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RECURSOS MOBILIZADORES DA DANÇA E A PROMOÇÃO DE FUNCIONALIDADE E QUALIDADE MOTORA Flávia Pinheiro Della Giustina 1 [email protected] Carla ChisteTomazoli 2 [email protected] Arina Gomes Martins 3 [email protected] Filomena Maria da Silva Sousa 4 [email protected] Janaína Alves de Andrade 5 [email protected] Resumo: A dança tem sido um recurso aplicado no tratamento de diversas patologias, entre diversas áreas da saúde, sendo uma modalidade de trabalho terapêutico que estimula o sistema perceptivo-motor, contribui para 1 Mestre em Psicologia do Desenvolvimento Humano em Processos Educativos e Especialista em Psicopedagogia Clínica pela Universidade Católica de Brasília (UCB-DF), formada em Dançaterapia pelo Método María Fux, professora do curso de Extensão em Dança e Movimento do curso de Fisioterapia das Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central (FACIPLAC-DF). 2 Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UnB), Especialista em Fisioterapia Clínica pela UNIPLAC (União Educacional do Planalto Central), professora do curso de Fisioterapia da FACIPLAC em Estágio Supervisionado I – Pediatria/Neuropediatria. 3 Aluna do 5º período Curso de Fisioterapia da FACIPLAC/DF 4 Aluna do 4º período Curso de Fisioterapia da FACIPLAC/DF 5 Aluna do 2º período Curso de Fisioterapia da FACIPLAC/DF 1

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Page 1: Artigo rec mob_danca

RECURSOS MOBILIZADORES DA DANÇA E A PROMOÇÃO DE

FUNCIONALIDADE E QUALIDADE MOTORA

Flávia Pinheiro Della Giustina1

[email protected]

Carla ChisteTomazoli2

[email protected]

Arina Gomes Martins3

[email protected]

Filomena Maria da Silva Sousa4

[email protected]

Janaína Alves de Andrade5

[email protected]

Resumo: A dança tem sido um recurso aplicado no tratamento de diversas

patologias, entre diversas áreas da saúde, sendo uma modalidade de trabalho terapêutico

que estimula o sistema perceptivo-motor, contribui para promoção da funcionalidade e

qualidade motora. Esse estudo de caráter experimental foi realizado nas Faculdades

Integradas da União Educacional do Planalto Central – FACIPLAC, onde participaram

seis alunas-fisioterapeutas integrantes do Projeto de Extensão em Neuropediatra, duas

professoras-orientadoras com formação em Psicologia e Fisioterapia e seis crianças

portadoras de patologias distintas, dentre as quais cinco possuem Paralisia Cerebral

(PC) ou a Encefalopatia Crônica não-Progressiva e uma com Distrofia Muscular

Congênita (DMC). Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram fotos das

crianças em movimento ao longo dos encontros, registradas e analisadas de forma

1 Mestre em Psicologia do Desenvolvimento Humano em Processos Educativos e Especialista em

Psicopedagogia Clínica pela Universidade Católica de Brasília (UCB-DF), formada em Dançaterapia pelo

Método María Fux, professora do curso de Extensão em Dança e Movimento do curso de Fisioterapia das

Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central (FACIPLAC-DF). 2 Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UnB), Especialista em Fisioterapia

Clínica pela UNIPLAC (União Educacional do Planalto Central), professora do curso de Fisioterapia da

FACIPLAC em Estágio Supervisionado I – Pediatria/Neuropediatria. 3 Aluna do 5º período Curso de Fisioterapia da FACIPLAC/DF4 Aluna do 4º período Curso de Fisioterapia da FACIPLAC/DF 5 Aluna do 2º período Curso de Fisioterapia da FACIPLAC/DF

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comparativa a fim de verificar possíveis evoluções da funcionalidade motora de cada

criança participante. Os resultados mostraram qualidade no movimento, especificidade e

aquisição motora, o que permitiram às alunas do curso de Fisioterapia constatar a

importância da dança no desenvolvimento da funcionalidade, e suas contribuições para

habilitação das crianças.

Palavras-chave: dança e fisioterapia; funcionalidade; qualidade motora.

Introdução

O desenvolvimento neurológico da criança é norteado por princípios que se

expandem desde sua formação, gerando habilidades que integram vários sistemas e

funções. É indiscutível a importância do conhecimento das etapas do desenvolvimento

da criança para constatar a coerência das múltiplas capacidades que envolvem a

cognição, a mobilidade, a percepção e a motivação. Portanto, através de interações entre

o ambiente e o sistema sensório-motor o corpo reflete ações de caráter intencional.

Crianças com lesões neurológicas têm limitada sua capacidade de relação com o

meio e com elas mesmas quando comparado os aspectos do desenvolvimento motor

comum, logo a adaptação a diferentes possibilidades deve corresponder às suas

capacidades, compreendendo suas particularidades.

Um recurso disponível para estimular os movimentos das crianças é a dança

quando associada à fisioterapia convencional, porque desenvolve de forma ampla os

aspectos psicomotores promovendo o autoconhecimento físico e emocional, além de

proporcionar controle motor na execução dos movimentos, diminuição do tônus

promovida pela música, aumentando assim o bem-estar da criança.

A utilização da música e de objetos de convivência cotidiana da criança tornam-

se álibis na obtenção de respostas motoras favoráveis em relação à qualidade de

movimento, graduação de força muscular, flexibilidade, propriocepção, coordenação

motora, percepção, e que juntas às técnicas de reabilitação já utilizadas na fisioterapia,

capacita ainda mais o potencial de tratamento e recuperação. Por isso, o objetivo

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proposto no estudo é promover a funcionalidade e a qualidade motora através dos

recursos mobilizadores proporcionados pela dança.

Revisão bibliográfica

O desenvolvimento motor da criança depende de fatores fundamentais e isso

determina seu crescimento. Para Shepherd (1995), esses fatores são fundamentais para a

compreensão do comportamento e das necessidades da criança, e não dependem apenas

dos processos de maturação determinados pelo código genético, mas também das

experiências e oportunidades de interação com o meio ambiente, importante como fonte

de motivação.

Essa motivação é de extrema importância ao considerar que as necessidades

motoras vão ao encontro das próprias demandas da criança. A atividade motora surge e

permite à criança explorar o mundo exterior, que compreende os objetos e demais seres

vivos aportando-lhe as experiências concretas que a tornam menos dependente. (ROSA

NETO, 2002).

Segundo Rosa Neto (2002), a aquisição do controle motor e das habilidades

motoras são consecutiva à modificação progressiva sua plasticidade neuronal, capaz de

formar novas conexões subordinadas ao seu uso e estimulação. Esse mesmo autor ainda

estabelece que a coordenação do ato motor é dependente da participação de diferentes

centros nervosos motores e sensoriais que se traduzem pela organização de programas

motores e pela intervenção de diversas sensações oriundas dos receptores sensoriais,

articulares e cutâneos do membro requerido.

Para ativação progressiva do ato motor, Rosa Neto (2002) destaca a necessidade

do funcionamento global dos mecanismos reguladores do equilíbrio e da atitude

(Balance), que quando potencializados reforçam certos fatores de ação como

vivacidade, força muscular, resistência. A criança pratica os movimentos dos quais é

capaz e busca movimentar-se da melhor maneira possível, em vista das possibilidades

oferecidas pelo ambiente, pela sua experimentação, e pelas condições do seu aparelho

neuromuscular, segundo Shepherd (1995), ao ressaltar também a importância da

motivação e do estímulo para esse desenvolvimento da criança.

Assim à medida que a criança aprimora os movimentos, os quais obteve a partir

de intensos estímulos, essa assimila o conceito referente à funcionalidade que de acordo

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com Farias e Buchalla (2005) significa a capacidade de atividade e participação que

envolvem componentes de funções e estruturas corporais.

A dança em seus recursos mobilizadores de movimentos da criança, nessa

abordagem, é um estímulo externo que desperta novas possibilidades de relacionar com

os objetos e com o outro. Ao considerar que a criança portadora de uma deficiência

necessita de estímulos, a dança possibilita um contato diferenciado com os objetos.

Após uma lesão cerebral, a criança apresenta-se funcionalmente debilitada, de

forma que a mesma capacidade exploratória não pode ser executada adequadamente.

Assim, as patologias exploradas nesse estudo foram pautadas num aparato diferenciado

e inovador quanto à recuperação física e emocional das crianças. No presente estudo, as

crianças apresentam-se com diagnóstico de Paralisia Cerebral (PC) e Distrofia Muscular

Congênita (DMC).

Para Diament & Cypel (1996), a Paralisia Cerebral não é uma entidade

clinicamente específica e bem delineada, mas o termo é empregado para descrever as

encefalopatias crônicas infantis não progressivas, que podem ter origem nos períodos

pré, pós e perinatais com pelo menos comprometimento motor associado à

incoordenção dos movimentos e alterações tônicas de origem cerebral como

componente principal.

De acordo com esses mesmos autores, a Paralisia Cerebral pode ser subdividida

em três formas segundo as características semiológicas dominantes: espástica, atetósica

e atáxica, que segundo Bobath (1989) não é permanente e imutável, pois à medida que a

criança se torna mais ativa, posturas e movimentos característicos dessas formas

desenvolvem-se e modificam-se conforme adaptação a atividades funcionais.

A Distrofia Muscular Congênita (DMC) para Ribeiro et al.(2003) , outra

deficiência motora enfocada nesse estudo, é uma das distrofias mais frequentes da

infância, caracterizada por fraqueza muscular neonatal, com ou sem envolvimento do

Sistema Nervoso Central.

Assim, a fisioterapia tradicional para o tratamento de deficiências motoras, é

vista como um canal de reabilitação de crianças com diversas patologias e síndromes,

incluindo as descritas anteriormente, e com ela pode-se utilizar recursos alternativos

para o tratamento que possibilitam respostas positivas dos pacientes, principalmente

quando se trata de crianças. A ludicidade permeia o tratamento, visto que se a criança

não ficar motivada para realizar os comandos, dificilmente participará com prazer.

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Assim, nesse contexto de transformar os atendimentos de fisioterapia e inserir

algumas situações de ludicidade, a dança tem sido um recurso aplicado em diversas

patologias, entre diversas áreas da saúde, sendo uma modalidade de trabalho

terapêutico. Segundo Cerruto (2007), ela é energia vital, é re-criação, é a possibilidade

de ser e exercitar a própria totalidade do indivíduo e, por isso, é potencialmente

terapêutica.

Materiais e Métodos

Como critérios de inclusão das crianças nesse estudo foram considerados fatores

como a idade cronológica, entre 5 a 10 anos, e a preservação do cognitivo.

Para coleta dos dados, foi realizado um encontro por semana, durante três meses,

com sessões de cinquenta minutos aproximadamente, fundamentadas na utilização de

comandos verbais, junto à música instrumental e objetos diversos como elástico,

tambor, celofane, cadeira, bolas que foram escolhidos a partir da necessidade das

crianças de motivação para uma movimentação espontânea e segura.

Procedimentos

Nos encontros, todos os participantes, crianças, professoras e alunas de

fisioterapia eram dispostas de forma aleatória no ambiente fechado disponibilizado pela

instituição. As músicas eram apenas instrumentais e possibilitavam movimentos não

coreografados, ao deixar fluir livremente uma expressão motora, sem obedecer a regras

específicas como as demais danças. Havia um direcionamento verbal, que estimulava

todo o corpo a participar da dança, e explorar os espaços saindo do repouso.

Nos encontros, trabalhou-se individualmente para desenvolver percepção, em

duplas para interação com o próximo, e em grupo com todos integrantes. Em cada

vivência com a dança foram apresentados diferentes recursos para as crianças: cadeiras

para motivar e oferecer um ponto de apoio; celofane de diversas cores com intuito de

manter a atenção voltada para o material; tambor e baquetas, buscando promover

interação entre os sons internos que o corpo produz naturalmente e o som produzido

pelo tambor; elásticos, que remetem à flexibilidade e à capacidade que o corpo tem de

sair de uma posição e voltar a ela; bolas que proporcionaram equilíbrio e menor inibição

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na manipulação dos objetos; e algumas vezes não se utilizou nenhum recurso físico,

somente o próprio corpo e a palavra como recursos mobilizadores para que a criança

percebesse os limites do seu próprio corpo.

Em todos os encontros foram feitos registros fotográficos realizados pela

professora-fisioterapeuta também responsável pela pesquisa. O grupo desde o início

esteve em contato com a presença deste instrumento, consentindo de maneira

espontânea o registro das imagens. Ao final dos três meses, as fotos das crianças foram

separadas por etapas, primeiro, segundo e terceiro mês de vivência; e nomeadas por

letra/número (C1, C2, C3, C4, C5, C6), a fim de verificar as evoluções quanto à

funcionalidade e qualidade motora ao longo desse período.

Análise e Discussão

Inicialmente as crianças apresentavam-se inseguras e desconfiadas, porém

curiosas com o novo método, e o fator de inovação contribuiu para que o interesse da

criança aumentasse e continuasse a frequentar os encontros.

Após os primeiros encontros, houve um aumento na capacidade, mesmo que

involuntária, de um novo posicionamento corporal por parte de algumas crianças. A

preocupação delas era executar o movimento solicitado, e com isso percebeu-se melhora

na atenção, na compreensão, e no aprimoramento das suas reações e habilidades

motoras, despertando as suas potencialidades.

Por meio da análise de registros fotográficos, foram observadas mudanças

quanto às respostas das crianças aos estímulos da dança.

Levando em consideração os aspectos motores, as crianças que apresentam

alteração de tônus tiveram grande benefício com a dança, pois as músicas utilizadas

foram capazes de promover uma qualidade de execução do movimento e estimular

sensações que muitas vezes ainda eram desconhecidas por essas crianças.

Os movimentos que são realizados de forma involuntária devem ser levados à

compreensão, para que o deixe de ser inconsciente passando à consciente executado.

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Segundo Gallahue & Ozmun (2005), quanto mais experiências de aprendizado

motor e perceptivo tenham as crianças, maior a oportunidade de fazer uma “combinação

perceptivo-motora” e de desenvolver certa plasticidade de reação a várias situações

motoras.

Para a criança é importante a promoção da estimulação perceptiva através do

movimento, isso é obtido por meio dos movimentos solicitados durante os encontros de

dança. A incorporação dos movimentos realizados na sala da vivência às suas atividades

de vida diária (AVD) é crucial para a consciência da sua funcionalidade e qualidade de

vida.

Em 12 (doze) encontros, observou-se que a paciente C1 hemiparética obteve

equilíbrio em posição ortostática, apoiando-se apenas MI (membro inferior) direito,

mantendo os MMSS (membros superiores) em abdução por 5 (cinco) segundos

(Figura1). Em MMSS aprimorou a extensão de cotovelo, punho e dedos com isso, seu

movimento de pinça mostrou melhor qualidade (Figura 2).

A paciente C2 de 10 anos portadora de leucomalácia permaneceu sentada sobre a

região sacral estabilizando tronco com o aumento de tônus de MMII (Figura 3), e

conseguiu manter a sua extensão, sendo que anteriormente a menor não realizava a

postura de Long Sitting. A partir dos encontros da dança, a mesma respondeu a postura

sentada quando oferecido um pseudoapoio. Dentro de suas limitações, ela conseguiu

realizar os movimentos propostos a cada novo encontro.

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Figura1- C1 apoiando-se no MI acometido.

Figura 2- C1 realizando extensão de cotovelo, punho e dedos.

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A paciente C3 de 9 anos com distrofia muscular congênita, alcançou grandes

progressos em cada vivência, executando movimentos de rotação de troco que faz com

que trabalhe os oblíquos abdominais e contribuem para a sustentação do tronco, realizou

movimentos de flexão, extensão, adução e abdução de MMSS contra a gravidade

(Figura 5), esses movimentos promovem o trabalho de grupos musculares exigindo

ativação da musculatura, permitindo que haja funcionalidade e manutenção da força e

uma melhor graduação dos movimentos.

Um movimento que nunca tinha sido observado na C3 durante as sessões de

fisioterapia, foi registrado durante uma vivência de dança, C3 sentada em Side Sitting

realizou inclinação do tronco para lateral, com apoio de antebraço (Figura 6).

A criança C4 é a que mais apresenta dificuldade em concentrar-se no que está

sendo solicitado durante a dança, por ser uma criança hiperativa. Na primeira vivência,

C4 não apresentou interesse, mas com o passar dos encontros foi envolvendo-se e

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Figura 3 - Sentada sobre a região sacral.

Figura 6 - C3 Sentada em Side Sitting realizando inclinação do tronco para lateral, com apoio de antebraço.

Figura 5 - Movimentos contra a gravidade.

Figura 4 – Aumento de tônus de MMII.

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realizando os comandos dados pela professora condutora da dança, respeitando assim

sua conquista motora (Figura 7).

Observou-se em C4 evolução na graduação do movimento. Isso ficou bastante

perceptível durante a vivência com a bola, quando C4 realizou vários movimentos,

dentre os quais quando solicitados durante a fisioterapia são mais difíceis de serem

realizados (Figura 8).

Uma grande conquista de C4 foi a diminuição dos movimentos involuntários e

qualidade na estabilização em suas posturas durante as atividades.

Em relação a C5 evidenciou-se a realização de movimentos característicos da

coreoatetose. Assim, para que ele conseguisse se estabilizar aumentou o tônus muscular

para buscar equilíbrio (Figura 9) e buscou apoio através dos MMSS executando

transferência de peso. Com isso, conseguiu realizar uma função com qualidade de

movimento (Figura 10) que na dança foi perceptível ao se utilizar a cadeira, o tambor e

o papel celofane.

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Figura 7 – despertando interesse.

Figura 8 – evolução na graduação dos movimentos.

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Em C6 observou-se dificuldade para manter o equilíbrio na posição sentada para

estabilizar tronco e membro superior (MMSS) sendo superada gradativamente no

decorrer dos encontros. No atendimento fisioterapêutico, conseguiu mantê-lo sobre a

prancha em posição ortostática com facilitação do terapeuta pelo ponto chave quadril.

Durante a dança C6 demonstrou apoio com o MMSS evidenciando reação de proteção

lateral quando em situações de instabilidade. Quando utilizado a bola na dança,

percebeu-se que C6 conseguiu mudar da posição sentado sobre os calcanhares para

ajoelhado (Figura 11), realizando movimentos de deslizamento e deslocamento dessa

com os MMSS, exercitando a cadeia muscular posterior. Sempre que as conduções se

realizaram em dupla ou grupo, C6 se apresentava motivado e integrado destacando

ainda a prevalência da atenção como um fator individual e característico na dança.

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Figura 11 - saindo da posição sentado sobre os calcanhares para ajoelhado.

Figura 9 - aumentando o tônus muscular para manter o equilíbrio.

Figura 10 - apoio em MMSS com transferência de peso.

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Cada recurso impulsionou a criatividade através de motivação adequada à cada

criança, sendo que enquanto para a C2 a cadeira era mais confortável (Figura 12), para

C6 a cadeira proporcionava maior dificuldade (Figura 13), sendo notório que cada uma

delas respondia com características próprias e apresentava respostas espontâneas de

acordo com seu tempo, ritmo e limite.

Conclusão

Apesar de ser um recurso novo na Fisioterapia, é possível constatar a evolução

dessa técnica e sua importância como terapia, buscando superar obstáculos, tendo a

linguagem do corpo como forma autêntica de se expressar, pois o corpo reflete o que

genuinamente sentimos (Fux, 1988). Esse estudo é de suma importância para novas

abordagens e aprofundamento do conhecimento da interseção entre fisioterapia e dança

para a comprovação de que a utilização da dança é um recurso importante dentro da

fisioterapia na reabilitação de crianças. Analisando de forma estática através dos

registros fotográficos, pode-se afirmar que a evolução motora e a qualidade do

movimento aparecem de forma topográfica e qualitativamente.

REFERÊNCIAS

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Figura12 - Sentada com apoio posterior.Figura 13 - Sentado na região lombar com o hemicorpo esquerdo.

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BOBATH, Berta; BOBATH, Karel. Desenvolvimento Motor nos Diferentes Tipos de

Paralisia Cerebral. São Paulo: Manole, 1989.

CERRUTO, Elena. Dançaterapia!!! A dança para todos. São Paulo, 2007.

DIAMENT, Aron; CYPEL, Saul. Neurologia Infantil. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 2005.

FARIAS, Norma; BUCHALLA, Cássia Maria. A Classificação Internacional de

Funcionalidade Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde Conceitos

Usos e Perspectivas. São Paulo: Revista Brasileira de Epidemiologia, 2005.

FUX, María. Dançaterapia. São Paulo: Summus, 1988.

GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor-

bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3ª Ed. São Paulo: Phorte, 2005.

RIBEIRO et al. Distrofia Muscular Congênita merosina positiva, anormalidades da

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ROSA NETO, Francisco. Manual de Avaliação Motora. São Paulo: Artmed, 2002.

SHEPHERD B., Roberta. Fisioterapia em Pediatria. 3.ed. São Paulo: Santos, 1995.

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