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IMPACTOS DA MULTIMODALIDADE NA CONSTITUIÇÃO DO HIBRIDISMO INTRA E INTERGENÉRICO Cláudio Márcio do Carmo UFSJ [email protected] RESUMO: Este trabalho procura refletir sobre os princípios da multimodalidade e seu impacto na constituição do hibridismo intra e intergenérico. Para tanto, analisamos três textos multimodais, tentando demonstrar como eles foram constituídos e o valor da multimodalidade na evocação e recontextualização de práticas sociais e de seus discursos, com base na Análise Crítica do Discurso e na Gramática do Design Visual. Por fim, nós procuramos algumas formas de evidenciar a importância de estudos sobre a relação entre hibridismo, gênero e multimodalidade também em educação. PALAVRAS-CHAVE: gênero, hibridismo, multimodalidade, multiletramento. ABSTRACT: This work aims at reflecting on the principles of the multimodality and on its impacts on the constitution of the hybridism intra and inter genres. In order to do that, we borrow the theoretical framework of Critical Discourse Analysis and Visual Grammar to analyze three multimodal texts attempting to demonstrate how they were constituted, and the value of the multimodality in the evocation and recontextualization of social practices and their discourses. Finally, we also try to point out the importance of studies focusing the relationship among hybridism, genre and multimodality in education. KEYWORDS: genre, hybridism, multimodality, multiliteracy. 1. Introdução Neste trabalho, pretendemos fazer uma reflexão sobre os princípios da multimodalidade com base na Gramática do Design Visual de Kress & van Leeuwen (1996, 2006) na análise da constituição do texto multimodal, levando em consideração o conceito de hibridismo segundo a Análise Crítica do Discurso, ou seja, como um processo de construção de sentidos contemporâneo, definido pela alusão a limites tênues entre domínios que são tradicionalmente distintos e passam a compartilhar práticas discursivas semelhantes (FAIRCLOUGH, 2000).

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Page 1: Artigo Impactos Da Multimodalidade Na Constituicao Do Hibridismo Intra e Intergenerico

IMPACTOS DA MULTIMODALIDADE NA CONSTITUIÇÃO DO HIBRIDISMO

INTRA E INTERGENÉRICO

Cláudio Márcio do Carmo

UFSJ

[email protected]

RESUMO: Este trabalho procura refletir sobre os princípios da multimodalidade e seu impacto na constituição do hibridismo intra e intergenérico. Para tanto, analisamos três textos multimodais, tentando demonstrar como eles foram constituídos e o valor da multimodalidade na evocação e recontextualização de práticas sociais e de seus discursos, com base na Análise Crítica do Discurso e na Gramática do Design Visual. Por fim, nós procuramos algumas formas de evidenciar a importância de estudos sobre a relação entre hibridismo, gênero e multimodalidade também em educação. PALAVRAS-CHAVE: gênero, hibridismo, multimodalidade, multiletramento. ABSTRACT: This work aims at reflecting on the principles of the multimodality and on its impacts on the constitution of the hybridism intra and inter genres. In order to do that, we borrow the theoretical framework of Critical Discourse Analysis and Visual Grammar to analyze three multimodal texts attempting to demonstrate how they were constituted, and the value of the multimodality in the evocation and recontextualization of social practices and their discourses. Finally, we also try to point out the importance of studies focusing the relationship among hybridism, genre and multimodality in education. KEYWORDS: genre, hybridism, multimodality, multiliteracy.

1. Introdução

Neste trabalho, pretendemos fazer uma reflexão sobre os princípios da multimodalidade com

base na Gramática do Design Visual de Kress & van Leeuwen (1996, 2006) na análise da

constituição do texto multimodal, levando em consideração o conceito de hibridismo segundo

a Análise Crítica do Discurso, ou seja, como um processo de construção de sentidos

contemporâneo, definido pela alusão a limites tênues entre domínios que são tradicionalmente

distintos e passam a compartilhar práticas discursivas semelhantes (FAIRCLOUGH, 2000).

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Essas reflexões ancoram-se sobretudo em Kress & van Leeuwen (1996, 2006, 2001), van

Leeuwen (2005a, b), Helmers (2006), Fairclough (1999, 2000, 2001, 2003), dentre outros, e

provêm de um projeto maior de discussão dos estudos teóricos e aplicados da noção de gênero

do ponto de vista sociocultural, feito no interior do Mestrado em Letras: Teoria Literária e

Crítica da Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei, MG, (PROMEL/UFSJ),

mais especificamente devido a uma disciplina – Seminário de Tópico Variável em Práticas

Discursivas: gêneros discursivos na análise sociocultural. Por isso, faremos um recorte

analisando três exemplos, por nós considerados relevantes para problematização e

relativização do conceito de hibridismo com base na perspectiva multimodal.

Tais reflexões permitiram-nos, conforme discutiremos, levantar algumas questões teóricas e

práticas a partir da relação entre os textos, enquanto materialidades portadoras de uma

configuração específica e enquanto mecanismos de ação social, investidos de relações

ideológicas, crenças e valores provindos das diferentes práticas discursivas evocadas

lingüística, discursiva e visualmente.

Nesse sentido, a multimodalidade mostrou-se dialeticamente crucial para o levantamento

interdiscursivo e também para o provimento de um rico material para ajudar na constituição

do hibridismo intra e intergenérico. Por outro lado, também procuramos tecer algumas

considerações sobre o que foi levantado e suas possibilidades de uso no campo da educação e

da crítica sociocultural.

Este trabalho compõe-se então de mais três seções: (i) Tópicos acerca da Gramática do

Design Visual, em que, sem a pretensão de exaustão e pormenorização, resumimos seus

principais pressupostos, categorias e idéias; (ii) A multimodalidade e a constituição do

hibridismo intra e intergenérico, subdividida em Um estudo de casos e Multimodalidade e

multiletramento: reflexões sobre a contribuição da Gramática do Design visual ao campo

educacional, em que fazemos considerações sobre o valor da multimodalidade na constituição

dos gêneros, bem como a análise de três textos para exemplificar os impactos da

multimodalidade em sua constituição, procurando subsidiar as considerações e,

posteriormente, situar as reflexões no campo da educação. Seguem-se as considerações finais,

as referências bibliográficas e os textos em anexo.

2. Tópicos acerca da Gramática do Design Visual

A chamada Gramática do Design Visual (GDV) foi proposta com o objetivo principal de

compreender e apreender as regras que regem imagens e seu uso na produção de textos, no

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sentido de criar mecanismos descritivos de sua sintaxe, ou seja, da mesma forma que

possuímos gramáticas descritivas da sintaxe da linguagem verbal, Kress & Van Leeuwen

(1996) buscam criar uma gramática capaz de descrever a sintaxe visual.

Essa gramática baseia-se nos pressupostos gramaticais da Gramática Sistêmico-Funcional

(GSF) hallidayana, mais especificamente nas metafunções propostas por Halliday (1985): a

ideacional, relacionada às idéias e às experiências transmitidas pela linguagem; a

interpessoal, preocupada com o aspecto interativo da linguagem uma vez que seu objetivo

precípuo é a comunicação, a interação; e a textual, posto que é necessário conhecer os

mecanismos lingüísticos para estruturar e organizar os textos, seu conteúdo informativo. Cada

uma dessas metafunções seriam realizadas por sistemas diferentes, mas interligados: a

ideacional pelo sistema de transitividade, a interpessoal principalmente pelo modo e pela

modalidade e a textual pelo sistema de informação e pelos mecanismos de coesão.

Na visão de Kress & van Leeuwen (1996, 2006), estas metafunções são respectivamente

rebatizadas e descritas por três estruturas de representações diferentes umas das outras: a

metafunção representacional, que descreveria os participantes da ação; a metafunção

interacional que descreveria a interação social construída por meio da imagem; e a

metafunção composicional, para buscar apreender de que forma os elementos que constituem

a imagem são combinados e ajustados a uma proposição coesa e coerente.

Na metafunção representacional, as imagens são analisadas na busca dos participantes

representados, isto é, lugares, pessoas e objetos que são colocados como participantes. Estes,

por sua vez, podem ser interativos por falarem, ouvirem, escreverem, lerem ou visualizarem

algo ou representados por serem alvos das ações representadas nas imagens produzidas.

Dessa maneira, emergem duas estruturas, quais sejam, a narrativa no momento em que as

imagens apresentam vetores indicadores de ações ou conceitual quando há uma classificação

a partir da qual seja presumida uma exposição hierárquica dos participantes. Sendo assim, a

primeira está ligada a ações e eventos que se apresentam como móveis e a outra às

particularidades dos atores representados, por mostrar uma taxonomia, isto é, uma relação de

classe, estrutura ou significado em sua representação.

Em representações narrativas, podemos distinguir, com base no vetor (traço indicativo de

direção), ação (o vetor parte do ator), reação (o olhar de um participante incide sobre outro),

processo verbal (representa-se a fala do participante, o dizente) ou processo mental

(representa-se o pensamento, chamado fenômeno, do participante, o experienciador). Se

houver apenas um ator e, por isso, a ação não se direcionar para nada nem ninguém, ocorrerá

uma estrutura não-transacional. No caso de a ação ser direcionada, ocorrerá uma estrutura

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transacional, o que significa que o vetor estará dirigido a algo ou alguém denominado meta.

Havendo mútua participação (ator-meta), os participantes serão chamados de interatores e a

estrutura de bidirecional. As reações também poderão ser transacionais ou não-transacionais.

O reator – participante da reação – quando direciona seu olhar, o faz para o fenômeno, isto é,

para o alvo de seu olhar, que não deverá ser chamado de meta.

Nas representações conceituais, o processo é classificacional (focado na percepção de grupo

indicando relações entre os participantes que atuam como superordenado ou subordinados),

subdividido em analítico, cuja base de percepção é metonímica (parte e todo), tendo como

participantes o portador (todo) e vários atributos possessivos (partes). Os outros são os

processos chamados simbólicos (representados em termos de sua essência, isto é, os que

significam ou são).

As categorias da metafunção interativa são o contato, constituído principalmente pelo vetor

formado pelos olhos (olhar) dos participantes representados em relação ao leitor o qual é visto

como participante interativo. Daqui, partem a idéia de demanda, quando o olhar do

participante representado incide sobre o leitor como se requeresse algo dele e a oferta, quando

o participante é representado como objeto de observação e contemplação.

A distância social é marcada pelos planos fechado, médio ou aberto, percebidos

respectivamente quando o participante é representado colocando-se cabeça e ombros; do

joelho para cima; ou corpo todo.

O que é chamado de perspectiva deve ser analisado em termos do ângulo indicativo do ponto

de vista como os participantes são representados, ou seja, frontal o qual sugere envolvimento

com o observador; oblíquo, perfilando o participante representado; e vertical, tomando o

participante de cima para baixo, mostrando uma relação de poder deste em relação ao

observador.

A modalidade, por sua vez, é mostrada na utilização da cor com base em conceitos como os

de saturação, modulação e diferenciação; contextualização, quando demonstrar ou sugerir

profundidade; iluminação – gradação e escala de luz; e brilho, quando se puderem perceber

pontos específicos de luz.

A última metafunção é a composicional a qual intenta fornecer as bases para o estudo do

ajustamento em termos da organização e combinação dos elementos visuais que compõem a

imagem. As categorias para essa análise são o valor da informação, uma vez que lugares

específicos em que são dispostos os elementos da imagem – topo (ideal) e base (real); direita

(dado) e esquerda (novo), centro ou margem – podem imprimir valoração. A saliência é

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percebida nos elementos que são usados para chamar atenção, como o plano, tamanho,

contrastes de cores e de seus tons, tamanho e tipo de letras, dentre outros.

O chamado enquadramento é visto a partir do que é capaz de indicar conexão ou desconexão

dos elementos que compõem a imagem, tais como, linhas, bordas ou outros tipos de

divisórias.

Kress & van Leeuwen (2001) reconhecem o domínio que a monomodalidade sempre teve nos

estudos semióticos, mas afirmam que isso tem mudando recentemente. Os autores criticam

inclusive a Gramática do Design Visual, porque, de certa forma, ainda tinham “um pé no

mundo das disciplinas monomodais” (p. 01). E deixam claro que, dentro de um domínio

sociocultural específico, o “mesmo” significado pode ser expresso por modos semióticos

diferentes, razão pela qual procuram princípios capazes de fornecer elementos para análise da

comunicação multimodal, contribuindo com todos os campos da sociedade, uma vez que a

imagem tem se inserido e se tornado um elemento constante da comunicação humana.

3. A multimodalidade e a constituição do hibridismo intra e intergenérico

Com base em Kress & van Leeuwen (1996), pode-se considerar um texto multimodal quando

seu significado provier e se realizar por meio de mais que um código semiótico. A partir desse

conceito inicial, podemos iniciar nossas reflexões sobre o impacto que a multimodalidade

pode ter/tem na constituição de um gênero e, portanto, sobre o hibridismo intra e

intergenérico.

Fairclough (2001) concebe gênero como “um conjunto relativamente estável que é associado

com, e parcialmente representa, um tipo de atividade socialmente aprovado, como a conversa

informal, comprar produtos em uma loja, uma entrevista de emprego, um documentário de

televisão, um poema ou um artigo científico.” (p. 161). Nessa concepção, os gêneros seriam

aspectos discursivos específicos para serem utilizados na ação social, na interação em eventos

sociais (cf. FAIRCLOUGH, 2003, p. 65) e é por isso e para isso que os gêneros precisariam

de certa estabilidade, ou seja, aquele elemento reconhecível que garantiria seu

reconhecimento, sua compreensão e sua apreensão como um artefato sociocultural e

interacional, historicamente situado, legítimo no contexto em que fosse utilizado.

Sobre a constituição dos textos, Fairclough destaca que a interdiscursividade e a

intertextualidade é que dão corpo ao processo de hibridização – mistura de textos, gêneros

discursivos e discursos – na produção dos eventos discursivos, sendo que a intertextualidade

mostra a presença de outros textos numa articulação local no texto e a interdiscursividade, de

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forma mais complexa, estaria presente na imbricação global de gêneros discursivos e

discursos, gerando uma rearticulação que pode incidir sobre o discurso em si e sobre o próprio

gênero, transformando-o (cf. FAIRCLOUGH, 1999, 2001).

Na perspectiva da Semiótica Social, van Leeuwen (2005a, b) acentua o caráter do gênero

como prática social recontextualizadora de outras práticas, pela sua capacidade e volaticidade

de tradução e importação de práticas sociais, ou seja, ele é capaz de tirar e transferir uma

prática de seu contexto de origem para um outro, representando e reapresentando-a a outros

participantes discursivos, segundo os interesses de quem está recontextualizando os discursos

nelas presentes, de acordo com seus interesses e propósitos comunicativos.

Assim, os gêneros podem ser compreendidos, acima de tudo, como recursos semióticos, para

o funcionamento social da linguagem, para a comunicação. Entretanto, é importante frisar que

sua volaticidade, sua versatilidade, assomada aos propósitos comunicativos que lhes forem

atribuídos imprimem neles valores, ideologias e, por isso, podem produzir, reproduzir,

articular e rearticular, bem como desafiar relações de poder social, cultural e historicamente

estabelecidas nas estruturas da sociedade da qual os participantes do discurso fazem parte ou

que nela estejam inseridos.

Nesse sentido, o aparato da Gramática do Design Visual traz importantes ferramentas de

análise dos textos vistos a partir de sua composição genérica e, por isso, são de relevante

contribuição para a sociedade, já que o hibridismo pode ser considerado uma ferramenta de

sua constituição, inclusive quando visto em seu sentido lato, negando a pureza e trazendo a

imbricação de sistemas semióticos, de códigos diferentes na produção de uma mensagem

materializada no texto como ação social.

Dessa maneira, é lícito e importante sempre verificar o valor do hibridismo apontado nas

pistas do texto, procurando destacar as razões pelas quais, da mesma forma que uma palavra e

não outra foi utilizada, uma imagem específica foi usada na composição de um texto

multimodal.

De forma integrada, verbal e não-verbal passam a limitar interpretações e fortalecer outras em

função de como hibridamente trazem à tona discursos, formas de pensamento e crença na

forma de práticas sociais contemporaneizadas, presentificadas por meio do processo de

recontextualização.

3.1. Um estudo de casos

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Para visualizarmos o que estamos dizendo, tomemos um primeiro exemplo – o texto Aleluia.,

publicado na Revista Manchete (cf. figura 1, em anexo). O ano em que esse volume da revista

foi publicado – 1969 – coincide com um momento importante da história: a primeira vez em

que um ser humano pisa a superfície da lua. Essa publicação é, inclusive, dedicada a esse

feito.

Nesse volume da revista, explica-se que a Apollo 11 foi a quinta missão tripulada do

Programa Apollo e também a primeira a pousar na Lua, no dia 20 de julho de 1969.

O texto foi constituído em sua maior parte em preto e branco, de forma que fique destacada

apenas a fumaça em branco indo para o amarelo e cinza, misturando-se com o azul do céu,

sendo que o foguete é que está em destaque pela modalidade, impressa por meio do brilho e

da cor azulada que transmite a idéia de que ganhará o céu, a liberdade de conhecer o que

ninguém ainda conhecia, conforme expectativas do projeto. O próximo destaque colorido está

no logotipo da Shell, em vermelho e amarelo. Ambas as fotografias estão enquadradas, mas

esse enquadramento não gera desconexão, a qual apenas é sugerida pela força das cores do

logotipo da empresa.

A constituição do texto é feita da integração entre elementos imagéticos e verbais. A

fotografia da decolagem do foguete está centralizada em relação ao topo e à base e

enquadrada por meio da claridade. Mais à esquerda está o início do texto verbal em letras

brancas por causa do fundo preto, ao lado da fotografia, um pouco mais à direita. A outra é o

símbolo da Shell na base, totalmente à direita.

Na foto do lançamento do foguete, estão quatro homens de costas, olhando para o foguete que

é a meta indicada pelo vetor nessa estrutura transacional. Dentre eles, destacam-se um com

os braços abertos, como agradecendo a algo grandioso que estava acontecendo, e outro

segurando a bandeira dos EUA, erguida na mão direita como se este fizesse a posição de

sentido, o que sugere um cumprimento e a exaltação à proeza realizada pelo país. Nesse

sentido, pode-se dizer que indicam os objetivos sendo alcançados, em conformidade tanto

com o feito histórico, quanto com a vontade do governo e de todo povo estadunidense à

época.

Essa atmosfera de espetacularização é percebida logo no título, que tanto pode chamar a

atenção para a superação das dificuldades e o retorno dos astronautas, quanto trazer uma

atmosfera mística, o que também pode ser corroborado pelo híbrido de dois gêneros diferentes

na composição daquilo que, sobretudo, é uma propaganda da Shell: a publicidade e a oração,

perpassadas por felicitações/agradecimento pelo feito.

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O título destacado no topo, no espaço do ideal, indica e exalta ao mesmo tempo as

dificuldades superadas, apontando para a possibilidade de que poderiam não obter êxito. O

ponto final, incomum em títulos, pode indicar exatamente que a missão foi cumprida. Assim,

justifica-se o uso de itens lexicais ou expressões que misturam os campos da tecnologia

(foguete, módulo lunar, ciência, máquina, televisão) e da religião (aleluia, louvado seja,

manifestação) para a promoção da empresa, ou seja, essa é a razão pela qual se nota um

discurso autopromocional tanto dos EUA quanto da própria Shell.

O símbolo da Shell está no espaço do real e do novo, pois, como está verbalizado no texto,

não é a mesma Shell de antes do feito, porque ela amadureceu: “Nós amadurecemos muito

nestes dias em que vocês estiveram no espaço”. Note-se que o uso do pronome nós traz uma

ambigüidade na percepção de inclusão nele contida. Ou seja, o nós pode indicar a inclusão da

empresa no feito dada sua natureza e especificidade na área de combustíveis.

Como se pode ver, de maneira um pouco diferente do que afirmou Fairclough (2000) quanto à

contemporaneidade do fenômeno chamado hibridismo, na constituição dos gêneros, este texto

é um exemplo de que existem formas de hibridização antigas que impactuam na produção

desse gênero tanto nos códigos semióticos utilizados quanto na relação que estabelecem,

traçando um caminho que os mantém unidos na construção da mensagem, inclusive

restringindo as possibilidades de abstração quanto àquelas que poderiam ser talvez

sustentadas pelos seus componentes intragenéricos se tivessem sido tomados sozinhos,

isoladamente.

No texto 2 – Os novos tropicalistas (cf. figura 2) –, o qualificativo novo se incumbe de

distinguir o que seria apresentado no texto sobre o Tropicalismo, um movimento cultural

brasileiro surgido sob a influência de correntes artísticas de vanguarda e da cultura pop

nacional e estrangeira, misturando tradição e inovações artísticas e estéticas. Esse movimento

chamou e chama atenção por seus objetivos sociais e políticos, com vistas a causar um

impacto comportamental numa época de repressão, a época do regime militar. O movimento

de vanguarda citado no texto é o Movimento Antropofágico, cujo principal pensamento se

baseava na deglutição em sentido metafórico daquilo que era considerado externo à nossa

cultura brasileira, isto é, daquilo que pudesse ser considerado estrangeiro.

Dos movimentos vanguardistas, artistas plásticos, poetas, cantores e atores, dentre outros,

participaram, engajados em um projeto crítico, artístico e cultural desarticulador e

reconstrutor de pensamentos. Ao trazer o Tropicalismo e o Movimento Antropofágico para o

texto, parece haver uma facilitação da apresentação dos participantes colocados com foto e

pequena biodata ao lado direito. O espaço da direta representa o novo que, por isso, deve ser

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apresentado dessa forma e nesse exato lugar: Lawrence Lessig (idealizador do Creative

commons), James Jimmy Wales (fundador da Wikipédia), Juichi Ito (presidente da Creative

Commons) e James Borges (fundador da Creative Commons).

Nesse texto, temos todos os participantes em plano fechado, sugerindo intimidade devido ao

enquadramento. Os dois primeiros participantes estão em ângulo frontal, enquanto os dois

participantes de baixo estão em ângulo oblíquo. Como todos estão em distância de

proximidade, ocorre maior envolvimento com o leitor, embora chame a atenção o fato de que

temos os três primeiros em demanda, como reatores no processo transacional, uma vez que

olham diretamente para o observador, e apenas o último indicando oferta, ou seja, como

sujeito do olhar do observador.

Como se pode notar, há uma profusão de elementos nessa estrutura transacional que é

extremamente complexa. Os movimentos trazidos ao diálogo são movimentos que já

ocorreram com objetivos bem definidos. Entretanto, há uma apropriação de suas

características, pois o quadro Abaporu, em destaque do lado esquerdo – posição do dado –

pelo nome constituído da junção das palavras do tupi-guarani aba e poru, significando

"homem que come", foi pintado por Tarsila do Amaral em 1928, objetivando, pelos traços,

mostrar um exagero do corpo em contraste com a cabeça que é extremamente pequena. Aqui,

podemos abstrair e entender as novas formas de divulgação do conhecimento com menos

direitos autorais como uma apropriação e, por isso, uma forma de antropofagia reinterpretada,

monstrando também que essa é uma postura que aumenta e pode alimentar as possibilidades

do conhecer, para que a cabeça – simbolo do pensamento e do conhecimento – não seja

tomada como ínfima em relação à força física, braçal e ao próprio corpo em si.

O novo, enquanto espaço no texto em que quatro figuras são colocadas, também é novo pela

criação contemporânea do Creative Commons e da Wikipédia. Por isso, os participantes

representados e suas idéias estão à direita, como “figuras de ponta na versão atual do

Movimento Antropofágico”. O quadro é o dado porque representa e recontextualiza o já

conhecido, enquando os itens lexicais se incumbem de trazer à tona os discursos que dialogam

na construção e negociação do sentido textual.

Dessa forma, institui-se, na integração entre verbal e não-verbal, um diálogo entre passado e

presente numa nova forma de conceber os direitos autorais. Não se “respeitarão” “todos os

direitos reservados”, mas apenas “alguns” deles. Por isso, a apropriação de certos direitos e

disponibilidade de conteúdo faz com que se justifique a recontextualização do discurso

tropicalista e antropofágico e o uso do quadro de Tarsila do Amaral – Abaporu.

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Esse hibridismo também acontece de outra forma no texto 3 (cf. figura 3). O chefe de cozinha

Eduardo Guedes (um dos apresentadores do programa Hoje em Dia, da Rede Record), está em

plano médio no lado direito do texto, mostrando aquilo ao redor do qual tudo gira: uma

“receita”, mas não em sentido lato, e sim no sentido de promover um show de prêmios da

cooperativa mineira de lácteos Cemil, indicando como participar e ganhar. Por isso, a receita

está enquadrada e centralizada, pois é o foco do texto. Em outras palavras, pela centralidade,

pode-se dizer que, como a receita é o elemento posicionado no centro, ela é o núcleo da

informação, estando os outros elementos ao seu redor subordinados a ela. Esses elementos

posicionados nas margens passam a ser dependentes desse elemento central, mas apontando

para e corroborando o construto intragenérico dessa publicidade.

Eduardo Guedes, como um dos elementos subordinados, está demandando algo, uma vez que

seu olhar incide sobre o leitor e à esquerda estão as informações referentes ao que se pode

ganhar como meta indicada pelo vetor que parte de sua mão, juntamente com o sítio da

internet em que outras informações poderiam ser encontradas.

Os itens lexicais e o formato do gênero também estão híbridos, como se verifica no padrão

retórico injuntivo da receita, mostrado especificamente pelos verbos no modo imperativo

(junte, envie, concorra) que traz destacado pela saliência indicada na cor amarela que sugere

um marca-texto para informações importantes: a pergunta a ser respondida e o endereço para

o qual a carta-resposta da promoção deve ser enviada. Ou seja, há um destaque para que o

leitor aja conforme a receita que é, na verdade, uma propaganda, com os passos esperados do

leitor. Ao mesmo tempo, a frase “Receita boa assim não pode esfriar...” faz sobressaltar o

aspecto híbrido dos discursos evocados, bem como as reticências, indicando a possibilidade

de leitura continuada pelo leitor, partindo desse imput inicial.

Ou seja, conforme se verifica na isotopia dos textos, nos três casos analisados, as imagens são

fontes indicadoras de práticas discursivas que só podem ser interpretadas corretamente de

forma integrada com o elemento verbal. Existem recontextualizações de práticas discursivas e

sociais provindas tanto de um código quanto de outro, mas que só fazem sentido quando um

cerceia, instiga e/ou corrobora o outro, devido ao hibridismo que os constitui.

Apesar da ênfase normalmente dada ao verbal, é importante dar espaço ao impacto que a

multimodalidade pode ter sobre o hibridismo que constitui um texto multimodal, com suas

especificidades e características advindas de sua constituição intra e intergenérica, o que nos

leva a corroborar e crer na importância do multiletramento tanto social quanto

educacionalmente.

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Todos os códigos utilizados se unem na ressemiotização de velhas práticas que são

recontextualizadas e, por isso, trazidas para o momento presente da leitura dos textos. Por

isso, vários teóricos, dentre os quais destacamos Lemke (2003), demonstram a importância e

advogam a necessidade de se teorizarem e trabalharem as novas tecnologias do discurso,

demonstrando seu valor para além da linguagem em si, isto é, para o seu valor na dinâmica

social.

3.2 Multimodalidade e multiletramento: reflexões sobre a contribuição da Gramática do

Design Visual ao campo educacional

Conforme visto, uma leitura multimodal pode, a uma primeira vista, não ser considerada

linear, devido às múltiplas possibilidades para se iniciá-la e pela própria forma como o texto

pode ser/é composto. Entretanto, segundo Kress & Van Leeuwen (1996, 2006), textos

multimodais podem ser considerados lineares, se se entender linearidade como constituindo

uma estrutura sintagmática para o leitor, colocando nas imagens uma seqüência coesiva entre

seus elementos que podem ser vistos e apresentados de acordo com uma lógica paradigmática.

O que se dever ressaltar é que a relação entre os elementos semióticos provindos de códigos

diferentes deverá ser sempre feita pelo leitor, conforme Kress & van Leeuwen (1996, p. 223)

chamam enfaticamente a atenção. E isso frisa a necessidade de mudança no conceito

tradicional de letramento de forma a contemplar o letramento visual por eles proposto.

Dionísio (2005), especificamente trabalhando com gêneros multimodais e focalizando o livro

didático, enfatiza a necessidade de o professor conhecer e saber lidar com gêneros

multimodais, uma vez que novas tecnologias têm sido desenvolvidas e utilizadas, constituindo

e ganhando um espaço importante na produção dos materiais didáticos.

É nesse exato espaço que a multimodalidade tem se fortalecido por trazer luz a uma relação

pouco clara no uso de diferentes códigos semióticos na constituição dos textos. Segundo a

autora, não existe um texto que seja monomodal, uma vez que, quando falamos ou

escrevemos, usamos no mínimo dois modos diferentes de representação (ex.: palavras e

gestos, palavras e entonações, palavras e imagens, dentre outros). Por isso ela corrobora a

necessidade de revisão do conceito de letramento e também a ampliação da formação do

professor, para capacitá-lo a trabalhar com o multiletramento.

A autora destaca que “todo professor tem convicção de que imagens ajudam a aprendizagem,

quer seja como recurso para prender a atenção dos alunos quer seja como portador de

informação complementar ao texto verbal” (DIONÍSIO, 2005, p. 172). E afirma a necessidade

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de se relacionar a Teoria de Gêneros com a Teoria da Cognição da Aprendizagem Multimídia

que pode ser utilizada na avaliação dos materiais didáticos e como suporte para o tratamento

da multimodalidade dos gêneros textuais nesse campo. Ou seja, está-se destacando a

importância dos diferentes códigos na construção textual. Nesse sentido, é importante

perceber os variados códigos como constituindo e trazendo visões de mundo na relação

intersemiótica que caracteriza as diferentes sociedades e que são representadas nos textos,

inclusive demonstrando o processo de ressemiotização (IEDEMA, 2003) o qual pressupõe

movimentos entre práticas e processos sociais quando da translação desses e a consequente

tradução de valores, ideologias e crenças para novos espaços, devido às recontextualizações

inerentes a esse processo.

Para Helmers (2006, p. 1-2), existe uma cultura visual e isso fortalece as bases para o

investimento em ferramentas para o letramento visual no universo da educação. Para a autora,

imagens são criadas para expressarem uma idéia ou emoção usadas para imaginar alternativas,

criar novas formas de se ver algo, gravando porções do mundo. E como as imagens

comunicam, elas são motivadas, persuadem ou advertem. Por isso, analisar o caráter híbrido

de um gênero multimodal deve ser uma prioridade educacional.

Ao trabalhar o hibridismo e seu impacto na constituição intra e intergenérica, o professor

deverá procurar capacitar o aluno a compreender as porções do mundo que os textos

representam e carregam, o que só é possível com a expansão do conceito de letramento, ou

seja, com um multiletramento. Esse, por sua vez, precisa ser trabalhado com ferramentas

adequadas, como as propostas pela Gramática do Design Visual.

Conforme Helmers, cultura visual é um termo recente derivado de trabalhos na área de

História da Arte, Sociologia e Estudos Culturais e se liga a outro – retórica visual – referente

às formas como as imagens persuadem seus espectadores, procurando levá-los a adotar

atitudes ou desempenharem certas ações. Isso reforça a perspectiva de se trabalharem os

textos multimodais em todos os campos, especialmente no educacional, para fornecer meios

de os alunos poderem fazer leituras críticas dos materiais visuais que os cercam, adentrando

no universo potencial de seu significado, mas com condições para buscar as ideologias e

visões de mundo neles subjacentes, embutidas e representadas.

Por isso, tem havido um interesse cada vez maior na multimodalidade o que tem gerado

diferentes publicações em torno do multimodal, do ponto de vista da tecnologia,

(multi)letramento e aprendizado (VIEIRA et. al, 2007; JEWITT, 2006; HULL & NELSON,

2005, DIONÍSIO, 2005), da interação multimodal (NORRIS, 2004), de diferentes

perspectivas em análise visual (ALMEIDA, 2008), da criação de uma pedagogia multimodal

Page 13: Artigo Impactos Da Multimodalidade Na Constituicao Do Hibridismo Intra e Intergenerico

13

(STEIN, 2008), de análise de filmes/cinema (IEDEMA, 2001; ARAGÃO, 2004), de gêneros

sociais (MOTA-RIBEIRO & PINTO-COELHO, 2005; PINTO-COELHO & MOTA-

RIBEIRO, 2007) e de relações raciais (PINHEIRO & MAGALHÃES, 2006), dentre outros,

refletindo a importância do tema nacional e internacionalmente.

Deve-se ressaltar, a partir desses trabalhos e do desenvolvimento/crescimento do próprio uso

dos diferentes códigos semióticos na constituição dos textos, que a multimodalidade é uma

realidade inquestionável que faz parte das tecnologias discursivas e demonstra seu valor na

construção dos sentidos textuais. Dessa forma, precisa ser estudada no bojo da sociedade,

como ponte para se ter acesso às estruturas sociais, aos diferentes campos que a constituem e

à sua dinâmica sociocultural.

4. Considerações finais

As mensagens transmitidas pelos textos multimodais, em especial pelos textos aqui

analisados, portanto, são construídas por meio do hibridismo que a intersemiose característica

dos gêneros multimodais permite e facilita. Assim, recontextualizam-se discursos, gêneros e

práticas sociais, que são ressemiotizadas e presentificadas para que gerem uma nova ação

social específica no contexto em que são evocadas.

Segundo Kress & van Leeuwen (2001), discursos são conhecimentos da realidade socialmente

construídos, por serem desenvolvidos em contextos específicos, podendo ser realizados de

formas diferentes. Logo, cada elemento, vindo de qualquer código semiótico, trará discursos

que hibridamente constituirão a mensagem, mediada pelo design que, por sua vez, medeia

conteúdo e expressão no texto multimodal. Ou seja, o design é uma fonte de delineamento e

mediação da ação social, imbricado tanto na produção quanto na distribuição da mensagem,

por constituir, juntamente com elementos de outros códigos semióticos, como os itens

lexicais, uma forma de acesso aos discursos evocados no texto.

E isso nos leva a compreender a preocupação dos autores em explicitar e criar formas de

acesso a como nós somos capazes de importar signos de outros contextos (prominance) e a

perceber o significado experiencial potencial que provém do fato de seu significado advir do

que nós fazemos quando os produzimos e de nossa habilidade de transformar ação em

conhecimento, de estender nossa experiência metaforicamente e captar extensões produzidas

por outros (cf. KRESS & VAN LEEUWEN, 2001, p. 10).

Page 14: Artigo Impactos Da Multimodalidade Na Constituicao Do Hibridismo Intra e Intergenerico

14

Aqui, procuramos empreender uma análise de constituição global dos textos na tentativa de

trazer à tona alguns mecanismos que compunham sua multimodalidade, uma vez que se

mostram extremamente ricos em termos de discursos, gêneros e práticas sociais.

Sobretudo, é relevante destacar o valor das imagens na recontextualização das práticas sociais

que não podiam nem podem ser consideradas inerentes a algum texto, mas derivadas das

relações que podem ser estabelecidas entre elas, na interação entre os códigos semióticos

usados.

Também esperamos ter trazido à tona e valorizado trabalhos que têm se debruçado sobre o

tema em todos os campos, especialmente no da educação, na tentativa de fomentar discussões

e, quiçá, provocar uma mudança que tenha impacto para além dos muros de nossas escolas e

universidades.

5. Referências bibliográficas

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Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2008.

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KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading images: the grammar of visual design. 2nd. ed.

London: Routledge, 2006.

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PINTO-COELHO, Z.; MOTA-RIBEIRO, S. Imagens publicitárias, sintaxe visual e

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16

VIEIRA, J. A. et. al. Reflexões sobre a língua portuguesa: uma análise multimodal.

Petrópolis: Vozes, 2007.

6. ANEXO

Page 17: Artigo Impactos Da Multimodalidade Na Constituicao Do Hibridismo Intra e Intergenerico

17

Fonte: Revista Manchete, nº especial, Rio de Janeiro, agosto de 1969, p. 115.

Fonte: Revista Veja, ed. 2091, ano 41, n. 50, 17 de dezembro de 2008, p. 44.

Page 18: Artigo Impactos Da Multimodalidade Na Constituicao Do Hibridismo Intra e Intergenerico

18

Fonte: Revista Época, n. 422, 19 de junho de 2006, p. 103.