as consequÊncias do crime de pesca predatÓria em uma reserva extrativista marinha

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1 UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO CURSO DE DIREITO AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA Virgínia Azevedo Carvalho Silva Jardim 2005

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Esta pesquisa monográfica destina-se ao estudo do crime de pesca predatória em uma Reserva Extrativista Marinha e das conseqüências que esse ilícito pode causar nessa Unidade de Conservação de Uso Sustentável e para o mundo jurídico. Foi utilizada como campo de estudo a Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo/RJ – RESEX/MAR AC – que foi a primeira Reserva Extrativista Marinha do Brasil. Para tanto, fez-se necessário tecer considerações acerca do Direito do Mar no âmbito do Direito Internacional do Meio Ambiente e expor alguns conceitos relacionados ao mar territorial, à pesca, às Reservas Extrativistas (no tocante a sua criação e finalidades). Nesse estudo, também foi abordada, de uma forma genérica, a questão da preservação do meio ambiente, seja do trabalho como o da biodiversidade e outras questões igualmente relevantes à problemática acerca da pesca predatória.

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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO

CURSO DE DIREITO

AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA

EXTRATIVISTA MARINHA

Virgínia Azevedo Carvalho

Silva Jardim

2005

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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO

CURSO DE DIREITO

AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA

EXTRATIVISTA MARINHA

Virgínia Azevedo Carvalho

Monografia apresentada como

exigência final do Curso de Direito da

Universidade do Grande Rio.

Banca examinadora:

Orientadora: Profª. Sandra Bastos

Membro Interno: César Gomes de Sá

Membro Interno: Juarez da Silva Resende

Silva Jardim

Page 3: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

3

Dedico este trabalho monográfico às minhas

avós, aos meus pais, aos meus irmãos, a todos os meus

amigos e colegas do IBAMA – RESEX MAR/AC, aos

amigos faculdade e de Arraial do Cabo;

A professora Sandra Bastos, pela atenção

dispensada, e principalmente, por ter aceitado o encargo

de orientar-me nesta pesquisa.

A Deus, que nos agracia com o dom da vida, que

nos permite gozar a existência a cada novo dia, e que se

faz presente dentro de nós a todo instante, nos guiando

no caminho do conhecimento, da paz e da evolução

enquanto seres humanos.

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4

.

RESUMO

Esta pesquisa monográfica destina-se ao estudo do crime de pesca predatória em uma Reserva Extrativista Marinha e das conseqüências que esse ilícito pode causar nessa Unidade de Conservação de Uso Sustentável e para o mundo jurídico. Foi utilizada como campo de estudo a Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo/RJ – RESEX/MAR AC – que foi a primeira Reserva Extrativista Marinha do Brasil. Para tanto, fez-se necessário tecer considerações acerca do Direito do Mar no âmbito do Direito Internacional do Meio Ambiente e expor alguns conceitos relacionados ao mar territorial, à pesca, às Reservas Extrativistas (no tocante a sua criação e finalidades). Nesse estudo, também foi abordada, de uma forma genérica, a questão da preservação do meio ambiente, seja do trabalho como o da biodiversidade e outras questões igualmente relevantes à problemática acerca da pesca predatória.

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SUMÁRIO

RESUMO 4

I – INTRODUÇÃO 7

II – DO MEIO AMBIENTE E DOS PRINCÍPIOS APLICADOS À PESCA

PREDATÓRIA 9

2.1 – MEIO AMBIENTE 9

2.2 – PRINCÍPIOS 10

2.2.1 – Princípio da sadia qualidade de vida 10

2.2.2 – Princípio do Desenvolvimento Sustentável 11

2.2.3 – Princípio da obrigação do Estado de intervir 11

2.2.4 – Princípio da Prevenção 11

.2.5 – Princípio da Precaução 12

2.3 – DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE COMO DIREITO DIFUSO E COMO DIREITO

HUMANO 15

III – DA PESCA E DA PESCA PREDATÓRIA 17

3.1 – CONCEITOS GERAIS SOBRE PESCA 17

3.1.1 – Pesca 17

3.2 – DO ORDENAMENTO PESQUEIRO E SUAS MEDIDAS 20

3.2.1 – Proteger parte selecionada de um estoque 21

3.2.2 – Limitar o volume das capturas 21

3.2.3 – Métodos e petrechos de pesca permitidos 22

3.2.4 – Métodos e petrechos de pesca proibidos 22

3.2.5 – Épocas e locais de pesca proibidas 23

IV – DAS RESERVAS EXTRATIVISTAS 24

V – DAS AÇOES E SANÇOES PENAIS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA 28

5.1 – A LEI N° 9.605/98 E A LEI PENAL 28

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6

5.2 – DA APLICAÇÃO DA PENA 29

5.2.1 – Das penas cabíveis às pessoas físicas 30

5.2.1.1 – Privativa de liberdade 30

5.2.1.2 – Restritivas de direitos 31

5.2.2 – Penas Aplicáveis Às Pessoas Jurídicas 32

5.2.2.1 – Multas 32

5.2.2.2 – Restritivas de direitos 33

5.2.2.3 – Prestação de serviços à comunidade 34

5.2.3 – As Pessoas Físicas Autoras, Co-Autoras Ou Partícipes E A Responsabilidade

Penal Das Pessoas Jurídicas 34

5.2.4 – A Lei N° 9.605/98 E O Inquérito Civil 34

5.2.5 – Da Ação E Do Processo Penal 35

VI – AS CONSEQUENCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA

RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA 37

6.1 – DIMINUIÇÃO DA BIODIVERSIDADE NA RESERVA EXTRATIVISTA

MARINHA 37

6.2 – DIMINUIÇÃO DA CULTURA E DO CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO

TRADICIONAL 38

6.3 – DA DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE DE TRABALHO DA POPULAÇÃO

TRADICIONAL 39

6.4 – DESOBEDIÊNCIA AOS PRINCÍPIOS NORTEADORES DO DIREITO

AMBIENTAL 39

VII – CONSIDERAÇOES FINAIS 40

VIII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42

ANEXO I – PLANO DE UTILIZAÇÃO 43

ANEXO II – DECRETO DE CRIAÇÃO DA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

DO MUNICÍPIO DE ARRAIAL DO CABO/RJ 67

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I – INTRODUÇÃO

Questiona-se nesse estudo, a busca das conseqüências advindas da

pesca predatória em uma Reserva Extrativista Marinha. Serão estudadas, as definições de

Reserva Extrativista e suas finalidades, a definição do crime de pesca predatória e suas

penalidades e, das conseqüências causadas, nas reservas, pelo dito ilícito. Derivada da luta

direta dos seringueiros da Amazônia pela preservação de seu modo de vida e pela preservação

do meio ambiente, as Reservas Extrativistas, constituem uma modalidade de Unidade de

Conservação de Uso Sustentável, reconhecidas pelo Direito Brasileiro, mais especificamente

na Lei nº 9.985/2000. Vale salientar, também, que a tipificação de pesca predatória é análoga

à da pesca proibida na legislação ambiental e que a codificação desse crime se deu com a Lei

nº 7.679/1988 e com a Lei nº 9.605/1998. A grande discussão que o tema dessa monografia

traz a lume é a questão das conseqüências derivadas do crime de pesca predatória, podendo

ser questionado o que vem a ser tal tipo ilícito e o que vem a ser Reserva Extrativista.

Faz-se necessário, num primeiro momento, expor algumas noções

acerca do meio ambiente, de Reserva Extrativista e da pesca predatória. Portanto, para sua

exata compreensão, é importante relembrar alguns princípios gerais do Direito Ambiental e o

conceito de Direito e Interesse Difuso.

Antes ainda de entrarmos no estudo em questão há de se falar também

sobre o Direito do Mar, tecendo algumas considerações sobre os espaços marítimos e

oceânicos. Para tanto, é de grande importância analisarmos, desde já, a Convenção das

Nações Unidas sobre o Direito do Mar, em Montego Bay, Jamaica, 10/12/1982, onde se

consolidam as normas sobre a definição e consolidação de tais espaços e, se trata da

conservação dos recursos vivos. Essa Convenção foi consagrada por questões relativas à

pesca (pesca industrial, em larga escala) e à prevenção da poluição do meio aquático.

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8

Foi nessa referida Convenção que se teve a definição de “zona

econômica exclusiva” e a regulamentação de tal espaço, que é o território marítimo

delimitado entre o mar territorial e o alto-mar. Este último, não mais extenso do que 200

milhas marítima, espaço onde tem a mais alta prioridade a conservação dos recursos vivos

marinhos.

O Brasil fez parte dessa Convenção e a adotou aprovando-a pelo

Decreto Legislativo nº 5/97, promulgando-a pelo Decreto nº 99.165 de 12/03/1990, e

declarando-a em vigor pelo Decreto nº 1.530 de 22/06/1995.

Após essa Convenção, foi adotado sob a égide da ONU, em

complementação aos seus dispositivos, o Acordo para a implementação das provisões da

Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 10/12/1982, Relativas à

Conservação e Gerenciamento de Espécies de Peixe Altamente Migratórios e Tranzonais, em

New York, 04/08/1995. Essa complementação é relativa a espécies de peixes altamente

migratórios e tranzonais, que vivem a “cavaleiro” entre o alto-mar e a zona econômica

exclusiva.

Cabe ressaltar também que há a atuação da FAO (Food and

Agriculture Organization) que, adotada pela Convenção de Montego Bay, regula, em suas

atribuições, a pesca internacional, dentro de sua competência, sobre a manutenção dos

cardumes existentes na natureza e dos criados em condições sob controle (aqüicultura) e sobre

a melhoria dos meios da alimentação do homem.

Esses tratados ganharam status de norma Constitucional com a

Emenda Constitucional n° 45, acrescentando na Constituição Federal os § 3° e § 4° do art. 5°.

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II – DO MEIO AMBIENTE E DOS PRINCÍPIOS APLICADOS À PESCA

PREDATÓRIA

2.1 – MEIO AMBIENTE

O Meio Ambiente é tratado pelo Direito Nacional e Internacional,

como vimos na introdução. Ele relaciona-se a tudo aquilo que nos circunda.

O legislador infraconstitucional define o Meio Ambiente no art. 3º, I,

da Lei nº 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente):

“Art. 3º Para os fins previstos nesta Lei entende-se por:

I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e

interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e

rege a vida em todas as suas formas”.

Essa conclusão advém do art.225 da Lei Maior, que usa a expressão

sadia qualidade de vida.

Com isso, Paulo Affonso Leme Machado concluiu que o constituinte

optou por estabelecer dois objetos de tutela ambiental: “um imediato que é a qualidade do

meio ambiente, e outro mediato, que é a saúde, o bem estar e a segurança da população, que

vem sintetizado na qualidade de vida”.

O meio ambiente pode ser classificado como: natural, artificial ou

construído, cultural e do trabalho. No presente estudo há de se ressaltar o meio ambiente

natural que é constituído por solo, água, ar atmosférico, flora e fauna e o meio ambiente do

trabalho que é “o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam

remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de

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10

agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independente da

condição que ostentem”. O meio ambiente está mediatamente tutelado pelo caput do art. 225

da CF e imediatamente tutelado pelo § 1º, I e V, desse mesmo artigo.

2.2 – PRINCÍPIOS 2.2.1 – Princípio da sadia qualidade de vida

Paulo Affonso Leme Machado (Direito Ambiental Brasileiro. 12ª ed.

rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2004, p. 47 e 48), cita a sadia

qualidade de vida como um princípio e cita no âmbito do Direito do Direito Internacional, a

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, na Declaração de Estocolmo/72 que

salientou que o homem tem direito fundamental a “... adequadas condições de vida, em um

meio ambiente de qualidade...” A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, na Declaração Rio de Janeiro/92, afirmou que os seres humanos “tem

direito a uma vida saudável”. E, por fim, o Instituto de Direito Internacional, na sessão de

Estraburgo, em 04/09/1997, afirmou que “todo ser humano temo direito de viver em um

ambiente sadio” e esse direito seria individual de gestão coletiva.

Outro princípio citado por Paulo Affonso Leme Machado (Direito

Ambiental Brasileiro. 12ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2004, p.

49) é o do Acesso eqüitativo aos recursos naturais. Nele se defende a razoabilidade da

utilização ou não utilização da água, do mar e do solo, que deve satisfazer as necessidades

comuns de todos os habitantes da Terra. Seria adequado pensar no meio ambiente como “bem

de uso comum do povo”.

A Declaração de Estocolmo/72, em seu Princípio 5, tratou da referida

matéria: “Os recursos não renováveis do Globo devem ser explorados de tal modo que não

haja riscos de serem exauridos e que as vantagens extraídas de sua utilização sejam

partilhadas a toda humanidade”.

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2.2.2 – Princípio do Desenvolvimento Sustentável

Podemos analisar também, no tema do presente estudo, o princípio do

Desenvolvimento Sustentável que surgiu na Declaração de Estocolmo/72 e repetida, em

especial, na ECO-92, no Princípio nº 3. Implicitamente podemos identificá-lo no art. 170, VI

e no art.225 na expressão: “o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras

gerações”. Nele o Estado deve buscar a harmonia entre o desenvolvimento e o meio ambiente,

visando à qualidade de vida humana.

A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

define-o como o “desenvolvimento que atende as necessidades do presente, sem comprometer

a capacidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades”, podendo

também ser empregado com o significado de “melhorar a qualidade de vida humana dentro

dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas”.

2.2.3 – Princípio da Obrigação do Estado de Intervir

Com base neste princípio, propugna-se ser obrigação do Estado de

intervir, com medidas de proteção ao meio ambiente (Princípio17 da Declaração de

Estocolmo/72 e art. 225da CF), devendo prevalecer o direito administrativo e a intervenção

estatal deve, primeiramente, procurar planejar, regulamentar, controlar, propor e executar uma

política para cuidar do meio ambiente.

2.2.4 – Princípio da Prevenção

Ainda há de se falar no princípio da Prevenção que informa a

responsabilização daquele que causar perigo ao meio ambiente, bem como que deve

prevalecer na ação estatal o modelo “preveja e previna”, apoiado pelo “reaja e corrija”. Ele é

de preceito fundamental já que os danos ambientais são irreversíveis e irreparáveis, na

maioria das vezes.

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Na Conferência de Estolcomo/72, este princípio içou a categoria de

megaprincípio do Direito Ambiental e na ECO-92, refere-se à ele o Princípio 15:

“Para proteger o meio ambiente medidas de precauções devem ser

largamente aplicadas pelos Estados segundo suas capacidades. Em caso de risco de danos

graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não deve servir de pretexto

para procrastinar a adoção de medidas efetivas visando prevenir a degradação do meio

ambiente”.

Na Constituição Brasileira podemos identificá-lo no art. 225, onde é

dever do Poder Público e da coletividade proteger e preserva o meio ambiente para as

presentes e futuras gerações.

Essa prevenção deve se dar por meio de uma consciência ecológica

que se fará através de uma Política de Educação Ambiental. O instrumento principal para

prevenir os danos ambientais é o licenciamento ambiental, uma vez que o princípio da

prevenção aplica-se a impactos ambientais já conhecidos e que tenham uma história de

informações sobre eles. Outros instrumentos relevantes na realização desse princípio é o

estudo prévio de impacto ambienta (EIA/RIMA), o tombamento, o manejo ecológico, as

sanções administrativas, as liminares, na punição correta do causador do dano.

2.2.5 – Princípio da Precaução

Por fim, trataremos do princípio da precaução. A Lei de Política

Nacional do Meio Ambiente no Brasil (Lei nº 6.938/81) tem como objetivos a

compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do

meio ambiente e do equilíbrio ecológico e preservação dos recursos ambientais, com vistas à

sua utilização racional e disponibilidade permanente (art. 4º, I e II). Essa lei foi pioneira na

América Latina, tornando a prevenção do dano ambiental uma obrigação. Ele visa à

durabilidade da sadia qualidade de vida das gerações humanas e à continuidade da natureza

existente no planeta.

Segundo Paulo de Bessa Antunes (Direito Ambiental. 6ª ed. rev. atual.

e ampl. Rio de Janeiro: Editora Lúmen Júris, 2002, p.35): “Diante da incerteza científica, tem

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sido entendido que a prudência é o melhor caminho, evitando-se danos que, muitas vezes, não

poderão ser recuperados”.

O Princípio 15 da ECO/92 diz: “De modo a proteger o meio ambiente,

o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas

capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta

certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e

economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental”.

A precaução caracteriza-se pela ação antecipada diante do risco de

perigo e tem por finalidade evitar ou minimizar os danos ao meio ambiente.

Pode-se ver no art. 9º, III da Lei nº 6.938/81 e no art. 170, VI da Lei

Fundamental que um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente é o Estudo de

Impacto Ambiental, como medida prévia para a avaliação dos efeitos da implantação de um

projeto ambiental.

No Brasil, o princípio da precaução foi inserido pela Convenção da

Diversidade Biológica e pela Convenção-Quatro das Nações Unidas sobre a Mudança de

Clima.

2.2.5.1 – Características do Princípio da Precaução

a) Incerteza do dano ambiental – versa sobre a existência do risco ou da probabilidade de

dano ao ser humano e à natureza. No caso de haver certeza do dano ambiental

preconiza-se que o mesmo deve ser prevenido, como vimos no Princípio da

Prevenção. No caso do Princípio da Precaução a incerteza do dano ambiental deve

também ser prevenida. O princípio da precaução consiste em dizer que somos

responsáveis pelo que nós sabemos ou deveríamos saber e pelo que deveríamos

duvidar. Devemos aplicar esse princípio quando existe incerteza para que esta não se

torne uma certeza;

b) Tipologia do risco ou ameaça – entende-se que a ameaça, perigo ou risco não necessita

ser “séria e irresistível” bastando ser “sensível” quanto à redução ou perda do bem

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14

protegido. O dano é medido pela importância ou gravidade e a sua potencialidade é

entendida como a irreversibilidade do bem protegido à condição ou estado anterior;

c) Da obrigatoriedade do controle do risco a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente

– Se dá por não aceitar qualquer risco. Os riscos que colocam em perigo os valores

constitucionais protegidos, como a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, são

inaceitáveis. Pode-se conferir essa característica no art. 225, § 1°, V da Constituição

Federal. Esse controle deverá ser feito pelo Poder Público;

d) Custo das medidas de prevenção – A Convenção-Quadro sobre a mudança do clima

preconiza que “as políticas e medidas adotadas para enfrentar a mudança do clima

devem ser eficazes em função dos custos, de modo a assegurar benefícios mundiais ao

menor custo possível”. Isso deve ocorrer em todas as áreas do meio ambiente, sendo, o

custo excessivo, ponderado com a realidade econômica de cada lugar, pois a

responsabilidade ambiental é diferenciada em cada país, porém, comum a todos eles;

e) Implantação imediata das medidas de prevenção: o não adiamento – Os documentos

internacionais já citados nesse estudo entendem que as medidas de prevenção não

devem ser adiadas, postergadas. Para o princípio da precaução ser efetivamente

aplicado tem que suplantar a precipitação, a pressa, a rapidez insensata, a

improvisação e a vontade do resultado imediato. Isso se dá para que se evite o dano

ambiental através da prevenção no tempo certo. Caso haja necessidade do adiamento

da prevenção em acordos efetuados pelo Ministério Público ou pela Administração,

deverá ser provado pelo órgão público ambiental ou pelo próprio Ministério Público

essa necessidade. Na dúvida opta-se pela solução que proteja imediatamente o ser

humano e conserve o meio ambiente (in dubio pro salute ou in dubio pro natura).

f) O princípio da precaução e os princípios constitucionais da Administração Pública

brasileira – A Administração Pública deverá implementar o princípio da precaução

cumprindo os princípios impostos no art. 37, caput, da CF. É necessário que as

políticas ambientais se orientem no sentido de não estabelecerem situações das quais

venham surgir as probidades de dano. O princípio da precaução entra no domínio do

direito público através do ‘Poder de Polícia’ da administração. O Estado que se

encarrega da salubridade, segurança e tranqüilidade, pode, para evitar o dano

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15

ambiental, tomar medidas que contradigam, limitam, reduzem, suspendam algumas

das liberdades do homem e do cidadão como: grandes indústrias, comércio, expressão,

manifestação. Contraria a legalidade e a moralidade administrativa o adiamento de

medidas de precaução que devam ser tomadas de imediato. Violam os princípios da

impessoalidade e da publicidade administrativas os licenciamentos e acordos que não

são previamente apresentados ao público, o que possibilita que os setores interessados

participem dos procedimentos das decisões;

g) A inversão do ônus da prova – Ensinam Alexandre Kiss e Dinah Shelton que:

“Em certos casos, em face da incerteza científica, a relação de causalidade

é presumida com o objetivo de se evitar a ocorrência de dano. Enquanto,

uma aplicação estrita do princípio da precaução inverte o ônus normal da

prova e impõe ao autor potencial provar, com anterioridade, que sua ação

não provocará danos ao meio ambiente”

Para não se adotar medida corretiva ou preventiva é necessário

demonstrar que certa atividade não causa danos irreversíveis e nem danifica o meio ambiente.

A inversão do ônus da prova tem como conseqüência que os

empreendedores de um projeto devem implementar as medidas de proteção ao meio ambiente,

salvo se tiverem prova de que os limites do risco e da incerteza de danos não foram

ultrapassados.

2.3 – DIREITO AO MEIO AMBIENTE COMO DIREITO DIFUSO E COMO DIREITO

HUMANO

A defesa do meio ambiente é exercida a título coletivo e se trata de

direito ou interesse difuso.

O Código de Defesa do Consumidor – Lei nº 8.078/90, em seu art. 81,

I, define direitos ou interesses difusos como: “assim entendidos, para efeitos desse Código, os

transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e

ligadas por circunstancias de fato”.

Page 16: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

16

O meio ambiente pode abranger toda a população mundial, até

mesmo, através dos tratados internacionais. O Poder Público e a coletividade têm o dever de

preservá-lo e defendê-lo para a sua e as futuras gerações.

Segundo Noberto Borbbio “o principal direito humano é reivindicado

pelos movimentos ecológicos: o direito de viver num ambiente não poluído. Art. 225 da CF

serve como sede desse direito, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-

lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Direito ao meio ambiente saudável deve

ser considerado um bem pertencente a todos, essencial à sadia qualidade de vida”.

Page 17: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

17

III – DA PESCA E DA PESCA PREDATÓRIA 3.1 – CONCEITOS GERAIS SOBRE PESCA 3.1.1 – Pesca

“Entende-se por pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar,

apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos de peixes, crustáceos, moluscos e

vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies

ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais de fauna e flora” (art. 36 da Lei n°

9.605/98).

A pesca é tratada em nossa legislação no Decreto-Lei n° 221/67

(Dispõe sobre a proteção e estímulos à pesca), na Lei n° 7643/87 (Proíbe a pesca de cetáceo

nas águas jurisdicionais brasileiras), na Lei n° 7.679/88 (Dispõe sobre a proibição da pesca de

espécies em período de reprodução), na Lei n° 9.605/98 (Dispõe sobre as sanções penais e

administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente), entre outras.

A pesca tem grande relevância nas Reservas Extrativistas Marinhas,

sendo tratada e discriminada nas leis que as instituem. A pesca que se utiliza nesse tipo de

Unidade de Conservação é a pesca artesanal.

No Plano de Utilização da RESEXMAR/AC (Anexo I) “é permitida a

pesca artesanal de canoa, de mergulho, subaquática amadora, esportiva, científica e

profissional. Entretanto, todos os usuários, de acordo com as modalidades e no que couber,

devem estar regularizadas com o Ministério da Marinha, Ministério do Trabalho, Ministério

da Previdência Social, IBAMA e outros órgãos vinculados, bem como com a AREMAC –

Page 18: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

18

Associação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo” (4.1, anexo I da Portaria n°

17-N/99).

De acordo com o art. 26 do Decreto-Lei n° 221/67: “Pescador é aquele

que, matriculado na repartição competente segundo as Leis e regulamentos em vigor, faz da

pesca sua profissão ou meio principal de vida”.

“Pesca amadora é aquela praticada por brasileiros ou estrangeiros com

a finalidade de lazer, turismo ou desporto, sem finalidade comercial” (art. 3º da Portaria

IBAMA nº 30/03).

Pesca esportiva “é a que se pratica com linha de mão, por meio de

aparelhos de mergulho ou quaisquer outros permitidos pela autoridade competente, e que em

nenhuma hipótese venha a importar em atividade comercial” (§ 2º, do Art. 2º do Decreto-Lei

nº 221/67).

Pesca científica “É a exercida unicamente com fins de pesquisas por

instituições ou pessoas devidamente habilitadas para esse fim”. “Aos cientistas das

instituições nacionais que tenham por Lei a atribuição de coletar material biológico para fins

científicos serão concedidas licenças permanentes especiais gratuitas”. (§ 3º, do Art. 2º, e art.

32, do Decreto-Lei nº 221/67; Portaria SUDEPE nº 18/84). “A autorização, pelos órgãos

competentes, de expedição científica, cujo programa se estenda à pesca, dependerá de prévia

autorização do IBAMA” (art. 30 do Decreto-Lei nº 221/67).

“Pescador Profissional na Pesca Artesanal:: aquele que, com meios de

produção próprios, exerce sua atividade de forma autônoma, individualmente ou em regime

de economia familiar ou, ainda, com auxilio eventual de outros parceiros, sem vínculo

empregatício” (Lei n° 10.779/03 – Seguro Desemprego).

“Pescador Profissional na Pesca Industrial: aquele que, com vínculo

empregatício, exerce atividade relacionadas com a captura, coleta ou extração de recursos

pesqueiros em embarcações pesqueiras de propriedade de pessoas físicas ou jurídicas inscritas

no RGP na categoria correspondente” (art. 4° da Instrução Normativa SEAP n° 03 de

12/05/2004).

Armador de pesca é a “pessoa física ou jurídica que, em seu nome ou

sob a sua responsabilidade, apresta para sua utilização uma ou mais embarcações pesqueiras,

cuja arqueação bruta totalize ou ultrapasse 10 toneladas” (art. 4° da Instrução Normativa

SEAP n° 03 DE 12/05/2004).

Page 19: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

19

A Indústria Pesqueira é considerada a “pessoa jurídica que, direta ou

indiretamente, exerce atividade de captura, extração, coleta, conservação, processamento,

beneficiamento, ou industrialização de seres animais ou vegetais que tenham na água seu

meio natural ou mais freqüente habitat” (art. 4° da Instrução Normativa SEAP n° 03 DE

12/05/2004).

Embarcação Pesqueira é a “embarcação de pesca que se destina

exclusiva e permanentemente à captura, coleta, extração ou processamento e conservação de

seres animais e vegetais que tenham na água seu meio natural ou mais freqüente habitat” (art.

4° da Instrução Normativa SEAP n° 03 DE 12/05/2004).

A pesca industrial é a proibida nas Reservas Extrativista por usarem

métodos de pesca predatórios. Como vimos nas definições acima, a industria pesqueira busca

um beneficiamento, “um lucro” pela atividade da pesca, sendo que para que isso ocorra é

necessário utilizar embarcações pesqueiras de grande porte, ou seja, sendo necessário um

armador.

Essa espécie de pesca desrespeita a legislação pesqueira e ambiental,

pois utiliza, para a pesca, meios proibidos em certas localidades.

Isso pode ser notado na concepção de Alessandra Rapassi

Mascarenhas Prado que considera como crime de pesca predatória o art. 35 da Lei n°

9.605/98 e o art 1° da Lei n° 7.679/88.

O art. 35 da Lei n° 9.605/98 dispõe:

“Art. 35. Pescar mediante a utilização de:

I – explosivos ou substâncias que, em contato com a água,

produzam efeito semelhante.

II – substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade

competente.

Pena – reclusão de um a cinco anos”.

Já a Lei n° 7.679/88 dispõe:

“Art. 1°. Fica proibido pescar:

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20

I – em curso d’água, nos períodos em que ocorrem fenômenos

migratórios para reprodução e, em água parada ou mar

territorial, nos períodos de desova, de reprodução ou de defeso;

II – espécies que devam ser preservadas ou indivíduos com

tamanhos inferiores aos permitidos;

III – quantidades superiores às permitidas

IV – mediante a utilização de:

a) explosivos ou de substancias que, em contato com a água,

produzam efeito semelhante;

b) substâncias tóxicas;

c) aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;

V – em época e nos locais interditados pelo órgão competente;

VI – sem inscrição, autorização, licença, permissão ou

concessão do órgão competente;

§1° Ficam excluídos da proibição prevista no item I deste artigo

os pescadores artesanais e amadores que utilizem, para o

exercício da pesca, linha de mão ou vara, linha e anzol.

§2° Vedado o transporte, a comercialização, o beneficiamento e

a industrialização de espécimes provenientes da pesca proibida”.

Ao analisar o § 2° do art. 1° da Lei n° 7.679/88 junto com a

definição de indústria pesqueira, supra citada, concluímos que a pesca industrial pode ser

considera proibida e/ou predatória.

Segundo o estudo do ordenamento jurídico pesqueiro e em

consulta ao biólogo Marcus Machado Gomes (Chefe da RESEX/AC), sobre a definição

de pesca predatória foi obtida a informação que apenas os incisos V e VI do art. 1° da Lei

7.679/88 não vão caracterizar, necessariamente, essa espécie de pesca.

3.2 – DO ORDENAMENTO PESQUEIRO E SUAS MEDIDAS

Ordenamento Pesqueiro consiste num conjunto de normatizações e

ações demandadas pelo Poder Público, visando promover o uso sustentado dos estoques em

níveis biologicamente e ecologicamente equilibrados, o bom desempenho econômico das

Page 21: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

21

pescarias e a minimização dos reflexos sociais negativos, sobre todos aqueles que estão

envolvidos com a atividade pesqueira. Esse uso sustentável é obtido através da Proteção de

parte selecionada de um estoque; do limite de volume das capturas; dos métodos e petrechos

da pesca permitidos em nosso ordenamento; dos métodos e petrechos de pesca proibidos em

nosso ordenamento; das épocas e locais de pesca proibidos em nosso ordenamento.

3.2.1 – Proteger parte selecionada de um estoque a) Fechamento de estação de pesca

Objetivo: Proteger reprodução, recrutamento, reduzir esforço, etc;

b) Fechamento de área de pesca

Objetivo: Proteger parte do ciclo de vida, repor biomassa, etc;

c) Proteção de reprodutores

Objetivo: Proteger indivíduos em reprodução;

d) Limitação de comprimento ou peso (tamanho mínimo de captura)

Objetivo: Assegurar que cada indivíduo reproduza pelo menos uma vez

e) Restrição sobre aparelhos de pesca (tamanho da malha)

Objetivo: Proteger jovens, assegurar que cada indivíduo reproduza pelo menos uma vez, etc

3.2.2 – Limitar o volume das capturas a) Controle do acesso à pesca

Objetivo: Controlar o esforço de pesca (a entrada na pesca), etc;

b) Limitação por cota de captura global

Objetivo: Limitar a quantidade total a ser capturada;

Page 22: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

22

c) Limitação por cota de captura individual

Objetivo: Limitar a quantidade que cada indivíduo pode capturar da cota total;

d) Limitação da eficiência dos aparelhos de pesca

Objetivo: Limitar a capacidade ou poder de pesca dos aparelhos utilizados.

3.2.3 – Métodos e Petrechos de Pesca PERMITIDOS

•Pesca de Arrasto (marinha)

• Pesca de Armadilha

• Pesca de Linha•Rede de emalhar com malha igual ou superior a 140 mm

•Tarrafa com malha igual ou superior a 80mm

•linha de mão, caniço simples, caniço com molinete ou carretilha, isca natural ou isca

artificial com ou sem garatéia nas modalidades arremesso e corrico;

•Pesca Combinada

•Espinhel de fundo, com o máximo de 30 anzóis

•Tarrafa

Instrução Normativa nº 36, de 29 de Junho de 2004; Art 11 da Instrução Normativa SEAP nº

03/04; Art. 39 do Decreto-Lei nº 221/67.

3.2.4 – Métodos e Petrechos de Pesca PROIBIDOS • Explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante.

Substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente.

• Redes de arrasto e de lance, quaisquer;

• Redes de espera com malhas inferiores a 70 mm, cujo comprimento ultrapasse 1/3 (um

terço) do ambiente aquático, colocadas a menos de 200 m das zonas de confluência de rios,

lagos e corredeiras a uma distância inferior a 100 metros uma da outra;

• Rede eletrônica ou quaisquer aparelhos que, através de impulsos elétricos, possam impedir a

livre movimentação dos peixes, possibilitando sua captura;

Page 23: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

23

• Tarrafas de qualquer tipo com malhas inferiores a 50 mm, medidas esticadas entre ângulos

opostos;

• Covos com malhas inferiores a 50 mm colocados à distância inferior a 200 metros, das

cachoeiras, corredeiras, confluência de rios e lagos;

• Fisga e garatéia, pelo processo de lambada;• Espinhel, cujo comprimento ultrapasse a 1/3 da

largura do ambiente aquático e que seja provido de anzóis que possibilitam a captura de

espécies imaturas.

� redes e tarrafas de arrasto de qualquer natureza;

� redes de emalhar e espinhel cujo comprimento ultrapasse 1/3 da largura do ambiente

aquático, independente da forma como estejam dispostos no ambiente;

� armadilhas tipo tapagem, pari, cercada ou quaisquer aparelhos fixos;

� aparelhos de mergulho ou de respiração artificial na pesca subaquática, exceto para

pesquisa autorizada pelo IBAMA;espinhéis que utilizem cabo metálico; e joão bobo, galão ou

cavalinho.

Art. 35 da Lei n. 9.605, de 12/02/98; art. 2º Portaria SUDEPE n°466, de 08 de Novembro de

1972.

3.2.5 – Épocas e locais de Pesca PROIBIDA: • Em cursos d'água nos períodos migratórios para reprodução e, em água parada ou mar

territorial, nos períodos de desova, de reprodução ou de defeso;

•A menos de 200 metros, a jusante e a montante das barragens, cachoeiras, corredeiras e

escadas de peixe.

Art. 1º da Lei n° 7.679, de 23 de novembro de 1988 Art. 4º da Portaria SUDEPE n°466, de 08

de Novembro de 1972.

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24

IV – DAS RESERVAS EXTRATIVISTAS

As Reservas Extrativistas constituem uma das espécies de Unidade de

Conservação de Uso Sustentável estando disposta no SNUC – Sistema Nacional de Unidades

de Conservação da Natureza – Lei n° 9.985/00, no art. 14.

O art. 18 da referida lei dispõe:

“A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas

tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e,

complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais

de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e

cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos

naturais da unidade”.

As unidades de conservação são “espaços territoriais e seus recursos

ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,

legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos,

sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”

(art. 2°, I da Lei n° 9.985/00).

O espaço territorial da Reserva Marinha de Arraial do Cabo é definido

em 3 milhas da costa de Arraial do Cabo (art. 1º do Decreto de Criação da Reserva

Extrativista de Arraial do Cabo – Anexo II).

A Convenção da Diversidade Biológica insere a unidade de

conservação, em área protegida, levando-se em conta a sua definição: “área definida

geograficamente, que é destinada, ou regulamentada, e administrada para alcançar objetivos

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25

específicos de conservação” (art. 2° do Decreto n° 2.519/98 que promulga a Convenção da

Diversidade Biológica).

A Lei n° 9.985/00 em seu art. 2°, XI define uso sustentável, sendo:

“exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais

renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos

ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável”.

Essa mesma lei define extrativismo como “sistema de exploração

baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis” (art. 2°,

XII).

Conforme o art. 22 do SNUC, a criação da Reserva Extrativista se

dará pelo Poder Público, podendo ser por lei, através do Presidente da República uma vez que

a criação de “cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica”

federal é de competência do mesmo (art. 61, § 1°, II, a da CF). Ela deverá ser precedida de

estudos técnicos e consulta pública.

A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação

só poderá ser feita mediante lei específica conforme dispõem o art. 22, § 7° da Lei n°

9.985/00 e o art. 225, § 1°, III da CF.

Esse último dispositivo constitucional não só trata da necessidade de

lei específica para diminuir os limites da unidade de conservação, mas, também para alterar a

finalidade da mesma unidade.

A Reserva Extrativista será “de domínio público com uso concedido

às populações extrativistas tradicionais conforme o disposto no art. 23 desta lei e em

regulamentação específica, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem

ser desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei” (art. 18, § 1° da Lei n° 9.985/00).

Sua gestão se dará por um Conselho Deliberativo presidido pelo órgão

responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de

organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se

dispuser em regulamento e no ato da criação da unidade.

Esse mesmo Conselho aprovará o Plano de Manejo da unidade que é

um “documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma

unidade de conservação, se estabelece seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso

Page 26: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

26

da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas

necessárias da gestão da unidade” (art. 2°, XVII da Lei n° 9.985/00).

As Reservas Extrativistas Marinhas são de menor número do que as

Reservas Extrativistas Florestais. Atualmente, existe as Reservas de Arraial do Cabo (RJ),

Pirajubaé (SC), Batoque (CE), Itacaré (BA) entre outras.

Até o ano de 1999 não existia nenhuma Reserva Extrativista Marinha,

sendo que a primeira foi a Reserva do Município de Arraial do Cabo/RJ. Seu plano de

utilização foi publicado no Diário Oficial em 22 de fevereiro de 1999 na forma de Portaria n°

17-N, de 18 de fevereiro de 1999.

As referidas reservas tem por objetivo manter as populações

tradicionais protegidas com suas culturas e meios de vida baseados no extrativismo e na

criação de animais de pequeno porte, assegurando o uso sustentável desses recursos naturais.

As metas dessas Reservas são a sobrevivência dos extrativistas

baseada nas fontes produtivas que não prejudiquem e destruam a diversidade biológica e o

equilíbrio ambiental permitindo, assim, a preservação do meio ambiente para as presentes e

futuras gerações e; o aproveitamento das distintas atividades produtivas encontradas nos

recursos pesqueiros.

A Lei n° 9.985/00 utiliza as expressões “populações locais” e

“populações tradicionais”.

Pode-se encontrar base para definir população tradicional no disposto

no art. 17, § 2° e no art 20 da Lei n° 9.985/00 que prevêem, respectivamente: “Nas Florestas

Nacionais é admitida à permanência de populações tradicionais que a habitam quando de sua

criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da Unidade”

e “A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga populações

tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos

naturais, desenvolvidos a longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que

desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da

biodiversidade biológica”.

Para Paulo Affonso Leme Machado: “população tradicional é a

população que exista numa área antes da criação da unidade de conservação, cuja existência

seja baseada em sistema sustentável de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao

longo de gerações (desde pelo menos seus pais) e adaptados às condições ecológicas locais”.

Page 27: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

27

Essa definição se deu com base no art. 36 do Decreto n° 4.340/02

(Regulamenta artigos da Lei n° 9.985/00, que dispõe sobre o Sistema Nacional das Unidades

de Conservação da Natureza) que dispõe: “Apenas as populações tradicionais residentes na

unidade no momento da sua criação terão direito ao reassentamento”.

A Medida Provisória n° 2.186/01 (Regulamenta o inciso II do § 1° e o

§ 4° do art. 225 da CF, os art. 1° e 8°, 10, alínea c, 15 e 16, alínea 3 e 4, da Convenção sobre

Diversidade Biológica, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao

conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e

transferência de tecnologia para a sua conservação e utilização) define como comunidade

local: “grupo humano, incluindo remanescentes comunidades de quilombos, distintos por suas

condições culturais que se organiza, tradicionalmente, por gerações sucessivas e costumes

próprios, e que conserva suas instituições sociais e econômicas”.

Em regra, as Reservas Extrativistas Marinhas elegem a pesca artesanal

como o modo de subsistência da população tradicional (pescadores) e a pesca industrial como

a principal inimiga do seu empreendimento.

Com isso, entende-se que as Reservas Extrativistas Marinhas tem

como objetivo a manutenção da pesca artesanal que não interfere na tradição e na cultura dos

pescadores, agride ao meio ambiente e não diminui a diversidade biológica.

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28

V – DAS AÇÕES E SANSÕES PENAIS CONTRA O CRIME DE PESCA

PREDATÓRIA

5.1 – A LEI N° 9.605/98 E A LEI PENAL

A proteção do meio ambiente, enquanto bem jurídico autônomo, vem

preocupando o legislador com as várias formas de degradação que se apresentam. Diante

dessa preocupação observa-se uma produção esparsa de leis fragmentárias.

Em sentido estrito, a Lei n° 9.605/98 é uma norma penal em branco

ela complementa uma norma penal já existente e é emanada de outro poder, ou seja, surge de

uma norma hierarquicamente inferior (leis, regulamentos, portarias).

Isso se dá pelo Direito Penal ter como princípios fundamentais à

legalidade, traduzidas no Princípio da legalidade e da Reserva Legal.

Então, a norma penal em branco esta carente de clareza ou do que

determina o conteúdo de um ou mais tipos que vincula-se a uma fonte formal

hierarquicamente inferior. Assim, podemos notar que o Código Penal (norma penal em branco

– não prevê o crime de pesca predatória) não determina o conteúdo do tipo ficando a cargo de

leis complementares como, por exemplo, a Lei n° 9.605/98.

A lei de Crimes contra o meio ambiente – Lei n° 9.605/98 nasceu do

projeto enviado pelo Poder Executivo Federal através do Ministério do Meio Ambiente.

Inicialmente, o projeto tinha o objetivo de sistematizar as penalidades administrativas e

unificar os valores das multas. Após amplo debate no Congresso Nacional, optou-se pela

tentativa de consolidar a legislação relativa ao meio ambiente no que diz respeito à matéria

penal.

Page 29: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

29

Ela trata dos crimes contra o meio ambiente, de infrações

administrativas ambientais, do processo penal e da cooperação internacional para a

preservação do meio ambiente. A referida lei tem um caráter protecionista e é regida pelos

princípios já citados no Capítulo I.

O princípio da obrigação do Estado de intervir deixa claro que o dano

ao meio ambiente recorre ao Direito Administrativo, com a finalidade de promover maior

efetividade da tutela penal e ambiental.

O crime de pesca predatória advém de uma norma penal em branco e

além dos elementos materiais do crime, o legislador acrescenta ao tipo um coeficiente de

antijuridicidade, como no Decreto-lei n° 221/67, quando praticar a ação descrita: “nos lugares

e épocas interditados pelo órgão competente” (art. 35, a).

Com o exposto, a norma penal em branco nos crimes contra o meio

ambiente baseia-se no fato de que o direito penal deve ser um recurso secundário, reforçando

a tutela administrativa de determinados bens. Nela a sanção deve ser de reforço à organização

social e administrativa do bem tutelado, configurando-se crime de mera desobediência.

Diante disso entende-se que o Direito Penal deriva da importância de

uma política de programação e prevenção, e significa que a sanção penal deve tender

exclusivamente a reforçar o cumprimento da norma administrativa.

Segundo Paulo Affonso Leme Machado (Direito Ambiental

Brasileiro. 12ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2004, p 659). “a Lei

n° 9.605/98 tem como inovações marcantes à não utilização do encarceramento como norma

geral para as pessoas físicas criminosas, a responsabilização penal das pessoas jurídicas e a

valorização da intervenção da Administração Pública, através de autorizações, licenças e

permissões”.

5.2 – DA APLICAÇÃO DA PENA

Analisando as penas cominadas aos crimes na Lei n° 9.605/98 conclui

que a maior pena nela encontrada é a da pesca considerada predatória, e do dano causado à

unidade de conservação e da poluição (art. 35, 40 e 54, § 2°).

Page 30: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

30

Cabe ressaltar que a lei n° 9.605/98 tem como suas inovações

marcantes a não utilização do encarceramento para as pessoas físicas criminosas, a

responsabilização penal da pessoa jurídica e a valorização da intervenção da Administração

Pública, através de autorizações, licenças e permissões.

Diz o art. 7° da lei n° 9.605/98: “As penas restritivas de direitos são

autônomas e substituem as privativas de liberdade quando: I – tratar-se de crime culposo ou

for aplicada pena privativa de liberdade inferior a quatro anos; II – a culpabilidade, os

antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as

circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para a reprovação e

prevenção do crime”.

Com isso, nota-se que o autor do crime de pesca predatória pode ser

punido se for pessoa física ou pessoa jurídica, na forma de detenção ou das penas restritivas

de direito.

5.2.1 – Das Penas Cabíveis Às Pessoas Físicas

Estão previstas como penas restritivas de direito: serviço à

comunidade, interdição de direitos; suspensão parcial ou total de atividades; prestação em

pecúnia e; recolhimento domiciliar” (art. 8° da lei n° 9.605/98).

5.2.1.1 – Privativa de liberdade

Detenção – Como as previstas nos art. 35 da lei n° 9.605/98. O

penalista Damásio Evangelista de Jesus admite a substituição da pena privativa de liberdade

“por uma (ou duas) pena restritiva de direitos”.

Page 31: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

31

5.2.1.2 – Restritivas de direitos

a) Prestação de serviços à comunidade – “consiste na atribuição ao condenado de tarefas

gratuitas junto a parques e jardins públicos, unidades de conservação e, no caso de

dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta se possível” (art. 9°

da lei n° 9.605/98). Dada a especificidade dessa lei não será aplicado o art. 46 do CP.

b) Interdição temporária de direitos – “as penas de interdição temporária de direito são a

proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais

ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de

cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos” (art. 10

da lei n° 9.605/98). Segundo Paulo Affonso Leme Machado “a proibição de um

condenado ‘receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios’ pode ser

entendida como uma proibição de receber doações, subvenções e subsídios de todos os

órgãos públicos, inclusive bancos e agências de financiamentos estatais”.

c) Suspensão parcial ou total das atividades – “A suspensão de atividades será aplicada

quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais” (art. 11 da lei n°

9.605/98). Essa suspensão refere-se a uma área de desobediência às regras expressas

nas leis federais, estaduais e municipais não podendo ser invocados os regulamentos.

d) Prestação pecuniária – “A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro a

vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância fixada pelo

juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a 360 salários mínimos. Valor

pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o

infrator” (art. 12 da lei n° 9.605/98). Essa prestação será destinada ao Fundo de Defesa

de Interesses Coletivos se a lesão for ao meio ambiente (bem de uso comum do povo),

se a lesão for a um bem individual a prestação será feita à vítima.

e) Recolhimento domiciliar – “O recolhimento domiciliar baseia-se na auto disciplina e

senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar,

freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e

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32

horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia

habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória” (art. 13 da lei n° 9.605/98).

5.2.2 – Penas Aplicáveis Às Pessoas Jurídicas

As penas aplicáveis, isolada, cumulativa ou alternativamente, às

pessoas jurídicas, de acordo com o art. 3° da lei n° 9.605/98 são: I – multa; II – restritivas de

direitos e; III – prestação de serviços à comunidade (art. 21).

Referentes às sansões administrativas têm no art. 72 da referida lei a

destruição ou inutilização do produto; suspensão de venda e fabricação do produto; demolição

da obra; suspensão do registro.

5.2.2.1 – Multa

“A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se

revelar-se ineficaz, ainda que aplicado no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes,

tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida” (art. 18 da lei n° 9.605/98).

Os critérios para o cálculo das multas estão dispostos no § 1° do art.

49 do CP.

A multa prevista no art. 75 da lei n° 9.605/98 refere-se à multa de

sansão administrativa.

A diferença da pena de multa para a pena de prestação pecuniária é

que a primeira não é destinada à reparação do dano cometido contra o meio ambiente, pois o

dinheiro será destinado ao Fundo Penitenciário sendo prioridade dessa o combate à

delinqüência ambiental praticada pelas corporações e, a segunda é aplicada somente à pessoa

física e o seu pagamento é destinado somente à vítima ou entidade pública ou privada com

fim social.

Page 33: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

33

5.2.2.2 – Restritivas de Direitos

Estão previstos três tipos de penas: “I – suspensão parcial ou total de

atividades; II – interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; III – proibição de

contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações” (art.

22 da lei n° 9.605/98).

a) Suspensão parcial ou total das atividades – “A suspensão de atividades será aplicada

quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares,

relativas à proteção do meio ambiente” (art.22, § 1° da lei n° 9.605/98). Irá constatar

no processo penal essa desobediência como a desobediência aos termos da

autorização, licença ou permissão ambiental. O tempo da suspensão de atividade será

fixado pelo juiz, pois não tem na lei indicação do tempo mínimo ou máximo da

suspensão;

b) Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade – “A interdição será

aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a

devida autorização, ou em desacordo com a concedida ou com violação de disposição

legal ou regulamentar” (art. 22, § 2° da lei n° 9.605/98). Ela somente é prevista como

temporária. Será imposta com o objetivo de levara entidade a adaptar-se ã legislação

ambienta. Essa interdição equivale ao embargo ou paralisação da obra, do

estabelecimento ou da atividade. Não paralisada o juiz deve abrir inquérito policial

para apurar o cometimento do crime do art 359 do CP – desobediência à decisão

judicial sobre perda ou suspensão de direito;

c) Proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,

subvenções ou doações – Pela cominação desta pena a pessoa jurídica fica proibida a

contratação com o Poder Público, com ou sem o processo licitatório. A empresa

condenada não pode apresentar-se as licitações, pois, no prazo da vigência da pena a

empresa não tem direito a postular o contrato. O dinheiro público não pode ser

repassado a quem age criminosamente. Este dispositivo é encontrado no art. 12 da Lei

de Política Nacional do Meio Ambiente – Lei n° 6.938/81.

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34

5.2.2.3 – Prestação de Serviços à comunidade

“A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá

em: I – custeio de programas e projetos ambientais; II – execução de obras de recuperação de

áreas degradadas; III – manutenção de espaços públicos; IV – contribuição à entidade

ambientais ou culturais públicas” (art. 23 da lei n° 9.605/98). A própria entidade ré ou o

Ministério Público poderão apresentar proposição ao juiz solicitando a cominação de

quaisquer das penas de prestação de serviços à comunidade. O juiz deverá conduzir-se, na

fixação da duração e do quantum da prestação de serviços a ser despendido pelo justo

equilíbrio.

5.2.3 – As pessoas físicas autoras, co-autoras ou partícipes e a responsabilidade penal das

pessoas jurídicas.

O parágrafo único do art. 3° da Lei n° 9.605/98 diz que: “A

responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou

partícipes do mesmo fato”.

Na pesca predatória podemos identificar essa situação ao ver que não

só a industria pesqueira é punida, mas também o mestre da embarcação ou armador,

responsável direto pela prática da pesca.

Com isso, podem ser apuradas em um mesmo processo penal as

diferentes responsabilidades acontecendo à absolvição ou a condenação separadamente ou em

conjunto.

5.2.4 - A Lei n° 9.605/98 e o Inquérito Civil

O instituto do inquérito civil regrada no art. 129 da Carta Magna é

aplicado nas hipóteses de perícia de constatação de dano ambiental, conforme art. 19,

parágrafo único da lei n° 9.605/98 e é exclusivo do Ministério Público.

Page 35: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

35

A perícia produzida nesse inquérito poderá ser aproveitada

diretamente no processo penal, observando o rigoroso devido processo legal e o princípio do

contraditório.

É através do inquérito civil que o Ministério Público pode adiantar

suas investigações visando imediatas providencias processuais e seja no campo do processo

civil (através da ação civil pública), seja no campo do processo penal.

A ação civil pública se presta para a defesa dos direitos difusos ou

coletivos e para os direitos individuais homogêneos. Como o meio ambiente é um direito

difuso a referida ação se presta à tutela ambiental.

Com o advento do Código de Defesa do Consumidor o campo de

incidência da ação civil pública ambiental teve um aumento com o art. 110 do referido

Código. Os legitimados para propor essa ação estão previstos no art. 82 do CDC e o art. 5° da

Lei n° 7.347/85 (Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao

meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico

e paisagístico) sendo eles: Ministério Público; a União, os Estados, os Municípios e o Distrito

Federal; as entidades e órgãos da administração pública, direta ou indireta, ainda que sem

personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos

ambientais; as associações legalmente constituídas a pelo menos um ano e que incluam entre

seus fins institucionais a defesa dos interesses ambientais, dispensada a autorização

assemblear.

Em síntese, pode-se dizer que a ação civil pública tutela à defesa de

interesses difusos, do meio ambiente, do patrimônio público, dos consumidores, da ordem

econômica, tendo por fim a reparação do interesse lesado através da condenação.

Em questão à proteção do meio ambiente não só a ação civil pública é

instrumento para tal, mas também o mandato de segurança coletivo, o mandato de injunção e

a ação popular constitucional.

5.2.5 – Da Ação e do Processo Penal

Analisando o que estabelece a Lei n° 9.099/95 (Dispõe sobre Juizados

Cíveis e Criminais) em seu art. 28 e também o aparente conflito com a determinação da

Page 36: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

36

aplicação subsidiária das disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal em seu

art. 79, a lei n° 9.605/98 criou um fruto de interpretação sistemática, importando o momento

de aplicação do direito criminal, bem como o direito penal ambiental.

Procurou o legislador adequar a lei n° 9.099/95 às necessidades da

tutela ambiental (art. 28, I e II), não se olvidando em fixar critérios, tão somente subsidiários,

direcionados à tutela jurisdicional e sua efetividade.

Essa competência jurisdicional tem sido foco de inúmeras

divergências de hipóteses de conflitos concretos.

Com efeito, a 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça decidiu, por

unanimidade, cancelar a Súmula 91, de outubro de 1993, que estabelecia ser de competência

da Justiça Federal processar e julgar crimes praticados contra a fauna. Isso se deu em

decorrência de um julgamento de conflito de competência envolvendo a 2ª Vara Federal de

Ribeirão Preto/SP e a Vara Criminal de Santa Rosa de Viterbo/SP, em que ambos assumiram

a competência para processar e julgar a ação penal destinada a apurar a pesca com

equipamentos proibidos. O Ministro Fontes de Alencar, relator de referido processo entendeu

ser competente a Justiça Estadual. Note-se, portanto, estabelecida a competência ensejada por

uma interpretação sistemática, baseada na necessidade de proteção da vida como elemento

primordial.

Page 37: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

37

VI – AS CONSEQUENCIAS CAUSADAS PELO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA

EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

6.1 – DIMINUIÇÃO DA BIODIVERSIDADE NA RESERVA EXTRATIVISTA

MARINHA

A primeira conseqüência é a provocação da extinção ou diminuição

considerável de algumas espécies marinhas, pela referida pesca ser praticada em época de

desenvolvimento ou procriação de algumas espécies.

Além disso, também causa essa diminuição os equipamentos e

apetrechos proibidos para a pesca, como a rede de arrasto de malha fina, onde os peixes de

tamanho inferior aos permitidos para a pesca não escapam da referida rede, por seus pontos

serem muito fechados.

O Plano de Utilização de Arraial do Cabo proíbe a pesca com redes

de fio de nylon (monofilamentos) conhecidas como: malha laça, de caída, de espera, caiçara,

três malhos, caçoeira, cunvineira, traineira (cerco); e também com redes de arrasto, de portas

de arrasto de parelha, arrasto de meia água, bem como usar explosivos e substancias tóxicas.

Page 38: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

38

6.2 – A DIMINUIÇÃO DA CULTURA E DO CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO

TRADICIONAL

Torna-se também de relevância jurídica, a preservação da cultura,

conhecimento e subsistência da população da Reserva Extrativista, o que é um dos objetivos

da constituição de uma área em Unidade de Preservação.

Para a Promotora de Justiça, do Ministério Público do Distrito

Federal, Juliana Santilli, as populações tradicionais produzem conhecimentos (tradicionais)

em diversas áreas que devem ser tutelados por meio de reconhecimentos de seus direitos

autorais coletivos.

Esses conhecimentos são associados à biodiversidade que vão desde

técnicas de manejo de recursos naturais, métodos de caça e pesca, conhecimento sobre os

diversos ecossistemas e sobre propriedades farmacêuticas, alimentícias e agrícolas de espécies

e as próprias categorizações da caça, do pescado ou da planta.

A continuidade da produção de conhecimento da população local

depende das condições que assegurem a sobrevivência física e cultural dos povos tradicionais.

A Medida Provisória n° 2.186/01 estabelece a definição de

conhecimento tradicional associado como: “informação ou prática individual ou coletiva da

comunidade indígena ou de comunidade local, com valor real ou potencial, associada ao

patrimônio genético”.

Assim, conclui-se que com a diminuição da biodiversidade há,

proporcionalmente, a diminuição do conhecimento da população tradicional associada.

Pode-se notar essa questão, na Reserva Extrativista de Arraial do

Cabo, quando os pescadores não reconhecem determinadas espécies de peixes ou não os

encontram na época que, tradicionalmente, eles deveriam aparecer. Isso se dá pelo fato das

espécies marinhas já estarem sendo extintas pelos métodos de pesca predatórios.

Page 39: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

39

6.3 – DA DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE DE TRABALHO DA POPULAÇAO

TRADICIONAL

Segundo Celso Antonio Pacheco Fiorillo (Curso de Direito Ambiental

Brasileiro. 5ª ed. ampl. São Paulo: Editora Saraiva, 2004, p. 22), “constitui meio ambiente do

trabalho o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas

ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que

comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independente da condição

que ostentem”.

O crime de pesca predatória deixa o meio ambiente de trabalho da

população tradicional da Reserva Extrativista insalubre, pois, não tem mais condições de se

praticar a pesca artesanal se as espécies marinhas estão diminuindo ou se extinguindo através

deste crime.

6.4 – DESOBEDIENCIA AOS PRÍNCIPIOS NORTEADORES DO DIREITO

AMBIENTAL

A prática do crime da pesca predatória desobedece aos princípios da

prevenção, da precaução, da qualidade de vida, do desenvolvimento sustentável já estudados

no item I do presente trabalho.

Com ela não há prevenção do perecimento da biodiversidade marinha

existente na Reserva Extrativista; não há precaução, pois, o autor do crime não age com

prudência, cuidado com o meio ambiente; não há desenvolvimento sustentável, os recursos

naturais (espécies marinhas, pescados) não se renovam e conseqüentemente não há qualidade

de vida, pois os recursos naturais para o trabalho, cultura e alimentação da população

tradicional não foram mantidos, cuidados e preservados.

Page 40: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

40

VII – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme todo o estudo feito nessas páginas anteriores podemos ter

noções de institutos como: os Princípios aplicados no Direito Ambiental, Reserva Extrativista,

Pesca Predatória, o Processo Penal para apurar o referido crime.

Diante de tal estudo podemos concluir que o crime de pesca predatória

pode ser nocivo em qualquer área ambiental tendo maior gravidade quando se é praticada em

uma Reserva Extrativista Marinha.

Isso se dá em razão da Reserva Extrativista Marinha ser área de

Desenvolvimento Sustentável, ou seja, área onde os recursos naturais podem ser utilizados de

forma que se renovem.

Essa renovação ocorrerá quando os métodos da pesca proibida dos art.

34 e 35 da Lei n° 9.605/98, na Portaria SUDEPE n° 466/72, no art 1° da Lei n° 7.679/88 e nas

Resoluções do CONAMA sobre o tema não forem praticados.

Essas disposições trazem as proibições da pesca praticada de

determinadas formas, áreas, períodos e petrechos utilizados para tal, pelo fato das mesmas não

possibilitarem a renovação dos recursos naturais.

Concluiu-se também que a pesca predatória é exercida, muitas vezes,

por indústrias pesqueiras, ou seja, grandes barcos de pesca que utilizam formas predatórias

para o exercício dessa atividade, com o intuito de comercializar o fruto da mesma.

De acordo com o SNUC e a legislação estudada, a pesca permitida em

uma Reserva Extrativista Marinha é a pesca artesanal.

Pelo fato da pesca predatória ser um crime, foi também estudado a

responsabilidade penal da pessoa física e da pessoa jurídica, sendo também mostrado os tipos

de sanções de cada uma.

Page 41: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

41

Essas sanções não são só privativas de liberdade, mas podem ter penas

alternativas como recolhimento domiciliar, prestação pecuniária, prestação de serviços à

comunidade, multa, interdição temporária de direitos, suspensão parcial ou total das

atividades.

A ação e o processo penal poderão ocorrer através da Lei n° 9.099/95,

pois ela tem em seu art. 28, I e II a adequação às necessidades da tutela ambiental,

direcionados à tutela jurisdicional e sua efetividade.

Ainda há de ressaltar que o crime de pesca predatória desrespeita os

Princípios aplicados ao meio ambiente e previstos no art. 225 da CF. Com sua prática não se

previne o dano ambiental, não há precaução, cuidado com os recursos naturais renováveis,

não há o desenvolvimento sustentável, pois, com a depredação não há como as espécies se

reproduzirem.

Diante disso, podemos considerar que a pesca predatória em uma

Reserva Extrativista Marinha, apresenta como conseqüências negativas o perecimento da

biodiversidade marinha, por não possibilitar a reprodução das espécies e com isso traz como

conseqüências também a destruição da cultura, do meio ambiente de trabalho, do

conhecimento da população extrativista (tradicional, local), assim como do meio ambiente

saudável de que todos os cidadãos têm direito, como um direito humano e um direito difuso.

No que se refere à pesca predatória numa Reserva Extrativista

Marinha, essas podem trazer conseqüências por se tornar muito mais sérias pelo fato do

referido crime causar o perecimento de espécimes da fauna aquática que, muito é necessária

para a subsistência da população da reserva.

É de grande relevância considerar dois aspectos importantes presentes

em uma Reserva Extrativista Marinha. O primeiro é o fato da população do lugar ter como

principal atividade econômica à pesca, seja ela artesanal ou comercial. O segundo é a

existência de diversas espécimes marinhas, podendo, muitas vezes, serem raras.

Por fim, a pesca artesanal deve ser a praticada nas Reservas

Extrativistas Marinhas para a preservação da unidade de conservação, do meio ambiente do

trabalho, do conhecimento e do modo de subsistência da população tradicional e; para a

preservação do meio ambiente saudável, direito de toda a população terrestre.

Page 42: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

42

VIII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 6ª ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro:

Editora Lúmen Júris, 2002.

FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 5ª ed. ampl. São

Paulo: Editora Saraiva, 2004.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 12ª ed. rev. atual. e ampl.

São Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2004.

PESCA, e Mar, Revista Informativo do Sindicato dos Armadores de Pesca do estado do Rio

de Janeiro - Ano XV - nº 89 - Janeiro /Fevereiro de 2004.

PRADO, Alessandra Rapassi Mascarenhas. Proteção ao Penal do Meio Ambiente. 1ª ed. São

Paulo: Editora Atlas S/A, 2000.

SOARES, Guido Fernando Silva. Direito Internacional do Meio Ambiente – Emergência,

Obrigações e Responsabilidades. 2ª ed. São Paulo: Editora Atlas S/A, 2003.

Page 43: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

43

ANEXO I MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO

AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO

NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS POPULAÇÕES

TRADICIONAIS – CNPT RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO

CABO – RESEXMAR AC.

Plano de Utilização da RESEXMAR AC.

Diário Oficial - República Federativa do Brasil.

Seção 1, No 34, segunda-feira, 22 de fevereiro de 1999.

Ministério do Meio Ambiente.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

Portaria No 17-N, de 18 de fevereiro de 1999.

O PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS

RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA, no uso das atribuições que lhe são

conferidas pela Lei no 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, pelo art. 24 do Anexo I do Decreto

no 78, de 05 de abril de 1991 e pelos incisos II e XIV do art. 83, capítulo IV do Regimento

Interno aprovado pela Portaria no 445, de 16 de agosto de 1989, do Ministério do Interior,

com fundamento no Decreto no 98.897, de 30 de janeiro de 1990; e:

Considerando que a Associação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo –

AREMAC apresentou ao IBAMA um Plano de Utilização da referida Reserva; e

Considerando o disposto no § 2o do Art. 4o do Decreto no 98.897, de 30 de janeiro de

1990, resolve:

Art. 1o – Aprovar o Plano de Utilização da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do

Cabo, constante do Anexo I à presente Portaria;

Page 44: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

44

Art. 2º – Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

EDUARDO DE SOUZA MARTINS.

ANEXO I

RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO CABO – RJ

PLANO DE UTILIZAÇÃO

1. Finalidade do Plano

1.1 – Este Plano objetiva assegurar a sustentabilidade da Reserva Extrativista Marinha

de Arraial do Cabo mediante a regularização da utilização dos Recursos Naturais e dos

comportamentos a serem seguidos pela população extrativista no que diz respeito às

condições técnicas e legais para a exploração racional da fauna marinha. Está aqui contida a

relação das condutas não predatórias incorporadas à cultura dos extrativistas, bem como as

demais condutas que devem ser seguidas para cumprir às legislações ambientais.

1.2 – Objetiva ainda este Plano manifestar ao IBAMA o compromisso dos extrativistas

de respeitar a Legislação Ambiental e o Plano de Utilização.

1.3 – O presente Plano tem como finalidade servir de guia para que os extrativistas

realizem suas atividades dentro de critérios de sustentabilidade econômica, ecológica e social.

O conceito de “sustentabilidade” é definido aqui como a implantação e a consolidação de

atividades produtivas que permitam a reprodução permanente das espécies aquáticas animais

ou vegetais que tenham no mar seu normal ou mais freqüente meio de vida, bem como sua

regeneração completa, e que possibilitem à população local viver em condições de crescente

qualidade e dignidade.

2. Metas a Serem Alcançadas

A sobrevivência dos extrativistas pertencentes à Reserva Extrativista Marinha de

Arraial do Cabo será baseada nas fontes produtivas que não destruam o equilíbrio ambiental e

assim permitam sua preservação para as presentes e futuras gerações. Entre as distintas

atividades produtivas dos extrativistas encontram-se o aproveitamento dos recursos

pesqueiros das modalidades de pesca artesanal, mergulho profissional, pesca subaquática

amadora, pesca esportiva, esportes náuticos, ecoturismo, aqüicultura, beneficiamento de

pescado, comercialização e fiscalização.

3. Direitos e Responsabilidades na Execução do Plano

Page 45: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

45

3.1 – Todos os extrativistas, na qualidade de co-autores e co-gestores na

Administração da Reserva, de forma coletiva ou individual, são responsáveis pela execução

do presente Plano de Utilização.

3.2 – A responsabilidade de resolver os problemas decorrentes da execução deste

Plano será da Diretoria e Conselho Deliberativo da Associação e do IBAMA, de acordo com a

situação.

Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 1/6 O texto é cópia do publicado no DO.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO

AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO

NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS POPULAÇÕES

TRADICIONAIS – CNPT RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO

CABO – RESEXMAR AC

3.3 – Compete ao IBAMA e AREMAC, nos termos das normas ambientais e de pesca,

eleger o maior interesse social no uso sustentado dos recursos naturais como critério para

diminuir conflitos a bem da sua conservação.

4. Intervenções Extrativistas na RESEX Marinha de Arraial do Cabo

4.1 – É permitida a pesca artesanal de canoa, de mergulho, subaquática amadora,

esportiva, científica e profissional. Entretanto, todos os usuários, de acordo com as

modalidades e no que couber, devem estar em dia com o Ministério da Marinha, Ministério do

Trabalho, Ministério da Previdência Social, IBAMA e outros órgãos vinculados, bem como

com a AREMAC, mediante pagamento anual de taxa, estabelecida em Assembléia.

4.2 – É proibido pescar com redes de fio de nylon (monofilamento), conhecidas como:

de malha laça, de caída, de espera, caiçara, três malhos, caçoeira, cunvineira, traineira (cerco).

4.3 – É proibido pescar com redes de arrasto, de portas, arrasto de parelha, arrasto de

meia água, bem como usar explosivos e substâncias tóxicas.

4.4 – Todas as embarcações que operam dentro da Reserva são obrigadas a apresentar

ao IBAMA o Mapa de Bordo e a Relação de Captura.

4.5 – É proibido o mergulho noturno de qualquer modalidade.

4.6 – A lista de peixes, moluscos e crustáceos com seus respectivos tamanhos mínimos

constantes neste Plano (anexa) e no ordenamento pela AREMAC, deverão ser respeitados por

todos os pescadores profissionais.

5. Intervenções da Pesca de Canoa

Page 46: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

46

5.1 – É permitida a pesca de canoas (cerco) de acordo com as normas de “direito de

vez” que regula a “corrida das canoas” e suas respectivas “marcas de pescaria”, em

consonância com a legislação municipal e federal e ainda respeitando os acordos

estabelecidos entre as “companhas” devidamente registradas em ata pela AREMAC.

5.2 – Durante o cerco fica proibido tarrafear a menos de 500 m deste.

5.3 – Fica obrigatório o uso de sinalização luminosa das redes durante o cerco noturno

na “Prainha”, onde ocorre a passagem de traineiras à noite.

5.4 – As malhas de rede de canoas grandes e redinhas de canoas pequenas devem ter,

no máximo, 200 braças de comprimento por 12 braças de altura, e sua malha deve ter, nas

mangas, entre 10 a 20 mm, e no cópio, entre 10 a 13 mm.

5.5 – A pesca de canoas obedecerá às seguintes regras para os locais abaixo citados:

Praia do Forno: fica proibido o fundeio de embarcação de pesca, exceto para lazer.

Praia da Ilha de Cabo Frio: fica permitido o cerco (cachangar) no saco da Ilha.

Praia Grande: o cerco pode ser feito e refeito enquanto estiver uma canoa junto à rede,

caracterizando a pesca como artesanal e o direito de vez.

6. Intervenções da Pesca de Lula

6.1 – Os extrativistas têm o direito de pescar lula para seu consumo e comercialização,

nos termos do Plano de Manejo que determine a sustentabilidade da produção e das leis

ambientais.

6.2 – A pesca da lula, até novos estudos técnicos, será utilizada nas imediações da

Praia Grande, e em três modalidades, a seguir:

a. Redinhas de Praia ou Arrastão de Lula.

b. Redinha de Armar.

c. Pesca de Pedra.

6.3 – As redes para esta modalidade deverão medir entre 80 a 120 braças de

comprimento e entre 6 a 7 braças de altura. A malha permitida para este aparelho é de 10 mm

para as mangas, e de 10 mm para o cópio.

6.4 – Para manter o estoque, esta modalidade seguirá um cronograma anual, onde

especificará a quantidade de canoas, o horário de saída e chegada e a duração do cerco, que

será aprovado em Assembléia Geral, conjuntamente com o Conselho Deliberativo da

AREMAC.

Page 47: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

47

6.5 – A inclusão de novas canoas, assim como a ordem de inclusão nesta modalidade,

está condicionada à aprovação em Assembléia Geral da AREMAC.

6.6 – Os cercos de lula devem observar uma distância mínima de 20 metros da

“Pescaria de Pedra”.

6.7 – As “Redinhas de Armar” deverão fundear seus botes e canoas a partir da pedra

denominada “Pontinha”, em direção à “Ponta da Cabeça”, sempre obedecendo à ordem de

chegada no ponto pesqueiro.

6.8 – Para a “Pescaria de Pedra” não será permitido a pesca antes do primeiro ponto

pesqueiro, caso já tenha “Redinha de Lula” no local.

Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 2/6 O texto é cópia do publicado no DO.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO

AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO

NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS POPULAÇÕES

TRADICIONAIS – CNPT RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO

CABO – RESEXMAR AC

7. Intervenções da Pesca de Traineiras

7.1 – Para a pesca de traineiras, os pescadores deverão obedecer às normas ambientais;

estar registrados em Arraial do Cabo, obedecer os locais permitidos e pagar uma taxa para a

AREMAC, estabelecida em ata.

7.2 – Para o exercício desta modalidade no interior da Reserva, as embarcações

extrativistas deverão ter, no máximo, 8 TAB (oito toneladas de arqueação bruta).

7.3 – As redes para esta modalidade deverão ter, no máximo, 220 braças de

comprimento e 20 braças de altura, de malha entre 10 e 14 mm. Não é permitido o uso de

redes três malhos com sacador e anilhas.

7.4 – Fica limitada a inclusão de no máximo 5 (cinco) traineiras de Cabo Frio para

atividade dentro da Reserva, devendo obrigatoriamente seguir as normas estabelecidas neste

Plano de Utilização, ter como proprietário um pescador, e obrigatoriamente descarregar o

pescado no Cais de Arraial do Cabo.

7.5 – As traineiras deverão obedecer as seguintes restrições de local:

Praia Grande: é proibido o cerco da “Ponta da Cabeça” para a terra até o “Afonso”,

respeitando o limite de 10 a 12 metros de profundidade.

Page 48: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

48

Ilha dos Franceses: o cerco deverá manter uma distância mínima de 150 metros da

pedra, no entorno da Ilha.

Maramutá: enquanto tiver canoa de linha no ponto, não poderá haver cerco e fundeio.

Prainha: durante o dia, se houver canoa no ponto, fica proibido o cerco no “Saco da

Graçainha” para a praia.

Praia do Pontal: é proibido o fundeio e o cerco a menos de 200 metros da praia durante

o dia.

Praia dos Anjos: quando houver canoa no ponto, fica proibido o cerco entre a praia e a

“Pedra Lisa”, dentro da Enseada dos Anjos”.

Praia da Ilha de Cabo Frio: sempre que houver canoa ao largo da Ilha fica proibido o

cerco de traineira. Quando ocorrer o cerco, este só será permitido a uma distância de 200

metros do costão.

Praia do Forno: só será permitido o cerco de traineiras dos “Dois Vigias” para fora da

enseada, quando não houver canoa no ponto.

8. Intervenções para a Captura de Sardinha Verdadeira

8.1 – A pesca da Sardinha Verdadeira pode ser realizada por todos os pescadores

artesanais tradicionais. Quanto à frota atuneira, implica o cumprimento das normas pesqueiras

e ambientais no interior da Unidade de Conservação.

8.2 – No período de defeso, os pescadores da Reserva poderão iscar e vender isca viva.

9. Intervenções para a Pesca Subaquática Profissional

9.1 – Os extrativistas têm o direito à extração de Crustáceos, Moluscos e Peixes

existentes na Reserva. Essa extração é restrita a pescadores que se dediquem ao mergulho

profissional, registrados, autorizados e em dia com a AREMAC e o IBAMA, e devidamente

habilitados. A autorização de extração ou apanha, dimensões, quantidades, horários, local de

desembarque e locais permitidos será concedida em Assembléia Geral, em caráter permanente

ou temporário, e cumprirão as obrigações especificadas pelas normas ambientais.

9.2 – Por ser área de preservação permanente, fica proibida a captura de peixes

ornamentais, corais e invertebrados utilizados para ornamentação.

9.3 – O Mergulho profissional fica restrito do período de 07h00 às 13h00 para os

mergulhadores de Arraial do Cabo, e das 09h00 às 13h00 para os mergulhadores de Cabo

Frio, sendo proibido para todos o mergulho noturno. Deve ser respeitada a ordem de chegada,

tendo preferência àquele que chegar primeiro ao ponto pesqueiro.

Page 49: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

49

9.4 – É proibida a captura de lagosta com o uso de compressor.

9.5 – Os mergulhadores são obrigados a respeitar os seguintes tamanhos mínimos de

captura:

Polvo: 1 kg.

Cavacos: 300 g.

Badejo: 1,5 kg.

Cherne: 2 kg.

Garoupa: 2 kg.

Obs.: tolera-se a margem de 200 g por indivíduo capturado.

9.6 – Após a captura os mergulhadores deverão refazer as tocas dos pesqueiros de

lagostas, polvos e peixes, ficando a descarga obrigatória no Cais de Arraial do Cabo.

Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 3/6 O texto é cópia do publicado no DO.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO

AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO

NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS POPULAÇÕES

TRADICIONAIS – CNPT RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO

CABO – RESEXMAR AC

9.7 – Não é permitido o mergulho do “Boqueirão” para dentro da Ilha, em direção às

“Prainhas”, quando houver canoas nos pontos pesqueiros.

9.8 – É obrigatório o afastamento de, no mínimo, 30 metros das embarcações de linha.

9.9 – Não é permitido o mergulho no local denominado “Saco da Graçainha”.

9.10 – Aos domingos fica proibida a Pesca Subaquática Profissional para descanso dos

pesqueiros.

9.11 – As modalidades de mergulho poderão ser suspensas, de acordo com vistoria

periódica dos pontos de mergulho e resultados de trabalhos de pesquisa e programas de

monitoramento.

10. Intervenções para a Aqüicultura

10.1 – A aqüicultura no interior da Reserva destina-se a intensificar o cultivo e obter o

aumento da produção, através de um Plano de Desenvolvimento, que inclui o melhoramento

genético, suplementação alimentar e programas de desenvolvimento econômico produtivo,

com constante aperfeiçoamento nas técnicas, em busca de uma melhor produtividade,

combinada com o meio ambiente.

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10.2 – Todos os aqüicultores deverão ser cadastrados pela AREMAC, e cumprirão as

obrigações especificadas pelas normas da mesma e das normas ambientais.

10.3 – As firmas aqüicultoras pagarão anuidade estipulada pela AREMAC.

10.4 – Os projetos serão analisados e liberados pelo Diretor da RESEX e,

posteriormente, ouvida a AREMAC quanto aos locais de implantação dos mesmos.

11. Intervenções para a Pesca Esportiva e Pesca Subaquática Amadora

11.1 – É permitida a pesca esportiva no interior da Reserva, desde que acompanhada

de guias e embarcações devidamente credenciadas pela EMBRATUR / IBAMA / AREMAC.

11.2 – É permitida a pesca esportiva de embarcações classificadas como G2J ou G2M,

e pertencentes a moradores residentes.

11.3 – Fica estabelecido o limite de 30 kg de pescado para cada embarcação engajada

na pesca esportiva.

11.4 – Para as práticas de Pesca Subaquática Amadora, os desportistas deverão ser

cadastrados na AREMAC, recolher anuidade e só poderão mergulhar por mais de 60

(sessenta) dias consecutivos àqueles filiados a AREMAC. Obs.: ficam isentos da anuidade os

desportistas tradicionais, respeitando as áreas proibidas no entorno da Ilha.

11.5 – Os praticantes da Pesca Subaquática Amadora deverão obrigatoriamente

obedecer a lista de espécies proibidas e a lista de tamanhos mínimos de captura divulgada e

atualizada pela AREMAC.

11.6 – As competições de Pesca Subaquática Amadora, nacionais e internacionais, no

interior da Reserva, serão realizadas em parceria com a Confederação Nacional de Atividades

Subaquáticas, sendo arrendadas embarcações de associados da AREMAC.

12. Intervenções no Controle do Ecoturismo e Esportes Náuticos

12.1 – Os projetos e/ou programas de turismo serão administrados pela AREMAC,

com parceria, quando necessário, com outros órgãos e entidades a ela filiadas, vinculados (as)

ao turismo, com observância à disciplina do pessoal a bordo, embarcação apta a operar, com

equipamentos e materiais adequados para as operações de turismo.

12.2 – Os barcos deverão ainda ser acompanhados por pessoas treinadas na

conscientização pública para a educação e preservação do meio ambiente (Guias de Pesca

Amadora e Turismo).

12.3 – A AREMAC criará um fundo financeiro para o ecoturismo, com as

arrecadações de taxas, filmagens, produtos e outros.

Page 51: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

51

12.4 – Os esportes náuticos serão permitidos nas praias pela AREMAC, observadas as

normas municipais e estaduais.

12.5 – As firmas e pessoas físicas que instalarem nas praias atividades recreativas que

cobrarem ingressos pagarão taxa estipulada pela AREMAC.

13. Intervenções das Embarcações de Pesca Industrial e Plataformas

13.1 – As embarcações de pesca empregadas na extração e transporte de recursos

pesqueiros deverão respeitar os regulamentos de tráfego marítimo e fundeio, e a conservação

e preservação do meio ambiente.

13.2 – Todas as categorias de embarcações fundeadas no interior da Reserva deverão

recolher as taxas de fundeio de acordo com a tabela do IBAMA em vigor.

13.3 – O atuneiros deverão apresentar-se ap IBAMA/RESEX na entrada e na saída da

Reserva, objetivando vistoria das tinas de isca viva.

Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 4/6 O texto é cópia do publicado no DO.

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CABO – RESEXMAR AC

14. Fiscalização da Reserva

14.1 – Cada extrativista é um fiscal da Reserva como um todo, cabendo a qualquer um

denunciar à Diretoria da AREMAC ou ao IBAMA irregularidades que estejam sendo

praticadas dentro ou no entorno da Reserva.

14.2 – A fiscalização e proteção da Reserva será realizada por uma Comissão

composta por membros da AREMAC e fiscais do IBAMA, juntamente com outros Órgãos e

Fiscais Colaboradores.

14.3 – Caberá também ao Conselho Deliberativo auxiliar na fiscalização, ficando com

a incumbência de aconselhar a Diretoria da Associação, deliberando sobre os casos omissos.

14.4 – A AREMAC orientará os associados para que este Plano de Utilização seja

respeitado e cumprido.

15. Penalidades

Page 52: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

52

15.1 – Ao não cumprimento de qualquer das normas constantes do presente Plano de

Utilização, fica o infrator, no ato da comprovação da irregularidade, sujeito às seguintes

penalidades, julgadas e aplicadas pela Comissão mencionada no art. 14.2.

a. Advertência verbal;

b. Advertência por escrito;

c. Embargo das atividades (paralisação);

d. Perda da concessão de uso.

15.1 – O extrativista que considerar injusta alguma penalidade que lhe for imposta

poderá recorrer ao Conselho Deliberativo da AREMAC. No caso de uma defesa não ser

acatada, o extrativista poderá ainda recorrer ao IBAMA.

15.2 – Além das punições constantes deste Plano de Utilização, os extrativistas e a

AREMAC estarão sujeitos às penas da Lei Ambiental, imposta pelo IBAMA.

16. Disposições Gerais

16.1 – O presente Plano de Utilização fica sujeito a alterações de qualquer de suas

normas, sempre que o aparecimento de novos conhecimentos e novas tecnologias possam

contribuir para a melhoria do processo de consolidação da Reserva Extrativista Marinha de

Arraial do Cabo, ou a qualquer tempo, seja por problemas causados por ocasião da execução

do Plano de Desenvolvimento ou mesmo do próprio Plano de Utilização.

16.2 – As propostas para alterações no Plano de Utilização poderão ser feitas

formalmente pelos Grupos que desenvolvem atividades na Reserva, à Presidência da

AREMAC e, se acatadas pelo Conselho Deliberativo, serão colocadas para votação em

Assembléia Geral. Se forem aprovadas, serão encaminhadas ao IBAMA para análise e

aprovação.

16.3 – As propostas de alteração do Plano não podem entrar em conflito com as

finalidades e filosofia da Reserva.

16.4 – O não cumprimento do presente Plano de Utilização significa quebra de

compromisso, e resultará na perda do direito de utilizar a Reserva, nos termos e penalidades

estabelecidas neste Plano.

16.5 – Por razões de ordem técnica, os Planos de Manejo da Reserva poderão ser, em

qualquer tempo, suspensos, restringidos ou condicionados pelo IBAMA.

Page 53: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

53

16.6 – A pesquisa com fotografia, filmagens e coleta de material genético no interior

da Reserva só poderão ser realizadas mediante a autorização expressa do IBAMA, após ouvir

a Associação.

16.7 – Os registros, permissões e outros documentos emitidos pelo IBAMA serão

analisados e terão parecer dos técnicos da RESEX, salvo em caso de não competência destes

sobre a matéria.

16.8 – As carteiras dos pescadores profissionais da Reserva serão assinadas pelo

diretor da RESEX, respeitando a legislação específica.

16.9 – As marinas e empreendimentos que utilizam o espaço da Reserva e venham a

cobrar taxas de terceiros, serão submetidas a pagamento de trinta por cento (30%) do

arrecadado.

17. Direito à Fiscalização

Conforme estabelecido neste Plano de Utilização da Reserva Extrativista Marinha de

Arraial do Cabo, cabe à Associação, em conjunto com o IBAMA, realizar a fiscalização,

monitoramento e zoneamento da Reserva. Conforme o artigo 14, cada pescador é um fiscal da

sua e das outras modalidades, e existe uma Comissão de Proteção da Reserva, com o objetivo

de apoiar a Associação nessa tarefa.

Nesse sentido, o IBAMA promoverá treinamento dos pescadores de forma a capacitá-

los e credenciá-los na atividade de fiscalização.

Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 5/6 O texto é cópia do publicado no DO.

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CABO – RESEXMAR AC

Esses treinamentos terão como base o parágrafo 2o do art. 70 da Lei de Crimes

Ambientais e a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA (no 003/88,

de 16/03/88), que dá poderes a entidades civis com finalidade ambientalista de, pelo sistema

de mutirão ambiental, participar da fiscalização de Unidades de Conservação, lavrando autos

de constatação, circunstanciados, cujo modelo será fornecido pelo IBAMA.

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Lista de Espécies de Peixes Proibidas para a Pesca Subaquática Amadora

Nome Científico Nome Vulgar

Scarus coelestinus Budião ou papagaio azul

Scarus sp. Budião ou papagaio rei

Sparisoma rubripinne Budião ou papagaio batata

Sparisoma aff. viride Budião ou papagaio vermelho

Sparisoma atomarium Budião ou papagaio verde

Acanthurus bahianus Cirurgião verde

Acanthurus chirurgus Cirurgião preto

Acanthurus coeruleus Cirurgião azul

Pomacanthus paru Frade

Holacanthus ciliaris Ciliaris

Holacanthus tricolor Tricolor

Budianus rufus Budião azul-amarelo

Budianus pulchelus Budião vermelho-amarelo

Halichoeres aff. radiatus Sabonete

Mola mola Peixe Lua

Balistes vetula Cangulo Rei

Fistularia tabacaria Trombeta

Manta birostris Jamanta

Myliobatis goodei Raia sapo

Rhinoptera bonasus Raia morcego

Aetobatus narinari Raia chita

Dasyatis americana Raia manteiga

Narcine brasiliensis Treme-treme

Rhinobathus langinosus Cação viola

Ginglymostoma cirratum Lambaru

Diodon flystrix Baiacu de espinho cinza

Lactophrys quadricornis Peixe cofre

Lactophrys polygonia Peixe cofre

Gymnothorax funebris Moréia verde

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55

Gymnothorax vicinus Moréia pintada

Gymnothorax moringa Moréia pintada

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CABO – RESEXMAR AC

Plano de Utilização da RESEXMAR AC

Diário Oficial - República Federativa do Brasil

Seção 1, No 34, segunda-feira, 22 de fevereiro de 1999.

Ministério do Meio Ambiente

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Portaria No 17-N, de 18 de fevereiro de 1999.

O PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS

RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA, no uso das atribuições que lhe são

conferidas pela Lei no 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, pelo art. 24 do Anexo I do Decreto

no 78, de 05 de abril de 1991 e pelos incisos II e XIV do art. 83, capítulo IV do Regimento

Interno aprovado pela Portaria no 445, de 16 de agosto de 1989, do Ministério do Interior,

com fundamento no Decreto no 98.897, de 30 de janeiro de 1990; e:

Considerando que a Associação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo –

AREMAC apresentou ao IBAMA um Plano de Utilização da referida Reserva; e

Considerando o disposto no § 2o do Art. 4o do Decreto no 98.897, de 30 de janeiro de

1990, resolve:

Art. 1o – Aprovar o Plano de Utilização da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do

Cabo, constante do Anexo I à presente Portaria;

Art. 2o – Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

EDUARDO DE SOUZA MARTINS

ANEXO I

RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO CABO – RJ

PLANO DE UTILIZAÇÃO

Page 56: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

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1. Finalidade do Plano

1.1 – Este Plano objetiva assegurar a sustentabilidade da Reserva Extrativista Marinha

de Arraial do Cabo mediante a regularização da utilização dos Recursos Naturais e dos

comportamentos a serem seguidos pela população extrativista no que diz respeito às

condições técnicas e legais para a exploração racional da fauna marinha. Está aqui contida a

relação das condutas não predatórias incorporadas à cultura dos extrativistas, bem como as

demais condutas que devem ser seguidas para cumprir às legislações ambientais.

1.2 – Objetiva ainda este Plano manifestar ao IBAMA o compromisso dos extrativistas

de respeitar a Legislação Ambiental e o Plano de Utilização.

1.3 – O presente Plano tem como finalidade servir de guia para que os extrativistas

realizem suas atividades dentro de critérios de sustentabilidade econômica, ecológica e social.

O conceito de “sustentabilidade” é definido aqui como a implantação e a consolidação de

atividades produtivas que permitam a reprodução permanente das espécies aquáticas animais

ou vegetais que tenham no mar seu normal ou mais freqüente meio de vida, bem como sua

regeneração completa, e que possibilitem à população local viver em condições de crescente

qualidade e dignidade.

2. Metas a Serem Alcançadas

A sobrevivência dos extrativistas pertencentes à Reserva Extrativista Marinha de

Arraial do Cabo será baseada nas fontes produtivas que não destruam o equilíbrio ambiental e

assim permitam sua preservação para as presentes e futuras gerações. Entre as distintas

atividades produtivas dos extrativistas encontram-se o aproveitamento dos recursos

pesqueiros das modalidades de pesca artesanal, mergulho profissional, pesca subaquática

amadora, pesca esportiva, esportes náuticos, ecoturismo, aqüicultura, beneficiamento de

pescado, comercialização e fiscalização.

3. Direitos e Responsabilidades na Execução do Plano

3.1 – Todos os extrativistas, na qualidade de co-autores e co-gestores na

Administração da Reserva, de forma coletiva ou individual, são responsáveis pela execução

do presente Plano de Utilização.

3.2 – A responsabilidade de resolver os problemas decorrentes da execução deste

Plano será da Diretoria e Conselho Deliberativo da Associação e do IBAMA, de acordo com a

situação.

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Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 1/6 O texto é cópia do publicado no DO.

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TRADICIONAIS – CNPT RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO

CABO – RESEXMAR AC

3.3 – Compete ao IBAMA e AREMAC, nos termos das normas ambientais e de pesca,

eleger o maior interesse social no uso sustentado dos recursos naturais como critério para

diminuir conflitos a bem da sua conservação.

4. Intervenções Extrativistas na RESEX Marinha de Arraial do Cabo

4.1 – É permitida a pesca artesanal de canoa, de mergulho, subaquática amadora,

esportiva, científica e profissional. Entretanto, todos os usuários, de acordo com as

modalidades e no que couber, devem estar em dia com o Ministério da Marinha, Ministério do

Trabalho, Ministério da Previdência Social, IBAMA e outros órgãos vinculados, bem como

com a AREMAC, mediante pagamento anual de taxa, estabelecida em Assembléia.

4.2 – É proibido pescar com redes de fio de nylon (monofilamento), conhecidas como:

de malha laça, de caída, de espera, caiçara, três malhos, caçoeira, cunvineira, traineira (cerco).

4.3 – É proibido pescar com redes de arrasto, de portas, arrasto de parelha, arrasto de

meia água, bem como usar explosivos e substâncias tóxicas.

4.4 – Todas as embarcações que operam dentro da Reserva são obrigadas a apresentar

ao IBAMA o Mapa de Bordo e a Relação de Captura.

4.5 – É proibido o mergulho noturno de qualquer modalidade.

4.6 – A lista de peixes, moluscos e crustáceos com seus respectivos tamanhos mínimos

constantes neste Plano (anexa) e no ordenamento pela AREMAC, deverão ser respeitados por

todos os pescadores profissionais.

5. Intervenções da Pesca de Canoa

5.1 – É permitida a pesca de canoas (cerco) de acordo com as normas de “direito de

vez” que regula a “corrida das canoas” e suas respectivas “marcas de pescaria”, em

consonância com a legislação municipal e federal e ainda respeitando os acordos

estabelecidos entre as “companhas” devidamente registradas em ata pela AREMAC.

5.2 – Durante o cerco fica proibido tarrafear a menos de 500 m deste.

Page 58: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

58

5.3 – Fica obrigatório o uso de sinalização luminosa das redes durante o cerco noturno

na “Prainha”, onde ocorre a passagem de traineiras à noite.

5.4 – As malhas de rede de canoas grandes e redinhas de canoas pequenas devem ter,

no máximo, 200 braças de comprimento por 12 braças de altura, e sua malha deve ter, nas

mangas, entre 10 a 20 mm, e no cópio, entre 10 a 13 mm.

5.5 – A pesca de canoas obedecerá às seguintes regras para os locais abaixo citados:

Praia do Forno: fica proibido o fundeio de embarcação de pesca, exceto para lazer.

Praia da Ilha de Cabo Frio: fica permitido o cerco (cachangar) no saco da Ilha.

Praia Grande: o cerco pode ser feito e refeito enquanto estiver uma canoa junto à rede,

caracterizando a pesca como artesanal e o direito de vez.

6. Intervenções da Pesca de Lula

6.1 – Os extrativistas têm o direito de pescar lula para seu consumo e comercialização,

nos termos do Plano de Manejo que determine a sustentabilidade da produção e das leis

ambientais.

6.2 – A pesca da lula, até novos estudos técnicos, será utilizada nas imediações da

Praia Grande, e em três modalidades, a seguir:

a. Redinhas de Praia ou Arrastão de Lula.

b. Redinha de Armar.

c. Pesca de Pedra.

6.3 – As redes para esta modalidade deverão medir entre 80 a 120 braças de

comprimento e entre 6 a 7 braças de altura. A malha permitida para este aparelho é de 10 mm

para as mangas, e de 10 mm para o cópio.

6.4 – Para manter o estoque, esta modalidade seguirá um cronograma anual, onde

especificará a quantidade de canoas, o horário de saída e chegada e a duração do cerco, que

será aprovado em Assembléia Geral, conjuntamente com o Conselho Deliberativo da

AREMAC.

6.5 – A inclusão de novas canoas, assim como a ordem de inclusão nesta modalidade,

está condicionada à aprovação em Assembléia Geral da AREMAC.

6.6 – Os cercos de lula devem observar uma distância mínima de 20 metros da

“Pescaria de Pedra”.

Page 59: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

59

6.7 – As “Redinhas de Armar” deverão fundear seus botes e canoas a partir da pedra

denominada “Pontinha”, em direção à “Ponta da Cabeça”, sempre obedecendo à ordem de

chegada no ponto pesqueiro.

6.8 – Para a “Pescaria de Pedra” não será permitido a pesca antes do primeiro ponto

pesqueiro, caso já tenha “Redinha de Lula”no local.

Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 2/6 O texto é cópia do publicado no DO.

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7. Intervenções da Pesca de Traineiras

7.1 – Para a pesca de traineiras, os pescadores deverão obedecer às normas ambientais;

estar registrados em Arraial do Cabo, obedecer os locais permitidos e pagar uma taxa para a

AREMAC, estabelecida em ata.

7.2 – Para o exercício desta modalidade no interior da Reserva, as embarcações

extrativistas deverão ter, no máximo, 8 TAB (oito toneladas de arqueação bruta).

7.3 – As redes para esta modalidade deverão ter, no máximo, 220 braças de

comprimento e 20 braças de altura, de malha entre 10 e 14 mm. Não é permitido o uso de

redes três malhos com sacador e anilhas.

7.4 – Fica limitada a inclusão de no máximo 5 (cinco) traineiras de Cabo Frio para

atividade dentro da Reserva, devendo obrigatoriamente seguir as normas estabelecidas neste

Plano de Utilização, ter como proprietário um pescador, e obrigatoriamente descarregar o

pescado no Cais de Arraial do Cabo.

7.5 – As traineiras deverão obedecer as seguintes restrições de local:

Praia Grande: é proibido o cerco da “Ponta da Cabeça” para a terra até o “Afonso”,

respeitando o limite de 10 a 12 metros de profundidade.

Ilha dos Franceses: o cerco deverá manter uma distância mínima de 150 metros da

pedra, no entorno da Ilha.

Maramutá: enquanto tiver canoa de linha no ponto, não poderá haver cerco e fundeio.

Prainha: durante o dia, se houver canoa no ponto, fica proibido o cerco no “Saco da

Graçainha” para a praia.

Page 60: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

60

Praia do Pontal: é proibido o fundeio e o cerco a menos de 200 metros da praia durante

o dia.

Praia dos Anjos: quando houver canoa no ponto, fica proibido o cerco entre a praia e a

“Pedra Lisa”, dentro da Enseada dos Anjos”.

Praia da Ilha de Cabo Frio: sempre que houver canoa ao largo da Ilha fica proibido o

cerco de traineira. Quando ocorrer o cerco, este só será permitido a uma distância de 200

metros do costão.

Praia do Forno: só será permitido o cerco de traineiras dos “Dois Vigias” para fora da

enseada, quando não houver canoa no ponto.

8. Intervenções para a Captura de Sardinha Verdadeira

8.1 – A pesca da Sardinha Verdadeira pode ser realizada por todos os pescadores

artesanais tradicionais. Quanto à frota atuneira, implica o cumprimento das normas pesqueiras

e ambientais no interior da Unidade de Conservação.

8.2 – No período de defeso, os pescadores da Reserva poderão iscar e vender isca viva.

9. Intervenções para a Pesca Subaquática Profissional

9.1 – Os extrativistas têm o direito à extração de Crustáceos, Moluscos e Peixes

existentes na Reserva. Essa extração é restrita a pescadores que se dediquem ao mergulho

profissional, registrados, autorizados e em dia com a AREMAC e o IBAMA, e devidamente

habilitados. A autorização de extração ou apanha, dimensões, quantidades, horários, local de

desembarque e locais permitidos será concedida em Assembléia Geral, em caráter permanente

ou temporário, e cumprirão as obrigações especificadas pelas normas ambientais.

9.2 – Por ser área de preservação permanente, fica proibida a captura de peixes

ornamentais, corais e invertebrados utilizados para ornamentação.

9.3 – O Mergulho profissional fica restrito do período de 07h00 às 13h00 para os

mergulhadores de Arraial do Cabo, e das 09h00 às 13h00 para os mergulhadores de Cabo

Frio, sendo proibido para todos o mergulho noturno. Deve ser respeitada a ordem de chegada,

tendo preferência àquele que chegar primeiro ao ponto pesqueiro.

9.4 – É proibida a captura de lagosta com o uso de compressor.

9.5 – Os mergulhadores são obrigados a respeitar os seguintes tamanhos mínimos de

captura:

Polvo: 1 kg.

Cavacos: 300 g.

Page 61: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

61

Badejo: 1,5 kg.

Cherne: 2 kg.

Garoupa: 2 kg.

Obs.: tolera-se a margem de 200 g por indivíduo capturado.

9.6 – Após a captura os mergulhadores deverão refazer as tocas dos pesqueiros de

lagostas, polvos e peixes, ficando a descarga obrigatória no Cais de Arraial do Cabo.

Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 3/6 O texto é cópia do publicado no DO.

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AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO

NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS POPULAÇÕES

TRADICIONAIS – CNPT RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO

CABO – RESEXMAR AC

9.7 – Não é permitido o mergulho do “Boqueirão” para dentro da Ilha, em direção às

“Prainhas”, quando houver canoas nos pontos pesqueiros.

9.8 – É obrigatório o afastamento de, no mínimo, 30 metros das embarcações de linha.

9.9 – Não é permitido o mergulho no local denominado “Saco da Graçainha”.

9.10 – Aos domingos fica proibida a Pesca Subaquática Profissional para descanso dos

pesqueiros.

9.11 – As modalidades de mergulho poderão ser suspensas, de acordo com vistoria

periódica dos pontos de mergulho e resultados de trabalhos de pesquisa e programas de

monitoramento.

10. Intervenções para a Aqüicultura

10.1 – A aqüicultura no interior da Reserva destina-se a intensificar o cultivo e obter o

aumento da produção, através de um Plano de Desenvolvimento, que inclui o melhoramento

genético, suplementação alimentar e programas de desenvolvimento econômico produtivo,

com constante aperfeiçoamento nas técnicas, em busca de uma melhor produtividade,

combinada com o meio ambiente.

10.2 – Todos os aqüicultores deverão ser cadastrados pela AREMAC, e cumprirão as

obrigações especificadas pelas normas da mesma e das normas ambientais.

10.3 – As firmas aqüicultoras pagarão anuidade estipulada pela AREMAC.

10.4 – Os projetos serão analisados e liberados pelo Diretor da RESEX e,

posteriormente, ouvida a AREMAC quanto aos locais de implantação dos mesmos.

Page 62: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

62

11. Intervenções para a Pesca Esportiva e Pesca Subaquática Amadora

11.1 – É permitida a pesca esportiva no interior da Reserva, desde que acompanhada

de guias e embarcações devidamente credenciadas pela EMBRATUR / IBAMA / AREMAC.

11.2 – É permitida a pesca esportiva de embarcações classificadas como G2J ou G2M,

e pertencentes a moradores residentes.

11.3 – Fica estabelecido o limite de 30 kg de pescado para cada embarcação engajada

na pesca esportiva.

11.4 – Para as práticas de Pesca Subaquática Amadora, os desportistas deverão ser

cadastrados na AREMAC, recolher anuidade e só poderão mergulhar por mais de 60

(sessenta) dias consecutivos àqueles filiados a AREMAC. Obs.: ficam isentos da anuidade os

desportistas tradicionais, respeitando as áreas proibidas no entorno da Ilha.

11.5 – Os praticantes da Pesca Subaquática Amadora deverão obrigatoriamente

obedecer à lista de espécies proibidas e a lista de tamanhos mínimos de captura divulgada e

atualizada pela AREMAC.

11.6 – As competições de Pesca Subaquática Amadora, nacionais e internacionais, no

interior da Reserva, serão realizadas em parceria com a Confederação Nacional de Atividades

Subaquáticas, sendo arrendadas embarcações de associados da AREMAC.

12. Intervenções no Controle do Ecoturismo e Esportes Náuticos

12.1 – Os projetos e/ou programas de turismo serão administrados pela AREMAC,

com parceria, quando necessário, com outros órgãos e entidades a ela filiadas, vinculados (as)

ao turismo, com observância à disciplina do pessoal a bordo, embarcação apta a operar, com

equipamentos e materiais adequados para as operações de turismo.

12.2 – Os barcos deverão ainda ser acompanhados por pessoas treinadas na

conscientização pública para a educação e preservação do meio ambiente (Guias de Pesca

Amadora e Turismo).

12.3 – A AREMAC criará um fundo financeiro para o ecoturismo, com as

arrecadações de taxas, filmagens, produtos e outros.

12.4 – Os esportes náuticos serão permitidos nas praias pela AREMAC, observadas as

normas municipais e estaduais.

12.5 – As firmas e pessoas físicas que instalarem nas praias atividades recreativas que

cobrarem ingressos pagarão taxa estipulada pela AREMAC.

13. Intervenções das Embarcações de Pesca Industrial e Plataformas

Page 63: AS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DE PESCA PREDATÓRIA EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA

63

13.1 – As embarcações de pesca empregadas na extração e transporte de recursos

pesqueiros deverão respeitar os regulamentos de tráfego marítimo e fundeio, e a conservação

e preservação do meio ambiente.

13.2 – Todas as categorias de embarcações fundeadas no interior da Reserva deverão

recolher as taxas de fundeio de acordo com a tabela do IBAMA em vigor.

13.3 – O atuneiros deverão apresentar-se ap IBAMA/RESEX na entrada e na saída da

Reserva, objetivando vistoria das tinas de isca viva.

Digitalizado em agosto/2003 – RESEXMAR AC 4/6 O texto é cópia do publicado no DO.

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AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA CENTRO

NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS POPULAÇÕES

TRADICIONAIS – CNPT RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO

CABO – RESEXMAR AC

14. Fiscalização da Reserva

14.1 – Cada extrativista é um fiscal da Reserva como um todo, cabendo a qualquer um

denunciar à Diretoria da AREMAC ou ao IBAMA irregularidades que estejam sendo

praticadas dentro ou no entorno da Reserva.

14.2 – A fiscalização e proteção da Reserva será realizada por uma Comissão

composta por membros da AREMAC e fiscais do IBAMA, juntamente com outros Órgãos e

Fiscais Colaboradores.

14.3 – Caberá também ao Conselho Deliberativo auxiliar na fiscalização, ficando com

a incumbência de aconselhar a Diretoria da Associação, deliberando sobre os casos omissos.

14.4 – A AREMAC orientará os associados para que este Plano de Utilização seja

respeitado e cumprido.

15. Penalidades

15.1 – Ao não cumprimento de qualquer das normas constantes do presente Plano de

Utilização, fica o infrator, no ato da comprovação da irregularidade, sujeito às seguintes

penalidades, julgadas e aplicadas pela Comissão mencionada no art. 14.2.

a. Advertência verbal;

b. Advertência por escrito;

c. Embargo das atividades (paralisação);

d. Perda da concessão de uso.

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64

15.1 – O extrativista que considerar injusta alguma penalidade que lhe for imposta

poderá recorrer ao Conselho Deliberativo da AREMAC. No caso de uma defesa não ser

acatada, o extrativista poderá ainda recorrer ao IBAMA.

15.2 – Além das punições constantes deste Plano de Utilização, os extrativistas e a

AREMAC estarão sujeitos às penas da Lei Ambiental, imposta pelo IBAMA.

16. Disposições Gerais

16.1 – O presente Plano de Utilização fica sujeito a alterações de qualquer de suas

normas, sempre que o aparecimento de novos conhecimentos e novas tecnologias possam

contribuir para a melhoria do processo de consolidação da Reserva Extrativista Marinha de

Arraial do Cabo, ou a qualquer tempo, seja por problemas causados por ocasião da execução

do Plano de Desenvolvimento ou mesmo do próprio Plano de Utilização.

16.2 – As propostas para alterações no Plano de Utilização poderão ser feitas

formalmente pelos Grupos que desenvolvem atividades na Reserva, à Presidência da

AREMAC e, se acatadas pelo Conselho Deliberativo, serão colocadas para votação em

Assembléia Geral. Se for aprovadas, serão encaminhadas ao IBAMA para análise e

aprovação.

16.3 – As propostas de alteração do Plano não podem entrar em conflito com as

finalidades e filosofia da Reserva.

16.4 – O não cumprimento do presente Plano de Utilização significa quebra de

compromisso, e resultará na perda do direito de utilizar a Reserva, nos termos e penalidades

estabelecidas neste Plano.

16.5 – Por razões de ordem técnica, os Planos de Manejo da Reserva poderão ser, em

qualquer tempo, suspensos, restringidos ou condicionados pelo IBAMA.

16.6 – A pesquisa com fotografia, filmagens e coleta de material genético no interior

da Reserva só poderão ser realizadas mediante a autorização expressa do IBAMA, após ouvir

a Associação.

16.7 – Os registros, permissões e outros documentos emitidos pelo IBAMA serão

analisados e terão parecer dos técnicos da RESEX, salvo em caso de não competência destes

sobre a matéria.

16.8 – As carteiras dos pescadores profissionais da Reserva serão assinadas pelo

diretor da RESEX, respeitando a legislação específica.

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65

16.9 – As marinas e empreendimentos que utilizam o espaço da Reserva e venham a

cobrar taxas de terceiros, serão submetidas a pagamento de trinta por cento (30%) do

arrecadado.

17. Direito à Fiscalização

Conforme estabelecido neste Plano de Utilização da Reserva Extrativista Marinha de

Arraial do Cabo, cabe à Associação, em conjunto com o IBAMA, realizar a fiscalização,

monitoramento e zoneamento da Reserva. Conforme o artigo 14, cada pescador é um fiscal da

sua e das outras modalidades, e existe uma Comissão de Proteção da Reserva, com o objetivo

de apoiar a Associação nessa tarefa.

Nesse sentido, o IBAMA promoverá treinamento dos pescadores de forma a capacitá-

los e credenciá-los na atividade de fiscalização.

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TRADICIONAIS – CNPT RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE ARRAIAL DO

CABO – RESEXMAR AC

Esses treinamentos terão como base o parágrafo 2o do art. 70 da Lei de Crimes

Ambientais e a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA (no 003/88,

de 16/03/88), que dá poderes a entidades civis com finalidade ambientalista de, pelo sistema

de mutirão ambiental, participar da fiscalização de Unidades de Conservação, lavrando autos

de constatação, circunstanciados, cujo modelo será fornecido pelo IBAMA.

Lista de Espécies de Peixes Proibidas para a Pesca Subaquática Amadora

Nome Científico Nome Vulgar

Scarus coelestinus Budião ou papagaio azul

Scarus sp. Budião ou papagaio rei

Sparisoma rubripinne Budião ou papagaio batata

Sparisoma aff. viride Budião ou papagaio vermelho

Sparisoma atomarium Budião ou papagaio verde

Acanthurus bahianus Cirurgião verde

Acanthurus chirurgus Cirurgião preto

Acanthurus coeruleus Cirurgião azul

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Pomacanthus paru Frade

Holacanthus ciliaris Ciliaris

Holacanthus tricolor Tricolor

Budianus rufus Budião azul-amarelo

Budianus pulchelus Budião vermelho-amarelo

Halichoeres aff. radiatus Sabonete

Mola mola Peixe Lua

Balistes vetula Cangulo Rei

Fistularia tabacaria Trombeta

Manta birostris Jamanta

Myliobatis goodei Raia sapo

Rhinoptera bonasus Raia morcego

Aetobatus narinari Raia chita

Dasyatis americana Raia manteiga

Narcine brasiliensis Treme-treme

Rhinobathus langinosus Cação viola

Ginglymostoma cirratum Lambaru

Diodon flystrix Baiacu de espinho cinza

Lactophrys quadricornis Peixe cofre

Lactophrys polygonia Peixe cofre

Gymnothorax funebris Moréia verde

Gymnothorax vicinus Moréia pintada

Gymnothorax moringa Moréia pintada

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ANEXO II Diário Oficial - República Federativa do Brasil. Imprensa Nacional, Brasília-DF. Ano CXXXV, no 3, Seção 1. Segunda-feira, 6 de janeiro de 1997. Decreto de 3 de janeiro de 1997.

Dispõe sobre a criação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, no Município de Arraial do Cabo, Estado do Rio de Janeiro, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o que dispõe o art. 9º inciso VI, da lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, e o Decreto nº 98.897, de 30 de janeiro de 1990. DECRETA:

Art. 1° Fica criada a Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, no município de Arraial do Cabo, Estado do Rio de Janeiro, compreendendo um cinturão pesqueiro entre a praia de Massambaba, na localidade de Pernambuca e a Praia do Pontal, na divisa com Cabo Frio, incluindo a faixa marinha de três milhas da costa de Arraial do Cabo, conforme a seguinte descrição baseada em coordenadas geográficas aproximadas: Limite Oeste: Lat: Sul 22° 56’ 21” Long. Oeste 042° 18’ 02”- Limite Nordeste: Lat.Sul 22° 56’ 00” Long. Oeste - 041° 55’ 30” Limite Sueste: Lat. Sul - 23° 04’ 00” Long. Oeste 041° 55’ 30” Limite Sudoeste Lat. Sul 23° 04’ 00” Long. Oeste 042° 18’ 02”.

Art. 2° A Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo tem por objeto garantir a exploração auto-sustentável e a conservação dos recursos naturais renováveis, tradicionalmente utilizados para a pesca artesanal, por população extrativista do Município de Arraial do Cabo.

Art. 3° O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA poderá assinar convênios com as organizações legalmente constituídas, tais como cooperativas e associações existentes na reserva, para proteção e administração da Unidade de Conservação de que trata este decreto.

Art. 4° A área da Reserva Extrativista ora criada fica declarada de interesse ecológico e social, conforme preconiza o art. 2 º do decreto nº 98.897, de 30 de janeiro de 1990.

Art. 5° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 03 de janeiro de 1997; 176° da Independência e 109° da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

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