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DOENÇAS OCUPACIONAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA FINS DE ESTABILIDADE Autora: Ellen Mara Ferraz Hazan

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DOENÇAS OCUPACIONAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA FINS DE ESTABILIDADE

Ellen Mara Ferraz Hazan - Diretora 1ª Secretária da Caixa de Assistência dos Advogados de Minas Gerais, Nova CAA Gestão 2013/2015.

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DOENÇAS OCUPACIONAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA FINS DE ESTABILIDADE

*Ellen Mara Ferraz Hazan

Sumario: 1. Introdução. 2. Doenças Ocupacionais, Doenças do Trabalho, Doenças Profissionais. 3. Concausas. 4. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho em razão de doença; 5. Garantias de emprego ao acidentado. 6. Garantia de emprego ao reabilitado – portador de necessidade especial.

Introdução. Um dos princípios basilares do direito do trabalho é o da proteção. Ele, longe de proteger como um “pai” aquele que vive do seu trabalho, afirma que o sistema ao qual estamos submetidos, o capitalismo, deve ser instado, pela lei, a reconhecer que as partes envolvidas na relação de trabalho são desiguais. Ora, entre desiguais, não é possível existir contrato lícito, razão pela qual através de a legislação social deve o Estado garantir uma igualdade formal entre trabalhador e empregador para que a relação contratual de trabalho possa existir com um mínimo de licitude. Dai afirmarmos que o princípio da proteção visa, especialmente, a proteção do empregador dando-lhe a licitude necessária para explorar o trabalho de um ser humano, visando lucro. É, pois, a intervenção do Estado através da legislação social, uma das técnicas do princípio da proteção, dentre as duas outras que são: negociação coletiva com poder de criação de norma jurídica e; a autotutela. Foi em razão disso que os direitos sociais e humanos da classe que vive do trabalho (artigos 1º, II, III e IV; 3º III e IV; 5º caput e incisos; 6º; 7º caput e incisos; 8º caput e incisos; 9º; 10; 11; 60 IV; 170), o direito à saúde (art. 196 CR/88), e o direito a um meio ambiente sem riscos ao trabalhador (art. 7º XXII) são hoje por força Constitucional direitos fundamentais. Assim é que a proteção à saúde do trabalhador se dá através do direito, na medida em que ocorreu a juridicização desta proteção. Tal proteção ocorre, também, por medidas sanitárias ou higiênicas ou da medicina preventiva, matérias afetas à medicina do trabalho e à engenharia do trabalho. As providências que a lei descreve, em relação à higiene, segurança, ergonomia ou medicina do trabalho vêm no sentido da busca incessante, do direito pelo bem comum, cumprindo o seu papel de agente de transformação social, razão pela qual são, as mesmas, de ordem pública, de obediência obrigatória, vez que apostas no mundo jurídico como normas cogentes onde:

“a exigência irrefragável do seu cumprimento, quaisquer que sejam as intenções ou desejos das partes contratantes ou dos indivíduos que se destinam.”1

1 Sebastião Geraldo de Oliveira,LTr SP, 2002, 4ª. Ed. Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador, p. 42

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Na identificação de uma norma de ordem pública (cogente) devemos analisar se tal norma, ou regra, protege altos interesses sociais, envolvendo, inclusive, os princípios fundamentais da ordem jurídica. No direito do trabalho as normas são de ordem pública, exatamente em razão dos interesses sociais que se destacam da hipossuficiência do trabalhador frente ao poder econômico sendo, princípio geral predominante na tutela do trabalho, aquele que afirma que as normas protetoras do ramo são, prevalentemente, de ordem pública, por transcender o interesse individual. Assim, nas questões que envolvem a saúde e a segurança do trabalhador, todas as normas se colocam como cogentes, na posição quase unânime da doutrina e da jurisprudência. Não obstante nós, operários do direito estamos constantemente aflitos em relação a tais normas no que diz respeito à sua eficácia. O ideal é que tivéssemos como predominância a realização espontânea das normas cogentes, mas não é o que ocorre, razão pela qual necessária a sua realização coativa ou coercitiva. E nem se pense que tal coação se colocaria como arbitraria, na medida em que além de estarmos falando em direito à vida, à dignidade e à saúde, fica ela relacionada à sanção materializada na norma onde a lesão causada pela violação desta requer reparação, passando o lesado a contar com a força institucionalizada para reagir contra a agressão e garantir o cumprimento do preceito legal. Em tese!! Na atualidade, onde a crise do capitalismo colocou em crise o direito do trabalho, a já fraca eficácia da norma trabalhista, frente ao poder econômico, se agudizou inclusive com as questões vinculadas à saúde, segurança e medicina do trabalho. É o que assistimos todos os dias: Pessoas físicas e jurídicas se mobilizam com discursos ecológicos para salvarem baleias, focas, micos e outros tantos animais que necessitam sim de proteção, mas não as assistimos mobilizadas na proteção do ser humano contra a exploração que o mata ou o invalida e isso, apesar de o ser humano ser parte, quiçá central, do meio ambiente equilibrado. É dentro desse contexto que vamos tratar de uma das consequências legais vinculadas às doenças ocupacionais, que é a garantia da manutenção do contrato de emprego, mas não sem antes deixarmos claro que todos os instrumentos, mesmo que complexos e espalhados, estão ao nosso dispor para a realização do proposito da Carta de 1988.

Doenças Ocupacionais, Doenças do Trabalho, Doenças Profissionais. Existe um debate técnico, especialmente inaugurado por médicos do trabalho, sobre a definição de “doenças ocupacionais”, “doenças do trabalho” e, “doenças profissionais”, que tem levado advogados e juízes a várias confusões e, por conseguinte, a pedidos e decisões contraditórias especialmente quanto se discute o nexo de causalidade. Tais problemas têm sido comuns em laudos técnicos. Autores como Kusnetz e Hutchison, (citados por NEVES, Marco Antônio Borges das, in As doenças ocupacionais e as doenças relacionadas ao trabalho (Ltr 75 São Paulo 2011;12/14) afirmam que:

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“doenças ocupacionais seriam .... aquelas produzidas ou agravadas pelo trabalho, e que genericamente uma doença poderia ser considerada ocupacional se cumulativamente: - os achados médicos da doença são compatíveis com o efeito do ou dos agentes produtores de doença a que o trabalhador foi exposto; - se existe (ou existiu) no meio ambiente ocupacional do trabalhador exposição ao agente (ou aos agentes) suficientemente para a produção de doença; - se o peso das evidências respalda que a origem da(s) doença(s) é mais ocupacional que não ocupacional...”

O mesmo autor afirma que é importante compreender que:

“embora toda Doença Ocupacional seja uma Doença Relacionada ao Trabalho, nem toda Doença Relacionada ao Trabalho pode ser considerada uma doença ocupacional...” (ob cit.pag.14).

Consultando vários doutrinadores, o mesmo autor afirma que:

“...doenças ocupacionais são o resultado direto do trabalho ou da exposição a substâncias tóxicas ou outros riscos ambientais no local do trabalho.... ou uma doença devida a um fator do trabalho da pessoa... ou, doença ou incapacidade resultante de condições de trabalho...”

Já quanto a definição de Doença Relacionada ao Trabalho, destaca o autor que esse termo é bastante distinto do termo “doenças ocupacionais” especialmente em razão de aquela ser o nome que se dá :

“a um enorme conjunto, em que qualquer doença que um indivíduo desenvolva pode ser de alguma maneira relacionada ao trabalho...”

Essa gama de doenças pode se dar de maneiras distintas não possuindo, todas elas, necessariamente, uma relação de causalidade com o trabalho ou com o ambiente de trabalho, destaca o autor. Muitas delas podem ocorrer sem que o trabalho seja o agente causador direto. Já quanto às doenças profissionais, afirma o mesmo autor que tal termo não é sinônimo de doenças relacionadas ao trabalho muito menos seriam, eles, termos equivalentes. A diferenciação se daria assim, no seu entendimento: - Doença profissional: quando há um agente causal específico, como a sílica (silicose) ou o asbesto (asbestose). - Doença Relacionada ao Trabalho ou Doença do Trabalho: Quando existem vários fatores laborais que contribuem para a sua ocorrência, como as DORT (Doença Osteomuscular Relacionadas ao Trabalho). E as doenças profissionais??? Seriam ocupacionais? Os médicos, mesmo criticando vorazmente a nossa legislação sobre o assunto, não chegaram a um consenso e é, exatamente em razão desses entendimentos ainda não unificados, que devemos buscar,

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como intérpretes e aplicadores das normas legais, os conceitos voltados para a área do direito e fazer com que tais definições fiquem claras nos processos em que atuamos. Para tanto, podemos iniciar nossos quesitos ou com a definição jurídica de cada um desses termos ou, questionando ao perito quais são as definições dele sobre cada um dos termos. O que devemos fazer é nos precaver em relação à definição de cada um desses termos, em razão de o nexo de causalidade se dar em consonância com a definição que se dá a cada um dos termos postos. Consultando os ensinamentos do jurista brasileiro que mais acumula conhecimento nessa área, Desembargador e Professor Sebastião Geraldo de Oliveira podemos aferir que os termos “doenças ocupacionais” ou “patologias ocupacionais” foram os adotados pela NR-7 da Portaria 3.214/78 para todas as doenças relacionadas com o trabalho. São tais termos (doenças ocupacionais e patologias ocupacionais), o gênero do qual são espécies as modalidades das doenças relacionadas ao trabalho. Pela relação adotada no art. 20 da NR-7 (Portaria 3.214/78), também adotada pelo Anexo II do atual Regulamento da Previdência Social (Decreto 3.048/99) doenças ocupacionais ou patologias ocupacionais englobam as doenças profissionais ou do trabalho ou relacionadas ao trabalho. Simplificando, Doenças Ocupacionais ou Patologias Ocupacionais estão destacadas pela legislação brasileira, como gênero. Doenças profissionais e doenças relacionadas ao trabalho são espécies desse gênero. As doenças profissionais dizem respeito a determinada atividade ou profissão e são designadas também como típicas; tecnopatias ou; ergopatias. O interessante dessa espécie de doença ocupacional, é que o nexo causal da doença com a atividade é presumido (juris et de jure), inadmitindo prova em contrário. Basta comprovar a prestação do serviço na atividade e o acometimento da doença profissional. Aqui não cabe a discussão do nexo de causalidade ou mesmo de culpa, em razão do nexo presumido e da aplicação da teoria do risco. Exemplo da doença profissional típica é a silicose adquirida por um trabalhador de uma mineradora, exposto à sílica. A doença surgiu PELO trabalho. A doença relacionada ao trabalho, também chamada de doença profissional atípica ou mesopatia, também possui origem na atividade do trabalhador, mas não está vinculada necessariamente a esta ou aquela profissão. Seu aparecimento decorre da forma em que o trabalho é prestado ou das condições específicas do ambiente de trabalho como as LER/DORT. A doença surgiu NO trabalho. Essas não possuem nexo de causalidade presumido, exigindo comprovação de que a patologia se desenvolveu em razão das condições em que o trabalho foi realizado. Não obstante se exigir a comprovação

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do nexo de causalidade (e aqui aplicamos a figura das concausas), entendemos que também em relação as doenças relacionadas ao trabalho aplica-se a teoria do risco, por força de ser a previsão contida no Código Civil Brasileiro (art 927 parágrafo único) norma mais favorável que aquela prevista na Constituição (art 7º. Inciso XXVIII). Outra questão que também merece algumas reflexões, diz respeito as doenças consideradas degenerativas. É bom destacar que muitas doenças ocupacionais (gênero), possuem natureza degenerativa vez que, como alerta OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de, citando o médico do trabalho Primo Brandimiller:

“O processo degenerativo pode ser de natureza biomecânica, microtraumática ou mesmo macrotraumática. O câncer ocupacional também é doença degenerativa, causada por agentes cancerígenos ocupacionais, alguns deles litasdos na NR-15. A própria surdez ocupacional é um processo degenerativo das células nervosas do órgão de Corti.

Provada sua relação direta com a atividade laborativa, deve o processo degenerativo ser caracterizado como doença do trabalho.

Na traumatologia ocupacional e desportiva, cabe considerar especialmente o processo degenerativo osteoarticular de origem mecânica, representado por microtraumatismos repetitivos (esforços repetitivos, impacto articular)e as posturas viciosas prolongadas.

Destaca-se ainda um tipo de degeneração articular induzida por vibrações mecânicas nas mãos, decorrentes da utilização de equipamentos elétricos e principalmente pneumáticos, como furadeiras, lixadeiras, parafusadeiras, britadeiras, serras portáteis, etc... ( in Indenizações por Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional – LTR 2005. São Paulo. Pag. 45/46)

Em razão desses ensinamentos é que podemos afirmar que as doenças degenerativas NÃO são excludentes do enquadramento nas doenças ocupacionais, como muitos laudos técnicos, e dezenas de sentenças assim tem entendido. Em resumo, podemos afirmar: - doenças ocupacionais ou patologias ocupacionais se colocam como gênero dos quais são espécies: - doença profissional típica (tecnopatias ou ergopatias): ocorrem PELO trabalho e possuem o nexo de causalidade presumido; - doenças relacionadas ao trabalho ou doença profissional atípica (mesopatia): ocorrem NO trabalho e não possuem o nexo de causalidade presumido. - doenças degenerativas também podem ser consideradas como doença relacionada ao trabalho, desde que comprovado o nexo relacionado a concausa. Não são excludentes de enquadramento no rol de doenças ocupacionais.

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- Aplica-se a teoria do risco, art. 927, parágrafo único do Código Civil Brasileiro, para todas as doenças ocupacionais. Concausas Interessante notar que a legislação brasileira, desde 1919 (primeira lei acidentária) até 1944, somente admitia uma única causa para as doenças ocupacionais ou mesmo acidentes do trabalho. Com o Decreto 7.036/44 foi admitida a teoria das concausas e hoje, por expressa previsão na lei 8.213/91, a mesma resta admitida e explicitada. Afirma o art. 21 da referida Lei:

“Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para os efeitos desta lei: I- o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para a redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação...”

Por tal previsão pode-se afirmar que a concausa é uma outra causa que, juntamente com outra causa tida como principal, fez ocorrer o resultado. Em razão dessa teoria, adotando o sentido amplo de acidente do trabalho (acidente típicos ou doenças ocupacionais), temos que várias causas podem contribuir, mesmo que extralaborais, para o acometimento da doença ocupacional ou do acidente do trabalho sem que essas causas retirem a característica da ocorrência do acidente do trabalho ou da doença ocupacional. Exemplo disto pode ser o agravamento, em razão também do trabalho, de uma doença tida como degenerativa ou mesmo de erro médico e outros. É bom destacar que a doutrina que aceita a multicausalidade para o acometimento do acidente do trabalho ou da doença ocupacional, exige para o enquadramento acidentário que a atividade laboral tenha contribuído de forma direta e preponderante para o acidente ou doença ocupacional. OU seja, a concausa não dispensa a causa de origem laboral, devendo o trabalho atuar como fator contributivo: fatores desencadeantes ou agravantes de doenças já existentes; precocidade de doenças comuns. Dai se poder afirmar que as concausas podem ocorrer por fatores preexistentes, supervenientes ou concomitantes com aquela causa que desencadeou o acidente ou a doença ocupacional, como nos ensina OLIVERA, Sebastião Geraldo, 2005 pag. 48. O que nos chama atenção em relação às concausas, é que a existência destas não retira o nexo de causalidade da doença ou acidente com o trabalho, como equivocamente se verifica em vários laudos técnicos e, consequentemente, em decisões judiciais. Suspensão e interrupção do Contrato de Trabalho em razão de doenças Em todo e qualquer acometimento de doença, seja comum ou ocupacional, por força legal, o contrato de emprego ou é interrompido, ou é suspenso.

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Os primeiros quinze dias de afastamento em razão de doença atestada, o trabalhador apesar de não ficar obrigado à prestação laboral, recebe diretamente de seu empregador os dias de afastamento e, tal período, é contado para os efeitos de tempo de serviço. É o que a doutrina e a lei chamam de “interrupção do contrato”. A partir do décimo sexto dia de afastamento em razão de doença atestada, o trabalhador também não trabalha e o empregado se desobriga do pagamento dos salários, responsabilidade esta repassada ao sistema previdenciário, no caso brasileiro, o INSS e, tal período, não é contado para os efeitos de tempo de serviço. É o que a doutrina e a lei chamam de “suspensão do contrato”. A doutrina elenca, ainda, uma forma atípica para as duas figuras. Alguns a denominam de “suspensão atípica” outros de “interrupção atípica”. Tal atipicidade se dá em razão dos afastamentos por acidente do trabalho e doenças ocupacionais. Nestas hipóteses, apesar de o empregador estar desobrigado do pagamento do salário do trabalhador a partir do 16º dia de afastamento, esse tempo conta para efeito de tempo de serviço e recolhimento do FGTS. Outro aspecto que devemos atentar diz respeito a uma das garantias jurídicas que a C.L.T (Consolidação das Leis do Trabalho) dá a todos os trabalhadores doentes, inclusive aos acometidos pelas chamadas doenças comuns. É a proibição de rescisão contratual. Quando o trabalhador adoece, seu contrato ou interrompe ou suspende. O art. 476 da CLT afirma:

“Em caso de seguro-doença ou auxílio-enfermidade, o emprego é considerado em licença não remunerada, durante o prazo desse benefício.”

Atente-se que a norma acima afirma que o “empregado é considerado em licença...”, ou seja, mesmo que a empresa não tenha reconhecido o atestado médico ou mesmo que faça vista grossa ao fato de estar o trabalhador doente, ele não pode ser dispensado. Seu contrato é considerado suspenso e, tanto na suspensão quanto na interrupção contratual, não se pode rescindir o contrato de trabalho. Assim é que vários trabalhadores doentes são dispensados, mesmo sem ter gozado de auxilio enfermidade ou seguro doença e o judiciário determina suas reintegrações no emprego. O fundamento jurídico está no art. 476 da CLT e no ato obstativo a aquisição de direito, ou seja, na teoria do ato ilícito. Ou seja, se o trabalhador está doente ele tem direito à interrupção ou à suspensão de seu contrato. Se o empregador assim não agiu, deixando de providenciar tal afastamento e dispensa seu empregado, agiu ilicitamente, com má-fé, impedindo que o trabalhador tenha direito ao benefício previdenciário. Esta garantia, enfatizamos, não está afeta exclusivamente às doenças ocupacionais ou aos acidentes do trabalho. Ela esta vinculada a todo e qualquer tipo de doença. Garantias de emprego ao acidentado

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A legislação social equipara doenças ocupacionais a acidente do trabalho, para todos os efeitos previdenciários e trabalhistas. A lei 8.213/91, adotou tal equiparação e inovou, trazendo em seu art. 118 a garantia de manutenção do contrato de emprego pelo período mínimo de 12 meses, contados à partir da cessação do auxílio doença acidentário independentemente de percepção de auxílio acidente. Afirma tal preceito:

“O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessão do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio acidente.”

Esta garantia causou muita polêmica, pois alguns diziam que a lei ordinária não poderia inserir novas estabilidades em razão da previsão contida no art. 7º inciso I. Somente teria competência para legislar sobre estabilidade, lei complementar. Sem entrar aqui no debate da vigência do inciso I do art. 7º da CR/88 que adota proteção contra a dispensa arbitrária ou sem justa causa no Brasil, que defendemos estar em plena vigência por ser norma de eficácia plena, o certo é que a polêmica inaugurada contra a previsão do art. 118 da Lei 8.213/91 restou resolvida pelos nossos Tribunais Trabalhistas e pelo Supremo Tribunal Federal (ADI 639/92). Assim, aqueles acometidos por doença ocupacional ou acidente do trabalho, têm garantidos a manutenção de seus contratos, após a alta médica e a cessação do auxílio doença acidentário, por pelo menos 12 meses. Interessante notar que a norma não fala em estabilidade ou garantia de emprego e sim em “manutenção do contrato de trabalho na empresa”. Essa expressão, entendemos, é ampla e atinge todos os tipos de contrato, inclusive os de prazo determinado, dentre eles o de experiência. E outro não pode ser o entendimento da doutrina e da jurisprudência vez que tal previsão veio em resposta ao comportamento useiro e vezeiro de as empresas na promoção da dispensa dos trabalhadores doentes ou acidentados logo após a concessão da alta médica dada pela Previdência Social. Tais trabalhadores, em razão da sequela do tempo em que estiveram doentes, quando retornam ao trabalho ficam inseguros, com medo, fora do ritmo dos demais colegas enfim, com baixa produtividade. Precisam se readaptar ao trabalho e ao ambiente de trabalho e, em razão disso, passam a não ser mais o empregado “desejável” pela empresa. Só que, as doenças ocupacionais e os acidentes do trabalho somente acontecem em razão da exploração que os trabalhadores sofrem em seus ambientes de trabalho, nem sempre adaptáveis ao ser humano. Ou seja, os acidentes do trabalho e as doenças ocupacionais fazem parte do risco da atividade da empresa e por elas devem se responsabilizar, não podendo um trabalhador acidentado ou doente, em readaptação, ser responsabilizado pela sua baixa produtividade. É essa, pois, a intenção dessa garantia de manutenção do contrato de trabalho que, aliás, está inteiramente de acordo com os fundamentos da nossa Carta Constitucional, como a dignidade humana, o valor social do trabalho e da livre iniciativa e a função social da propriedade na busca do pleno emprego (artigos 1º, III e VI, 170, III e VIII da CR/88).

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Atente-se que tal garantia se aplica somente em caso de acidente do trabalho e doença ocupacional, porém nem todos os acidentes e doenças ocupacionais se enquadram na hipótese legal. A garantia começa a partir do término do auxilio doença acidentário, ou seja, nos casos em que o afastamento se transforma em suspensão do contrato – a partir do 16º dia. Os pequenos acidentes, cujo afastamento seja de até 15 dias, não estão incluídos nesta garantia, salvo no caso de ato obstativo à aquisição do direito praticado pela empresa. Também os aposentados por invalidez que recuperam a capacidade laboral e têm alta do INSS estão abrangido por tal garantia. Essa norma está de acordo com o art. 475 da CLT, parágrafo único que afirma:

“O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação do benefício. Parágrafo único – Recuperando o empregado a capacidade de trabalho e sendo a aposentadoria cancelada, ser-lhe-á assegurado o direito à função que ocupava ao tempo da aposentadoria, facultado, porém, ao empregador, o direito de indenizá-lo por rescisão do contrato de trabalho, nos termos dos artigos 477 e 478, salvo na hipótese de ser ele portador de estabilidade, quando a indenização deverá ser paga na forma do art. 497...”

Na hipótese do retorno do trabalhador à sua atividade após cancelamento da aposentadoria por invalidez, a norma do art. 475 deve ser conjugada com a do art. 118 da Lei 8.213/91. Quanto aos trabalhadores aposentados por tempo de contribuição que trabalhando se acidentam, apesar de não terem o direito à percepção do auxílio doença acidentário (em razão da proibição de cumulação de benefícios), possuem eles, sim, a garantia de manutenção de seus contratos, após o retorno do afastamento previdenciário. Tal hipótese está vinculada ao fundamento teleológico da garantia contida no art. 118 da Lei 8.213.91 que é o afastamento além ou superior a 15 dias. Assim, pode-se afirmar que não é o recebimento do auxílio-doença acidentário o fundamento da norma, mas sim, o afastamento do trabalho em razão de acidente ou doença ocupacional, além do 15º dia. Necessário destacar, ainda, que o que dá direito à percepção do auxílio-doença acidentário é a incapacidade para o trabalho e não a doença. Mesmo doente o empregado pode estar apto para o trabalho com tratamento ambulatorial só que, nesta hipótese, aplica-se o art. 476 da CLT. É de se anotar, ainda, a grande resistência de as empresas em emitirem a CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho), apesar de o art. 169 da CLT estabelecer a sua emissão obrigatória tanto para as doenças comprovadas quanto para as que forem apenas objeto de suspeita. Tal resistência tem se mantido e a maioria das CAT’s são emitidas ou pelo próprio empregado, seus dependentes, o sindicato de sua categoria, ou mesmo pelo médico que presta assistência ao trabalhador. Na verdade, qualquer autoridade pode emitir a CAT nos termos do art. 22 § 2º da Lei 8.213. Garantia de emprego ao reabilitado – portador de necessidade especial

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Ainda não constatamos como grande ou de massa, o debate que envolve a previsão contida no art. 93 da Lei 8.213/91, salvo em ações civis públicas movidas pelo Ministério Público do Trabalho. Tal previsão afirma que as empresas com 100 ou mais empregados está obrigada a preencher suas vagas de trabalho no percentual de 2% a 5%, com trabalhadores reabilitados ou portadores de deficiência. A proporção é de até 200 empregados 2%; de 201 a 500 empregados, 3%; de 501 a 1000 empregados, 4% e; acima de 1001 empregados, 5%. Destaca referida previsão legal que a dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de contrato a prazo superior a 90(noventa) dias e a imotivada no contrato indeterminado, somente pode ocorrer após a contratação de substituto de condição semelhante. É em razão desta previsão que afirmamos que o trabalhador que retornou do auxílio-doença acidentário, afastado por mais de 15 dias, volta na condição de reabilitado tendo, portanto, além da garantia da manutenção de seu contrato por pelo menos 12 meses, a garantia de somente poder ser dispensado, após esse período, caso a empresa esteja cumprindo sua cota (art. 93 da Lei 8.213/91) e admita, para o seu lugar ou mesmo na empresa, outro reabilitado ou portador de necessidade especial. Fora dessa hipótese – cumprimento da cota e contratação de outro reabilitado ou portador de necessidade especial – o trabalhador reabilitado não pode ser dispensado. Considerações finais É bom lembrar que o homem trabalha desde que foi criado, segundo a Bíblia, antes mesmo de haver desobedecido ao criador: “...TOMOU POIS, O SENHOR DEUS O HOMEM E O COLOCOU NO JARDIM DO ÉDEN PARA CULTIVÁ-LO E GUARDÁ-LO”( Gen. 2,15). Assim, o trabalho restou colocado para o homem como fator essencial, em todos os aspectos da vida, inclusive o emocional e o religioso, pois a própria gênese universal deriva da criação do trabalho divino, que após concebê-la, descansou no sétimo dia. Até muito pouco tempo atrás, aquele que não trabalhava e não possuía patrimônio era considerado, até pela nossa legislação penal, como um vadio (vagabundo), sujeito a prisão, o que demonstra como a sociedade universal direciona o homem para o trabalho como fonte, inclusive, de dignidade, e da não criminalidade. Não podemos deixar de verificar que, dentro da evolução histórica do trabalho, no período de desenvolvimento do capitalismo industrial, como afirma DEJOURS (1992: 14), observa-se como características básicas: “...o crescimento da produção, o êxodo rural e a concentração de novas populações urbanas...” Tais características, que geraram consequências nefastas ao ser humano trabalhador, no entendimento do autor acima citado, (1992:14) fez com que a visão de saúde, naquele período, se resumisse a não morrer:

“...Em vista de tal quadro, não cabe falar de ‘saúde’ em relação à classe operária do século XIX. Antes, é preciso que seja assegurada a subsistência, independentemente da doença. A

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luta pela saúde, nesta época, identifica-se com a luta pela sobrevivência: ‘ viver, para o operário, é não morrer’.”

É certo, e a história nos demonstra, que a partir da reação dos trabalhadores, através da solidariedade grupal e, também, a partir dos movimentos políticos engendrados pela classe trabalhadora contra o sistema capitalista, este teve que inaugurar uma etapa de redução da exploração através de concessões. A partir da revolução russa de 1917 e, especialmente a partir da I Guerra Mundial, o capitalismo saiu de seu viés liberal e adotou outro paradigma, o do Estado do Bem Estar Social (Welfare State), onde a classe dominante concedeu alguns anéis para não perder os dedos. Através desta política, consegue o sistema, cooptar as organizações sindicais profissionais que, ao longo de décadas, de forma gradativa, abandonou seus objetivos históricos (luta contra o sistema capitalista), concentrando-se nos objetivos imediatos (melhores condições de trabalho, remuneração, jornada, saúde, etc..). Neste período, o conceito de saúde do trabalho foi se alterando dentro das etapas da medicina do trabalho, da saúde ocupacional, da saúde do trabalhador até a atual etapa vinculada a qualidade de vida do trabalhador, iniciada por volta de 1970, como nos alerta OLIVEIRA ( 2002:67; 78,79; 81), asseverando que:

“... Atualmente, o homem não busca apenas a saúde no sentido estrito, anseia por qualidade de vida; como profissional não deseja só condições higiênicas para desempenhar sua atividade, pretende qualidade de vida no trabalho...”

Porém, o paradigma do Estado do Bem Estar Social se esgota para o sistema dominante e, a partir do retorno ao viés liberal, hoje rotulado de neo-liberalismo - inaugurado no Brasil nos anos 90 com a eleição de COLLOR - apesar da luta segmentada pela adoção do paradigma, na saúde do trabalhador, da qualidade de vida, o que assistimos é um descaso absoluto com a saúde no trabalho, por parte do Estado e por parte daqueles que se servem do trabalho. Como afirma OLIVEIRA (2002: 82),

“... chega a ser paradoxal a postura do homem nos dias atuais. Cresceu a preocupação louvável com o meio ambiente, com o salvamento de animais em extinção, com a preservação do ecossistema, mas não houve avanço, com a mesma intensidade, na melhoria do ambiente de trabalho. Afirma Demócrito Moura que ‘a matança das baleias e jacarés parece comover mais a sociedade brasileira do que a morte estupidamente prematura dos prováveis dois mil doentes de asbestose”.

As recentes e diversas mortes de animais do zoológico de São Paulo repercutem, demandam providências das autoridades e reclamam toda a sorte de divulgação mais que os milhares de mortos e mutilados produzidos todos os dias, e nos diversos setores produtivos. Assim, nos encontramos em uma fase onde, na teoria, a dignidade ou a dignificação do trabalho inverte a ordem de valor da sociedade – o homem como valor primeiro, a partir do qual deve se estruturar a ordem econômica e social – e onde, na prática, o que assistimos é exatamente um retorno do homem

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trabalhador aos idos do século XIX onde saúde não se coloca dentro da qualidade de vida, mas sim, como alertado por DEJOURS, dentro do conceito de que ter saúde é não morrer. Onde TER é mais importante do que SER. Mas porque tudo isto ocorreu e, quais as consequências desta inversão de valores para a saúde do trabalhador, inclusive saúde mental? E ainda, tudo o que está ocorrente seria razão do acaso, e em função disto teríamos que nos conformar? A responsabilidade é da falta de normas protetoras? Ou as normas são boas e o que lhes faltam é efetividade? Se falta efetividade à norma que é boa, qual é a razão? Enfim, aqui temos um dos nossos grandes desafios! *Ellen Mara Ferraz Hazan Referência Bibliográfica. ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 6. ed. São Paulo: Cortez / Unicamp, 1999. ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho. 3. ed. São Paulo: Boitempo, 1999b. ANTUNES, Ricardo. Neoliberalismo, trabalho e sindicato. São Paulo: Boitempo, 1997. AROUCA, José Carlos. Repensando o sindicato. São Paulo: Ltr, 1998. BATTAGLIA, Felice. Filosofia do Trabalho. Tradução de Luiz Washington Vita e Antônio D’elia. São Paulo: Saraiva, 1958. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 2002. CALMON DE PASSOS, José Joaquim. Direito, poder, justiça e processo (julgando os que nos julgam). Rio de Janeiro: Forense, 1999. CHOMSKY, Noam. O Lucro ou as pessoas? Neoliberalismo e Ordem Global. Tradução de Pedro Jorgensen JÚNIOR. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. DEJOURS, Christophe. A Loucura do Trabalho. Tradução de Ana Isabel paraguay e Lúcia Leal Ferreira – 5ª ed. Ampliada São Paulo: Cortez – Oboré, 1992. FARIA, José Eduardo. Eficácia Jurídica e Violência Simbólica: o direito como instrumento de transformação social. São Paulo: Edusp, 1988. GACEK, Stanley A. Sistema de Relações de Trabalho. São Paulo: LTr, 1994 HAZAN, Ellen Mara Ferraz. Terceirização: a subordinação das empresas terceiras às tomadoras de serviços. In: CARVALHO NETO, Antônio; SALIM, Celso Amorim (Org.). Novos desafios em saúde e segurança no trabalho. Belo Horizonte: PUC Minas / FUNDACENTRO, 2001. JUCÁ, Francisco Pedro. Renovação do Direito do Trabalho: abordagem alternativa à flexibilização. São Paulo: Ltr, 2000. KUMAR, Krishan. Da Sociedade Pós-Industrial à Pós-Moderna: novas teorias sobre o mundo contemporâneo. Tradução Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

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LYRA FILHO, Roberto. Direito do Capital e Direito do Trabalho. Porto Alegre: Fabris, 1982. MANZANO, Marcelo Prado Ferrari. Custo de Demissão e Proteção do Emprego no Brasil. In: OLIVEIRA, Carlos Alonso Barbosa de; MATTOSO, Eduardo Levi (Org.). Crise e Trabalho no Brasil: modernidade ou volta ao passado? 2. ed. Campinas: Scritta, 1997. MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Porto Alegre: Globo, 1925. NEVES, Marco Antônio Borges das. As doenças Ocupacionais e as Doenças Relacionadas ao Trabalho. LTr-75 São Paulo, 2011. OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador. 8. Ed. São paulo Ltr. 2006. OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional - São Paulo. LTr. 2005. PAUPÉRIO, A. Marchado. O Direito Político de Resistência. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1978. POCHMANN, Márcio. O Mundo do Trabalho em Mudança. In: NABUCO, Maria Regina; CARVALHO NETO, Antônio (Org.). Relações de Trabalho Contemporâneas. Belo Horizonte: PUC Minas, 1999. SANTOS, Anselmo Luís dos. Encargos sociais e custo do Trabalho no Brasil. In: OLIVEIRA, Carlos Alonso Barbosa de; MATTOSO, Eduardo Levi (Org.). Crise e Trabalho no Brasil: modernidade ou volta ao passado? 2. ed. Campinas: Scritta, 1997. SANTOS, Boaventura de Sousa. O Discurso e o Poder: ensaio sobre a sociologia da Retórica Jurídica. Porto Alegre: Fabris, 1988. SCANTIMBURGO, João de. História do Liberalismo no Brasil. São Paulo: Ltr, 1996. SOUZA, Sérgio Alberto. Direito do Trabalho: neoliberalismo e barbárie. Cidade: RTM, 1997. SOUZA, Washington Peluso Albino de. Direito Econômico do Trabalho. Belo Horizonte: Fundação Brasileira de Direito Econômico, 1985. VIANA, Márcio Túlio. A Proteção Social do Trabalho no mundo globalizado. O Direito do Trabalho no limiar do século XXI. São Paulo, Ed. Ltr, v. 63, n. 07, julho de 1999. VIANA, Márcio Túlio. Direito de Resistência. São Paulo: Ltr, 1996. WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. 4. ed. Tradução Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. ANEXO I. LEGISLACÃO VINCULADA À SAÚDE, SEGURANÇA, HIGIÊNE E MEDICINA DO TRABALHO. - Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 : - Art. 5º. Caput e inciso X “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: ... “X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. - art. 6o. “ São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” - 7º I, XXII, XXIII, XXVIII, XXXIII; “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I.- relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa... XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;

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XXIII – adicional de remuneração para atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei. XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18(dezoito) e de qualquer trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos. - Art. 21 compete a União: “ XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho: - Art. 40 – previdência de caráter contributivo e solidário. DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA. - Art. 170 caput, inciso VI “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; SAÚDE - Art. 196 – “ A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. - Art. 200 – SUS Inciso II – “executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador” DO MEIO AMBIENTE. - Art. 225 – “Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” ADCT - art. 10 CONVENÇÕES DA OIT. - 115 (radiações ionizantes) - 136 (benzeno) - 139 (produtos cancerígenos); - 148 (contaminação do ar, ruído e vibrações); - 155 (genérica); - 161(genérica); - 162 (asbesto); - 167 (construção); - 170 (produtos químicos); - 171 (trabalho noturno); - 176 (minas) CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO: - Artigos 4º, 60, 71, 131, 133, 142, 154, 155, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 162, 163, 164,165, 166, 167,

168, 169, 170, 171, 172, 173. 174, 175, 176, 177, 178, 179, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187, 188, 189, 190, 191, 192, 193, 194, 195, 196, 197, 198, 199, 200, 201, 202 a 223 ( revogados pela lei 6.514/77) 253, 297, 299, 300, 301, 390, 405, 407, 409, 410, 475, 476, 483.

- Decreto 3.048/99 - Decreto 97.458 /89.

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- Portaria 3.214/78 – Normas Regulamentadoras. - Portaria 3.067/88 – Normas Regulamentadoras. - Lei 5280/67 (proíbe entrada no país de máquinas sem dispositivos de segurança); - Lei 5889/73 (rural); - Lei 7802/89 –(embalagens, resíduos, etc) - Lei 8069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8.212/91, (artigos 1º, 22, 25, 62, 71, 71) - Lei 8.213/91 (artigos 18, 20, 21, 21-A, 24, 26, 28, 34, 39, 40, 44, 57, 58, 61, 86, 89,93, 104, 118, 119, 120, 121, 124, 126, 129) - Lei 11.430 26/12/2006 (nexo técnico epidemiológico) - Lei 8.112/90 (artigos 61, 68, 70, 71, 72, 79, 102, 185, 186, 211, 212, 213, 214). - Lei 9.503 – Código de Trânsito Brasileiro; - Lei 9.605/98 – meio ambiente. - Lei 9719/98 – portuário; - Lei 9976/00 - produção de cloro no Brasil. - Lei 10.803/03 – trabalho em condições análogas de escravo. CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO - Lei 10406/02 Artigos 186, 187, 188, 927, 928, 929, 930, 931, 932, 933, 934, 935, 937, 944, 945, 948, 949, 950. CÓDIGO PENAL BRASILEIRO Artigos 18, 121, 129, 132). NORMAS REGULAMENTADORAS NR- 1 – Disposições Gerais. NR-2 – Inspeção Prévia. NR-3 – Embargo ou interdição NR-4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT. NR-5 – CIPA NR-6 EPI NR-7 PCMSO NR-8 – Edificações. NR-9 – PPRA NR-10 Segurança NR-11 Transporte, movimentação. NR-12 – Maquinas e Equipamentos NR-13 – Caldeiras e Vasos de Pressão NR-14 – Fornos NR-15 – Insalubridade NR-16 – Perigosas. NR-17 – Ergonomia NR-18 – Meio ambiente – Industria e Construção. NR-19 – Explosivos NR-20 – Líquidos combustíveis e inflamáveis. NR-21 – Trabalho a céu aberto NR-22 – Segurança, Saúde Ocupacional, Mineração. NR-23 – Proteção contra incêndios. NR-24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho. NR-25 – Resíduos industriais. NR-26 – Sinalização e segurança

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NR-27 – Registro Profissional – Tec.Seg.do Trabalho no MTBE NR-28 – Fiscalização e penalidades. NR-29 – Saúde e segurança portuário. NR-30 – Segurança e saúde aquaviário NR-31 – Saúde, Segurança na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, exploração florestal e agricultura. NR-32 – Saúde Segurança estabelecimentos de saúde. NR-33 – Saúde, segurança trabalho em espaços confinados.