maiores que, em qualquer caso, não serão inferiores a 3 (três) nem superiores a 12 (doze) meses.

§ 1º Nas assembléias-gerais da companhia em liquidação todas as ações gozam de igual direito de voto, tornando-se ineficazes as restrições ou limitações porventura existentes em relação às ações ordinárias ou preferenciais; cessando o estado de liquidação, restaura-se a eficácia das restrições ou limitações relativas ao direito de voto.

§ 2º No curso da liquidação judicial, as assembléias-gerais necessárias para deliberar sobre os interesses da liquidação serão convocadas por ordem do juiz, a quem compete presidi-las e resolver, sumariamente, as dúvidas e litígios que forem suscitados. As atas das assembléias-gerais serão, por cópias autênticas, apensadas ao processo judicial.

Pagamento do Passivo

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Art. 214. Respeitados os direitos dos credores preferenciais, o liquidante pagará as dívidas sociais proporcionalmente e sem distinção entre vencidas e vincendas, mas, em relação a estas, com desconto às taxas bancárias.

Parágrafo único. Se o ativo for superior ao passivo, o liquidante poderá, sob sua responsabilidade pessoal, pagar integralmente as dívidas vencidas.

Partilha do Ativo

Art. 215. A assembléia-geral pode deliberar que antes de ultimada a liquidação, e depois de pagos todos os credores, se façam rateios entre os acionistas, à proporção que se forem apurando os haveres sociais.

§ 1º É facultado à assembléia-geral aprovar, pelo voto de acionistas que representem 90% (noventa por cento), no mínimo, das ações, depois de pagos ou garantidos os credores, condições especiais para a partilha do ativo remanescente, com a atribuição de bens aos sócios, pelo valor contábil ou outro por ela fixado.

§ 2º Provado pelo acionista dissidente (artigo 216, § 2º) que as condições especiais de partilha visaram a favorecer a maioria, em detrimento da parcela que lhe tocaria, se inexistissem tais condições, será a partilha suspensa, se não consumada, ou, se já consumada, os acionistas majoritários indenizarão os minoritários pelos prejuízos apurados.

Prestação de Contas

Art. 216. Pago o passivo e rateado o ativo remanescente, o liquidante convocará a assembléia-geral para a prestação final das contas.

§ 1º Aprovadas as contas, encerra-se a liquidação e a companhia se extingue.

§ 2º O acionista dissidente terá o prazo de 30 (trinta) dias, a contar da publicação da ata, para promover a ação que lhe couber.

Responsabilidade na Liquidação

Art. 217. O liquidante terá as mesmas responsabilidades do administrador, e os deveres e responsabilidades dos administradores, fiscais e acionistas subsistirão até a extinção da companhia.

Direito de Credor Não-Satisfeito

Art. 218. Encerrada a liquidação, o credor não-satisfeito só terá direito de exigir dos acionistas, individualmente, o pagamento de seu crédito, até o limite da soma, por eles recebida, e de propor contra o liquidante, se for o caso, ação de perdas e danos. O acionista executado terá direito de haver dos demais a parcela que lhes couber no crédito pago.

SEÇÃO III

Extinção

Art. 219. Extingue-se a companhia:

I - pelo encerramento da liquidação;

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II - pela incorporação ou fusão, e pela cisão com versão de todo o patrimônio em outras sociedades.

CAPÍTULO XVIII

Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão

SEÇÃO I

Transformação

Conceito e Forma

Art. 220. A transformação é a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro.

Parágrafo único. A transformação obedecerá aos preceitos que regulam a constituição e o registro do tipo a ser adotado pela sociedade.

Deliberação

Art. 221. A transformação exige o consentimento unânime dos sócios ou acionistas, salvo se prevista no estatuto ou no contrato social, caso em que o sócio dissidente terá o direito de retirar-se da sociedade.

Parágrafo único. Os sócios podem renunciar, no contrato social, ao direito de retirada no caso de transformação em companhia.

Direito dos Credores

Art. 222. A transformação não prejudicará, em caso algum, os direitos dos credores, que continuarão, até o pagamento integral dos seus créditos, com as mesmas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes oferecia.

Parágrafo único. A falência da sociedade transformada somente produzirá efeitos em relação aos sócios que, no tipo anterior, a eles estariam sujeitos, se o pedirem os titulares

de créditos anteriores à transformação, e somente a estes beneficiará.

SEÇÃO II

Incorporação, Fusão e Cisão

Competência e Processo

Art. 223. A incorporação, fusão ou cisão podem ser operadas entre sociedades de tipos iguais ou diferentes e deverão ser deliberadas na forma prevista para a alteração dos respectivos estatutos ou contratos sociais.

§ 1º Nas operações em que houver criação de sociedade serão observadas as normas reguladoras da constituição das sociedades do seu tipo.

§ 2º Os sócios ou acionistas das sociedades incorporadas, fundidas ou cindidas receberão, diretamente da companhia emissora, as ações que lhes couberem.

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Protocolo

Art. 224. As condições da incorporação, fusão ou cisão com incorporação em sociedade existente constarão de protocolo firmado pelos órgãos de administração ou sócios das sociedades interessadas, que incluirá:

I - o número, espécie e classe das ações que serão atribuídas em substituição dos direitos de sócios que se extinguirão e os critérios utilizados para determinar as relações de substituição;

II - os elementos ativos e passivos que formarão cada parcela do patrimônio, no caso de cisão;

III - os critérios de avaliação do patrimônio líquido, a data a que será referida a avaliação, e o tratamento das variações patrimoniais posteriores;

IV - a solução a ser adotada quanto às ações ou quotas do capital de uma das sociedades possuídas por outra;

V - o valor do capital das sociedades a serem criadas ou do aumento ou redução do capital das sociedades que forem parte na operação;

VI - o projeto ou projetos de estatuto, ou de alterações estatutárias, que deverão ser aprovados para efetivar a operação;

VII - todas as demais condições a que estiver sujeita a operação.

Parágrafo único. Os valores sujeitos a determinação serão indicados por estimativa.

Justificação

Art. 225. As operações de incorporação, fusão e cisão serão submetidas à deliberação da assembléia-geral das companhias interessadas mediante justificação, na qual serão expostos:

I - os motivos ou fins da operação, e o interesse da companhia na sua realização;

II - as ações que os acionistas preferenciais receberão e as razões para a modificação dos seus direitos, se prevista;

III - a composição, após a operação, segundo espécies e classes das ações, do capital das companhias que deverão emitir ações em substituição às que se deverão extinguir;

IV - o valor de reembolso das ações a que terão direito os acionistas dissidentes.

Formação do Capital

Art. 226. As operações de incorporação, fusão e cisão somente poderão ser efetivadas nas condições aprovadas se os peritos nomeados determinarem que o valor do patrimônio ou patrimônios líquidos a serem vertidos para a formação de capital social é, ao menos, igual ao montante do capital a realizar.

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§ 1º As ações ou quotas do capital da sociedade a ser incorporada que forem de propriedade da companhia incorporadora poderão, conforme dispuser o protocolo de incorporação, ser extintas, ou substituídas por ações em tesouraria da incorporadora, até o limite dos lucros acumulados e reservas, exceto a legal.

§ 2º O disposto no § 1º aplicar-se-á aos casos de fusão, quando uma das sociedades fundidas for proprietária de ações ou quotas de outra, e de cisão com incorporação, quando a companhia que incorporar parcela do patrimônio da cindida for proprietária de ações ou quotas do capital desta.

Incorporação

Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações.

§ 1º A assembléia-geral da companhia incorporadora, se aprovar o protocolo da operação, deverá autorizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido, e nomear os peritos que o avaliarão.

§ 2º A sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar o protocolo da operação, autorizará seus administradores a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora.

§ 3º Aprovados pela assembléia-geral da incorporadora o laudo de avaliação e a incorporação, extingue-se a incorporada, competindo à primeira promover o arquivamento e a publicação dos atos da incorporação.

Fusão

Art. 228. A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações.

§ 1º A assembléia-geral de cada companhia, se aprovar o protocolo de fusão, deverá nomear os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das demais sociedades.

§ 2º Apresentados os laudos, os administradores convocarão os sócios ou acionistas das sociedades para uma assembléia-geral, que deles tomará conhecimento e resolverá sobre a constituição definitiva da nova sociedade, vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo de avaliação do patrimônio líquido da sociedade de que fazem parte.

§ 3º Constituída a nova companhia, incumbirá aos primeiros administradores promover o arquivamento e a publicação dos atos da fusão.

Cisão

Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.

§ lº Sem prejuízo do disposto no artigo 233, a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão; no caso de cisão com extinção, as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida sucederão a esta, na

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proporção dos patrimônios líquidos transferidos, nos direitos e obrigações não relacionados.

§ 2º Na cisão com versão de parcela do patrimônio em sociedade nova, a operação será deliberada pela assembléia-geral da companhia à vista de justificação que incluirá as informações de que tratam os números do artigo 224; a assembléia, se a aprovar, nomeará os peritos que avaliarão a parcela do patrimônio a ser transferida, e funcionará como assembléia de constituição da nova companhia.

§ 3º A cisão com versão de parcela de patrimônio em sociedade já existente obedecerá às disposições sobre incorporação (artigo 227).

§ 4º Efetivada a cisão com extinção da companhia cindida, caberá aos administradores das sociedades que tiverem absorvido parcelas do seu patrimônio promover o arquivamento e publicação dos atos da operação; na cisão com versão parcial do patrimônio, esse dever caberá aos administradores da companhia cindida e da que absorver parcela do seu patrimônio.

§ 5º As ações integralizadas com parcelas de patrimônio da companhia cindida serão atribuídas a seus acionistas, em substituição às ações extintas, na proporção das que possuíam.

Direito de Retirada

Art. 230. O acionista dissidente da deliberação que aprovar a incorporação da companhia em outra sociedade, ou sua fusão ou cisão, tem direito de retirar-se da companhia, mediante o reembolso do valor de suas ações (artigo 137).

Parágrafo único. O prazo para o exercício desse direito será contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o protocolo ou justificação da operação, mas o pagamento do preço de reembolso somente será devido se a operação vier a efetivar-se.

Direitos dos Debenturistas

Art. 231. A incorporação, fusão ou cisão da companhia emissora de debêntures em circulação dependerá da prévia aprovação dos debenturistas, reunidos em assembléia especialmente convocada com esse fim.

§ 1º Será dispensada a aprovação pela assembléia se for assegurado aos debenturistas que o desejarem, durante o prazo mínimo de 6 (seis) meses a contar da data da publicação das atas das assembléias relativas à operação, o resgate das debêntures de que forem titulares.

§ 2º No caso do § 1º, a sociedade cindida e as sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelo resgate das debêntures.

Direitos dos Credores na Incorporação ou Fusão

Art. 232. Até 60 (sessenta) dias depois de publicados os atos relativos à incorporação ou à fusão, o credor anterior por ela prejudicado poderá pleitear judicialmente a anulação da operação; findo o prazo, decairá do direito o credor que não o tiver exercido.

§ 1º A consignação da importância em pagamento prejudicará a anulação pleiteada.

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§ 2º Sendo ilíquida a dívida, a sociedade poderá garantir-lhe a execução, suspendendo-se o processo de anulação.

§ 3º Ocorrendo, no prazo deste artigo, a falência da sociedade incorporadora ou da sociedade nova, qualquer credor anterior terá o direito de pedir a separação dos patrimônios, para o fim de serem os créditos pagos pelos bens das respectivas massas.

Direitos dos Credores na Cisão

Art. 233. Na cisão com extinção da companhia cindida, as sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da companhia extinta. A companhia cindida que subsistir e as que absorverem parcelas do seu patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores à cisão.

Parágrafo único. O ato de cisão parcial poderá estipular que as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida serão responsáveis apenas pelas obrigações que lhes forem transferidas, sem solidariedade entre si ou com a companhia cindida, mas, nesse caso, qualquer credor anterior poderá se opor à estipulação, em relação ao seu crédito, desde que notifique a sociedade no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação dos atos da cisão.

Averbação da Sucessão

Art. 234. A certidão, passada pelo registro do comércio, da incorporação, fusão ou cisão, é documento hábil para a averbação, nos registros públicos competentes, da sucessão, decorrente da operação, em bens, direitos e obrigações.

CAPÍTULO XIX

Sociedades de Economia Mista

Legislação Aplicável

Art. 235. As sociedades anônimas de economia mista estão sujeitas a esta Lei, sem prejuízo das disposições especiais de lei federal.

§ 1º As companhias abertas de economia mista estão também sujeitas às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários.

§ 2º As companhias de que participarem, majoritária ou minoritariamente, as sociedades de economia mista, estão sujeitas ao disposto nesta Lei, sem as exceções previstas neste

Capítulo.

Constituição e Aquisição de Controle

Art. 236. A constituição de companhia de economia mista depende de prévia autorização legislativa.

Parágrafo único. Sempre que pessoa jurídica de direito público adquirir, por desapropriação, o controle de companhia em funcionamento, os acionistas terão direito de pedir, dentro de 60 (sessenta) dias da publicação da primeira ata da assembléia-geral realizada após a aquisição do controle, o reembolso das suas

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ações; salvo se a companhia já se achava sob o controle, direto ou indireto, de outra pessoa jurídica de direito público, ou no caso de concessionária de serviço público.

Objeto

Art. 237. A companhia de economia mista somente poderá explorar os empreendimentos ou exercer as atividades previstas na lei que autorizou a sua constituição.

§ 1º A companhia de economia mista somente poderá participar de outras sociedades quando autorizada por lei no exercício de opção legal para aplicar Imposto sobre a Renda ou investimentos para o desenvolvimento regional ou setorial.

§ 2º As instituições financeiras de economia mista poderão participar de outras sociedades, observadas as normas estabelecidas pelo Banco Central do Brasil.

Acionista Controlador

Art. 238. A pessoa jurídica que controla a companhia de economia mista tem os deveres e responsabilidades do acionista controlador (artigos 116 e 117), mas poderá orientar as atividades da companhia de modo a atender ao interesse público que justificou a sua criação.

Administração

Art. 239. As companhias de economia mista terão obrigatoriamente Conselho de Administração, assegurado à minoria o direito de eleger um dos conselheiros, se maior número não lhes couber pelo processo de voto múltiplo.

Parágrafo único. Os deveres e responsabilidades dos administradores das companhias de economia mista são os mesmos dos administradores das companhias abertas.

Conselho Fiscal

Art. 240. O funcionamento do conselho fiscal será permanente nas companhias de economia mista; um dos seus membros, e respectivo suplente, será eleito pelas ações ordinárias minoritárias e outro pelas ações preferenciais, se houver.

Correção Monetária

Art. 241. A companhia de economia mista, quando autorizada pelo Ministério a que estiver vinculada, poderá limitar a correção monetária do ativo permanente (artigo 185) ao montante necessário para compensar a correção das contas do patrimônio líquido.

Falência e Responsabilidade Subsidiária

Art. 242. As companhias de economia mista não estão sujeitas a falência mas os seus bens são penhoráveis e executáveis, e a pessoa jurídica que a controla responde, subsidiariamente, pelas suas obrigações.

CAPÍTULO XX

Sociedades Coligadas, Controladoras e Controladas

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SEÇÃO I

Informações no Relatório da Administração

Art. 243. O relatório anual da administração deve relacionar os investimentos da companhia em sociedades coligadas e controladas e mencionar as modificações ocorridas durante o exercício.

§ 1º São coligadas as sociedades quando uma participa, com 10% (dez por cento) ou mais, do capital da outra, sem controlá-la.

§ 2º Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores.

§ 3º A companhia aberta divulgará as informações adicionais, sobre coligadas e controladas, que forem exigidas pela Comissão de Valores Mobiliários.

SEÇÃO II

Participação Recíproca

Art. 244. É vedada a participação recíproca entre a companhia e suas coligadas ou controladas.

§ 1º O disposto neste artigo não se aplica ao caso em que ao menos uma das sociedades participa de outra com observância das condições em que a lei autoriza a aquisição das próprias ações (artigo 30, § 1º, alínea b).

§ 2º As ações do capital da controladora, de propriedade da controlada, terão suspenso o direito de voto.

§ 3º O disposto no § 2º do artigo 30, aplica-se à aquisição de ações da companhia aberta por suas coligadas e controladas.

§ 4º No caso do § 1º, a sociedade deverá alienar, dentro de 6 (seis) meses, as ações ou quotas que excederem do valor dos lucros ou reservas, sempre que esses sofrerem redução.

§ 5º A participação recíproca, quando ocorrer em virtude de incorporação, fusão ou cisão, ou da aquisição, pela companhia, do controle de sociedade, deverá ser mencionada nos relatórios e demonstrações financeiras de ambas as sociedades, e será eliminada no prazo máximo de 1 (um) ano; no caso de coligadas, salvo acordo em contrário, deverão ser alienadas as ações ou quotas de aquisição mais recente ou, se da mesma data, que representem menor porcentagem do capital social.

§ 6º A aquisição de ações ou quotas de que resulte participação recíproca com violação ao disposto neste artigo importa responsabilidade civil solidária dos administradores da sociedade, equiparando-se, para efeitos penais, à compra ilegal das próprias ações.

SEÇÃO III

Responsabilidade dos Administradores e das Sociedades Controladoras

Administradores

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Art. 245. Os administradores não podem, em prejuízo da companhia, favorecer sociedade coligada, controladora ou controlada, cumprindo-lhes zelar para que as operações entre as sociedades, se houver, observem condições estritamente comutativas, ou com pagamento compensatório adequado; e respondem perante a companhia pelas perdas e danos resultantes de atos praticados com infração ao disposto neste artigo.

Sociedade Controladora

Art. 246. A sociedade controladora será obrigada a reparar os danos que causar à companhia por atos praticados com infração ao disposto nos artigos 116 e 117.

§ 1º A ação para haver reparação cabe:

a) a acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social;

b) a qualquer acionista, desde que preste caução pelas custas e honorários de advogado devidos no caso de vir a ação ser julgada improcedente.

§ 2º A sociedade controladora, se condenada, além de reparar o dano e arcar com as custas, pagará honorários de advogado de 20% (vinte por cento) e prêmio de 5% (cinco por cento) ao autor da ação, calculados sobre o valor da indenização.

SEÇÃO IV

Demonstrações Financeiras

Notas Explicativas

Art. 247. As notas explicativas dos investimentos relevantes devem conter informações precisas sobre as sociedades coligadas e controladas e suas relações com a companhia, indicando:

I - a denominação da sociedade, seu capital social e patrimônio líquido;

II - o número, espécies e classes das ações ou quotas de propriedade da companhia, e o preço de mercado das ações, se houver;

III - o lucro líquido do exercício;

IV - os créditos e obrigações entre a companhia e as sociedades coligadas e controladas;

V - o montante das receitas e despesas em operações entre a companhia e as sociedades coligadas e controladas.

Parágrafo único. Considera-se relevante o investimento:

a) em cada sociedade coligada ou controlada, se o valor contábil é igual ou superior a 10% (dez por cento) do valor do patrimônio líquido da companhia;

b) no conjunto das sociedades coligadas e controladas, se o valor contábil é igual ou superior a 15% (quinze por cento) do valor do patrimônio líquido da companhia.

Avaliação do Investimento em Coligadas e Controladas

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Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos relevantes (artigo 247, parágrafo único) em sociedades coligadas sobre cuja administração tenha influência, ou de que participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital social, e em sociedades controladas, serão avaliados pelo valor de patrimônio líquido, de acordo com as seguintes normas:

I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado, com observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas;

II - o valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido referido no número anterior, da porcentagem de participação no capital da coligada ou controlada;

III - a diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II, e o custo de aquisição corrigido monetariamente; somente será registrada como resultado do exercício:

a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada;

b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos;

c) no caso de companhia aberta, com observância das normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários.

§ 1º Para efeito de determinar a relevância do investimento, nos casos deste artigo, serão computados como parte do custo de aquisição os saldos de créditos da companhia contra as coligadas e controladas.

§ 2º A sociedade coligada, sempre que solicitada pela companhia, deverá elaborar e fornecer o balanço ou balancete de verificação previsto no número I.

Demonstrações Consolidadas

Art. 249. A companhia aberta que tiver mais de 30% (trinta por cento) do valor do seu patrimônio líquido representado por investimentos em sociedades controladas deverá elaborar e divulgar, juntamente com suas demonstrações financeiras, demonstrações consolidadas nos termos do artigo 250.

Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários poderá expedir normas sobre as sociedades cujas demonstrações devam ser abrangidas na consolidação, e:

a) determinar a inclusão de sociedades que, embora não controladas, sejam financeira ou administrativamente dependentes da companhia;

b) autorizar, em casos especiais, a exclusão de uma ou mais sociedades controladas. Normas sobre Consolidação

Art. 250. Das demonstrações financeiras consolidadas serão excluídas:

I - as participações de uma sociedade em outra;

II - os saldos de quaisquer contas entre as sociedades;

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III - as parcelas dos resultados do exercício, dos lucros ou prejuízos acumulados e do custo de estoques ou do ativo permanente que corresponderem a resultados, ainda não realizados, de negócios entre as sociedades.

§ 1º A participação dos acionistas controladores no patrimônio líquido e no lucro líquido do exercício será destacada, respectivamente, no balanço patrimonial e na demonstração consolidada do resultado do exercício.

§ 2º A parcela do custo de aquisição do investimento em controlada, que não for absorvida na consolidação, deverá ser mantida no ativo permanente, com dedução da provisão adequada para perdas já comprovadas, e será objeto de nota explicativa.

§ 3º O valor da participação que exceder do custo de aquisição constituirá parcela destacada dos resultados de exercícios futuros até que fique comprovada a existência de ganho efetivo.

§ 4º Para fins deste artigo, as sociedades controladas, cujo exercício social termine mais de 60 (sessenta) dias antes da data do encerramento do exercício da companhia, elaborarão, com observância das normas desta Lei, demonstrações financeiras extraordinárias em data compreendida nesse prazo.

SEÇÃO V

Subsidiária Integral

Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único acionista sociedade brasileira.

§ lº A sociedade que subscrever em bens o capital de subsidiária integral deverá aprovar o laudo de avaliação de que trata o artigo 8º, respondendo nos termos do § 6º do artigo 8º e do artigo 10 e seu parágrafo único.

§ 2º A companhia pode ser convertida em subsidiária integral mediante aquisição, por sociedade brasileira, de todas as suas ações, ou nos termos do artigo 252.

Incorporação de Ações

Art. 252. A incorporação de todas as ações do capital social ao patrimônio de outra companhia brasileira, para convertê-la em subsidiária integral, será submetida à deliberação da assembléia-geral das duas companhias mediante protocolo e justificação, nos termos dos artigos 224 e 225.

§ 1º A assembléia-geral da companhia incorporadora, se aprovar a operação, deverá autorizar o aumento do capital, a ser realizado com as ações a serem incorporadas e nomear os peritos que as avaliarão; os acionistas não terão direito de preferência para subscrever o aumento de capital, mas os dissidentes poderão retirar-se da companhia mediante o reembolso do valor de suas ações, nos termos do artigo 230.

§ 2º A assembléia-geral da companhia cujas ações houverem de ser incorporadas somente poderá aprovar a operação pelo voto de metade, no mínimo, das ações com direito a voto, e se a aprovar, autorizará a diretoria a subscrever o aumento de capital da incorporadora, por conta dos seus acionistas; os dissidentes da deliberação terão direito de retirar-se da companhia, mediante o reembolso do valor de suas ações, nos termos do artigo 230.

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§ 3º Aprovado o laudo de avaliação pela assembléia-geral da incorporadora, efetivar-se-á a incorporação e os titulares das ações incorporadas receberão diretamente da incorporadora as ações que lhes couberem.

Admissão de Acionistas em Subsidiária Integral

Art. 253. Na proporção das ações que possuírem no capital da companhia, os acionistas terão direito de preferência para:

I - adquirir ações do capital da subsidiária integral, se a companhia decidir aliená-las no todo ou em parte; e

II - subscrever aumento de capital da subsidiária integral, se a companhia decidir admitir outros acionistas.

Parágrafo único. As ações ou o aumento de capital de subsidiária integral serão oferecidos aos acionistas da companhia em assembléia-geral convocada para esse fim, aplicando-se à hipótese, no que couber, o disposto no artigo 171.

SEÇÃO VI

Alienação de Controle

Divulgação

Art. 254. A alienação do controle da companhia aberta dependerá de prévia autorização da Comissão de Valores Imobiliários.

§ 1º A Comissão de Valores Mobiliários deve zelar para que seja assegurado tratamento igualitário aos acionistas minoritários, mediante simultânea oferta pública para aquisição de ações.

§ 2º Se o número de ações ofertadas, incluindo as dos controladores ou majoritários, ultrapassar o máximo previsto na oferta, será obrigatório o rateio, na forma prevista no instrumento da oferta pública.

§ 3º Compete ao Conselho Monetário Nacional estabelecer normas a serem observadas na oferta pública relativa à alienação do controle de companhia aberta.

Companhia Aberta Sujeita a Autorização

Art. 255. A alienação do controle de companhia aberta que dependa de autorização do governo para funcionar e cujas ações ordinárias sejam por força de lei, nominativas ou endossáveis, está sujeita à prévia autorização do órgão competente para aprovar a alteração do seu estatuto.

§ 1º A autoridade competente para autorizar a alienação deve zelar para que seja assegurado tratamento eqüitativo aos acionistas minoritários, mediante simultânea oferta pública para a aquisição das suas ações, ou o rateio, por todos os acionistas, dos intangíveis da companhia, inclusive autorização para funcionar.

§ 2º Se a compradora pretender incorporar a companhia, ou com ela se fundir, o tratamento eqüitativo referido no § 1º será apreciado no conjunto das operações.

Aprovação pela Assembléia-Geral da Compradora

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Art. 256. A compra, por companhia aberta, do controle de qualquer sociedade mercantil, dependerá de deliberação da assembléia-geral da compradora, especialmente convocada para conhecer da operação, sempre que:

I - O preço de compra constituir, para a compradora, investimento relevante (artigo 247, parágrafo único); ou

II - o preço médio de cada ação ou quota ultrapassar uma vez e meia o maior dos 3 (três) valores a seguir indicados:

a) cotação média das ações em bolsa, durante os 90 (noventa) dias anteriores à data da contratação (artigo 254, parágrafo único);

b) valor de patrimônio líquido (artigo 248) da ação ou quota, avaliado o patrimônio a preços de mercado (artigo 183, § 1º);

c) valor do lucro líquido da ação ou quota, que não poderá ser superior a 15 (quinze) vezes o lucro líquido anual por ação (artigo 187 n. VII) nos 2 (dois) últimos exercícios sociais, atualizado monetariamente.

§ 1º A proposta ou contrato de compra deverá ser submetido à prévia autorização da assembléia-geral, ou à sua ratificação, sob pena de responsabilidade dos administradores, instruída com todos os elementos necessários à deliberação.

§ 2º Se o preço da aquisição ultrapassar uma vez e meia o maior dos 3 (três) valores de que trata o número II, o acionista dissidente na deliberação da assembléia que a aprovar terá o direito de retirar-se da companhia mediante reembolso, nos termos do artigo 137, do valor de suas ações.

SEÇÃO VII

Aquisição de Controle Mediante Oferta Pública

Requisitos

Art. 257. A oferta pública para aquisição de controle de companhia aberta somente poderá ser feita com a participação de instituição financeira que garanta o cumprimento das obrigações assumidas pelo ofertante.

§ 1º Se a oferta contiver permuta, total ou parcial, dos valores mobiliários, somente poderá ser efetuada após prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários.

§ 2º A oferta deverá ter por objeto ações com direito a voto em número suficiente para assegurar o controle da companhia e será irrevogável.

§ 3º Se o ofertante já for titular de ações votantes do capital da companhia, a oferta poderá ter por objeto o número de ações necessário para completar o controle, mas o ofertante deverá fazer prova, perante a Comissão de Valores Mobiliários, das ações de sua propriedade.

§ 4º A Comissão de Valores Mobiliários poderá expedir normas sobre oferta pública de aquisição de controle. Instrumento da Oferta de Compra

Art. 258. O instrumento de oferta de compra, firmado pelo ofertante e pela instituição financeira que garante o pagamento, será publicado na imprensa e deverá indicar:

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I - o número mínimo de ações que o ofertante se propõe a adquirir e, se for o caso, o número máximo;

II - o preço e as condições de pagamento;

III - a subordinação da oferta ao número mínimo de aceitantes e a forma de rateio entre os aceitantes, se o número deles ultrapassar o máximo fixado;

IV - o procedimento que deverá ser adotado pelos acionistas aceitantes para manifestar a sua aceitação e efetivar a transferência das ações;

V - o prazo de validade da oferta, que não poderá ser inferior a 20 (vinte) dias;

VI - informações sobre o ofertante.

Parágrafo único. A oferta será comunicada à Comissão de Valores Mobiliários dentro de 24 (vinte e quatro) horas da primeira publicação.

Instrumento de Oferta de Permuta

Art. 259. O projeto de instrumento de oferta de permuta será submetido à Comissão de Valores Mobiliários com o pedido de registro prévio da oferta e deverá conter, além das referidas no artigo 258, informações sobre os valores mobiliários oferecidos em permuta e as companhias emissoras desses valores.

Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários poderá fixar normas sobre o instrumento de oferta de permuta e o seu registro prévio.

Sigilo

Art. 260. Até a publicação da oferta, o ofertante, a instituição financeira intermediária e a Comissão de Valores Mobiliários devem manter sigilo sobre a oferta projetada, respondendo o infrator pelos danos que causar.

Processamento da Oferta

Art. 261. A aceitação da oferta deverá ser feita nas instituições financeiras ou do mercado de valores mobiliários indicadas no instrumento de oferta e os aceitantes deverão firmar ordens irrevogáveis de venda ou permuta, nas condições ofertadas, ressalvado o disposto no § 1º do artigo 262.

§ 1º É facultado ao ofertante melhorar, uma vez, as condições de preço ou forma de pagamento, desde que em porcentagem igual ou superior a 5% (cinco por cento) e até 10 (dez) dias antes do término do prazo da oferta; as novas condições se estenderão aos acionistas que já tiverem aceito a oferta.

§ 2º Findo o prazo da oferta, a instituição financeira intermediária comunicará o resultado à Comissão de Valores Mobiliários e, mediante publicação pela imprensa, aos aceitantes.

§ 3º Se o número de aceitantes ultrapassar o máximo, será obrigatório o rateio, na forma prevista no instrumento da oferta.

Oferta Concorrente

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Art. 262. A existência de oferta pública em curso não impede oferta concorrente, desde que observadas as normas desta Seção.

§ 1º A publicação de oferta concorrente torna nulas as ordens de venda que já tenham sido firmadas em aceitação de oferta anterior.

§ 2º É facultado ao primeiro ofertante prorrogar o prazo de sua oferta até fazê-lo coincidir com o da oferta concorrente.

Negociação Durante a Oferta

Art. 263. A Comissão de Valores Mobiliários poderá expedir normas que disciplinem a negociação das ações objeto da oferta durante o seu prazo.

SEÇÃO VIII

Incorporação de Companhia Controlada

Art. 264. Na incorporação, pela controladora, de companhia controlada, a justificação, apresentada à assembléia-geral da controlada deverá conter, além das informações previstas nos artigos 224 e 225, o cálculo das relações de substituição das ações dos acionistas controladores da controlada com base no valor de patrimônio líquido das ações da controladora e da controlada, avaliados os dois patrimônios segundo os mesmos critérios e na mesma data, a preços de mercado.

§ 1º A avaliação dos dois patrimônios será feita por 3 (três) peritos ou empresa especializada.

§ 2º Para efeito da comparação referida neste artigo, as ações do capital da controlada de propriedade da controladora serão avaliadas, no patrimônio desta, com base no valor de patrimônio líquido da controlada a preços de mercado.

§ 3º Se as relações de substituição das ações dos acionistas controladores, previstas no protocolo da incorporação, forem menos vantajosas que as resultantes da comparação prevista neste artigo, os acionistas dissidentes da deliberação da assembléia-geral da controlada que aprovar a operação terão direito de escolher entre o valor de reembolso fixado nos termos do artigo 137 ou:

a) no caso de companhia aberta, pela cotação média das ações em bolsa de valores ou no mercado de balcão, durante os 30 (trinta) dias anteriores à data da assembléia que deliberar sobre a incorporação;

b) no caso de companhia fechada, pelo valor de patrimônio líquido a preços de mercado.

§ 4º Aplicam-se à fusão de companhia controladora e controlada as normas especiais previstas neste artigo.

§ 5º O disposto neste artigo não se aplica no caso de as ações do capital da controlada terem sido adquiridas no pregão da bolsa de valores ou mediante oferta pública nos termos dos artigos 257 a 263.

CAPÍTULO XXI

Grupo de Sociedades

SEÇÃO I

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Características e Natureza

Características

Art. 265. A sociedade controladora e suas controladas podem constituir, nos termos deste Capítulo, grupo de sociedades, mediante convenção pela qual se obriguem a combinar recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetos, ou a participar de atividades ou empreendimentos comuns.

§ 1º A sociedade controladora, ou de comando do grupo, deve ser brasileira, e exercer, direta ou indiretamente, e de modo permanente, o controle das sociedades filiadas, como titular de direitos de sócio ou acionista, ou mediante acordo com outros sócios ou acionistas.

§ 2º A participação recíproca das sociedades do grupo obedecerá ao disposto no artigo 244.

Natureza

Art. 266. As relações entre as sociedades, a estrutura administrativa do grupo e a coordenação ou subordinação dos administradores das sociedades filiadas serão estabelecidas na convenção do grupo, mas cada sociedade conservará personalidade e patrimônios distintos.

Designação

Art. 267. O grupo de sociedades terá designação de que constarão as palavras "grupo de sociedades" ou "grupo".

Parágrafo único. Somente os grupos organizados de acordo com este Capítulo poderão usar designação com as palavras "grupo" ou "grupo de sociedade".

Companhias Sujeitas a Autorização para Funcionar

Art. 268. A companhia que, por seu objeto, depende de autorização para funcionar, somente poderá participar de grupo de sociedades após a aprovação da convenção do grupo pela autoridade competente para aprovar suas alterações estatutárias.

SEÇÃO II

Constituição, Registro e Publicidade

Art. 269. O grupo de sociedades será constituído por convenção aprovada pelas sociedades que o componham, a qual deverá conter:

I - a designação do grupo;

II - a indicação da sociedade de comando e das filiadas;

III - as condições de participação das diversas sociedades;

IV - o prazo de duração, se houver, e as condições de extinção;

V - as condições para admissão de outras sociedades e para a retirada das que o componham;

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VI - os órgãos e cargos da administração do grupo, suas atribuições e as relações entre a estrutura administrativa do grupo e as das sociedades que o componham;

VII - a declaração da nacionalidade do controle do grupo;

VIII - as condições para alteração da convenção.

Parágrafo único. Para os efeitos do número VII, o grupo de sociedades considera-se sob controle brasileiro se a sua sociedade de comando está sob o controle de:

a) pessoas naturais residentes ou domiciliadas no Brasil;

b) pessoas jurídicas de direito público interno; ou

c) sociedade ou sociedades brasileiras que, direta ou indiretamente, estejam sob o controle das pessoas referidas nas alíneas a e b.

Aprovação pelos Sócios das Sociedades

Art. 270. A convenção de grupo deve ser aprovada com observância das normas para alteração do contrato social ou do estatuto (artigo 136, n. VIII).

Parágrafo único. Os sócios ou acionistas dissidentes da deliberação de se associar a grupo têm direito, nos termos do artigo 137, ao reembolso de suas ações ou quotas.

Registro e Publicidade

Art. 271. Considera-se constituído o grupo a partir da data do arquivamento, no registro do comércio da sede da sociedade de comando, dos seguintes documentos:

I - convenção de constituição do grupo;

II - atas das assembléias-gerais, ou instrumentos de alteração contratual, de todas as sociedades que tiverem aprovado a constituição do grupo;

III - declaração autenticada do número das ações ou quotas de que a sociedade de comando e as demais sociedades integrantes do grupo são titulares em cada sociedade filiada, ou exemplar de acordo de acionistas que assegura o controle de sociedade filiada.

§ lº Quando as sociedades filiadas tiverem sede em locais diferentes, deverão ser arquivadas no registro do comércio das respectivas sedes as atas de assembléia ou alterações contratuais que tiverem aprovado a convenção, sem prejuízo do registro na sede da sociedade de comando.

§ 2º As certidões de arquivamento no registro do comércio serão publicadas.

§ 3º A partir da data do arquivamento, a sociedade de comando e as filiadas passarão a usar as respectivas denominações acrescidas da designação do grupo.

§ 4º As alterações da convenção do grupo serão arquivadas e publicadas nos termos deste artigo, observando-se o disposto no § 1º do artigo 135.

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SEÇÃO III

Administração

Administradores do Grupo

Art. 272. A convenção deve definir a estrutura administrativa do grupo de sociedades, podendo criar órgãos de deliberação colegiada e cargos de direção-geral.

Parágrafo único. A representação das sociedades perante terceiros, salvo disposição expressa na convenção do grupo, arquivada no registro do comércio e publicada, caberá exclusivamente aos administradores de cada sociedade, de acordo com os respectivos estatutos ou contratos sociais.

Administradores das Sociedades Filiadas

Art. 273. Aos administradores das sociedades filiadas, sem prejuízo de suas atribuições, poderes e responsabilidades, de acordo com os respectivos estatutos ou contratos sociais, compete observar a orientação geral estabelecida e as instruções expedidas pelos administradores do grupo que não importem violação da lei ou da convenção do grupo.

Remuneração

Art. 274. Os administradores do grupo e os investidos em cargos de mais de uma sociedade poderão ter a sua remuneração rateada entre as diversas sociedades, e a gratificação dos administradores, se houver, poderá ser fixada, dentro dos limites do § 1º do artigo 152 com base nos resultados apurados nas demonstrações financeiras consolidadas do grupo.

SEÇÃO IV

Demonstrações Financeiras

Art. 275. O grupo de sociedades publicará, além das demonstrações financeiras referentes a cada uma das companhias que o compõem, demonstrações consolidadas, compreendendo todas as sociedades do grupo, elaboradas com observância do disposto no artigo 250.

§ 1º As demonstrações consolidadas do grupo serão publicadas juntamente com as da sociedade de comando.

§ 2º A sociedade de comando deverá publicar demonstrações financeiras nos termos desta Lei, ainda que não tenha a forma de companhia.

§ 3º As companhias filiadas indicarão, em nota às suas demonstrações financeiras publicadas, o órgão que publicou a última demonstração consolidada do grupo a que pertencer.

§ 4º As demonstrações consolidadas de grupo de sociedades que inclua companhia aberta serão obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários, e observarão as normas expedidas por essa comissão.

SEÇÃO V

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Prejuízos Resultantes de Atos Contrários à Convenção

Art. 276. A combinação de recursos e esforços, a subordinação dos interesses de uma sociedade aos de outra, ou do grupo, e a participação em custos, receitas ou resultados de atividades ou empreendimentos somente poderão ser opostos aos sócios minoritários das sociedades filiadas nos termos da convenção do grupo.

§ 1º Consideram-se minoritários, para os efeitos deste artigo, todos os sócios da filiada, com exceção da sociedade de comando e das demais filiadas do grupo.

§ 2º A distribuição de custos, receitas e resultados e as compensações entre sociedades, previstas na convenção do grupo, deverão ser determinadas e registradas no balanço de cada exercício social das sociedades interessadas.

§ 3º Os sócios minoritários da filiada terão ação contra os seus administradores e contra a sociedade de comando do grupo para haver reparação de prejuízos resultantes de atos praticados com infração das normas deste artigo, observado o disposto nos parágrafos do artigo 246.

Conselho Fiscal das Filiadas

Art. 277. O funcionamento do Conselho Fiscal da companhia filiada a grupo, quando não for permanente, poderá ser pedido por acionistas não controladores que representem, no mínimo, 5% (cinco por cento) das ações ordinárias, ou das ações preferenciais sem direito de voto.

§ 1º Na constituição do Conselho Fiscal da filiada serão observadas as seguintes normas:

a) os acionistas não controladores votarão em separado, cabendo às ações com direito a voto o direito de eleger 1 (um) membro e respectivo suplente e às ações sem direito a voto, ou com voto restrito, o de eleger outro;

b) a sociedade de comando e as filiadas poderão eleger número de membros, e respectivos suplentes, igual ao dos eleitos nos termos da alínea a, mais um.

§ 2º O Conselho Fiscal da sociedade filiada poderá solicitar aos órgãos de administração da sociedade de comando, ou de outras filiadas, os esclarecimentos ou informações que julgar necessários para fiscalizar a observância da convenção do grupo.

CAPÍTULO XXII

Consórcio

Art. 278. As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou não, podem constituir consórcio para executar determinado empreendimento, observado o disposto neste Capítulo.

§ 1º O consórcio não tem personalidade jurídica e as consorciadas somente se obrigam nas condições previstas no respectivo contrato, respondendo cada uma por suas obrigações, sem presunção de solidariedade.

§ 2º A falência de uma consorciada não se estende às demais, subsistindo o consórcio com as outras contratantes; os créditos que porventura tiver a falida serão apurados e pagos na forma prevista no contrato de consórcio.

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Art. 279. O consórcio será constituído mediante contrato aprovado pelo órgão da sociedade competente para autorizar a alienação de bens do ativo permanente, do qual constarão:

I - a designação do consórcio se houver;

II - o empreendimento que constitua o objeto do consórcio;

III - a duração, endereço e foro;

IV - a definição das obrigações e responsabilidade de cada sociedade consorciada, e das prestações específicas;

V - normas sobre recebimento de receitas e partilha de resultados;

VI - normas sobre administração do consórcio, contabilização, representação das sociedades consorciadas e taxa de administração, se houver;

VII - forma de deliberação sobre assuntos de interesse comum, com o número de votos que cabe a cada consorciado;

VIII - contribuição de cada consorciado para as despesas comuns, se houver.

Parágrafo único. O contrato de consórcio e suas alterações serão arquivados no registro do comércio do lugar da sua sede, devendo a certidão do arquivamento ser publicada.

CAPÍTULO XXIII

Sociedades em Comandita por Ações

Art. 280. A sociedade em comandita por ações terá o capital dividido em ações e reger-se-á pelas normas relativas às companhias ou sociedades anônimas, sem prejuízo das modificações constantes deste Capítulo.

Art. 281. A sociedade poderá comerciar sob firma ou razão social, da qual só farão parte os nomes dos sócios-diretores ou gerentes. Ficam ilimitada e solidariamente responsáveis, nos termos desta Lei, pelas obrigações sociais, os que, por seus nomes, figurarem na firma ou razão social.

Parágrafo único. A denominação ou a firma deve ser seguida das palavras "Comandita por Ações", por extenso ou abreviadamente.

Art. 282. Apenas o sócio ou acionista tem qualidade para administrar ou gerir a sociedade, e, como diretor ou gerente, responde, subsidiária mas ilimitada e solidariamente, pelas obrigações da sociedade.

§ 1º Os diretores ou gerentes serão nomeados, sem limitação de tempo, no estatuto da sociedade, e somente poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que representem 2/3 (dois terços), no mínimo, do capital social.

§ 2º O diretor ou gerente que for destituído ou se exonerar continuará responsável pelas obrigações sociais contraídas sob sua administração.

Art. 283. A assembléia-geral não pode, sem o consentimento dos diretores ou gerentes, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração,

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aumentar ou diminuir o capital social, criar obrigações ao portador ou partes beneficiárias nem aprovar a participação em grupo de sociedade.

Art. 284. Não se aplica à sociedade em comandita por ações o disposto nesta Lei sobre conselho de administração, autorização estatutária de aumento de capital e emissão de bônus de subscrição.

CAPÍTULO XXIV

Prazos de Prescrição

Art. 285. A ação para anular a constituição da companhia, por vício ou defeito, prescreve em 1 (um) ano, contado da publicação dos atos constitutivos.

Parágrafo único. Ainda depois de proposta a ação, é lícito à companhia, por deliberação da assembléia-geral, providenciar para que seja sanado o vício ou defeito.

Art. 286. A ação para anular as deliberações tomadas em assembléia-geral ou especial, irregularmente convocada ou instalada, violadoras da lei ou do estatuto, ou eivadas de erro, dolo, fraude ou simulação, prescreve em 2 (dois) anos, contados da deliberação.

Art. 287. Prescreve:

I - em, 1 (um) ano:

a) a ação contra peritos e subscritores do capital, para deles haver reparação civil pela avaliação de bens, contado o prazo da publicação da ata da assembléia-geral que aprovar o laudo;

b) a ação dos credores não pagos contra os acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da companhia.

II - em 3 (três) anos:

a) a ação para haver dividendos, contado o prazo da data em que tenham sido postos à disposição do acionista;

b) a ação contra os fundadores, acionistas, administradores, liquidantes, fiscais ou sociedade de comando, para deles haver reparação civil por atos culposos ou dolosos, no caso de violação da lei, do estatuto ou da convenção de grupo, contado o prazo:

1 - para os fundadores, da data da publicação dos atos constitutivos da companhia;

2 - para os acionistas, administradores, fiscais e sociedades de comando, da data da publicação da ata que aprovar o balanço referente ao exercício em que a violação tenha ocorrido;

3 - para os liquidantes, da data da publicação da ata da primeira assembléia-geral posterior à violação.

c) a ação contra acionistas para restituição de dividendos recebidos de má-fé, contado o prazo da data da publicação da ata da assembléia-geral ordinária do exercício em que os dividendos tenham sido declarados;

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d) a ação contra os administradores ou titulares de partes beneficiárias para restituição das participações no lucro recebidas de má-fé, contado o prazo da data da publicação da ata da assembléia-geral ordinária do exercício em que as participações tenham sido pagas;

e) a ação contra o agente fiduciário de debenturistas ou titulares de partes beneficiárias para dele haver reparação civil por atos culposos ou dolosos, no caso de violação da lei ou da escritura de emissão, a contar da publicação da ata da assembléia-geral que tiver tomado conhecimento da violação;

f) a ação contra o violador do dever de sigilo de que trata o artigo 260 para dele haver reparação civil, a contar da data da publicação da oferta.

Art. 288. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não ocorrerá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva, ou da prescrição da ação penal.

CAPÍTULO XXV

Disposições Gerais

Art. 289. As publicações ordenadas pela presente Lei serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado, conforme o lugar em que esteja situada a sede da companhia, e em outro jornal de grande circulação editado na localidade em que está situado a sede da companhia.

§ 1º A Comissão de Valores Mobiliários poderá determinar que as publicações, ordenadas pela presente Lei, sejam feitas, também, em jornal de grande circulação editado nas localidades em que os valores mobiliários da companhia sejam negociados em bolsa ou em mercado de balcão.

§ 2º Se no lugar em que estiver situada a sede da companhia não for editado jornal, a publicação se fará em órgão de grande circulação local.

§ 3º A companhia deve fazer as publicações previstas nesta Lei sempre no mesmo jornal, e qualquer mudança deverá ser precedida de aviso aos acionistas no extrato da ata da assembléia-geral ordinária.

§ 4º O disposto no final do § 3º não se aplica à eventual publicação de atas ou balanços em outros jornais.

§ 5º Todas as publicações ordenadas nesta Lei deverão ser arquivadas no registro do comércio.

§ 6º As aplicações do balanço e demonstração de conta de lucros e perdas poderão ser feitas adotando-se como expressão monetária o "milhar de cruzeiros".

Art. 290. A indenização por perdas e danos em ações com fundamento nesta Lei será corrigida monetariamente até o trimestre civil em que for efetivamente liquidada.

Art. 291. A Comissão de Valores Mobiliários poderá reduzir, mediante fixação de escala em função do valor do capital social, a porcentagem mínima aplicável às companhias abertas, estabelecida no artigo 105; na alínea c do parágrafo único do artigo 123; no artigo 141; no § 1º do artigo 157; no § 4º do artigo 159; no § 2º do artigo 161; no § 6° do artigo 163; na alínea a do § 1º do artigo 246 e no artigo 277.

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Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários poderá reduzir a porcentagem de que trata o artigo 249.

Art. 292. As sociedades de que trata o artigo 62 da Lei n. 4.728, de 14 de julho de 1965, podem ter suas ações ao portador.

Art. 293. A Comissão de Valores Mobiliários autorizará as bolsas de valores a prestar os serviços previstos nos artigos 27; 34, § 2º; 39, § 1°; 40; 41; 42; 43; 44; 72; 102 e 103.

Parágrafo único. As instituições financeiras não poderão ser acionistas das companhias a que prestarem os serviços referidos nos artigos 27; 34, § 2º; 41; 42; 43 e 72.

Art. 294. A companhia fechada que tiver menos de 20 (vinte) acionistas, cujo estatuto determinar que todas as ações serão nominativas, não-conversíveis em outras formas, e cujo patrimônio líquido for inferior ao valor nominal de 20.000 (vinte mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional, poderá:

I - convocar assembléia-geral por anúncio entregue a todos os acionistas, contra-recibo, com a antecedência prevista no artigo 124; e

II - deixar de publicar os documentos de que trata o artigo 133, desde que sejam, por cópias autenticadas, arquivados no registro de comércio juntamente com a ata da assembléia que sobre eles deliberar.

§ 1º A companhia deverá guardar os recibos de entrega dos anúncios de convocação e arquivar no registro de comércio, juntamente com a ata da assembléia, cópia autenticada dos mesmos.

§ 2º Nas companhias de que trata este artigo, o pagamento da participação dos administradores poderá ser feito sem observância do disposto no § 2º do artigo 152, desde que aprovada pela unanimidade dos acionistas.

§ 3º O disposto neste artigo não se aplica à companhia controladora de grupo de sociedade, ou a ela filiadas.

CAPÍTULO XXVI

Disposições Transitórias

Art. 295. A presente Lei entrará em vigor 60 (sessenta) dias após a sua publicação, aplicando-se, todavia, a partir da data da publicação, às companhias que se constituírem.

§ 1º O disposto neste artigo não se aplica às disposições sobre:

a) elaboração das demonstrações financeiras, que serão observadas pelas companhias existentes a partir do exercício social que se iniciar após 1º de janeiro de 1978;

b) a apresentação, nas demonstrações financeiras, de valores do exercício anterior (artigo 176, § 1º), que será obrigatória a partir do balanço do exercício social subseqüente ao referido na alíne a anterior;

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c) elaboração e publicação de demonstrações financeiras consolidadas, que somente serão obrigatórias para os exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro de 1978.

§ 2º A participação dos administradores nos lucros sociais continuará a regular-se pelas disposições legais e estatutárias em vigor, aplicando-se o disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 152 a partir do exercício social que se iniciar no curso do ano de 1977.

§ 3º A restrição ao direito de voto das ações ao portador (artigo 112) só vigorará a partir de 1 (um) ano a contar da data em que esta Lei entrar em vigor.

Art. 296. As companhias existentes deverão proceder à adaptação do seu estatuto aos preceitos desta Lei no prazo de 1 (um) ano a contar da data em que ela entrar em vigor, devendo para esse fim ser convocada assembléia-geral dos acionistas.

§ 1º Os administradores e membros do Conselho Fiscal respondem pelos prejuízos que causarem pela inobservância do disposto neste artigo.

§ 2º O disposto neste artigo não prejudicará os direitos pecuniários conferidos por partes beneficiárias e debêntures em circulação na data da publicação desta Lei, que somente poderão ser modificados ou reduzidos com observância do disposto no artigo 51 e no § 5º do artigo 71.

§ 3º As companhias existentes deverão eliminar, no prazo de 5 (cinco) anos a contar da data de entrada em vigor desta Lei, as participações recíprocas vedadas pelo artigo 244 e seus parágrafos.

§ 4º As companhias existentes, cujo estatuto for omisso quanto à fixação do dividendo, ou que o estabelecer em condições que não satisfaçam aos requisitos do § 1º do artigo 202 poderão, dentro do prazo previsto neste artigo, fixá-lo em porcentagem inferior à prevista no § 2º do artigo 202, mas os acionistas dissidentes dessa deliberação terão direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor de suas ações, com observância do disposto nos artigos 45 e 137.

§ 5º O disposto no artigo 199 não se aplica às reservas constituídas e aos lucros acumulados em balanços levantados antes de 1º de janeiro de 1977.

§ 6º O disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 237 não se aplica às participações existentes na data da publicação desta Lei.

Art. 297. As companhias existentes que tiverem ações preferenciais com prioridade na distribuição de dividendo fixo ou mínimo ficarão dispensadas do disposto no artigo 167 e seu § 1º, desde que no prazo de que trata o artigo 296 regulem no estatuto a participação das ações preferenciais na correção anual do capital social, com observância das seguintes normas:

I - o aumento de capital poderá ficar na dependência de deliberação da assembléia-geral, mas será obrigatório quando o saldo da conta de que trata o § 3º do artigo 182 ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do capital social;

II - a capitalização da reserva poderá ser procedida mediante aumento do valor nominal das ações ou emissões de novas ações bonificadas, cabendo à assembléia-geral escolher, em cada aumento de capital, o modo a ser adotado;

III - em qualquer caso, será observado o disposto no § 4º do artigo 17;

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IV - as condições estatutárias de participação serão transcritas nos certificados das ações da companhia.

Art. 298. As companhias existentes, com capital inferior a Cr$ 5.000.000,00 (cinco milhões de cruzeiros), poderão, no prazo de que trata o artigo 296 deliberar, pelo voto de acionistas que representem 2/3 (dois terços) do capital social, a sua transformação em sociedade por quotas, de responsabilidade limitada, observadas as seguintes normas:

I - na deliberação da assembléia a cada ação caberá 1 (um) voto, independentemente de espécie ou classe;

II - a sociedade por quotas resultante da transformação deverá ter o seu capital integralizado e o seu contrato social assegurará aos sócios a livre transferência das quotas, entre si ou para terceiros;

III - o acionista dissidente da deliberação da assembléia poderá pedir o reembolso das ações pelo valor de patrimônio líquido a preços de mercado, observado o disposto nos artigos 45 e 137;

IV - o prazo para o pedido de reembolso será de 90 (noventa) dias a partir da data da publicação da ata da assembléia, salvo para os titulares de ações nominativas, que será contado da data do recebimento de aviso por escrito da companhia.

Art. 299. Ficam mantidas as disposições sobre sociedades por ações, constantes de legislação especial sobre a aplicação de incentivos fiscais nas áreas da SUDENE, SUDAM, SUDEPE, EMBRATUR e Reflorestamento, bem como todos os dispositivos das Leis ns. 4.131, de 3 de dezembro de 1962, e 4.390, de 29 de agosto de 1964.

Art. 300. Ficam revogados o Decreto-Lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, com exceção dos artigos 59 a 73, e demais disposições em contrário.

ERNESTO GEISEL Mário Henrique Simonsen

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 17.12.1976 (suplemento)

Presidência da República Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 9.457, DE 5 DE MAIO DE 1997.

Altera dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as sociedades por ações e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários.

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de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários.

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA no exercício do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Os dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, abaixo enumerados, passam a vigorar com a seguinte redação:

"Art.16.........................................................................

I - conversibilidade em ações preferenciais;

II - exigência de nacionalidade brasileira do acionista; ou

III - direito de voto em separado para o preenchimento de determinados cargos de órgãos administrativos.

...................................................................................."

"Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais:

I - consistem, salvo no caso de ações com direito a dividendos fixos ou mínimos, cumulativos ou não, no direito a dividendos no mínimo dez por cento maiores do que os atribuídos às ações ordinárias;

II - sem prejuízo do disposto no inciso anterior e no que for com ele compatível, podem consistir:

a) em prioridade na distribuição de dividendos;

b) em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele;

c) na acumulação das vantagens acima enumeradas.

.....................................................................................

.."

"Art. 24. ...........................................................................

IX - o nome do acionista;

X - o débito do acionista e a época e o lugar de seu pagamento, se a ação não estiver integralizada;

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XI - a data da emissão do certificado e as assinaturas de dois diretores, ou do agente emissor de certificados (art. 27).

.....................................................................................

.."

"Art. 39. O penhor ou caução de ações se constitui pela averbação do respectivo instrumento no livro de Registro de Ações Nominativas.

.....................................................................................

."

"Art.40..............................................................................

II - se escritural, nos livros da instituição financeira, que os anotará no extrato da conta de depósito fornecida ao acionista.

.....................................................................................

...."

"Art.42. ..............................................................................

§ 1º Sempre que houver distribuição de dividendos ou bonificação de ações e, em qualquer caso, ao menos uma vez por ano, a instituição financeira fornecerá à companhia a lista dos depositantes de ações recebidas nos termos deste artigo, assim como a quantidade de ações de cada um.

.....................................................................................

.."

"Art. 43. A instituição financeira autorizada a funcionar como agente emissor de certificados (art. 27) pode emitir título representativo das ações que receber em depósito, do qual constarão:

.....................................................................................

...

§ 3º Os certificados de depósito de ações serão nominativos, podendo ser mantidos sob o sistema escritural.

.....................................................................................

...."

"Art.45................................................................................

§ 1º O estatuto pode estabelecer normas para a determinação do valor de reembolso, que,

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entretanto, somente poderá ser inferior ao valor de patrimônio líquido constante do último balanço aprovado pela assembléia-geral, observado o disposto no § 2º, se estipulado com base no valor econômico da companhia, a ser apurado em avaliação (§§ 3º e 4º).

§ 2º...................................................................................

§ 3º Se o estatuto determinar a avaliação da ação para efeito de reembolso, o valor será o determinado por três peritos ou empresa especializada, mediante laudo que satisfaça os requisitos do § 1º do art. 8º e com a responsabilidade prevista no § 6º do mesmo artigo.

§ 4º Os peritos ou empresa especializada serão indicados em lista sêxtupla ou tríplice, respectivamente, pelo Conselho de Administração ou, se não houver, pela diretoria, e escolhidos pela Assembléia-geral em deliberação tomada por maioria absoluta de votos, não se computando os votos em branco, cabendo a cada ação, independentemente de sua espécie ou classe, o direito a um voto.

§ 5º O valor de reembolso poderá ser pago à conta de lucros ou reservas, exceto a legal, e nesse caso as ações reembolsadas ficarão em tesouraria.

§ 6º Se, no prazo de cento e vinte dias, a contar da publicação da ata da assembléia, não forem substituídos os acionistas cujas ações tenham sido reembolsadas à conta do capital social, este considerar-se-á reduzido no montante correspondente, cumprindo aos órgãos da administração convocar a assembléia-geral, dentro de cinco dias, para tomar conhecimento daquela redução.

§ 7º Se sobrevier a falência da sociedade, os acionistas dissidentes, credores pelo reembolso de suas ações, serão classificados como quirografários em quadro separado, e os rateios que lhes couberem serão imputados no pagamento dos créditos constituídos anteriormente à data da publicação da ata da assembléia. As quantias assim atribuídas aos créditos mais antigos não se deduzirão dos créditos dos ex-acionistas, que subsistirão integralmente para serem satisfeitos pelos bens da massa, depois de pagos os primeiros.

§ 8º Se, quando ocorrer a falência, já se houver efetuado, à conta do capital social, o reembolso dos ex-acionistas, estes não tiverem sido substituídos, e a massa não bastar para o pagamento dos créditos mais antigos, caberá ação revocatória para restituição do reembolso pago com redução do

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capital social, até a concorrência do que remanescer dessa parte do passivo. A restituição será havida, na mesma proporção, de todos os acionistas cujas ações tenham sido reembolsadas."

"Art. 49......................................................................

VII - o nome do beneficiário;

VIII - a data da emissão do certificado e as assinaturas de dois diretores."

"Art. 50. As partes beneficiárias serão nominativas e a elas se aplica, no que couber, o disposto nas seções V a VII do Capítulo III.

§ 1º As partes beneficiárias serão registradas em livros próprios, mantidos pela companhia.

.....................................................................................

."

"Art. 63. As debêntures serão nominativas, aplicando-se, no que couber, o disposto nas seções V a VII do Capítulo III.

Parágrafo único. As debêntures podem ser objeto de depósito com emissão de certificado, nos termos do art. 43."

"Art. 64..........................................................................

X - o nome do debenturista;

XI - o nome do agente fiduciário dos debenturistas, se houver;

XII - a data da emissão do certificado e a assinatura de dois diretores da companhia;

XIII - a autenticação do agente fiduciário, se for o caso."

"Seção VIII

Cédula de debêntures

Art. 72. As instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central do Brasil a efetuar esse tipo de operação poderão emitir cédulas lastreadas em debêntures, com garantia própria, que conferirão a seus titulares direito de crédito contra o emitente, pelo valor nominal e os juros nela estipulados.

§ 1º A cédula será nominativa, escritural ou não.

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§ 2º..................................................................................

c) a denominação Cédula de Debêntures;

.....................................................................................

....

g) a identificação das debêntures-lastro, do seu valor e da garantia constituída;

.....................................................................................

.....

j) o nome do titular."

"Art. 78. Os bônus de subscrição terão a forma nominativa.

.....................................................................................

......"

"Art. 79. ..........................................................................

VI - o nome do titular;

VII - a data da emissão do certificado e as assinaturas de dois diretores."

"Art. 100. ...........................................................................

I - o livro de Registro de Ações Nominativas, para inscrição, anotação ou averbação:

.....................................................................................

.....

c) das conversões de ações, de uma em outra espécie ou classe;

.....................................................................................

....

IV - o livro de Atas das Assembléias Gerais;

V - o livro de Presença dos Acionistas;

VI - os livros de Atas das Reuniões do Conselho de Administração, se houver, e de Atas das Reuniões de Diretoria;

VII - o livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal.

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§ 1º A qualquer pessoa, desde que se destinem a defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal ou dos acionistas ou do mercado de valores mobiliários, serão dadas certidões dos assentamentos constantes dos livros mencionados nos incisos I a III, e por elas a companhia poderá cobrar o custo do serviço, cabendo, do indeferimento do pedido por parte da companhia, recurso à Comissão de Valores Mobiliários.

§ 2º Nas companhias abertas, os livros referidos nos incisos I a III do caput deste artigo poderão ser substituídos, observadas as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, por registros mecanizados ou eletrônicos."

"Art. 101. O agente emissor de certificados (art. 27) poderá substituir os livros referidos nos incisos I a III do art. 100 pela sua escrituração e manter, mediante sistemas adequados, aprovados pela Comissão de Valores Mobiliários, os registros de propriedade das ações, partes beneficiárias, debêntures e bônus de subscrição, devendo uma vez por ano preparar lista dos seus titulares, com o número dos títulos de cada um, a qual será encadernada, autenticada no registro do comércio e arquivada na companhia.

.....................................................................................

....."

"Art. 104. A companhia é responsável pelos prejuízos que causar aos interessados por vícios ou irregularidades verificadas nos livros de que tratam os incisos I a III do art. 100.

.....................................................................................

......"

"Art. 117..............................................................................

§ 1º ...................................................................................

h) subscrever ações, para os fins do disposto no art. 170, com a realização em bens estranhos ao objeto social da companhia."

.....................................................................................

.....

"Art. 123. ............................................................................

Parágrafo único. ..................................................................

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c) por acionistas que representem cinco por cento, no mínimo, do capital social, quando os administradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de convocação que apresentarem, devidamente fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas;

d) por acionistas que representem cinco por cento, no mínimo, do capital votante, ou cinco por cento, no mínimo, dos acionistas sem direito a voto, quando os administradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de convocação de assembléia para instalação do conselho fiscal."

"Art. 126. ..........................................................................

II - os titulares de ações escriturais ou em custódia nos termos do art. 41, além do documento de identidade, exibirão, ou depositarão na companhia, se o estatuto o exigir, comprovante expedido pela instituição financeira depositária.

.....................................................................................

....

§ 2º ..................................................................................

c) ser dirigido a todos os titulares de ações cujos endereços constem da companhia.

§ 3º É facultado a qualquer acionista, detentor de ações, com ou sem voto, que represente meio por cento, no mínimo, do capital social, solicitar relação de endereços dos acionistas, para os fins previstos no § 1º, obedecidos sempre os requisitos do parágrafo anterior.

.....................................................................................

...."

"Art. 136. É necessária a aprovação de acionistas que representem metade, no mínimo, das ações com direito a voto, se maior quorum não for exigido pelo estatuto da companhia cujas ações não estejam admitidas à negociação em bolsa ou no mercado de balcão, para deliberação sobre:

I - criação de ações preferenciais ou aumento de classes existentes, sem guardar proporção com as demais espécies e classes, salvo se já previstos ou autorizados pelo estatuto;

II - alteração nas preferências, vantagens e condições de resgate ou amortização de uma ou mais classes de ações preferenciais, ou criação de nova classe mais favorecida;

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III - redução do dividendo obrigatório;

IV - fusão da companhia, ou sua incorporação em outra;

V - participação em grupo de sociedades (art. 265);

VI - mudança do objeto da companhia;

VII - cessação do estado de liquidação da companhia;

VIII - criação de partes beneficiárias;

IX - cisão da companhia;

X - dissolução da companhia.

§ 1º Nos casos dos incisos I e II, a eficácia da deliberação depende de prévia aprovação ou da ratificação, em prazo improrrogável de um ano, por titulares de mais da metade de cada classe de ações preferenciais prejudicadas, reunidos em assembléia especial convocada pelos administradores e instalada com as formalidades desta Lei.

.....................................................................................

..

§ 4º Deverá constar da ata da assembléia-geral que deliberar sobre as matérias dos incisos I e II, se não houver prévia aprovação, que a deliberação só terá eficácia após a sua ratificação pela assembléia especial prevista no § 1º."

"Art. 137. A aprovação das matérias previstas nos incisos I a VI do art. 136 dá ao acionista dissidente direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor das suas ações (art. 45), observadas as seguintes normas:

I - nos casos dos incisos I e II do art. 136, somente terá direito de retirada o titular de ações de espécie ou classe prejudicadas;

II - nos casos dos incisos IV e V, somente terá direito de retirada o titular de ações:

a) que não integrem índices gerais representativos de carteira de ações admitidos à negociação em bolsas de futuros; e

b) de companhias abertas das quais se encontram em circulação no mercado menos da metade do total das ações por ela emitidas, entendendo-se por ações em circulação no mercado todas as ações da

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companhia menos as de propriedade do acionista controlador;

III - o reembolso da ação deve ser reclamado à companhia no prazo de trinta dias contados da publicação da ata da assembléia-geral;

IV - o prazo para o dissidente de deliberação de assembléia especial (art. 136, § 1º) será contado da publicação da respectiva ata;

V - o pagamento do reembolso somente poderá ser exigido após a observância do disposto no § 3º e, se for o caso, da ratificação da deliberação pela assembléia-geral.

§ 1º O acionista dissidente de deliberação da assembléia, inclusive o titular de ações preferenciais sem direito de voto, poderá exercer o direito de reembolso das ações de que, comprovadamente, era titular na data da primeira publicação do edital de convocação da assembléia, ou na data da comunicação do fato relevante objeto da deliberação, se anterior.

§ 2º O direito de reembolso poderá ser exercido no prazo previsto no inciso III do caput deste artigo, ainda que o titular das ações tenha-se abstido de votar contra a deliberação ou não tenha comparecido à reunião.

§ 3º Nos dez dias subseqüentes ao término do prazo de que trata o inciso III do caput deste artigo, contado da publicação da ata da assembléia-geral ou da assembléia especial que ratificar a deliberação, é facultado aos órgãos da administração convocar a assembléia-geral para reconsiderar ou ratificar a deliberação, se entenderem que o pagamento do preço do reembolso das ações aos acionistas dissidentes que exerceram o direito de retirada porá em risco a estabilidade financeira da empresa.

§ 4º Decairá do direito de retirada o acionista que não o exercer no prazo fixado."

"Art. 152. A assembléia-geral fixará o montante global ou individual da remuneração dos administradores, inclusive benefícios de qualquer natureza e verbas de representação, tendo em conta suas responsabilidades, o tempo dedicado às suas funções, sua competência e reputação profissional e o valor dos seus serviços no mercado.

.....................................................................................

..."

"Art. 162. ...........................................................................

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§ 3º A remuneração dos membros do conselho fiscal, além do reembolso, obrigatório, das despesas de locomoção e estada necessárias ao desempenho da função, será fixada pela assembléia-geral que os eleger, e não poderá ser inferior, para cada membro em exercício, a dez por cento da que, em média, for atribuída a cada diretor, não computados benefícios, verbas de representação e participação nos lucros."

"Art. 163. ...........................................................................

§ 4º Se a companhia tiver auditores independentes, o conselho fiscal, a pedido de qualquer de seus membros, poderá solicitar-lhes esclarecimentos ou informações, e a apuração de fatos específicos.

.....................................................................................

......

§ 8º O conselho fiscal poderá, para apurar fato cujo esclarecimento seja necessário ao desempenho de suas funções, formular, com justificativa, questões a serem respondidas por perito e solicitar à diretoria que indique, para esse fim, no prazo máximo de trinta dias, três peritos, que podem ser pessoas físicas ou jurídicas, de notório conhecimento na área em questão, entre os quais o conselho fiscal escolherá um, cujos honorários serão pagos pela companhia."

"Art. 170. ..........................................................................

§ 1º O preço de emissão deverá ser fixado, sem diluição injustificada da participação dos antigos acionistas, ainda que tenham direito de preferência para subscrevê-las, tendo em vista, alternativa ou conjuntamente:

I - a perspectiva de rentabilidade da companhia;

II - o valor do patrimônio líquido da ação;

III - a cotação de suas ações em Bolsa de Valores ou no mercado de balcão organizado, admitido ágio ou deságio em função das condições do mercado.

.....................................................................................

.....

§ 7º A proposta de aumento do capital deverá esclarecer qual o critério adotado, nos termos do § 1º deste artigo, justificando pormenorizadamente os aspectos econômicos que determinaram a sua escolha."

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"Art. 176. ............................................................................

§ 6º A companhia fechada, com patrimônio líquido, na data do balanço, não superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração das origens e aplicações de recursos."

"Art. 206. ............................................................................

I - .......................................................................................

c) por deliberação da assembléia-geral (art. 136, X);

.....................................................................................

.....

Art. 223. ............................................................................

§ 3º Se a incorporação, fusão ou cisão envolverem companhia aberta, as sociedades que a sucederem serão também abertas, devendo obter o respectivo registro e, se for o caso, promover a admissão de negociação das novas ações no mercado secundário, no prazo máximo de cento e vinte dias, contados da data da assembléia-geral que aprovou a operação, observando as normas pertinentes baixadas pela Comissão de Valores Mobiliários.

§ 4º O descumprimento do previsto no parágrafo anterior dará ao acionista direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor das suas ações (art. 45), nos trinta dias seguintes ao término do prazo nele referido, observado o disposto nos §§ 1º e 4º do art. 137."

"Art. 229. ........................................................................

§ 5º As ações integralizadas com parcelas de patrimônio da companhia cindida serão atribuídas a seus titulares, em substituição às extintas, na proporção das que possuíam; a atribuição em proporção diferente requer aprovação de todos os titulares, inclusive das ações sem direito a voto."

"Art. 230. Nos casos de incorporação ou fusão, o prazo para exercício do direito de retirada, previsto no art. 137, inciso II, será contado a partir da publicação da ata que aprovar o protocolo ou justificação, mas o pagamento do preço de reembolso somente será devido se a operação vier a efetivar-se."

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"Art. 250. .........................................................................

§ 1º A participação dos acionistas não controladores no patrimônio líquido e no lucro do exercício será destacada, respectivamente, no balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício.

.....................................................................................

......"

"Art. 252. ............................................................................

§ 1º A assembléia-geral da companhia incorporadora, se aprovar a operação, deverá autorizar o aumento do capital, a ser realizado com as ações a serem incorporadas e nomear os peritos que as avaliarão; os acionistas não terão direito de preferência para subscrever o aumento de capital, mas os dissidentes poderão retirar-se da companhia, observado o disposto no art. 137, II, mediante o reembolso do valor de suas ações, nos termos do art. 230.

§ 2º A assembléia-geral da companhia cujas ações houverem de ser incorporadas somente poderá aprovar a operação pelo voto de metade, no mínimo, das ações com direito a voto, e se a aprovar, autorizará a diretoria a subscrever o aumento do capital da incorporadora, por conta dos seus acionistas; os dissidentes da deliberação terão direito de retirar-se da companhia, observado o disposto no art. 137, II, mediante o reembolso do valor de suas ações, nos termos do art. 230.

.....................................................................................

."

"Art. 255. A alienação do controle de companhia aberta que dependa de autorização do governo para funcionar está sujeita à prévia autorização do órgão competente para aprovar a alteração do seu estatuto."

"Art. 256. .........................................................................

II - ...................................................................................

a) cotação média das ações em bolsa ou no mercado de balcão organizado, durante os noventa dias anteriores à data da contratação;

.....................................................................................

.....

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§ 1º A proposta ou o contrato de compra, acompanhado de laudo de avaliação, observado o disposto no art. 8º, §§ 1º e 6º, será submetido à prévia autorização da assembléia-geral, ou à sua ratificação, sob pena de responsabilidade dos administradores, instruído com todos os elementos necessários à deliberação.

§ 2º Se o preço da aquisição ultrapassar uma vez e meia o maior dos três valores de que trata o inciso II do caput, o acionista dissidente da deliberação da assembléia que a aprovar terá o direito de retirar-se da companhia mediante reembolso do valor de suas ações, nos termos do art. 137, observado o disposto em seu inciso II."

"Art. 264. Na incorporação, pela controladora, de companhia controlada, a justificação, apresentada à assembléia-geral da controlada, deverá conter, além das informações previstas nos arts. 224 e 225, o cálculo das relações de substituição das ações dos acionistas não controladores da controlada com base no valor do patrimônio líquido das ações da controladora e da controlada, avaliados os dois patrimônios segundo os mesmos critérios e na mesma data, a preços de mercado.

.....................................................................................

...

§ 3º Se as relações de substituição das ações dos acionistas não controladores, previstas no protocolo da incorporação, forem menos vantajosas que as resultantes da comparação prevista neste artigo, os acionistas dissidentes da deliberação da assembléia-geral da controlada que aprovar a operação, observado o disposto nos arts. 137, II, e 230, poderão optar entre o valor de reembolso fixado nos termos do art. 45 e o valor do patrimônio líquido a preços de mercado.

.....................................................................................

.."

"Art. 270. A convenção de grupo deve ser aprovada com observância das normas para alteração do contrato social ou do estatuto (art. 136, V).

.....................................................................................

."

"Art. 283. A assembléia-geral não pode, sem o consentimento dos diretores ou gerentes, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou diminuir o capital social, emitir debêntures ou criar partes beneficiárias nem aprovar a participação em grupo de sociedade."

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"Art. 289. As publicações ordenadas pela presente Lei serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado ou do Distrito Federal, conforme o lugar em que esteja situada a sede da companhia, e em outro jornal de grande circulação editado na localidade em que está situada a sede da companhia.

§ 1º A Comissão de Valores Mobiliários poderá determinar que as publicações ordenadas por esta Lei sejam feitas, também, em jornal de grande circulação nas localidades em que os valores mobiliários da companhia sejam negociados em bolsa ou em mercado de balcão, ou disseminadas por algum outro meio que assegure sua ampla divulgação e imediato acesso às informações.

.....................................................................................

...

§ 6º As publicações do balanço e da demonstração de lucros e perdas poderão ser feitas adotando-se como expressão monetária o milhar de reais."

"Art. 294. A companhia fechada que tiver menos de vinte acionistas poderá:

.....................................................................................

."

Art. 2º Os arts. 9º, 11, 15, 17, 21 e 22 da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, passam a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 9º. ..........................................................................

V - apurar, mediante inquérito administrativo, atos ilegais e práticas não eqüitativas de administradores, membros do conselho fiscal e acionistas de companhias abertas, dos intermediários e dos demais participantes do mercado;

.....................................................................................

...."

"Art. 11. .............................................................................

III - suspensão do exercício do cargo de administrador ou de conselheiro fiscal de companhia aberta, de entidade do sistema de distribuição ou de outras entidades que dependam de autorização ou registro na Comissão de Valores Mobiliários;

IV - inabilitação temporária, até o máximo de vinte anos, para o exercício dos cargos referidos no inciso anterior;

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.....................................................................................

.....

VI - cassação de autorização ou registro, para o exercício das atividades de que trata esta Lei;

VII - proibição temporária, até o máximo de vinte anos, de praticar determinadas atividades ou operações, para os integrantes do sistema de distribuição ou de outras entidades que dependam de autorização ou registro na Comissão de Valores Mobiliários;

VIII - proibição temporária, até o máximo de dez anos, de atuar, direta ou indiretamente, em uma ou mais modalidades de operação no mercado de valores mobiliários.

§ 1º ...............................................................................

I - R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais);

II - cinqüenta por cento do valor da emissão ou operação irregular; ou

III - três vezes o montante da vantagem econômica obtida ou da perda evitada em decorrência do ilícito.

§ 2º Nos casos de reincidência serão aplicadas, alternativamente, multa nos termos do parágrafo anterior, até o triplo dos valores fixados, ou penalidade prevista nos incisos III a VIII do caput deste artigo.

§ 3º Ressalvado o disposto no parágrafo anterior, as penalidades previstas nos incisos III a VIII do caput deste artigo somente serão aplicadas nos casos de infração grave, assim definidas em normas da Comissão de Valores Mobiliários.

§ 4º As penalidades somente serão impostas com observância do procedimento previsto no § 2º do art. 9º desta Lei, cabendo recurso para o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.

§ 5º A Comissão de Valores Mobiliários poderá suspender, em qualquer fase, o procedimento administrativo, se o indiciado ou acusado assinar termo de compromisso, obrigando-se a:

I - cessar a prática de atividades ou atos considerados ilícitos pela Comissão de Valores Mobiliários; e

II - corrigir as irregularidades apontadas, inclusive indenizando os prejuízos.

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§ 6º O compromisso a que se refere o parágrafo anterior não importará confissão quanto à matéria de fato, nem reconhecimento de ilicitude da conduta analisada.

§ 7º O termo de compromisso deverá ser publicado no Diário Oficial da União, discriminando o prazo para cumprimento das obrigações eventualmente assumidas, e o seu inadimplemento caracterizará crime de desobediência, previsto no art. 330 do Código Penal.

§ 8º Não cumpridas as obrigações no prazo, a Comissão de Valores Mobiliários dará continuidade ao procedimento administrativo anteriormente suspenso, para a aplicação das penalidades cabíveis.

§ 9º Serão considerados, na aplicação de penalidades previstas na lei, o arrependimento eficaz e o arrependimento posterior ou a circunstância de qualquer pessoa, espontaneamente, confessar ilícito ou prestar informações relativas à sua materialidade.

§ 10. A Comissão de Valores Mobiliários regulamentará a aplicação do disposto nos §§ 5º a 9º deste artigo aos procedimentos conduzidos pelas Bolsas de Valores e entidades do mercado de balcão organizado.

§ 11. A multa cominada pela inexecução de ordem da Comissão de Valores Mobiliários, nos termos do inciso II do caput do art. 9º e do inciso IV de seu § 1º, não excederá a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por dia de atraso no seu cumprimento e sua aplicação independe do inquérito administrativo previsto no inciso V do caput do mesmo artigo.

§ 12. Da decisão que aplicar a multa prevista no parágrafo anterior caberá recurso voluntário, no prazo de dez dias, ao Colegiado da Comissão de Valores Mobiliários, sem efeito suspensivo."

"Art. 15. .........................................................................

V - entidades de mercado de balcão organizado."

"Art. 17. As Bolsas de Valores e as entidades de mercado de balcão organizado terão autonomia administrativa, financeira e patrimonial, operando sob a supervisão da Comissão de Valores Mobiliários.

Parágrafo único. Às Bolsas de Valores e às entidades de mercado de balcão organizado incumbe, como órgãos auxiliares da Comissão de Valores Mobiliários, fiscalizar os respectivos membros e as operações nelas realizadas."

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"Art. 21. ...........................................................................

II - o registro para negociação no mercado de balcão, organizado ou não.

.....................................................................................

§ 2º O registro do art. 19 importa registro para o mercado de balcão, mas não para a bolsa ou entidade de mercado de balcão organizado.

§ 3º São atividades do mercado de balcão não organizado as realizadas com a participação das empresas ou profissionais indicados no art. 15, incisos I, II e III, ou nos seus estabelecimentos, excluídas as operações efetuadas em bolsas ou em sistemas administrados por entidades de balcão organizado.

§ 4º Cada Bolsa de Valores ou entidade de mercado de balcão organizado poderá estabelecer requisitos próprios para que os valores sejam admitidos à negociação no seu recinto ou sistema, mediante prévia aprovação da Comissão de Valores Mobiliários.

§ 5º O mercado de balcão organizado será administrado por entidades cujo funcionamento dependerá de autorização da Comissão de Valores Mobiliários, que expedirá normas gerais sobre:

I - condições de constituição e extinção, forma jurídica, órgãos de administração e seu preenchimento;

II - exercício do poder disciplinar pelas entidades, sobre os seus participantes ou membros, imposição de penas e casos de exclusão;

III - requisitos ou condições de admissão quanto à idoneidade, capacidade financeira e habilitação técnica dos administradores e representantes das sociedades participantes ou membros;

IV - administração das entidades, emolumentos, comissões e quaisquer outros custos cobrados pelas entidades ou seus participantes ou membros, quando for o caso.

§ 6º ................................................................................

III - casos em que os valores mobiliários poderão ser negociados simultaneamente nos mercados de bolsa e de balcão, organizado ou não."

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"Art. 22. .........................................................................

Parágrafo único. ............................................................

VII - a realização, pelas companhias abertas com ações admitidas à negociação em bolsa ou no mercado de balcão organizado, de reuniões anuais com seus acionistas e agentes do mercado de valores mobiliários, no local de maior negociação dos títulos da companhia no ano anterior, para a divulgação de informações quanto à respectiva situação econômico-financeira, projeções de resultados e resposta aos esclarecimentos que lhes forem solicitados;

VIII - as demais matérias previstas em lei."

Art. 3º Fica incluído na Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, o seguinte art. 33, renumerando-se os demais:

"Art. 33. Prescrevem em oito anos as infrações das normas legais cujo cumprimento incumba à Comissão de Valores Mobiliários fiscalizar, ocorridas no mercado de valores mobiliários, no âmbito de sua competência, contado esse prazo da prática do ilícito ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.

§ 1º Aplica-se a prescrição a todo inquérito paralisado por mais de quatro anos, pendente de despacho ou julgamento, devendo ser arquivado de ofício ou a requerimento da parte interessada, sem prejuízo de serem apuradas as responsabilidades pela paralisação, se for o caso.

§ 2º A prescrição interrompe-se:

I - pela notificação do indiciado;

II - por qualquer ato inequívoco que importe apuração da irregularidade;

III - pela decisão condenatória recorrível, de qualquer órgão julgador da Comissão de Valores Mobiliários;

IV - pela assinatura do termo de compromisso, como previsto no § 5º do art. 11 desta Lei.

§ 3º Não correrá a prescrição quando o indiciado ou acusado encontrar-se em lugar incerto ou não sabido.

§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o processo correrá contra os demais acusados, desmembrando-se o mesmo em relação ao acusado revel."

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Art. 4º Para os inquéritos administrativos pendentes ou fatos já ocorridos, os prazos de prescrição previstos no art. 33 da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, começarão a fluir a partir da data de vigência desta Lei.

Art. 5º Esta Lei entra em vigor trinta dias após a sua publicação, aplicando-se, todavia, imediatamente, a partir desta data, às companhias que vierem a se constituir.

Art. 6º Revogam-se a Lei nº 7.958, de 20 de dezembro de 1989, o art. 254 e os §§ 1º e 2º do art. 255 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e as demais disposições em contrário.

Brasília, 5 de maio de 1997; 176º da Independência e 109º da República.

MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA MACIEL Pedro Malan

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 10.303, DE 31 DE OUTUBRO DE 2001.

Mensagem de veto

Altera e acrescenta dispositivos na Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, e na Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários.

O VICE–PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei altera e acrescenta dispositivos na Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, e na Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários.

Art. 2o Os arts. 4o, 15, 17, 24, 31, 41, 44, 47, 52, 54, 59, 62, 63, 68, 109, 115, 118, 122, 124, 133, 135, 136, 137, 140, 141, 142, 143, 146, 147, 149, 155, 157, 161, 163, 164, 165, 172, 196, 197, 202, 264, 287, 289, 291 e 294 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, passam a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 4o Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários.

§ 1o Somente os valores mobiliários de emissão de companhia registrada na Comissão de Valores Mobiliários podem ser negociados no mercado de valores mobiliários.

§ 2o Nenhuma distribuição pública de valores mobiliários será efetivada no mercado sem prévio registro na Comissão de Valores Mobiliários.

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§ 3o A Comissão de Valores Mobiliários poderá classificar as companhias abertas em categorias, segundo as espécies e classes dos valores mobiliários por ela emitidos negociados no mercado, e especificará as normas sobre companhias abertas aplicáveis a cada categoria.

§ 4o O registro de companhia aberta para negociação de ações no mercado somente poderá ser cancelado se a companhia emissora de ações, o acionista controlador ou a sociedade que a controle, direta ou indiretamente, formular oferta pública para adquirir a totalidade das ações em circulação no mercado, por preço justo, ao menos igual ao valor de avaliação da companhia, apurado com base nos critérios, adotados de forma isolada ou combinada, de patrimônio líquido contábil, de patrimônio líquido avaliado a preço de mercado, de fluxo de caixa descontado, de comparação por múltiplos, de cotação das ações no mercado de valores mobiliários, ou com base em outro critério aceito pela Comissão de Valores Mobiliários, assegurada a revisão do valor da oferta, em conformidade com o disposto no art. 4o-A.

§ 5o Terminado o prazo da oferta pública fixado na regulamentação expedida pela Comissão de Valores Mobiliários, se remanescerem em circulação menos de 5% (cinco por cento) do total das ações emitidas pela companhia, a assembléia-geral poderá deliberar o resgate dessas ações pelo valor da oferta de que trata o § 4o, desde que deposite em estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, à disposição dos seus titulares, o valor de resgate, não se aplicando, nesse caso, o disposto no § 6o do art. 44.

§ 6o O acionista controlador ou a sociedade controladora que adquirir ações da companhia aberta sob seu controle que elevem sua participação, direta ou indireta, em determinada espécie e classe de ações à porcentagem que, segundo normas gerais expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, impeça a liquidez de mercado das ações remanescentes, será obrigado a fazer oferta pública, por preço determinado nos termos do § 4o, para aquisição da totalidade das ações remanescentes no mercado." (NR)

"Art. 15.......................................................

.......................................................

§ 2o O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações emitidas." (NR)

"Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir:

I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo;

II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou

III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II.

§ 1o Independentemente do direito de receber ou não o valor de reembolso do capital com prêmio ou sem ele, as ações preferenciais sem direito de voto ou com restrição ao exercício deste direito, somente serão admitidas à negociação no mercado de valores mobiliários se a elas for atribuída pelo menos uma das seguintes preferências ou vantagens:

I - direito de participar do dividendo a ser distribuído, correspondente a, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido do exercício, calculado na forma do art. 202, de acordo com o seguinte critério:

a) prioridade no recebimento dos dividendos mencionados neste inciso correspondente a, no mínimo, 3% (três por cento) do valor do patrimônio líquido da ação; e

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b) direito de participar dos lucros distribuídos em igualdade de condições com as ordinárias, depois de a estas assegurado dividendo igual ao mínimo prioritário estabelecido em conformidade com a alínea a; ou

II - direito ao recebimento de dividendo, por ação preferencial, pelo menos 10% (dez por cento) maior do que o atribuído a cada ação ordinária; ou

III - direito de serem incluídas na oferta pública de alienação de controle, nas condições previstas no art. 254-A, assegurado o dividendo pelo menos igual ao das ações ordinárias.

§ 2o Deverão constar do estatuto, com precisão e minúcia, outras preferências ou vantagens que sejam atribuídas aos acionistas sem direito a voto, ou com voto restrito, além das previstas neste artigo.

§ 3o Os dividendos, ainda que fixos ou cumulativos, não poderão ser distribuídos em prejuízo do capital social, salvo quando, em caso de liquidação da companhia, essa vantagem tiver sido expressamente assegurada.

§ 4o Salvo disposição em contrário no estatuto, o dividendo prioritário não é cumulativo, a ação com dividendo fixo não participa dos lucros remanescentes e a ação com dividendo mínimo participa dos lucros distribuídos em igualdade de condições com as ordinárias, depois de a estas assegurado dividendo igual ao mínimo.

§ 5o Salvo no caso de ações com dividendo fixo, o estatuto não pode excluir ou restringir o direito das ações preferenciais de participar dos aumentos de capital decorrentes da capitalização de reservas ou lucros (art. 169).

§ 6o O estatuto pode conferir às ações preferenciais com prioridade na distribuição de dividendo cumulativo, o direito de recebê-lo, no exercício em que o lucro for insuficiente, à conta das reservas de capital de que trata o § 1o do art. 182.

§ 7o Nas companhias objeto de desestatização poderá ser criada ação preferencial de classe especial, de propriedade exclusiva do ente desestatizante, à qual o estatuto social poderá conferir os poderes que especificar, inclusive o poder de veto às deliberações da assembléia-geral nas matérias que especificar." (NR)

"Art. 24. .......................................................

.......................................................

§ 2o Os certificados de ações emitidas por companhias abertas podem ser assinados por dois mandatários com poderes especiais, ou autenticados por chancela mecânica, observadas as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários." (NR)

"Art. 31. A propriedade das ações nominativas presume-se pela inscrição do nome do acionista no livro de "Registro de Ações Nominativas" ou pelo extrato que seja fornecido pela instituição custodiante, na qualidade de proprietária fiduciária das ações.

........................................................" (NR)

"Art. 41. A instituição autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários a prestar serviços de custódia de ações fungíveis pode contratar custódia em que as ações de cada espécie e classe da companhia sejam recebidas em depósito como valores fungíveis, adquirindo a instituição depositária a propriedade fiduciária das ações.

§ 1o A instituição depositária não pode dispor das ações e fica obrigada a devolver ao depositante a quantidade de ações recebidas, com as modificações resultantes de alterações no capital social ou

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no número de ações da companhia emissora, independentemente do número de ordem das ações ou dos certificados recebidos em depósito.

§ 2o Aplica-se o disposto neste artigo, no que couber, aos demais valores mobiliários.

§ 3o A instituição depositária ficará obrigada a comunicar à companhia emissora:

I - imediatamente, o nome do proprietário efetivo quando houver qualquer evento societário que exija a sua identificação; e

II - no prazo de até 10 (dez) dias, a contratação da custódia e a criação de ônus ou gravames sobre as ações.

§ 4o A propriedade das ações em custódia fungível será provada pelo contrato firmado entre o proprietário das ações e a instituição depositária.

§ 5o A instituição tem as obrigações de depositária e responde perante o acionista e terceiros pelo descumprimento de suas obrigações." (NR)

"Art. 44. .......................................................

........................................................

§ 6o Salvo disposição em contrário do estatuto social, o resgate de ações de uma ou mais classes só será efetuado se, em assembléia especial convocada para deliberar essa matéria específica, for aprovado por acionistas que representem, no mínimo, a metade das ações da(s) classe(s) atingida(s)." (NR)

"Art. 47. ........................................................

Parágrafo único. É vedado às companhias abertas emitir partes beneficiárias." (NR)

"Art. 52. A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado." (NR)

"Art. 54. ........................................................

§ 1o A debênture poderá conter cláusula de correção monetária, com base nos coeficientes fixados para correção de títulos da dívida pública, na variação da taxa cambial ou em outros referenciais não expressamente vedados em lei.

§ 2o A escritura de debênture poderá assegurar ao debenturista a opção de escolher receber o pagamento do principal e acessórios, quando do vencimento, amortização ou resgate, em moeda ou em bens avaliados nos termos do art. 8o." (NR)

"Art. 59........................................................

........................................................

§ 1o Na companhia aberta, o conselho de administração poderá deliberar sobre a emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações e sem garantia real, e a assembléia-geral pode delegar ao conselho de administração a deliberação sobre as condições de que tratam os incisos VI a VIII deste artigo e sobre a oportunidade da emissão.

........................................................" (NR)

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"Art. 62. Nenhuma emissão de debêntures será feita sem que tenham sido satisfeitos os seguintes requisitos:

I - arquivamento, no registro do comércio, e publicação da ata da assembléia-geral, ou do conselho de administração, que deliberou sobre a emissão;

II - inscrição da escritura de emissão no registro do comércio;

.......................................................

§ 4o Os registros do comércio manterão livro especial para inscrição das emissões de debêntures, no qual serão anotadas as condições essenciais de cada emissão." (NR)

"Art. 63........................................................

§ 1o As debêntures podem ser objeto de depósito com emissão de certificado, nos termos do art. 43.

§ 2o A escritura de emissão pode estabelecer que as debêntures sejam mantidas em contas de custódia, em nome de seus titulares, na instituição que designar, sem emissão de certificados, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 41." (NR)

"Art. 68. ........................................................

§ 1o ........................................................

........................................................

c) notificar os debenturistas, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, de qualquer inadimplemento, pela companhia, de obrigações assumidas na escritura da emissão.

......................................................." (NR)

"Art. 109. .......................................................

.......................................................

§ 3o O estatuto da sociedade pode estabelecer que as divergências entre os acionistas e a companhia, ou entre os acionistas controladores e os acionistas minoritários, poderão ser solucionadas mediante arbitragem, nos termos em que especificar." (NR)

"Art. 115. O acionista deve exercer o direito a voto no interesse da companhia; considerar-se-á abusivo o voto exercido com o fim de causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia ou para outros acionistas.

.......................................................

§ 5o (VETADO)

§ 6o (VETADO)

§ 7o (VETADO)

§ 8o (VETADO)

§ 9o (VETADO)

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§ 10. (VETADO)

"Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle deverão ser observados pela companhia quando arquivados na sua sede.

.......................................................

§ 3o (VETADO)

.......................................................

§ 6o O acordo de acionistas cujo prazo for fixado em função de termo ou condição resolutiva somente pode ser denunciado segundo suas estipulações.

§ 7o O mandato outorgado nos termos de acordo de acionistas para proferir, em assembléia-geral ou especial, voto contra ou a favor de determinada deliberação, poderá prever prazo superior ao constante do § 1o do art. 126 desta Lei.

§ 8o O presidente da assembléia ou do órgão colegiado de deliberação da companhia não computará o voto proferido com infração de acordo de acionistas devidamente arquivado.

§ 9o O não comparecimento à assembléia ou às reuniões dos órgãos de administração da companhia, bem como as abstenções de voto de qualquer parte de acordo de acionistas ou de membros do conselho de administração eleitos nos termos de acordo de acionistas, assegura à parte prejudicada o direito de votar com as ações pertencentes ao acionista ausente ou omisso e, no caso de membro do conselho de administração, pelo conselheiro eleito com os votos da parte prejudicada.

§ 10. Os acionistas vinculados a acordo de acionistas deverão indicar, no ato de arquivamento, representante para comunicar-se com a companhia, para prestar ou receber informações, quando solicitadas.

§ 11. A companhia poderá solicitar aos membros do acordo esclarecimento sobre suas cláusulas." (NR)

"Art. 122. Compete privativamente à assembléia-geral:

I - reformar o estatuto social;

II - eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da companhia, ressalvado o disposto no inciso II do art. 142;

III - tomar, anualmente, as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles apresentadas;

IV - autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o disposto no § 1o do art. 59;

V - suspender o exercício dos direitos do acionista (art. 120);

VI - deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a formação do capital social;

VII - autorizar a emissão de partes beneficiárias;

VIII - deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e

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IX - autorizar os administradores a confessar falência e pedir concordata.

Parágrafo único. Em caso de urgência, a confissão de falência ou o pedido de concordata poderá ser formulado pelos administradores, com a concordância do acionista controlador, se houver, convocando-se imediatamente a assembléia-geral, para manifestar-se sobre a matéria." (NR)

"Art. 124 .......................................................

§ 1o A primeira convocação da assembléia-geral deverá ser feita:

I - na companhia fechada, com 8 (oito) dias de antecedência, no mínimo, contado o prazo da publicação do primeiro anúncio; não se realizando a assembléia, será publicado novo anúncio, de segunda convocação, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias;

II - na companhia aberta, o prazo de antecedência da primeira convocação será de 15 (quinze) dias e o da segunda convocação de 8 (oito) dias.

.......................................................

§ 5o A Comissão de Valores Mobiliários poderá, a seu exclusivo critério, mediante decisão fundamentada de seu Colegiado, a pedido de qualquer acionista, e ouvida a companhia:

I - aumentar, para até 30 (trinta) dias, a contar da data em que os documentos relativos às matérias a serem deliberadas forem colocados à disposição dos acionistas, o prazo de antecedência de publicação do primeiro anúncio de convocação da assembléia-geral de companhia aberta, quando esta tiver por objeto operações que, por sua complexidade, exijam maior prazo para que possam ser conhecidas e analisadas pelos acionistas;

II - interromper, por até 15 (quinze) dias, o curso do prazo de antecedência da convocação de assembléia-geral extraordinária de companhia aberta, a fim de conhecer e analisar as propostas a serem submetidas à assembléia e, se for o caso, informar à companhia, até o término da interrupção, as razões pelas quais entende que a deliberação proposta à assembléia viola dispositivos legais ou regulamentares.

§ 6o As companhias abertas com ações admitidas à negociação em bolsa de valores deverão remeter, na data da publicação do anúncio de convocação da assembléia, à bolsa de valores em que suas ações forem mais negociadas, os documentos postos à disposição dos acionistas para deliberação na assembléia-geral." (NR)

"Art. 133. .......................................................

.......................................................

IV - o parecer do conselho fiscal, inclusive votos dissidentes, se houver; e

V - demais documentos pertinentes a assuntos incluídos na ordem do dia.

.......................................................

§ 3o Os documentos referidos neste artigo, à exceção dos constantes dos incisos IV e V, serão publicados até 5 (cinco) dias, pelo menos, antes da data marcada para a realização da assembléia-geral.

......................................................."(NR)

"Art. 135. .......................................................

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.......................................................

§ 3o Os documentos pertinentes à matéria a ser debatida na assembléia-geral extraordinária deverão ser postos à disposição dos acionistas, na sede da companhia, por ocasião da publicação do primeiro anúncio de convocação da assembléia-geral." (NR)

"Art. 136. .......................................................

I - criação de ações preferenciais ou aumento de classe de ações preferenciais existentes, sem guardar proporção com as demais classes de ações preferenciais, salvo se já previstos ou autorizados pelo estatuto;

.......................................................

§ 3o O disposto no § 2o deste artigo aplica-se também às assembléias especiais de acionistas preferenciais de que trata o § 1o.

......................................................."(NR)

"Art. 137. A aprovação das matérias previstas nos incisos I a VI e IX do art. 136 dá ao acionista dissidente o direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor das suas ações (art. 45), observadas as seguintes normas:

.......................................................

II - nos casos dos incisos IV e V do art. 136, não terá direito de retirada o titular de ação de espécie ou classe que tenha liquidez e dispersão no mercado, considerando-se haver:

a) liquidez, quando a espécie ou classe de ação, ou certificado que a represente, integre índice geral representativo de carteira de valores mobiliários admitido à negociação no mercado de valores mobiliários, no Brasil ou no exterior, definido pela Comissão de Valores Mobiliários; e

b) dispersão, quando o acionista controlador, a sociedade controladora ou outras sociedades sob seu controle detiverem menos da metade da espécie ou classe de ação;

III - no caso do inciso IX do art. 136, somente haverá direito de retirada se a cisão implicar:

a) mudança do objeto social, salvo quando o patrimônio cindido for vertido para sociedade cuja atividade preponderante coincida com a decorrente do objeto social da sociedade cindida;

b) redução do dividendo obrigatório; ou

c) participação em grupo de sociedades;

IV - o reembolso da ação deve ser reclamado à companhia no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da ata da assembléia-geral;

V - o prazo para o dissidente de deliberação de assembléia especial (art. 136, § 1o) será contado da publicação da respectiva ata;

VI - o pagamento do reembolso somente poderá ser exigido após a observância do disposto no § 3o e, se for o caso, da ratificação da deliberação pela assembléia-geral.

.......................................................

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§ 2o O direito de reembolso poderá ser exercido no prazo previsto nos incisos IV ou V do caput deste artigo, conforme o caso, ainda que o titular das ações tenha se abstido de votar contra a deliberação ou não tenha comparecido à assembléia.

§ 3o Nos 10 (dez) dias subseqüentes ao término do prazo de que tratam os incisos IV e V do caput deste artigo, conforme o caso, contado da publicação da ata da assembléia-geral ou da assembléia especial que ratificar a deliberação, é facultado aos órgãos da administração convocar a assembléia-geral para ratificar ou reconsiderar a deliberação, se entenderem que o pagamento do preço do reembolso das ações aos acionistas dissidentes que exerceram o direito de retirada porá em risco a estabilidade financeira da empresa.

......................................................." (NR)

"Art. 140. .......................................................

I - o número de conselheiros, ou o máximo e mínimo permitidos, e o processo de escolha e substituição do presidente do conselho pela assembléia ou pelo próprio conselho;

.......................................................

IV - as normas sobre convocação, instalação e funcionamento do conselho, que deliberará por maioria de votos, podendo o estatuto estabelecer quorum qualificado para certas deliberações, desde que especifique as matérias.

Parágrafo único. O estatuto poderá prever a participação no conselho de representantes dos empregados, escolhidos pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela empresa, em conjunto com as entidades sindicais que os representem." (NR)

"Art. 141. .......................................................

.......................................................

§ 4o Terão direito de eleger e destituir um membro e seu suplente do conselho de administração, em votação em separado na assembléia-geral, excluído o acionista controlador, a maioria dos titulares, respectivamente:

I - de ações de emissão de companhia aberta com direito a voto, que representem, pelo menos, 15% (quinze por cento) do total das ações com direito a voto; e

II - de ações preferenciais sem direito a voto ou com voto restrito de emissão de companhia aberta, que representem, no mínimo, 10% (dez por cento) do capital social, que não houverem exercido o direito previsto no estatuto, em conformidade com o art. 18.

§ 5o Verificando-se que nem os titulares de ações com direito a voto e nem os titulares de ações preferenciais sem direito a voto ou com voto restrito perfizeram, respectivamente, o quorum exigido nos incisos I e II do § 4o, ser-lhes-á facultado agregar suas ações para elegerem em conjunto um membro e seu suplente para o conselho de administração, observando-se, nessa hipótese, o quorum exigido pelo inciso II do § 4o.

§ 6o Somente poderão exercer o direito previsto no § 4o os acionistas que comprovarem a titularidade ininterrupta da participação acionária ali exigida durante o período de 3 (três) meses, no mínimo, imediatamente anterior à realização da assembléia-geral.

§ 7o Sempre que, cumulativamente, a eleição do conselho de administração se der pelo sistema do voto múltiplo e os titulares de ações ordinárias ou preferenciais exercerem a prerrogativa de eleger conselheiro, será assegurado a acionista ou grupo de acionistas vinculados por acordo de votos que detenham mais do que 50% (cinqüenta por cento) das ações com direito de voto o direito de eleger

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conselheiros em número igual ao dos eleitos pelos demais acionistas, mais um, independentemente do número de conselheiros que, segundo o estatuto, componha o órgão.

§ 8o A companhia deverá manter registro com a identificação dos acionistas que exercerem a prerrogativa a que se refere o § 4o.

§ 9o (VETADO)" (NR)

"Art. 142. Compete ao conselho de administração:

.......................................................

§ 1o Serão arquivadas no registro do comércio e publicadas as atas das reuniões do conselho de administração que contiverem deliberação destinada a produzir efeitos perante terceiros.

§ 2o A escolha e a destituição do auditor independente ficará sujeita a veto, devidamente fundamentado, dos conselheiros eleitos na forma do art. 141, § 4o, se houver." (NR)

"Art. 143. (VETADO)

......................................................."

"Art. 146. (VETADO)

§ 1o A ata da assembléia-geral ou da reunião do conselho de administração que eleger administradores deverá conter a qualificação e o prazo de gestão de cada um dos eleitos, devendo ser arquivada no registro do comércio e publicada.

§ 2o A posse do conselheiro residente ou domiciliado no exterior fica condicionada à constituição de representante residente no País, com poderes para receber citação em ações contra ele propostas com base na legislação societária, mediante procuração com prazo de validade que deverá estender-se por, no mínimo, 3 (três) anos após o término do prazo de gestão do conselheiro." (NR)

"Art. 147.......................................................

.......................................................

§ 3o O conselheiro deve ter reputação ilibada, não podendo ser eleito, salvo dispensa da assembléia-geral, aquele que:

I - ocupar cargos em sociedades que possam ser consideradas concorrentes no mercado, em especial, em conselhos consultivos, de administração ou fiscal; e

II - tiver interesse conflitante com a sociedade.

§ 4o A comprovação do cumprimento das condições previstas no § 3o será efetuada por meio de declaração firmada pelo conselheiro eleito nos termos definidos pela Comissão de Valores Mobiliários, com vistas ao disposto nos arts. 145 e 159, sob as penas da lei." (NR)

"Art. 149.......................................................

§ 1o Se o termo não for assinado nos 30 (trinta) dias seguintes à nomeação, esta tornar-se-á sem efeito, salvo justificação aceita pelo órgão da administração para o qual tiver sido eleito.

§ 2o O termo de posse deverá conter, sob pena de nulidade, a indicação de pelo menos um domicílio no qual o administrador receberá as citações e intimações em processos administrativos e judiciais

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relativos a atos de sua gestão, as quais reputar-se-ão cumpridas mediante entrega no domicílio indicado, o qual somente poderá ser alterado mediante comunicação por escrito à companhia." (NR)

"Art. 155. .......................................................

.......................................................

§ 4o É vedada a utilização de informação relevante ainda não divulgada, por qualquer pessoa que a ela tenha tido acesso, com a finalidade de auferir vantagem, para si ou para outrem, no mercado de valores mobiliários." (NR)

"Art. 157. .......................................................

.......................................................

§ 6o Os administradores da companhia aberta deverão informar imediatamente, nos termos e na forma determinados pela Comissão de Valores Mobiliários, a esta e às bolsas de valores ou entidades do mercado de balcão organizado nas quais os valores mobiliários de emissão da companhia estejam admitidos à negociação, as modificações em suas posições acionárias na companhia." (NR)

"Art. 161. .......................................................

.......................................................

§ 5o (VETADO)

§ 6o Os membros do conselho fiscal e seus suplentes exercerão seus cargos até a primeira assembléia-geral ordinária que se realizar após a sua eleição, e poderão ser reeleitos.

§ 7o A função de membro do conselho fiscal é indelegável." (NR)

"Art. 163. Compete ao conselho fiscal:

I - fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários;

.......................................................

IV - denunciar, por qualquer de seus membros, aos órgãos de administração e, se estes não tomarem as providências necessárias para a proteção dos interesses da companhia, à assembléia-geral, os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, e sugerir providências úteis à companhia;

.......................................................

§ 2o O conselho fiscal, a pedido de qualquer dos seus membros, solicitará aos órgãos de administração esclarecimentos ou informações, desde que relativas à sua função fiscalizadora, assim como a elaboração de demonstrações financeiras ou contábeis especiais.

......................................................."(NR)

"Art. 164.......................................................

Parágrafo único. Os pareceres e representações do conselho fiscal, ou de qualquer um de seus membros, poderão ser apresentados e lidos na assembléia-geral, independentemente de publicação e ainda que a matéria não conste da ordem do dia." (NR)

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"Art. 165. Os membros do conselho fiscal têm os mesmos deveres dos administradores de que tratam os arts. 153 a 156 e respondem pelos danos resultantes de omissão no cumprimento de seus deveres e de atos praticados com culpa ou dolo, ou com violação da lei ou do estatuto.

§ 1o Os membros do conselho fiscal deverão exercer suas funções no exclusivo interesse da companhia; considerar-se-á abusivo o exercício da função com o fim de causar dano à companhia, ou aos seus acionistas ou administradores, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia, seus acionistas ou administradores.

§ 2o O membro do conselho fiscal não é responsável pelos atos ilícitos de outros membros, salvo se com eles foi conivente, ou se concorrer para a prática do ato.

§ 3o A responsabilidade dos membros do conselho fiscal por omissão no cumprimento de seus deveres é solidária, mas dela se exime o membro dissidente que fizer consignar sua divergência em ata da reunião do órgão e a comunicar aos órgãos da administração e à assembléia-geral." (NR)

"Art. 172. O estatuto da companhia aberta que contiver autorização para o aumento do capital pode prever a emissão, sem direito de preferência para os antigos acionistas, ou com redução do prazo de que trata o § 4o do art. 171, de ações e debêntures conversíveis em ações, ou bônus de subscrição, cuja colocação seja feita mediante:

I - (VETADO)

II - permuta por ações, em oferta pública de aquisição de controle, nos termos dos arts. 257 e 263.

......................................................." (NR)

"Art. 196.......................................................

.......................................................

§ 2o O orçamento poderá ser aprovado pela assembléia-geral ordinária que deliberar sobre o balanço do exercício e revisado anualmente, quando tiver duração superior a um exercício social." (NR)

"Art. 197. No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, calculado nos termos do estatuto ou do art. 202, ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do exercício, a assembléia-geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar o excesso à constituição de reserva de lucros a realizar.

§ 1o Para os efeitos deste artigo, considera-se realizada a parcela do lucro líquido do exercício que exceder da soma dos seguintes valores:

I - o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial (art. 248); e

II - o lucro, ganho ou rendimento em operações cujo prazo de realização financeira ocorra após o término do exercício social seguinte.

§ 2o A reserva de lucros a realizar somente poderá ser utilizada para pagamento do dividendo obrigatório e, para efeito do inciso III do art. 202, serão considerados como integrantes da reserva os lucros a realizar de cada exercício que forem os primeiros a serem realizados em dinheiro." (NR)

"Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for omisso, a importância determinada de acordo com as seguintes normas:

I - metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos seguintes valores:

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a) importância destinada à constituição da reserva legal (art. 193); e

b) importância destinada à formação da reserva para contingências (art. 195) e reversão da mesma reserva formada em exercícios anteriores;

II - o pagamento do dividendo determinado nos termos do inciso I poderá ser limitado ao montante do lucro líquido do exercício que tiver sido realizado, desde que a diferença seja registrada como reserva de lucros a realizar (art. 197);

III - os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando realizados e se não tiverem sido absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão ser acrescidos ao primeiro dividendo declarado após a realização.

.......................................................

§ 2o Quando o estatuto for omisso e a assembléia-geral deliberar alterá-lo para introduzir norma sobre a matéria, o dividendo obrigatório não poderá ser inferior a 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido ajustado nos termos do inciso I deste artigo.

§ 3o A assembléia-geral pode, desde que não haja oposição de qualquer acionista presente, deliberar a distribuição de dividendo inferior ao obrigatório, nos termos deste artigo, ou a retenção de todo o lucro líquido, nas seguintes sociedades:

I - companhias abertas exclusivamente para a captação de recursos por debêntures não conversíveis em ações;

II - companhias fechadas, exceto nas controladas por companhias abertas que não se enquadrem na condição prevista no inciso I.

.......................................................

§ 6o Os lucros não destinados nos termos dos arts. 193 a 197 deverão ser distribuídos como dividendos." (NR)

"Art. 264. Na incorporação, pela controladora, de companhia controlada, a justificação, apresentada à assembléia-geral da controlada, deverá conter, além das informações previstas nos arts. 224 e 225, o cálculo das relações de substituição das ações dos acionistas não controladores da controlada com base no valor do patrimônio líquido das ações da controladora e da controlada, avaliados os dois patrimônios segundo os mesmos critérios e na mesma data, a preços de mercado, ou com base em outro critério aceito pela Comissão de Valores Mobiliários, no caso de companhias abertas.

§ 1o A avaliação dos dois patrimônios será feita por 3 (três) peritos ou empresa especializada e, no caso de companhias abertas, por empresa especializada.

§ 2o Para efeito da comparação referida neste artigo, as ações do capital da controlada de propriedade da controladora serão avaliadas, no patrimônio desta, em conformidade com o disposto no caput.

§ 3o Se as relações de substituição das ações dos acionistas não controladores, previstas no protocolo da incorporação, forem menos vantajosas que as resultantes da comparação prevista neste artigo, os acionistas dissidentes da deliberação da assembléia-geral da controlada que aprovar a operação, poderão optar, no prazo previsto no art. 230, entre o valor de reembolso fixado nos termos do art. 45 e o valor apurado em conformidade com o disposto no caput, observado o disposto no art. 137, inciso II.

§ 4o Aplicam-se as normas previstas neste artigo à incorporação de controladora por sua controlada, à fusão de companhia controladora com a controlada, à incorporação de ações de companhia

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controlada ou controladora, à incorporação, fusão e incorporação de ações de sociedades sob controle comum.

......................................................." (NR)

"Art. 287. Prescreve:

.......................................................

II - .......................................................

.......................................................

g) a ação movida pelo acionista contra a companhia, qualquer que seja o seu fundamento." (NR)

"Art. 289.......................................................

.......................................................

§ 7o Sem prejuízo do disposto no caput deste artigo, as companhias abertas poderão, ainda, disponibilizar as referidas publicações pela rede mundial de computadores." (NR)

"Art. 291. A Comissão de Valores Mobiliários poderá reduzir, mediante fixação de escala em função do valor do capital social, a porcentagem mínima aplicável às companhias abertas, estabelecida no art. 105; na alínea c do parágrafo único do art. 123; no caput do art. 141; no § 1o do art. 157; no § 4o do art. 159; no § 2o do art. 161; no § 6o do art. 163; na alínea a do § 1o do art. 246; e no art. 277.

......................................................." (NR)

"Art. 294. A companhia fechada que tiver menos de vinte acionistas, com patrimônio líquido inferior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), poderá:

......................................................." (NR)

Art. 3o A Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 4o-A, 116-A, 165-A e 254-A:

"Art. 4o-A. Na companhia aberta, os titulares de, no mínimo, 10% (dez por cento) das ações em circulação no mercado poderão requerer aos administradores da companhia que convoquem assembléia especial dos acionistas titulares de ações em circulação no mercado, para deliberar sobre a realização de nova avaliação pelo mesmo ou por outro critério, para efeito de determinação do valor de avaliação da companhia, referido no § 4o do art. 4o.

§ 1o O requerimento deverá ser apresentado no prazo de 15 (quinze) dias da divulgação do valor da oferta pública, devidamente fundamentado e acompanhado de elementos de convicção que demonstrem a falha ou imprecisão no emprego da metodologia de cálculo ou no critério de avaliação adotado, podendo os acionistas referidos no caput convocar a assembléia quando os administradores não atenderem, no prazo de 8 (oito) dias, ao pedido de convocação.

§ 2o Consideram-se ações em circulação no mercado todas as ações do capital da companhia aberta menos as de propriedade do acionista controlador, de diretores, de conselheiros de administração e as em tesouraria.

§ 3o Os acionistas que requererem a realização de nova avaliação e aqueles que votarem a seu favor deverão ressarcir a companhia pelos custos incorridos, caso o novo valor seja inferior ou igual ao valor inicial da oferta pública.

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§ 4o Caberá à Comissão de Valores Mobiliários disciplinar o disposto no art. 4o e neste artigo, e fixar prazos para a eficácia desta revisão."

"Art. 116-A. O acionista controlador da companhia aberta e os acionistas, ou grupo de acionistas, que elegerem membro do conselho de administração ou membro do conselho fiscal, deverão informar imediatamente as modificações em sua posição acionária na companhia à Comissão de Valores Mobiliários e às Bolsas de Valores ou entidades do mercado de balcão organizado nas quais os valores mobiliários de emissão da companhia estejam admitidos à negociação, nas condições e na forma determinadas pela Comissão de Valores Mobiliários."

"Art. 165-A. Os membros do conselho fiscal da companhia aberta deverão informar imediatamente as modificações em suas posições acionárias na companhia à Comissão de Valores Mobiliários e às Bolsas de Valores ou entidades do mercado de balcão organizado nas quais os valores mobiliários de emissão da companhia estejam admitidos à negociação, nas condições e na forma determinadas pela Comissão de Valores Mobiliários."

"Art. 254-A. A alienação, direta ou indireta, do controle de companhia aberta somente poderá ser contratada sob a condição, suspensiva ou resolutiva, de que o adquirente se obrigue a fazer oferta pública de aquisição das ações com direito a voto de propriedade dos demais acionistas da companhia, de modo a lhes assegurar o preço no mínimo igual a 80% (oitenta por cento) do valor pago por ação com direito a voto, integrante do bloco de controle.

§ 1o Entende-se como alienação de controle a transferência, de forma direta ou indireta, de ações integrantes do bloco de controle, de ações vinculadas a acordos de acionistas e de valores mobiliários conversíveis em ações com direito a voto, cessão de direitos de subscrição de ações e de outros títulos ou direitos relativos a valores mobiliários conversíveis em ações que venham a resultar na alienação de controle acionário da sociedade.

§ 2o A Comissão de Valores Mobiliários autorizará a alienação de controle de que trata o caput, desde que verificado que as condições da oferta pública atendem aos requisitos legais.

§ 3o Compete à Comissão de Valores Mobiliários estabelecer normas a serem observadas na oferta pública de que trata o caput.

§ 4o O adquirente do controle acionário de companhia aberta poderá oferecer aos acionistas minoritários a opção de permanecer na companhia, mediante o pagamento de um prêmio equivalente à diferença entre o valor de mercado das ações e o valor pago por ação integrante do bloco de controle.

§ 5o (VETADO)"

Art. 4o Os arts. 1o, 2o, 4o, 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10, 11, 14, 15, 16, 17, 18, 22, 24, 26 e 28 da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, passam a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 1o Serão disciplinadas e fiscalizadas de acordo com esta Lei as seguintes atividades:

I - a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado;

II - a negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários;

III - a negociação e intermediação no mercado de derivativos;

IV - a organização, o funcionamento e as operações das Bolsas de Valores;

V - a organização, o funcionamento e as operações das Bolsas de Mercadorias e Futuros;

VI - a administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários;

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VII - a auditoria das companhias abertas;

VIII - os serviços de consultor e analista de valores mobiliários." (NR)

"Art. 2o São valores mobiliários sujeitos ao regime desta Lei:

I - as ações, debêntures e bônus de subscrição;

II - os cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de desdobramento relativos aos valores mobiliários referidos no inciso II;

III - os certificados de depósito de valores mobiliários;

IV - as cédulas de debêntures;

V - as cotas de fundos de investimento em valores mobiliários ou de clubes de investimento em quaisquer ativos;

VI - as notas comerciais;

VII - os contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos ativos subjacentes sejam valores mobiliários;

VIII - outros contratos derivativos, independentemente dos ativos subjacentes; e

IX - quando ofertados publicamente, quaisquer outros títulos ou contratos de investimento coletivo, que gerem direito de participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros.

§ 1o Excluem-se do regime desta Lei:

I - os títulos da dívida pública federal, estadual ou municipal;

II - os títulos cambiais de responsabilidade de instituição financeira, exceto as debêntures.

§ 2o Os emissores dos valores mobiliários referidos neste artigo, bem como seus administradores e controladores, sujeitam-se à disciplina prevista nesta Lei, para as companhias abertas.

§ 3o Compete à Comissão de Valores Mobiliários expedir normas para a execução do disposto neste artigo, podendo:

I - exigir que os emissores se constituam sob a forma de sociedade anônima;

II - exigir que as demonstrações financeiras dos emissores, ou que as informações sobre o empreendimento ou projeto, sejam auditadas por auditor independente nela registrado;

III - dispensar, na distribuição pública dos valores mobiliários referidos neste artigo, a participação de sociedade integrante do sistema previsto no art. 15 desta Lei;

IV - estabelecer padrões de cláusulas e condições que devam ser adotadas nos títulos ou contratos de investimento, destinados à negociação em bolsa ou balcão, organizado ou não, e recusar a admissão ao mercado da emissão que não satisfaça a esses padrões." (NR)

"Art. 4o .......................................................

.......................................................

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IV - .......................................................

.......................................................

c) o uso de informação relevante não divulgada no mercado de valores mobiliários.

......................................................." (NR)

Art. 5o (VETADO)

Art. 6o (VETADO)

"Art. 7o A Comissão custeará as despesas necessárias ao seu funcionamento com os recursos provenientes de:

.......................................................

V - receitas de taxas decorrentes do exercício de seu poder de polícia, nos termos da lei." (NR)

"Art. 8o Compete à Comissão de Valores Mobiliários:

.......................................................

§ 1o (VETADO)

§ 2o (VETADO)

......................................................." (NR)

"Art. 9o (VETADO)

I - (VETADO)

.......................................................

b) das companhias abertas e demais emissoras de valores mobiliários e, quando houver suspeita fundada de atos ilegais, das respectivas sociedades controladoras, controladas, coligadas e sociedades sob controle comum;

.......................................................

g) (VETADO)

II - intimar as pessoas referidas no inciso I a prestar informações, ou esclarecimentos, sob cominação de multa, sem prejuízo da aplicação das penalidades previstas no art. 11;

.......................................................

V - apurar, mediante processo administrativo, atos ilegais e práticas não eqüitativas de administradores, membros do conselho fiscal e acionistas de companhias abertas, dos intermediários e dos demais participantes do mercado;

.......................................................

§ 1o (VETADO)

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.......................................................

§ 2o (VETADO)

§ 3o (VETADO)

§ 4o (VETADO)

§ 5o (VETADO)

§ 6o (VETADO)"(NR)

"Art. 10. A Comissão de Valores Mobiliários poderá celebrar convênios com órgãos similares de outros países, ou com entidades internacionais, para assistência e cooperação na condução de investigações para apurar transgressões às normas atinentes ao mercado de valores mobiliários ocorridas no País e no exterior.

§ 1o A Comissão de Valores Mobiliários poderá se recusar a prestar a assistência referida no caput deste artigo quando houver interesse público a ser resguardado.

§ 2o O disposto neste artigo aplica-se, inclusive, às informações que, por disposição legal, estejam submetidas a sigilo." (NR)

"Art. 11. .......................................................

.......................................................

§ 4o (VETADO)

§ 5o (VETADO)

.......................................................

§ 7o O termo de compromisso deverá ser publicado no Diário Oficial da União, discriminando o prazo para cumprimento das obrigações eventualmente assumidas, e constituirá título executivo extrajudicial.

.......................................................

§ 10. (VETADO)

§ 11. (VETADO)

........................................................" (NR)

"Art. 14. A Comissão de Valores Mobiliários poderá prever, em seu orçamento, dotações de verbas às Bolsas de Valores e às Bolsas de Mercadorias e Futuros." (NR)

"Art. 15. .......................................................

.......................................................

VI - as corretoras de mercadorias, os operadores especiais e as Bolsas de Mercadorias e Futuros; e

VII - as entidades de compensação e liquidação de operações com valores mobiliários.

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§ 1o (VETADO)

......................................................." (NR)

"Art. 16. Depende de prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliários o exercício das seguintes atividades:

.......................................................

III - (VETADO)

IV - (VETADO)

......................................................." (NR)

"Art. 17. As Bolsas de Valores, as Bolsas de Mercadorias e Futuros, as entidades do mercado de balcão organizado e as entidades de compensação e liquidação de operações com valores mobiliários terão autonomia administrativa, financeira e patrimonial, operando sob a supervisão da Comissão de Valores Mobiliários.

§ 1o Às Bolsas de Valores, às Bolsas de Mercadorias e Futuros, às entidades do mercado de balcão organizado e às entidades de compensação e liquidação de operações com valores mobiliários incumbe, como órgãos auxiliares da Comissão de Valores Mobiliários, fiscalizar os respectivos membros e as operações com valores mobiliários nelas realizadas.

§ 2o (VETADO)" (NR)

Art. 18. (VETADO)

I - (VETADO)

a) (VETADO)

b) (VETADO)

c) (VETADO)

d) (VETADO)

.......................................................

f) (VETADO)

.......................................................

h) (VETADO)

........................................................"

"Art. 22.......................................................

§ 1o (VETADO)

§ 2o (VETADO)"

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"Art. 24. (VETADO)

......................................................."

"Art. 26. .......................................................

.......................................................

§ 5o (VETADO)"

"Art. 28. O Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários, a Secretaria de Previdência Complementar, a Secretaria da Receita Federal e Superintendência de Seguros Privados manterão um sistema de intercâmbio de informações, relativas à fiscalização que exerçam, nas áreas de suas respectivas competências, no mercado de valores mobiliários.

Parágrafo único. O dever de guardar sigilo de informações obtidas através do exercício do poder de fiscalização pelas entidades referidas no caput não poderá ser invocado como impedimento para o intercâmbio de que trata este artigo." (NR)

Art. 5o A Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, passa a vigorar acrescida dos arts. 17-A, 21-A, e dos Capítulos VII-A e VII-B, com os arts. 27-A e 27-B, e 27-C a 27-F, respectivamente:

Art. 17-A. (VETADO)

Art. 21-A. (VETADO)

"CAPÍTULO VII-A

DO COMITÊ DE PADRÕES CONTÁBEIS

Art. 27-A. (VETADO)

Art. 27-B. (VETADO)

CAPÍTULO VII-B

DOS CRIMES CONTRA O MERCADO DE CAPITAIS

Manipulação do Mercado

Art. 27-C. Realizar operações simuladas ou executar outras manobras fraudulentas, com a finalidade de alterar artificialmente o regular funcionamento dos mercados de valores mobiliários em bolsa de valores, de mercadorias e de futuros, no mercado de balcão ou no mercado de balcão organizado, com o fim de obter vantagem indevida ou lucro, para si ou para outrem, ou causar dano a terceiros:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime.

Uso Indevido de Informação Privilegiada

Art. 27-D. Utilizar informação relevante ainda não divulgada ao mercado, de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiro, com valores mobiliários:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime.

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Exercício Irregular de Cargo, Profissão, Atividade ou Função

Art. 27-E. Atuar, ainda que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários, como instituição integrante do sistema de distribuição, administrador de carteira coletiva ou individual, agente autônomo de investimento, auditor independente, analista de valores mobiliários, agente fiduciário ou exercer qualquer cargo, profissão, atividade ou função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado junto à autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou regulamento:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Art. 27-F. As multas cominadas para os crimes previstos nos arts. 27-C e 27-D deverão ser aplicadas em razão do dano provocado ou da vantagem ilícita auferida pelo agente.

Parágrafo único. Nos casos de reincidência, a multa pode ser de até o triplo dos valores fixados neste artigo."

Art. 6o As companhias existentes deverão proceder à adaptação do seu estatuto aos preceitos desta Lei no prazo de 1 (um) ano, a contar da data em que esta entrar em vigor, devendo, para este fim, ser convocada assembléia-geral dos acionistas. Art. 7o O disposto no art. 254-A da Lei no 6.404, de 1976, não se aplica às companhias em processo de desestatização que, até a data da promulgação desta Lei, tenham publicado um edital. Art. 8o A alteração de direitos conferidos às ações existentes em decorrência de adequação a esta Lei não confere o direito de recesso de que trata o art. 137 da Lei no 6.404, de 1976, se efetivada até o término do ano de 2002. § 1o A proporção prevista no § 2o do art. 15 da Lei no 6.404, de 1976, será aplicada de acordo com o seguinte critério: I - imediatamente às companhias novas; II - às companhias fechadas existentes, no momento em que decidirem abrir o seu capital; e III - as companhias abertas existentes poderão manter proporção de até dois terços de ações preferenciais, em relação ao total de ações emitidas, inclusive em relação a novas emissões de ações. § 2o Nas emissões de ações ordinárias por companhias abertas que optarem por se adaptar ao disposto no art. 15, § 2o, da Lei no 6.404, de 1976, com a redação que lhe é conferida por esta Lei, poderá não ser estendido aos acionistas titulares de ações preferenciais, a critério da companhia, o direito de preferência a que se refere o art. 171, § 1o, alínea b, da Lei no 6.404, de 1976. Uma vez reduzido o percentual de participação em ações preferenciais, não mais será lícito à companhia elevá-lo além do limite atingido. § 3o As companhias abertas somente poderão emitir novas ações preferenciais com observância do disposto no art. 17, § 1o, da Lei no 6.404, de 1976, com a redação dada por esta Lei, devendo os respectivos estatutos ser adaptados ao referido dispositivo legal no prazo de 1 (um) ano, após a data de entrada em vigor desta Lei. § 4o Até a assembléia-geral ordinária que se reunir para aprovar as demonstrações financeiras do exercício de 2004, inclusive, o conselheiro eleito na forma do § 4o, inciso II, ou do § 5o do art. 141, da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, será escolhido em lista tríplice elaborada pelo acionista controlador; e, a partir da assembléia-geral ordinária de 2006, o referido conselheiro será eleito nos termos desta Lei, independentemente do mandato do conselheiro a ser substituído. Art. 9o Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e vinte) dias de sua publicação oficial, aplicando-se, todavia, a partir da data de publicação, às companhias que se constituírem a partir dessa data. Art. 10. São revogados o art. 242, da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e os arts. 29 e 30, da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Brasília, 31 de outubro de 2001; 180o da Independência e 113o da República. MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA MACIEL José Gregori Pedro Malan Benjamin Benzaquem Sicsú