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Rev. Online da Bibl. Prof. Joel Martins, Campinas, v.2, n.3, p.38-54 , jun.2001. 38

INTERNET: FATOR DE INCLUSÃO DA PESSOA SURDA1

Andréa da Silva RosaCristiano Cordeiro Cruz

RESUMO: Neste trabalho são descritos alguns dos vários tipos de uso que um surdo podefazer da Internet. Para tal iniciamos com uma apresentação resumida sobre a história daInternet, seguida por um panorama geral sobre a condição de vida dos surdos ao longo dahistória da humanidade até os dias de hoje. Com base nisso, são apresentados vários recursosque a Internet pode oferecer aos surdos, no sentido de potencializar-lhes independência emelhor acesso à informação/ comunicação. Também são discutidas algumas novaspotencialidades que ela pode prover a esta parte da população em um futuro próximo, atravésda sua evolução técnica e do surgimento e desenvolvimento de outras tecnologias.

PALAVRAS-CHAVE: Surdo, Internet, Inclusão, Tecnologia.

ABSTRACT: In this paper we describe some kinds of useful Internet applications related todeaf people. In the first section we present some outlines on Internet evolution, followed by ageneral overview of deaf people life conditions throughout history of mankind, shown in thesecond section. With this in mind, in the third section we present various means by whichInternet may offer deaf people the possibility of independence and better access to information/communication tools. Finally, in the last section we deal with some new Internet applications,based on emergent technologies, which may enhance deaf people quality of life.

KEY-WORDS: Deaf people, Internet, Inclusion, Technology.

1 Os testemunhos de Patricia Hipolito de Alexandria Silva Nunes e Regiane Pinheiro Agrella, surdas, porocasião da primeira apresentação deste trabalho (Faculdade de Educação da Unicamp, 08/agosto/2000), foramextremamente importantes para a reformulação do mesmo. A íntegra destes escritos pode ser acessada atravésdo endereço: http://www.decom.fee.unicamp.br/~cristia/surdos/intro.html.

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INTRODUÇÃO

O homem que chega ao novo milênio é deuma técnica e de um conhecimentocientífico tamanhos, nunca outroraverificados. No entanto, a sua moral e osseus valores se não se deterioraram, aomenos não evoluíram na mesmavelocidade.

Dentro deste contexto amplo, as questõesda vida e do reconhecimento da dignidadedos surdos ainda estão muito aquém dequalquer parâmetro eticamenteestabelecido. É bem verdade que já nãotemos mais os assassinatos de antes, maseste processo de melhora na qualidade devida dos surdos ainda está no seu início.

O movimento que se tem percebido nosúltimos tempos por parte daqueles queverdadeiramente se importam com ossurdos, é de ajudá-los a se capacitarem nosentido de eles próprios tomarem asdecisões que lhes dizem respeito. E issonada mais é do que tirar da teoria a éticaque o ocidente diz professar, que prevêcomo inalienável ao homem o direito àvida e à liberdade para buscar bem vivê-laa seu modo.

Neste sentido, a Internet surge como maisuma ferramenta que potencializa ao surdoanalisar a realidade com menos"intermediários" do que antes, conferindoa ela os julgamentos que lhes parecempertinentes (ao invés de recebê-los prontosde outrém). O próprio surdo pode interagircom a informação que, diferentemente dasoutras mídias tradicionais, pode teragregada ao texto, figuras e "efeitosvisuais" que podem facilitar o seuentendimento. Além disso, a escrita emsinais e a possibilidade de veiculação deinformações em língua de sinais gestual,são grandes atrativos e promessas que aInternet pode oferecer.

No entanto, como afirma Laurillard(1996), é um absurdo tentar resolver oproblema da educação dando às pessoasacesso à informação, da mesma formacomo seria absurdo tentar solucionar oproblema de habitação dando às pessoasacesso aos tijolos. Ou seja, apesar de terum meio potencialmente melhor aplicávelao surdo, não é ele que irá “formá-lo”. Issoporque para que se consiga interpretar“adequadamente” a realidade e interagiratravés da Internet, não basta ter acesso aela, mas saber usá-la. E isso é algo seaprende/ ensina, mas que muitas vezes nãose sabe como...

Este trabalho está dividido em três seçõesprincipais: na primeira é explicadasucintamente a história da Internet,apresentando-se os principais marcos nasua evolução; na segunda é traçado umbreve resumo histórico sobre a vida dossurdos na humanidade, destacando-sealgumas conquistas importantes no cenárionacional das últimas décadas; por fim, naterceira seção, são descritas algumaspotencialidades da Internet para o uso coma pessoa surda, bem como são traçadosalguns horizontes para o seu uso com osurdo em um futuro próximo.

A HISTÓRIA DA INTERNET

O advento da Internet é algo bem recente eestá intimamente relacionado com odesenvolvimento dos computadores. Destaforma, antes de explicar a história daInternet, faremos um breve resumo sobre ahistória do computador.

Computador significa, segundo osdicionários, aquele que faz contas. E osprimeiros artefatos que surgiram com essenome faziam jus a ele, como os ábacos, osprimeiros computadores de que se tem

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notícia, cuja origem remonta há 5000 anos.Os ábacos eram máquinas que permitiamcontas de somar, subtrair, multiplicar edividir. No entanto, o seu manuseio nãoera fácil, e requeria uma certa técnica.

A partir do século XVII são inventados osprimeiros computadores mecânicos. Estescomputadores eram um conjunto deengrenagens que, a princípio, só permitiamcontas de somar e subtrair. Uma das váriasdiferenças entre estes computadores(chamados de máquinas de calcular) e osábacos, era que, nestes, o homemprecisava operar o aparelho, e interpretar oseu resultado. Já no caso das máquinas decalcular, eram inseridos dois números, e amáquina retornava um terceiro, que era oresultado da operação desejada. Assim,não se tinha mais que interpretar osresultados, pois eles já eram dadosprontos.

A evolução do computador eletrônicocomo conhecemos hoje, só se inicia com aII Guerra Mundial. Foi nesta guerra que oscomputadores começaram a demonstrar oseu grande potencial estratégico, de modoque os governos começaram a se interessarbastante neles, para fins militares.

A partir daí, as evoluções aconteceram emritmo acelerado: com a invenção damicroeletrônica (os semicondutores, ostransistores,...) permitiu-se aminiaturização do computador,possibilitando-se um barateamento no seucusto e uma diminuição no seu consumo;com a elaboração de programas decomputador mais fáceis para oentendimento do homem que permitiramum uso mais amigável e menoscomplicado destes artefatos; com ainvenção dos sistemas operacionais queconferiram facilidade e flexibilidade noseu uso, uma vez que diversos programaspassam a poder estar ativos ao mesmotempo; e com a invenção dos PC (Personal

Computers - Computadores Pessoais) queconsolidou a popularização destasmáquinas, permitindo que um usuáriopudesse comprá-la e instalá-la em suaprópria residência. Com isso, oscomputadores passam a não ser só artigode universidades e do governo, mas todasas pessoas já podem ter e manipular um.

É no meio desta (r)evolução surge aInternet, no final da década de 60. A idéiaque se tinha era de se permitir acomunicação entre vários computadoresdistantes, de modo a se poder trocarinformações de maneira segura e rápida.Por trás disso havia dois tipos deinteresses: militarmente falando, ocontexto histórico que se vivia era o daGuerra Fria. Assim, para os EstadosUnidos (local em que a Internet começou aser desenvolvida) era muito importanteque houvesse um confiável sistema detrocas de informação, e que nãosucumbisse caso algum dos centros decomputadores fossem atingidos por umataque nuclear soviético. Em termosacadêmicos, esta troca de informaçõesrápida e segura era de extremo interesse dacomunidade científica, que via nisso umgrande potencial para o desenvolvimentode pesquisas e trabalhos.

Hoje, a Internet já é realidade em boa partedo mundo, e não mais se restringe ao usoacadêmico ou militar. Ela, juntamente coma rede WWW, permite que se possa fazerpelo computador, várias coisas que, antes,era preciso fazer pessoalmente. Nestesentido, hoje, pode-se fazer compras, lerjornais, consultar bibliotecas, conversarcom amigos,..., tudo através docomputador, sem sair de casa (ou dotrabalho). Isso, aliado ao grande potencialque a Internet tem para prover acomunicação e o acesso rápido ainformações a tornam algo altamenteimportante e estratégico para o mundo donovo século.

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A HISTÓRIA DO SURDO

Desde o início da humanidade, todas aspessoas que não eram iguais à maioriaeram discriminadas. Com os surdos, nãofoi diferente. Eles foram vítimas depreconceitos, e quase sempre foram muitomarginalizados, rejeitados e perseguidos.

Cada diferença tem suas característicaspróprias e provoca conseqüênciasparticulares. Uma pessoa cega fica isoladado mundo das coisas, ou seja, do mundodos objetos e das formas. Assim, para umcego, não faz sentido falar-se em claro ouescuro, imagem bonita ou feia, mar azul ouverde.

Já no caso do surdo, as imagens são o seumundo. O surdo não fica isolado domundo das coisas, do mundo visual. Osurdo fica isolado do mundo dos homens,do mundo da conversa, do mundo dodiálogo verbal. O surdo consegue fazeruma leitura do mundo, mas o surdo nãoconsegue ouvir o homem, e o homem(normatizante) não consegue ouvir osurdo.

Segundo Oliver Sack, a surdez em si não éo infortúnio; o infortúnio sobrevém com ocolapso da comunicação e da linguagem(1989, p 130).

Por não dialogar oralmente, os surdossempre foram incompreendidos na suahumanidade. As pessoas não entendiam oque os surdos queriam e, diversas vezes,tomaram decisões por eles que, longe detrazer algum benefício, só ajudaram adificultar ainda mais a sua situação nomundo.

Ao longo da história, e das diversasculturas, os surdos foram consideradosdesde pessoas imprestáveis eamaldiçoadas, até pobre coitados quedeveriam ser sempre tutelados, e que não

poderiam jamais ter vida própria (por nãoserem considerados capazes de geri-la).

A forma com eu se lidava com eles nesteperíodo, variou desde a selvageria doextermínio "legalizado" (através deinfanticídio), até um cuidado mais sério,mas que, no entanto, nunca conseguiu serbom o suficiente para estimulá-lo e inseri-lo na sociedade.

A partir do século XVI surgem osprimeiros pedagogos para surdos, e a suaeducação e inclusão na sociedadecomeçam a ser repensadas de forma séria.Houve vários progressos e retrocessos(controversos) neste período todo. Hoje,com todas as limitações e controvérsias,chega-se ao limiar do século XXI, comuma situação menos bárbara que dosprimeiros assassinatos de bebês, mas queainda está longe de ser algo realmentedignificante. O surdo ainda não consegueser compreendido, nem tratado como serhumano, diferente não deficiente. E estedesafio nós trazemos para o próximoséculo: como inscrever o surdo, comdiferenças lingüísticas, na nossa sociedadeprodutivista, competitiva e excludente?

PEQUENO HISTÓRICO DOSÚLTIMOS 23 ANOS NO BRASIL

• 1977 - Criado no Rio de Janeiro aFederação Nacional de Educação eIntegração dos Deficientes Auditivos,FENEIDA, com diretoria de ouvintes.

• Final da década de 70 - Introduzida aComunicação Total no Brasil sob ainfluência do Congresso Internacionalda Gallaudet.

• 1981 - Início das pesquisassistematizadas sobre a Língua deSinais no Brasil.

• 1982 - Elaboração em equipe de umprojeto subsidiado pela ANPOCS e

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pelo CNPQ intitulado "Levantamentolingüístico da Língua de Sinais dosCentros Urbanos Brasileiros (LSCB) esua aplicação na educação". A partirdesta data, diversos estudoslingüísticos sobre LIBRAS sãoefetuados sobre a orientação dalingüista L. Brito, principalmente naUFRJ. A problemática da surdez passaa ser alvo de estudos para diversasDissertações de Mestrado.

• 1983 - Criação no Brasil da Comissãode Luta pelos Direitos dos Surdos.

• 1987 - Criação da Federação Nacionalde Educação e Integração dos Surdos(FENEIS), em 16/05/87, sob a direçãode surdos.

• 1991 - A LIBRAS é reconhecidaoficialmente pelo Governo do Estadode Minas Gerais (lei nº 10.397 de10/1/91).

• 1994 - Começa a ser exibido na TVEducativa o programa VEJO VOZES(out/94 a fev/95), usando a Língua deSinais Brasileira.

• 1995 - Criado por surdos no Rio deJaneiro o Comitê Pró-Oficialização daLíngua de Sinais.

• 1996- São iniciadas, no INES, emconvênio com a Universidade doEstado do Rio de Janeiro (UERJ),pesquisas que envolvem a implantaçãoda abordagem educacional comBilingüismo em turmas da pré-escola,sob a coordenação da lingüista E.Fernandes.

• 1998 - TELERJ - do Rio de janeiro, emparceria com a FENEIS, inaugurou aCentral de atendimento ao surdo -através do número 1402, o surdo emseu TS, pode se comunicar com oouvinte em telefone convencional.

• 1999- Em março, começam a serinstaladas em todo Brasil telessalascom o telecurso 2000 legendado.

• 2000 - Após três anos defuncionamento no Jornal Nacional é

disponibilizado o serviço de closedcaption aos surdos também nosprogramas Fantástico, Bom Dia Brasil,Jornal Hoje, Jornal da Globo eprograma do JÔ. É o fim da TV"muda".Telefone celular para surdos: ATL.

Situação da Língua de Sinais no Brasil:

• Leis aprovadas em nívelestadual: Minas Gerais,Goiás, Espírito Santo,Alagoas, Ceará, Rio Grandedo Sul e Rio de Janeiro.

• Leis aprovadas em nívelmunicipal: Recife, Caxiasdo Sul, Uberlância, PortoAlegre, Santa Maria,Joinville e Fortaleza.

• Em Minas Gerais (Lei nº13.623, de 11 de julho de2000), todas as mensagenspublicitárias do governo,incluindo as campanhaseletorais, já têmobrigatoridade de exibiremlegendas ou tradução paraLIBRAS.

• O Projeto de Lei nº 1.163de autoria do deputadoGeraldo Resende, buscaassegurar aos surdos odireito de serem atendidosnas repartições públicasestaduais de Minas Geraisem LIBRAS.

O SURDO E A INTERNET

A QUESTÃO DA IGUALDADE

No sentido da igualdade que não repara enão julga, a Internet tem se mostrado umlocal de profunda equidade entre todos osseus membros. Para isto, não se precisa ir

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muito longe, basta começar a navegar e aparticipar dos bate-papos virtuais, que seperceberá a multiplicidade e a diversidadede pessoas e informações que se podeencontrar na rede, sem, no entanto, haverqualquer tipo de preconceito oudiscriminação.

Para os surdos, isto é inserção: é poder sersurdo, sem ser discriminado, ou sem serexcluído de um mundo sonoro. Naspalavras deles: A Internet, para os surdos,iguala todas as pessoas: pobres, ricos,surdos, ouvintes, brasileiros ouestrangeiros. (Luís Maurício RigatoVasconcellos, Segundo Encontro Nacionalde Surdos que se Conheceram na Internet -São Paulo, 17/06/2000).

INTERNET COMO FONTE DEINFORMAÇÃO E DE NOTÍCIAS

Além desta potencialidade de trocas e deigualdade entre todos, a Internet é umgrande "depósito" de dados e informaçõesque podem servir para consultas e estudos(extra) curriculares de surdos e ouvintes.Esta vocação da rede WWW confere a elauma característica semelhante a de uma"biblioteca" online: Nós podemos fazerpesquisa pela Internet, é ótimo (Regiane).Com isso, muitas vezes, a rede WWWpode servir de suporte ao surdo "incluído"em classe de aula de ouvintes. Neste caso,muitas vezes os surdos não conseguemacompanhar as aulas muito "faladas",como as de História, Filosofia, ... : Nãoconsigo captar 90% da fala dosprofessores, por isso, leio muito e procuroentender o conteúdo das aulas nos livros eapostilas indicados. (Testemunho de LuízaFerreira Pinto, surda desde 1 ano de idade,que atualmente cursa pedagogia. Estaentrevista foi dada à Revista do EnsinoSuperior, 03/2000, pg.16). Por conta disso,a Internet se torna uma fonte de apoio quepotencializa a democratização dos saberes,já que pode prover material escrito

(visual), que o surdo é capaz de ler,analisar e compreender.

Além de boa "provedora" deste tipo dematerial, a rede WWW é um excelentemeio para se manter informado. Vários dosmaiores jornais escritos do país possuemsites (como, por exemplo Estado de SãoPaulo, Folha de São Paulo, O Globo,Jornal do Brasil, Zero Hora (PortoAlegre)). Estas informações, além deestarem, na sua grande maioria, na formaescrita (que pode ser entendida pelossurdos), estão sempre bastante atualizadas,substituindo, com grandes vantagens, orádio e a televisão dos ouvintes.

Um cuidado, no entanto, que se devetomar, é quanto à confiabilidade denotícias, dados e informações que circulampela rede. Como não há nenhum controlesobre as páginas que são construídas edisponibilizadas, não se pode garantir quetodas elas possuam informações relevantese confiáveis. Por conta disso, se a Internetconecta surdos e ouvintes a um mundoextremamente grande de informações econteúdos, ela também exige, para ser bemutilizada, um desenvolvido senso críticopor parte daqueles que nela navegam.Como muitos sabem, vários boatos jáforam criados na rede e alguns deles foramrelativamente bastante sérios. Um dosmais recentes foi o caso de um jovemnorte-americano, que foi condenado à penaperpétua, por criar boatos e desestabilizaro mercado financeiro.

INTERNET: FÁCIL PARA O SURDOAPRENDER

Um ponto que mostra a vocação natural daInternet para a inserção do surdo, é apossibilidade de se dispor de recursosvisuais, como animação de imagens esinais gráficos, que são de muito fácilcompreensão para o surdo, visto que alíngua com que se comunicam (a língua de

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sinais) é uma língua espaço-visual.Perguntada sobre como aprendeu a usar ocomputador, a surda Patrícia responde: Elepróprio me ensina, é muito fácil.

Esta é, com certeza, uma grande vantagemdos surdos. No entanto, nem sempre asinterfaces ajudam. Interface é tudo aquiloque nos permite usar o computador paraaquilo que desejamos, e que deve facilitara nossa interação com ele. Assim, se queroimprimir um determinado texto, vou noícone que tem uma impressora e clico nele.Mas e quando quero salvar algum arquivo?Neste caso, normalmente as instruções sãoescritas, e com jargões da área. Assim, sejá é difícil para ouvintes (iniciantes)entenderem o que têm que fazer, imaginepara os surdos, que, em boa parte dasvezes, não dominam o Português?! Porconta disso, existem algumas iniciativas,como a de (Pontes e Orth, 1999) que têmtentado desenvolver uma interface própriapara os surdos, onde as informações nãoseriam escritas em Português, mas emLíngua de Sinais escrita (que seráabordada mais a frente). Com isso,acredita-se que a interação do surdo com ocomputador poderia ser facilitada.

CONVERSA PELA INTERNET

Por conta de ser um meio multimídia, aInternet é um espaço muito atrativo para osurdo que também a usa com a mesmafunção do telefone para ouvintes. Isto podeser percebido por diversos testemunhosdados pelos próprios surdos, que dizemgastar horas em conversas pelo ICQ oupelo MIRC: Na primeira vez em que euusei o ICQ, eu entrei às 9h da noite, e sósaí às 6h da manhã (Patrícia). Este é oespaço que eles têm de se comunicaremremotamente e em tempo real com quemquiserem, sem a necessidade de intérpretesouvintes. Com isso, eles podem trocaridéias sobre diversas coisas: língua desinais, costumes e hábitos dos surdos de

outros lugares (inclusive do exterior!),cursos oferecidos na rede,... : Eu conheçosurdos de vários locais do Brasil e domundo: é muito bom! (Patrícia); Uma vezeu estava em um bate-papo conversandonormalmente com os ouvintes. Quandodisse que eu era surda, eles levaram omaior susto (Regiane).

Este testemunho da Regiane é bastantesintomático, e mostra que as marcaslingüísticas que distanciavam surdos eouvintes no contexto do português escrito,na Internet desaparecem. Este fato temcomeçado a despertar o interesse de algunspesquisadores, mas é fácil de se entender:na Internet, sobretudo no contexto de bate-papos, a escrita utilizada pelos internautastem que ser "rápida". Com isso, ela setorna quase telegráfica, fazendo uso devárias abreviações, e desconsiderando-se,em alguns casos, conectivos e artigos.Além disso, mesmo a ortografia tem sidodeixada de lado: como o fluxo das palavrasescritas tenta simular o do diálogo falado,não há tempo para floreios, nem para sepreocupar com a correção do que seescreve. Tendo-se isto em mente, não é dese estranhar que a presença de surdosnestas "conversas" não seja tão"alienígena".

Além disso, e apesar dos vários víciospresentes no português utilizado nestesmeios, a presença do surdo nestes bate-papos pode ser vista como um fatormotivante para o uso da escrita (emportuguês), para o seu treino e, por quenão, para seu estudo. Há uma motivaçãopor trás disso tudo: o surdo (como oouvinte) quer se comunicar e, para utilizara Internet, precisa atualmente fazê-lo daforma escrita. Apesar de o portuguêsutilizado na rede não ser, em termos danorma culta, o mais correto que se podeter, para o surdo, esta é uma grandeoportunidade para a expansão do seuvocabulário, e para a atribuição de (novos)

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significados aos signos com que estálidando. E isto também pode ser visto nosentido do letramento...

Seguindo o pensamento de Soares (2000)sobre a definição de alfabetização eletramento, tem-se: letramento é pois, oresultado da ação de ensinar ou deaprender a ler e escrever: o estado ou acondição que adquire um grupo social ouum indivíduo como conseqüência de ter-seapropriado da escrita. Enquanto quealfabetizado é o individuo capaz de ler eescrever. (...) Há, assim uma diferençaentre saber ler e escrever -seralfabetizada- e viver na condição ouestado de quem sabe ler e escrever -serletrado-. (p 36)

A oposição ouvintes/surdos, ou seja,normatização/deficiência limitou aeducação dos surdos num longo período a"falar"/"ler" palavras, necessitando dapresença de um leitor ouvinte parasignificá-las. Consequentemente aprodução escrita dos surdos consistia emnomear e descrever ações simples, semcontudo alcançar o estado de letramento.Neste sentido o uso da escrita/leitura naInternet pelos surdos tem lhesproporcionado o letramento, abandonandoo estado de alfabetizantes funcionais. Noambiente telemático a comunicação socialtem sido ampliada e enriquecida. Atravésdo computador, surdos falantes/leitores desinais se "apropriaram2" da escrita doportuguês. Assim, a Internet desempenhacom sucesso o papel que até agora foidelegado à escola, mas sem êxito (refere-se aqui a uma comunicação escolar quevem deixando de ser veiculada apenaspelas tradicionais tecnologias da lousa, gize livros).

2 Apropriar-se da escrita é tornar a escrita"própria", ou seja, é assumi-la como suapropriedade. (Soares, p 39, 2000)

Vale ressaltar que não está em questão nopresente trabalho a forma da escrita dossujeitos surdos, visto que os ouvintes secorrespondem nos ambientes telemáticoscom uma escrita marcada pela oralidade, eé esperado que os surdos tenham em suaescrita as marcas da língua de sinais, ouseja, a sua "oralidade".

Apesar de o ensino da língua portuguesaser o grande encalço na educação dossurdos e uma forte razão da evasãoescolar, no ambiente telemático os surdosse "apropriaram*" do portuguêstransformando-o em instrumento deinteração social.

As trocas de experiências no ambientetelemático fazem com que a escrita doportuguês seja significativa. A línguaportuguesa tem sido para os surdos, no usodo espaço cibernético, uma segunda línguacom função social determinada. Os surdostêm aprendido a desenvolver a escrita einterpretá-la. Por esses leitores estareminscritos no contexto dos textos dá-se ointeresse.

Segundo Alice Freire (98, p 49): "éimportante também ressaltar que asdificuldades com os componentessistêmico podem ser enfrentadas maisnaturalmente quando os aprendizes sãoapresentados a textos escritos que tratamde conhecimento do mundo com o qualeles já estão familiarizados."

A língua escrita tem sido empregada naInternet em situações sociais interativas,com pistas em um contexto imediato,facilitando a compreensão do conteúdo. Alíngua escrita não decorre da interaçãoface a face em contextos comunicativosonde ambos os interlocutores estãopresentes. A idéia da língua escrita vaialém disso: ela permite a comunicaçãosem depender de tempo e lugar.(Svartholm, 98, p 41).

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As oportunidades de escrita e leitura dãoaos surdos uma abertura para o mundo dapolítica, cultura, festas, etc. Elesparticipam do fermento que se dá nomundo. Os surdos têm tido, no ambientetelemático, a oportunidade de dialogar semopressão das suas características próprias,e compreender quais são os projetoscomuns para além da diferença. Estetambém tem sido espaço de denúncia dofracasso escolar e da falta de educação dossurdos.

No contexto da melhoria no nível doportuguês escrito usado pelos surdosatravés da utilização da Internet, valemencionar um estudo feito pelo NIEE(Núcleo de Informática na EducaçãoEspecial) da UFRGS (UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul). Nesteestudo (Santarosa e Lara, 1996) foianalisado o efeito do uso da ferramenta e-mail por pessoas (jovens e adolescentes)surdas. O e-mail (ou correio eletrônico) éuma ferramenta de trocas de mensagensum pouco mais formal do que os chats (oubate-papos), com mensagens maisestruturadas, mesmo porque esta não éuma ferramenta para conversa em temporeal. Com isso, além de expandir ovocabulário, o surdo lida com umaestrutura mais formal da língua. Osresultados do estudo mostram, dentreoutras coisas: elaboração de mensagenscom fatos do cotidiano; utilização deletras maiúsculas no início das frases;utilização correta de pontuação;utilização correta de pronome no início eno meio da frase; elaboração demensagens com melhora em termos deconteúdo, coerência e logicidade. Alémdisso, verificou-se: um entendimento maisrápido do conteúdo das mensagensrecebidas; maior independência,autonomia e satisfação na comunicaçãoescrita; utilização correta de alguns nexosfrasais.

Um outro fator em que a Internet estásendo altamente positiva para o surdo,além da integração entre eles próprios ecom os ouvintes, é no sentido de ajudá-lo aconhecer a realidade do mundo que ocerca. Além disso, estão acontecendoalguns fenômenos interessantes, que têmdespertado alguns surdos a estudar eampliar os seus conhecimentos: Naprimeira vez que eu conversei [pelo ICQ]com ela [uma surda da Espanha] euprecisei que uma amiga minhainterpretasse. Agora eu comprei umdicionário, e estou aprendendo espanhol(Patrícia). E isto é altamente positivo edignificante, sobretudo porque é algo queparte deles próprios, e que não está sendoimposto por ninguém: é opção, o surdoseguindo a sua própria vontade.

LÍNGUA DE SINAIS ESCRITA ETRADUTOR ONLINE

Outro fato interessante, é o crescenteinteresse pelo sign writing, que seria amodalidade escrita da língua de sinais.Percebe-se haver muita confusão, por partedos surdos que buscam entendê-la, comrelação ao que de fato seria isto. Paraalguns deles a escrita em sinais seriauniversal, de modo que todos os surdos domundo inteiro iriam entender tudo o queestivesse escrito nesta língua. No entanto,a escrita em sinais é um universo desímbolos e convenções, que permiteexprimir, com desenho, os gestos que umsurdo faz para sinalizar alguma palavra.Estes símbolos e convenções são bastanteflexíveis e indicam o ponto de articulaçãodo sinal, o tipo de movimento da mão, aexpressão facial e corporal. Elesrepresentam, portanto, os movimentos eexpressões realizados pela pessoa, mas umsinal não é necessariamente igual em todasas partes do mundo, nem mesmo em umpaís. Fazendo uma comparaçãodespretensiosa, estes símbolos gráficos

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estariam para a língua de sinais, assimcomo as letras estão para as línguasfaladas. (Mais detalhes podem serconseguidos no site LIBRASweb.)

Mas apesar de ainda não se ter umentendimento 100% correto sobre o queseria a escrita em sinais, este interesse emconhecer, aprender e utilizar estamodalidade da língua deles já revela umamobilização dos surdos, no sentido de lutarpelos seus direitos. Neste caso, elesestariam buscando entender melhor amultiplicidade de material escritodisponibilizado em rede e que, mesmopara os surdos bem escolarizados, nemsempre é fácil de entender: A gentepoderia selecionar o material e utilizar ostradutores [online] para traduzir dalíngua oral escrita, para a língua de sinaisescrita (Patrícia).

No entanto, apesar de potencialmente útilpara os surdos, um tradutor online não é,

nos termos da tecnologia de hoje, tão bomcomo seria um bom intérprete (da mesmaforma como aconteceria, por exemplo, natradução de um texto em inglês paraportuguês). O problema é que nas línguasexistem as expressões idiomáticas,sequências de palavras (ou sinais) que nãopodem ser entendidas como uma simplesjustaposição. Isto, assim como o contexto,que pode conferir significados diferentes aum mesmo significante, não é bemconsiderado quando da tradução feita pormáquinas, levando, invariavelmente, aerros por vezes bastante significativos. Umexemplo disso pode ser percebido natradução (português-inglês) e na versão(inglês-português) apresentadas abaixo,onde se utilizou o Tradutor online do sitehttp://world.altavista.com. Como sepercebe o texto final é significativamentediferente do original, demonstrando alimitação dos tradutores eletrônicosdisponíveis nos dias de hoje.

Texto original Tradução para Inglês Retorno para Português

“No entanto, apesar depotencialmente útil para ossurdos, um tradutor onlinenão é, nos termos datecnologia de hoje, tão bomcomo seria um bom intérprete(da mesma forma comoaconteceria, por exemplo, natradução de um texto emfrancês para português).”

However, althoughpotentially useful for the deafpeople, a translator online isnot, in the terms of thetechnology of today, so goodas she would be a goodinterpreter (in the same wayas he would happen, forexample, in the translation ofa text in Frenchman forPortuguese).

Entretanto, embora potencialútil para os povos surdos, umtradutor em linha não está,nos termos da tecnologia dehoje, assim que por mais boaque fosse um intérprete bom(na mesma maneira queaconteceria, para o exemplo,na tradução de um texto nofrenchman para o português).

DESMISTIFICANDO O SURDOPARA O OUVINTE

Além de tudo o que já foi escrito, apresença do surdo na Internet serve comofator desmistificador sobre a sua pessoa,perante os ouvintes. Como já citado deuma fala da Regiane, os ouvintes por vezes

se assustam em conseguir se comunicarcom os surdos, e em perceber que elespodem ser tão capazes como os própriosouvintes.

Além disso, pessoas e profissionais(professores, fonoaudiólogos,...)interessados em conhecer, entender e lidarmelhor com o surdo, podem encontrarreferências muito boas na rede WWW.

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Existem vários sites de instituições quetrabalham com o surdo (INES, FederaçãoMundial do Surdo, FENEIS, UniversidadeGalaudet (EUA), entre outros), e existemvários trabalhos de pesquisadores destaárea. Para encontrar isto tudo, pode-se usaros chamados sites de busca, como, porexemplo:

• em Portugês: Altavista, Cadê,Radix, Yahoo;

• em Inglês: Altavista, Google,Lycos, Northernlight, Yahoo.

Um exemplo interessante de um trabalhosobre surdez, é o do site LIBRASweb, deSimone Aparecida Marcato, que é oresultado de uma tese de mestrado doInstituto de Computação da Unicamp. Estesite oferece ao professor (ouvinte) dealunos surdos, ajuda na construção dealgumas frases "básicas" para poder secomunicar com pessoas surdas. Isto, alémde ajudar na comunicação entre as duaspartes, ajuda a aproximar o professor doaluno, uma vez que o primeiro passa a termenos medo e mais segurança para buscaresta aproximação. Além disso, o site provêvárias informações bastante úteis einteressantes sobre a surdez. Vale a penaconferir!

LIMITAÇÕES ATUAIS

O que se tem hoje, em termos tecnológicose em nível de Internet, é algo quepossibilita ao surdo uma independênciaquase que total com relação ao ouvinte.Esta é uma característica extremamentepositiva para o surdo, uma vez que nãoprecisa mais contar com a boa vontade deum ouvinte, ou ter que se "render" àsexigências deste. O surdo (que pode teracesso à Internet) começa a ter apossibilidade de se desenvolver de formamais independente e auto-determinada,

seguindo os ditames de sua própriaconsciência.

Mas apesar disso tudo, o surdo, hoje, sóconsegue se comunicar pela Internetatravés de escrita/leitura. Não é possível secomunicar em sinais, uma vez que osrecursos visuais, como vídeo-conferências,são muito lentos, e não permitemcomunicação em tempo real.

Mas o que o futuro nos reserva?

POTENCIALIDADES DA INTERNET

EDUCAÇÃO AUXILIADA PELOCOMPUTADOR E EDUCAÇÃOVIRTUAL

Já é uma realidade, desde a década de1960, o uso do computador no suporte aoprocesso ensino-aprendizagem. Nestecontexto, há aqueles que acreditam nasubstituição do professor pelo computador,sem perdas para o processo deaprendizado; como também há os que nãovêem ganho algum com o uso docomputador na "escola". O que se tempercebido desta (longa) discussão, e dosresultados que já foram obtidos, é que ocomputador, usado como atividadecomplementar, pode trazer grandes ganhosa este processo. Um exemplo já bastanteconhecido é o do uso do software Logocom crianças (ouvintes, surdas, comdeficiência mental,...). Este software jámereceu diversos artigos e inúmeraspesquisas. Um local onde se podeencontrar referências sobre o seu uso naEducação Especial, é no NIEE (Núcleo deInformática na Educação Especial, daUFRGS).

Atualmente, uma nova forma de uso docomputador no processo de ensino-aprendizagem, tem sido a Educação àDistância (EAD). Na verdade, esta

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modalidade de ensino (dito virtual)remonta sua origem ao final do séculoXIX, quando era feita através de cartas. Noséculo XX este forma de ensino foigradualmente incrementada, incorporandoos avanços tecnológicos, começando como rádio, passando à televisão, e chegandoao uso do computador e da Internet/redeWWW. E é exatamente este último avanço(do uso da Internet/rede WWW) que temsido o foco de diversos estudos e pesquisasnestes últimos anos.

Existem várias vantagens associadas a estanova modalidade do ensino. Focalizandonas suas potencialidades com relação aossurdos, pode-se citar:

• Como o meio de comunicaçãousado é o computador, o materialpode ser disponibilizado na formagráfica/escrita, o que facilita o seuentendimento pelos surdos. Alémdisso, existem iniciativas queapontam para a possibilidade daveiculação destes conteúdos emLíngua de Sinais escrita esinalizada (próxima seção);

• Por ser um curso oferecido pelarede, surdos de diversas partes dopaís (e do mundo!) podemparticipar dele (o que diluiria oscustos -normalmente elevados- desua preparação).

• Por ser um curso oferecido pelarede, pode contar com várias desuas facilidades e características.Uma delas, e das mais atraentes, éque, além de os alunos nãoprecisarem estar todos juntos nomesmo local (podem participar docurso quaisquer pessoas quetenham acesso à Internet), eles nãoprecisam, necessariamente, acessaro curso ao mesmo tempo. Assim,se algum surdo trabalha ou estuda(em uma escola presencial!)

durante o dia, pode acessar o cursovirtual à noite. E esta flexibilidadeé extremamente interessante paraos dias de hoje, em que sempretemos diversos compromissos.

• Como pode atingir qualquer regiãoque tenha acesso à Internet, estetipo de curso, voltado para acomunidade surda, pode serorganizado por algum centro deexcelência, que contaria comprofessores especializados (eexperientes) em trabalhar comsurdos, que seriam os encarregadosde elaborar o material a serministrado, e de monitorar (eauxiliar) o desenvolvimento dosalunos.

Se estas são apenas algumas daspotencialidades do uso desta modalidadede ensino com os surdos, não se podemignorar alguns problemas a elarelacionados, como:

• Não há, até onde temosconhecimento, estudos sobre o usodo computador no ensino (virtual)de conteúdos programáticos paraos surdos. Desta forma, não se sabese este seria efetivo, nem quaisseus possíveis resultados. Alémdisso, questões como a melhorforma de se mediar um curso destetipo e a melhor estratégiapedagógica a ser adotada, não estãorespondidas nem mesmo para oscursos voltados aos ouvintes.

• Apesar de potencialmentepromissora a EAD através daInternet só é possível para pessoasque têm acesso à Internet. Esta, noentanto, não é a realidade da maiorparte da população (ouvinte ousurda) do país. Desta forma, fica-nos a questão: não existiriam outrasmodalidades de EAD mais efetivas

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para a nossa realidade (p.e. TV),em que valeria mais a pena investirnosso tempo e nossos recursos?

• Apesar de sua grande abrangênciageográfica, um curso através darede não garante contextualizaçãoàs diversas realidades cotidianasvividas pelos alunos que deleparticipam. Além disso, no caso dosurdo e de um materialdisponibilizado em sinais, como sepode garantir que todos elesentenderão o que está sendoexposto, visto que pode havergrandes diferenças entre os sinaisde uma região e de outra.

A EAD é um campo que está sendobastante estudado e explorado hoje em dia.Por isso, apesar de ainda não haverconclusões sobre a sua aplicabilidade (e aforma como deveria ser feita) para ossurdos, é preciso que fiquemos atentospara as novidades que podem surgir nestecampo.

INTERNET2

Está em desenvolvimento desde 1996, emum consórcio formado sobretudo poruniversidades, uma rede ultra rápida decomunicação, que está sendo chamada deInternet2. Esta rede seria bem parecidacom a Internet que se tem hoje, com adiferença de ser bem mais veloz. Istopermitiria o uso de vídeo-conferência emtempo real, sem aqueles problemas (muitodesconfortáveis) que muitas vezesacontecem hoje em dia: a imagem"emperra"; depois é exibida normalmentepor alguns segundos; "emperra" outravez;.... Com isso, a imagem que se teriaseria igual (ou bem parecida) com a deuma televisão normal, sem o desconfortogerado pela variação na velocidade deexibição do vídeo.

Esta rede já está em funcionamento emalgumas universidades norte-americanascomo a Gallaudet e a Georgetown, quetêm aproveitado para ensinar língua desinais através da Internet. E isto é só ocomeço, pois as potencialidades destanova rede são realmente muito grandes.

Imagina se, juntamente com o materialescrito disponibilizado nesta página,estivesse também o material visual, comeste conteúdo interpretado em sinais. Emtermos da tecnologia atual, o tempo queseria necessário para "carregar" estematerial, ou seja, para copiar este materialpara o seu próprio computador, seria daordem de algumas horas. Isto acontece,porque os arquivos de imagem são muitograndes. Para se ter uma idéia, umfilminho passando em uma tela detamanho 5cm x 5cm, geraria um arquivoda ordem de 100kbits. Assim, se vocêestiver acessando esta página da sua casa,um equipamento moderno levaria, hoje,pelo menos 3s para carregar somente 1s degravação. Daí vem mais uma constataçãoacerca da Internet: ela hoje não conseguesuportar vídeos (mesmo que exibidos emtelas bem pequenas) ao vivo (em temporeal).

Mas se tecnologia utilizada fosse aInternet2, o tempo necessário para carregareste mesmo 1s de vídeo seria bem menordo que 1s. Desta forma, haveriapossibilidade de alguém estar sinalizandoem frente a uma câmera (ligada a umcomputador, conectado à Internet), e umsurdo o estar vendo, ao vivo, na tela do seupróprio computador (também ligado àInternet).

Internet2 e rede mais veloz não são coisaspara daqui há muitos anos, mesmo porque,em alguns lugares (como os EstadosUnidos), isto já começa a se tornarrealidade. No entanto, fazer previsões paradaqui há 50 anos, por exemplo, já é algo

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bem mais difícil. Para se ter uma idéia dadimensão das transformações (e davelocidade com que elas se processam)pelas quais a informática (e o mundo) estápassando, basta se lembrar que osprimeiros passos na computação eletrônicaaconteceram há cerca de 100 anos, e que oprimeiro protótipo da Internet (aARPANET) foi implementado há apenas30 anos.

REALIDADE VIRTUAL

Algo que está despontando na vanguardada tecnologia é a realidade virtual (RV),com imagens em três dimensões (3D), quese aproximariam bastante da nossarealidade concreta. A RV apresenta umgrande potencial de interação entre aspessoas, e pode fazer uso, além dosrecursos audio-visuais a que estamosacostumados, de outros sentidos humanos,como o olfato e o tato.

Existem várias linhas de pesquisa deaplicação da realidade virtual. Uma delas éjustamente com pessoas com necessidadesespecíficas. No caso do surdo, como atesta(McLellan, 1996), já foram feitosexperimentos e protótipos de ferramentas,onde se tem uma luva com sensores, quedeve ser vestida pelo surdo (ou por quemestiver sinalizando), e que permite aocomputador "entender" o sinal que estásendo feito, podendo traduzi-lo para alíngua oral (escrita ou falada). Além de umdicionário "típico" da língua de sinaisprópria do país, em algumas destasferramentas, o computador também écapaz de montar um "vocabulário" própriodo surdo que o usa. Também há apossibilidade de se criarem sinais quepoderiam ser a abreviação de uma fraseinteira.

Além dessas aplicações específicas, váriasdas aplicações pensadas para ouvintes

podem ser muito úteis também para ossurdos. Neste sentido, tem-se:

• Recriação de ambienteshumanamente inalcançáveis, comoa superfície de outros planetas, ofundo do mar, ou a cratera de umvulcão em erupção.

• Recriação de ambientes que jáexistiram, como o mundo da épocados dinossauros, o Senado romanoda época de Sêneca, a sociedadeegípcia do tempo de Ramsés II,...

• A criação de comunidades virtuaisonde a interação não se dariasomente através de vídeo e/ou daescrita, mas que poderia ser quasetão realista quanto se conseguisse(através do tato, do olfato,...).

O que se percebe é o grande potencialpedagógico e integrador desta novarealidade. Várias pesquisas estão em curso,e muitas outras ainda são necessárias para,de fato, poder-se fazer uso dapotencialidades que esta nova tecnologiaparece oferecer.

FINALIZANDO SEM CONCLUIR

A Internet está revolucionando a vida demilhões de pessoas no mundo inteiro,sejam elas ouvintes ou surdas. A dimensãodestas mudanças é variável, e depende darealidade em que se vive, e daquilo que sebusca (ou pode ser encontrado) através darede.

No caso dos surdos, a Internet tem semostrado como um forte fator deagregação das diversas comunidadesespalhadas pelo país e pelo mundo. Alémdisso, abrem-se as portas para uma maiorinteração com os surdos de outros locais(dentro e fora do país), o que éextremamente positivo.

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A Internet está trazendo consigo apossibilidade de os surdos se unirem e delutarem pelos seus direitos. Além disso,ela mesma oferece aos surdos subsídiospara que eles conheçam e interajam narealidade sócio-político-cultural de seumeio. E estes subsídios, hoje restritos amateriais escritos, podem, em um futuropróximo, estar disponíveis na próprialíngua dos surdos, o que poderia aumentarmuito o seu entendimento por eles.

Mas a interação com o ouvinte, apesar depossível, é muito menos valorizada do quea interação com outros surdos. Isto édemocracia, é direito de escolher comquem "conversar". Além disso, existemfatores que alguns chamam de"identificação3*": assim como a maioriados ouvintes se "identificam" com outrosouvintes, a maioria dos surdos se"identificam" com outros surdos. E istoparece ser o caminho natural das coisas: acriação de micromundos de "iguais", comfronteiras mais ou menos fortesdependendo dos fatores culturais de seusmembros, e da tensão com os outrosmundos.

Ao que nos parece, no entanto, se istopode trazer contribuições muito positivaspara a dignidade do surdo, pode tambémaumentar o fosso entre as comunidades desurdos e a comunidade de ouvintes ondeela está "inscrita". Por isso, é precisomuito cuidado, mesmo da parte dosteóricos ouvintes que estudam a surdez, no

3 Identificação: segundo o dicionário onlineMichaelis, é ação ou efeito de identificar ouidentificar-se. Por sua vez, identificar seria: "3Tornar-se idêntico a outrem, assimilando-lhe asidéias e os sentimentos; adquirir a índole ounatureza de outro: "...pela transformação,transformando-se em Deus; pela identidade,identificando-se com Ele" (Pe. Antônio Vieira). vpr4 Conformar-se, ajustar-se: Identificar-se com oambiente."

sentido de oferecer ao surdo tudo o quepossa lhe trazer dignidade e equidade como ouvinte, sem, no entanto, fomentar oaumento da distância entre estes doismundos. Além disso, deve-se respeitar avontade do surdo que, por princípioséticos, deve ter a liberdade de escolherintegrar-se a uma comunidade surda, auma ouvinte ou a ambas.

A Internet tem o potencial extremamentealto de promover a integração entre osseres humanos, e esta é uma característicaextremamente importante, pois permite acriação de laços entre as pessoas, e asuperação de vários PRE-conceitos einjustiças. No entanto, se os meiosevoluíram tanto, a ponto de se ter, nos diasde hoje uma ferramenta tão poderosa comoé a Internet e a rede WWW, a consciênciada humanidade ainda está a anos-luz dedistância. Neste mesmo mundo, apesar datecnologia e da riqueza de uns (poucos),muitos ainda morrem de fome, frio e sede.

Por isso, é preciso que a consciência dohomem também evolua. Neste sentido, aInternet pode ser extremamente útil, parapromover a aproximação entre pessoas, e ocontato com realidades distintas.

E como fazer isto?

É opção de cada um de nós, que fazemos(mesmo inconscientemente) a cada dia quenasce...

SITES

Alguns sites no Brasil sobre o surdo:

• Internet e Surdos: PossibilidadesInfinitas de Comunicação Site deRossana Delmar de LimaArcoverde e Eleny Gianini, daUFPB (Universidade Federal daParaíba).

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• FENEIS Federação Nacional deEducação e Integração do Surdo.

• INES, Instituto Nacional deEducação do Surdo.

• LIBRASweb, site de SimoneAparecida Marcato, onde se teminformações sobre a língua desinais (escrita e sinalizada); e ondeum intérprete surdo sinalizaalgumas frases e palavras "básicas"para a comunicação com um surdo.

• EDUSURDOS, Rede como Apoioà Interação, Construção e Troca deInformações sobre a Educação deSurdos.

• Éfeta, Pastoral do Surdo da IgrejaCatólica de Campinas.

Páginas Pessoais de Surdos:

• Marcelo Amorim.• Fabiano Rosa.• Otávio B. de Lorenzo.

Sites estrangeiros sobre o surdo:

• Internet Resources in SignLanguage Interpreting & Deafness.

• Deafness Related Issues.• Deaf Education Web Site.• World Federation of the Deaf,

Federação Mundial do Surdo.

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Andréa da Silva RosaDiretora de Educação e Cultura da ASSUCAMP

Pedagoga/Intérprete de Língua de [email protected]

Cristiano Cordeiro CruzMestrando em Educação para Engenharia -

UNICAMPEngenheiro Eletricista/Intérprete de Língua de

[email protected]