as comissões de Ética: domínios de acção, estratégias de ... · retrospectiva (revisão de...

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M. Patro Neves

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As Comisses de tica:

domnios de aco,

estratgias de interveno

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Ponta Delgada, Centro de Estudos

de Biotica Plo Aores, 1996,

219 pp.

Decorre do curso de

formao para membros

de comisses de tica.

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Coimbra, Grfica de Coimbra,

2002, 592 pp.

Apresenta-se como um

manual para membros

de comisses de tica.

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1. Apontamento histrico

As Comisses de tica:

domnios de aco, estratgias de interveno

2. A realidade portuguesa

3. Das funes atribudas aos desafios assumidos

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Comisses de tica

Apontamento histrico

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Comisses de tica: investigao clnica

1958 - Willowbrook State School

1960-61 (1962) - o caso talidomida

1963 - Jewish Chronic Disease Hospital

1966 - Ethics and Clinical Research de Henry Beecher

1966 - O National Institute of Health (NIH) recomenda a criao de Institutional Review Boards (IRBs)

1972 - Tuskegee Syphilis Study

1974 O Congresso dos Estados Unidos estabelece a criao dos IRBs

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Funes

Avaliao tica de um protocolo de investigao (supervisionar a experimentao com sujeitos humanos), o que inclui:

explicitar os documentos nacionais e internacionais que adoptam e os princpios ticos que seguem;

estabelecer regras de trabalho especficas para uma avaliao uniforme e objectiva dos projectos cientficos;

avaliar esses projectos exclusivamente do ponto de vista tico, isto , de uma relao no violenta e respeitadora entre investigadores e sujeitos de investigao (embora considerando sempre o valor cientfico do projecto como primeiro requisito tico);

acompanhar os projectos em curso;

assegurar-se de que todos os resultados (bons e maus) so publicados (Declarao de Helsnquia, 2000, B-27).

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Comisses

de tica

IECs/CE para a Sade

promoo do bem do paciente

IRBs /CE para a Investigao

Clnica

proteco dos seres humanos

participantes

Comisses de tica

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1962: Gods Committee

1975: o caso Karen Quinlan

1983: o caso Baby Doe

1983: a Presidents Commission estabelece a

obrigao legal dos IECs em todas as

instituies de cuidados de sade

Comisses de tica: assistncia clnica

1975: so regulamentados os Institutional

Ethics Committees (IECs)

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Retrospectiva (reviso de casos): anlise crtica retrospectiva sobre

decises de tratamentos ou prticas, ou casos individuais em que se

tenham levantado questes ticas.

Funes Formativa: sensibilizando os seus profissionais de sade para os

problemas ticos que se lhes deparam quotidianamente e formando-os

no sentido de saberem actuar no respeito do paciente como pessoa na

sua integralidade concreta.

Normativa (poltica): redigindo normas para orientao interna

referentes a formas de actuao que visem preservar a dignidade dos

pacientes, como dos profissionais de sade e melhorar as relaes

entre os primeiros e os segundos e entre estes ltimos.

Consultiva ou de Aconselhamento (anlise de casos): apresentados

Comisso por mdicos, enfermeiras ou pacientes, e em cuja discusso

devem prevalecer as preocupaes ticas sobre as jurdicas.

Comisses de tica: assistncia clnica

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Comisses de tica:

apontamento histrico

As Comisses de tica, quer para a

Investigao Clnica, quer para a Sade,

nasceram por presso da sociedade, tendo

em ateno a necessidade tica de proteo

dos participantes em projectos de

investigao e de preservao do bem da

pessoa doente (bottom-up).

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Comisses de tica

A realidade portuguesa

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1994: existncia de comisses de tica em 17% das instituies de sade pblica (Queiroz e Melo et al., 1995)

2002: existncia de comisses de tica em 70,7% das instituies de sade pblica (R. Nunes et al., 2001)

1986: Hospital da Universidade de Coimbra

1988: Hospitais de S. Joo, no Porto, e de Santa Maria, em Lisboa

1989: Instituto Portugus de Oncologia

Comisses de tica em Portugal

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Comisses de tica em Portugal 1994: Decreto-Lei n. 97/94 de 9 de Abril, Ensaios Clnicos

Artigo 7.

Autorizao

1 A realizao de ensaios clnicos carece de autorizao prvia, a conceder pelo

rgo de administrao da instituio em que se realize, a requerimento do

promotor, observadas as seguintes condies:

a) Nas instituies e servios de sade pblicos, mediante parecer favorvel da

comisso de tica e do director do servio onde se pretende realizar o ensaio;

b) Nas unidades privadas de sade, mediante parecer favorvel da comisso de

tica.

2 Nos estabelecimentos ou unidades de sade onde no exista comisso de tica

no pode ser autorizada a realizao de ensaio. []

Artigo 8.

Comisses de tica

1 comisso de tica cabe pronunciar-se sobre os pedidos de autorizao para a

realizao de ensaios clnicos e fiscalizar a respectiva execuo, em especial no

que respeita aos aspectos ticos e segurana e integridade dos sujeitos do ensaio

clnico. []

3 A composio, a competncia e o modo de funcionamento das comisses de tica

so definidos em diploma prprio.

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Artigo 1 Comisses de tica para a sade

2- s CES cabe zelar pela observncia de padres de tica no exerccio

das cincias mdicas, por forma a proteger e garantir a dignidade e

integridade humanas, procedendo analise e reflexo sobre temas da

prtica mdica que envolvam questes de tica.

Artigo 2

Composio

1- As CES tm uma composio multidisciplinar e so constitudas por

sete membros, designados de entre mdicos, enfermeiros, farmacuticos,

juristas, telogos, psiclogos, socilogos ou profissionais de outros reas das

cincias sociais e humanas.

Comisses de tica em Portugal

1995: Decreto-Lei n. 97/95 de 10 de Maio, Comisses de tica para a Sade

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Artigo 6

Competncias

1- Compete s CES:

a) Zelar, no mbito do funcionamento da instituio ou servio de sade respectivo, pela

salvaguarda da dignidade e integridade humanas;

b) Emitir, por sua iniciativa ou por solicitao, pareceres sobre questes ticas no domnio

das actividades da instituio ou servio de sade respectivo;

c) Pronunciar-se sobre os protocolos de investigao cientfica nomeadamente os que se

refiram a ensaios de diagnsticos ou teraputica e tcnicas experimentais que envolvem

seres humanos e seus produtos biolgicos, celebrados no mbito da instituio ou servio

de sade respectivo;

d) Pronunciar-se sobre os pedidos de autorizao para a realizao de ensaios clnicos da

instituio ou servio de sade respectivo e fiscalizar a sua execuo, em especial no que

respeita aos aspectos ticos e segurana e integridade dos sujeitos do ensaio clnico;

e) Pronunciar-se sobre a suspenso ou revogao da autorizao para a realizao de

ensaios clnicos na instituio ou servio de sade respectivo;

f) Reconhecer a qualificao cientfica adequada para a realizao de ensaios clnicos,

relativamente aos mdicos da instituio ou servio de sade respectivo;

g) Promover a divulgao dos princpios gerais da biotica pelos meios adequados,

designadamente atravs de estudos, pareceres ou outros documentos, no mbito dos

profissionais de sade da instituio ou servio de sade respectivo.

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As Comisses de tica em Portugal nasceram

por presso da indstria farmacutica, tendo em

ateno a necessidade econmica de expanso da

realizao de ensaios clnicos e da necessidade

legal de defesa da indstria (top-down), segundo

um designado modelo misto.

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realidade portuguesa

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Comisses de tica

das funes atribudas

aos desafios assumidos

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Tm-se verificado desenvolvimentos importantes na tica da

investigao clnica (e no no da tica assistencial). A maioria das

competncias das CES (de 1995) foram tacitamente revogadas por:

- Lei n. 46/2004, de 19 de Agosto, que aprova o regime jurdico aplicvel

realizao de ensaios clnicos com medicamentos de uso humano

[revogada];

- Portaria n. 57/2005, de 20 de Janeiro que aprova a composio, o

funcionamento e financiamento da Comisso de tica para a Investigao

Clnica/CEIC [revogada];

- Lei n. 21/2014, de 16 de Abril, que aprova a lei da investigao clnica;

- Portaria n. 64/2015, de 6 de Maro, que estabelece as normas de

funcionamento da Rede Nacional das Comisses de tica para a

Sade(RNCES);

- Portaria n. 135-A/2014, de 1 de Julho que aprova a composio, o

funcionamento e as regras de financiamento, bem como a articulao entre a

Comisso de tica para a Investigao Clnica (CEIC) e as Comisses de

tica para a Sade (CES).

Comisses de tica: funes e desafios

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A nica evoluo relativamente s CES a sua possvel

acreditao como Comisses de tica Competentes/CEC,

acantonando-as mais uma vez no domnio da investigao

clnica (corroborado pelo facto de ser a a CEIC a dinamizar

a RNCES) e exigindo desempenho para os quais no

dispem de meios.

A CEIC est a preparar uma Portaria para a rede das CES,

a sair muito proximamente. S a partir de ento sero

estabelecidos os requisitos mnimos para as CES poderem

ser consideradas CEC.

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No presente contexto considero necessrio que as

CES desenvolvam plenamente as funes especficas

que lhes esto atribudas:

- formativa

- normativa

- consultiva ou de aconselhamento

- retrospectiva

- (apreciao de estudos clnicos)

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No presente contexto considero necessrio que as CES

assumam plenamente os desafio que se lhes colocam:

- valorizar as CES atravs do reforo das competncias

dos seus membros e da disponibilizao institucional

das condies elementares para uma interveno

pertinente na instituio;

- pressionar a reviso do Decreto-Lei n 97/95, de 10 de

Maio, adequando a legislao realidade actual das

CES e reforando as suas competncias no plano

assistencial.

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Obrigada

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