artigo - o agronegócio brasileiro e o desafio de uma economia de baixo carbono

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  • 7/26/2019 Artigo - O Agronegcio Brasileiro e o Desafio de Uma Economia de Baixo Carbono.

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    O Agronegcio Brasileiro e o desafio de uma economia de baixo carbono.

    Junior Cesar [email protected]

    Resumo

    O agronegcio brasileiro determinante na economia do pas, bem como umaimportante arma na promoo da sustentabilidade, uma vez que as atuais mudanasclimticas podem afetar o desenvolvimento do agronegcio como um todo. Assim, de extrema importncia, no s para o Brasil, como para um mundo cada vez mais

    populoso e desigual, uma transio para uma nova economia, abrindo um novoparadigma de desenvolvimento. Esta economia, que privilegia a baixa emisso degases de efeito estufa, que busca a minimizao de suas externalidades negativas, bemcomo tem como ponto chave a responsabilidade social e ambiental de suas empresas e

    governos o foco deste artigo.

    Palavras-chave: economia, carbono, sustentabilidade

    Abstract

    The Brazilian agribusiness is crucial in the economy, as well as an important tool inpromoting sustainability, since the current in climate changes may affect thedevelopment of agribusiness as a whole. Thus, it is extremely important not only forBrazil and for a world increasingly crowded and uneven, a transition to a new

    economy, opening a new development paradigm. This economy, which favors the lowemission of greenhouse gases, which seeks to minimize negative externalities, and hasthe key point to social and environmental responsibility of their companies andgovernments is the focus of this article.

    Keywords: economy, carbon, sustainability

    1Funcionrio Pblico Estadual e Tecnlogo em Agronegcio pela Fatec de Presidente Prudente.

    E-mail: [email protected]

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    Objetivo

    O objetivo deste artigo levantar uma discusso pontual sobre os atuais desafios da

    economia brasileira, principalmente privilegiando as classes mais pobres, ao

    considerar uma transio para um modelo de baixa emisso de carbono. No sebuscou exaurir o assunto, mas sim, baseado em autores renomados e autoridades no

    assunto, balizar o entendimento de que esta transio necessria e inevitvel.

    Metodologia

    A metodologia consiste em uma reviso bibliogrfica e consulta a dados primrios a

    fim de constatar as especulaes levantadas pelo trabalho e corroborar com suas

    afirmativas.

    Resultados e Discusso

    O Agronegcio Brasileiro

    O agronegcio base do atual modelo de desenvolvimento do Pas. Atualmente,

    corresponde a 22,74 % do produto Interno Bruto do Pas (CEPEA, 2012). Seu

    crescimento tem sido espantoso, chegando a mais de 13% nos ltimos dois anos

    (CEPEA, 2012). O aumento na renda do produtor, o crescimento no setor agrcola e

    pecurio e a baixa atividade industrial, bem como a desvalorizao do real frente ao

    dlar contriburam para essa realidade. A fora do agronegcio to grande, dentro do

    pas, que capaz de movimentar o desenvolvimento da nao, mesmo tendo uma das

    mais altas cargas tributrias do mundo. A competio com pases como a China, no

    entanto, est ainda longe de se tornar vivel, visto que enquanto a informalidade

    baixa na China (14% do PIB), no Brasil esta chega a 40% de nosso Produto Interno

    Bruto, em virtude da alta carga de impostos (NEVES; CONEJERO, 2007, p. 16).Segundo relatrio preliminar do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio

    exterior, somente no primeiro trimestre de 2012 o pas bateu recordes em exportao

    de produtos bsicos, chegando a US$ 10,139 bilhes, um aumento de mais de 10% em

    relao mesmo ms no ano anterior e um aumento de mais de 5% em relao ao

    mesmo trimestre. Destaque para o estado de So Paulo que cresceu em exportao

    3,89% no ms de maro e acumulou um aumento trimestral de 4,31% (BRASIL,

    2012). Toda esta capacidade, no entanto, baseia-se na grande disponibilidade de terra,e recursos naturais de nosso pas. O problema que esses recursos so finitos e podem

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    levar o Brasil a um grande desafio socioambiental. Isto requer uma mudana de

    paradigma, que na opinio de Ignacy Sachs, deve ser introduzida em um contexto

    mltiplo, envolvendo uma perspectiva ambiental, econmica e social, estimulando

    desenvolvimento atravs da reconciliao com a ecologia, alm disso, o contexto

    social do capital deve ser maximizado como uma etapa decisiva nas aes de

    sustentabilidade (FAUCHER; LANGLOIS-BERTRAND; 2010).

    H uma diferena entre um simples crescimento econmico demonstrado em nmeros

    e grficos e um verdadeiro desenvolvimento. Cabe ao agronegcio brasileiro, saber

    avaliar o que se buscar para a prxima dcada. Pases como a China, Austrlia,

    Holanda e Rssia, j fizeram sua escolha, esto diminuindo suas emisses de carbono

    e migrando para uma economia de baixo carbono. claro que ainda h muito a se

    fazer, principalmente na preservao de hotspots como a Amaznia e o cerrado

    Brasileiro, mas o combate ao desmatamento uma das aes que tem tido sucesso no

    Brasil, favorecendo o cumprimento das metas estabelecidas pela COP-15 em

    Copenhagen. Segundo o INPE, o Brasil teve possui a menor taxa de desmatamento

    desde 1988, quando o instituto comeou a medir, ou seja, a cada ano, o pas atinge

    metas e se aproxima do compromisso de reduzir 80% do desmatamento at 2020

    (INPE, 2011).

    As discusses da contraditria sustentabilidade

    A sustentabilidade, palavra em alta no momento, denuncia a inteno da perpetuidade

    dos produtos frente escassez dos recursos naturais que lhe servem de matria-prima.

    Para tanto, necessrio recorrer a princpios que norteiem essa nova poltica verde,

    que direciona aes de marketing, decises estratgicas de empresas e at mesmo

    reunies internacionais de debates ferrenhos onde pouco se produz e muito se

    conjectura. Esta palavra no to nova no cenrio internacional, sendo cunhada nas

    discusses da Comisso sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organizao das

    Naes Unidas, criada em 1983, e que culminou em 1986 com a Comisso

    Brundtland. (ALMEIDA, 2002; LEMONICK, 2009). Presidido pela ex-primeira

    ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland, lanando o conceito de desenvolvimento

    sustentvel, provocado, diga-se de passagem, pela tese na conferncia de Estocolmo

    em 1972, e que define, em 1987, no famoso documento Nosso Futuro Comum, o

    desenvolvimento sustentvel, ou nossa sustentabilidade como aquele que: satisfaz as

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    necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das geraes futuras de suprir

    suas prprias necessidades. (ALMEIDA, 2002;GADOTTI, 2002).

    Para alguns economistas, a sustentabilidade chega a ser uma contradio de termos,

    o que debate Ricardo Arnt, em seu livro O que os economistas pensam sobre

    sustentabilidade (ARNT, 2010) onde o referido autor entrevista grandes economistas

    e autoridades antenadas ao tema sustentabilidade que emitem opinies diversas sobre

    este conceito to contraditrio. possvel desenvolver sem consumir recursos

    naturais? Existe uma possibilidade verdadeiramente vivel economicamente, de a

    natureza trabalhar em sinergia com o homem? Algumas experincias tm mostrado

    que sim. Existem limitaes naturais, mas inmeras empresas tm assumido

    compromisso de reduo de emisses, polticas de educao ambiental e aes que

    promovam sustentabilidade. Casos como a Nestl (ALMEIDA, 2002) promovendo

    aes contra o desperdcio de alimentos, a crescente noo de responsabilidade social

    corporativa que tem motivado empresas do setor sucroalcooleiro do estado de So

    Paulo, bem como indstria de produtos qumicos como a Yp e o grupo White Martins

    a diminurem gradualmente suas emisses, bem como a comprarem crditos de

    carbono que compensem suas emisses inevitveis, produto de seu processo

    produtivo. Todas estas aes coordenadas podem oferecer uma melhor qualidade de

    vida s populaes que vivem ao entorno destas fbricas, podem aumentar a

    lucratividade destas empresas, atravs de selos de certificao ambiental, bem como

    adequao conceitos internacionais de qualidade, abrindo mercados para a

    exportao bem como melhorando a qualidade final do produto e possibilitando o

    aumento de preo vinculado relao custo-benefcio do produto saudvel,

    politicamente correto ou ambientalmente responsvel.

    possvel desenvolver e ao mesmo tempo ser sustentvel?A discusso acerca da noo de desenvolvimento antiga e altamente debatida. No

    se pode dizer que crescimento econmico e desenvolvimento seja a mesma coisa.

    Inmeros ndices tm sido criados para medir o nvel de bem-estar de uma populao

    e assim definir o quanto ela pode ser sustentvel. Vivenciar uma economia de baixo

    carbono pode passar pela criao de uma agricultura diferente, quem sabe at mesmo

    cultivando florestas. No s reflorestar, mas manejar de forma sustentvel e

    responsvel as florestas que possumos e formamos (VEIGA, 2011). Em pouco temponecessitaremos rever nossas concepes sobre a forma com que lidamos com os

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    recursos naturais, principalmente entendendo o meio ambiente como um sistema em

    que a economia se encaixa e no o contrrio. A insustentabilidade da atual civilizao

    no s terica, mas factvel, constatvel. Assim, podemos aliar desenvolvimento

    com sustentabilidade quando realmente nos desenvolvermos sem degradar o meio

    ambiente, e entendermos realmente o que significa a palavra sustentabilidade. Isto,

    evidentemente, requer uma mudana de paradigma, uma posio totalmente nova e

    arraigada como a cultura de uma empresa ou pas. A est um grande problema para o

    Brasil, cuja cultura fundamentada em inmeras bases, beirando miscelnea. Assim,

    convencer pessoas de que a reciclagem fundamental para o progresso do pas um

    processo educacional difcil. Convencer homens e mulheres, jovens e crianas de que

    a preocupao pela preservao pode garantir-lhes o futuro e que o atual sistema de

    consumo e relacionamento com os bens de capital s degrada e inviabiliza uma

    sociedade igualitria no amanh uma misso herclea. As pessoas tendem a buscar a

    sua necessidade imediata, se isto causar efeitos danosos ao meio ambiente, que seja,

    preciso primeiro satisfazer a fome. Ensinar a todos que a sustentabilidade mais que

    um conceito e sim uma questo de sobrevivncia pode determinar os rumos do

    desenvolvimento do pas at 2050.

    Rumo a uma economia de baixo carbono.

    factual a necessidade de minimizar a quantidade de gases de efeito estufa na

    atmosfera para possibilitar a sobrevivncia da raa humana pelo prximo sculo, qui

    milnio. Infelizmente, muito foi discutido, mas pouco realizado para evitar os efeitos

    deletrios do aquecimento global. As previses para os prximos 40 anos no so nada

    animadoras, os oceanos tero guas mais quentes, favorecendo tempestades, furaces

    e tufes em muitos pases, a elevao do nvel do mar tambm causar inundaes edevastaes por todo o planeta, a temperatura pode aumentar at 6 C at 2100. Alm

    de todos estes problemas, encaremos que ainda que haja uma superproduo de

    alimentos, a logstica mundial favorece a morte de pelo menos um quarto da

    humanidade. Enfrentaremos migraes fantsticas, colapsos urbanos e guerras por

    gua e energia. Segundo Brown (2009), desde 1981 a extrao de petrleo ultrapassou

    assustadoramente a quantidade de novas fontes. Segundo o renomado autor, somente

    em 2008, o mundo bombeou 31 bilhes de barris e somente encontrou 7 bilhes. No preciso ser matemtico para perceber que o petrleo tem seus dias contados

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    (BROWN, 2009). Algo, que para o Brasil vantajoso, economicamente falando, visto

    que alm de produzirmos um combustvel de baixo impacto ambiental, o etanol, ainda

    descobrimos, no pr-sal uma das maiores bolsas de petrleo do mundo. Estamos

    caminhando para uma economia de baixo carbono, mas precisamos nos resguardar

    tanto de ataques polticos, quanto de embargos econmicos, quanto at mesmo de

    ataques militares em um futuro prximo. Enquanto isto, despontamos no cenrio

    internacional como um pas de ponta, na questo ambiental. Somos os detentores da

    famosa ECO-92, e ainda estamos seguindo em direo h uma segunda conferncia

    depois deste marco ambiental, que pode elevar o Brasil a uma posio de ainda maior

    destaque no cenrio mundial. A Rio+20, que comemora vinte anos da ECO-92 e que

    pretende ser to polmica quanto, uma oportunidade para setores, empresas e

    governos do mundo todo entenderem o quanto o fator sustentabilidade pode ser

    limitante para o avano de suas economias. Nossa matriz energtica limpa. Somos

    pioneiros em aes de preservao e em assumir compromissos voluntrios de

    reduo de emisses de gases de efeito estufa. O que temos que perceber, e ainda no

    conseguimos visualizar o quadro no todo, que como bem disse Lester Brown (2009,

    estamos em um impasse entre os limites polticos e os limites naturais. Os mais

    recentes relatrios do IPCC (Intergovernamental Painel Climate Change),

    considerados por muitos como quase apocalpticos esto se revelando modestos em

    questo de previses, frente s novas descobertas dos efeitos do aquecimento global

    sobre o planeta. Geleiras que foram condenadas dentro das prximas dcadas, j

    tiveram sua morte antecipada para daqui alguns anos apenas. A cada ano, segundo

    Arnt (2010), lanamos 8 bilhes de toneladas de carbono na atmosfera, onde 2 bilhes

    so absorvido e 6 bilhes sobem para engrossar o enorme cobertor com mais de 800

    bilhes de toneladas de carbono na atmosfera terrestre. Assim, a cada ano, torna-se

    mais urgente migrarmos para uma economia ecoeficiente, com menor impactoambiental e que levante a bandeira do carbono neutro. No h mais espao para uma

    economia predatria, em que a ecologia apenas mais um subsistema. A

    sustentabilidade deixou de ser um conceito e j se tornou uma barreira comercial

    (VEIGA, 2010).

    O mundo muda em ritmo veloz, e parte desta mudana est direcionada a uma

    economia de baixo carbono. Nos EUA, o incremento de 8400 megawatts gerados

    atravs de fazenda elicas superaram os 1400 MW de novas usinas a carvo(BROWN, 2009). A energia nuclear vem diminuindo, principalmente depois dos

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    acontecimentos na provncia de Fukushima, no Japo. A capacidade elica em muitos

    pases tem melhorado o custo da implantao de parques elicos, o que fez somente

    nos EUA o incremento de 27.000 MW produzidos pelo vento, o que , segundo Brown

    (2009) propicia energia 8 milhes de lares americanos.

    Desafios para um novo sculo: Energia, Consumo e Populao.

    A fome, as doenas e a enorme necessidade em consumir mais, fazem com que

    gradativamente o planeta alcance o limite de sua carga. As cidades so responsveis

    por 80% das emisses de carbono no mundo, e a previso dada pelo Global Footprint

    Network (2010) que 6,3 bilhes de pessoas passem a viver na zona urbana at 2050.

    Soma-se a isso, que cerca de 600 milhes sero chineses (ARNT, 2010). Poderemos

    sobreviver em um planeta cuja capacidade de suporte foi ultrapassado h dcadas? At

    2050 seremos 9,3 bilhes de habitantes, estaremos vivendo em um mundo mais quente

    em pelo menos 2 C, se comearmos a agir rapidamente, pois, a previso para 6 C,

    o que diminuiria a produtividade agrcola, aumentaria a desertificao, traria mais

    catstrofes climticas do que podemos prever e poria em risco milhes de pessoas que

    dependem das zonas costeiras para morar e viver. Cabe-nos medidas impeditivas

    enquanto tempo, e medidas adaptativas enquanto ainda podemos, pois dificilmente

    pode-se chegar a medidas realmente eficientes quando se renem 192 pases , com os

    mais diversos e conflitantes interesses para discutir os rumos do clima no planeta e as

    medidas para prevenir-se ou adiantar-se a ele. Muitos cticos, sem base cientfica

    contundente, tem discutido o aquecimento global como algo inevitvel, visto que faz

    parte de um ciclo. Algo no corroborado pela cincia como um todo, visto que em

    nenhum perodo da pequena existncia humana, o planeta enfrentou problemas como

    os que causamos, principalmente a partir da industrializao. Nossas mquinas

    ficaram mais potentes, provocando verdadeiras alteraes na crosta do planeta, nossa

    populao triplicou no ltimo sculo, saltando de 2 bilhes para 7 bilhes em 2011.

    Encarar com indiferena estes fatores pode realmente determinar nosso lugar no

    mundo daqui a alguns anos. O nvel de consumo mundial aumentou em tal ponto que a

    urbanizao prevista pela Global Footprint Network assoma-se h uma economia

    quintuplicada, com enormes desigualdades sociais em que pouco mais de 200 pessoas,

    com ativos superiores a 1 bilho de dlares tm mais que a renda anual de 45% da

    populao mundial, o que beira a 3 bilhes de pessoas (LAZZARINI; GUNN, 2002).

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    Segundo a Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL, 2008), o consumo de

    energia eltrica, principalmente nos pases em desenvolvimento chega a um aumento

    acumulado de 100% nos ltimos anos, e isto tende a aumentar conforme a tendncia

    de urbanizao e a dependncia, cada vez maior, de mquinas, utenslios e demais

    componentes do dia-a-dia que vo se tornando eltricos a medida que a tecnologia

    avana.

    Segundo Lester Brown, o modelo tradicional de fazer negcios, ou business as usual,

    um modelo totalmente invivel, principalmente considerando as questes primrias,

    como alimento, energia e gua. No campo da energia, o uso de fontes poluidoras como

    o petrleo e o carvo no uma opo vivel, principalmente considerando que a

    maioria da produo de petrleo mundial vem do voltil golfo prsico e, alm disso, a

    cada ano o petrleo se torna mais escasso, segundo o mesmo autor, visto que

    exemplifica o fato de em 2008 o mundo ter bombeado 31 bilhes de barris de petrleo,

    tendo descoberto apenas 7 bilhes, o que faz a conta no fechar. A demanda tem sido

    maior que a oferta e a tendncia mundial, diante do crescimento populacional e de

    renda dos pases emergentes, faz com que a preocupao com a energia estenda-se ao

    preo do barril do petrleo que constantemente ameaa passar do U$$ 100,00. O custo

    para sua extrao tambm um problema, o que favorece a busca por opes

    economicamente viveis como o caso da queima do bagao da cana-de-acar no

    Brasil e a crescente busca por energia renovvel. A sada, portanto, buscar gerar

    mais energia de fontes renovveis como a elica, a solar e a termoeltrica. Isso inclui

    medidas simples, como no deixar os aparelhos em standby e utilizar lmpadas

    econmicas e aparelhos de classificao A no consumo energtico, alm de privilegiar

    aparelhos que possuam, no mnimo, a tecnologia LED (light Emissor Diodo) que

    apesar de mais onerosa na compra, apresenta um melhor custo-benefcio. Segundo

    Brown (2009) somente o uso de aparelhos emstandbycorresponde a 10% do consumoeltrico mundial. Vrios pases esto tomando atitudes para minimizar esta realidade,

    alertando para o uso de uma tecnologia mais eficiente e limitando para 1 Watt por

    aparelho o uso da energia no modo standby. Segundo a OCDE (GURET, 2005),

    somente o uso dostandby leva 250 MtCO por ano para a atmosfera.

    Vrios exemplos so citados por Lester Brown (2009), como prova de que uma

    mudana de paradigma est em curso no mundo, entre eles, est a cidade de Curitiba,

    que desde a dcada de 70 vem reestruturando seu sistema de transporte. O trfegonesta importante cidade brasileira diminuiu mais de 30 % at o ano 2000 mesmo

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    havendo um aumento populacional de 100% (BROWN, 2009). Amsterd outro

    exemplo fantstico, j que esta cidade utilizou a estratgia que j h muito tem sido

    posta como vivel para a minimizao do caos no trnsito em So Paulo-SP, o uso de

    bicicletas corresponde a 40 % do trfego em Amsterd.

    As oportunidades geradas nessa transio.

    Percebendo a necessidade desta transio, o mundo comea a negociar aes de

    controle e preservao. Ideias como a taxao do carbono, fundos internacionais de

    negociao de moedas verdes ou crditos de carbono, financiamento pblico para

    projetos sustentveis, avaliao de risco baseada em conceitos sustentveis, tudo isso

    tem gerado inmeras chances de novos negcios e abertura ou implantao de novos

    mercados dentro e fora do Brasil. Segundo o Conselho Brasileiro para o

    Desenvolvimento Sustentvel (CEBDS, 2009) somente em recursos naturais, sade e

    educao so movimentados e sero movimentados at 2020, cerca de 500 bilhes de

    dlares anualmente, alcanando 3 a 10 trilhes em 2050. Antenadas a isso, as grandes

    corporaes tem investido pesadamente em tecnologia limpa, fontes alternativas de

    energia, programas socioambientais, preservao de reservas ambientais e diversidade

    biolgica e mudanas climticas.

    A populao mundial cada vez mais urbana, e a economia mundial ascende

    exponencialmente, principalmente a classe mdia, caracterizada por pessoas com um

    nvel regular de escolaridade, suficiente para decidir por melhores produtos e avaliar

    as consequncias destas escolhas (figura 1).

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    Figura 1 Expanso da Classe mdia mundial perspectiva at 2030.

    Fonte: CEBDS, 2009.

    As oportunidades de negcio tambm se ampliaro. As cidades precisaro de

    estruturas diferenciadas para acomodar a urbanizao crescente, profissionais

    capacitados em liderar empresas dentro desta nova perspectiva sero valorizados.Parcerias que promovam a disseminao de uma poltica de baixa emisso de carbono

    e desperdcio zero tendem a tornarem-se comuns, principalmente entre grandes

    corporaes. O mundo necessitar de modelos sustentveis, comunicao eficiente,

    energia limpa, tecnologia adaptativa para as mudanas climticas, transportes

    eficientes, projetos mais inteligentes e inteligncia nos negcios. Tudo isso gerar uma

    gama enorme de novas oportunidades de trabalho e desenvolvimento de parcerias

    vantajosas para quem deseje antecipar-se a esta transio e migrar mais rapidamentenesta mudana de paradigma.

    Concluso

    Diante do exposto, conclumos que a transio para uma economia de baixo carbono

    inevitvel e necessria, a participao do Brasil nisto at certo ponto de pioneirismo

    e liderana, desde que o pas no procrastine o que j se provou ser vital para aperpetuidade da raa humana como civilizao. No podemos alugar nosso presente e

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    vender o futuro, medidas emergenciais devem ser tomadas e em todas as dimenses,

    sejam social, econmica, tecnolgica, poltica ou legal. Deve-se buscar tanto o

    incentivo econmico para aes de sustentabilidade quanto o uso de fora legal

    atravs do comando-e-controle. O mercado est a como um quarto poder, uma fora

    que pode empurrar para escanteio empresas que no assumam compromissos de

    reduo de emisso e no tenham responsabilidade social corporativa, ou uma poltica

    de meio ambiente formada. Com o aumento na renda da populao cresce o acesso

    informao e esta pode ser uma excelente arma para promoo acelerada da nova

    economia.

    REFERNCIAS

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