as crônicas da ruiz - livro 1 - capítulo 6

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A história é de uma garota chamada Nayara Ruiz, seus pais desapareceram e junto com seus amigos, ela vai atrás deles. É claro que ela não sabe por onde começar, mas após uma misteriosa caixa chegar a porta da sua casa e praticamente lhe convocar para uma “brincadeira” de detetive, ela percebe que o desaparecimento dos seus pais é algo sério.

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Page 1: As Crônicas da Ruiz - Livro 1 - Capítulo 6

Escrito por Edmilson Martins Neto

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Capítulo Seis

Onde Uma Tragédia Acontece

O trio de amigos se via, enfim, livre do supermercado,

mas não dos seus perseguidores. Se esgueiraram por detrás

de um van e sentaram juntos, ouvindo um sexteto de

seguranças do outro lado do automóvel, que conversavam

animadamente sobre futebol. Até que o celular de um deles

tocou e o mesmo respondeu:

- Eles fugiram? Sim, sim! Estamos com seis carros

totalmente pretos prontos, enviados especialmente por

“ele”! Claro, os perseguiremos caso apareçam por aqui! Sim,

sim, senhor Breno, não feriremos a Ruiz, já sabemos que

“ele” a quer em perfeito estado.

- Temos que fugir daqui imediatamente. – segredou

Neto às meninas.

- As estrelas estão tão bonitas. – comentou Naná

olhando o céu. – Aquelas ali não são as Três Marias?

- É o Cinturão de Orion, o centro da Constelação de

Orion. – lembrou Nayara.

- Nossa! É incrível! Eu só as conhecia pelo nome de Três

Marias! – confessou Natália.

- É... Elas são realmente bonitas.

- Podemos nos concentrar em fugir daqui para depois

admirarmos as estrelas? – pediu Neto.

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- Você tem razão. – a Ruiz voltou a atenção para o

menino. – Mas se fugirmos daqui a pé, eles vão nos ver e

irão atrás de nós. Não temos chances contra carros.

- A não ser que fugíssemos de carro também. –

salientou Naná.

- Mas é claro! – os olhos de Neto brilharam com uma

surpreendente ideia. – Cadê seu celular, Nay?

- Aqui! – ela o entregou celular.

Neto discou rapidamente o número da casa da Ruiz e a

voz de um garotinho soou:

- Comandante Ryan na linha, qual o problema,

soldado?

- Alô, Ryan, é o Neto, pode passar para Júlia?

- A servente Júlia está muito ocupada, agora ela irá...

- SERVENTE UMA OVA! – depois do berro da menina,

só se ouviu um baque e a voz distante de Ryan chamando-a

de:

- Como ousa bater no seu comandante, mulher?! Vá já

lavar o banheiro!

Outro baque do outro lado da linha.

- Está bom, eu vou lavar o banheiro... – a voz chorosa

de Ryan foi sumindo.

- Júlia, você não devia bater nele. – repreendeu Neto.

- Para você é Imperatriz Júlia, algum problema? Como

está minha mãe?

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- Sua mãe está na sua casa, a Nayara está do meu lado.

- Blábláblá. – resmungou Júlia. – O que você quer,

afinal? Estou vendo filme!

E ao perceber que Júlia soluçava, o rapaz perguntou:

- Que filme você está vendo?

- Um Amor Para Recordar.

- DE NOVO?!

- ALGUM PROBLEMA?! É UM FILME MUITO

TOCANTE!

- Me dá isso! – Nayara puxou o celular de Neto. –

Júlia!

- MÃE!

- Presta atenção, minha filha. Precisamos de ajuda,

estamos em apuros! Chame a polícia!

- Ah, mãe, não se preocupe, eu mandei alguém muito

melhor que a polícia atrás de vocês.

- Mas... Mas... Como você sabia que estávamos em

apuros?

- Mãe... – cochichou Júlia. – O Neto já não namora faz

cinco anos e um menino carente é um menino tarado. Eu

não podia deixar ele perto de você sem proteção.

- O que ela disse? – perguntou Neto.

- Ela disse que... que... que você é um fofo. – Nay riu

sem graça.

- HÃ?!

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- Mas quem vai ajudar a gente? – indagou Naná.

- Boa pergunta! – admitiu Nayara, voltando para sua

“filha”: - Pediu ajuda para quem?

- Para “ela”.

- “Ela”?

- Sim! E não só “ela”, o Bernadinho também vai junto

“dela”.

- A Eclair e Ester estão aí? – perguntou Nayara, curiosa.

- Não puderam vir, tiveram que ficar fazendo um

trabalho da escola. – responde Júlia. – Mas o Bernardinho

está indo.

- Como o Bernardinho vai ajudar?!

- Ele escovou os dentes com Colgate.

- HÃ?! – foi a vez de Nayara ficar completamente

besta.

- Tenho que desligar, mãe! O Ryan alagou o banheiro!

E não se preocupe, “ela” e o Bernardinho estão a caminho!

– Júlia desligou o celular.

- E então? – perguntou Natália.

- A ajuda está vindo. – disse Nayara, suspirando.

Um carro-forte completamente negro se chocou contra

a van que os três amigos estavam escorados e eles se

levantaram, atônitos, enquanto viam a van atropelando os

outros veículos dos capangas de Breno.

- A ajuda chegou. – Nayara se corrigiu.

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Antes que os brutamontes se recuperassem do espanto

e sacassem suas armas, a porta do lado do carro-forte se

abriu e de lá apareceu Bernardinho, com seu típico sorriso

radiante, dizendo com prontidão:

- Entrem rápido!

E sem titubear, o trio de amigos adentrou a o carro-

forte. Bernadinho fechou a porta e o carro deu marcha ré e

depois acelerou o mais rápido que podia.

- Graças a Deus estamos salvos! – agradeceu Naná,

aliviada.

- Obrigado por vim, Bernardo. – disse Neto.

- Sem problema. Ajudar é meu lema.

- Era pra rimar? – perguntou Naná.

- Não, foi coincidência.

- Ah... Que pena...

- Estamos a salvo, isso que importa! – lembrou Nayara.

Um tiroteio se fez ouvir atrás do carro-forte, causando

zunidos ensurdecedores lá dentro.

Nayara suspirou e logo se corrigiu novamente:

- Estávamos a salvo...

- Os carros deles são mais rápidos, estão se

aproximando muito rápido! – gritou Natália, vendo os

carros pelo vidro a prova de balas atrás do carro-forte.

O carro-forte dobrou com tudo para direita, fazendo

os quatro amigos dentro dele rolar na direção contrária e

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quando mal se recuperaram, o carro dobrou para esquerda

e eles se espatifaram quanto a parede contrária.

- Quem é que está dirigindo isso?! – gritou Nayara,

esfregando a cabeça.

Todos – exceto Bernardinho - fitaram o banco do

motorista e só agora notavam que ele estava vazio e que o

volante girava sozinho. Vendo isso, não puderam conter o

pânico e gritaram em uníssono:

- AHHHHHHHHHHHHH!

- Calma! “Ela” está dirigindo! – alertou Bernardinho.

Um monitor LCD desceu do teto do carro-forte e

piscou umas duas vezes até mostrar a imagem de uma jovem

de cabelos negros e curtos:

- Não há o que temer, pois estou para vos proteger!

- Era para rimar? – indagou Naná novamente.

- Era! – confirmou a moça na tela. – Rimou?

- Rimou! Você é boa! – assentiu Naná solenemente.

- ADA! – gritaram Neto e Nayara juntos.

- Senhorita Quadros para os não-íntimos. – ela sorriu.

- Como você está dirigindo essa coisa? - perguntou

Nayara.

- Na verdade foi eu que projetei esse carro, ainda não

está completo, falta adicionar umas armas, alguns explosivos

e “certo detalhe”. Porém, ele já anda.

- Inacreditável! – disse Neto, fascinado.

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- Mas... Como? – perguntou Nayara, ainda incrédula.

- Sou hacker das boas e tenho muito noção de

mecânica. – assentiu Ada no mesmo tempo que choro soou

aonde estava e ela berrou. – Weslley, dá comida para o

Gabriel, estou ocupada. Bem... Desculpem, voltando ao

assunto. Sou uma hacker muito boa e uma mecânica melhor

ainda, só não sou a Número Um por alguns “certos

detalhes” nas minhas invenções.

- E quais “certos detalhes” seriam esses? – questionou

Neto.

Todavia, antes que a Ada pudesse responder, as balas

voltaram a se chocar contra traseira do carro-forte. Parando

de dez em dez segundos, o que devia ser o tempo para eles

recarregarem suas pistolas.

- Precisamos nos livrar deles urgentemente! – disse

Naná. – Eles não parar de nos perseguir!

- Deixem comigo! – falou Bernardinho, abrindo a porta

lateral do carro-forte com uma postura heroica.

- Não, Bernardo! – Neto gritou, tentando o impedir,

mas Nayara segurou a mão do menino de óculos e lhe disse:

- Ele usou Colgate.

- HÃ?!

Nayara apontou para Bernardinho. O menino esperou

os tiros cessarem e enquanto seus perseguidores

recarregavam, colocou a cabeça para fora do carro e sorriu.

Sorriu amostrando os dentes, escovados recentemente com

Colgate e que brilhavam, brilhavam tão forte que a brancura

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dos seus dentes cegou os motoristas que os perseguiam,

fazendo seus carros derraparem. Teve até um carro que

capotou e os outros bateram um no outro.

Bernardinho voltou para dentro do carro-forte e

fechou a porta, sorrindo timidamente para seus amigos.

- Nossa! – disse Naná com os arregalados. – Então isso

é o que chamam de Sorriso Colgate?

- Poderoso. – disse Nayara.

- De fato. – concordou Neto.

- Deveras. – assentiu Ada.

- Obrigado. – Bernardinho riu, constrangido.

- Então, agora que nos livramos dos meliantes, para

onde querem ir? – indagou Ada.

E de repente – e não foi surpresa para Neto, Nayara e

Natália, que já estavam com azar desde cedo mesmo -, dois

carros dos seus perseguidores voltaram acelerando com toda

velocidade, voltando a atirar.

- PISA FUNDO, ADA! – gritou Neto.

- Bem... Eu estou controlando o carro pelo teclado. –

lembrou ela.

- Então... – ele se corrigiu: - APERTAR FUNDO, ADA!

E assim a hacker fez e o carro-forte correu o mais

rápido que pode, mas mesmo assim não foi o suficiente, os

carros perseguidores de aproximavam, o pânico estampado

nos rostos de todos, pois logo chegariam em uma rua cheia

de quebra-molas. Os carros menores e mais leves dos

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perseguidores com certeza passaria mais rápido por elas,

dando a possibilidade deles cercarem o carro-forte.

E embora esse realmente fosse o plano daqueles

capangas de Breno, ele não pode ser concluído, pois o

carro-forte freou do nada, jogando todos que estavam

dentro dele para frente, só não atravessaram o vidro, pois

ele era muito duro, a prova de balas. E quando eles iam

começar a gemer de dor, outro baque.

Os carros dos capangas não conseguiram frear a tempo

e se chocaram contra a traseira do carro-forte. E o choque

foi tão forte, que os meliantes dentro deles desmaiaram.

- AHHHH! – todos gemeram, agoniados dentro do

carro-forte. Todos, exceto Neto, que gritou:

- O QUE FOI ISSO, ADA?!

- Esse foi o “certo detalhe” que mencionei! – ela sorriu,

inocente. – O carro-forte freia sozinho a cada meia hora.

- Como você não consertou um detalhe como esse?!

- Ei! Eu tenho marido e filho! Já tentou criar alguma

coisa enquanto seu marido pede atenção e seu filho chora

por comida? Não é fácil, não!

- Podia ter pelo menos avisado antes.

- Eles desmaiaram, os caras desmaiaram! – gritou

Bernardinho animado, vendo os perseguidores pela janela.

- Vamos voltar para casa da Nay agora. – disse Neto.

- Sim, mas antes... Ada, pode me fazer um favor?

- Claro, estou aqui para ajudar, não?

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- Pode descobrir quem é o dono desses carros pelas

placas deles? Porque se você descobrir quem é, eu saberei

quem está com meus pais e aonde encontrá-lo.

- Eu sabia que você iria pedir isso. – afirmou Ada,

teclando com uma velocidade sobre humano. – Já copiei os

números das placas pelas câmeras externas do carro-forte e

já estou pesquisando nos dados do DETRAN.

- Obrigado, Ada. – disse Nayara, esperançosa, queria

saber quem era o culpado e queria ir atrás dos seus pais.

E enquanto Ada trabalhava, todos conseguiram pelo

menos parar de arfar, mas relaxar, não, pois quando o

celular de Nayara tocou, todos gelaram. Não porque o

celular dela tocou, mas por causa da expressão dela, eles

sabiam que algo estava errado, Nayara sabia que algo estava

errado, sua intuição feminina dizia isso, a fuga foi muito

fácil. E sua intuição feminina estava mais uma vez certa,

contudo dessa vez, estava terrivelmente certa, pois quando

ela atendeu o celular, eis o que ouviu:

- NAYARA, VOLTA LOGO! POR FAVOR, VEM LOGO

PARA CÁ! – Júlia berrava aos prantos do outro lado da

linha. – RÁPIDO, EU TE IMPLORO!

- Júlia, calma. O que foi que...?

- LEVARAM ELE! LEVARAM O RYAN! – Júlia começou

a soluçar feito uma criança. – Eram uns brutamontes em uns

carros pretos e batidos. Entraram na casa quebrando tudo,

eu travei de medo, não consegui defender o Ryan... Me

perdoa, Nayara... Me perdoa!

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Nayara deixou cair o celular e ninguém ousou

perguntar nada, pois suas lágrimas já falavam tudo.

OOOOOOO