as 3 cores da comunidade

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Como as 7 Qualidades Comunitárias de pequenos grupos saudáveis podem ajudar você a superar os 7 Pecados Capitais Autor: Christian A. Schwarz As 3 Cores da Comunidade apresenta uma maneira nova de olhar para os pequenos grupos. Em vez de estar preocupado com os aspectos técnicos do ministério de grupos pequenos, o livro centra-se nas qualidades que são fundamentais para qualquer tipo de comunidade cristã, seja uma família, uma reunião de oração, um grupo de estudo bíblico, um mutirão ou um coral.

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Page 1: AS 3 CORES DA COMUNIDADE
Page 2: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

RECURSOS PRÁTICOS DO DNI

Page 3: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

As 3 Cores da Comunidade

Como as 7 Qualidades Comunitárias de pequenos grupos saudáveis podem ajudar

você a superar os 7 Pecados CapitaisTradução: Cláudia Gil

Curitiba2014

Christian A. Schwarz

RECURSOS PRÁTICOS DO DNI

Page 4: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

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Ao escrever sobre a comunidade ideal, muitos autores a comparam com uma família.Concordo. A família é um maravilhoso modelo de unidade em diversidade, inclusive as

tensões que podem resultar da tradução desses dois conceitos ao essencial da realidade de nossas vidas diárias.

Família implica em confiança. Família implica em conflito.Família implica em constante aprendizado, e em um doloroso processo de crescimento.Implica em descobrir coisas de nós mesmos que não seríamos capazes de descobrir por

nossa conta, inclusive o lado negro de nossa personalidade. Família implica em acender uma luz reveladora que pode tanto aquecer quanto queimar.

E mais do que qualquer coisa, é exatamente o que precisamos em nossas igrejas.Dedico este livro a Chiara Laetitia, o mais jovem membro de nossa família.

Oro para que, enquanto o ambiente protegido de nossa família dê a você estabilidade, pos-samos proporcionar-lhe desafios suficientes que a ajudarão a treinar seus músculos mentais,

emocionais e espirituais.

C.A.S.

As 3 cores da comunidadeComo as 7 Qualidades Comunitárias de pequenos grupos saudáveis

podem ajudar você a superar os 7 Pecados CapitaisTítulo do original: The 3 Colors of Community© 2012 por Christian A. Schwarz, NCD Media, Emmelsbüll, Alemanha© 2014 Editora Evangélica EsperançaLayout e Gráficos: Christian A. SchwarzGráficos das págs. 41, 49, 57, 65, 73, 81 e 89: Sheree HanburyTradução: Cláudia GilRevisão: Josiane Zanon MoreschiEdição: Sandro Bier

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Schwarz, Christian A. As 3 cores da comunidade : como as 7 qualidades comunitárias de pequenos

grupos saudáveis podem ajudar você a superar os 7 pecados capitais / Christian A. Schwarz ; tradução Cláudia Gil. - - Curitiba : Editora Esperança, 2014.

Título original: The 3 Colors of CommunityISBN 978-85-7839-106-51. Espiritualidade 2. Formação cristã 3. Formação humana 4. Orações

5. Pecados capitais 6. Vida cristã I. Título

14-11235 CDD-248.4Índice para catálogo sistemático:

1. Comunidades cristãs : Vida cristã 247.4

Proibida a reprodução do livro ou parte dele.Por trás de todos os livros da série Desenvolvimento Natural da Igreja há dispendiosos projetos de pesquisa que o Instituto para o Desenvolvimento Natural da Igreja desenvolveu nos cinco continentes. Os custos deste

desenvolvimento são cobertos exclusivamente com a venda destes livros. Quem divulga os materiais de apoio por meio de fotocópias compromete a continuidade do trabalho de edificação da igreja feito pelo instituto, especialmente

em países fora do mundo ocidental.

Page 5: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

5Sumário

As 3 Cores da comunidadeIntrodução: Vamos falar sobre céu e inferno................................4

Parte 1: A essência da comunidade cristã —Por que temos que enfrentar os Sete Pecados Capitais..........7Um pequeno grupo é um grupo que é pequeno.........................8O que torna um pequeno grupo integral?..................................11Pecado – o rompimento da comunidade....................................15Os Sete Pecados Capitais e a comunidade cristã........................18Visões orientais e ocidentais do pecado...................................23Aproveitando as energias por trás dos pecados capitais..............27Por que não é suficiente dizer “não” ao pecado........................31Consumidores cristãos ou discípulos?.......................................35

Parte 2: As Sete Qualidades Comunitárias —como abordar os Sete Pecados Capitais.......................................39Um caminho que nos afasta do orgulho...................................40Um caminho que nos afasta da gula........................................48Um caminho que nos afasta da inveja......................................56Um caminho que nos afasta da avareza...................................64Um caminho que nos afasta da ira...........................................72Um caminho que nos afasta da preguiça..................................80Um caminho que nos afasta da luxúria.....................................88O Teste Comunitário : Qual é a sua maior energia?......................96Como avaliar o Teste Comunitário..........................................101Como proceder.......................................................................103

Parte 3: Deixe a luz brilhar —criando uma comunidade que muda vidas..............................107Pecado como ausência de luz...............................................108Abordando os pecados capitais dentro

do pequeno grupo...............................................................112Dinâmica de Mudança Espiritual............................................117Identificando as diferentes vozes dentro de você...................121Compreendendo suas vozes interiores....................................127Formando sua equipe interior.................................................131Estabelecendo grupos mais integrais......................................136Comunidade cristã – um vislumbre do céu.............................141

Sumário

Page 6: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

6 Introdução

Introdução: Vamos falar sobre céu e inferno

No princípio foi um desastre – a pasta na qual eu tinha guar-dado todos os insights que havia coletado sobre ministério de pequenos grupos por muitos anos tinha sido deletada.

Essas coisas acontecem e é a razão pela qual criamos os backups. Porém, justamente neste ponto é que meu disco de backup ficou inacessível. E meus backups anteriores, devido a um mal-enten-dido, foram apagados.Nenhuma loja de computadores, nenhum especialista, nenhum serviço de emergência pode me ajudar. Os arquivos foram perdi-dos – para sempre.Um ponto sem voltaPara mim, essa perda de dados foi o pior acidente possível. Se todo o disco rígido fosse destruído, poderíamos administrar depois de algum tempo reconstruindo o sistema com um novo disco rígido. Se nossa casa quei-masse, de alguma maneira encontraríamos um apartamento adequado para compensar a perda. Se a economia mundial entrasse em colapso, aprenderíamos a reorganizar o ministério em um nível econômico mais baixo. Para ser sincero, nenhum desses cenários seria agradável, mas eles não seriam qualificados como um dos piores acidentes possíveis.Porém, a perda completa dos insights obtidos ao longo de anos e anos de estudo, foi o pior acidente possível. Enquanto coisas materiais podem ser restauradas, conhecimento não pode. Isso foi um pesa-delo. Toda aquela informação valiosa dos ministérios de pequenos grupos obtida pela participação em seminários, incontáveis entrevis-tas com líderes, estudos e compilações de inúmeros livros – se foi.

Uma bênção disfarçada Por vários anos, decidi ignorar essa perda já que eu tinha que me concentrar em outras áreas de nosso ministério. Quando voltei ao assunto de pequenos grupos integrais, tentei relembrar o que havia sido perdido. Uma coleção dos mais bem-sucedidos modelos de igrejas em células do mundo. Elaborações sobre o tamanho ideal de grupo. Ideias de treinamento para líderes de pequenos grupos. Téc-nicas de multiplicação. Estratégias de marketing para atrair recém--chegados. Programas de estudo orientados para grupos de diversas idades. Em outras palavras, eu havia perdido o ensinamento pre-dominante de pequenos grupos em um grande número de livros. Exemplos maravilhosos, úteis insights, ideias estimulantes.Quando me deparei com essa situação, subitamente me dei conta: será que é este material – novamente, excelente material que é bem divul-gado e de fácil acesso – o conteúdo que eu preciso para me comunicar?

Page 7: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

7

A oportunidade para um novo começoLevei alguns dias para revisitar a considerável coleção de livros sobre pequenos grupos em minha biblioteca. Agradeci a Deus por cada um deles, coloquei-os de volta na prateleira e cheguei à conclusão: o que nós precisamos é um novo começo. Pouco a pouco minha frustração sobre o desastre da perda dos dados foi transformada em gratidão por ser involuntariamente forçado a deixar o conforto dos padrões muito familiares de pensamento. A inesperada perda de milhares de detalhes de informação me levou à oração pedindo: Senhor, qual é o centro da comunidade cristã? O que é realmente essencial? O que os pequenos grupos não podem perder?Naquela ocasião, eu não tinha a menor ideia de que o processo que havia iniciado me levaria a um livro sobre céu e inferno. Sobre santi-dade e pecado. Sobre vida e morte. Sobre as mais significativas – e ao mesmo tempo, mais perigosas – coisas que podemos compartilhar uns com os outros. Sobre quem nós somos aos olhos de Deus, e como os outros podem nos ajudar a nos tornarmos o que devemos ser.

Por que céu e inferno?Quando pensamos sobre como contribuir para o crescimento explo-sivo da igreja por meio de um pequeno grupo contemporâneo, pro-vavelmente a última coisa que nos vem à mente é céu e inferno. “Você deve estar brincando, Christian”, um consultor comentou quando eu compartilhei meus insights com ele. “Estes são exata-mente os assuntos que tomamos muito cuidado para evitar”. “Eu sei”, eu disse. “E estou convencido de que esses pontos são a raiz do problema. Temos evitado lidar com os assuntos mais relevantes –

Vamos falar sobre céu e inferno

A promessa de Mateus 18.20

Onde estiverem dois ou mais reunidos

em meu nome

ali estou no meio deles

pequeno grupo

integral

presença de Cristo/Paraíso

(= amando Deus com sua cabeça, mãos e coração)

Pequeno grupo integral = uma reunião no nome de Cristo

= uma janela para o céu

A coluna da esquerda desta tabela apresenta o fundamento bíblico de qualquer comunidade cristã, a promessa de Jesus de estar “no meio de nós” (Mt 18.20). A coluna da direita traduz os três elementos dessa promessa na linguagem do desenvolvimento da igreja. As implicações, se levadas a sério, são explosivas. Qualquer pequeno grupo cristão pode, literalmente, se tornar uma janela para o céu.

Page 8: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

8

3colorsofcommunity.org

Perfil de Energia

Espiritual

O N L I N E

eTeste

TECT4S

Introdução

Mais na web: Este livro foi deliberadamente destinado a ser breve. Se você quiser ir mais a fundo, pode encontrar mais informação em www.3colorsofcommu-nity.org. Os tópicos tratados são listados nas seções “Mais na web” deste livro. O mar-cador de página incluído contém um código de acesso que você pode usar para entrar na página da internet, o que permite que você faça o Teste Comunitário online.

talvez porque tenhamos um vago entendimento sobre eles – e temos estado muito orgulhosos em alegrar as pessoas com a riqueza dos aspectos periféricos do cristianismo.”A intenção principal deste livro não é apresentar técnicas para dirigir grupos pequenos. Antes, é para que se abra para você o que compõe o cerne da comunidade cristã. E para apresentá-la de uma maneira que demonstre o que o cristianismo pode e, é claro, deve ser – nada menos que o vislumbre do céu.

Não é necessário que você adote o meu vocabulário – céu e inferno, santidade e pecado, vida e morte. Porém, minha esperança é que você lide com os conceitos que esses termos querem comunicar. A presença de Cristo em nosso meio nada mais é do que o céu em nosso meio (veja o diagrama da página 5). Isso influencia todos os aspectos de nossas vidas aqui na terra e até mesmo a vida além. Onde podemos aprender na prática como viver nessa dimensão eterna se não no contexto da comunidade cristã? Qual deveria ser o propósito da comunidade cristã senão este?

Minha experiênciaNos últimos 18 anos, tenho sido responsável por uma rede de igrejas que estabeleceram raízes em mais de 70 países. Parte do meu ministério é pesquisar, tendo como alvo experiências de crescimento nas igrejas. Nestes 18 anos, minha curva de crescimento tem sido

íngreme. Mas a importância do processo de aprendizado que se ini-ciou pela perda do disco rígido sobre pequenos grupos é inigualável.

Através deste livro, eu gostaria de dividir com você a essência do que aprendi. Estou convencido de que isso é relevante para todo cristão – especialmente aqueles que, diferentemente de mim, não têm acesso à pesquisa feita em algumas das 70.000 igrejas. Existe somente uma razão para que Deus revele o conhecimento individualmente – para dividi-lo com o máximo de pessoas possível. É isso que estou com-prometido a fazer neste livro.

Treinamento para líderesSem dúvida, As 3 cores da comunidade será de interesse para líderes de pequenos grupos, mas não foi escrito especificamente para eles. Foi escrito para cada pessoa que frequenta um pequeno grupo ou esteja considerando fazê-lo. Os que estão interessados no tópico de liderança devem querer estudar As 3 cores da liderança (www.3colorsofleadership.org), que foi publicado em conjunto com este livro. Ele fornece o treinamento que será especialmente apreciado por líderes de pequenos grupos.

Instituto para o Desenvolvimento Natural da Igreja Christian A. Schwarz

Page 9: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

Parte 1

A essência da comunidade cristã —Por que temos que enfrentar os Sete Pecados Capitais

Quando estivermos lidando com o assunto de pequenos grupos, faz todo o sentido considerar sobre a essência da comunidade cristã. Mas por que falar sobre pecado? Parece estranho no início, mas tão logo nos movemos além da superfície, o assunto é inevitável. Nunca iremos progredir em nossos esforços de construção da comunidade se ignorarmos a realidade do mal.

Page 10: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

10 Parte 1: A essência da comunidade cristã

Um pequeno grupo é um grupo que é pequeno

Essa foi uma conferência na qual se supunha que eu revelasse minhas descobertas – os resultados de anos de estudo e pes-quisa – a natureza de pequenos grupos saudáveis. “Por um

tempo considerável”, eu disse aos participantes, “tenho trabalhado na definição de pequenos grupos, e estou feliz em anunciar que, após um longo período de tentativa e erro, finalmente cheguei a uma solução convincente. Já que esta definição é o assunto central de nossa conferência, sugiro que vocês peguem a caneta e escre-vam, palavra por palavra. Vocês devem tomar um grande cuidado para não perder nenhum mínimo detalhe.”Centenas de mãos pegaram as canetas, esperando com antecipação pela definição que eu daria. Após uma prolongada pausa, eu disse vaga-rosamente: “Um... pequeno grupo... é um grupo... que é... pequeno”.A reação? Algumas pessoas riram, algumas olharam um pouco irritadas, e outras ficaram simplesmente desapontadas. Mas ninguém escreveu minha cuidadosa definição! E, contudo, era exatamente o centro do conceito de pequeno grupo que eu tentei dividir naquela conferência, e é o centro do conceito de pequeno grupo no qual este livro está baseado.Um pequeno grupo é um grupo que é pequeno – ponto.

“Não temos nenhum pequeno grupo”A seguinte conversa com um pastor de uma igreja de tamanho médio representa as muitas discussões que eu tive sobre os peque-nos grupos. “Não temos nenhum pequeno grupo”, disse esse pastor. “E na verdade, não gostamos realmente dos conceitos de pequenos grupos que temos observado em outras igrejas.” “Você tem certeza que não tem nenhum pequeno grupo?”, perguntei. “Bem, ao menos não no sentido em que você definiria um pequeno grupo”, ele disse.“Deixe-me dar minha definição”, eu disse. “Um pequeno grupo é um grupo que é pequeno. Você ainda tem certeza que não tem pequenos grupos?”O pastor sorriu. “É claro, nós temos grupos que são pequenos, muitos deles. Mas, para ser honesto com você, a maioria deles não é muito eficaz.”“Então vamos trabalhar para torná-los mais eficazes”, eu respondi. “Você não acha que seria uma tarefa que vale a pena?” Ao final de uma breve conversa, efetivamente identificamos 23 dife-rentes pequenos grupos dentro dessa igreja que afirmou não ter nenhum. Entre eles, um coro, três grupos de jovens, uma equipe do

Page 11: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

11Um pequeno grupo é um grupo que é pequeno

Terceiro Mundo, dois grupos de serviço social, um grupo de oração, três comitês e cinco equipes de ministério. Juntos concordamos em organizar um plano para tornar aqueles grupos mais eficazes.Isso é o que eu gostaria de oferecer a você neste livro: a oportuni-dade de ajudar seu grupo a se tornar mais eficaz. Convido você a considerar o início de novos grupos com novas oportunidades para novas pessoas, tanto cristãos quanto não cristãos. Não pretendo conquistar você para um modelo particular de pequeno grupo. Mas quero auxiliá-lo dentro do modelo de pequeno grupo que você decidiu seguir, e ajudá-lo a se concentrar no conteúdo mais imaginável possível – a essência da comunidade cristã.

A dinâmica por trás de todos os modelosEstou ciente de que muitas pessoas consideram a minha definição de pequeno grupo uma piada. Mas não é. Seria fácil incluir vários aspectos desejáveis em nossa definição. Cumprir a Grande Comis-são. Seguir certo padrão de multiplicação. Ser focado em missões. Assumir responsabilidades na vizinhança. Tornar-se centrado nas Escrituras. Concentrar-se nos sem igreja. Maravilhosos critérios!Alegro-me com seu grupo se esses e muitos outros critérios forem verdadeiros. Mas vamos assumir que não. Ainda é um pequeno grupo. E um pequeno grupo com o qual estou satisfeito em tra-balhar! Seria muito fácil simplesmente eliminar qualquer grupo que não cumpre os critérios de nossa crença, da nossa realidade, do nosso mundo, excluindo-os de nossa definição de pequenos

O nível mais profundo da Bússola Trinitária: a revelação tripla de Deus como Pai, Filho e Espírito Santo. O próprio Deus é unidade (“Deus”) em variedade (“três pessoas”). Já que comunidade é a definição da natureza tanto de unidade quanto de variedade, Deus é, por si só, o modelo perfeito de comunidade.

Deuséé

é

Espírito

San

to

Pai

Filho

não é

não é

o é

Page 12: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

12 Parte 1: A essência da comunidade cristã

grupos. Porém, eles continuariam a existir, talvez ansiando por ajuda, mas nunca a conseguindo, já que os definimos como fora do nosso mundo.A maioria dos livros sobre pequenos grupos destaca um modelo específico de vida em grupo. Isso é absolutamente válido. Estou agradecido pela grande variedade de modelos que foram desenvol-vidos em todos esses anos. Porém, minha intenção não é contribuir para a discussão sobre qual o modelo certo (ou o melhor). Em vez disso, quero focar na dinâmica por trás de pequenos grupos sau-dáveis, não importando qual o modelo que eles escolheram seguir.A diferença nos tipos de grupoPequenos grupos podem ser – e de fato deveriam ser – diferentes uns dos outros. Eles têm diferentes tarefas, diferentes focos, dife-rentes estilos e, mais significativamente, são formados por diferen-tes tipos de pessoas. Diferentes aspectos da comunidade podem ser expressos por diferentes tipos de grupos.

E, contudo, existe um elemento que todos os pequenos grupos cris-tãos têm em comum: todo pequeno grupo, quer seja seu objetivo ou não, é um modelo da comunidade, através do qual é expresso tanto nosso relacionamento com Deus quanto com os outros. A questão não é se o grupo quer ser tal modelo. Ele é. A questão é meramente se ele é um bom ou um mau modelo.Tornando um pequeno grupo integral

Os que estão familiarizados com os outros livros da série Recursos Práticos do DNI sabem que todos os livros iniciam com a Bússola Trinitária (veja o diagrama na página 9) que se refere ao tópico em questão. O aspecto mais impor-tante da Bússola Trinitária – de fato, da Trindade por si só – é sua variação (as três diferentes cores) em unidade (o centro do diagrama, simbolizado pela cor branca, no qual todas as cores da luz encontram sua unidade). Deus é único em variedade. Já que somos criados à imagem de Deus, podemos e devemos valorizar as diferenças e, ao mesmo tempo, podemos e devemos estar na expectativa de unificação dos fatores por trás dessas diferenças. Este é

o objetivo primário quando trabalhamos com todo tipo de pequenos grupos – unidade em variedade, com Deus como nosso exemplo.Por que precisamos de pequenos grupos? Por que o ser humano foi criado para a comunidade. Contudo, para que se complete esse propósito, eles devem se tornar integrais – amando Deus com suas cabeças, mãos e corações. Minha esperança é que este livro o convença de que seguir esse passo é um valioso investimento de seu melhor esforço.

Mais na web: Em 3colorsofcommunity.org você encontrará respostas para as seguintes questões:• Por que o DNI não carac-

teriza um modelo de pequeno grupo específico?

• Por que todas as séries DNI começam com a Bús-sola Trinitária?

Page 13: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

13O que torna um pequeno grupo integral?

O que torna um pequeno grupo integral?

Dificilmente existe um termo mais abstrato do que “integral”, contudo o conceito por trás dele é extremamente simples. Não precisamos nem de uma apresentação no powerpoint

para comunicar isso. Lembro-me de uma situação em que tive que falar sobre a Bússola Trinitária em um país do Terceiro Mundo. Viajei para uma vila onde não havia eletricidade, e esse fato não me foi comunicado antecipadamente. Como meu estilo de comunicação é bastante visual – principalmente sobre conceitos como a Bússola Trinitária, que realmente não pode ser explicado adequadamente somente com palavras – fiquei bastante frustrado pelo fato de que não seria capaz de fazer uma apresentação visual.

Porém, após pensar sobre isso, me dei conta de que poderia fazer sem visual eletrônico. Tudo que eu precisava eram três gestos bási-cos. A essência da bússola trinitária em relação a pequenos grupos pode ser descrita expressando nosso amor a Deus com nossa cabeça (verde), nossas mãos (vermelho) e nosso coração (azul). É isso. Todos podem comunicar isso, mesmo sem palavras, e todos podem entender (veja o gráfico na página 12).

As três questões básicas que temos que perguntar são:

1. O que você pensa (cabeça)?

2. Como você se sente (coração)?

3. O que você fará (mãos)?

As Sete Qualidades ComunitáriasO diagrama na página 13 indica que as Sete Qualidades Comunitárias dos pequenos grupos têm uma posição pre-cisa quando colocada em relação à cabeça, mãos e coração:

• Estruturas eficazes são a cabeça do negócio (verde), já que estão baseadas no pensamento refle-xivo e planejamento consistente.

• Evangelização orientada para as necessidades refere-se às mãos (vermelho), já que requer fazer algo prático – dividindo o que temos recebido.

• Espiritualidade contagiante tem uma forte afinidade com o cora-ção (azul), já que inclui todos os aspectos emocionais de nossas vidas.

• Ministérios orientados pelos dons está posicionado entre a cabeça (pensamento reflexivo) e mãos (ministérios práticos), e se refere a dons especiais para concretizar tarefas.

Mais na web: Em 3colorsofcommunity.org você encontrará respostas para as seguintes questões:• Que tipo de pesquisa o

DNI Internacional fez nos pequenos grupos?

• Por que as características de qualidade de igrejas saudá-veis e pequenos grupos são quase idênticas?

Page 14: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

14

mão

s

cabeça

coração

Parte 1: A essência da comunidade cristã

• Relacionamentos marcados pelo amor fraternal estão posicionados entre o coração e as mãos; implicam em fazer algo pelos outros (mãos), levado pela motivação correta (coração).

• Espiritualidade contagiante está posicionada entre a cabeça (ensinamento) e coração (encontrando Deus), com menos foco em ação.

• Liderança capacitadora facilita e multiplica a vida de uma comunidade em todas as três cores dos segmentos, dependendo das necessidades do grupo. Portanto, está posicionada no centro do diagrama (mais na página 137).

Pequenos grupos e igrejas inteirasAqueles que estão familiarizados com o Desenvolvimento Natural da Igreja (DNI) notarão que as Sete Qualidades Comunitárias de pequenos grupos saudáveis são similares às Oito Marcas de Quali-dade de igrejas saudáveis do DNI. Isso se deve ao fato de que um pequeno grupo nada mais é do que “uma igreja em miniatura”. No nível de pequeno grupo, as qualidades individuais podem ser realizadas de modo diferente do que em outros níveis da vida da igreja; porém, em ambos os casos, os princípios são os mesmos.As Oito Marcas de Qualidade de igrejas saudáveis são resultado da mais bem documentada pesquisa de crescimento de igreja já executada. Até o momento, nosso instituto pesquisou mais de 70.000 igrejas em 86 países, identificando oito fatores das

O segredo dos pequenos grupos integrais é

direcionar as cabeças (verde), as mãos

(vermelho) e os corações (azul) dos participantes.

pequenos grupos integrais

O que você pensa?

Como vocêse sente?

O quevocê fará?

Page 15: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

15

coração mão

s

cabeça

O que torna um pequeno grupo integral?

igrejas que crescem, independentemente da cultura ou do estilo devocional que têm em comum. As diferenças entre aquela lista e a lista das Sete Qualidades Comunitárias de pequenos grupos foram encontradas em duas áreas:• Uma das marcas de qualidade de igrejas saudáveis são os peque-

nos grupos integrais.• A segunda diferença é a reformulação: culto inspirador (no nível

da igreja) se torna culto inspirador (no nível do pequeno grupo). Nos pequenos grupos não falamos sobre um culto inspirador. Falamos sobre experiência de adoração, que pode ser expressa de várias maneiras.

O objetivo não é necessariamente equilíbrioExiste outra diferença principal entre o crescimento dinâmico das igrejas locais e os pequenos grupos. Considerando que, na igreja local, o objetivo é um equilíbrio de todas as oito marcas de qua-lidade, esse não é necessariamente o caso dos pequenos grupos. Pequenos grupos podem ser intencionalmente unilaterais.

Existem grupos que estão focados mais na solidariedade, e outros na sociabilidade; alguns concentram-se mais na vita activa (a vida ativa) e outros na vita contemplativa (a vida contemplativa). A primeira catego-ria poderia ser chamada de grupos de Marta; a segunda, de grupos de Maria. Essas diferenças nos tipos de grupos contribuem significativa-mente para o bom funcionamento da igreja (veja o diagrama acima).

Relacio

nam

ento

s m

arcado

s pelo

amo

r fraternal

Evangelização

orientada para

as necessidades

Ministé

rios

orientados

pelos dons

Estr

utur

as

efica

zes

Culto

inspirador

Espiritualidade

contagiante

Lid

erança capacitadora

As Sete Qualidades Comunitárias de pequenos grupos: cada um dos sete elementos está definido pelo relacionamento com as três dimensões da cabeça, mãos e coração.

Page 16: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

16

VITA A

CTIV

A

VITA

CONTE

MPLA

TIV

A

Parte 1: A essência da comunidade cristã

Nem todo pequeno grupo tem que estar em equilíbrio, mas o ministério de pequenos grupos da igreja como um todo, deve estar. Se uma igreja tem exclusivamente grupos de Marta ou de Maria, definitivamente tem um problema. Porém, não é necessário que todo pequeno grupo seja forte em todas as áreas. Diferenças nos focos dos pequenos grupos são um dos grandes recursos da igreja local.

O modelo de banqueteM. Scott Peck fez a famosa distinção entre comunidade genuína e o que chamou de pseudocomunidade. A pseudocomunidade acredita que é comunidade, quando, na realidade, está longe disso. Peck escreve que a ilusão de ser uma comunidade é mantida “através de um conjunto de normas comuns não faladas que chamamos de condutas: você deveria tentar o seu melhor e não dizer nada que possa antagonizar ou aborrecer qualquer pessoa; se alguém diz alguma coisa que o ofenda ou desperte um sentimento ou uma lembrança de dor, você deveria fingir que de modo algum o incomodou; e se o desacordo ou outro desprazer surgir, você deveria imediatamente mudar de assunto. Essas são as regras que qualquer anfitrião sabe. Elas podem criar um jantar que funcione sem problemas, mas nada mais significativo”.

Se você estiver esperando que As 3 cores da comunidade seja um manual de como preparar um banquete cristão, as próximas 130 páginas inevitavelmente o desapontarão.

Lid

erança cap

acitadora

Pequenos grupos podem – e efetivamente devem – ter

diferentes focos: alguns devem se concentrar mais em nutrir a pessoa interior

(vita contemplativa); outros, em fazer alguma

coisa pelos outros (vita activa).

Relacio

nam

ento

s m

arcado

s pelo

amo

r fraternal

Evangelização

orientada para

as necessidades

Ministé

rios

orientados

pelos dons

Estr

utur

as

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zes Culto

inspirador

Espiritualidade

co

ntagiante

Page 17: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

17Pecado – o rompimento da comunidade

Pecado — o rompimento da comunidade

Por que este livro sobre as Sete Qualidades Comunitárias é também livro sobre os Sete Pecados Capitais? A resposta a esta pergunta é muito mais simples do que possa parecer.

Porém, somente veremos o significado dessa relação quando tiver-mos adotado a correta – isto é, bíblica – visão de pecado.Na linguagem de hoje, a palavra pecado quase nunca é usada. Mesmo os cristãos tentam evitar isso, se for possível. Quando é usada, serve quase que exclusivamente como uma descrição de ter comido muita torta floresta negra (ou outra iguaria como essa). E a torta floresta negra, se comida em grandes quantidades ou com moderação, ou mesmo como lanche num momento de comu-nhão, certamente tem pouco a ver com a essência da comunidade cristã. Ao menos não valeria a pena colocar isso no centro de um livro na comunidade cristã: Como as Sete Qualidades Comunitárias podem ajudar você a superar os efeitos da torta floresta negra.

O pecado nos isolaA noção da torta floresta negra nada mais é que uma caricatura da visão bíblica de pecado. Como muitas chaves de termos bíblicos, o pecado tem múltiplas definições, cada uma delas lançando luz em diferentes aspectos, mas a linha de fundo é sempre a mesma: Deus nos criou para vivermos em relacionamentos, mas o pecado nos isola. O pecado, em seu mais fundamental nível, é o rompimento da comunidade. Na realidade, é o rompimento triplo da comuni-dade – o rompimento de nosso relacionamento com Deus, com os outros e com nós mesmos (veja o diagrama na página 17).Essa é a ligação entre os temas da comunidade e o pecado. De fato, não são temas diferentes. É praticamente impossível construir uma comunidade digna do nome se negligenciamos a realidade do pecado. Ao contrário, é impossível dominar o pecado enquanto o tratarmos de uma maneira puramente individualista, fora do con-texto da comunidade cristã. As maneiras tradicionais de lidar com o pecado seguiram principalmente um padrão individualista – uma abordagem que nunca funcionou e não pode nunca funcionar. Um triplo rompimento de comunidade Quando começamos a compreender o significado bíblico de pecado, nos movemos para bem distante do conceito da torta floresta negra e chega-mos realmente próximos ao centro da fé cristã, que Jesus resumiu nestas palavras: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10.27). Observe os três objetos de nosso amor: o Senhor, seu vizinho, você mesmo. Essa é a essência da fé cristã.

Page 18: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

18 Parte 1: A essência da comunidade cristã

O pecado destrói todos os três relacionamentos:1. Relacionamento com Deus: pecado é sempre sobre Deus, não

sobre a torta floresta negra. Comer muita torta floresta negra talvez crie problemas, mas não necessariamente o tipo de problema que afeta o seu relacionamento com Deus. Independentemente de como o pecado se revela na prática, em sua raiz está sempre um problema espiritual. Portanto, o pecado tem muito mais a ver com seus pensamentos e sua atitude do que com suas ações. O pecado o aliena de Deus. Ele prejudica sua amizade com Deus.

2. Relacionamento com os outros: o cristianismo não é uma religião individual, mesmo que alguns setores cristãos sugi-ram que seja. Você não pode encontrar Deus completamente desassociado das pessoas de Deus. Servindo aos outros, você, na realidade, serve a Deus (veja Mt 25.31-46). Pelo contrário, você recebe o amor de Deus principalmente através do amor de outras pessoas. Amar Deus sem amar outras pessoas é como um rio sem nenhum acesso ao oceano. Seu amor por Deus se expressa através da comunidade e serviço.

3. Relacionamento consigo mesmo: não é importante somente construir um relacionamento com os outros, mas também con-sigo mesmo. Sua habilidade em servir aos outros é dependente do seu próprio relacionamento saudável. O pecado não significa que você é mau com os outros e bom consigo mesmo. Ao con-trário, os efeitos negativos do pecado afetam você consideravel-mente como afetam os outros. O pecado distorce seu relacio-

namento consigo mesmo. Ele o amarra e basicamente o faz infeliz. Peccatum poena peccati, como Agostinho expressou: “Pecado é punição para o pecado”. Alguns teólogos argumentam que o pecado nos leva para o inferno, mas certamente não pode ser discutido que o pecado traz o inferno para dentro de nós.Egocentrismo em vez de “nós”Onde quer que o relacionamento triplo com Deus, com outras pessoas e com nós mesmos estiver prejudicado, os problemas surgem. Mais do que pensar e agir em termos de “nós”, mudamos para uma mentalidade individua-

lista, egocêntrica, na qual nos vemos como o centro do universo. Essa é a essência do pecado. Não a torta floresta negra, mas eu! A cura de padrões de comportamento pecador depende de aprender o que significa pensar e agir na categoria do “nós” – um “nós” que inclui Deus, outras pessoas e nós mesmos. O ponto delicado é que essa mentalidade egoísta conseguiu surpreendentemente se escon-der por trás da máscara de aparência espiritual. Essa tendência em se esconder é uma excelente característica do pecado em geral. Já que estamos lidando com o pecado no contexto da comunidade cristã,

Mais na web: Em 3colorsofcommunity.org você encontrará respostas para as seguintes perguntas:• Quais são as definições mais

importantes de pecado?• Já que Jesus morreu por

nossos pecados, por que isso ainda tem uma função opressiva no cristianismo?

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relacionamento com você mesmo

relacionam

ento

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Deus

Pecado – o rompimento da comunidade

deveríamos estar particularmente à procura de disfarces de máscara espiritual. Se formos sérios em ajudar as pessoas a levar uma “boa vida” – e isso certamente deveria ser o resultado de uma participação em pequenos grupos (veja a página 25) – deveríamos lidar com os fatores que os impede de alcançar esse objetivo. Enquanto falharmos em levar a sério a capacidade das pessoas para o mal, seremos inca-pazes em levar a sério a capacidade delas para o bem.

Mais que quebra das regrasDe uma perspectiva de fora, o pecado se manifesta como uma quebra de regras. Isso poderia nos levar a assumir que a essência do pecado é somente isso – quebra de regras. Porém, essa visão é muito superficial. As regras existem somente para proteger as coisas que são mais importantes do que elas. Nosso objetivo é identificar quais regras devem ser protegidas. Somente por essa perspectiva seremos capazes de apreciar a sabedoria das regras. E quais são as regras que Deus quer proteger? Na essência, relacio-namentos. As regras devem proteger nosso triplo relacionamento com Deus, com os outros e com nós mesmos. Deus não é contra a nossa liberdade e felicidade. Certamente ele está apaixonadamente interessado nelas. A fim de protegê-las, ele estabe-leceu regras. Parte da atratividade do pecado é sua promessa de liber-dade e felicidade além da comunidade – uma promessa, porém, que nunca é cumprida. Tanto a liberdade quanto a felicidade são gradual-mente esmorecidas quando seguimos o caminho do isolamento. Nossa verdadeira natureza não é a individualidade, mas o pertencimento.

Jesus resumiu a essência da fé cristã nas seguintes palavras: “A isto ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10.27). O pecado é um rompimento da comunidade: um rompimento em nosso relacionamento com Deus, com os outros e com nós mesmos.

“Am

arás o Senhor, teu Deus ... e amará

s o t

eu p

róxi

mo

Lucas 10.27

...

como a ti mesmo.“

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20 Parte 1: A essência da comunidade cristã

Os Sete Pecados Capitais e a comunidade cristã

Por toda a história da igreja, os cristãos, incluindo os melhores teólogos, têm lutado com a essência do pecado – não somente como uma categoria abstrata, mas como uma realidade diária

de cristãos e não cristãos. A categorização mais difundida que se revela dessas discussões é a dos sete pecados capitais. Ela tem sua origem nos ensinamentos do monge grego do deserto Evágrio do Ponto (345-399), e foi perpetuamente redefinida através dos sécu-los até chegar a sua forma atual (veja “Uma breve história dos Sete Pecados Capitais” na página 22).Os sete pecados capitais são orgulho, gula, inveja, avareza, ira, pre-guiça e luxúria (veja o diagrama à direita).

Ressalvas sobre os Sete Pecados CapitaisQuando as pessoas se deparam com os Sete Pecados Capitais pela primeira vez, podem fazer as seguintes perguntas:1. De acordo com as Escrituras, existe uma multidão de pecados.

Por que reduzi-los a uma lista de sete?2. Por que estes sete pecados são considerados mais sérios do

que os outros? E outros pecados mais sérios como genocídio, racismo, militarismo, terrorismo, etc.? Comparado com eles, alguns dos Sete Pecados Capitais (tais como, preguiça e gluto-naria) parecem inocentes.

3. E finalmente, o ensinamento dos Sete Pecados Capitais é bíblico?Estas perguntas são legítimas. Contudo, podem ser direcionadas adequadamente somente se entendermos o que a lista dos Sete Pecados Capitais significa – uma tipologia.

Entendendo a natureza das tipologiasPara entender a natureza de uma tipologia, vamos começar com a terceira questão: o ensinamento dos Sete Pecados Capitais é bíblico? Sim e não, dependendo de como definimos a palavra “bíblico”. Em lugar algum da Bíblia os Sete Pecados Capitais estão mencionados coletivamente. Nesse sentido, poderíamos dizer que a lista não é “bíblica”. Por outro lado, é bíblico o sentido de que é um sistema baseado nas Escrituras para nos ajudar a descobrir, organizar e aplicar a verdade bíblica. O desenvolvimento de uma tipologia desse tipo não pode ser confundido com exegese. Isso se encaixa melhor na categoria de teologia sistemática. A teologia sistemática é baseada no conhecimento exegético, mas busca sis-tematizar os vários ensinamentos das escrituras de acordo com os desafios de um dado período de tempo.

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relacionamento com você mesmo

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Deus

Os 7 Pecados Capitais e a comunidade cristã

Aqueles de vocês que estão familiarizados com o Desenvolvimento Natural da Igreja têm encontrado inúmeras tipologias deste tipo: as oito marcas de qualidade. As seis forças de crescimento. Os nove estilos de espiritualidade. As sete qualidades comunitárias. As seis asas características da liderança (para mencionar somente algumas). Nenhuma dessas listas é “bíblica” na forma pela qual as Escrituras as apresentam. Mas todas são bíblicas no sentido do seu propósito em nos ajudar a descobrir, organizar e aplicar a verdade bíblica. Todas essas tipologias provaram ser efetivas nessa busca. Em outras palavras, elas foram desenvolvidas para trazer vida às Escrituras. O mesmo é verdade para os Sete Pecados Capitais. Porém, em contraste com as modernas tipologias, o desenvolvimento dos Sete Pecados Capitais abrange quinze séculos. Esse catálogo foi testado repetidamente e refinado continuamente. Se eu tivesse que desenvolver um sistema alternativo (que seria absolutamente legítimo), escolheria classificar alguns termos de forma diferente, mas não questionaria o sistema como um todo. Ele revela uma incrível sabedoria em termos de entendimento bíblico e conheci-mento da natureza do coração humano. Apresenta uma combi-nação das vulnerabilidades que os psicólogos seculares descrevem como “arquétipos negativos do caráter humano”. Além disso, a excelência da lista tradicional encontra-se na maneira pela qual os pecados mortais se relacionam com nossas vidas diárias.

Já que pecado, em sua essência, é o rompimento da comunidade, os Sete Pecados Capitais podem ser mais bem entendidos como a ausência das correspondentes qualidades comunitárias (compare o diagrama na página 13). ira

avareza

inveja

g

ula luxúria

preguiça

orgulho

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22 Parte 1: A essência da comunidade cristã

Raízes, galhos e frutoUma vez que entendamos a natureza dos Sete Pecados Capitais como uma tipologia, podemos nos dirigir para as duas primeiras questões: por que reduzimos a lista para sete pecados? Por que somente esses sete?Para comunicar os Sete Pecados Capitais nos tempos medievais, o símbolo da árvore era largamente usado (veja as imagens acima). A árvore tem uma raiz, um tronco e galhos dos quais inumeráveis males individuais desabrocham (virtudes também podem ser orga-nizadas de acordo com o mesmo esquema, como ilustra a imagem da direita). Com isso em mente, podemos ver que cada pecado imaginável está efetivamente incluído – como uma descendência dos sete pecados capitais. Cada pecado mencionado nas Escrituras pode ser visto como uma sub-categoria dos sete. O autor da lista original (que, na realidade, incluiu oito itens), o teólogo oriental Evágrio do Ponto, escreveu: “Existem oito categorias gerais e básicas de pensamento nas quais todo pensamento está incluso”. E o teólogo ocidental, Gregório, que foi o primeiro a surgir com sete pecados capitais, escreveu: “Da inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pela desgraça do próximo e o desprazer por sua prosperidade. Da ira são produzidas discórdias, expansão da mente, insultos, tumultos, indignação, blasfêmias”.A lista dos Sete Pecados Capitais não sugere que os sete men-cionados sejam mais graves do que os outros (aos quais deverí-amos incluir pecados como o assassinato), nem que eles sejam mais frequentes do que os outros (neste caso, certamente teríamos que incluir a bebedeira e a mentira). Essa tipologia simplesmente se refere aos sete pecados como a maioria dos galhos nos quais incontáveis outros pecados desabrocham.

Dois exemplos de tipologia, projetada

para destacar a verdade bíblica: a árvore dos vícios

(esquerda) e a árvore das virtudes (direita), de:

De fructibus carnis et spiritus, Salzburg, século

12.

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23Os 7 Pecados Capitais e a comunidade cristã

Orgulho como pecado raizA imagem da árvore implica em outra útil metáfora. Entre os Sete Pecados Mortais – os pecados principais, os pecados capitais – existe um pecado definido como “pecado raiz”, isto é, aquele em que todos os outros seis têm sua origem. Através da história da igreja diferen-tes pecados têm sido referidos como pecado raiz; mas a designação mais difundida retorna a Gregório Magno (540-604), que identificou o pecado do orgulho como a raiz da árvore que cria todo pecado.Para Gregório, o orgulho é o pecado dos pecados, o super pecado, a personificação da rebelião contra Deus. Qualquer outro tem sua origem neste pecado raiz. Em outras palavras, todo pecado indivi-dual inclui um elemento de orgulho.

Os pecados capitais como a falta de qualidades comunitáriasCada um dos Sete Pecados Capitais podem ser melhor entendidos como a falta de correspondentes qualidades comunitárias. Com-pare os dois gráficos nas páginas 13 e 19: • O orgulho resulta da falta de liderança capacitadora. Seu lema

destruidor da comunidade é: Eu sou melhor do que todos os outros. Em contraste, o lema da liderança capacitadora é: Deixe que os outros cresçam.

• A gula resulta da falta de estruturas eficazes. Seu lema destruidor da comunidade é: Eu tenho que me encher. Em contraste, o lema das estruturas eficazes é: Viva com moderação.

• A inveja resulta na falta de ministérios orientados pelos dons. Seu lema destruidor da comunidade é: Eu mereço o mesmo que todos os outros. Em contraste, o lema dos ministérios orientados pelos dons é: Eu dependo dos outros.

• A avareza resulta da falta de evangelização orien-tada para as necessidades. Seu lema destruidor da comunidade é: Eu preciso de mais para mim. Em con-traste, o lema da evangelização orientada para as necessidades é: Passe adiante o que você recebeu.

• A ira resulta na falta de relacionamentos marcados pelo amor fraternal. Seu lema destruidor da comu-nidade é: Eu odeio o meu agressor. Em contraste, o lema de relacionamentos marcados pelo amor fra-ternal é: Quebrar as barreiras que separam.

• A preguiça resulta da falta de espiritualidade contagiante. Seu lema destruidor da comunidade é: Eu não me importo com nada. Em contraste, o lema da espiritualidade contagiante é: Ame a Deus com todo o seu coração, mente e alma.

• A luxúria resulta da falta de espiritualidade contagiante. Seu lema destruidor da comunidade é: Eu uso os outros para a minha própria exaltação. Em contraste, o lema de espiritualidade conta-giante é: Dirija sua dedicação integral ao Senhor.

Mais na web: Em 3colorsofcommunity.org você encontrará respostas para as seguintes perguntas:• Por que e como a lista

dos Sete Pecados Capitais mudou ao longo da histó-ria da igreja?

• O que exatamente o termo “capitais” implica nesse contexto?

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24 Parte 1: A essência da comunidade cristã

Uma pequena história sobre os Sete Pecados CapitaisEnquanto a lista dos Sete Pecados Capitais como conhecemos hoje é uma criação ocidental, sua origem remonta à igreja oriental. Evágrio do Ponto (345-399), um monge grego contemplativo, que vivia com os monges no deserto do Egito, criou uma lista de oito pensa-mentos impuros para apoiar seus irmãos no processo do autoexame. A lista de Evágrio difere da lista atual dos Sete Pecados Capitais, pois não incluía a inveja, e continha tanto a tristeza quanto a vanglória. Evágrio tinha paixão pela prática. Estava mais interessado em oferecer ajuda pastoral do que em desenvolver um sistema teológico abran-gente. Sendo um típico representante da tradição oriental, ele exibia mais interesse teológico do que retórico.O aluno de Evágrio, João Cassiano (360-435) levou esse ensina-mento para Marselha e o apresentou à igreja ocidental (sem mencio-nar seu professor, Evágrio). A ocidentalização do paradigma original veio pela tradução do grego para o latim (uma linguagem que sugere mais conotações legais) e também através do aumento da mudança das categorias psicológicas para as morais.Os escritos de Cassiano têm uma forte influência em Bento de Núrsia (480-547), o fundador do monasticismo ocidental. Através de Bento, os ensinamentos de Cassiano chamaram a atenção do papa Gregó-rio Magno (540-604), que reduziu a lista de oito para sete (jun-tando tristeza com preguiça e vanglória com orgulho, e adicionando inveja), e cunhou a expressão Sete Pecados Capitais. Foi Gregório que identificou o orgulho como o pecado raiz. Com o tempo, as sete categorias foram ampliadas e se tornaram cada vez mais abstratas. No tempo de Tomás de Aquino (1225-1274), uma classificação altamente sistemática foi desenvolvida, e se tornou parte da Suma Teológica de Aquino. Através dos séculos que se segui-ram esse sistema serviu como uma planta para inúmeras adaptações pastorais, doutrinárias e artísticas (entre elas, a famosa Divina Comédia, de Dante), incluindo um enorme número de adaptações protestantes.Nos últimos anos, o ensinamento dos Sete Pecados Capitais tem expe-rimentado um renascimento. Ocorreram profundas contribuições seculares – em particular psicológicas – para esse tema, e o número de adaptações evangélicas tem tido um aumento acentuado (Billy Graham, entre eles). Mesmo que as interpretações dos Sete Pecados Capitais difiram consideravelmente de autor para autor, em geral se concorda que a clássica lista é sábia para que todos possam consultar.

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25Visões orientais e ocidentais de pecado

Visões orientais e ocidentais do pecado

Quando abordei os Sete Pecados Capitais sob uma perspec-tiva terapêutica, repetidamente me deparei com confusão. “Terapia e pecado?”, um pastor me perguntou. “Isso sim-

plesmente não faz sentido. Quando estamos doentes, buscamos a cura. Mas pecado não pode ser curado. Ele deve ser eliminado.”

Aprendendo de diferentes tradiçõesUm dos grandes privilégios de meu ministério é a oportunidade de trabalhar com tradições cristãs extremamente diversas. Essa inte-ração contínua com diferentes correntes do cristianismo tem agu-çado minha percepção das forças e desequilíbrios de cada tradição individual – incluindo aquela em que fui criado.A maior parte do meu ministério consiste em destacar as forças especí-ficas de uma igreja e identificar as áreas que têm sido negligenciadas.Uma igreja que está buscando direcionar essas áreas pode ser enor-memente beneficiada pelo conhecimento de outras tradições.O que isso significa em termos práticos? Quando detectamos em certa igreja Batista (ou Luterana, Pentecostal, etc.) negligência de certas características que podem ser encontradas em outra tradi-ção, como a igreja ortodoxa, nosso objetivo não é tornar a igreja Batista mais “ortodoxa”. Em vez disso, é para adicionarmos novos elementos às forças existentes, de maneira que a igreja Batista (Luterana, Pentecostal) se torne mais efetiva.

Os dois pulmões do cristianismoQuando igrejas ocidentais encontram tradições orientais, tais como os monges do deserto do século 4, devem ter em mente que é, na realidade, parte da sua própria tradição. Toda igreja na face da terra alega ter suas mais profundas raízes na igreja primitiva (e basica-mente, em Jesus). Se você fosse seguir a linha do tempo da igreja primitiva até qualquer igreja nos dias atuais (seja Batista, Luterana, Pentecostal, etc.), inevitavelmente encontraria tanto a tradição oci-dental quanto a oriental da igreja primitiva. A esse respeito, não esta-mos fazendo referência a diferentes denominações que compara-mos umas com as outras, mas às duas dimensões – os dois pulmões – do cristianismo sobre o qual todas as igrejas têm sua fundação.Como repetidamente mencionei, ensinar os Sete Pecados Capitais nos conduz ao teólogo oriental, Evágrio do Ponto. Após a morte de Evágrio, seu conhecimento foi adotado pela igreja ocidental. Porém, no processo da “ocidentalização” eles foram significativa-mente transformados. Enquanto nosso entendimento de pecado

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26 Parte 1: A essência da comunidade cristã

foi, de alguma forma, aprofundado como resultado desse pro-cesso, nós também negligenciamos aspectos fundamentais do ensinamento de Evágrio que seriam especialmente relevantes para muitas igrejas ocidentais hoje.A preocupação de Evágrio era lidar com as raízes do pecado dentro do coração humano, não simplesmente com os sintomas como os manifestados no comportamento pecaminoso. Em outras palavras, a ênfase do seu ensinamento – e especialmente a prática derivada dele – era mais terapêutica do que retórica. Por outro lado, a abordagem ocidental tem sido mais direcionada em termos de categorias legais.

Diferentes focos de duas tradiçõesA diferença de foco tem sido influenciada pelo fato de que muitos teólogos do ocidente antigo foram educados na lei, enquanto a maioria dos teólogos orientais, na retórica e nas artes. Quando vemos a revelação das escrituras através de diferentes lentes, é natural que nossa interpretação enfatize os aspectos que são espe-cialmente relevantes para nós, desde que respondam às perguntas que fizermos.Esses dois diferentes focos existiam desde bem cedo (bem antes do chamado cisma entre a igreja do ocidente e do oriente em 1054). E, desde então, ambos foram enraizados nas Escrituras, a ênfase parti-cular dessas duas maiores tradições podem ser consideradas como os dois pulmões do cristianismo. Em um organismo saudável, ambos os pulmões são necessários. Não é um relacionamento ou/ou, mas ambos/e. Em geral, a tradição oriental enfatiza mais a encarnação e a ressurreição do que a tradição ocidental, que dá maior ênfase ao ato da salvação que aconteceu no calvário. Além do mais, na tradi-ção oriental existe um maior apreço para dimensão corporativa da

Paradigma ocidental

pecado como quebra de leis

cura: puniçãoigreja como tribunal

Paradigma oriental

pecado como doençacura: terapêutica

igreja como hospital

Enquanto as Escrituras descrevem o pecado

tanto na categoria legal quanto psíquica,

a tradição ocidental tem se concentrado

principalmente na dimensão legal, enquanto

a tradição oriental tem enfatizado a

dimensão física.

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27Visões orientais e ocidentais de pecado

fé cristã, enquanto na tradição ocidental a tendência é direcionar as pessoas principalmente como indivíduos.Enquanto fazemos tais afirmações gerais, devemos rapidamente reconhecer que tanto as igrejas ocidentais quanto as orientais sempre ensinaram a completa revelação bíblica – encarnação e sal-vação, Sexta-feira da Paixão e Páscoa, a dimensão individual e a dimensão corporativa. Ambas têm enfatizado a morte de Cristo na cruz como o único caminho para dominar o pecado. A diferença é simplesmente que, quando colocadas lado a lado, cada tradição tende a enfatizar um desses dois polos mais do que o outro. Esses diferentes focos podem ser facilmente averiguados no estudo da literatura teológica, da liturgia e do simbolismo religioso.

Diferentes entendimentos do pecadoEstou muito ciente de que o foco deste livro é a essência da comu-nidade cristã, não a história da igreja nem a história da doutrina cristã. Mas, sem o mínimo entendimento dos dois pulmões do cristianismo, seria difícil identificarmos a chave para abordar o pro-blema da raiz da igreja. Cada polo, como descrito, é bíblico, mas em si e por si é unilateral. O verdadeiro entendimento bíblico deve sempre esforçar-se em colocar os dois polos juntos.Veja o diagrama da página 24. Ele relata os diferentes focos dos paradigmas ocidentais e orientais e seus conceitos de pecado. Enquanto a ênfase legal do paradigma ocidental resulta em ver o pecado principalmente como quebra de regras, o paradigma oriental tende a abordar o pecado como uma doença. Essas dife-rentes ênfases têm consequências para a seleção de uma cura ade-quada. Enquanto o paradigma ocidental gosta de termos legais tais como punição e perdão, o paradigma oriental tende para

MAL

oposto de BEM

ênfase da tradição ocidental

MORTE

oposto de VIDA

ênfase da tradição oriental

De acordo com as Escrituras, o trabalho de Cristo em nosso favor é a vitória sobre o mal e a morte. O oposto de mal e morte pode ser resumido como “vida boa”. A tarefa de pequenos grupos é esclarecer o que é esta “vida boa”.

Trabalho de Cristo: vitória sobre

resultando na VIDA BOA

&

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28 Parte 1: A essência da comunidade cristã

metáforas médicas, como cura. Na mente oriental até mesmo a punição não é muito vista como uma maneira de satisfazer a Deus, mas como medicina ou terapia.Em resumo, enquanto na teologia ocidental, muitas metáforas usadas para descrever o cristianismo são emprestadas da sala do tri-bunal, na visão teológica oriental, as igrejas são mais como um hos-pital. Repetidamente temos que enfatizar que ambas as metáforas – a forense e a terapêutica – têm suas raízes nas Escrituras, que ambas são essenciais e ambas deveriam encontrar expressões adequadas na igreja atual. Não é uma questão de ou/ou, mas de ambos/e. Porém, a fim de trazer equilíbrio para esses dois polos, a maioria das igrejas ocidentais precisa expandir seu entendimento tera-pêutico de pecado perguntando: O que leva as pessoas a des-considerarem os mandamentos de Deus? O que elas esperam alcançar? Que energia as guia? Como essas energias podem ser recanalizadas para propósitos construtivos? E finalmente, o que podemos fazer, na prática, para ajudar pessoas a fugirem do padrão autodestrutivo do pecado?

O centro da fé cristãCom tudo isso em mente, vamos olhar de perto o diagrama da página 25. Esse diagrama destaca a essência da fé cristã – a vitó-ria de Cristo sobre o mal (quadro da esquerda) e morte (quadro

da direita). A descrição do trabalho fundamental da igreja é comunicar essa realidade de tal maneira que as pessoas não somente ouçam a mensagem, mas experimentem essa dupla vitória em suas vidas. Estou ciente de que muitos cristãos ocidentais espe-ram um livro de pequenos grupos para aprofundar sobre o tamanho ideal de grupo, técnicas de marke-ting para atrair recém-chegados ou tópicos interes-santes que imediatamente os conectem com neces-sidades que se fazem sentidas. Existe um lugar para cada uma dessas questões. Meu medo, porém, é que muitos grupos cristãos, enquanto fazem muitas coisas interessantes, e mesmo espirituais, corram o risco de perder a essência da fé cristã – ajudar pes-

soas a experimentarem a vitória de Cristo acima do pecado e da morte em suas vidas.Quando “mal” e “morte” são os dois opostos da iniciativa cristã, deveríamos nos esforçar para promover a “boa vida” (“boa” como o oposto de “mal”, e “vida” como o oposto de “morte”). Comu-nidade cristã é isso. Quando lidamos com os Sete Pecados Capitais e as Sete Qualidades Comunitárias, nosso objetivo será dizer cla-ramente qual é o significado de “boa vida” em termos práticos e quais obstáculos superar a fim de vê-lo florescer.

Mais na web: Em 3colorsofcommunity.org você encontrará respostas para as seguintes questões:• Como uma igreja ocidental

aprende da tradição orien-tal sem mudar sua identi-dade denominacional?

• Quais são as implica-ções do assim chamado “cisma” de 1054, espe-cialmente para as igrejas protestantes?

Page 29: AS 3 CORES DA COMUNIDADE

29Aproveitando as energias por trás dos pecados capitais

Aproveitando as energias por trás dos pecados capitais

Até este ponto, algumas de nossas reflexões podem parecer um pouco abstratas: a definição de pequeno grupo. A Bússola Trini-tária. As Sete Qualidades Comunitárias. Os Sete Pecados Capi-

tais. Os paradigmas orientais e ocidentais. Alguns leitores que pensarem principalmente sobre a próxima sessão de seu pequeno grupo na terça--feira à noite, sobre as perguntas de John, Judith e Max; sobre o desem-prego de Max; sobre o câncer de seio de Judith, sobre as dificuldades de entendimento de Romanos 4 e sua própria pressão de tempo, pode estar ficando impaciente e perguntar: “Quando começa a ser prático?”Estou confiante de que, através do restante deste livro, você apreciará a relevância da construção teórica em blocos que temos explorado. Sem ela, teria sido praticamente impossível entender o paradigma no qual este livro é baseado – a distinção entre as energias dadas por Deus e como elas expressam tanto a forma dos Sete Pecados Capitais quanto as Sete Qualidades Comunitárias.Há alguma coisa positiva sobre o pecado?A maioria dos autores que escrevem sobre os Sete Pecados Capitais chega certamente a uma descoberta enigmática em algum ponto ao longo do caminho. Naturalmente, abordam cada um dos pecados criticamente. Não há surpresa alguma de que as consequências des-trutivas do pecado sejam bem visíveis.Contudo, cavando profundamente, inexplicavelmente parece haver algum elemento positivo conectado a cada um dos sete pecados. É claro que a ira é negativa – mas ela não proporciona a força neces-sária para sermos mais corajosos do que seríamos de outro modo? Não há dúvida alguma de que a avareza é errada – por outro lado, ela não proporciona o combustível que mantém nossa economia em crescimento? Não há dúvida de que o orgulho é pecado – mas ele não nos ajuda a desenvolver uma autoestima positiva?Observações similares podem ser feitas de cada um dos Sete Pecados Capitais. Parece que existe algo em cada um deles que não pode ser categoricamente condenado.Isso nos leva a um quadro confuso. Poderia ser que o pecado não é necessariamente mau, pelo menos nem sempre? Em alguns casos, sob certas circunstâncias, ou em algumas áreas, poderia ser correto?A resposta é um definitivo “não”. Pecado é sempre errado – em todos os casos, sob todas as circunstâncias, em todas as áreas. E, ainda assim, os autores que querem dar o sentido de algo positivo dentro de cada um dos pecados, não estão completamente errados. O elemento posi-tivo não é nem o pecado, nem algo intrínseco conectado ao pecado, mas certamente a energia por trás de cada pecado.

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30 Parte 1: A essência da comunidade cristã