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UDC Faculdades Dinâmica das Cataratas Wireless em ambientes fechados Análise comparativa entre Wi-Fi e Li-Fi Emanuel Victor RESUMO Este artigo versa sobre o funcionamento de uma rede de comunicação sem fio. Serão apresentados prós e contras, vantagens e desvantagens; aplicabilidade, tipos, confiabilidade, casos, usabilidade das tecnologias de rádio e luz. O objetivo é realizar um comparativo entre as tecnologias de transmissão via rádio e via luz, principalmente em ambientes fechados. PALAVRAS-CHAVE: Wireless, Wi-Fi, Li-Fi, Telecom,Usabilidade.

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Page 1: Artigo   wi-fi vs li-fi

UDC – Faculdades Dinâmica das Cataratas

Wireless em ambientes fechados Análise comparativa entre Wi-Fi e Li-Fi

Emanuel Victor

RESUMO Este artigo versa sobre o funcionamento de uma rede de comunicação

sem fio. Serão apresentados prós e contras, vantagens e desvantagens; aplicabilidade, tipos, confiabilidade, casos, usabilidade das tecnologias de rádio e luz.

O objetivo é realizar um comparativo entre as tecnologias de transmissão via rádio e via luz, principalmente em ambientes fechados.

PALAVRAS-CHAVE: Wireless, Wi-Fi, Li-Fi, Telecom,Usabilidade.

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1. INTRODUÇÃO

Comunicar-se com o mundo sem o uso de qualquer tipo de fiação ou cabo, tem

sido uma realidade crescente no cotidiano de qualquer pessoa. Foi-se o tempo em que

realizar transação bancária em quanto se passeia com os filhos era ficção de Hollywood.

Hoje podemos fazer uma ligação telefônica ou enviar mensagens em praças, shoppings,

praias e demais locais públicos. Podemos nos conectar usando smartphones,

notebooks, tablets através da Wi-Fi (Wireless Fidelity) ao mundo.

Porém, ao passo que a Wi-Fi cresce surgem novos problemas, e o mais evidente

talvez seja interferência entre frequências de rádio. Nos provedores de internet wireless,

o problema é recorrente devido ao alto número de equipamentos wireless espalhados

pela cidade. Isso faz com que a empresa tenha “dançar” entre os canais para conseguir

uma conexão integra e estável. Temos também questões de segurança; só o fato de

uma rede Wi-Fi ser vista por hosts vizinhos propicia vulnerabilidades a mesma.

O VLC (Visible Light Communication) promete substituir a atual radiofrequência,a

começar por redes familiares e/ou corporativas. A tecnologia oferece um novo conceito

de comunicação de dados. Funciona através da oscilação de luz, imperceptível a olho

nu, emitida através de lâmpadas LED (Light Emitting Diode). Ao contrário da

radiofrequência, essa tecnologia não tem interferências e não necessita de criptografia

grosso modo, já que a mesma não pode ser enxergada por hosts vizinhos.

Frequências de rádio são caras, escassas, difíceis de trabalhar e o espectro

eletromagnético está saturado. A comunicação via LED já testada em laboratório, tem

um custo de instalação e manutenção baixo, não tem interferência e é naturalmente

segura. O Li-Fi (Light Fidelity) é o padrão para ambientes fechados que promete

substituir à atual Wi-Fi. O VLC tem uma série de outras aplicações além da Li-Fi, como

comunicação marítima, segurança de trânsito entre outras que serão citadas no decorrer

deste artigo.

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2. WIRELESS.

Em suma, wireless é toda a transmissão de informação feita sem fio, usando

como meio o ar. O termo é usado pela primeira vez pelo IEEE (Instituto de engenharia

elétrica e eletrônica) na RFC (Request For Coment) 5416, como pseudônimo da

padronização 802.11. Na referida RFC não há menção à transmissão de dados além de

por ondas de rádio. Porém veremos que, a luz tem demonstrado ser um grande

potencial no transporte de informações sem fio.

2.1. TRANSMISSÕES VIA LUZ

De acordo com VILLATE (2005, p.7) “... a luz, tal como qualquer tipo de matéria, é

tanto onda como partícula”. TANENBAUM (2003, p.107) nos mostra que a mesma passa

a ser visível a uma frequência um pouco mais alta que o infravermelho.

As tecnologias de laser, LED e infravermelho são as existentes no mercado para

transmissão via luz. Porém, o padrão que vem insurgindo contra a atual Wi-Fi, é o

chamado Li-Fi criado pelo professor Haas (2011), tecnologia esta que utiliza LEDs para

transmissão sem fio.

2.1.1. FIBRA ÓTICA

As fibras ópticas são feitas de vidro que, por sua vez é produzido a partir da areia,

uma matéria-prima em abundancia e de baixo custo. De acordo com TANENBAUM

(2003) o vidro das mais modernas fibras ópticas é tão transparente que, se em vez de

água tivéssemos esse material no mar, seria possível ver o fundo da mesma forma como

vemos as nuvens em um dia ensolarado. Por esse meio desse material trafegam pulsos

de luz que podem percorrer quilômetros.

Entender o funcionamento das fibras óticas nos ajuda a compreender um pouco

do princípio da Li-Fi. Em suma, as fibras são compostas de um núcleo de vidro ou

plástico, que por sua vez é revestido por uma série de outras camadas para proteção

contra variação de temperatura, curvatura e rupturas. A luz viaja pelo núcleo tendo como

origem um emissor que, segundo TANENBAUM (2003), pode ser um LED ou laser

semicondutor. O destino, outra extremidade da fibra, consiste em um fotodiodo receptor,

que emite um pulso elétrico ao ser atingido pela luz.

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Ainda segundo TANENBAUM (2003, p.103), conforme tabela a baixo, o uso de

lasers semicondutores tem um custo dispendioso e é mais suscetível a interferências por

variação de temperatura. Características essas não compartilhadas em padrões LEDs.

Item LED Laser semicondutor

Taxa de dados Baixa Alta

Tipo de fibra Multimodo Multimodo ou modo único

Distância Curta Longa

Distância Longa Curta

Sensibilidade à temperatura Insignificante Substancial

Custo Baixo custo Dispendioso

Figura 1. Exemplo de aplicação ponto a ponto via laser com interferência de convecção. Fonte: (TANENBAUM, 2003).

As fibras ainda têm outra característica interessante, elas podem existir em

monomodo ou multímodo. No caso deste ultimo, conforme DANTAS (2010) afirma, ainda

existem os subtipos de índices de degrau e gradual, que se diferenciam basicamente no

tipo de material do núcleo, velocidade e forma do sinal.

As fibras monomodo praticamente não podem ser dobradas, permitindo um

ângulo de curvatura de no máximo 10°, pois o feixe de luz trafega em uma única direção,

sem ricochetear nas paredes da fibra. TANENBAUM (2003, p. 100) afirma que “as fibras

modo único disponíveis momento podem transmitir dados a 50Tbps por 100 km sem

amplificação. Foram obtidas taxas de dados ainda mais altas no laboratório, para

distâncias mais curtas”.

O funcionamento das fibras multimodo utiliza-se do princípio da refração no

núcleo do cabo, no caso das fibras de índice de gradual os raios de luz movem-se mais

lentamente. Segundo DANTAS (2010, p.86) “este fato cria os ciclos helicoidais[...], assim

reduzindo o percurso e aumentando taxa de transmissão. A atenuação nesse tipo de

fibra é baixa, sendo utilizada em redes de computadores”. Já as fibras de índice degrau

são mais simplistas, os raios refletem-se no isolamento do núcleo sobre vários ângulos,

o que leva a cumprimentos diferenciados para o sinal.

Ainda de acordo com DANTAS (2010, p.85);

Os limitadores são os dispositivos ótico-eletrônicos que se conectam às redes. Nestes dispositivos de ligação dos equipamentos à rede é verificada uma perda muito grande na quantidade de bits que são transmitidos na fibra, com relação à quantidade que efetivamente poderia ser processada pelo dispositivo de ligação à rede.

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KUROSE e ROSS (2010, p.17) corroboram afirmando que “... o alto custo de

equipamentos óticos [...] vem impedindo sua utilização para transporte a curta distância,

como em LANs (Local Area Network) ou em redes de acesso residenciais”.

As fibras monomodo são amplamente utilizadas em extensões metropolitanas,

para transmitir internet de uma cidade à outra ou manter backbones (Espinha Dorsal). Já

as fibras óticas multímodo estão sendo cada vez mais utilizadas em ambientes

corporativos, interligando ativos de rede óticos – que atualmente ainda são dispendiosos

– garantindo uma rede plenamente gigabit.

2.1.2. LASER

Segundo TANENBAUM (2003), naturalmente, a sinalização óptica que utiliza raios

laser é unidirecional, ou seja, o sinal tem só uma direção. Ao contrário, por exemplo,

das ondas de rádio que são omnidirecionais, podendo servir para aplicações multipontos

também.

Para visualizar melhor o significado dessa afirmação, vamos imaginar um

ambiente entre um prédio e outro, os dois se comunicam via laser, cada edifício precisa

ter seu próprio comunicador laser e seu sensor fotorreceptor. Esse esquema tem por

vantagens, a praticidade, alta largura de banda e principalmente o baixo custo, já que

não é necessária uma licença específica para utilização do mesmo.

Se você pensar que, „Isso é bem útil em dias azuis e ensolarados, más quando

chover ou nevar tudo irá por água a baixo‟, você errou. Mesmo em belos dias o sistema

pode parar de funcionar, principalmente nos dias ensolarados. O calor do sol gerará

convecção no ar (comumente chamado de mormaço) entre laser e receptor, fazendo o

sinal quase que literalmente dançar.

TANENBAUM (2003 p.115) explica;

Esse mesmo ar também é responsável pelas estradas bruxuleantes em dias quentes e pelas imagens tremidas quando olhamos para fora do automóvel sobre um radiador quente.

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Figura 2. Exemplo de aplicação ponto a ponto via laser com interferência de convecção.Fonte: (TANENBAUM, 2003).

Outro problema seria a pontaria. Alinhar um laser com 1 mm de largura seria

como acertar a cabeça de um alfinete a 500 metros de distância. Fora esses dois

problemas anteriores, fatores como vento, tremores e qualquer outro evento que

movesse o laser poderia parar o sistema. Por tais motivos, o ponto a ponto via laser é

um projeto descontinuado.

2.1.3. INFRAVERMELHO

Outro exemplo de laser seria o infravermelho. Esse tipo de laser não é visível a

olho nu, e por ter sua frequência mais baixa que a própria luz e muito alta para o rádio,

pode-se dizer que seria um elo entre as duas tecnologias. TANENBAUM (2003) explica

que quando nos deslocamos do rádio de onda longa em direção à luz visível, as ondas

assumem um comportamento cada vez mais parecido com o da mesma, perdendo as

características de ondas de rádio. Ondas de infravermelho são relativamente direcionais,

econômicas e fáceis de montar, porém, como afirma DANTAS (2010), têm a

desvantagem de desviarem pouco e não atravessarem objetos sólidos.

Por outro lado, a fraqueza dessa tecnologia pode ser sua maior virtude conforme

afirma TANENBAUM (2003, p.114).

[...] o fato ondas de infravermelho não atravessarem paredes sólidas pode ser visto como uma qualidade. É por essa razão que um sistema infravermelho instalado em um ambiente fechado não interfere em um sistema semelhante instalado nas salas ou nos prédio adjacentes: Não é possível controlar o aparelho de televisão do viszinho com o seu controle remoto. Além disso, a

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segurança dos sistemas de infravermelho contra espionagem é melhor que a dos sistemas de rádio, exatamente por essa razão.

O fato de um sistema infravermelho não interferir em outro o torna fácil de

manusear e instalar, não precisando se quer uma licença governamental para utilização

do mesmo, e essa seria outra vantagem.

A comunicação por infravermelho tem uso em escritórios, por exemplo, para

conectar notebooks e impressoras, a despeito disto, ainda sim não terá um papel

importante no jogo das comunicações. Por suas propriedades, o infravermelho tem

muito mais utilidade na medicina (Brioschi et al., 2007). Na medicina para tratamentos

de pele, nervos, músculos e militar para visão noturna.

2.1.4. LI-FI

TANENBAUM (2003) nos mostra que acima da frequência de infravermelho,

temos a nossa tão conhecida luz visível, e é com essa matéria prima que a recém-

nascida Li-Fi trabalha. O nome vem com o propósito de substituir o atual Wi-Fi, onde

Wireless é substituído por Light, luz em inglês. Assim temos a “Light Fidelity", ainda não

padronizado e não catalogado em nenhuma RFC.

A tecnologia foi criada e apresentada por Harald Haas (2011), professor de

engenharia na Universidade de Edimburgo. A apresentação do sistema tirou suspiros e

aplausos na TED - Ideias Worth Spreading -, feira palco de grandes invenções.

Não serão necessários enlaces de camada 2 para comunicação com roteadores.

Segundo HAAS (2011) bastará posicionar o notebook, tablet ou smartphone em baixo da

luz e começar a utilizar a internet. Para o usuário será apenas uma lâmpada comum,

porém a lâmpada em questão é uma lâmpada de LED.

Como já dissemos anteriormente essa nova tecnologia funciona com uma

mudança de paradigma, que seria uma nova aplicação para um princípio antigo. O

funcionamento da Li-Fi é basicamente idêntico ao do código Morse, a luz acende e

apaga se comunicando com o fotorreceptor. O professor HAAS (2011) afirma ainda que

o sistema usa um truque matemático chamado OFDM (Orthogonal Frequency Division

Multiplexing), que permite variar a intensidade da saída do LED em um ritmo muito

rápido, invisível ao olho humano.

Neste caso, a luz diminui sua intensidade de 800THz para 400THz, o

fotorreceptor recebe a informação e o converte para pulsos eletrônicos. O fotorreceptor

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em questão pode ser específico de tecnologia proprietária ou um olho eletrônico simples,

como uma webcam ou câmera de celular.

As aplicações variam de redes corporativas, comunicações automobilísticas, e até

internet e telefonia em aviões. A maior utopia do professor Haas é segundo ele, a

completa substituição de todos os aparelhos rádio, incluindo torres e receptores de

radiofrequência. Em trecho transcrito para o português, o professor HAAS (2011) afirma

que o planeta tem 1,4 bilhões de torres de rádio, que demandam muita manutenção e

energia elétrica. Tudo isso aliado ao fato das ondas do espectro eletromagnético serem

escassas, caras e por vezes burocráticas de se licenciar, tornam a Li-Fi uma solução

atraente, principalmente para redes corporativas.

Figura 3. Exemplo de aplicação da Li-Fi em ambientes corporativos. Fonte: (GRACYK, 2013).

Para escritórios a proposta seria adotar o PLC/VLC (Power Line Communication

e Visible Litgh Communication), dessa forma a informação transcorre pela rede de

energia e é a „ultima milha‟ via LED, através da luz.

Com o limite prática no meio de 10 Gbts, a Li-Fi ainda desconhecida já se mostra

uma excelente substituta para a Wi-Fi em todos os seus padrões IEEE.

3. TRANSMISSÃO VIA RÁDIO.

TANENBAUM (2003) nos conta que, em 1865 o físico inglês James Clerk Maxwell

previu as ondas eletromagnéticas. Em 1887 o também físico e alemão Heinrich Hertz

observou pela primeira vez o funcionamento de tais fenômenos em laboratório. A

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unidade de medida para frequência foi batizada com a sigla Hz, em homenagem ao

doutor.

Quarenta e sete anos depois o governo americano cria o órgão FCC, que nos

Estados Unidos separa e regula freqüências de rádio para o uso de AM e FM,

microondas, satélites geoestacionários, TV, entre outros. O gráfico abaixo mostra

genericamente as faixas no espectro para cada tipo de aplicação. No Brasil o órgão

regulador equivalente seria a Anatel.

Figura 4. Quadro de distribuição do espectro de frequências. Fonte: (TANENBAUM, 2010).

3.1. IEEE 802.11 (Wi-Fi)

No que tange o transporte de informações wireless para internet – Wi-Fi, a IEEE

criou em 1997 o padrão 802.11, conforme citado anteriormente.

KUROSE e ROSS (2010) nos explica que como operam a uma frequência mais

alta, a distância de transmissão entre LANs 802.11 é mais curta para um dado nível de

potência e elas sofrem mais com a propagação multivias.

A tabela a seguir demonstra alguns dos diversos padrões 802.11 para LAN sem

fio com suas respectivas frequências e taxa de dados.

Padrão Faixa de Frequência Taxa de Dados

802.11b 2,4GHz - 2,845GHz Até 11 Mbts

802.11a 5,1GHz – 5,8GHz Até 54 Mbts

802.11g 2,4GHz - 2,845GHz Até 54 Mbts

Figura 5: Quadro demonstrativo dos padrões IEEE wireless. Fonte: (KUROSE e ROSS, 2010).

LANs 802.11g segundo DANTAS (2010, p.400), são compatíveis com os seus

dois padrões antecessores. ”Essa terceira proposta trabalha com uma cobertura de

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cerca de 38 metros, mecanismo de multiplexação OFDM com frequência de 2,4GHz,

vazão de transmissão na casa de 19Mbps e taxa máxima de 54Mbps”.

Tanto DANTAS (2010) quanto KUROSE e ROSS (2010) afirmam que, no padrão

802.11n o equipamento tem duas ou mais antenas no lado remetente e duas ou mais

antenas no lado destinatário que estão transmitindo/recebendo sinais diferentes. A

proposta tem como principal diferencial um acesso múltiplo de entrada e saída, uma

cobertura da ordem de 70 metros, frequência dupla de operação de 2,4 e 5 GHz e taxa

de transmissão de 54Mbts.

DANTAS (2010) faz uma resalva interessante; De forma semelhante a

especificação 802.11b a frequência utilizada na especificação g é 2.4GHz, o que

significa que os dispositivos são suscetíveis a uma grande interferência de dispositivos

como fornos de micro-ondas, dispositivos Bluetooth e telefones sem fio.

3.2 IEEE 802.15.1 (Bluetooth)

Enquadrado segundo KUROSE e ROSS (2010) no tipo de rede WPAN (Wireless

Personal Access Network), esse tipo de rede pode transmitir até 4 Megabits e trabalha

entre as frequências de 2,4GHz e 2,48GHz.

Esse padrão é mais conhecido como Bluetooth. KUROSE e ROSS (2010, p.399)

afirmam que o funcionamento é como “redes ad hoc não é preciso nenhuma

infraestrutura de rede (por exemplo, um ponto de acesso) para interconectar dispositivos

802.15.1. Assim, esses dispositivos devem se organizar por si sós”.

TANENBAUM (2003, p.331) continua explicando que a unidade básica do sistema

de Bluetooth é o sistema de piconet, que consiste em um nó mestre e até 7 nós

escravos ativos, situados dentro de uma distância de 10 metros. “Além dos 7 escravos, a

piconet pode ter até 255 nós estacionados, nessa forma o dispositivo não pode fazer

nada, exceto responder a um sinal de ativação ou de baliza do mestre”.

Tanto KUROSE e ROSS (2010) quanto DANTAS (2010) afirmam que a tecnologia

opera sobre uma curta faixa, a baixa potência, e a um custo baixo. No entanto, DANTAS

(2010) afirma que grandes empresas no mercado estão envolvidas no projeto como a

Intel, Ericsson, Toshiba, Lenovo, Microsoft, Motorola e Nokia dentre tantas outra.

Podemos concluir com DANTAS (2010) que, o Bluetooth é um padrão e uma

especificação para enlaces entre dispositivos móveis como computadores pessoais,

GPSs, assistentes digitais pessoais, telefones celulares, jogos eletrônicos,

equipamentos médicos, headsets e outros dispositivos portáteis. Porém, tanto o padrão

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bluetooth quanto seus irmãos mais velhos IEEE Wi-Fi, sofrem sendo suscetíveis a

interferências eletromagnéticas, ocasionando falta de segurança e integridade, devido a

problemas inerentes à própria natureza do espectro eletromagnético.

3.3IEEE 802.16 (WIMAX)

É importante definirmos o porquê do nome WIMAX. Quanto a isso DANTAS

(2010) nos deixa claro que o IEEE 802.16 é o padrão e o WiMAX uma implementação

do padrão (segue-se a mesma lógica para os demais padrões IEEE 802). DANTAS

(2010, p.402) ainda segue dizendo:

A tecnologia Wi-MAX pode ser compreendida especialmente como uma solução

de banda larga sem fio, portanto representando uma alternativa em relação, por exemplo, as tecnologias cable modem,DLS e PLC, para acesso à última milha. Acesso a ultima milha significa o enlace entre o último ponto da operadora de telecomunicação e a residência do usuário.

Segundo TANENBAUM (2003, p.324), o 802.16 fornece serviço para edifícios e,

esses não sendo móveis não migram de uma célula para outra com frequência. “Essa

diferença significa que o 802.16 pode usar comunicação full duplex, algo que o 802.11

evita para manter baixo o custo dos rádios”.

Em resumo, TANENBAUM (2003) nos explica que o padrão IEEE 802.16 foi

implementado apenas para comunicação ponto a ponto, entre estações estacionárias e

não móveis. DANTAS (2003) afirma que na ligação ponto a ponto, uma estação base

origem transmite diretamente a informação para uma estação base destinatário. Porém,

o autor também nos mostra que no padrão WiMAX também pode ser utilizada a

interoperabilidade entre redes 802.16 e 802.11, combinando links ponto a ponto e ponto-

multiponto, conforme figura 6. Para tal largura de banda, o 802.16 trabalha em

frequências de 2 à 66GHz.

Segundo FAGUNDES (2005) a WiMAX poderia substituir o Wi-Fi porém,

atualmente muitos provedores de internet wireless sofrem com problemas de

interferência nas redes WiMAX. Devido à escassez do espectro esse tipo de problema é

passível de ocorrer tanto em redes metropolitanas quanto em wireless locais. Tais

problemas não existiram usando-se transmissões via luz.

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Figura 6: Demonstração de interoperabilidade no padrão WiMAX. Fonte: (FAGUNDES, 2005).

A empresa ITAOL (2013) da cidade de Itapaci do estado de Goiás nos apresenta

um caso muito interessante. Problemas com provedores clandestinos trouxeram uma

luta infindável para manter o padrão de qualidade do link para seus clientes. A ITAOL

(2013) notificou a ANATEL que, depois de um prazo de no mínimo de 80 dias tomou as

devidas providências. Mas isso não foi suficiente reprimir criminosos que, além de

enganarem o consumidor abusam da falta de conhecimento de algumas pessoas para

praticar tais crimes. Uma das empresas que teve os equipamentos apreendidos pela

ANATEL mudou de nome e continuou com a atividade clandestina, com a tremenda falta

de conhecimento, e sem acompanhamento de um engenheiro instalou novas torres,

provocando mais ruído e poluindo ainda mais o espectro de 2.4GHz. Dessa forma então,

todas os provedores legalizados se vêm forçados a mudarem de frequência,

preferencialmente adotando frequências de 5.8Ghz a cima, e consequentemente tendo

que mudar todo o seu parque de equipamentos.

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3. CONCLUSÃO

O caso apresentado anteriormente não é exclusivo da cidade de Itapaci, muito

menos da empresa ITAOL. O que acontece é que em grandes centros, o que parecia ser

uma solução ótima para substituição de cable modem, fibra ótica e PLC, tornou-se um

pesadelo para provedores e agências reguladoras em todo o mundo. Mesmo com

provedores autorizados a interferência ainda é imensa. Atualmente, em qualquer cidade

de médio ou grande porte o espectro 2.4 encontra-se saturado, o que apresenta um

grave risco em redes Wi-Fi. As redes 2.4 estão presentes em quase todas as

residências brasileiras, e a quantidade de equipamentos utilizando a mesma faixa no

espectro geram (mesmo que imperceptivelmente, por enquanto) interferências no canal.

Assim, da mesma forma como a Wi-Fi surgiu apresentando uma solução para o

problema de cabos, a Li-Fi surge como uma solução para desafogar o espectro

eletromagnético.

Um estudo futuro interessante seria sobre a aplicação da Li-Fi em ambientes

corporativos. Onde o VLC atuaria em conjunto com o padrão PLC para prover internet

ao usuário. Dessa forma a internet transcorreria pela linha de energia da empresa para

seus devidos setores, e seria entregue à estação final via LED de um abajur de

escrivaninha ou demais lâmpadas de iluminação do próprio escritório. Outro exemplo é o

fato de atualmente já existirem muitos automóveis com faróis de LED, tais veículos

poderia se comunicar entre si alarmando os motoristas, prevenindo e evitando

acidentes.

Porém, para entender melhor a importância desse novo paradigma, podemos

pensar no exemplo de uma praça. Onde hoje utilizamos uma Wi-Fi pública, com roteador

e espectro saturados, correndo riscos com segurança. Poderemos usar a Li-Fi, com as

lâmpadas públicas sem interferência, sem problemas com a segurança e sem problemas

com a integridade. Muitos podem dizer: “Isso é futurismo de Hollywood”. Porém o

presidente da IBM, T. J. Watson, afirmou em 1945 que quatro ou cinco computadores

seriam o suficiente para o mundo inteiro até o ano de 2000. Hoje podemos carregar

computadores em nossos bolsos, com capacidade abismaticamente superior que as

salas abarrotadas de válvulas do senhor Watson. Tendo em vista tais revoluções

tecnológicas, podemos afirmar sim, que a transmissão via luz pode ter em mãos o futuro

das telecomunicações em todo o planeta.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVEZ, Fabrício de Souza; Análise comparativa entre tecnologia Wi-Fi e Wimax.

2010. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABT1AAG/analise-

comparativa-entre-tecnologias-wi-fi-wimax. Acessado em: 01/04/2013.

BRIOSCHI, Marcos L. et .al. Utilização da imagem infravermelha em reumatologia.

Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbr/v47n1/a08v47n1.pdf, acessado em:

01/04/2013.

FAGUNDES, Eduardo Mayer. WiMAX. Disponível em: http://www.efagundes.com/artigos/Arquivos_pdf/WiMAX.pdf , acessado em 10/04/2013.

HAAS, Harald. Dados sem fio através da lâmpada elétrica. Disponível em:

http://www.ted.com/talks/harald_haas_wireless_data_from_every_light_bulb.html,

acessado em: 20/03/2013.

ITAOL NETWORKS. Tecnologia 5.8Ghz pre-wimax. 2013. Disponível em:

http://www.itaol.com.br/notas/itaolmax.html, acessado em: 10/04/2013.

KUROSE, James F.; ROSS, Keith W. Redes de Computadores e a Internet: Uma

Nova Abordagem. São Paulo: Pearson, 2003.

TANENBAUM, Andrew S. Redes de Computadores. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,

2003.

VITALLE, Jaime E., Teorias da luz. Experiências. 2005. Disponível em:

http://def.fe.up.pt/luz/expo-luz.pdf, acessado em: 01/04/2013.