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KRAINER, C. W. M.; KRAINER, J. A.; IAROZINSKI NETO, A.; ROMANO, C. A. Análise do impacto da implantação de sistemas ERP nas características organizacionais das empresas de construção civil. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013. ISSN 1678-8621 Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. 117 Análise do impacto da implantação de sistemas ERP nas características organizacionais das empresas de construção civil Analysis of the impact caused by the implementation of ERP systems on the organizational characteristics of construction companies Christiane Wagner Mainardes Krainer Jefferson Augusto Krainer Alfredo Iarozinski Neto Cezar Augusto Romano Resumo ma das causas do insucesso do ERP nas empresas de construção civil é o fato da implantação desse sistema ser uma grande mudança organizacional. O objetivo desta pesquisa é identificar como a implementação do sistema ERP impacta na organização e nos processos gerencias das empresas de construção civil. Foi realizada uma survey em uma amostra de empresas construtoras brasileiras. Os dados foram coletados por meio de um questionário encaminhado por email a dois grupos de empresas: com e sem ERP implantado. A partir da análise estatística discriminante foi possível identificar as variáveis relacionadas ao nível de desenvolvimento dos processos de gestão e as características organizacionais que mais distinguem os dois grupos de empresas. Os resultados revelaram que a implantação do ERP impacta nas variáveis da maturidade organizacional nos seguintes aspectos: visão estratégica, relacionamento com cliente, gerenciamento de recursos humanos, gestão financeira e de TI. Palavras-chave: Empresas de construção civil. Sistema integrado de gestão. Maturidade organizacional. Análise discriminante. Abstract One of the causes of ERP failure in construction companies is fact that the implementation of this system requires a major organizational change. The objective of this research work is to identify how the implementation of the ERP system impacts the organization and managerial processes of construction companies. It was based on a survey with a sample of Brazilian construction companies. Data were collected through a questionnaire sent by email to two groups of companies: with and without ERP systems. By using the statistical discriminant analysis, it was possible to identify the variables related to the level of development of managerial processes and organizational characteristics that most distinguish those two groups. The results show that ERP implementation impacts on the variables of organizational maturity in the following aspects: strategic vision, customer relationship management, human resources, financial management and IT. Keywords: Construction companies. Integrated management system. Organizational maturity. Discriminant analysis. U Christiane Wagner Mainardes Krainer Universidade Tecnológica Federal do Paraná Curitiba - PR - Brasil Jefferson Augusto Krainer Universidade Federal do Paraná Curitiba PR Brasil Alfredo Iarozinski Neto Universidade Tecnológica Federal do Paraná Curitiba - PR - Brasil Cezar Augusto Romano Universidade Tecnológica Federal do Paraná Curitiba - PR - Brasil Recebido em 15/04/13 Aceito em 17/09/13

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Este trabalho é sobre MRP I na construção civil

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  • KRAINER, C. W. M.; KRAINER, J. A.; IAROZINSKI NETO, A.; ROMANO, C. A. Anlise do impacto da implantao de sistemas ERP nas caractersticas organizacionais das empresas de construo civil. Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    ISSN 1678-8621 Associao Nacional de Tecnologia do Ambiente Construdo.

    117

    Anlise do impacto da implantao de sistemas ERP nas caractersticas organizacionais das empresas de construo civil

    Analysis of the impact caused by the implementation of ERP systems on the organizational characteristics of construction companies

    Christiane Wagner Mainardes Krainer Jefferson Augusto Krainer Alfredo Iarozinski Neto Cezar Augusto Romano

    Resumo ma das causas do insucesso do ERP nas empresas de construo civil o fato da implantao desse sistema ser uma grande mudana organizacional. O objetivo desta pesquisa identificar como a implementao do sistema ERP impacta na organizao e nos

    processos gerencias das empresas de construo civil. Foi realizada uma survey em uma amostra de empresas construtoras brasileiras. Os dados foram coletados por meio de um questionrio encaminhado por email a dois grupos de empresas: com e sem ERP implantado. A partir da anlise estatstica discriminante foi possvel identificar as variveis relacionadas ao nvel de desenvolvimento dos processos de gesto e as caractersticas organizacionais que mais distinguem os dois grupos de empresas. Os resultados revelaram que a implantao do ERP impacta nas variveis da maturidade organizacional nos seguintes aspectos: viso estratgica, relacionamento com cliente, gerenciamento de recursos humanos, gesto financeira e de TI.

    Palavras-chave: Empresas de construo civil. Sistema integrado de gesto. Maturidade organizacional. Anlise discriminante.

    Abstract One of the causes of ERP failure in construction companies is fact that the implementation of this system requires a major organizational change. The objective of this research work is to identify how the implementation of the ERP system impacts the organization and managerial processes of construction companies. It was based on a survey with a sample of Brazilian construction companies. Data were collected through a questionnaire sent by email to two groups of companies: with and without ERP systems. By using the statistical discriminant analysis, it was possible to identify the variables related to the level of development of managerial processes and organizational characteristics that most distinguish those two groups. The results show that ERP implementation impacts on the variables of organizational maturity in the following aspects: strategic vision, customer relationship management, human resources, financial management and IT.

    Keywords: Construction companies. Integrated management system. Organizational maturity. Discriminant analysis.

    U

    Christiane Wagner Mainardes Krainer

    Universidade Tecnolgica Federal do Paran

    Curitiba - PR - Brasil

    Jefferson Augusto Krainer Universidade Federal do Paran

    Curitiba PR Brasil

    Alfredo Iarozinski Neto Universidade Tecnolgica Federal do

    Paran Curitiba - PR - Brasil

    Cezar Augusto Romano Universidade Tecnolgica Federal do

    Paran Curitiba - PR - Brasil

    Recebido em 15/04/13

    Aceito em 17/09/13

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Krainer, C. W. M.; Krainer, J. A.; Iarozinski Neto, A.; Romano, C. A. 118

    Introduo

    A atividade de transformao na indstria da

    construo civil leva em conta o produto final, um

    imvel, com longo ciclo de existncia e

    inconstncia de utilizao de recursos. A indstria

    composta de inmeras organizaes, desde

    fornecedores de materiais, de projetos, de servios

    e de mo de obra, a empresas propriamente de

    engenharia. As organizaes construtoras tm

    estruturas distintas, porm o objetivo comum:

    entregar algum produto ou servio que seja

    necessrio para o processo produtivo da construo

    como um todo (ETCHALUS et al., 2006).

    O macrossetor da construo civil tem papel

    socioeconmico importante no Brasil,

    representando em torno de 20% do PIB brasileiro

    (CMARA..., 2010). Em contrapartida, no que se

    refere aos processos gerenciais e s tcnicas

    construtivas, caracteriza-se pelo conservadorismo

    e pelo tradicionalismo (TOLEDO et al., 2000;

    NASCIMENTO; SANTOS, 2003; TORTATO,

    2007; FREJ; ALENCAR, 2010), o que justifica a

    preocupao de um grande nmero de construtoras

    com seus sistemas de gesto.

    As empresas construtoras, desde 1990, comearam

    a buscar alternativas para viabilizar suas margens

    de lucro a partir da reduo de custos, do aumento

    de produtividade e da utilizao de solues

    tecnolgicas e gerenciais (TORTATO, 2007).

    Conforme Vieira (2006), a insero de novos

    conceitos, procedimentos, tcnicas, mtodos e

    processos conduziram a mudanas, principalmente

    no pensamento estratgico e na viso sistmica das

    organizaes do setor da construo,

    desencadeando a implementao de tecnologias de

    informao (TI) que proporcionam um ambiente

    integrado e produtivo.

    Nascimento e Santos (2003) j anunciavam que,

    para a construo civil, novas tecnologias estavam

    sendo disponibilizadas em ferramentas

    modeladoras das informaes e gerenciadoras dos

    empreendimentos, contribuindo fundamentalmente

    para melhores tomadas de deciso e para a criao

    de novo conhecimento, integrando todas as fases e

    compartilhando informaes entre os agentes dos

    processos em todo o ciclo.

    Nesse particular, os sistemas integrados de gesto

    empresarial, tambm denominados de ERP

    (Enterprise Resource Planning), podem ser uma

    importante ferramenta no desenvolvimento

    organizacional das construtoras, pois, ao se

    integrarem sistemas, tambm se integram controles

    e processos, permitindo, como j exemplificado

    por Rodrigues (2002), que um colaborador

    interfira, em tempo real, diretamente no resultado

    do trabalho do outro. O setor encontra nessa

    ferramenta a possibilidade de controlar e gerenciar

    a execuo das obras em qualquer etapa do estgio

    de trabalho. Alis, os sistemas integrados de gesto

    especficos para construo civil operam em rede

    totalmente integrada (VIEIRA, 2006).

    No entanto, a implantao de um sistema ERP

    um processo crtico. Rodrigues (2002) afirma que

    existem estratgias diferenciadas de implantao

    de sistemas de gesto integrada que devem estar

    alinhadas com a maturidade da organizao.

    Fontana (2006) acrescenta que o conhecimento dos

    processos de mudana e evoluo das organizaes

    pode auxiliar na identificao dos elementos

    relevantes para a implantao de sistemas. Oliveira

    (2006), por seu turno, aduz que, para que o

    processo de implantao seja bem-sucedido, faz-se

    necessrio considerar o estgio de maturidade em

    que se encontra a organizao.

    Implementar um sistema integrado tem um carter

    estratgico e provoca impactos na gesto da

    organizao, nos processos de negcios e na

    arquitetura organizacional (CALDAS; WOOD

    JNIOR, 1999). Conforme Rodrigues (2002), a

    maturidade da organizao contribui para a

    tendncia de sucesso na implantao do sistema

    ERP e na identificao de caractersticas negativas

    que necessitam ser neutralizadas.

    O sistema ERP proporciona resultados de longo

    prazo quando est atrelado aos objetivos

    estratgicos da empresa, portanto necessrio,

    primeiramente, avaliar a maturidade

    organizacional dos processos, procurando

    compactuar as estratgias do negcio com a TI

    (OLIVEIRA, 2006). Crespo e Ruschel (2007)

    esclarecem que a maturidade organizacional

    fundamental no momento da implantao, para que

    as mudanas em TI alcancem o resultado esperado.

    Dantes e Hasibuan (2009) afirmam que o nvel de

    maturidade da organizao impacta

    significativamente no sucesso da implantao do

    ERP, pois envolve, alm do aspecto tecnolgico,

    pessoas e processos. Segundo Dias e Souza (2004),

    a simples implantao do sistema ERP acarreta nas

    organizaes transformaes estruturais

    considerveis.

    Do que se percebe, h pesquisas que identificam

    que, independentemente do nvel de maturidade da

    organizao, a simples implantao de um sistema

    integrado de gesto promove mudanas

    organizacionais. No entanto, poucos so os estudos

    semelhantes relacionados especificamente

    construo civil.

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Anlise do impacto da implantao de sistemas erp nas caractersticas organizacionais das empresas de construo civil

    119

    Assim, levando-se em conta a escassez de

    literatura sobre o tema, a importncia do setor da

    construo civil para o crescimento do Brasil e,

    mais ainda, considerando-se as especificidades

    desse setor, o objetivo desta pesquisa identificar

    como a implementao do sistema ERP impacta

    nas caractersticas da organizao e na maturidade

    dos processos gerenciais das empresas de

    construo civil.

    Implantao de sistemas erp e maturidade

    Entre as principais vantagens de se implantar um

    sistema ERP esto a integrao dos processos

    internos, a confiabilidade de informaes, a

    obteno de dados gerenciais que auxiliam as

    tomadas decises e a unificao de operaes de

    diferentes plantas (VIEIRA, 2006). Sallaberry

    (2009) ressalta que o ERP promove a integrao

    dos diversos setores da organizao, inclusive com

    os canteiros de trabalho, proporciona agilidade na

    execuo das atividades, otimizao e

    automatizao dos processos do negcio, o que

    diminui erros, redundncias e retrabalhos,

    consequentemente ajudando a empresa a obter

    ganhos na reduo de custos e no aumento da

    produtividade. O mesmo autor acrescenta que as

    informaes obtidas so mais claras, seguras e

    imediatas, permitindo um controle maior de todo o

    negcio, proporcionando, ainda, o gerenciamento e

    o controle da execuo de obras em qualquer etapa

    do trabalho. Logo, o ERP pode representar, para

    uma construtora, uma significativa melhoria da

    eficincia da organizao.

    Rodrigues (2002) analisou variveis referentes

    implantao de sistemas de gesto integrada em

    empresas de construo civil, utilizando

    caractersticas vinculadas a software, hardware,

    gerenciamento de dados e comportamento. O autor

    definiu 9 fatores que influenciam na implantao

    do ERP, conforme apresentado no Quadro 1,

    abaixo.

    Quadro 1 - fatores que influenciam na implantao do erp em empresas de construo civil

    Fonte: adaptado de Rodrigues (2002).

    Indicadores Caractersticas

    I. Maturidade de processamento

    de dados

    Uma informtica satisfatria elemento bsico para o sucesso do projeto (BERGAMASCHI; REINHARD,

    2000). Estabelece o bom ou mau incio de trabalho. O ambiente computacional geralmente d sinais de como

    a organizao, a prtica administrativa e o grau de conhecimento de seus colaboradores em relao

    II. Aprendizado em equipe

    Realizao de reunies peridicas com objetivos claros e compartilhados, tendo aes com resultados, auxilia

    o trabalho em equipe, possibilitando a implantao do software corporativo e minimizando o problema do

    poder da informao.

    III. Mapa mental ou modelos

    mentais

    Mapa mental comum com objetivos claros e compartilhados pelo corpo diretivo, gerencial e operacional em

    relao sua implantao. Outros fatores importantes so quanto s expectativas definidas e compartilhadas e

    como o mapa mental do corpo diretivo, gerencial e operacional em relao s responsabilidades, atribuies,

    direitos e deveres a fim de facilitar a implantao do sistema.

    IV. Viso sistmica ou

    pensamento sistmico

    Embasamento do corpo diretivo, viso do corpo gerencial e trabalho do corpo operacional em relao

    integrao entre os setores dependentes, as deficincias e as virtudes de cada setor e a ao de modo a

    melhorar o desenvolvimento da empresa de forma pr-ativa, facilitando a implantao do sistema.

    V. Maestria pessoal ou domnio

    pessoal

    Satisfao do corpo diretivo, gerencial e operacional com as suas atribuies gerais, pois a satisfao gera

    comprometimento. Discernimento do corpo diretivo, gerencial e o operacional em relao s suas

    responsabilidades e limitaes, tornando os colaboradores capazes de verificar as vantagens que tero

    implantando o sistema. Outro fator analisado a capacidade que o corpo diretivo, gerencial e o operacional

    possuem de respeitar hierarquias, seguir deliberaes, analisar sugestes e mudar de opinio, abertura para

    mudanas, inclusive de sistemas.

    VI. Viso compartilhada

    Viso compartilhada com a liderana e com os lderes que influenciam a linha de comando da organizao, se a

    organizao segue ou no uma cadeia hierrquica e a existncia de uma liderana forte. Credibilidade do

    responsvel pela implantao na empresa e que seja respeitado pela alta administrao. Outros fatores

    importantes so: a quantidade de pessoas que coordenaram as implantaes do sistema corporativo, se

    existiram co-coordenadores departamentais com autonomia de deciso e se o coordenador do projeto de

    implantao tinha capacidade de enxergar, liderar e resolver as dificuldades geradas pela interao entre

    ambiente interno e externo da organizao.

    VII. Alterao da equipe

    Verificar a quantidade de alterao do corpo diretivo, gerencial e operacional que participa da implantao do

    sistema tendo como parmetro inicial a fase de incio do processo de implantao do sistema. Outro parmetro

    a taxa de alterao em relao ao total de colaboradores que participaram da implantao sobre o total de

    colaboradores que participaram e saram da organizao durante a implantao do sistema. Apoio da alta

    administrao representa fator crtico para o sucesso do projeto, indicando a exigncia de patrocinador forte,

    garantindo os recursos para o projeto e intervindo quando necessrio.

    VIII. Reengenharia Abertura para reorganizao, para transformao de conceitos de equipe e da maneira de atuar, com

    possibilidade para redefinies de processos em prol da implantao do sistema.

    IX. Gerenciamento da mudana

    Misses claramente definidas como fator altamente crtico para o sucesso do projeto pode indicar algumas

    importantes questes organizacionais no gerenciamento do projeto e sua comunicao para toda a

    organizao.

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Krainer, C. W. M.; Krainer, J. A.; Iarozinski Neto, A.; Romano, C. A. 120

    Deve-se ressaltar que apenas a implementao de

    um sistema ERP, por si s, no integra a empresa

    (PINHEIRO, 1996). Implementar um sistema

    integrado tem um carter estratgico e gera

    impactos sobre a forma de gesto, sobre a

    arquitetura organizacional e sobre os processos de

    negcios (CALDAS; WOOD JNIOR, 1999). A

    adoo de um ERP, que tem como escopo o

    negcio como um todo, exige da empresa uma

    reorganizao alm dos limites departamentais,

    pois as informaes geradas em um departamento

    so compartilhadas por outros departamentos

    (OZAKI; VIDAL, 2001).

    importante destacar que a integrao da

    organizao pode ser atingida por vrios meios,

    que vo alm da utilizao de sistemas

    informatizados (SOUZA; ZWICKER, 2003). Na

    implantao de um sistema integrado, deve haver o

    envolvimento de equipes multidisciplinares

    compostas de especialistas em tecnologia da

    informao, analistas de negcios e consultores

    capacitados no redesenho de processos (CALDAS;

    WOOD JNIOR, 1999). Gonalves et al. (2003)

    afirmam que, independentemente da abordagem

    adotada, a absoro da tecnologia no momento da

    incorporao dos sistemas ERP requer uma ampla

    gama de alteraes, desde mudanas de processos

    de trabalho e a realizao de programas de

    treinamento aos usurios, at aes para dar

    equilbrio s foras organizacionais, direcionadas

    s devidas adequaes comportamentais de

    indivduos. Para atingir uma mudana, a empresa

    necessita neutralizar alguns fatores. Os principais

    fatores, continuam os mesmos autores, que podem

    dificultar essas alteraes so a falta de pessoal

    qualificado para a execuo do projeto, o

    treinamento insuficiente, a deficincia ou

    inadequao na comunicao interna e a ausncia

    de um modelo comum para os processos.

    Pesquisadores de diversas nacionalidades

    empreenderam estudos relacionados indstria da

    construo civil. O Quadro 2 apresenta, de forma

    sinttica, alguns desses estudos que, embora no

    tenham exatamente o mesmo escopo do presente

    artigo, referem-se, ainda que no direta e

    exclusivamente, a sucessos e fracassos na

    implantao do ERP em empresas de construo

    civil.

    Os trabalhos relacionados no Quadro 2 destacam o

    potencial de utilizao da TI e mais especificamente do ERP na construo civil. Santos et al. (2011) e Etchalus et al. (2006), no

    entanto, apontam que ainda pequena a produo

    de artigos relacionados aplicao de ERP na

    indstria da construo civil. Algumas pesquisas

    em referncia indicam que as construtoras de

    diversos pases enfrentam desafios semelhantes no

    que se refere ao processo de implantao do ERP

    no pas (VOORDIJK et al., 2003; SARSHAR;

    ISIKDAG, 2004; ETCHALUS et al., 2006). Alto

    custo e falta de especificidade do sistema, alm da

    necessidade de mudanas nos processos

    organizacionais, so algumas das barreiras

    implantao do ERP indicadas pela literatura

    (AHMED et al., 2003; OLIVEIRA, 2006;

    ACIKALIN et al., 2009). As construtoras,

    especialmente as pequenas e mdias empresas,

    alm de encontrarem no mercado um nmero

    limitado de softwares de ERP desenvolvidos para

    o segmento, tm dificuldade em funo do alto

    custo de investimento em tempo, dinheiro e

    recursos humanos (SARSHAR; ISIKDAG, 2004;

    CHUNG et al., 2009; MICHALOSKI; COSTA,

    2010). O sucesso da implantao do ERP, por seu

    turno, depende, principalmente, do

    comprometimento/treinamento e nvel tcnico dos

    colaboradores, da compatibilizao do sistema

    com a estratgia de negcio da empresa, do

    replanejamento do fluxo de informaes e da

    maturidade organizacional (VOORDIJK et al.,

    2003; AHMED et al., 2003; CHUNG et al., 2009).

    Rodrigues (2002) ressalta que, para o sucesso do

    sistema ERP, faz-se necessrio que o processo de

    implantao esteja alinhado maturidade

    organizacional. Voordijk et al. (2003) mostram em

    seu estudo que um dos fatores para o sucesso das

    implantaes de ERP em construtoras holandesas

    a maturidade das organizaes. Crespo e Ruschel

    (2007) vo mais adiante: consideram que para se

    obter xito ao implementar uma ferramenta de TI

    necessrio maturidade organizacional que d

    suporte a essa implantao.

    Dodge (1994) conceitua maturidade organizacional

    como uma forma de adquirir experincia ao longo

    do tempo. Rodrigues e Strott (2001) registram que

    o grau de maturidade importante em funo de

    que organizaes maduras possuem a tendncia de

    apresentar mais equilbrio estrutural e,

    presumivelmente, melhor desempenho. Siqueira

    (2005), por sua vez, explica que maturidade a

    extenso em que o processo explicitamente

    definido, gerenciado, medido e controlado.

    Maturidade , pois, o grau de desenvolvimento de

    processos e sistemas que, por sua natureza

    repetitiva, contribui para que cada uma dessas

    repeties seja um sucesso; porm, sistemas e

    processos apenas repetitivos no garantem, por si

    ss, o sucesso, mas, sim, aumentam a

    probabilidade de alcan-lo (KERZNER, 2006).

    Para os estudiosos que se dedicam a definir

    padres de mapeamento organizacional, as

    organizaes podem ser descritas em

    conformidade com a passagem de uma srie de

    estgios ou ciclos de vida, que se iniciam com o

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Anlise do impacto da implantao de sistemas erp nas caractersticas organizacionais das empresas de construo civil

    121

    nascimento, continuando em uma sequncia de

    transies e culminando com a maturidade, para

    depois seguir para a revitalizao ou morte

    (LIPPITT; SCHMIDT, 1967; PHELPS et al.,

    2007). Quintella e Rocha (2007) interpretam o

    nvel de maturidade como um estgio evolutivo

    com metas de processos definidos que fornecem

    subsdios para melhorias a serem empreendidas no

    estgio seguinte, orientando o crescimento na

    capacidade do processo da organizao.

    Levie e Lichtenstein (2008) realizaram um estudo

    em que analisaram 104 modelos de estgios de

    crescimento nas organizaes, identificaram os

    respectivos atributos comuns e os classificaram em

    8 categorias (Quadro 3).

    Quadro 2 - Estudos relacionados ao erp na construo civil

    AUTOR (ES) TTULO CARCATERSTICAS DAS PESQUISAS PRINCIPAL(IS) RESULTADO(S)

    Toledo et al. (2000) A difuso de inovaes tecnolgicas

    na indstria da construo civil.

    Reviso bibliogrfica com o objetivo de discutir as barreiras

    adoo e difuso de inovaes na indstria da construo civil.

    Na construo civil tanto trabalhadores como administradores e

    projetistas oferecem elevado nvel de resistncia s inovaes devido s

    incertezas que qualquer processo de mudana acarreta.

    Voordijk et al. (2003)

    Sistema ERP em uma grande empresa

    de construo: anlise da

    implementao.

    Estudo de caso em 3 grandes construtoras holandesas com o

    objetivo de compreender os fatores que levam ao sucesso do ERP

    baseados sobre os ajustes entre: negcio e estratgia de TI, a

    maturidade da infra estrutura de TI e o papel estratgico da TI, e a

    implementao mtodo e mudana organizacional. A premissa deste

    estudo que, para uma implementao de ERP ser um sucesso os

    fatores devem de alguma forma se encaixar.

    O estudo mostra que o sucesso das implementaes de ERP depende

    padres consistentes entre: estratgia de TI e estratgia de negcios, a

    maturidade de TI e o papel estratgico da TI, e o mtodo de

    implementao e mudana organizacional.

    Ahmed et al. (2003)Implemantao do sistema ERP na

    indstrica da construo.

    Mistura de reviso da literatura, 3 estudos de caso e aplicao de

    questionrio com o objetivo de investigar a adequao e o status da

    implantao do ERP em empresas construtoras.

    Autores identificam que h poucos estudos realizados sobre a

    implementao de sistemas ERP na indstria da construo. A

    implementao do ERP requer emprego elevado de capital e corpo

    tcnico capacitado, logo de difcil acesso s pequenas empresas do

    setor.

    Sarshar e Isikdag (2004)Levantamento do uso das TIC no

    setor da construo turco

    A pesquisa foi realizada por meio de 22 entrevistas semi-

    estruturadas com profissionais seniores de construo turca em

    organizaes governamentais e privadas. O trabalho tem por

    objetivo avaliar o uso das TICs na indstria de construo turca,

    para ajudar na identificao dos rumos e prioridades de como usar

    as TIC como um facilitador neste pas.

    A TI no desprezada pelas construtoras, as quais gastam tempo e

    esforo a fim de aumentar a conscientizao e melhorar a formao da sua

    mo de obra. As pequenas e mdias empresas tm menos conscincia e

    capacidades associadas TI, o que torna mais complexa sua utilizao

    em toda a cadeia de suprimento. Dada a ausncia de pessoal treinado a

    TI subutilizada. A necessidade de automatizao de alguns processos

    organizacionais so menos urgentes, pois a fora de trabalho na Turquia

    mais barata do que na Europa.

    Oliveira (2006)Um estudo sobre os principais fatores

    na implantao de sistemas ERP

    O objetivo da pesquisa era identificar quais os principais fatores

    que contribuem ou que dificultam o processo de implantao de

    sistemas ERP por meio de pesquisa aplicada e exploratria. Foi

    aplicado um questionrio em 50 empresas de grande porte, alm de

    entrevista com dois funcionrios de uma empresa considerada

    relevante nesta pesquisa.

    Os principais fatores que interferem na implantao do ERP so:

    dificuldades funcionais do sistema, identificao e adaptao aos

    processos de negcio, qualificao tcnica dos usurios, treinamento e

    engajamento das principais lideranas. O principal fator crtico de

    sucesso diz respeito a aspectos comportamentais dos colaboradores.

    Etchalus et al. (2006)

    Aspectos da tecnologia da

    informao em pequenas empresas da

    Construo Civil

    A pesquisa busca analisar, por meio de reviso bibliogrfica, o uso

    de novas TICs para as pequenas empresas do setor da Construo

    Civil e o papel dessa tecnologia como elemento integrador no setor

    de edificaes. O objetivo discutir a possibilidade da TI deixar de

    ser somente uma ferramenta de suporte, e passar a fazer parte da

    estratgia das empresas que nela atuam.

    A pequena empresa de construo absorve novas tecnologias de forma

    lenta e limitada, principalmente em razo da falta de especificidade dos

    sistemas e em funo da resistncia a mudanas por parte dos

    funcionrios. Essas organizaes, portanto, ao decidirem pelo uso de TI,

    devem considerar o replanejamento dos seus fluxos de informaes.

    Chung et al. (2009)

    Denvolvendo modelos de sucesso de

    sistemas ERP para o setor da

    construo civil

    O artigo apresenta o processo de desenvolvimento de um modelo

    de sucesso de sistemas ERP para orientar um projeto bem sucedido

    de implementao de ERP e identificar os fatores de sucesso. O

    objetivo do modelo melhor avaliar, planejar e implementar projetos

    de ERP e ajudar gerentes seniores da indstria da construo na

    tomada de melhores decises.

    Dependendo da complexidade, do oramento e da qualidade, leva-se, em

    geral, de 1 a 3 anos para que o projeto de ERP seja efetivamente

    implantado e passe a fazer parte da rotina da organizao. Identificaram

    quatro fatores de sucesso na implementao do ERP: gesto de suporte

    ao planejamento, treinamento e contribuio da equipe; esforos na

    seleo do software ; participao da rea de sistemas e capacidade de

    suporte e consultoria.

    Acikalin et al. (2009)

    Avaliando a funo integradora de

    sistemas ERP utilizado dentro da

    indstria da construo

    A pesquisa tem por objetivo determinar o papel dos ERP utilizados

    em indstria da construo para permitir a integrao,

    especificamente para os dados e os nveis de informao. Em

    paralelo formalizar uma estrutura de integrao de dados e nveis de

    informao e uma mtrica para medir a funo integradora de ERP. A

    aplicabilidade da estrutura e mtrica proposta validada com quatro

    estudos de caso em construtoras turcas.

    O ERP desempenha um papel fundamental na centralizao de

    informaes, facilitando o processo de tomada de deciso e permitindo o

    gerenciamento das tarefas de forma mais eficiente. No entanto, as

    implantaes de ERP renderam mais fracassos do que sucessos em

    funo de inconsistncias entre as definies de processos de

    aplicaes de ERP e os processos da indstria da construo.

    Michaloski e Costa (2010)

    Levantamento do uso da TI por

    pequenas e mdias empresas do setor

    da construo civil em uma cidade

    brasileira.

    O trabalho se props em medir a capacidade de utilizao de TI das

    empresas de construo civil da cidade de Ponta Grossa/PR. A

    metodologia utilizada foi pesquisa exploratria e baseada na

    abordagem quantitativa, por meio de pesquisa de campo em 51

    empresas com entrevistas e questionrio preenchido pelos diretores

    de empresas selecionadas.

    As construtoras ainda no esto cientes dos benefcios que a utilizao

    da TI pode trazer para seu negcio. Precisam planejar e decidir sobre qual

    a melhor forma de explorar esse potencial, considerando a TI como

    ferramenta que pode, no s executar transao rotineiras de forma

    rpida, como tambm apoiar a gesto do negcio.

    Santos et al. (2011)

    Levantamento na literatura recente

    considerando a utilizao dos

    sistemas ERP em empresas do setor

    de construo civil

    O objetivo desse estudo foi identificar, por meio da produo

    bibliogrfica, como o setor de construo civil tem abordado a

    utilizao dos ERP. A busca bibliogrfica foi realizada na base

    ScienceDirect, no perodo de jan/2000 a mar/2011, no peridico

    Automation in Construction (Elsevier). A pesquisa resultou em 25

    artigos publicados utilizando a categoria de anlise mencionada;

    destes, a maioria discute a implementao de ERPs e/ou de TICs.

    Utilizando-se como palavra chave a sigla ERP, a busca bibliogrfica na

    base ScienceDirect, no peridico Automation in Construction (Elsevier),

    compreendendo o perodo de janeiro de 2000 a maro de 2011, retornou

    25 artigos publicados, sendo que a maioria destes discute a implantao

    de ERP e/ou de tecnologia de informao e comunicao (TIC).

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Krainer, C. W. M.; Krainer, J. A.; Iarozinski Neto, A.; Romano, C. A. 122

    Quadro 3 - Atributos comuns do estgio de crescimento nas organizaes

    Fonte: adaptado de Levie e Lichtenstein (2008).

    Miller e Friesen (1984) observaram que algumas

    organizaes, durante longos perodos, no

    seguem a progresso do ciclo de vida comum, que

    se estende do nascimento ao declnio, mas sim

    trilham um caminho mais complexo que depende

    nica e exclusivamente de cada organizao.

    Phelps et al. (2007) aduzem que, para continuar

    crescendo, a organizao deve resolver com

    sucesso os desafios apresentados pelos pontos de

    inflexo. Os mesmos autores identificaram seis

    pontos de inflexo: gesto de pessoas, orientao

    estratgica, formalizao de sistemas, entrada no

    mercado novo, obteno de melhoria financeira e

    operacional, e, por fim, conhecimento

    organizacional.

    Navegando pelos pontos de inflexo, a empresa

    deve ter a capacidade de identificar, adquirir e

    aplicar novos conhecimentos, requisito bsico para

    resolver os novos desafios e ter sucesso em um

    ambiente competitivo (PHELPS et al., 2007). A

    AUTOR (ES) TTULO CARCATERSTICAS DAS PESQUISAS PRINCIPAL(IS) RESULTADO(S)

    Toledo et al. (2000) A difuso de inovaes tecnolgicas

    na indstria da construo civil.

    Reviso bibliogrfica com o objetivo de discutir as barreiras

    adoo e difuso de inovaes na indstria da construo civil.

    Na construo civil tanto trabalhadores como administradores e

    projetistas oferecem elevado nvel de resistncia s inovaes devido s

    incertezas que qualquer processo de mudana acarreta.

    Voordijk et al. (2003)

    Sistema ERP em uma grande empresa

    de construo: anlise da

    implementao.

    Estudo de caso em 3 grandes construtoras holandesas com o

    objetivo de compreender os fatores que levam ao sucesso do ERP

    baseados sobre os ajustes entre: negcio e estratgia de TI, a

    maturidade da infra estrutura de TI e o papel estratgico da TI, e a

    implementao mtodo e mudana organizacional. A premissa deste

    estudo que, para uma implementao de ERP ser um sucesso os

    fatores devem de alguma forma se encaixar.

    O estudo mostra que o sucesso das implementaes de ERP depende

    padres consistentes entre: estratgia de TI e estratgia de negcios, a

    maturidade de TI e o papel estratgico da TI, e o mtodo de

    implementao e mudana organizacional.

    Ahmed et al. (2003)Implemantao do sistema ERP na

    indstrica da construo.

    Mistura de reviso da literatura, 3 estudos de caso e aplicao de

    questionrio com o objetivo de investigar a adequao e o status da

    implantao do ERP em empresas construtoras.

    Autores identificam que h poucos estudos realizados sobre a

    implementao de sistemas ERP na indstria da construo. A

    implementao do ERP requer emprego elevado de capital e corpo

    tcnico capacitado, logo de difcil acesso s pequenas empresas do

    setor.

    Sarshar e Isikdag (2004)Levantamento do uso das TIC no

    setor da construo turco

    A pesquisa foi realizada por meio de 22 entrevistas semi-

    estruturadas com profissionais seniores de construo turca em

    organizaes governamentais e privadas. O trabalho tem por

    objetivo avaliar o uso das TICs na indstria de construo turca,

    para ajudar na identificao dos rumos e prioridades de como usar

    as TIC como um facilitador neste pas.

    A TI no desprezada pelas construtoras, as quais gastam tempo e

    esforo a fim de aumentar a conscientizao e melhorar a formao da sua

    mo de obra. As pequenas e mdias empresas tm menos conscincia e

    capacidades associadas TI, o que torna mais complexa sua utilizao

    em toda a cadeia de suprimento. Dada a ausncia de pessoal treinado a

    TI subutilizada. A necessidade de automatizao de alguns processos

    organizacionais so menos urgentes, pois a fora de trabalho na Turquia

    mais barata do que na Europa.

    Oliveira (2006)Um estudo sobre os principais fatores

    na implantao de sistemas ERP

    O objetivo da pesquisa era identificar quais os principais fatores

    que contribuem ou que dificultam o processo de implantao de

    sistemas ERP por meio de pesquisa aplicada e exploratria. Foi

    aplicado um questionrio em 50 empresas de grande porte, alm de

    entrevista com dois funcionrios de uma empresa considerada

    relevante nesta pesquisa.

    Os principais fatores que interferem na implantao do ERP so:

    dificuldades funcionais do sistema, identificao e adaptao aos

    processos de negcio, qualificao tcnica dos usurios, treinamento e

    engajamento das principais lideranas. O principal fator crtico de

    sucesso diz respeito a aspectos comportamentais dos colaboradores.

    Etchalus et al. (2006)

    Aspectos da tecnologia da

    informao em pequenas empresas da

    Construo Civil

    A pesquisa busca analisar, por meio de reviso bibliogrfica, o uso

    de novas TICs para as pequenas empresas do setor da Construo

    Civil e o papel dessa tecnologia como elemento integrador no setor

    de edificaes. O objetivo discutir a possibilidade da TI deixar de

    ser somente uma ferramenta de suporte, e passar a fazer parte da

    estratgia das empresas que nela atuam.

    A pequena empresa de construo absorve novas tecnologias de forma

    lenta e limitada, principalmente em razo da falta de especificidade dos

    sistemas e em funo da resistncia a mudanas por parte dos

    funcionrios. Essas organizaes, portanto, ao decidirem pelo uso de TI,

    devem considerar o replanejamento dos seus fluxos de informaes.

    Chung et al. (2009)

    Denvolvendo modelos de sucesso de

    sistemas ERP para o setor da

    construo civil

    O artigo apresenta o processo de desenvolvimento de um modelo

    de sucesso de sistemas ERP para orientar um projeto bem sucedido

    de implementao de ERP e identificar os fatores de sucesso. O

    objetivo do modelo melhor avaliar, planejar e implementar projetos

    de ERP e ajudar gerentes seniores da indstria da construo na

    tomada de melhores decises.

    Dependendo da complexidade, do oramento e da qualidade, leva-se, em

    geral, de 1 a 3 anos para que o projeto de ERP seja efetivamente

    implantado e passe a fazer parte da rotina da organizao. Identificaram

    quatro fatores de sucesso na implementao do ERP: gesto de suporte

    ao planejamento, treinamento e contribuio da equipe; esforos na

    seleo do software ; participao da rea de sistemas e capacidade de

    suporte e consultoria.

    Acikalin et al. (2009)

    Avaliando a funo integradora de

    sistemas ERP utilizado dentro da

    indstria da construo

    A pesquisa tem por objetivo determinar o papel dos ERP utilizados

    em indstria da construo para permitir a integrao,

    especificamente para os dados e os nveis de informao. Em

    paralelo formalizar uma estrutura de integrao de dados e nveis de

    informao e uma mtrica para medir a funo integradora de ERP. A

    aplicabilidade da estrutura e mtrica proposta validada com quatro

    estudos de caso em construtoras turcas.

    O ERP desempenha um papel fundamental na centralizao de

    informaes, facilitando o processo de tomada de deciso e permitindo o

    gerenciamento das tarefas de forma mais eficiente. No entanto, as

    implantaes de ERP renderam mais fracassos do que sucessos em

    funo de inconsistncias entre as definies de processos de

    aplicaes de ERP e os processos da indstria da construo.

    Michaloski e Costa (2010)

    Levantamento do uso da TI por

    pequenas e mdias empresas do setor

    da construo civil em uma cidade

    brasileira.

    O trabalho se props em medir a capacidade de utilizao de TI das

    empresas de construo civil da cidade de Ponta Grossa/PR. A

    metodologia utilizada foi pesquisa exploratria e baseada na

    abordagem quantitativa, por meio de pesquisa de campo em 51

    empresas com entrevistas e questionrio preenchido pelos diretores

    de empresas selecionadas.

    As construtoras ainda no esto cientes dos benefcios que a utilizao

    da TI pode trazer para seu negcio. Precisam planejar e decidir sobre qual

    a melhor forma de explorar esse potencial, considerando a TI como

    ferramenta que pode, no s executar transao rotineiras de forma

    rpida, como tambm apoiar a gesto do negcio.

    Santos et al. (2011)

    Levantamento na literatura recente

    considerando a utilizao dos

    sistemas ERP em empresas do setor

    de construo civil

    O objetivo desse estudo foi identificar, por meio da produo

    bibliogrfica, como o setor de construo civil tem abordado a

    utilizao dos ERP. A busca bibliogrfica foi realizada na base

    ScienceDirect, no perodo de jan/2000 a mar/2011, no peridico

    Automation in Construction (Elsevier). A pesquisa resultou em 25

    artigos publicados utilizando a categoria de anlise mencionada;

    destes, a maioria discute a implementao de ERPs e/ou de TICs.

    Utilizando-se como palavra chave a sigla ERP, a busca bibliogrfica na

    base ScienceDirect, no peridico Automation in Construction (Elsevier),

    compreendendo o perodo de janeiro de 2000 a maro de 2011, retornou

    25 artigos publicados, sendo que a maioria destes discute a implantao

    de ERP e/ou de tecnologia de informao e comunicao (TIC).

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Anlise do impacto da implantao de sistemas erp nas caractersticas organizacionais das empresas de construo civil

    123

    organizao, continuam os autores, precisa tomar

    conscincia das questes-chave de forma a adquirir

    novos conhecimentos para fornecer solues s

    crises e desafios gerados nos pontos de inflexo. A

    capacidade de absoro, de aquisio e de

    assimilao do conhecimento auxiliam as

    organizaes no desenvolvimento de melhores

    prticas de seus processos (OLEARY, 2009).

    Deve-se ressaltar, tambm, que a avaliao das

    caractersticas organizacionais auxilia a identificar

    o respectivo nvel de maturidade. O conhecimento

    do comportamento da organizao pode ajudar a

    obter sucesso na implantao de sistemas de ERP,

    pois este um processo que tem sido considerado

    crtico e, muitas vezes, no gera resultados

    (FONTANA, 2006).

    Metodologia

    Para a concretizao do objetivo deste trabalho foi

    realizada uma pesquisa descritiva, com abordagem

    quantitativa em 106 construtoras. A populao-

    alvo definida foi a de empresas de construo civil

    sediadas no Brasil com e sem sistema ERP

    implementado, tendo a metade da amostra (53) o

    sistema ERP implantado, e a outra metade no.

    Em razo da dificuldade de identificao de

    empresas brasileiras com e sem ERP

    (levantamento da amostra), optou-se por uma

    amostragem no probabilstica por convenincia,

    selecionando-se membros acessveis da populao

    (empresas que retornaram ao apelo da pesquisa).

    Nas tcnicas no probabilsticas os indivduos so

    selecionados de acordo com critrios julgados

    relevantes para um objeto particular de

    investigao estabelecido indutivamente. Trabalha-

    se, mais propriamente, com elementos (unidades

    elementares, bsicas) e com categorias (unidades

    de informao) que atendam a requisitos

    estabelecidos de acordo com as necessidades e o

    escopo da pesquisa (COHEN et al., 1989). Dessa

    forma, a amostra de empresas selecionadas na

    presente pesquisa no pode ser considerada como

    representativa da populao, logo as extrapolaes

    e generalizaes no so possveis.

    Para atingir o objetivo do presente estudo, foi

    aplicado como instrumento de coleta de dados um

    questionrio, o qual foi subdividido em trs partes:

    (a) perfil da organizao e do entrevistado (8 questes abertas e 8 fechadas de mltipla escolha);

    (b) caractersticas organizacionais associadas a maturidade (31 questes fechadas de mltipla

    escolha Quadro 7); e

    (c) nvel de efetividade de processos (44 questes fechadas de mltipla escolha Quadro 11).

    A parte b do questionrio foi baseada nos atributos do estgio de crescimento identificados

    por Levie e Lichtenstein (2008) Quadro 3 e nos pontos de inflexo propostos por Phelps et al.

    (2007). A parte c, por sua vez, foi balizada no modelo PCF (Process Classification Framework),

    uma taxonomia dos processos de negcio

    idealizada pela organizao americana APQC

    (American Productivity & Quality Center).

    Realizou-se, inicialmente, um pr-teste, utilizando-

    se uma pequena amostra com caractersticas

    semelhantes s da populao-alvo. Nesse primeiro

    momento, o questionrio foi administrado

    pessoalmente por um dos membros da equipe da

    pesquisa, o que permitiu avaliar a provvel

    exatido e coerncia das respostas. Durante a

    aplicao do questionrio, foi possvel esclarecer

    dvidas e definir conceitos eventualmente no bem

    compreendidos, minimizando-se, por

    consequncia, possveis erros. Aps o pr-teste,

    foram realizados alguns ajustes para que se

    iniciasse a aplicao do questionrio. As anlises e

    concluses so baseadas nos dados fornecidos

    pelos respondentes e em uma reviso da literatura.

    pertinente ressaltar, tambm, que o questionrio

    foi desenvolvido com base nos instrumentos de

    pesquisa testados e utilizados no projeto Pronux1,

    estabelecendo-se relao com o referencial terico

    pesquisado e com o objeto de pesquisa. Yuki

    (2011) e mais recentemente Krainer (2013)

    valeram-se, igualmente, dos instrumentos do

    Pronux no desenvolvimento de suas pesquisas,

    ambas relacionadas construo civil.

    Para mensurar as variveis quantitativas,

    utilizaram-se as escalas de diferencial semntico

    (questes da parte 2 do questionrio caractersticas organizacionais) e de intensidade

    crescente (questes da parte 3 processos), ambas com 7 categorias de resposta.

    A escala diferencial semntica uma abordagem

    destinada a mensurar atitudes. Contempla um par

    de adjetivos ou frases antnimas distribudas

    dentro de uma escala de intensidade. O Quadro 4

    mostra um exemplo de como foi tratada a questo

    da escala de diferencial semntico no questionrio

    empregado nesta pesquisa.

    A escala de intensidade crescente reflete uma

    medida da intensidade da varivel associada

    questo (MALHOTRA, 2001). O Quadro 5 mostra

    os valores utilizados para essa escala.

    1 Pronux - Sistema Livre de Gesto Intregrada para Pequenas e Mdias Empresas. Projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) que tem por objetivo desenvolver um sistema integrado de gesto da produo que seja adequado s necessidades especficas das empresas brasileiras.

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Krainer, C. W. M.; Krainer, J. A.; Iarozinski Neto, A.; Romano, C. A. 124

    Quadro 4 Exemplo de escala de diferencial semntico

    Qquadro 5 - Exemplo de escala de intensidade crescente

    O questionrio foi aplicado por meio de uma

    survey. As pesquisas chamadas de survey so

    investigaes utilizadas quando o projeto envolve

    a coleta de informaes de uma amostragem com

    grande nmero de indivduos (HAIR JUNIOR. et

    al., 2005).

    Para este estudo, a survey utilizada foi a eletrnica,

    autoadministrada, gerenciada por meio da

    ferramenta de questionrio on-line Survey Monkey.

    A relao dos endereos eletrnicos das empresas

    participantes foi obtida, principalmente, junto a

    sindicatos da construo civil sediados no Brasil

    com a intermediao do Conselho de Engenharia e

    Arquitetura do Paran (CREA-PR) e perante

    empresas fornecedoras de software ERP. Todas as

    empresas fornecedoras de software colaboradoras

    possuam em seus portflios de produtos sistema

    de ERP especfico para o segmento da construo

    civil.

    Mais de 2.000 empresas foram previamente

    contatadas e convidadas a participar da pesquisa.

    No projeto de pesquisa, a meta mnima de

    amostragem prevista foi de 100 empresas

    participantes. A amostra final, no entanto, ficou

    constituda por 106 empresas, sendo 53 com ERP

    implantado e 53 sem o sistema integrado (total de

    empresas que atenderam ao apelo da pesquisa

    dentro do interregno em que esta perdurou). O

    Quadro 6 apresenta os principais elementos que

    caracterizam a amostra.

    Com a finalidade de garantir a confiabilidade dos

    dados coletados, contataram-se, inicialmente, os

    diretores das construtoras. Com a aprovao destes

    e a indicao dos possveis respondentes, o

    questionrio era apresentado e disponibilizado para

    resposta. Para divulgar a pesquisa e angariar novos

    participantes, visitas pessoais s construtoras e um

    workshop foi organizado. A coleta de dados

    perdurou por seis meses, de junho a dezembro de

    2011.

    Os dados coletados foram tratados por meio de

    estatstica multivariada. A tcnica aplicada foi a da

    anlise discriminante, que indicada para apontar

    variveis que melhor diferenciem dois ou mais

    subgrupos de uma amostra (MAROCO, 2003).

    No presente estudo, a anlise discriminante teve

    por objetivo identificar as variveis associadas s

    caractersticas e maturidade dos processos

    organizacionais que discriminam as organizaes

    pesquisadas com e sem sistema ERP implantado.

    Para a correta aplicao da anlise discriminante

    observaram-se as condies de normalidade

    multivariada das variveis independentes,

    homogeneidade das matrizes de varincia e

    covarincia e ausncia de multicolinearidade

    (HAIR JUNIOR. et al., 2009). Conforme

    Tabachnick e Fidell (2001), a normalidade

    multivariada manifesta que as variveis

    independentes concebam amostras aleatoriamente

    escolhidas da populao e que a distribuio de

    seus valores aproxime-se de uma distribuio

    normal. Desse modo, foi possvel distinguir quais

    so as variveis mais afetadas quando da

    implantao de um sistema ERP em empresas da

    construo civil.

    O xito da aplicao da anlise discriminante

    requer que se leve em considerao a seleo das

    variveis dependentes e independentes, bem como

    o tamanho da amostra necessrio para estimar a

    funo discriminante (HAIR JUNIOR et al.,

    2009). O tamanho mnimo recomendado por Hair

    Jr. et al. (2009) de 20 casos com 5 observaes

    por varivel. O tamanho, em caso, da amostra

    pesquisada foi de 106 empresas, logo mais que

    suficiente para a anlise discriminante. Na

    pesquisa em questo, identificou-se como varivel

    Centralizada 1 2 3 4 5 6 7 Descentralizada

    Sem formalizao 1 2 3 4 5 6 7 Totalmente formalizada

    Autocrtica 1 2 3 4 5 6 7 Democrtica

    Sem treinamento 1 2 3 4 5 6 7Mdia superior a 12 dias por

    ano

    Sem formalizao 1 2 3 4 5 6 7 Totalmente formalizada

    Sem autonomia 1 2 3 4 5 6 7 Autonomia total

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Anlise do impacto da implantao de sistemas erp nas caractersticas organizacionais das empresas de construo civil

    125

    dependente ter ou no sistema ERP implantado, e

    como variveis independentes as caractersticas

    organizacionais e o nvel de efetividade dos

    processos. O nvel de efetividade dos processos foi

    usado como medida de maturidade.

    Para verificao da discriminao entre

    organizaes com e sem ERP foram realizadas

    duas abordagens no agrupamento dos dados da

    amostra. Na primeira abordagem, a amostra foi

    dividida em duas categorias: empresas com ERP

    (A1) e sem ERP (A2). Na segunda abordagem, a

    amostra foi subdividida em trs categorias: com

    ERP adquiridos at 2009 (D1), com ERP

    adquiridos em 2010 e 2011 (D2) e sem ERP (D3).

    A justificativa para esse procedimento est no fato

    de que 32% das empresas pesquisadas com ERP

    adquiriram o sistema entre os anos de 2010 e 2011,

    ou seja, as empresas desse grupo ainda esto em

    fase de adaptao ao sistema ERP.

    Os resultados para as caractersticas

    organizacionais foram mais expressivos com a

    utilizao de trs categorias de variveis

    dependentes. No caso da apreciao com o nvel

    de maturidade dos processos, observou-se o

    contrrio, pouca diferenciao. Logo, para a

    identificao das variveis discriminatrias foram

    utilizadas apenas duas variveis dependentes: com

    ERP (E1) e sem ERP (E2).

    A ferramenta utilizada para a anlise dos dados foi

    o Statistical Package for the Social Sciences

    (SPSS), um software que possibilita a realizao

    de anlises estatsticas de bases de dados, apoiando

    o processo analtico no campo de conhecimento de

    diversas cincias.

    Anlise de resultados

    Nesta seo so apresentados a anlise dos dados e

    os resultados obtidos. Na primeira subseo foram

    analisadas (anlise discriminante) as caractersticas

    organizacionais. A subseo seguinte trata do nvel

    de efetividade dos processos (anlise

    discriminante). Na ltima subseo os resultados

    foram sintetizados.

    Anlise discriminante das caractersticas organizacionais

    Buscou-se, inicialmente, verificar se as 31

    variveis independentes mtricas referentes s

    caractersticas organizacionais (Quadro 7)

    diferenciam-se ou no para empresas com ERP

    adquiridos at 2009 (D1), com ERP adquiridos em

    2010 e 2011 (D2) e sem ERP (D3).

    Dessa forma, a primeira apreciao da anlise

    discriminante foi o teste de igualdade de mdias

    dos grupos (D1, D2 e D3), que apresenta as

    variveis que passaram no pressuposto da

    igualdade das matrizes de varincia e covarincia.

    O resultado obtido refora a significncia da

    diferenciao entre os grupos nas variveis X1,

    X4, X7, X10, X13, X14, X16, X18, X22, X23,

    X27, X28, X29 e X30, ou seja, os grupos

    apresentam caractersticas organizacionais que os

    diferenciam.

    Os testes aplicados a seguir foram:

    (a) M de Box: para rejeitar a hiptese de que as matrizes so homogneas;

    (b) autovalor: para identificar o nvel de associao entre os escores determinantes e o dos

    grupos, aplicando-se o resultado obtido como

    porcentagem da varivel dependente exposta pelo

    modelo; e

    (c) Lambda de Wilks: para denotar a significncia estatstica do poder discriminatrio das funes

    discriminantes.

    Quadro 6 Perfil da amostra

    Ano de fundao As empresas possuem em mdia 25 anos de fundao.

    LocalizaoAs empresas pesquisadas esto localizadas nas 5 regies do Brasil, distribudas entre 10 Estados e 23 cidades, sendo

    que a cidade de Curitiba corresponde a 64% da amostra e o Estado do Paran com 77% de participaes na pesquisa.

    Tipo de constituio 81% Limitada (Ltda), 12% SA, 4% Estatal, 2% Capital misto.

    Tipo de administrao As organizaes declaram que o tipo de administrao exercida de 33% de cunho familiar e 42% profissional.

    Nmero de funcionrios 23% at 19 funcionrios, 31 % de 20 a 99 funcionrios, 16% de 100 a 499 funcionrios e 22% de mais de 499.

    Setor em que atua O principal setor de atuao da rea da construo civil dos respondentes da construo civil (79%).

    Tempo de empresa A maioria dos respondentes atua na organizao a 1 ano (42%), onde o tempo mdio de atuao de 4 anos.

    Cargo ocupadoA maioria dos cargos so de Engenheira e Desenvolvimento (22%), Direo (20%), Estagirio (17%), Gerncia (15%) e

    Coordenador (7%).

    Ano de aquisioMdia de 5 anos de aquisio do sistema ERP. Entretanto 32% das empresas pesquisadas adquiriram o sistema entre os

    anos de 2010 e 2011.

    Mdulo AdquiridosNas organizaes pesquisadas, os principais mdulos adquiridos foram: 15% suprimentos, 15% financeiro, 14%

    engenharia, 12% administrativo, 10% contabilidade fiscal e 9% comercial.

    PERFIL DA ORGANIZAO

    PERFIL DO ENTREVISTADO

    CARACTERSTICA DO SISTEMA ERP

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Krainer, C. W. M.; Krainer, J. A.; Iarozinski Neto, A.; Romano, C. A. 126

    Quadro 7 Variveis referentes s caractersticas organizacionais

    O teste de M de Box apresenta nvel de

    significncia menor que 0,05, portanto as variveis

    tm um comportamento distinto e no precisam ser

    eliminadas ou agrupadas. O autovalor, obtido por

    meio do clculo Rc = (0,729) + (0,563) = 0,85,

    importa 85%, o que significa que as variveis

    escolhidas na pesquisa so representativas na

    distino entre os grupos. Na anlise de Lambda

    de Wilks, primeira funo, a significncia menor

    que 0,05, portanto significante a diferena entre os

    grupos; na segunda funo, no entanto, o valor

    superior a 0,05, logo no estatisticamente

    significativo. O Quadro 8 apresenta os resultados

    dos testes M de Box, autovalores e Lambda de

    Wilks.

    No Quadro 9 tem-se a matriz estrutural que revela

    a ordem de grandeza da correlao simples entre as

    funes e as variveis discriminantes. Essa matriz

    destaca as variveis que realmente discriminam a

    amostra.

    Percebe-se (Quadro 9) que na funo 1 as variveis

    com maior coeficiente so: X16, X22, X29, X4,

    X28, X7 e X1; e na funo 2 elas so: X10, X13,

    X23, X7, X18, X14 e X27.

    A validao dos resultados obtidos na anlise

    discriminante apresentada no Quadro 10. Nota-se

    que 78,8% dos casos foram corretamente

    classificados. Isso significa que, se utilizado

    apenas o valor das variveis, seria possvel definir

    X1 Quantidade atual de clientes.

    X2 Localizao dos clientes (locais a mundiais).

    X3 Tamanho dos concorrentes em relao empresa.

    X4 Importncia da marca para os consumidores.

    X5 Domnio de tecnologia de execuo/servios.

    X6 Nvel de centralizao da estrutura organizacional da empresa.

    X7 Nvel de formalizao dos cargos/funes.

    X8 Estilo de gesto da empresa.

    X9 Quantidade de treinamento dos funcionrios por ano.

    X10 Nvel de formalizao das atividades e processos.

    X11 Grau de autonomia dos funcionrios.

    X12 Nvel de polivalncia dos funcionrios.

    X13 Nveis de hierarquia na empresa.

    X14 Nvel de integrao entre os processos.

    X15 Taxa de crescimento da empresa nos ltimos 3 anos.

    X16 Nvel da formao dos funcionrios do corpo gerencial.

    X17 Nvel de interao (troca de informaes formais e informais) entre os departamentos/reas.

    X18 Nvel de controle exercido sobre as atividades/funcionrios.

    X19 Nvel de investimentos em tecnologias e equipamentos realizados nos ltimos 3 anos.

    X20 Tempo de resposta a demandas de mercado (novos empreendimentos, certificaes, novas tecnologias).

    X21 Como a empresa se comporta em relao as mudanas no mercado.

    X22 Como a empresa considera o mercado em que sua empresa atua, esttico ou dinmico.

    X23 Nvel de conhecimento sobre tcnicas/mtodos utilizados pelos gestores na execuo do seu trabalho.

    X24 Posio da empresa em relao reduo dos custos nas suas atividades e empreendimentos.

    X25 Nvel de preocupao da empresa em relao s melhorias dos processos de trabalho.

    X26 Avaliao das habilidades necessria aos funcionrios para execuo de suas atividades.

    X27 Poltica clara e efetiva de gerenciamento dos recursos humanos da empresa.

    X28 Alinhamento das caractersticas dos empreendimento/servios com a estratgia adotada pela empresa.

    X29 Preocupao explcita com a diferenciao dos seus empreendimentos/servios em relao aos concorrentes.

    X30 Preocupao com o gerenciamento do tempo das atividades de desenvolvimento e execuo de suas atividades.

    X31 Nvel de crescimento do nmero de funcionrios dos ltimos 3 anos.

    VARIVEIS INDEPENDENTES ASSOCIADAS S CARACTERSTICAS ORGANIZACIONAIS

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Anlise do impacto da implantao de sistemas erp nas caractersticas organizacionais das empresas de construo civil

    127

    se a empresa utiliza ou no sistema ERP em seu

    processo de gesto em 78,8% dos casos.

    Percebe-se, no que se refere s caractersticas

    organizacionais, que as empresas com ERP, em

    consonncia com os resultados apontados nos

    estudos relacionados no Quadro 2, diferem-se das

    demais nas seguintes caractersticas: formao do

    corpo gerencial, nvel de conhecimento sobre

    tcnicas/mtodos utilizados pelos gestores, nveis

    de hierarquia, formalizao de processos, nvel de

    integrao entre os processos e alinhamento dos

    produtos e/ou servios com a estratgia adotada

    pela empresa.

    Anlise discriminante do nvel de efetividade de processos

    A finalidade desta anlise verificar se as 44

    variveis independentes mtricas do nvel de

    efetividade dos processos (Quadro 11) apresentam

    diferenas para as empresas com ERP (ED1) e sem

    ERP implantado (E2).

    Quadro 8 - Resultados do teste m de box, autovalores, lambda de wilks

    Quadro 9 - Matriz estrutural

    Quadro 10 - Resultados de classificao

    1514,700Funo Autovalor

    % de

    VarinciaAcumulativo

    Correlao

    Cannica

    Approx. 1,672 1 1,137a 71,0 71,0 0,729

    df1 496 2 0,464a 29,0 100,0 0,563

    df2 15331,724

    Sig. 0,000

    Teste de

    Funo (s)

    Wilks'

    Lambda

    Qui-

    quadradodf Sig.

    de 1 a 2 0,320 86,674 62 0,021

    2 0,683 28,972 30 0,519

    AUTOVALORES

    WILKS' LAMBA

    RESULTADO M DE BOX

    M de Box

    F

    1 2 1 2

    X16 0,381* 0,097 X14 0,165 0,376

    *

    X22 0,370* 0,007 X27 0,103 0,353

    *

    X29 0,254* 0,074 X21 0,085 0,345

    *

    X4 0,246* 0,219 X30 0,187 0,339

    *

    X28 0,226* 0,198 X9 0,086 0,314

    *

    X25 0,198* 0,171 X26 -0,041 0,305

    *

    X24 0,174* 0,086 X1 0,278 0,291

    *

    X6 0,140* 0,140 X19 0,111 0,289

    *

    X17 0,139* 0,105 X20 0,062 0,288

    *

    X15 0,121* -0,021 X5 -0,148 -,0186

    *

    X8 0,107* 0,056 X2 -0,005 0,149

    *

    X10 0,058 0,486* X31 0,017 0,148

    *

    X13 0,025 0,419* X12 -0,028 -0,098

    *

    X23 0,141 0,415* X3 -0,006 -0,074

    *

    X7 0,217 0,400* X11 0,051 -0,059

    *

    X18 -0,014 0,379*

    FUNO FUNO

    1 2 3

    1 30 2 3 35

    2 2 11 3 16

    3 8 4 41 53

    1 85,7 5,7 8,6 100,0

    2 12,5 68,8 18,8 100,0

    3 15,1 7,5 77,4 100,0

    a. 78,8% dos casos originais agrupados corretamente agrupados.

    RESULTADOS de CLASSIFICAO

    D1

    ASSOCIAO PREVISTA do GRUPOTOTAL

    Original Conta

    %

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Krainer, C. W. M.; Krainer, J. A.; Iarozinski Neto, A.; Romano, C. A. 128

    Quadro 11 - Variveis referentes ao nvel de efetividade dos processos

    Y1 Empresa realiza o planejamento estratgico.

    Y2 Empresa faz uma comunicao/divulgao da sua estratgia em todos os nveis da empresa.

    Y3 Empresa faz sistematicamente uma anlise de seu desempenho interno com base em indicadores e/ou metas.

    Y4 Empresa faz previso de vendas e controla/analisa estas previses.

    Y5 Empresa realiza e pratica a estratgia de marketing para os seus produtos/servios.

    Y6 Empresa realiza pesquisas de mercado (clientes potenciais e concorrncia).

    Y7 Empresa faz a gesto da carteira de projetos/empreendimentos dos clientes.

    Y8Em obras simultneas, o cronograma realizado em conjunto (levando em considerao as pessoas, mquinas e

    equipamentos).

    Y9 Centraliza o gerenciamento de suprimentos de obras simultneas.

    Y10 Empresa possui um conjunto de prticas de gerenciamento de projetos.

    Y11Empresa elabora seus projetos , existe um processo formal de planejamento, execuo e controle das atividades

    das atividades de execuo de projetos.

    Y12Empresa desenvolve e acompanha o oramento e o cronograma de cada projeto.

    Y13Planejamento e realizao de controles de qualidade durante a execuo de cada obra.

    Y14Planejamento de recursos humanos durante a execuo das obras.

    Y15Planejamento, controle e anlise de riscos para cada empreendimento.

    Y16 Polticas de servio e/ou procedimentos para atendimento ao cliente.

    Y17 Realizao de pesquisa e anlise de satisfao dos clientes.

    Y18Processo de gerenciamento de fornecedores de materiais e servios (seleo de novos e avaliao dos j

    existentes).

    Y19Relacionamento operacional com os fornecedores (consultorias, treinamentos, transferncia de know-how,

    eventos de integrao, troca de informaes).

    Y20 Realizao de pesquisa de satisfao dos fornecedores.

    Y21Estratgias e polticas claras do gerenciamento dos recursos humanos.

    Y22Processo formal e estruturado de seleo de funcionrios (currculo, entrevista, dinmicas em grupo...).

    Y23Polticas de plano de carreira, recompensa e de reteno de funcionrios.

    Y24 Departamento especfico de Tecnologia da Informao (desenvolvimento e gesto do que esta implantado).

    Y25Relacionamento operacional com os fornecedores (consultorias, treinamentos, transferncia de know-how,

    eventos de integrao).

    Y26 Controles da satisfao dos usurios dos sistemas de TI (funcionrios ou clientes da empresa).

    Y27 Acesso a informaes da empresa por um sistema de TI, distinguindo hierarquicamente os usurios.

    Y28 Processos de verificao de necessidades, avaliao e melhoria dos sistemas de TI.

    Y29 Empresa busca manter-se atualizada, trazendo para o negcio as melhores solues disponveis em TI.

    Y30 Elaborao de oramento anual e controle de processos com base no mesmo.

    Y31 Gerenciamento de receitas e despesas (fluxo de caixa).

    Y32 Processamento de folha de pagamentos informatizado (com controle de tempo e tributos).

    Y33 Empresa define seus preos de venda com base nos seus custos e necessidades de rentabilidade.

    Y34 Empresa possui uma metodologia de controle de despesas e receitas.

    Y35 Realizao de manutenes preventivas e controle de segurana dos ativos no produtivos da empresa.

    Y36 Empresa realiza manuteno preventiva em sua estrutura de equipamentos.

    Y37 Procedimento definido para substituio de equipamentos.

    Y38 Anlise dos riscos associados a operao.

    Y39Realizao de programas/poltica de difuso e anlises de impactos ambientais, de sade e de segurana nos

    ambientes de trabalho.

    Y40 Realizao de plano para destino dos resduos gerados e materiais reciclveis.

    Y41 Procedimentos para as relaes externas a empresa (acionistas, governo, mdia e comunidade).

    Y42 Polticas relacionadas legislao e tica dos profissionais atuantes na empresa.

    Y43 Corpo gerencial possui treinamento e est alinhado com os objetivos da empresa.

    Y44 Empresa avalia as suas prticas por meio de avaliao do desempenho e benchmarking .

    VARIVEIS INDEPENDENTES PROCESSOS

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Anlise do impacto da implantao de sistemas erp nas caractersticas organizacionais das empresas de construo civil

    129

    Na primeira apreciao, teste da diferena entre as

    mdias das variveis independentes, verifica-se

    que Y8, Y11, Y27, Y29, Y32 e Y43 (Quadro 14)

    rejeitam a hiptese de que as mdias das amostras

    so iguais, com nvel de significncia menor que

    0,05. Portanto, em relao ao nvel de efetividade

    de processos, existe distino entre organizaes

    com e sem ERP.

    O teste de M de Box resultou nvel de significncia

    0,000, portanto atende ao pressuposto da desigualdade das matrizes. O autovalor

    corresponde a 100%, com Rc = (0,7773) = 0,60,

    logo a funo explica 60% da discriminao entre

    os grupos, o que indica que o impacto da

    implantao do ERP nos processos menor. Na

    anlise de Lambda de Wilks a significncia

    menor que 0,05, assim a diferena entre os dois

    grupos significante. O Quadro 12 traz os

    resultados dos testes M de Box, autovalores e

    Lambda de Wilks.

    A matriz estrutural (Quadro 13) revela que as

    variveis Y32, Y27, Y43, Y11, Y8 e Y29

    apresentam os coeficientes de grandeza mais

    elevadas. Dessa forma, so as variveis de nveis

    de efetividade de processo que discriminam as

    empresas com e sem ERP.

    Quadro 12 - Resultados do teste m de box, autovalores, lambda de wilks

    Quadro 13 - Matriz de estrutura

    2678,938Funo Autovalor

    % de

    VarinciaAcumulativo

    Correlao

    Cannica

    Approx. 1,358 1 1,489a 100,0 100,0 0,773

    df1 990

    df2 27192,622

    Sig. 0,000 Teste de

    Funo (s)

    Wilks'

    Lambda

    Qui-

    quadradodf Sig.

    1 0,402 68,401 44 0,011

    RESULTADO M DE BOX

    M de Box

    F

    AUTOVALORES

    WILKS' LAMBDA

    FUNO FUNO

    1 1

    Y32 0,271 Y1 -0,064

    Y27 0,205 Y3 -0,064

    Y43 0,179 Y12 -0,060

    Y11 -0,172 Y26 -0,059

    Y8 -0,168 Y34 0,047

    Y29 0,164 Y25 -0,047

    Y14 -0,143 Y17 0,044

    Y18 0,134 Y44 -0,044

    Y42 -0,120 Y30 -0,043

    Y9 0,113 Y20 -0,039

    Y10 -0,112 Y24 0,039

    Y28 0,100 Y23 -0,038

    Y40 0,099 Y6 -0,033

    Y31 0,084 Y38 -0,030

    Y15 -0,083 Y37 0,028

    Y41 -0,074 Y35 -0,026

    Y21 -0,070 Y19 -0,025

    Y36 0,069 Y22 -0,021

    Y5 0,067 Y4 0,016

    Y39 0,065 Y7 0,012

    Y33 0,065 Y13 0,006

    Y2 -0,065 Y16 0,004

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Krainer, C. W. M.; Krainer, J. A.; Iarozinski Neto, A.; Romano, C. A. 130

    O Quadro 14 apresenta a validao dos resultados

    obtidos na anlise discriminante. Nesta anlise

    88,7% dos casos foram corretamente classificados.

    Portanto, utilizando-se apenas o valor das

    variveis, pode-se definir se a organizao utiliza

    ou no sistema ERP em seu processo de gesto em

    88,7% dos casos.

    Em relao aos nveis de efetividade de processos,

    as pesquisas do Quadro 2 ressaltam a necessidade

    de mudanas organizacionais e de alinhamento da

    estratgia de negcio. Na presente anlise

    discriminante, por sua vez, as organizaes com

    ERP se distinguem das demais por apresentarem

    corpo gerencial mais alinhado com os objetivos da

    empresa, busca por melhores solues de TI e

    processo formal de planejamento, execuo e

    controle das atividades de execuo dos projetos.

    Sntese dos resultados da anlise discriminante

    Registra-se que no faz parte do escopo deste

    artigo avaliar o processo de implantao e os

    consequentes resultados obtidos pelas empresas

    pesquisadas. Buscou-se, to somente, identificar

    como a implementao do ERP impacta nas

    caractersticas da organizao e na maturidade dos

    processos gerenciais das empresas de construo

    civil. Para tanto, utilizou-se da estatstica

    discriminante, identificando-se quais variveis

    (caractersticas e processos) sofreram impacto aps

    o sistema ERP implementado. O Quadro 15

    sintetiza os resultados obtidos.

    Conforme relatam Phelps et al. (2007), uma

    organizao cresce a partir do sucesso obtido

    diante dos desafios apresentados pelos seis pontos

    de inflexo. Na discriminao entre as empresas

    pesquisadas com e sem ERP, constatou-se que as

    organizaes com ERP se diferenciam das demais,

    inclusive no que se refere aos pontos de inflexo.

    Em relao gesto de pessoas, primeiro ponto de

    inflexo, as diferenas so as seguintes: avaliao

    das habilidades necessrias aos funcionrios para

    execuo de suas atividades; nvel de formalizao

    dos cargos e funes; e poltica clara e efetiva de

    gerenciamento dos recursos humanos da empresa.

    Quanto orientao estratgica, as variveis de

    destaque so: taxa de crescimento da empresa nos

    ltimos 3 anos; preocupao explcita com a

    diferenciao dos seus empreendimentos e

    servios em relao aos concorrentes; e

    importncia da marca para os consumidores. Para o ponto de inflexo formalizao de sistemas,

    as caractersticas diferenciadoras so nvel de

    controle exercido sobre as atividades e

    funcionrios e nvel de integrao entre os

    processos. No tocante entrada no novo mercado,

    a diferenciao ocorre em relao ao mercado em

    que a empresa atua e no pertinente quantidade

    atual de clientes. Com relao ao quinto ponto de

    inflexo, obteno de melhoria operacional e

    financeira, os resultados de discriminao

    aparecem nas variveis nvel de formalizao das

    atividades e processos e nveis de hierarquia na

    empresa. Por fim, quanto ao conhecimento

    organizacional, a varivel que discrimina a

    amostra o nvel de conhecimento sobre tcnicas e

    mtodos utilizados pelos gestores na execuo do

    seu trabalho.

    Observou-se, tambm, que a simples

    adoo/introduo do ERP promove mudanas

    incrementais nas seguintes caractersticas

    organizacionais: taxa de crescimento; atuao no

    mercado; reconhecimento da marca pelos consumidores; formalizao de cargos, atividades

    e processos; integrao entre processos; e

    conhecimento tcnico do corpo gerencial.

    Gesto de TI, desenvolvimento e execuo de

    produtos/servios e gesto do conhecimento foram

    os processos com maior nvel de efetividade

    identificados quando da implantao do ERP. Esse

    resultado est em consonncia com os estudos de

    Rodrigues (2002), Voordijk et al. (2003), Oliveira

    (2006) e Etchalus et al. (2006).

    Quadro 14 - Resultados de classificao

    1 2

    1 47 6 53

    2 6 47 53

    1 88,7 11,3 100,0

    2 11,3 88,7 100,0

    a. 88,7% dos casos originais agrupados corretamente agrupados.

    Conta

    %

    D1TOTAL

    ASSOCIAO PREVISTA do GRUPO

    RESULTADOS de CLASSIFICAO

    Original

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Anlise do impacto da implantao de sistemas erp nas caractersticas organizacionais das empresas de construo civil

    131

    Quadro 15 - Sntese dos resultados da anlise discriminante

    As variveis que distinguem empresas com e sem

    ERP (Quadro 15) reforam os estudos de

    Nascimento e Santos (2002, 2003). Esses autores

    afirmaram que a TI pode contribuir para o setor da

    construo, auxiliando nos processos de tomada de

    deciso e na determinao de fatores diferenciais

    de negcio. No presente estudo, confirmam a

    assertiva dos referidos autores as variveis taxa de

    crescimento, quantidade de clientes, importncia

    da marca para os consumidores, nvel de integrao entre processos, corpo gerencial

    treinado e alinhado com a estratgia da empresa.

    Rodrigues (2002) e Ahmed et al. (2003)

    investigaram a adequao e a implantao do ERP

    em empresas de construo civil. Eles constataram

    que a implantao do ERP proporciona melhor

    integrao entre os processos, mais automao e

    maior acesso informao, variveis estas que

    tambm se destacaram nesta pesquisa, conforme

    retratado no Quadro 15.

    A implantao do sistema ERP, tal como sugerido

    pela literatura, uma grande mudana

    organizacional. Esse fato pode ser constatado na

    primeira apreciao da anlise discriminante. Para

    as caractersticas organizacionais a distino da

    amostra se apresentou em trs categorias de

    variveis dependentes (com ERP adquirido at

    2009, adquirido entre 2010 e 2011, e sem ERP), e

    foi possvel observar que as empresas sofrem o

    impacto do sistema desde sua implantao. Os

    resultados finais reforam a distino em,

    aproximadamente, 80% dos casos estudados. Em

    contrapartida, a pesquisa indica que os processos

    de uma empresa com e sem ERP so similares,

    com funo discriminante em apenas 60% dos

    Caractersticas Organizacionais Nvel de Efetividade dos Processos

    taxa de crescimento da empresa nos ltimos 3 anos; processamento de folha de pagamento informatizado,

    com controle de tempo e tributos;

    mercado em que sua empresa atua; acesso a informaes da empresa por um sistema de TI,

    distinguindo hierarquicamente os usurios;

    preocupao explcita com a diferenciao dos seus

    empreendimentos e servios em relao aos concorrentes;

    corpo gerencial treinado e alinhado com os objetivos da

    empresa;

    importncia da marca para os consumidores; processo formal de planejamento, execuo e controle

    das atividades de projetos;

    avaliao das habilidades necessrias aos funcionrios

    para execuo de suas atividades;

    em obras simultneas, o cronograma realizado em

    conjunto, considerando recursos humanos, mquinas e

    equipamentos; e

    nvel de formalizao dos cargos e funes; atualizao contnua, trazendo para o negcio as

    melhores solues disponveis em TI.

    quantidade atual de clientes;

    nvel de formalizao das atividades e processos;

    nveis de hierarquia na empresa;

    nvel de conhecimento sobre tcnicas e mtodos

    utilizados pelos gestores na execuo do seu trabalho;

    nvel de controle exercido sobre as atividades e sobre os

    funcionrios;

    nvel de integrao entre os processos; e

    poltica clara e efetiva de gerenciamento dos recursos

    humanos da empresa.

    RESULTADOS DAS ANLISES DISCRIMINANTES

  • Ambiente Construdo, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p. 117-135, jul./set. 2013.

    Krainer, C. W. M.; Krainer, J. A.; Iarozinski Neto, A.; Romano, C. A. 132

    casos, o que refora o fato de que o impacto da

    implantao do ERP nos processos menor.

    Consideraes finais

    O presente estudo indica que a implantao do

    sistema integrado de gesto impacta nas

    caractersticas organizacionais e nos processos

    gerenciais das empresas de construo civil

    pesquisadas. As construtoras com ERP implantado

    apresentam caractersticas organizacionais mais

    desenvolvidas e nveis de processos similares. Esse

    resultado indica que o impacto nos processos

    resultante da implantao do ERP ocorre de

    maneira mais lenta, quando comparado s

    mudanas nas caractersticas organizacionais.

    Constatou-se, tambm, que as organizaes com

    sistema integrado de gesto se diferem (em relao

    quelas sem ERP) por apresentar maior nvel de

    formao do corpo gerencial, gesto mais

    democrtica, menores nveis de hierarquia, atuao

    mais dinmica no mercado, maior conhecimento

    de tcnicas e de modelos de gesto, maior

    alinhamento dos empreendimentos e servios com

    a estratgia da empresa e maior integrao de

    processos e dos departamentos da empresa.

    Construtoras com ERP caracterizam-se, ainda, por

    apresentar menores nveis hierrquicos e maiores

    taxa de crescimento, quantidade de clientes,

    reconhecimento da marca pelos consumidores,

    diferenciao de seus empreendimentos e servios

    em relao concorrncia, autonomia e

    polivalncia dos colaboradores e foco na reduo

    de custos em suas atividades e processos.

    Em relao aos processos, as empresas com ERP

    mostraram-se mais desenvolvidas do que as sem

    ERP no que se refere gesto de recursos

    financeiros e de TI. Importante repisar que, com

    a implantao do ERP, as caractersticas

    organizacionais so mais afetadas do que os

    processos, ou seja, o efeito da implantao impacta

    mais rapidamente nas caractersticas

    organizacionais do que nos processos.

    Observou-se que a implantao do sistema ERP

    promove ganhos nos fluxos dos processos de

    operao e de integrao interdepartamental. Os

    benefcios obtidos com o sistema integrado de

    gesto tendem a aumentar em funo do tempo de

    utilizao do sistema. Por outro lado, o sucesso da

    implantao do ERP tem papel fundamental com

    vistas a justificar o volume de capital, tempo e

    recursos humanos investidos nesse sistema.

    Apesar de a literatura apontar que a implantao

    do ERP ocasiona mudanas organizacionais,

    poucos estudiosos se debruaram para estudar

    quais so e como ocorrem essas mudanas,

    especialmente em empresas de construo civil.

    Este artigo avana no tema na medida em que

    identifica os impactos da implantao do ERP nas

    caractersticas organizacionais e nos processos

    gerenciais de empresas construtoras. Futuros

    trabalhos, portanto, passam a ter ponto e

    motivao de partida, sendo necessrio considerar

    os resultados obtidos nesta pesquisa como indcios

    para estudos mais aprofundados.

    Outra contribuio refere-se especificamente s

    empresas investigadas, que, a partir do presente

    estudo, podero refletir sobre as mudanas

    organizacionais implementadas por conta da

    adoo do ERP, com vistas a uma otimizao

    integrada, e, sobretudo, podero perceber at que

    ponto os perfis de seus atuais gestores e

    colaboradores atendem a suas necessidades.

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