artigos - tic

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lia, amigos e mesmo na sociedade. A Tecnologia Assis- tiva propõe-se, ainda, a melhorar a funcionalidade das pessoas com deficiên- cia. O termo funcionali- dade deve ser entendido num sentido maior do que habilidade em realizar tare- fas de interesse. Segundo a CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade), o mode- lo de intervenção para a funcionalidade deve ser Biopsicosocial e diz respeito à avaliação e intervenção em: Funções e estruturas do corpo ; Atividades e participação ; Factores Contextuais, ambientais e pessoais. Embora o homem seja capaz de evoluir e con- ceber fascináveis invenções, não consegue extinguir todas as suas limitações. Continuamos a adoecer e a morte é incontornável. Esta é a realidade comum a todos, mas existe quem enfrente obstáculos diaria- mente. Para estes a tecnolo- gia tem desempenhado um papel fundamental no que toca à simplificação e auxílio nas suas rotinas. O que é a Tecnologia Assistiva? Definida como «uma ampla gama de equi- pamentos, serviços, estraté- gias e práticas concebidas e aplicadas para minorar os problemas encontrados pelos indivíduos com defi- ciências» (Cook e Hussey • Assistive Technologies: Prin- ciples and Practices • Mosby Year Book, Inc., 1995), esta é uma área transdisci- plinar, cujos serviços envol- vem profissionais de diver- sas áreas que trabalham em prol de uma melhoria, signifi- cativa, na qualidade de vida de indivíduos com deficiên- cia. Visa, ainda, a integração de tais indivíduos na vida familiar e na sociedade. Tarefas que para o indivíduo comum podem parecer totalmente banais como abotoar uma camisa, subir um degrau ou fazer uma chamada telefónica, apresentam-se desafiantes para um indivíduo com limi- tações. São diversos os pro- dutos especiais, inseridos dentro de Tecnologia Assisti- va, que auxiliam o quotidia- no de deficientes, estes podem variar desde uma simples bengala a um siste- ma computadorizado de comunicação. Quais são os seus objetivos? Este tipo de tecno- logia visa proporcionar uma melhoria na qualidade de vida aos indivíduos com deficiência. Por meio do aumento, manutenção ou da devolução das suas capaci- dades, e por meio da ampliação da sua comunica- ção, mobilidade, controle do seu ambiente, habilidades do seu aprendiz, trabalho e integração com a sua famí- A TECNOLOGIA ASSISTIVA NA ACTUALIDADE INFORMÁTICA E TECNOLOGIA EM COMUNICAÇÃO ARTIGO Nesta publicação: Fecho de Guantána- mo, para quando? 4 A voz revelação do Britain's got talent. 6 Pode a solidão tornar -se fascinante? 8 Os detalhes de Presos. 11 Os detalhes de Presos 11 Houve teatro em Albufeira! 12 Vivemos numa sociedade onde, cada vez mais, a Tecnologia é inerente a vida do ser humano. No entanto, têm-se proclamado inúmeros malefícios da mesma: na comunicação social, no nosso dia-a -dia, em conversas de café, etc. Surgem-se posições mais radicais, ouvimos "profetas" que a culpam, num futuro próximo, de levar à extinção de entidades como a família e de corromper valores morais. Verdadeiros ou não, estes argumentos levantam sérias questões. Porém não nos propusemos abordar a dialética bem/mal, mas sim destacar uma área onde o contributo da tecnologia é inquestionável. EXEMPLOS DA APLICAÇÃO DE TECNOLOGIA ASSISTIVA

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TECNOLOGIAS E INFORMÁTICA EM COMUNICAÇÃO

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Page 1: ARTIGOS - TIC

lia, amigos e mesmo na sociedade.

A Tecnologia Assis-tiva propõe-se, ainda, a melhorar a funcionalidade das pessoas com deficiên-cia.

O termo funcionali-dade deve ser entendido num sentido maior do que habilidade em realizar tare-fas de interesse.

Segundo a CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade), o mode-lo de intervenção para a funcionalidade deve ser Biopsicosocial e diz respeito à avaliação e intervenção em:

Funções e estruturas do

corpo ;

Atividades e participação ;

Factores Contextuais,

ambientais e pessoais.

Embora o homem seja capaz de evoluir e con-ceber fascináveis invenções, não consegue extinguir todas as suas limitações. Continuamos a adoecer e a morte é incontornável. Esta é a realidade comum a todos, mas existe quem enfrente obstáculos diaria-mente. Para estes a tecnolo-gia tem desempenhado um papel fundamental no que toca à simplificação e auxílio nas suas rotinas.

O que é a Tecnologia Assistiva?

Def i n i da como

«uma ampla gama de equi-

pamentos, serviços, estraté-

gias e práticas concebidas e

aplicadas para minorar os

problemas encontrados

pelos indivíduos com defi-

ciências» (Cook e Hussey •

Assistive Technologies: Prin-

ciples and Practices • Mosby

– Year Book, Inc., 1995),

esta é uma área transdisci-

plinar, cujos serviços envol-

vem profissionais de diver-

sas áreas que trabalham em

prol de uma melhoria, signifi-

cativa, na qualidade de vida

de indivíduos com deficiên-

cia. Visa, ainda, a integração

de tais indivíduos na vida

familiar e na sociedade.

Tarefas que para o

indivíduo comum podem

parecer totalmente banais

como abotoar uma camisa,

subir um degrau ou fazer

uma chamada telefónica,

apresentam-se desafiantes

para um indivíduo com limi-

tações. São diversos os pro-

dutos especiais, inseridos

dentro de Tecnologia Assisti-

va, que auxiliam o quotidia-

no de deficientes, estes

podem variar desde uma

simples bengala a um siste-

ma computadorizado de

comunicação.

Quais são os seus

objetivos?

Este tipo de tecno-logia visa proporcionar uma melhoria na qualidade de vida aos indivíduos com deficiência. Por meio do aumento, manutenção ou da devolução das suas capaci-dades, e por meio da ampliação da sua comunica-ção, mobilidade, controle do seu ambiente, habilidades do seu aprendiz, trabalho e integração com a sua famí-

A TECNOLOGIA ASSISTIVA NA ACTUALIDADE

INFORMÁTICA E TECNOLOGIA EM COMUNICAÇÃO

ARTIGO

Nesta publicação:

Fecho de Guantána-

mo, para quando?

4

A voz revelação do

Britain's got talent.

6

Pode a solidão tornar

-se fascinante?

8

Os detalhes de

Presos.

11

Os detalhes de

Presos

11

Houve teatro em

Albufeira!

12

Vivemos numa sociedade onde, cada vez mais, a Tecnologia é inerente a vida do ser humano. No

entanto, têm-se proclamado inúmeros malefícios da mesma: na comunicação social, no nosso dia-a

-dia, em conversas de café, etc. Surgem-se posições mais radicais, ouvimos "profetas" que a

culpam, num futuro próximo, de levar à extinção de entidades como a família e de corromper

valores morais. Verdadeiros ou não, estes argumentos levantam sérias questões. Porém não nos

propusemos abordar a dialética bem/mal, mas sim destacar uma área onde o contributo da

tecnologia é inquestionável.

EXEMPLOS DA APLICAÇÃO DE TECNOLOGIA

ASSISTIVA

Page 2: ARTIGOS - TIC

Página 2 PRINCIPAIS TIPOS, SEGUNDO ÁREAS DE APLICAÇÃO:

ADAPTAÇÕES PARA

ACTIVIDADES DA VIDA DIÁRIA

Dispositivos que auxiliam no desempe-nho de tarefas de autocuidado (como o banho, a preparação de alimentos, a manutenção do lar, vestir-se, entre outras).

SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO

ALTERNATIVA

Possibilitam o desenvolvimento da expressão e receção de mensagens. Existem sistemas computadorizados e manuais. Variam de acordo com o tipo, severidade e progressão da incapaci-dade.

DISPOSITIVOS PARA

UTILIZAÇÃO DE COMPUTADORES

Recursos para receção e emissão de mensagens, acessos alternativos, teclados e ratos adaptados, que permi-tem a pessoas com incapacidades físi-cas operarem em computadores.

UNIDADES DE CONTROLO

AMBIENTAL

São unidades computadorizadas que permitem o controlo de equipamentos eletrodomésticos, sistemas de seguran-ça, de comunicação, de iluminação, em casa ou noutros ambientes.

ADAPTAÇÕES ESTRUTURAIS EM AMBIENTES DOMÉSTICOS, PROFISSIONAIS OU PÚBLICOS

Dispositivos que reduzem ou eliminam barreiras arquitetónicas, como por exemplo rampas, elevadores, entre outros.

ADEQUAÇÃO DA POSTURA SENTADA

Produtos que permitem montar siste-mas de assento e adaptações em cadeiras de rodas individualizados. Permitem uma adequação da postura sentada que favorece a estabilidade corporal, a distribuição equilibrada da pressão na superfície da pele, o confor-to, o suporte postural.

ADAPTAÇÕES PARA DEFICIENTES VISUAIS E

AUDITIVOS

São os ampliadores, lentes de aumen-to, telas aumentadas, sistemas de aler-ta visuais e outros.

EQUIPAMENTOS PARA MOBILIDADE

Cadeiras de rodas e outros equipamen-tos de mobilidade, como andadores, bengalas, muletas e acessórios. Estes devem ser ajustados à necessidade funcional do utilizador, avaliando-se força, equilíbrio, coordenação, capaci-dades cognitivas, medidas antropomé-tricas e postura funcional.

ADAPTAÇÕES EM VEÍCULOS

Incluem as modificações em veículos para direção segura, sistemas para acesso e saída do veículo, como eleva-dores de plataforma ou dobráveis, pla-taformas rotativas, plataformas sob o veículo, guindastes, tábuas de transfe-rência, correias e barras.

A Tecnologia Assistiva é normalmente transdisciplinar envolvendo profissionais de diversas áreas, tais como: fisioterapia; terapia ocupacional; fonoaudiologia; edu-cação; psicologia; enfermagem; medicina; engenharia; arquitetura; design e técnicos de muitas outras especialidades

Page 3: ARTIGOS - TIC

São indiscutíveis as mais-valias da Tecnologia Assistiva, estas não se res-tringem apenas à facilidade de mobilidade, mas prendem-se sobretudo na esperança e motivação que promovem junto de quem as vê como um instrumento que os guia-rá para uma vida mais autó-noma e independente.

A autonomia não significa um afastamento das pessoas que os auxiliam nas tarefas diárias, simboliza sim, uma aproximação dos mesmos à sociedade, em igualdade. Ser-se igual não é a melhor definição, mas estar em igualdade de direi-tos e de acessibilidade aos mesmos projetos e experiên-cias, sim.

Muitas das vezes a visualização de um exemplo concreto sensibiliza-nos mui-to mais para a importância da aceitação, promoção e desenvolvimento deste tipo de tecnologia na nossa sociedade. Expomos, de seguida, um exemplo próxi-mo à comunidade académi-ca da Ualg, que ilustra efi-cazmente o mote deste tex-to.

Filipa Ferreira é apenas mais uma aluna da Universidade do Algarve. Mas destaca-se pela deter-minação. Tem Osteogénese Imperfeita, uma doença genética que deriva da falta de colagénio nos pacientes, levando à fragilidade e con-sequente quebra dos ossos. Estima-se que existam 660 pessoas em Portugal que sofram da doença dos

“ossos de cristal” como vul-garmente é conhecida. A Filipa desloca-se numa cadeira de rodas elétrica que possibilita deslocar-se no Campus, através das ram-pas colocadas nos passeios e à entrada das Escolas Superiores, uma vez que a Universidade do Algarve e a academia tem demonstrado uma grande vontade em adaptar-se à realidade dos deficientes motores.

As portas da UAlg e do conhecimento foram abertas e adaptadas para a Filipa poder estudar e ter as mesmas oportunidades de estudo e futuramente no mercado de trabalho que os outros colegas. A Tecnologia Assistiva utilizada pela Filipa e pela Universidade do Algarve permitiram-lhe que a etapa universitária fosse tão normal na sua vida como aos restantes universitários.

Vivemos numa era informática, onde a tecnolo-gia reina. Mas o homem tem-se adaptado muito bem a todas as alterações do seu tempo e este caso não é exceção. Posições radicais são tomadas a favor e contra a utilização da tecnologia nos nossos dias, mas o certo é que se a utilizarmos cons-cientemente a mesma será uma mais-valia para todos. É o caso da Tecnologia Assisti-va.

Por último, alerta-mos para construção de rampas que permitam a união do caminho do conhe-cimento e da tecnologia ao caminho da igualdade de direitos

CONTRIBUTO PARA UMA VIDA MELHOR

Exemplo de tecnologia assistiva na Escola Superior de

Educação e Comunicação: casa de banho adaptada.

Página 3

A cadeira de rodas elétrica tem ajudado a Filipa a locomover-se.

ATACADOR ELÁSTICO ADAPTAÇÃO PARA MEIA ADAPTAÇÃO PARA BOTÂO

Page 4: ARTIGOS - TIC

Página 4

Page 5: ARTIGOS - TIC

Página 5 OPINIÃO

P a r e c i a uma utopia, mas o fecho da prisão de alta segurança americana situada na base naval de Guantánamo, em Cuba, se afigurava real aquando das promessas do então candidato à Presidên-cia da terra do Uncle Sam: Barack Obama.

O candidato prome-teu, os estado-unidenses votaram, e ele venceu. No entanto, as várias vidas encarceradas sob condições desumanas, culpadas ou não, continuaram a definhar, e a utopia voltou a tornar-se uma constante.

No passado 20 de Maio, o Senado norte-americano chumbou o pedi-do feito pela Casa Branca, 80 milhões de dólares (58 milhões €) que Obama pediu para pagar as operações de encerramento da prisão. Apesar da polémica interna e das dificuldades em obter o dinheiro, Obama reafirmou a promessa do fecho até Janeiro de 2010.

Para além disto, ordenou o encerramento dos centros de detenção que a CIA mantém atualmente no estrangeiro para os suspei-tos de terrorismo.

He rdada pe los E.U.A, no fim da guerra com os espanhóis em 1988, a base naval de Guantánamo é tida por muitos como puni-ção por uma vida criminosa, ou, talvez, como um encar-ceramento sem explicação. Para a maioria dos reclusos é um inferno de torturas. Para certa Miss Universo é um local “relaxante, calmo e lindo, uma experiência ines-quecível”. É, ainda conside-rada, para alguns como pro-va válida que se faz justiça. Bush encarou-a como uma "arma com grades para con-denar a ameaça terrorista", e para Obama significa mais um capítulo que terá de aca-bar no livro da administração Bush. Porém, para a grande pluralidade de pessoas é um modelo contra a democracia

e os direitos humanos. De modo a que este

episódio da história universal não seja esquecido, o Natio-nal Geographic Chanel "envergou” o uniforme laran-ja - mecânica, e mostrou, num documentário, intitulado Bastidores: Guantánamo, tanto como funciona a pri-são, como detalhes da vida quotidiana de presos e guar-das. Tudo sob a atenta vigi-lância deste lugar, que que-bra dia após dia com tudo o estabelecido na Convenção de Genebra sobre as leis de proteção de prisioneiros.

Espero que a humanidade não se esqueça deste hediondo exemplo de "se fazer justiça", e que não adote uma posição similar à de certos islamitas funda-mentalistas que querem apa-gar o genocídio de judeus, na Segunda Guerra Mundial, da história. Também, anseio que o fecho de Guantánamo não se torne uma manobra de distração da sociedade, com o objetivo de esconder outras prisões do conheci-mento do mundo (como o recente caso, noticiado pela SIC, da secreta prisão israe-lita).

Mas, sem qualquer dúvida, o fecho da prisão de Guantánamo torna-se essen-cial e imediato. Aspiro que estes sejam os últimos lati-dos de vida duma das pri-sões mais conhecida por suas formas de implementar justiça e pelos nomes, os rostos e as lágrimas daque-les que deixaram nos seus barrotes grande parte das suas vidas como culpados da "guerra do terror" e márti-res do outro lado da justiça. Só estes conhecem a verda-de dos seus delitos.

Por isso Obama só me resta dizer-te: rápido que já

se faz tarde!

Fecho de Guantánamo, para quando?

Page 6: ARTIGOS - TIC

OPINIÃO

She OPINIÃO O.M.G sings!!

Susan Boyle: A voz revelação do Britain's got talent.

Page 7: ARTIGOS - TIC

Se ainda não a conhece, está na hora de faze-lo, pois pode não pare-cer, mas esta senhora tem uma enorme dádiva. Como todos os dias abri a minha caixa de e-mail. A minha amiga “Dani” suge-riu-me ver este filme no You-Tube:

http://www.youtube.com/watch?v=9lp0IWv8QZY

Primeiro pensei que fosse daquelas “cenas” que o pessoal envia, mas que não tem assim muita piada, mas tive uma grande surpre-sa. Não chorei como a Demi Moore, mas fiquei com pele de galinha ao ouvir Susan Boyle cantar "I dreamed a dream"( do musical Os mise-ráveis).

Ela apresentou-se no reality show "Britain's got talent", e embeveceu o públi-co e o júri com o seu talento.

À primeira vista ninguém acreditou quando a escocesa, de 47 anos, afir-mou que aspirava ser uma cantora profissional. A não muito bem apanhada senho-ra, foi alvo da desconfiança e uma certa troça por parte do auditório.

Simon Cowell (júri e criador do programa), conhe-cido pelas suas ásperas e, por vezes, controversas críti-cas sobre os competidores, teve de reconhecer a aptidão vocal de Susan Boyle. O mesmo prevê que um disco da concorrente alcance o topo da lista dos mais vendi-dos nos Estados Unidos (país onde tem despertado um notável interesse).

Já cantou ao vivo para o Good morning Ameri-ca (programa detentor de uma audiência de 5 milhões de pessoas). Oprah Winfrey convidou a cantora para o seu programa. Susan cantou e deu uma entrevista no Today show, da NBC. Até o actor Ashton Kutcher postou no twitter um link do vídeo de Susan que dizia: Isto fez-me ganhar a noite.

A verdade é que ela se tornou um fenómeno internacional. Cerca de 18 milhões de pessoas já viram a performance de Susan no YouTube. O seu clube de fãs superou, em muito, os espectadores que a viram no reality.

Em Portugal temo-la visto, durante esta sema-na, em diversos telejornais no âmbito da comemoração do dia mundial da voz (16 de Abril).

Mas o caso de Susan fez-me reflectir sobre a discriminação que muitas pessoas sofrem, quer nomeio artístico, no nosso caso, na área da comunica-ção (talvez mais incidente no meio o televisivo) e mesmo no dia-a-dia. Pessoas que podem ser igual ou até mais preparadas do que outros que desempenham funções sem formação, vocação e/ou sem qualquer profissionalis-mo.

Também é verdade que a nossa imagem é o nosso cartão-de-visita. Mas será que esta é tão vital? Melhor, será que a nossa sociedade lhe atribui a devi-da importância?

Mas , relativamente a Susan Boyle, é caso para se dizer: Don't judge the Book by its Cover

Página 7

Page 8: ARTIGOS - TIC

“100 ANOS DE SOLIDÃO”

RECENSÃO CRÍTICA

Pode a solidão tornar-se fascinante?

Page 9: ARTIGOS - TIC

gres, fantasias, obsessões, tragédias, incestos, adulté-rios, rebeldias, descobertas e condenações, que são a representação ao mesmo tempo do mito e da história, da fatalidade e do amor do mundo inteiro". Uma obra dotada de grande misticismo e eso-terismo, que envolvem o leitor, e transportam-no à remota Macondo, rodeada por uma bruma de mistério e superstição. A cidade retrata, de certa forma, a realidade mais patente na profunda América do Sul. Desta for-ma, o autor consegue provar que é possível criar uma realidade fantástica, dois termos que aparentemente se poderiam opor. Toda a narrativa desenrola-se nessa fictícia cidade colombiana, que se parece, em muito, com Ara-cataca, cidade natal do autor. O livro mostra a trajetória da família Buendía-Iguarán, desde a fundação de Macondo até a sétima geração. É nessa cidade que se desenrola o panorama da passagem pela Terra do clã. Macondo sofre uma evolução (redonda) com o passar do tempo. Inicialmen-te era um lugar inóspito, onde a novidade era trazida

pelos ciganos, que anuncia-vam as novas invenções aos locais. Com a chegada de imigrantes, torna-se próspe-ra. Com o passar do tempo transforma-se numa cidade tomada pela violência e pela guerra, e é no final dos 100 anos que volta a reinar a solidão. Para além do local da ação, toda a narrativa é marcada por uma única pala-vra: Solidão. O tempo de ação decorre em 100 anos, daí a justificação do título da obra. Embora pareça um logo período de tempo, a escrita de linguagem apelati-va e estimulante, e de regis-to corrente, faz com que nos envolvamos cada vez mais com a ação, e que com o folhear das páginas a ansie-dade da descoberta nos tome por completo. As personagens que marcam esta história são, sem dúvida, aquelas que pertencem à família. Cada membro teria confina-do na sua pessoa algum dom ou espécie de poder, algo estranho, que os acom-panharia o longo das suas vidas, sendo estas um ema-ranhado de caminhos tortuo-sos, onde por diversas oca-siões a solidão se sobreporia à felicidade. Uma de entre muitas particularidades da

família, parece residir no facto dos netos herdarem os nomes dos respectivos avós ou avôs, o que não torna tarefa fácil, identificar as personagens que vão surgin-do com o decorrer dos anos. O percurso de cada um dos seus membros cruza-se, deixando marcas indelé-veis no percurso de outros, uma família na qual cada geração possui uma forte ligação com aquela que a antecedeu e assim sucessi-vamente. Todos os Buendía nos soam imortais, numa forma através da qual todo o conhecimento e sabedoria de um, é passado a outro, e a outro, de tal modo que conseguimos renuir num só Buendía, pedaços de essên-cia da qual é feita cada um dos membros, os quais o destino tratou de conciliar para todo o sempre. Das personagens podemos destacar o General Aureliano Buendia e Reme-dios a Bela. O primeiro seguiu os seus ideais de lutar na guerra por uma cau-sa nobre, mas como o tempo o poder corrompeu-o. É-nos possível estabelecer um paralelo com certos generais revolucionários que lutaram pela libertação da América Latina. Mas é Remédios a Bela, a personagem que

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«O melhor livro escrito em caste-lhano desde D.

Quixote». - Pablo Neruda

Pode a solidão tornar-se

fascinante? 00 Anos de solidão é uma obra-prima da literatu-ra contemporânea, que con-sagrou defini t ivamente Gabriel García Márquez como escritor. O prémio Nobel da literatura, constrói um fabuloso romance, mar-cando a diferença e afirman-do-se, uma vez mais, como um dos melhores autores de todos os tempos. A Obra tornou-se de eleição para muitos leito-res em todos os recantos do mundo, cativou milhões e ainda atrai milhares de fãs à literatura constante de Gar-cía Marquez. Em 200 páginas narra-se a "fabulosa aventu-ra da família Buendía-Iguarán com os seus mila-

O AUTOR GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ

Page 10: ARTIGOS - TIC

que mais nos fascinou. É a

personagem mais fantástica e esotérica. Vivia num mun-do próprio, criado por ela, e onde só ela era a residente. A sua morte é um dos tre-chos mais belos desta narra-tiva surpreendente, marcado por na sua proximidade haver sempre borboletas azuis. A descrição cuidada, detalhada e acima de tudo sentida leva, até ao leitor mais distante, a envolvência no romance e ao surgimento dos sentimentos mais puro e dolorosos. O final da obra tam-bém é fascinante, onde as profecias do cigano Melquía-des revelam toda a história desta família. No fim, somen-

te um daquela estirpe existe, Aureliano Babilónia, aquele que lê (assim como o leitor) a história da família, escrita cem anos antes, muito antes da sua própria morte, a qual ele também lê. Ao mesmo tempo que toma conheci-mento da história da sua família, vai morrendo, inca-paz de resistir ao sufocante peso de tantas vidas passa-das, na sua alma. Ele morre, sabendo que as gerações condenadas a cem anos e solidão, jamais terão outra oportunidade na terra, pois na altura em que acaba as últimas páginas, tudo o que alguma vez proporcionou a existência à Macondo seria apagado da memória dos Homens. Neste finalizar, os

episódios que se materiali-zam ao longo das várias gerações fundem-se num único difícil de esquecer. Esta obra, como já referido, transmite o mito e a história da tragédia e o amor do mundo inteiro. Em 100 anos de solidão, narra-se a história de um país, uma nação - através da história de uma família. As gerações vão-se seguindo, passando por situações inusitadas, mas nem tanto para quem está familiarizado superficial-mente com a história real da América do Sul, entre amo-res e ódios, revoluções e guerras, prosperidade e pobreza. Aconselhamos por isso a leitura deste livro, que

cremos uma obra apaixo-nante, baseada num romance inspirado na Amé-rica Latina e verdadeira-mente inspirador para todos os leitores. A real essência está em ver a história além dos seus personagens e entender o círculo que se fecha ante às previsões de um fim anunciado. Há diversos elementos que se entrelaçam, formando um conjunto bastante interes-sante, pois, como disse Pablo Neruda, um dos mais importantes poetas caste-lhanos do século XX, «este é o melhor livro escrito em castelhano desde D.Quixote»

Página 10

Page 11: ARTIGOS - TIC

Em que consiste a campa-nha publicitária Presos?

É uma campanha contra 3 tipos diferentes de discriminação: a racial, a económica e a religiosa. Daí termos partido para 3 temas diferentes, o africano, o homeless e o muçulmano. Em que meios de comuni-cação social foram publi-cadas as imagens desta

campanha e quando? N a i m p r e n s a (jornais e revistas) e em cartazes de rua.

Como é que surgiu este projeto?

Fomos abordados pela Amnistia Internacional que nos passou um briefing focado no problema da dis-criminação.

Quais eram os objetivos do cliente?

Sens ib i l i za r a população em geral para este problema. E claro, reduzir ao máximo os casos de discriminação.

Seguiram alguma linha

indicada pela Amnistia Internacional, ou tiveram

liberdade total para desen-volver o projeto?

Tivemos liberdade QB. Não nos podemos esquecer que a Amnistia Internacional é uma marca e, como tal, tem os seus valo-res, a sua personalidade, o seu tom de voz. Fizemos questão de respeitar tudo isso.

Quais foram as vossas influências?

Não se pode dizer que existam influências. Existe um briefing ao qual tentamos responder da melhor forma. Depois entramos em brainstor-ming e tentamos encontrar a melhor ideia. Estas ideias, é claro, acabam por ser o resul-tado das nossas vivências: dos livros que lemos, dos fil-mes que vimos, etc, etc. Como é que escolheram os

símbolos que as “personagens”/modelos fotográficos carregam?

O briefing era muito claro rela-tivamente aos 3 tipos de dis-

criminação. Para a racial esco-lhemos um negro, para a eco-

nómica um pobre e para a religiosa um muçulmano - hoje

em dia parece que quando vemos um árabe vemos ime-

diatamente um terrorista (como é óbvio, está longe de

ser verdade)

Como é que se sentiram quando receberam os Leões

de Ouro, em Cannes, por este vosso trabalho?

: ) : ) : ) : ) : ) : ) : ) : ) : ) : ) : ) : ) : ) : ) : ) : ) : )

Página 11

ENTREVISTA

Publicitários de renome...Criativos de várias campanhas de sucesso... Conversamos com Diogo Anahory e José Carlos Bom-Tempo, ex diretores criativos da agência publicitária McannErick-

son , para saber o processo criativo da campanha publicitária Presos.

OS DETALHES DE PRESOS

«Hoje em dia

parece que

quando vemos

um árabe

vemos imedia-

tamente um

terrorista.»

OS DIRECTOREES CRIATIVOS DA CAMPANHA

Page 12: ARTIGOS - TIC

HOUVE TEATRO EM ALBUFEIRA!HOUVE TEATRO EM ALBUFEIRA! No âmbito da comemoração do Dia Mundial do Teatro (27 de Março), Albufeira acolheu aquela que foi a

segunda edição do Festival Internacional de Teatro. Mapeado como capital do turismo em Portugal, o Município de Albufeira prima cada vez mais em promover eventos de índole cultural. Marcando assim o

panorama artístico-cultural nacional. Albufeira brinda aos seus munícipes e visitantes com novas opções de entretenimento de qualidade.

REPORTAGEM

Page 13: ARTIGOS - TIC

Como surgiu o Festival Internacional de Teatro de

Albufeira? Surgiu da necessi-dade de criar em Albufeira um momento onde se cele-brasse a arte do palco, de modo a oferecer ao público a possibilidade de escolha entre um variado leque de ofertas.

Quais foram os principais objectivos desta segunda edição? Foram atingidos?

Melhorar em termos

logísticos e abarcar todo o tipo de públicos. Sim, foram.

De que forma decorreu o processo de escolha das peças, e os demais even-

tos que integraram este festival?

Geralmente, vejo muito teatro, aqui e sempre que me desloco para fora do país, às vezes em viagens de fim-de-semana. A escolha recaiu sobre duas variantes: preço e qualidade.

Qual foi o feedback do

público? Como acolheu esta iniciativa?

Superou as expec-tativas nesta segunda edi-ção. Casa cheia quase todas as noites. Tivemos ainda uma tertúlia em torno da dramaturgia contemporânea e um curso de Dança Renas-centista com Maurizio Pado-van, um dos mais ilustres mestres da área, no qual participaram 46 pessoas.

Página 13

Poderia apontar as princi-pais dificuldades na orga-nização de um evento des-

ta envergadura?

Gostaríamos de ter mais recursos financeiros e uma maior envolvência por parte de agentes que apoiassem o evento. Para além de organizadora é encenadora e guionista

de três das peças que integraram o Festival: O

turno da Padecida e Dinis no Jardim - O segredo de

Choné (peça infantil) e Modigliani (nesta última deu voz a Mãe de Modi-

gliani). Poderia descrever essa experiência e a rea-ção do auditório em parti-

cular à estas peças? A recção foi exce-lente. Para mim, não é uma experiência pioneira. Faço teatro desde os 14 anos de idade e com o tempo, habi-tuámo-nos a trabalhar em todas as áreas, em várias peças em simultâneo. Seduz-me a veloci-dade dos corpos e das men-tes. Também se cria na velocidade que imprimimos ao tempo.

Como organizadora, ence-nadora, e guionista de que

forma vê o panorama artístico - teatral no Algar-

ve e, também, a nível nacional?

Faz-se mais e melhor, há mais público, mas as condições conti-nuam muito precárias para a maioria das companhias. E isso, passa-se aqui e em quase todas os municípios – o de Lisboa incluído, porque também trabalho lá, e as dificuldades não são meno-res.

Existe uma ideia quase generalizada de que Albu-feira é uma cidade exclusi-vamente de bares e praias,

que só “funciona” no Verão. Nota-se que a

Câmara de Albufeira tem-se empenhado cada vez

mais em mudar o estigma de que esta localidade dá primazia ao Turismo, em

detrimento de outras áreas, como a Cultura por

exemplo. Como é que o Festival T contribui para

esse feito?

Isso é verdade. O Município de Albufeira tem trabalhado arduamente para

Elenco e Equipa técnica da peça Modigliani.

(Nuno Pardal, Luís Marreiros, Marco Pedroza, Fernando André, Miguel Martinho Luísa Monteiro; Hélia

Guerreiro; Jorge Cabral; Paulo Fernandes, Mónica Cunha)

ENTREVISTA À ENCENADORA LUÍSA MOTEIRO

alguns aspetos quase míti-cos do nome Albufeira, nomeadamente, de que aqui só há bares, praias, muita cerveja e pessoas em biquí-ni. Não, aqui há massa cin-zenta, há muito trabalho e sério, e um empenho extraordinário por parte do Presidente, Desidério Silva, assim por parte dos vereado-res, em fazer-se um trabalho estrutural e edificante em diversas frentes da socieda-de. A Cultura deu um salto notável desde que Desidério Silva se colocou à frente do Município. Claro que ainda há muitíssimo a fazer nesta área; há, na minha opinião, questões a aprofundar, a necessitarem de um outro olhar, mas sei que está a ser planeado um grande futuro cultural para esta cidade. E isto não é discurso enco-mendado, é a realidade, reporto-me aos factos. Com o Festival T pretende-se lançar sementes para uma referência teatral, não só aqui, como lá fora. Já temos esse feedback. Fui contacta-da por várias companhias daqui, do Brasil, de Espanha e Itália para poderem vir a este Festival. Mas tratava-se de grandes elencos, grandes distâncias, espetáculos mui-

Oriunda de Vila Nova de Famalicão, terra que a viu nascer a doze de Junho de 1968, Luísa Augusta Monteiro Araújo de Sá reside no Algarve desde 1998. Licenciada em Ciências da Comuni-cação (pela Universidade Fernando Pessoa), pós-graduada em Comu-nicação e Marketing Político e em Literaturas Românicas – Modernas e Contemporâneas, é ainda douto-rada em Literatura Comparada com a tese: O mito de Édipo na obra ficcional de João Gaspar Simões (Universidade Nova). Atualmente prepara o mestrado em Encenação-Teatro.

Durante 17 anos dedicou-se ao jornalismo e publicou artigos literários em variadas revistas. Tem 23 obras de ficção publicadas, entre romance, novela e conto, assim como ensaio e biografia. Algumas destas obras obtiveram prémios literários, como o Prémio Florbela Espanca e o Lions Interna-cional, entre outros.

Encenou mais de duas dezenas de trabalhos cénicos e atualmente dirige a Companhia de Teatro Contemporâneo e é encena-dora residente da Companhia Gui-zos – Teatro.

Luísa Monteiro

NOTA BIOGRÁFICA

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HOUVE TEATRO EM ALBUFEIRA!

« A Cultura deu um salto notável desde que Desidério Silva se colocou à frente do

Município. Claro que ainda há muitíssimo a fazer nesta área; há, na minha opinião, ques-

tões a aprofundar, a necessita-rem de um outro olhar, mas

sei que está a ser planeado um grande futuro cultural para

esta cidade. »

to caros e a verba não chegava. Devagar, para um caminho mais sólido. De resto, ao nível teatral, as coisas estão a mudar um pouco, começa a haver um espírito cultural. É curioso verificar que quando entro com grupos em cafés da cidade, já vou ouvindo, “olha, aque-les são os do teatro” e, regra geral, perguntam sempre de como decor-rem os trabalhos cénicos. Quais são os próximos projectos para o Festi-

val T?

Fazer a festa em todo o município, inundar-

mos de teatro, a toda a hora, todos os espaços públicos, ao longo de uma semana inteirinha; um pouco como se faz em alguns estados do Brasil, e que é fabuloso. Para Albufeira, anseio algumas novidades, daqui a uns anos, como por exemplo, teatro ao domicílio para aqueles que estão impedi-dos por razões físicas ou financeiras, de saírem de casa.

Qual é o balanço deste curto, mas bem sucedi-do percurso do festival? Muito positivo. Anseio repetir.

A obra e vida do pintor Amadeo Modigliani

inspirou não só o teatro, mas também a sétima

arte.