Árvores do brasil - embrapa

Upload: idbestlogin

Post on 12-Oct-2015

12 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Documentos 137

    Marcos Fernando Gluck RachwalPaulo Ernani Ramalho CarvalhoLuiz Henrique de Oliveira Withers

    Roteiro de Educao Ambiental noArboreto da Embrapa Florestas

    Colombo, PR2006

    ISSN 1679-2599

    Dezembro, 2006Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmbrapa FlorestasMinistrio da Agricultura e do Abastecimento

  • Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:

    Embrapa FlorestasEstrada da Ribeira, Km 111, CP 31983411 000 - Colombo, PR - BrasilFone/Fax: (41) 3675 5600Home page: www.cnpf.embrapa.brE-mail: [email protected] reclamaes e sugestes: www.embrapa.br/ouvidoria

    Comit de Publicaes da Unidade

    Presidente: Luiz Roberto GraaSecretria-Executivo: Elisabete Marques OaidaMembros: lvaro Figueiredo dos Santos, Edilson Batista de Oliveira,Honorino Roque Rodigheri, Ivar Wendling, Maria Augusta Doetzer Rosot,Patrcia Pvoa de Mattos, Sandra Bos Mikich, Srgio Ahrens

    Supervisor editorial: Luiz Roberto GraaRevisor de texto: Mauro Marcelo BertNormalizao bibliogrfica: Elizabeth Cmara Trevisan, Lidia WoronkoffFoto da capa: Willian BillEditorao eletrnica: Mauro Marcelo Bert

    1a edio1a impresso (2006): conforme demanda

    Todos os direitos reservados.A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte,constitui violao dos direitos autorais (Lei no 9.610).

    Rachwal, Marcos Fernando Gluck.

    Roteiro de educao ambiental no arboreto da Embrapa Florestas[recurso eletrnico] / Marcos Fernando Gluck Rachwal, Paulo ErnaniRamalho Carvalho, Luiz Henrique de Oliveira Withers. - Dadoseletrnicos. - Colombo : Embrapa Florestas, 2006.

    1 CD-ROM. - (Documentos / Embrapa Florestas, ISSN 1679-2599 ;137)

    ISSN 1517-526X (impresso)

    1. Espcie arbrea Curiosidades. 2. Educao ambiental. 3.Arboreto Embrapa Florestas. I. Carvalho, Paulo Ernani Ramalho. II.Withers, Luiz Henrique de Oliveira. III. Ttulo. IV. Srie.

    CDD 582.16 (21. ed.)

    Embrapa 2006

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao - CIPEmbrapa Florestas

  • Marcos Fernando Gluck RachwalEngenheiro Agrnomo, Mestre, Pesquisador daEmbrapa [email protected]

    Paulo Ernani Ramalho CarvalhoEngenheiro Florestal, Doutor, Pesquisador daEmbrapa [email protected]

    Luiz Henrique de Oliveira WithersEngenheiro Florestal, Assistente de Operaes I daEmbrapa [email protected]

    Autores

  • Apresentao

    Muito se tem discutido sobre a importncia das rvores nos processosprodutivos, na conservao e recuperao ambiental.

    A Embrapa Florestas, em seu programa de educao ambiental, utiliza o arboretobotnico, composto por rvores nativas e exticas, para sensibilizar o pblicosobre os inmeros servios ambientais e produtos fornecidos pelas rvores.

    Este documento objetiva contribuir na formao de educadores que irotransmitir informaes sobre utilizao e conservao das florestas.

    Moacir Sales MedradoChefe Geral

    Embrapa Florestas

  • Sumrio

    1. Introduo .......................................................................................... 9

    2. Objetivos ......................................................................................... 10

    3. rvores e Breve Contedo apresentado durante o reteiro de visitao ........ 11

    3.1. Jequitib-Branco ................................................................... 12

    3.2. Tungue ............................................................................... 14

    3.3. Pinheiro-do-Paran ................................................................ 15

    3.4. Erva-Mate ............................................................................ 17

    3.5. Pau-Brasil ............................................................................ 19

    3.6. Falso Pau-Brasil .................................................................... 21

    3.7. Gingo ................................................................................. 22

    3.8. Espinheira-Santa ................................................................... 23

    3.9. Ariticum-Cago ..................................................................... 24

    3.10. Cafezeiro-do-Mato ............................................................... 25

    4. Consideraes Finais ......................................................................... 26

    5. Literatura Complementar ..................................................................... 27

  • Educao Ambiental noArboreto da EmbrapaFlorestasMarcos Fernando Gluck RachwalPaulo Ernani Ramalho CarvalhoLuiz Henrique de Oliveira Withers

    1. Introduo

    Voc coleciona selos, carros antigos, discos, chaveiros ou lpis? A EmbrapaFlorestas tem uma coleo de rvores! Isto mesmo, pois um arboreto nada mais do que uma coleo de rvores vivas.

    Ele foi criado em 26 de outubro de 1979, tendo sido implantado em uma reaanteriormente utilizada como pastagem, dentro da rea da Embrapa Florestas, noMunicpio de Colombo, PR. No incio, o objetivo era o estudo de espciesnativas (naturais da Floresta Ombrfila Mista ou Floresta de Araucria), queproduzissem alimentos, principalmente frutos, para a fauna. Com o passar dotempo, porm, foram plantadas tambm vrias espcies exticas (provenientesde outros ecossistemas, quer brasileiros quer de outros pases) para observar aadaptao de cada espcie nesta regio, bem como a competio entre elas.

    Assim, hoje, o arboreto da Embrapa Florestas ocupa uma rea de cinco hectarese conta com 2 mil rvores plantadas (espaamento de 5 m x 5 m) de cerca de700 espcies provenientes de vrias regies do Brasil e do Mundo.

    Todas as rvores presentes no arboreto possuem uma placa com nome popularou comum, nome cientfico e famlia botnica (Figura 1). Por regra, o nome dafamlia botnica sempre termina em acea. O nome cientfico, embora muitasvezes complicado, importante porque nico e todo ser vivo (animais, plantas,fungos, bactrias e outros) possui o seu, sendo por ele reconhecido em qualquer

  • 10 Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    lugar do mundo. O nome popular, ao contrrio, embora mais simples, possuimuitas variaes regionais e entre os pases, causando confuses eidentificaes errneas.

    Figura 1- Espcie arbrea presente no arboreto da Embrapa Florestas, com placade identificao na qual constam o nome popular (pinheiro-do-paran), nomecientfico (Araucaria angustifolia) e a famlia botnica (Araucariaceae).

    O Programa de Educao Ambiental(PREA) da Embrapa Florestas utiliza comfreqncia uma parte do arboreto em suas prticas de campo, pois em uma rearelativamente pequena e em um curto espao de tempo (45 minutos), o pblico,de diversas faixas etrias, pode obter informaes ecolgicas e curiosidades arespeito das rvores.

    2. Objetivos

    O objetivo principal deste documento servir de guia na preparao doseducadores ambientais da Embrapa Florestas, que iro conduzir os diferentespblicos no arboreto, munindo-os de informaes importantes sobre as espciesarbreas que iro apresentar.

  • 11Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    3. rvores e Breve ContedoApresentado Durante o Roteiro deVisitao

    Foram selecionadas 10 espcies arbreas, por sua importncia ambiental,econmica e medicinal, cujas localizaes esto representadas na Figura 2. Ocroqui mostra a localizao das rvores usadas no roteiro de visitao doArboreto da Embrapa Florestas, para ser utilizado pelos educadores ambientaisdo PREA:

    Figura 2. Croqui de localizao das rvores do Arboreto da Embrapa Florestasutilizadas no Programa de Educao Ambiental.

  • 12 Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    3.1. Jequitib-branco [Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze], Famlia:Lecythidaceae

    Esta rvore brasileira (Figura 3a) encontrada na Floresta Ombrfila Densa(Floresta Amaznica e Floresta Atlntica), na Floresta de Tabuleiro e na FlorestaEstacional Semidecidual, podendo ocorrer nos estados do Acre, Bahia, EspritoSanto, Gois, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paran (onde conhecida como estopeira), Rio de Janeiro, So Paulo e Distrito Federal, masno ocorre no ecossistema local (Floresta de Araucria). O tronco possui cascaexterna cinza-clara a marrom-escura com muitos sulcos e folhas simples de coravermelhada quando novas, com margens serreadas (Figura 2b e c). As floresso pequenas, branco-creme, inseridas nas axilas das folhas. Os frutos, emforma de urna inviolvel de cor parda, contm de 20 a 35 sementes castanhascom asa membranosa.

    Algumas espcies de macacos pegam esse fruto e o abrem, contribuindo com adisperso desta espcie, pois os mais velhos, em vez de tentarem tirar assementes com as mos, tiram a tampa e sacodem o fruto para fazer com que assementes caiam, as quais vo germinar a alguns quilmetros da rvore me, seforem levadas pelo vento.

    A rvore pode atingir at 30 metros de altura e sua madeira de lei avermelhadae usada para fabricao de mveis e assoalho de barcos.

    No ano 2000, o exemplar do arboreto foi submetido a 13 geadas, o quecomprometeu muito seu crescimento, pois ela uma espcie de clima maisquente e seco do que o da regio onde est plantado.

  • 13Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    Figura 3. Jequitib-branco: rvore com tronco mais claro em primeiro plano (a);detalhe das folhas (b) e do tronco (c ).

    a

    b

    c

  • 14 Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    Figura 4. Exemplar de tungue em primeiro plano (a), - aspecto das folhas (b) edo tronco (c).

    ab

    c

    3.2. Tungue (Aleurites fordii Hemsl.), Famlia: Euphorbiaceae

    rvore chinesa e, portanto, extica (Figura 4a). Apresenta tronco com cascaacinzentada quase lisa (Figura 4c). As folhas so alternas, simples, ovaladas(Figura 4b) e caem no inverno. As flores so branco-avermelhadas e os frutosmantm-se verdes, mesmo quando maduros. Os pssaros no comem os frutosdesta rvore, pois causam diarria e at a morte. No ser humano, embora noocorra morte, a vtima passa a visitar o banheiro mais vezes do que de costume.Portanto, devemos observar os animais e evitar o consumo de frutos rejeitadospor eles, tendo em mente que no devemos comer todos os tipos de frutos queeles consomem.

    Sua madeira tambm serve para construir violinos finos e o fruto possui um leoque serve para fabricar tintas e vernizes. Na China, diz-se que quando umescritor quer ter inspirao para suas obras literrias, senta-se embaixo de umarvore de tungue para escrever.

  • 15Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    3.3. Pinheiro-do-paran [Araucaria angustifolia (Bertoloni) Otto Kuntze], Famlia:Araucariaceae

    A famlia das araucrias considerada um fssil vivo, pois existe desde o tempodos dinossauros, ou seja, h aproximadamente 180 milhes de anos! Faz parteda Floresta de Araucria, distribuindo-se no Brasil principalmente nos estados doParan, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, embora seja encontrada, na formade manchas esparsas, no sul de So Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.Ocorre em altitudes superiores a 500 m, sobre solos profundos, porosos e bemdrenados. A casca externa do tronco marrom-arroxeada e as folhas socoriceas, simples, alternas, espiraladas e possuem forma de lana (Figura 5a eb). As flores masculinas apresentam-se cilndricas e alongadas enquanto asfemininas so arredondados. Seus pseudofrutos, denominados pinhas, socompostos por 700 a 1.200 escamas e 5 a 150 sementes (os pinhes), comtegumento duro e endosperma abundante, podendo pesar at 4,7 kg.

    A araucria produz o pinho no inverno e a disperso dessa semente realizadaprincipalmente pela gralha-azul, a gralha-picaa e a cutia. A gralha-azul(Cyanocorax caeruleus Vieillot), que possui o corpo azul-escuro e a cabea e opeito pretos, pega os pinhes bicando a pinha, derrubando-os muitas vezes nosolo, mas no desce para apanh-los. Para alimentar-se deles vai para outrarvore onde descasca o pinho e muitas vezes tambm o derruba. Estes pinhescados, se no forem consumidos por outros animais, podem germinar e darorigem a outro pinheiro. A gralha-azul tambm dispersora de sementes degabirobeira, pitangueira, pessegueiro bravo, entre outras. A gralha picaa(Cyanocorax chrysops Vieillot), que possui uma boina de penas negras nacabea, peito preto, ventre e ponta da cauda variando do creme ao branco,tambm retira os pinhes da pinha, levando-os para comer em outras rvores,descendo ao solo para apanhar os que carem. Aqueles que ela no apanharpodero vir a germinar. A cotia (Dasyprocta sp.) come os pinhes, tendo ocostume de enterrar as sementes que sobraram para se alimentar delas maistarde. Marca o local onde as enterrou com seu cheiro caracterstico, provenientede uma glndula que tem no traseiro. Quando, dias ou semanas depois, passapor aquele local, reconhece o cheiro que deixou e cava para comer as sementes.Como os pinhes germinam rapidamente, os pinheirinhos espetam seu focinho,fazendo com que a cotia abandone o local e os deixe crescer. A disperso feitapelos animais muito importante, pois as sementes de pinheiro so muitograndes e pesadas, no podendo ser transportadas pelo vento. Outros animaiscomo o macaco-prego, a anta, o ourio e o serelepe tambm se alimentam de

  • 16 Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    pinhes. Isto faz da araucria uma espcie muito importante na floresta, poisoferece alimento em abundncia numa poca do ano em que faltam frutos esementes para a fauna, pois um menor nmero de vegetais frutifica no inverno.Essa rvore, apesar de ser um dos smbolos do nosso estado, encontra-seameaada de extino, pois vem e continua sendo muito explorada h mais decem anos, devido qualidade da sua madeira, muito apreciada, para movelaria,construo em geral, laminados, caixotaria, lpis e mastros de navios. Almdisso, as araucrias demoram de 10 a 15 anos para produzir pinhes quandoplantadas isoladamente e 20 anos, quando plantadas em povoamentos.

    Por isto, importante evitar a coleta indiscriminada de pinhes, o que impede onascimento de novas rvores e reduz a alimentao de vrios animais!

    Figura 5. Gaalhos (a) de de pinheiro-do-paran (b).

    a b

  • 17Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    3.4. Erva-mate (Ilex paraguariensis Saint-Hilaire), Famlia: Aquifoliaceae

    uma rvore que acompanha o pinheiro-do-paran, pois ocorre nas mesmasflorestas (Figura 6a). O nome mate vem da palavra mati que significa cabaa,cuia. A erva-mate possui folhas simples, subcoriceas a coriceas, lisas, de corverde-escura em cima e mais claras em baixo (Figura 6b). A casca externa dotronco cinza-clara. Suas flores so brancas e pequenas e seus frutos so umadrupa globosa de cor violcea, quase preta quando madura, contendo sementescastanhas claras a escuras, pequenas e muito duras. Suas folhas e pedaos deramos, atravs de secagem, so usadas para fazer ch, chimarro (com guaquente) e no Paraguai e alguns estados do Brasil, para fazer o terer (com guafria). Antigamente, os ndios utilizavam as folhas da erva-mate como estimulante,para terem maior disposio para a caa. Essa espcie impulsionou a economiaparanaense, tendo sido responsvel por mais da metade das exportaes doEstado do Paran em dcadas passadas. Atualmente, ela tambm utilizada paraa fabricao de cosmticos e medicamentos. Quando cultivada isolada, ou seja,sem suas companheiras da floresta como a imbuia, o cedro e as canelas, podeser atacada por alguns insetos, como a ampola-da-erva-mate, que apresentaaltas populaes nesta forma de plantio, bem como em viveiros. Algumasdoenas causadas por fungos tambm podem atacar a erva-mate. Pode-se citar omal-da-teia, o qual cobre as folhas e os ramos dando a aparncia de uma teia dearanha. O controle se faz por meio de poda, maior espaamento de plantio elimpeza da rea, proporcionando uma boa insolao e aerao.

  • 18 Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    Figura 6. Erva-mate (a) e detalhes das folhas (b).

    b

    a

  • 19Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    3.5. Pau-brasil (Caesalpinia echinata Lamark), Famlia: Caesalpinaceae

    No Brasil, essa rvore ocorre naturalmente em regies de clima quente nosestados de Alagoas, Bahia, Esprito Santo, Minas Gerais, Paraba, Pernambuco,Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe (Figura 7a).

    uma rvore muito especial para ns brasileiros, pois o nosso Pas tem o nomede Brasil por causa dessa rvore, cuja madeira vermelha lembra a brasa do fogo!Os ndios a utilizavam para extrair um corante para pintar a pele. Os europeuschegaram aqui por interesse na madeira e no corante. Na Europa, o corante ficoufamoso, pois pouqussimas pessoas tinham roupas coloridas uma vez que ocusto de produo era muito elevado. Alm disso, a melhor madeira do mundopara se fabricar arcos para violinos.

    Suas folhas so compostas por 10 a 20 fololos (pequenas folhas), alternados, eno possuem espinhos na parte de baixo das folhas (Figura 7b), estandopresentes acleos no tronco, cuja casca rugosa, pardo-acinzentada ou pardo-rosada e provida de acleos. Acleo um tipo de espinho que cresce naepiderme (pele) dos vegetais e facilmente arrancado com a mo, o que noacontece com o espinho verdadeiro que cresce dentro da madeira (lenho) dasrvores. As flores so amarelo-douradas, perfumadas, sendo que a ptala maiorapresenta mancha vermelho-escura no centro. Seu fruto uma vagem pardo-avermelhada com 5 cm a 8 cm de comprimento, contendo sementes decolorao castanha com pontuaes de tonalidades variadas.

  • 20 Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    Figura 7. Exemplar de pau-brasil com 14 anos de idade e altura de 0,50 metros,por apresentar crescimento lento e ter sofrido com inmeras geadas (a).Detalhe das folhas com fololos alternados e sem espinhos (b).

    b

    a

  • 21Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    3.6. Falso paubrasil [Caesalpinia spinosa (Mol.) Kuntze], Famlia:Caesalpinaceae

    proveniente dos Andes. Possui tronco tortuoso com acleos e casca comfendas. Tem folhas compostas por fololos lisos, ovalados e opostos comespinhos na parte inferior das folhas (Figura 8a e b). Para melhor compreenso,podemos comparar a disposio dos seus fololos com uma espinha de peixe.Suas flores so pequenas e seus frutos (legumes) so lineares e achatadosmedindo cerca de 8 cm de comprimento, apresentando de 30 % a 50 % detanino, sendo, por isso, indicados para o curtimento de couros finos.

    Figura 8. Falso pau-brasil (a). Folhas com fololos opostos e espinhos (b).

    a

    b

  • 22 Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    3.7. Gingo (Gingko biloba L.) Famlia: Gingkoaceae

    Tambm conhecida como avenco, pela semelhana de suas folhas com as deavenca. Possui tronco acinzentado, folhas em forma de leque sem nervuramediana (Figura 9b), adquirindo tom dourado no outono (Figura 9a). Apresentaflor masculina pendente e flor feminina com ovrio exposto. uma milenarrvore oriunda do oriente e considerada sagrada por povos orientais. Simboliza avida, pois aps a exploso da bomba atmica em Hiroshima e Nagasaki, ela foi anica espcie que conseguiu sobreviver. Atualmente pesquisada paratratamentos de envelhecimento precoce e perda de memria.

    No Japo existe crendice sobre esta rvore, segundo a qual, quando suas folhascaem por ocasio do inverno, quem guardar uma em sua carteira ter um anointeiro de prosperidade econmica.

    Figura 9. Gingo no primeiro plano (a). Folhas amareladas no outono semelhantess folhas de avenca (b).

    a

    b

  • 23Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    3.8. Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex. Reiss.), Famlia: Celastraceae

    rvore facilmente reconhecida a campo devido suas folhas simples, coriceas elisas com margens espinhosas (Figura 10a e b). As flores so compostas e osfrutos so cpsulas vermelho-alaranjadas. As sementes so envolvidas por umamembrana branca a qual contrasta com a casca vermelha dos frutos, atraindomuitos pssaros. At poucos anos atrs, essa espcie no tinha valor algum,sendo at eliminada dos pastos das fazendas e stios, uma vez que apresentaespinhos na borda das folhas, machucando as bochechas e lngua do gado. Emcontato com ndios da Regio Sul do Brasil, pesquisadores brasileirosdescobriram que esses a usavam para combater problemas estomacais, como agastrite e a lcera. Porm, foram os japoneses quem a estudaram mais a fundo.

    Figura 10. Espinheira-santa no primeiro plano (a). Folhas com presena deespinhos nos bordos (b).

    a b

  • 24 Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    3.9. Ariticumcago (Annona cacans Warming), Famlia: Annonaceae

    Possui casca externa cinza-clara a escura com muitas escamas que sedesprendem em ripas compridas. Suas folhas so simples, alternas, lisas ebrilhantes (Figura 11a e b). Os frutos so lisos, de colorao verde-amareladaquando maduros e abrigam sementes marrom-escuras. uma rvore rara eimportante para a anta (Tapirus terrestris Linnaeus), pois esse animal tem prisode ventre por ingerir grande quantidade de alimentos e sabe que ao comer ofruto dessa rvore acaba tendo um desarranjo intestinal, o que ainda contribuipara a disperso das sementes. Alm de lev-la para longe da planta-me, a antaajuda a acelerar a germinao das sementes, quebrando-lhes naturalmente adormncia (perodo de tempo durante o qual a semente no germina por noestar completamente madura ou por apresentar tegumento muito rgido, o qualoferece resistncia para absoro de gua e oxignio). Atualmente, para a quebraartificial da dormncia, recomenda-se a escarificao das sementes com cidosulfrico durante um minuto. A escarificao um processo mecnico ouqumico que visa facilitar a entrada da gua e do oxignio atravs do tegumento(envoltrio) e acelerar a germinao.

    Figura 11. Ariticum cago (a) com folhas brilhantes (b).a b

  • 25Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    3.10. Cafezeiro-do-mato, pau-de-lagarto ou guaatunga (Casearia sylvestrisSw.), Famlia: Salicaceae

    Possui casca externa do tronco castanho-acinzentado-escura com escamas. Temfolhas membranosas ou coriceas de colorao verde-escura, brilhante na facesuperior, alternas, com forma, tamanho e consistncia variveis (Figura 12a e b).Existem sete espcies arbreas na rea da Embrapa Florestas conhecidas porguaatunga, mas apenas uma possui princpio ativo para fabricao de remdios.As folhas desta planta possuem um leo repelente de insetos e por suaspropriedades cicatrizantes so boas para combater a gastrite e a dor de garganta.O ch das folhas possui propriedades diurticas, cardiotnicas e febrfugas. Suasflores tm odor desagradvel e os frutos, muito apreciados pela avifauna, socpsulas avermelhadas-purpreas quando maduros e contm de duas a seissementes. A madeira usada para lenha e carvo, tacos e carpintaria. tambmchamada de pau de lagarto, pois dizem que este animal, ao se deparar com umacobra peonhenta na floresta, s ir enfrent-la se houver uma rvore como estapor perto, j que ela contm o antdoto para uma eventual picada que venha areceber.

    Figura 12. Cafezeiro-do-mato (a) com folhas coriceas, verde-escuras e alternas(b).

    a b

  • 26 Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    4. Consideraes Finais

    Espera-se que esse trabalho sirva como um ponto de partida na formao deeducadores ambientais, fornecendo-lhes subsdios concretos sobre a importnciae as inmeras funes das rvores, para que possam transmiti-las eficientementeao pblico.

  • 27Roteiro de Educao Ambiental no Arboreto da Embrapa Florestas

    5. Literatura Complementar

    BELTON, W. Aves silvestres do Rio Grande do Sul. 3. ed. Porto Alegre:Fundao Zoobotnica do Rio Grande do Sul, 1993. 172 p.

    CARVALHO, P. E. R. Espcies arbreas brasileiras. Braslia, DF: EmbrapaInformao Tecnolgica; Colombo: Embrapa Florestas, 2003-2006. 2 v.(Coleo espcies arbreas brasileiras, v. 1-2). v. 2 foi publicado em 2006.

    CARVALHO, P. E. R.; DUARTE, J. A. A viagem das sementes. Braslia, DF:Embrapa Informao Tecnolgica, 2000. 59 p.

    FOWLER, J. A. P.; BIANCHETTI, A. Dormncia em sementes florestais.Colombo: Embrapa Florestas, 2000. 27 p. (Embrapa Florestas. Documentos,40).

    LORENZI, H. rvores brasileiras: manual de identificao e cultivo de plantasarbreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum. 1992. v. 1.

    LORENZI, H. rvores brasileiras: manual de identificao e cultivo de plantasarbreas do Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Plantarum, 1998. v. 2.

    LORENZI, H. rvores exticas do Brasil: madeireiras, ornamentais e aromticas.Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2003. 382 p.

    MARCHIORI, J. N. C. Dendrologia das angiospermas: das magnoliceas sflacurticeas. Santa Maria: Ed. da UFSM, 1997. 271 p.

    MARCHIORI, J. N. C. Dendrologia das angiospermas: leguminosas. Santa Maria:Ed. da UFSM, 1997. 200 p.