artigo scielo meningite
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Artigo sobre meningiteTRANSCRIPT
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0021-7557/07/83-02-Suppl/S46Jornal de PediatriaCopyright 2007 by Sociedade Brasileira de Pediatria ARTIGODEREVISO
Meningococcal disease andmeningitisDoena meningoccica e meningite
Ricardo G. Branco1, Carolina F. Amoretti2, Robert C. Tasker3
ResumoObjetivo: Revisar a literatura pertinente ao diagnstico e tratamento
de doena meningoccica (DM).
Fontes dos dados: Reviso no-sistemtica da literatura mdica
atravs de busca na base de dados MEDLINE usando os seguintes termos:
meningoccico, choque sptico, diagnstico, e tratamento. Os artigos
foram selecionados de acordo com sua relevncia para o objetivo do
trabalho e de acordo com a opinio dos autores.
Sntese dos dados: A DM uma das principais causas de morte em
crianas, devido infeco. Ela progride rapidamente e preciso um alto
grau de suspeita para se estabelecer o diagnstico precocemente.
Interveno precoce com fluidoterapia agressiva e antibioticoterapia
podem melhorar significativamente o desfecho. Na unidade de tratamento
intensivopeditrico, umagrandequantidadedevolumepode ser necessrio
durante os primeiros dias e drogas vasoativas so geralmente usadas.
Coagulopatia freqente, mas no tem tratamento especfico. O uso de
colides e esterides pode ser benfico, mas outros tratamentos novos tais
como insulina e protena C ativada ainda precisam ser investigados emmais
detalhe. O tratamento de resgate com circulao extracorprea pode ser
adequado em casos com complicaes causadas pela sndrome do
desconforto respiratrio agudo grave, mas no no caso de choque
refratrio. Ameningite geralmente no diagnosticada na DM por causa da
gravidadedadoena eda incapacidadede realizaodeumapuno lombar
com segurana em um paciente com coagulopatia, coma, ou instabilidade
hemodinmica. Quando presentes, edema cerebral e fluxo sangneo
cerebral anormal so as principais preocupaes. O uso de soluo
hiperosmolar pode ser necessrio,masaprincipal interveno teraputica
garantir presso sangnea adequada para que a perfuso cerebral seja
adequada. Convulses e hiponatremia devemser tratadas agressivamente.
Esterides parecem no afetar o desfecho na meningite meningoccica.
Concluses: DM uma infeco com risco de vida que necessita
reconhecimento e tratamento precoces. Ressuscitao volumtrica e
antibioticoterapia em tempo adequado so as terapias mais efetivas no
tratamento da DM. Outras terapias, como uso de esterides, podem ser
teis em seu tratamento mas ainda necessitam estudos confirmatrios.
J Pediatr (Rio J). 2007;83(2 Suppl):S46-53: Doena meningoccica,sepse, meningite, cuidados intensivos, pediatria, prpura.
AbstractObjective: To review the literature relevant to diagnosis and
management of meningococcal disease (MD).
Sources: Non-systematic review of medical literature through the
MEDLINEdatabase using the termsmeningococcal, septic shock, diagnosis,
and treatment. Articles were selected according to their relevance to the
objective of the study and according to the authors opinion.
Summary of the findings: MD is a leading cause of death due to
infection in children. It progresses rapidly and a high level of suspicion is
necessary for early diagnosis. Early intervention with aggressive fluid
resuscitation and antibiotic therapy can significantly improve outcome. In
the pediatric intensive care unit, a large amount of fluids may be required
during the first few days and vasoactive drug infusions are often needed.
Coagulopathy is frequent, but it has no specific treatment. The use of
colloids and steroids may be beneficial, but other new therapies such as
insulin and activated protein C still need further assessment. Rescue
therapy with extracorporeal membrane oxygenation may be appropriate in
cases complicated by severe acute respiratory distress syndrome, but not
for refractory shock. Meningitis is often not diagnosed in MD because of the
severity of illness and the inability to perform a lumbar puncture safely in a
patient with coagulopathy, coma, or hemodynamic instability. When
present, cerebral edema and altered cerebral blood flow are the main
concerns. The use of osmolar solution may be necessary, but the main
therapeutic intervention is to ensure adequate blood pressure for adequate
cerebral perfusion. Seizures and hyponatremia should be aggressively
treated. Steroids do not appear to affect outcome in meningococcal
meningitis.
Conclusions: MD is a life-threatening infection that requires early
recognition and treatment. Time sensitive fluid resuscitation and antibiotic
therapy are the most effective therapies for MD. Other therapies such as
steroids may have a place in MD treatment but more definitive studies are
necessary.
J Pediatr (Rio J). 2007;83(2 Suppl):S46-53: Meningococcal disease,sepsis, meningitis, critical care, pediatrics, purpura.
1. MD. Department of Paediatrics, School of Clinical Medicine, University of Cambridge, Cambridge, UK. Paediatric Intensive Care Unit, Addenbrookes Hospital,Cambridge, UK.
2. MD. Paediatric Intensive Care Unit, Addenbrookes Hospital, Cambridge, UK.3. MB, BS, MD, FRCP. Department of Paediatrics, School of Clinical Medicine, University of Cambridge, Cambridge, UK. Paediatric Intensive Care Unit, Adden-
brookes Hospital, Cambridge, UK.
Como citar este artigo: Branco RG, Amoretti CF, Tasker RC. Meningococcal disease and meningitis. J Pediatr (Rio J). 2007;83(2 Suppl):S46-53.
doi 10.2223/JPED.1612
S46
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Doenameningoccica
A doena meningoccica (DM) uma das principais cau-
sas de morte em crianas, devido infeco. A mortalidade
em pases desenvolvidos de aproximadamente 10%, mas
atinge at 50% nos pases em desenvolvimento. No Brasil, a
DM tem uma taxa de mortalidade em torno de 20%1.
Neisseria meningitis, o agente causal da DM, est pre-
sente na nasofaringe de indivduos normais. A infeco me-
ningoccica se desenvolve quando o microorganismo se
espalha a partir da mucosa nasofarngea e invade a corrente
sangnea. O polimorfismo gentico de molculas tais como
lectina ligadora de manose est fortemente associado sus-
cetibilidade de um indivduo doena2. Asmanifestaes cl-
nicas da DM variam, com alguns casos de doena leve, mas a
manifestaomais comum a sndrome sptica e/oumenin-
gite. Neste artigo, nos concentraremos nas formasmais gra-
ves da doena que normalmente requerem internao na
unidade de tratamento intensivo peditrico (UTIP).
Pontos crticos da DM
Reconhecimento precoce
A DM grave progride rapidamente para choque, falncia
demltiplos rgos ebito em24hsenohouver tratamento
urgente. Sintomas no-especficos como febre, sonolncia,
nusea e vmitos, irritabilidade e falta de apetite, esto pre-
sentes de 4 a 6 h aps o incio da doena. Sinais no-espec-
ficos de sepse (ex: dor na perna, mos e ps frios, e cor
anormal) tambm so observados dentro de 12 h aps o in-
cio da doena. O rash purprico clssico, com desenvolvi-
mento rpido, e dor ou rigidez de nuca geralmente aparecem
depois de 12 h. Infelizmente, a maioria dos casos de DM
diagnosticada aps o aparecimento desses sinais tardios e
bastante comumencontrar crianashospitalizadas comdiag-
nstico inicial incorreto3.
Nos cuidados primrios, deve haver um alto grau de sus-
peitadeDMemcrianas comsinais precocesno-especficos.
A sade pblica tem um papel essencial nesse diagnstico
precoce de DM e campanhas educativas que auxiliem no re-
conhecimento precoce podem reduzir a mortalidade4.
Reconhecimento precoce do choque
O reconhecimento precoce do choque crucial. Ele per-
mite a interveno precoce e umdesfechomelhor5. Choque
a incapacidade do sistema circulatrio de fornecer perfuso
adequada aos tecidos; portanto, sinais de hipoperfuso tais
comoperfuso perifrica insuficiente, nvel de conscincia al-
terado, e dbito urinrio reduzido devem ser evidentes. Con-
tudo, o corpo pode compensar pela perda de at 25 a 40%do
volume sangneo sem desenvolver hipotenso. A taquicar-
dia pode ser o nico sinal precoce presente e a hipotenso
normalmente significa que a criana tem pouca reserva he-
modinmica. Na prtica do dia a dia, portanto, quando h
suspeita de DM em uma criana, fluidoterapia deve ser insti-
tuda imediatamente.
Interveno precoce
FluidoterapiaA fluidoterapia deve ser iniciada aos primeiros sinais de
choque. O objetivo restabelecer a fisiologia normal para a
idade (isto , freqncia cardaca, tempo de preenchimento
capilar, dbito cardaco, presso sangnea). A terapia inicial
e de emergncia deve incluir bolus repetidos de 20 mL/kg de
cristalide isotnico (ex: soro fisiolgico 0,9%) ou colides
(ex: albumina) at que o choque tenha sido resolvido. Caso
mais de 60mL/kg tenha sido usado, a criana deve ser enca-
minhadaaumcentro tercirio. A intubao endotraqueal ele-
tiva e o tratamento com drogas vasoativas devem ser
considerados. A fluidoterapia no deve ser interrompida em
60 mL/kg, e as crianas com DM grave podem necessitar de
100-200 mL/kg de volume, mas tais pacientes necessitaro
de suporte ventilatrio.
Estudos experimentais e clnicos sobre o choque sptico
defendemo conceito de que o choquepersistente temum im-
pacto adverso sobre a sobrevida de forma tempo-dependen-
te. Cada hora de atraso no tratamento do choque est
associada a um aumento de ao menos duas vezes na morta-
lidade. O tratamento adequado do choque por mdicos co-
munitrios melhora o desfecho nas crianas. H uma taxa de
sobrevida de 94% quando o choque revertido at 75 minu-
tos aps sua manifestao5. No Reino Unido, a implementa-
o de um programa comunitrio de educao hospitalar e
reanimao com transporte especializado em UTIP foi asso-
ciada a uma reduo de 10 vezes na mortalidade causada
pela DM6. Em adultos, a terapia precoce guiada pelo objetivo
de obter umapresso venosa central, presso arterialmdia,
dbito urinrio e oxigenao venosa central adequados em
at 6 horas aps a apresentao de sepse/choque sptico
grave, tambmmelhorou o desfecho7.
Todavia, a fluidoterapia deve ser realizada commais cui-
dado se a criana apresentar sinais de choque e hepatoesple-
nomegalia ou estertores, uma vez que uma disfuno do
miocrdio pode estar presente.
Antibiticos
Os antibiticos so essenciais para o tratamento da DM.
Antibioticoterapia deve ser instituda o quanto antes, logo
aps o diagnstico clnico de DM. Ela no deve ser atrasada
em decorrncia da investigao clnica. A reao em cadeia
da polimerase (PCR) capaz de identificar as causas bacteri-
anas da sepse sem ser influenciada pelo uso prvio de antibi-
ticos. Ainda que PCR no esteja disponvel, os antibiticos
devemser iniciados omais rpido possvel porque o efeito so-
bre o desfecho supera a necessidade de diagnstico microbi-
olgico8,9. A escolha de qual antibitico usar deve se basear
Doena meningoccica e meningite Branco RG et al. Jornal de Pediatria - Vol. 83, N2(Supl), 2007 S47
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na resistncia e disponibilidade local. Namaioria dos lugares,
as cefalosporinas de terceira gerao endovenosas ou intra-
musculares, tais como ceftriaxona, devem ser usadas como
primeira opo. Se no estiverem disponveis, deve-se usar
penicilina endovenosa.
Dicas para a intubao de crianas com doenameningoccica
Fornea aporte adequado de volume e encontre um bom
acesso venoso. A sedao para intubao pode causar vaso-
dilatao e reduzir o desempenho cardaco, piorando o cho-
que. Sempre tenha um bolus de volume disposio e esteja
preparado para usar vasopressores.
Utilize um algoritmo de sedao com o qual voc esteja
familiarizado. Em caso de nenhum sinal de presso intracra-
niana (PIC) elevada, use quetamina por causa de seus efeitos
hemodinmicos mais brandos quando comparados a outros
agentes. No use etomidato porque ele inibe a liberao de
cortisol e piora o desfecho10.
Use atropina. A bradicardia reflexa (ou inibio da taqui-
cardia) ir piorar o choque.
A intubao deve ser realizada por um profissional com
boa experincia nomanejo das vias areas em pediatria (ex:
especialista em emergncia peditrica, intensivista ou
anestesista).
Questes relacionadas aos cuidados intensivos nadoenameningoccica
Reanimao emanuteno com volume
Nos estgios iniciais da DM, grandes quantidades de vo-
lume so necessrias para restabelecer o volume circulatrio
timo.Mesmoaps a fluidoterapia inicial e o estabelecimento
do estado intravascular adequado, o extravasamento capilar
em andamento e a maior vasodilatao tornam volume adi-
cional necessrio11. Na UTIP, o monitoramento adequado da
freqncia cardaca e presso sangnea invasiva, bem como
parmetros clnicos (ex: tempo de enchimento capilar e am-
plitude da presso de pulso) e laboratoriais (ex: lactato, sa-
turao venosa mista) auxilia na determinao da
necessidade de fluidoterapia adicional. Em geral, a taquicar-
dia est associada necessidade de mais volume, mas con-
sidere tambm outros fatores que possam estar envolvidos,
como febre e certas drogas. O aparecimento de estertores
nos pulmes e de hepatomegalia est associado a um estado
intravascular adequado e, s vezes, disfuno cardaca. A
medio da presso venosa central no confivel para a de-
terminaodapressodeenchimento cardaco oupr-carga.
A quantidade de volume a ser usada para amanuteno
motivo de discusso. A maioria dos autores sugere o uso de
2/3danecessidadediriadacriana comavaliaocuidadosa
doestado intravascular.Oexcessodevolumepodeprejudicar
a perfuso tecidual, pois aumenta a presso venosa. Sempre
que os sinais de estado intravascular reduzido forem eviden-
tes, ser necessria fluidoterapia adicional.
Tipos de fluido
H controvrsias acerca do tipo de volume a ser usado na
reanimao. A falta de estudos randomizados controlados
em crianas com choque, especialmente comDM, impossibi-
lita o estabelecimento de recomendaes definitivas. Em
2004, o estudo SAFE (saline versus albumin fluid evaluation)
comparou o uso de albumina a 4% com o de soluo fisiol-
gica como fluido inicial para reanimao em 7000 adultos em
estado grave12. Esse estudo influenciou consideravelmente
todas as meta-anlises recentes sobre o assunto. O estudo
no revelounenhumadiferenanodesfechoaps28dias. To-
davia, uma anlise post-hoc de um subgrupo de pacientes
com sepse grave mostrou que o uso de albumina apresentou
um risco relativo de 0,87 (IC95% 0,74-1,02; p = 0,09), su-
gerindo um efeito benfico da albumina em pacientes com
sepse12. Uma segunda anlise post-hoc, incluindo pacientes
com albumina srica basal < 25 g/L, mostrou que o uso de
albumina estava associado tendncia a menor mortalidade
[OR de 0,87 (IC95% 0,73-1,05; p = 0,14)]13. Sabe-se que
crianas com DM apresentam sepse grave e albumina srica
mais baixa; portanto, elas podem fazer parte dos subgrupos
que se beneficiam com o uso de albumina a 4%. No Reino
Unido, alguns intensivistas peditricosdefendemousode co-
lides (albumina a 4,5%) na DM14. Nos ltimos 15 anos, a
mortalidade da DM diminuiu para 2%6. Omotivo dessa redu-
o namortalidade evidentementemultifatorial, mas o uso
rotineiro de albumina pode ter certa influncia14.
Devido falta de evidncias diretas sobre o uso de coli-
des naDM, difcil fazer quaisquer recomendaes. Como re-
ferncia, a recomendao no baseada em evidncias de
20 mL/kg de colide para cada 40 mL/kg de soluo fisiol-
gica normal, pode ser til no tratamento da DM.
Seleo de antibiticos
A antibioticoterapia o cerne do tratamento. Na DM, trs
fatores influenciam o sucesso da antibioticoterapia. Em pri-
meiro lugar, quando os antibiticos so administrados (con-
forme discutido anteriormente). Em segundo lugar, a
penetrao do antibitico nos tecidos. Em terceiro, a resis-
tncia ao antibitico. O incio precoce da antibioticoterapia
reduz amortalidadenameningococemia8,9, entretanto, a co-
bertura inadequada aumenta a mortalidade. Portanto, o tra-
tamento comantibiticos de amplo espectro que tenhamboa
penetrao no lquido cefalorraquidiano (ex: ceftriaxona, ce-
fotaxima) deve ser administrado o quanto antes possvel. Se
antibiticos com espectro microbiolgico mais restrito j ti-
verem sido administrados, deve-se alterar o tratamento para
antibiticos com espectro maior at que a sensibilidade aos
antimicrobianos seja conhecida. Quando os resultados de
sensibilidade estiverem disponveis, a antibioticoterapia
S48 Jornal de Pediatria - Vol. 83, N2(Supl), 2007 Doena meningoccica e meningite Branco RG et al.
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pode ser orientada por esses resultados,mas se deve ter cui-
dadoespecial comosantibiticos comconcentrao inibitria
mnima adequada (ex: ceftriaxona < 0,12 mg/L; penicilina
< 0,06 mg/L)15.
Suporte hemodinmico
Na DM, vrios fatores causam instabilidade hemodin-
mica, por exemplo, vasodilatao, extravasamento capilar,
disfuno do miocrdio e microtrombose. O restabeleci-
mento da perfuso tecidual efetiva o objetivo teraputico
principal do tratamento do choque. A normalizao da pres-
so sangnea no normalizar necessariamente a perfuso
tecidual, pois podehaver insuficinciamicrovascular devido
microtrombose e leso endotelial.
Fluidoterapia o tratamento de primeira linha para trans-
tornos hemodinmicos na DM. Se a fluidoterapia adequada
tiver sido usada e a criana continuar hemodinamicamente
instvel, ento se deve iniciar a administrao de drogas va-
soativas. Noradrenalina o vasopressor de primeira linha
para o tratamento de hipotenso e tem que ser infundido em
uma veia central. Em crianas com suspeita de presso intra-
craniana elevada, a veia jugular deve ser evitada. Pode-se
administrar dopamina atravs de uma veia perifrica en-
quanto um acesso venoso central est sendo obtido. A infu-
so de dopamina est associada disfuno neuroendcrina,
tal como inibio de prolactina16, e foi recentemente associ-
adaelevadamortalidadeemadultos17. No recomendamos
o uso prolongado de infuso de dopamina. Altas doses de no-
radrenalina so geralmente necessrias em casos graves de
DM e, em alguns casos, outros vasopressores (ex: vasopres-
sina) podemser usados emcrianas com resistncia vascular
muito baixa. A utilizao excessiva de vasopressores pode le-
var ao aumento da resistncia vascular sistmica, insuficin-
cia microvascular, e comprometimento da perfuso
perifrica. Crianas com DM podem ter disfuno miocrdi-
ca18 e podemnecessitar de suporte inotrpico. Milrinoname-
lhora o desempenho do miocrdio e reduz a ps-carga
cardaca. Contudo, hipotenso e presso diastlica baixa po-
dem complicar o tratamento e podem estar associadas pi-
oradoestado clnico.Dobutaminapossui efeitos inotrpicos e
cronotrpicos, aumentando o desempenho domiocrdio. Ela
melhora o fluxo microcirculatrio em situaes onde a resis-
tncia vascular sistmica se elevaeodbito cardacodiminui.
Entretanto, em crianas com DM e taquicardia grave (possi-
velmente com necessidade de fluidoterapia adicional) o
efeito cronotrpico da dobutamina pode causar taquicardia
inaceitvel e maior instabilidade hemodinmica. O artigo
Suporte farmacolgico de lactentes e crianas em choque
sptico neste nmero do Jornal de Pediatria fornecemaiores
informaes a respeito dessas e outras drogas vasoativas
para o tratamento do choque.
Uso de esterides
Ouso de esterides naDM controverso. Emadultos com
sepse, disfuno adrenal relativa um achado freqente e o
uso de hidrocortisona em pacientes que no respondem ao
teste de estimulao com hormnio adrenocorticotrfico
(ACTH) melhora o desfecho19. No existem estudos a res-
peito em crianas. Todavia, h evidncias indiretas a favor do
uso de hidrocortisona no choque menigoccico.
Primeiro, a coagulopatia que acompanha a DM est asso-
ciada trombose microvascular, leso endotelial, e risco ele-
vado de sangramento. A vasculatura da glndula adrenal
parece ser especialmente suscetvel a essas alteraes e h
muitos estudos descrevendo hemorragia adrenal bilateral
(sndrome de Waterhouse-Friderichsen)20. importante ob-
servar que um nvel inicial elevado de cortisol no exclui he-
morragia adrenal importante. Essa hemorragia pode ocorrer
a qualquer momento durante a DM e a reduo dos nveis de
cortisol pode levar algum tempo21. Crianas com evidncia
de hemorragia adrenal devem receber uma dose de reposi-
o de estresse de hidrocortisona.
Em segundo lugar, a associao entre o nvel de cortisol e
o desfecho emcrianas comDMdifere significativamente dos
adultos. Adultos que morrem de choque sptico apresentam
nveis basais de cortisol maiores do que aqueles que sobrevi-
vemdoena22. Crianas quemorremdeDMpossuemnveis
basais de cortisolmenores quando comparadas com crianas
sobreviventes23. Crianas quemorrem de DM tambm apre-
sentam nveis mais altos de ACTH (razo cortisol/ACTH mais
baixa), o que aponta uma produo inadequada de corti-
sol23,24. Alm disso, quando crianas comDM so agrupadas
de acordo com a intensidade do tratamento necessrio,
aquelas comnecessidadesmoderadas apresentamnveis ba-
sais de cortisol maiores em comparao quelas com peque-
nas e grandes necessidades de tratamento. No entanto, aps
um teste de ACTH em baixas doses, crianas nos grupos com
necessidades pequenas e moderadas de tratamento tm n-
veis de cortisolmaiores que crianas comgrandes necessida-
des de tratamento24,25. Esse achado sugere que a disfuno
adrenal est presente na DM grave. Finalmente, nveis redu-
zidos de protena ligadora de cortisol so encontrados em
adultos (o que poderia invalidar as determinaes cortisol to-
tal), mas no em crianas com DM23.
Em crianas com sepse, existem vrios estudos que des-
crevem a importncia dos testes de estimulao com ACTH.
Nas crianas comDM,nohevidncias suficientes para ava-
lizar ou desaconselhar o uso de testes de estimulao com
ACTH. As diferentes respostas adrenais da sepse em adultos
e da DM peditrica fazem com que a extrapolao no seja
confivel. Emnossa rotina, comumouso emprico de hidro-
cortisona em dose de reposio de estresse em crianas com
sintomas graves de DM. Como os nveis plasmticos de corti-
sol nos sobreviventes DMpodematingir 5 a 10 vezes o valor
Doena meningoccica e meningite Branco RG et al. Jornal de Pediatria - Vol. 83, N2(Supl), 2007 S49
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basal, sugerimos que a dose de reposio de estresse de hi-
drocortisona seja 5 a 10 vezes a reposio fisiolgica ou 5 a
10 mg/kg/dia (dividida em trs doses; dose mxima de
300 mg/dia).
O uso de dexametasona para o tratamento de meningite
meningoccica ser discutido mais adiante (em Meningite).
Controle glicmico
Hiperglicemia um achado comum na doena crtica e
sua resposta fisiolgica tolerada na UTIP h tempos. Ela faz
parte da resposta normal ao estresse, estando associada
resistncia perifrica insulina, combinada com anabolismo.
Emcrianasgravementedoentes, estudos recentesmostram
que a intensidade e durao da hiperglicemia esto associa-
das ao desfecho26. Descrevemos a influncia dos nveis de
glicose em crianas com choque sptico, tendo relatado um
aumento de2,6 vezes namortalidadequandoos nveis de gli-
cose ultrapassam o pico de 178 mg/dL27.
Em adultos, Van den Berghe et al. descreveram o uso de
insulina para tratar hiperglicemia e normalizar os nveis san-
gneos de glicose. Essa interveno foi associada a uma re-
duo relativa de 42% na mortalidade em uma UTI
cirrgica28. Reduo de bacteremia (46%), insuficincia re-
nal aguda (41%), transfuso de hemcias (50%), e polineu-
ropatia da doena crtica (44%) tambm foram relatadas28.
No tratamento intensivo de adultos, entretanto, os resulta-
dos no foram to significativos. A mortalidade foi reduzida
apenas nos pacientes que ficaram internados na UTI durante
mais de 3 dias (31,2% versus 38,1%)29. Dentre os pacientes
que ficaram internados por menos de 3 dias, o tratamento
com insulina foi associado a um aumento na mortalidade
(26,8% versus 18,7%).
Em crianas comDM, um pequeno estudo de coortemos-
trou uma associao entre hiperglicemia e gravidade da do-
ena. Contudo, a hiperglicemia foi associada a baixos nveis
de insulina, revelando uma diferena marcante entre a fisio-
patologia do estresse em adultos e crianas23. Nenhum es-
tudo avaliou o uso de insulina em crianas gravemente
doentes. Apesar do resultado positivo com os adultos grave-
mente enfermos, as diferenas entre adultos e crianas com
necessidade de internaonaUTI dificultama recomendao
do uso rotineiro de insulina. Outros fatores tambm causam
preocupao. Primeiramente, hipoglicemia freqente nas
crianas que necessitam de internao em UTIP e est asso-
ciada elevada mortalidade30. Portanto, hipoglicemia asso-
ciada ao tratamento com insulina pode ser prejudicial. A
implementaodecontroleglicmico rgidoemcrianaspode
estar associado alta incidncia de hipoglicemia e a um au-
mento significativo nos cuidados de enfermagem (observa-
o no-publicada). Finalmente, com base na experincia
mdica na UTI adulta, os casos mais graves de DM possivel-
mente no se beneficiem com o controle glicmico, j que os
pacientes mais graves vo a bito at 3 dias aps a
internao.
Estamos investigando atualmente a resposta endcrina
insulina em crianas gravemente doentes. De acordo com
nossaexperincia, a normoglicemia difcil de ser atingidade
forma segura com a insulina; hiperglicemia leve mais fcil
de ser manejada, mas ainda h que se ficar vigilante a fim de
evitar a hipoglicemia. No recomendamos o uso rotineiro de
insulina em crianas com DM a no ser nos estudos clnicos.
Hiperglicemiagrave (glicose>200mg/dLouevidnciadegli-
cosria) deve ser tratada.
Coagulao na DM
A coagulopatia associada DM freqente e geralmente
multifatorial. H um desequilbrio entre a coagulao e a fi-
brinlise e portanto, embora os testes formais de coagulao
possam ser significativamente prolongados, h uma tendn-
cia trombose intravascular. O rash purprico que no desa-
parece a digito presso associado DM origina-se da leso
endotelial induzida pela endotoxina e da vasculite. A pre-
sena de choque produz um ciclo vicioso onde a vasculite e a
trombose microvascular associada levam a hipoperfuso.
Choque induz leso endotelial, vasculite e coagulao intra-
vascular disseminada.
A presena de endotoxinameningoccica no sangue gera
uma resposta pr-inflamatria aguda grave. Citocinas esti-
mulama liberaode fatores teciduais levando formaode
trombina e cogulos de fibrina. As citocinas e a trombina ini-
bem o ativador do plasminognio tecidual atravs da libera-
o do inibidor do ativador do plasminognio tipo 1,
comprometendo a rota fibrinoltica endgena. A formao de
trombina estimula as rotas inflamatrias e enfraquece ainda
mais o sistema fibrinoltico endgeno pela ativao do inibi-
dor de fibrinlise ativadopor trombina. A ativao do comple-
mento endotoxina (principalmente atravs de rotas
alternativas e ligadoras damanose) leva ao acmulo deC3a e
C5a que induz leso endotelial. Amicrotrombose e a disfun-
o endotelial associada resposta pr-inflamatria redu-
zem a expresso endotelial de trombomodulina e receptores
de protena C endoteliais, e comprometem a ativao da pro-
tena C, desativando a fibrinlise. O estado pr-coagulante e
pr-inflamatrio associado a essas alteraes produz leso
endovascular, trombose microvascular, isquemia de rgos,
e disfuno multissistmica31.
Nohnenhumtratamento eficaz para a coagulopatia as-
sociada DM. Leves problemas de coagulao so tolerados.
Tratamento com plasma congelado recomendado se a coa-
gulao estiver seriamente compromentida ou moderada-
mente comprometida com indcios de sangramento.
Atualmente, o melhor tratamento da coagulopatia relacio-
S50 Jornal de Pediatria - Vol. 83, N2(Supl), 2007 Doena meningoccica e meningite Branco RG et al.
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nada DM o manejo apropriado do choque. A correo do
choque romper o ciclo vicioso descrito acima.
A reposio de protena C ativada uma opo terapu-
tica interessante,mas noh evidncias atualmente que jus-
tifiquem seu uso rotineiro na DM. Tem sido associada
melhora nas provas de coagulao e na necrose demembros
em sries de caso de prpura meningoccica32, contudo, o
RESOLVE, um estudo randomizado, controlado de protena C
ativada em crianas com sepse grave, foi recentemente in-
terrompido por no cumprir seu desfecho primrio33.
Perfuso da pele/membrosNa DM grave, amicrotrombose e hipoperfuso podem le-
var prpura disseminada (principalmente nos membros ou
pele), que pode tornar-se necrtica. reas necrticas exten-
sas podem consumir fatores de coagulao, piorar coagulo-
patia existente, e servir de reservatrio para bactrias,
causando bacteremia prolongada. reas necrticas nas ex-
tremidades devem ser cuidadosamente monitoradas, pois o
debridamento cirrgico pode ser necessrio.
Outros tratamentos
Suporte mecnicoApesar da reduo namortalidade associada ao reconhe-
cimento e tratamento precoce da DM, casos graves de pur-
pura fulminans apresentam alta taxa de mortalidade. Vrios
tratamentos de resgate foram usados nesses casos. Terapia
dialtica e circulao extracorprea so as intervenes mais
pesquisadas. Em ambos os casos, no existe evidncia sufi-
ciente para recomendar seu uso rotineiro, mas devem ser
consideradas emcasos extremos. Terapia dialtica aindaum
tratamento importante para o suporte de disfuno renal e
sobrecarga de volume. Em crianas com insuficincia renal
induzida por sepse meningoccica, seu uso precoce dever
ser considerado34. Na prtica, o uso de dilise em uma cri-
ana hemodinamicamente instvel um desafio e geral-
mente requer uma grande quantidade de fluidoterapia e/ou
aumento temporrio nas drogas vasoativas.
A oxigenao por circulao extracorprea aceita para o
tratamento de crianas com insuficincia cardiorrespiratria
no-tratvel. Apenas algumas sries pequenas foram publi-
cadas com resultados um tanto contraditrios. Em geral, a
mortalidade associada oxigenao por circulao extracor-
prea na DM menor que 50%, numa populao com expec-
tativa de mortalidade de aproximadamente 90%.
Aparentemente, o melhor desfecho ocorre quando a indica-
o para circulao extracorprea sndrome do desconforto
respiratrio agudo (SDRA) grave. No entanto, quando a indi-
cao choque refratrio, a mortalidade bem mais altas
(60% a 84%)35,36. A principal preocupao com esta terapia
a necessidade de anticoagulao em crianas com proble-
mas de coagulao, o que poderia aumentar o risco de he-
morragia intracraniana.
Transfuso
Crianas comDM freqentementenecessitamde transfu-
so sangnea. Concentrado de hemcias deve ser conside-
rado quando o nvel de hemoglobina for menor que
7,0 g/dL37. Plaquetas geralmente so consumidas na DM por
causa da trombosemicrovascular e coagulopatia intravascu-
lar disseminada. Transfuso de plaquetas deve ser usada
para manter o nmero de plaquetas acima de
20-50.000/mm3 se no houver nenhum sangramento evi-
dente, ou acima de 50-100.000/mm3 em caso de
sangramento.
Correo de eletrlitos
Alteraes eletrolticas so freqentes em crianas com
DM. A grande quantidade de fluidoterapia e transfuso ne-
cessria normalmente causa hipocalemia, hipercloremia, hi-
pocalcemia, e hipomagnesemia. preciso fazer a correo de
potssio, clcio, e magnsio.
Meningite meningoccica
Meningite a infeco das meninges cerebrais, e no
afeta o parnquima cerebral. Os sintomas de meningite bac-
teriana variam com a idade, mas consistem principalmente
de febre, cefalia, fotofobia, vmitos, nvel alterado de cons-
cincia, convulses, rash purprico e petquias. Rigidez de
nuca pode estar presente em crianas commais de 2 anos de
idade. Alteraes de conscincia e convulses prolongadas
geralmente comprometem a proteo das vias areas.
O diagnstico demeningite ir depender de se o paciente
est em choque. Um grupo de testes laboratoriais inicial (ex:
hemograma, eletrlitos, protena C reativa, e culturas) deve
ser realizado quando houver suspeita de meningite. Sempre
que possvel, deve-se realizar a puno lombar e o lquido ce-
falorraquidiano dever ser enviado para anlise (de glicose,
protena, e contagem de clulas com diferencial) e cultura.
Todavia, em uma criana obnubilada, com problemas de co-
agulao, ou choque, a coleta de lquido cefalorraquidiano
pode ser perigosa. Na DM com choque, normalmente no se
sabe se a meningite est ou no presente. Uma amostra do
lquido cefalorraquidiano pode ser coletada aps o evento
agudo.
Questes referentes aos cuidados intensivos
As principais questes acerca dos cuidados intensivos na
meningite meningoccica so discutidas a seguir.
Fluxo sangneo cerebral alterado
Alterao no fluxo sangneo cerebral pode se dever hi-
potenso ou elevada PIC. O tratamento do choque deve ter
prioridade. Uma presso arterial adequada o melhor trata-
mento para o controle da PIC. Leses cerebrais isqumicas
secundrias em vista do fluxo sangneo cerebral alterado
so responsveis por desfechos adversos a curto e longo
prazo.
Doena meningoccica e meningite Branco RG et al. Jornal de Pediatria - Vol. 83, N2(Supl), 2007 S51
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Edema cerebralO edema cerebral em resposta infeco e aosmediado-
res inflamatrios pode levar a uma PIC extremamente ele-
vada. Tomografia cerebral no sensvel para excluir a
presena de PIC e, portanto,mesmoque a tomografia parea
normal, se o paciente estiver inconsciente, a puno lombar
nodeve ser realizada e tratamentos neuroprotetores devem
ser implementados.
Internao emUTIP necessria em crianas comescore
9 na escala de coma deGlasgow. A hipertenso associada bradicardia, anisocoria, pupilas dilatadas ou lentamente rea-
tivas, sinais neurolgicos focais, postura anormal, convul-
ses, oupapiledemasobons indicadores dapossibilidadede
PICelevada14.Nesses casos, o tratamentodeve ter oobjetivo
de fornecer presso de perfuso cerebral adequada. Se o pa-
ciente no estiver em choque, solues hiperosmolares e
diurticos (ex: manitol e furosemida) podem ser administra-
dos38. O objetivo da ventilao mecnica deve ser a normo-
capnia (pCO2 30 a 35 mmHg).
ConvulsesConvulses ou estado epilptico pode ser a manifestao
inicial da meningite. O tratamento comea com a proteo
das vias areas, garantindo respirao e circulao adequa-
das. Eletrlitos e glicose sricos devem ser medidos. As con-
vulses devem ser tratadas com benzodiazepnicos e
fenitona ou fenobarbital. Se as convulses no cessarem
com esse tratamento, ento outras terapias, tais como infu-
so contnua de midazolam ou tiopental devem ser conside-
radas38. A intubaoendotraqueal pode ser necessria j que
os sedativos podem comprometer a respirao.
HiponatremiaA hiponatremia pode ocorrer em qualquer estgio da do-
enaeosprincipais diagnsticos diferenciais so sndromede
secreo inapropriada do hormnio antidiurtico (SIHAD),
sndrome cerebral perdedora de sal (SCPS) e insuficincia
adrenal devido sndrome de Waterhouse- Friderichsen. To-
das essas afeces precisam ser investigadas e tratadas.
Esterides
Dexametasona recomendada por alguns autores para o
tratamentodameningite.O tratamentoadjuvante comdexa-
metasona pode reduzir a resposta inflamatria no espao su-
baracnide. Portanto, ela pode aliviar muitas das
conseqncias patolgicas da meningite bacteriana (ex:
edema cerebral, vasculite cerebral, alterao no fluxo sang-
neo cerebral, e elevao da PIC). Nas crianas, a dexameta-
sonaprevineaperdaauditivaemcasosdemeningite causada
pelo Haemophilus influenza tipo B39. No existem dados so-
bre crianas com meningite meningoccica. A anlise de
subgrupo de estudos com pacientes adultos sugere que a de-
xametasona no afeta o desfecho em pacientes com menin-
gite meningoccica40. Os pacientes que j receberam
tratamento antimicrobiano no devem receber dexameta-
sona, pois improvvel que o desfechomelhore. Como a an-
tibioticoterapia provavelmente tenha sido usada em todos os
casos de DM, no usamos a dexametasona no tratamento de
tais casos.
Concluso
A doena meningoccica (DM) uma das principais cau-
sas demorte em crianas devido infeco. Ela pode progre-
dir rapidamente e preciso ter um alto grau de suspeio
para seu diagnstico precoce. A interveno (precoce) atra-
vs de fluidoterapia agressiva e antibioticoterapia pode me-
lhorar significativamente o desfecho. Na UTIP, talvez sejam
necessrias grandes quantidades de volume durante os pri-
meiros dias, alm do uso de drogas vasoativas. A coagulopa-
tia freqente,mas no tem tratamento especfico. O uso de
colides e esterides pode ser benfico, mas outros novos
tratamentos como insulina e protena C ativada ainda preci-
sam ser investigados a fundo. O tratamento de resgate com
oxigenao por circulao extracorprea parece ter bons re-
sultados quando usado para SDRA grave, mas no para cho-
que refratrio. Meningite geralmente no diagnosticada na
doenameningoccica por causa da gravidade damanifesta-
o clnica. Quando presentes, o edema cerebral e o fluxo
sangneo cerebral alterado so as principais preocupaes.
O uso de soluo osmolar pode ser necessrio, mas a princi-
pal interveno teraputica garantir presso arterial ade-
quada para que haja perfuso cerebral adequada. As
convulses e a hiponatremia devem ser tratadas agressiva-
mente. Os esterides parecem no afetar o desfecho na me-
ningite meningoccica.
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Correspondncia:Ricardo Garcia BrancoDepartment of Paediatrics, Box 116University of Cambridge, School of Clinical MedicineAddenbrookes HospitalHills Road, Cambridge, CB2 2QQ Reino UnidoE-mail: [email protected]
Doena meningoccica e meningite Branco RG et al. Jornal de Pediatria - Vol. 83, N2(Supl), 2007 S53
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