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A LEI MARIA DA PENHA FLUENTE NA FAMLIA MODERNAElaine Cristina Marinho dos Santos

Clebson Luiz

RESUMOA Constituio Federal de 1988 conceituava a famlia apenas se estivesse em dia com Cdigo Civil de 1916 que colocava limites e somente era considerada famlia a juno de marido e mulher mediante instituto do matrimnio tratando os casais e famlias que no estavam dentro das dessas diretrizes com grande rigor e excluso bem como seus primognitos. A ordem era que houvesse punio para as famlias que no estavam de acordo com essas diretrizes fazendo com que seus direitos na sociedade fossem cada vez menos. Mas a busca por mudar essa ideia foi aparecendo com o tempo e a famlia foi evoluindo e, consequentemente, a leis que tratavam da famlia foram modificadas para melhor. A Constituio Federal trouxe consigo modificaes considerveis com relao ao ordenamento jurdico nacional, passando a ter um olhar especial sobre a famlia, a unio estvel entre o homem e a mulher, e tambm, as pessoas socialmente ativas constituda de qualquer dos pais e seus descendentes que se d o nome de famlia monoparental, alm disso, trouxe a proteo aos membros da famlia, bem como aos filhos dentro ou fora da relao matrimonial. na famlia que o indivduo encontra afeto e sente-se valorizado, havendo assim o desenvolvimento de sua personalidade. Da em diante esse conceito foi evoluindo na legislao que em 2006, fato vitorioso aconteceu com a vigncia da Lei Maria da Penha onde o conceito de famlia engrandeceu-se ainda mais, pois o pargrafo nico do art. 5 da lei 11.340/2006 Lei Maria da Penha traz mais uma inovao para a legislao brasileira. Palavras-chave: Lei Maria da Penha; Novo Conceito de Famlia; Famlia Homoafetiva.

RESUMENLa Constitucin Federal de 1988 conceptualizar la familia slo si se tratase al da con el Cdigo Civil 1916 que se haba limitado y slo se consider la familia del marido unirse y mujeres a travs de instituto de matrimonio frente a las parejas y familias que no estaban dentro de estas directrices con gran el rigor y la exclusin, as como su primognito. La orden era que no haba castigo para las familias que no estaban de acuerdo con estas directrices por tener sus derechos en la sociedad eran menos y menos. Pero la bsqueda de cambiar la idea estaba apareciendo en el tiempo y la familia ha evolucionado y por lo tanto las leyes tratadas familia se han modificado para mejorar. La Constitucin Federal trajo consigo cambios considerables con respecto al sistema jurdico nacional, empezando a tener una mirada especial sobre la familia, la unin estable entre un hombre y una mujer, y tambin las personas socialmente activas compone de cualquiera de los padres y sus descendientes toma el nombre de familia monoparental tambin trajo proteccin a los miembros de la familia y los nios dentro o fuera de la relacin matrimonial. Es en la familia donde el individuo encuentra afecto y se siente valorado, por lo que es el desarrollo de su personalidad. A partir de entonces este concepto ha evolucionado en la legislacin en 2006, victorioso realmente pas con la vida de la Ley Maria da Penha, donde el concepto de familia ampliada an ms porque el prrafo nico del art. 5 de la Ley 11.340 / 2006 - Ley Maria da Penha trae otra novedad de la legislacin brasilea.Palabras clave: Maria da Penha; Derecho Nuevo concepto de la familia; Familia homosexual.INTRODUODiante da pluralidade e disparidade de fatores no possvel estipular um tipo familiar uniforme, sendo importante compreender a famlia de acordo com os movimentos que formam as relaes sociais ao longo dos tempos.

Assim sendo, na contemporaneidade o conceito de famlia passa por muitas transformaes, sendo reconhecidos valores que mudam completamente o conceito tradicional de famlia, considera-se como entidade familiar a relao em que esto expressos o amor e o afeto, principais requisitos para sua caracterizao, podendo ser instituda pelo casamento, unio estvel e a famlia monoparental.

O referido trabalho pretende contribuir para o aprofundamento dos conhecimentos dos assistentes sociais em relao importncia do conceito de famlia intrnseco ao advento da Lei Maria da Penha para com o desenvolvimento do individuo emancipado e crtico.

A temtica teve como contribuio significativa a metodologia adotada que bibliogrfica, fundamentada mais precisamente nos estudos de Farias, Dias, Melo, Oliveira, bem como algumas reflexes de Pereira, Brasil, Souza, tendo caracterstica basicamente bibliogrfica, realizada atravs de pesquisas tericas e estudos de livros, textos, artigos, dentre outras fundamentaes que foram de suma importncia para a realizao e concretizao do presente trabalho monogrfica.

Para realizar a pesquisa terica foi levantando a problemtica que possibilita a lei infraconstitucional como, por exemplo, a Lei 11.340/06 ampliar o rol de entidades familiares citadas pela Constituio Federal de 1988, em face da crescente evoluo da sociedade e seus costumes. Em resposta ao seguinte problema tem-se a hiptese da inovao da Carta Magna de 1988 e do art. 5, II e pargrafo nico da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) o significado de famlia foi ampliado, pois esta considera a famlia como uma comunidade formada por pessoas que so ou se consideram parentes, unidos por laos naturais, por afinidade ou por vontade expressa, bastando, para sua caracterizao, que permeie entre os componentes o elemento afeto.Mediante isso, este artigo baseia-se a partir de grandes repercusses no meio social, na mdia e no prprio mbito acadmico; referente ao reconhecimento do moderno e evolutivo conceito de famlia. Diante da disparidade de opinies acerca do tema, buscaremos por meio de uma anlise terica, demonstrando de forma clara e objetiva que o conceito deve ter uma interpretao extensiva daquela trazida pela Constituio Federal de 1988.Evoluo das famliasA famlia brasileira por muito tempo esteve sujeita s normas impostas por Portugal. A religio catlica tinha um forte elo com o mbito jurdico, religioso e social, iniciada com a Santa Inquisio (Sculo XIII), e posteriormente, com o aperfeioamento, veio a Igreja, na qual exercer papel de intensa autoridade na constituio do Estado. Por essas razes, o Estado era chamado de Eclesistico.

Com o descobrimento do Brasil, em 1500, todas as influncias, tradies e costumes portugueses foram transmitidos para o povo brasileiro. s famlias brasileiras foram impostas as leis e culturas da Igreja (Estado Eclesistico). Com a Proclamao da Repblica, em 1822, o Brasil estava vigendo as Ordenaes Filipinas, no qual prevalecia a realidade da Europa (escravatura, senhores de engenho, senhores feudais, rigor social e moral nas famlias).

As relaes extramatrimoniais e os filhos eram vistos com maus olhos. A legislao punia severamente essa prtica, excluindo direitos. Diante de tanta discriminao e evoluo das famlias, o Estado foi forado a realizar algumas alteraes na legislao. A mais expressiva foi o Estatuto da Mulher Casada (L. 4.121/1962), que devolveu a plena capacidade mulher casada e deferiu-lhe bens reservados que asseguravam a ela a propriedade exclusiva dos bens adquiridos com o fruto de seu trabalho. (DIAS, 2009, p. 30).

Com a promulgao da Constituio da Repblica Federativa do Brasil em 1988, houve uma grande inovao no ordenamento jurdico nacional. Passou-se a considerar a unio estvel entre homem e mulher como entidade familiar, ou ainda, entre qualquer um dos pais e seus descendentes (monoparental).

A partir do novo ordenamento constitucional, foi estabelecida a igualdade entre o homem e a mulher; inovou o conceito de famlia; protegeu os membros que compe a mesma; bem como deu igual proteo famlia constituda pelo casamento; assim como unio estvel entre o homem e a mulher e sociedade constituda por qualquer dos pais e seus descendentes (famlia monoparental); foi consagrada a igualdade entre os filhos havidos dentro ou fora da relao matrimonial, dessa forma excluiu qualquer discriminao a eles anteriormente aplicados.O principal termo de mudana do paradigma da famlia, sem dvida alguma, o princpio da dignidade da pessoa humana (art. 1, III). A partir dele, a famlia passa a ser considerada um meio de promoo pessoal dos componentes. Com essa mudana radical trazida pelo ordenamento constitucional, o nico requisito para a sua constituio no mais uma questo jurdica, e sim ftica, por meio do afeto.

Atualmente as relaes dos integrantes da famlia e da sociedade j no so mais as rigidamente estipuladas pelo ordenamento civil de 1916, onde a famlia jurdica era um conceito fechado e esttico, na qual tinha como funo a patrimonialista. Seu papel era sustentar ligao e afinidade polticas e eternizar o nome e o patrimnio que se transmitia com o passar dos anos e que era a uma necessidade econmica e afirmao simblica.

A famlia era interpretada como ente de produo, destacado os laos patrimoniais; sendo que pessoas se uniam com a inteno de reunir patrimnio, para serem transmitidos aos herdeiros. J os laos afetivos no tinham o devido valor. Uma vez formado o patrimnio, era impossvel a dissoluo do casamento, pois a extino da relao corresponderia tambm a do patrimnio juntado.

Diante do grande avano tecnolgico, cultural e cientfico, torna-se impossvel manter os paradigmas da legislao ptria que regem as famlias. O desenvolvimento abre espao para uma famlia contempornea, aberta, multifacetria, suscetvel s influncias da nova sociedade. Diante desse contexto, Hinoraka (2000, p. 17) explica que a famlia entidade ancestral como a histria, interligada com os rumos e desvios da histria, mutvel na exata medida em que mudam as estruturas e a arquitetura da prpria histria atravs dos tempos.

O perodo de transio da famlia como unidade econmica para uma concepo igualitrio-social, que tende a promover o desenvolvimento do ntimo de seus componentes, reafirma um novo aspecto, agora fundada no afeto. Esquece-se daquela viso institucionalizada onde a famlia era considerada apenas uma clula social fundamental, passando a ser interpretada como ncleo privilegiado para o desenvolvimento da pessoa humana.

A famlia, no ordenamento jurdico civil anterior, tinha uma conceituao engessada. Somente era considerada entidade familiar aquela proveniente do casamento, somente. J as relaes extramatrimoniais eram vistas com maus olhos; e a lei punia severamente os seus integrantes.

Para tanto, o conceito de famlia est ligado ao prprio avano da sociedade e do homem, no se admitindo que sejam criados conceitos estticos, tudo isso porque o entendimento de famlia mutvel de acordo com as novas conquistas do homem e descobertas cientficas. Atualmente o principal elemento de formao da famlia a afetividade; anteriormente eram os laos de parentescos de natureza civil ou biolgica que eram considerados.

inegvel que a famlia deve ser entendida, atualmente, como grupo de pessoas unidas essencialmente, em torno do elemento afeto. A afetividade surge como elemento nuclear que define a unio familiar, aproximando a instituio jurdica da instituio social; ela o triunfo da intimidade como valor da modernidade.

No s o estudo jurdico traz esse entendimento, tambm a cincia da Psicologia, esclarece que o afeto se demonstra como uma verdadeira ncora do sentido, a ele dado um lastro decisivo de certeza, sustentado pela imagem do corpo, e a partir disso, demonstra-se a paixo que a linguagem impe ao ser, esclarece Vieira (2001).

Nesse contexto, a solidariedade corresponde ao dever que um indivduo tem com o outro na mesma relao familiar. Tem sua origem na afetividade, e dele desponta o contedo tico, pois contm em seu significado na expresso solidariedade, que compreende fraternidade e a reciprocidade. A famlia atualmente uma das tcnicas originrias de proteo social.

O elemento dignidade humana o segundo mais importante do conceito de famlia contempornea. a partir dele que irradiam todos os demais: liberdade, igualdade, solidariedade, cidadania, etc.

Portanto, o afeto a base fundamental da relao familiar atual, vislumbra-se que, formada a entidade familiar por seres humanos, decorre, por conseguinte, uma mutabilidade indubitvel, apresentando-se sob diversas formas, quantas sejam as possibilidades de se relacionar, ou melhor, de expressar o amor.

Segundo Farias e Rosenvald (2008, p. 73) ressaltam que, a aplicao da norma de famlia tem de estar sintonizada com o tom garantista e solidrio da Constituio Federal, garantindo a funcionalidade de seus institutos. o que se pode chamar de funo social da famlia.

Reconhecimento legal da famlia advindo da Lei Maria Da Penha

Em 07 de agosto de 2006 foi sancionada a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), importante instrumento para conter a violncia domstica e familiar praticada contra a mulher e tambm trouxe em sua bagagem importante inovao no ordenamento legislativo-jurdico nacional.Segundo Dias (2009) ensina que o legislador, de forma corajosa, deu um conceito de famlia que corresponde ao formato atual dos vnculos afetivos. O artigo acima citado fala em indivduos e no em um homem e uma mulher. Tambm no se limita a reconhecer como entidade familiar a constituda pelo casamento, nem poderia faz-lo porque a prpria Constituio refere-se ao casamento, unio estvel e monoparental como formas de agrupamento de pessoas.

Dessa forma, tanto as famlias anaparentais, que so as formadas entre irmos, as homo afetivas e as famlias paralelas, quando o homem mantm duas famlias, igualmente esto albergadas no conceito constitucional de entidade familiar como merecedoras da especial tutela do Estado.

Mediante isso, considerada entidade familiar no apenas aqueles arranjos tradicionais do ordenamento jurdico, mas tambm aquelas na qual os seus membros se consideram aparentados, ou unidos por vontade expressa. O art. 5 afirma que a famlia constituda por vontade dos seus prprios componentes, e no de imposio legal.

A Lei Maria da Penha, em seu art. 5, III, diz que configura violncia domstica qualquer relao ntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitao. Para efeito de aplicao desse artigo, o legislador ultrapassou os limites dos vnculos familiares e domsticos.

O termo tenha convivido com a ofendida, trata-se de reivindicao de mulheres vtimas de seus antigos parceiros, que no se conformaram com a separao ou afastamento do abrigo do lar. O anseio de posse entre os membros nem sempre termina quando h a separao ou divrcio.

Nucci (2006) afirma que a Lei Maria da Penha, ao proteger as relaes de intimidade, extrapola o esprito dos tratados ratificados pelo Brasil, uma vez que a Conveno Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violncia contra a Mulher prev como domstica exclusivamente a violncia ocorrida dentro da famlia ou unidade domstica.

Ao interpretar o art. 5, III, Lei 11.340/2006, se descobre que ele ultrapassa a vontade do legislador. Esse dispositivo tambm engloba as relaes afetivas de intimidade. Por exemplo: uma relao de namorados ou noivos.

A acepo da famlia como relao de afeto corresponde ao atual conceito de famlia. Modernamente se fala em Direito das Famlias, porque h uma nova concepo de relao familiar que se define pela presena do vnculo do afeto.

Como anteriormente visto, a famlia moderna tem origem plural e se mostra como um centro de afetividade no qual o indivduo se realiza e busca alcanar a prpria felicidade. Mesmo os vnculos saturados de afeto, nem por isso deixam de ser marcados pela violncia. Deste modo, namorados e noivos, como visto acima, mesmo que no coabitem, mas resultando a situao de violncia do relacionamento, faz com que a mulher esteja amparada pela Lei Maria da Penha. Para a configurao de violncia domstica necessrio um nexo entre a agresso e a situao que a gerou, ou seja, a relao ntima de afeto deve ser a causa da violncia. (DIAS, 2008, p. 45-46).

Segundo, Bercht (2001), explica que afetividade todo o domnio dos sentimentos das emoes, das experincias sensveis e, principalmente, da capacidade de entrar em contato com sensaes, referindo-se s vivncias dos indivduos e s formas de expresso mais complexas e essencialmente humanas.

Como estudado anteriormente, o Cdigo Civil de 1916 no se preocupou em regular e proteger a personalidade dos membros da relao familiar, somente presumia a presena de afeto, principal elemento que une os membros de uma relao familiar. As principais funes da famlia, nessa poca, eram: produtivas e transmisso do sobrenome e patrimnio.

Com a chegada da Constituio Federal de 1988, houve uma verdadeira modificao, ou seja, o Direito de Famlia foi um dos mais atingidos, porque foi atravs do princpio da dignidade da pessoa humana (Art. 1, III) que a famlia ganhou nova feio: passou a ser considerada meio de promoo dos seus membros. Esse entendimento constitucional irradiou sobre todas as outras normas que regulam os diversos tipos de arranjos familiares.

Alves (2006), explica que a entidade familiar excede aos limites da previso trazida pela Constituio Federal (casamento, unio estvel e famlia monoparental) para abarcar toda agregao de indivduos onde prevalea o elemento afeto.

Antes da promulgao da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), no existia um reconhecimento explcito da definio moderna de famlia no mbito infraconstitucional. Essa inrcia do legislador causou certa indeciso na maioria dos juzes quando do julgamento dos processos, principalmente nas aes que envolviam relaes homoafetivas. Neste ltimo caso, elas eram desconhecidas porque o magistrado limitava-se a reconhecer somente as trs espcies constitucionais, logo, da mesma forma, desconsideravam o elemento afeto.

Quando a afetividade reconhecida numa relao familiar, estar-se- valorizando cada pessoa integrante da famlia, seus interesses e emoes. Dentro desse contexto podemos expor o que os estudos de Perlingieri (2002, p. 244), o merecimento de tutela da famlia no diz respeito exclusivamente s relaes de sangue, mas, sobretudo, quelas afetivas que se traduzem em uma comunho espiritual e de vida.

Mesmo sem definio legal, algumas organizaes reconheceram unies homo afetivas como sendo entidade familiar. Com a entrada da Lei Maria da Penha, a famlia ganhou um conceito infraconstitucional, passando a ser definida modernamente como uma comunidade de afeto e entreajuda, local propcio realizao da dignidade da pessoa humana. (ALVES, 2006, p.34).

Os princpios extrados da Constituio Federal de 1988 atingem todas as reas do direito, mas foi o da Famlia que mais se sente a incidncia deles, consagrando como fundamentais os valores dominantes da sociedade.

Mediante isso, no existe consenso entre autores da quantidade de princpios, nem sequer possvel estabelecer um nmero mnimo. Devido a essa divergncia nos limitaremos a traar os mais importantes para a nova concepo de famlia. So eles: Princpio da dignidade da pessoa humana, princpio da liberdade, princpio da igualdade, princpio da solidariedade familiar, princpio do pluralismo das entidades familiares e princpio da afetividade.Atualmente, a famlia meio originrio de proteo da sociedade. Quando a lei regulou o dever recproco dos membros de uma famlia, livra-se o Estado do encargo de prover os diversos direitos que so indicados na Constituio Federal ao cidado. Como exemplo desta discusso tem o art. 227 da Constituio Federal; este por sua vez, fala que o zelo pelas garantias das crianas, adolescentes e idosos dever atribudo primeiramente famlia, depois sociedade, e por ltimo ao Estado.

At o advento da Lei Maria da Penha, alguns tribunais avanaram bastante no sentido de assegurar aos ex-companheiros homossexuais, os direitos que irradiam da solidariedade (alimentos, p. ex.). Mas, aps essa Lei, a famlia teve uma nova concepo agora reconhecida por norma infraconstitucional. Todos os tribunais e juzes devem (no mais faculdade) respeitar e julgar outorgando aparncia familiar para esses agrupamentos que h muito vinha esperando por esse momento histrico.

Podemos enfatizar que a prpria Constituio reconhece a unio estvel como entidade familiar, automaticamente, est atribuindo valor jurdico ao afeto que une os membros dessa entidade extramatrimonial.

Mediante isso, podemos ressaltar que a famlia no um simples fenmeno natural. Como uma instituio social, varia no seu modo de organizao atravs da Histria, apresentando forma e finalidades diversas contextualizadas em determinada poca e lugar, diversificando do grupo social inserida e do contexto histrico para qual foi idealizado.

A famlia complexa e dotada de representaes individuais, levando em conta a posio social, o fator econmico, a ideologia, os valores e religio de cada indivduo, pois atravs dela que o sujeito reproduz as relaes das quais fazem parte.

Portanto, a famlia se transforma na medida em que se acentuam as relaes de sentimentos entre seus membros, ou seja, a afetividade est intrnseca a famlia, pois ela, no somente um lao que envolve os membros de uma famlia, mais, um vis externo que pe mais humanidade em cada famlia, compondo o que ele chama de famlia universal, cujo lar a aldeia global, mas cuja origem sempre ser como sempre foi famlia.CONSIDERAES FINAISA Lei Maria da Penha um grande avano na legislao brasileira, visa coibir a violncia domstica e familiar contra a mulher. Esta lei simboliza a audcia e a coragem, formadas atravs da revolta de mais uma mulher vtima desta violncia nesse pas. Alm da punio, traz o reconhecimento legal de famlia para as unies entre pessoas do mesmo sexo, especificamente formadas por mulheres.

Conclui-se que o reconhecimento legal das unies homo afetivo, possui tambm proteo constitucional, apesar de no estar expresso, o art. 226 da referida Lei no exclui nenhum tipo de entidade familiar.Hoje a famlia homo afetiva uma realidade dentro da sociedade, superando os preconceitos e o conservadorismo do legislador. Olhar para a unio homo afetiva como entidade familiar reconhecer a existncia do elemento afeto dentro dela.

Portanto, conclui-se que o conceito de famlia evoluiu muito a partir do princpio da dignidade da pessoa humana, trazido pela Constituio Federal de 1988, depois, a Lei n 11.340/2006 Lei Maria da Penha amplia ainda mais este conceito de forma bem transparente, excluindo qualquer problema de interpretao e tornando pacfico o seu entendimento. A unio homo afetiva uma entidade familiar, devendo, pois, ser sempre apreciada na Vara de Famlia. Conclui-se ainda, que, a famlia constantemente reinventada para propiciar o alcance da felicidade de seus membros..REFERNCIASALVES, Leonardo Barreto Moreira. O reconhecimento legal do conceito moderno de famlia: o art. 5, II e pargrafo nico, da Lei n 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1225, 8 nov. 2006. Disponvel em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9138. Acesso em: 15 julho. 2015.

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) Professor Mestre da FERA