artigo de opinião - doping - esfmp.ptesfmp.pt/sites/esfmp.pt/files/story/967/doping.pdf · artigo...

1
Artigo de opinião - doping Com certeza que toda a gente sabe que o doping faz parte do desporto e que a sua eliminação parece impossível aos olhos de todos. Reparemos também que muitos atletas vivem para o desporto, é a sua vida, por isso sacrificam tudo por uma vitória e uma carreira desportiva de glórias, mesmo a saúde. Não vivemos num mundo de anjos inocentes nem de robôs friamente racionais, mas sim, num mundo onde os nossos sentimentos, desejos e impulsos são limitados pela noção moral de certo e errado. E, na minha opinião, o errado é o uso de doping ou mesmo a sua legalização. O doping no desporto tem sido tratado, de maneira consensual, como um acto antiético. Burlar a lei das substâncias e dos métodos proibidos para vencer a qualquer preço parece caracterizar um comportamento injusto com os outros, contrário à comunidade em que se está inserido e, por isso mesmo, eticamente condenável. Existe legislação que proíbe o uso de substâncias e métodos de potencialização da performance, e cabe-nos a nós respeitá-la, são elementos não naturais, tornam-se prejudiciais à saúde e fazem a competição desigual favorecendo o atleta potencializado. De facto, no âmbito da competição, parece inquestionavelmente injusto que um atleta use recursos proibidos e se apresente com vantagens em relação ao seu oponente. As formas de burlar as regras quanto ao uso de drogas têm privilegiado, principalmente, os atletas com maiores recursos. Eles podem fazer calendários adequados ao seu trabalho físico-químico e até contratar médicos e advogados especializados nesse contexto. Também é de se registar que alguns atletas fisicamente limitados podem recompor, por meio de um trabalho físico-químico, condições básicas para competir. É da natureza do desporto competitivo perder mais vezes do que ganhar, ou, ainda, para cada um que ganhe, muitos têm de perder. O uso de recursos e métodos adicionais não altera, portanto, a essência do prejuízo dos que perdem. Por outras palavras, o desporto competitivo contém ingredientes naturalmente injustos na perspectiva da maioria, mas uma coisa são os limites naturais de cada indivíduo e de cada desporto, outra coisa, totalmente diferente, são os métodos utilizados por cada um para que essas advertências possam ser ultrapassadas. Marta Saraiva 11º1 nº 26

Upload: duongmien

Post on 10-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Artigo de opinião - doping - esfmp.ptesfmp.pt/sites/esfmp.pt/files/story/967/doping.pdf · Artigo de opinião - doping Com certeza que toda a gente sabe que o doping faz parte do

Artigo de opinião - doping

Com certeza que toda a gente sabe que o doping faz parte do desporto e que a sua eliminação parece impossível aos olhos de todos.

Reparemos também que muitos atletas vivem para o desporto, é a sua vida, por isso sacrificam tudo por uma vitória e uma carreira desportiva de glórias, mesmo a saúde.

Não vivemos num mundo de anjos inocentes nem de robôs friamente racionais, mas sim, num mundo onde os nossos sentimentos, desejos e impulsos são limitados pela noção moral de certo e errado. E, na minha opinião, o errado é o uso de doping ou mesmo a sua legalização.

O doping no desporto tem sido tratado, de maneira consensual, como um acto antiético. Burlar a lei das substâncias e dos métodos proibidos para vencer a qualquer preço parece caracterizar um comportamento injusto com os outros, contrário à comunidade em que se está inserido e, por isso mesmo, eticamente condenável.

Existe legislação que proíbe o uso de substâncias e métodos de potencialização da performance, e cabe-nos a nós respeitá-la, são elementos não naturais, tornam-se prejudiciais à saúde e fazem a competição desigual favorecendo o atleta potencializado.

De facto, no âmbito da competição, parece inquestionavelmente injusto que um atleta use recursos proibidos e se apresente com vantagens em relação ao seu oponente. As formas de burlar as regras quanto ao uso de drogas têm privilegiado, principalmente, os atletas com maiores recursos. Eles podem fazer calendários adequados ao seu trabalho físico-químico e até contratar médicos e advogados especializados nesse contexto. Também é de se registar que alguns atletas fisicamente limitados podem recompor, por meio de um trabalho físico-químico, condições básicas para competir.

É da natureza do desporto competitivo perder mais vezes do que ganhar, ou, ainda, para cada um que ganhe, muitos têm de perder. O uso de recursos e métodos adicionais não altera, portanto, a essência do prejuízo dos que perdem.Por outras palavras, o desporto competitivo contém ingredientes naturalmente injustos na perspectiva da maioria, mas uma coisa são os limites naturais de cada indivíduo e de cada desporto, outra coisa, totalmente diferente, são os métodos utilizados por cada um para que essas advertências possam ser ultrapassadas.

Marta Saraiva 11º1 nº 26